Christiane F.: a história da jovem viciada em heroína que inspirou livro de sucesso
1.
2. Christiane Vera
Felscherinow, mais
conhecida como Christiane
F. (Hamburgo, 20 de maio
de 1962), é uma alemã
viciada em heroína, que se
tornou célebre por
contribuir para o livro
autobiográfico Wir Kinder
vom Bahnhof Zoo,
publicado e editado pela
revista alemã Stern em
1978 e que descreve sua
luta contra o vício durante a
adolescência.
3. Mudou-se para Berlim em
1968 com os pais e com a irmã
mais nova. Morou
primeiramente no distrito
municipal de Kreuzberg,
depois no distrito municipal
de Neukölln. Mas foi no bairro
de Groppiusstadt, onde
Christiane começou a
envolver-se com as drogas ao
freqüentar o Grupo de Jovens.
Em 1974, aos 12 anos de
idade, começou a fumar
cannabis e consumir
medicamentos como Valium e
Mandrix, além de LSD.
4. Em 1975, aos 13 anos, Christiane começou a
frequentar o Sound, "a discoteca mais moderna da
Europa", em Berlim. Ali conheceu Detlef (seu futuro
namorado) além de Axel, Babsi, Atze, Zombie e Stella,
entre outros.
5. Uma nova droga começava a circular na cena em Berlim. Era a heroína, ou
simplesmente "H", como era mais conhecida. Apesar de temida pelo seu
alto poder de viciar e por representar alto risco de morte, todos os amigos
de Christiane acabaram viciando-se com heroína, inclusive Detlef.
Christiane inalou heroína pela primeira vez após assistir a um show de David
Bowie. Tempos depois, numa casa de banho pública na Estação Berlin
Zoologischer Garten, injetou heroina pela primeira vez. A partir daí
Christiane afundaria cada vez mais no vício.
6. À medida que o vício avançava, Christiane aos 14 anos, como todos os seus amigos,
começou a se prostituir na Estação Zôo para comprar heroína. A própria Christiane
relata que no início, escolhia os clientes com quem faria programa e que se limitava a
masturbá-los ou praticar sexo oral. Mas com a necessidade de "se picar" três vezes
ao dia, Christiane passou a aceitar qualquer cliente que se apresentasse (inclusive
estrangeiros) e a praticar sexo dentro de carros. Os tempos de prostituição duraram
de 1976 a 1977, quando foi presa e acusada de tráfico e consumo de drogas.
7. Durante seu julgamento num tribunal de infância e
juventude, os jornalistas Kai Hermann e Horst Hieck
ficaram fascinados com seu depoimento sobre o vício e
propuseram a ela uma entrevista que a princípio era
para ser 2 horas, mas acabou se estendendo por 2 anos
e deu base para o famoso livro Wir Kinder vom Bahnhof
Zoo. O livro foi sucesso mundial sendo lançado em vários
países, inclusive no Brasil com o título Eu, Christiane F.,
13 anos drogada e prostituída e Portugal (Os Filhos da
Droga). Com o sucesso do livro, Christiane ficou
mundialmente famosa e até passou um tempo "limpa",
garantindo estar livre das drogas. Mas em 1983, a polícia
a prendeu no apartamento de um traficante em Berlim.
Nesta época concedeu uma entrevista à revista alemã
Stern, confessando que nunca havia realmente largado a
heroína. Esta entrevista foi publicada no Brasil pela
extinta revista Manchete em 1984
8. A maioria dos amigos de Christiane morreu vítima da heroína, entre eles sua amiga
Babsi com 14 anos a mais jovem vítima da heroína, além de Andreas W. (Atze) —
que deixou uma carta de conselhos aos jovens alertando sobre o perigo da heroína
—, e Axel, ambos com 17.
Christiane sobreviveu, mas nunca conseguiu se livrar do vício. Aos 45 anos, tomava
vários medicamentos, passava regularmente por sessões de terapia que não eram
bem sucedidas.
Tem hepatite C (doença incurável) e problemas circulatórios. Os médicos, além de
afirmarem que, devido a eles, ela pode ter uma crise súbita, dizem também que
seu estado é irreversível. Em dezembro de 2005, o serviço público de saúde alemão
registrou duas internações da paciente.
Christiane passou um período morando num apartamento simples em Berlim com
dois tios e com o filho, Jan-Niklas.
Detlef também sobreviveu e trabalha como motorista de ônibus em Berlim. Mora
com sua esposa e dois filhos e garante que se livrou das drogas em 1980.