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INTRODUÇÃO
A presente monografia analisa o discurso do programa Voz do Brasil, neste primeiro ano
de reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a partir do sistema proposto pela
pesquisadora Eni Pulcinelli Orlandi, em seu livro Análise de Discurso: princípios e
procedimentos (2002), que se concentra em construir um CORPUS de pesquisa com os materiais
que estão disponíveis ao alcance do pesquisador. Esta estrutura contém dois processos decisivos
para a análise de discurso que é a MEMÓRIA e DESCRIÇÃO.
O processo de DESCRIÇÃO é aplicado ao Objeto, onde você descreve tudo que é
possível sobre aquilo que está sendo pesquisado. O processo de MEMÓRIA é onde coloca-se
toda historicidade do objeto ou do sujeito que produz o discurso. Orlandi (2002), também destaca
a necessidade de uma CONTEXTUALIZAÇÃO de quando se proferiu o discurso, para daí então
refletir e interpretar as chamadas VOZES que são encontradas no processo discursivo.
O CORPUS proposto por Orlandi irá oferecer subsídios para dar andamento a este
trabalho que nada mais é, que outra importante etapa da pesquisa sobre a Voz do Brasil no
Governo Lula que começou a ser executada no ano de 2003, logo após a posse do atual
presidente da república através da monografia “As transformações no programa Voz do Brasil:
primeiros meses do Governo Lula” entregue na conclusão do curso de Comunicação Social,
habilitação de Radialismo, utilizando técnicas de análise de discurso.
No primeiro mandato do Governo Lula o programa Voz do Brasil começou a passar por
diversas modificações em seu formato e discurso, e o desenrolar desta nova proposta de continuar
observando a Voz do Brasil, ou melhor, ouvindo o programa, tem o título de Voz do Brasil:
primeiro ano de reeleição do Governo Lula. E irá mostrar qual é o discurso do programa neste
ano de 2007.
Para tanto foram desenvolvidos trabalhos de rádio-escuta no programa Voz do Brasil e
também de clippagem nos jornais de maior circulação nacional, para uma melhor
contextualização das vozes. Uma Análise Comparativa com o ano de 2003 também ilustra o
trabalho.
O programa tem uma historicidade presente no percurso do Brasil em busca de uma
democracia, percurso este muitas vezes contrário à vontade popular, pois carrega o “ranço” da
ditadura desde sua implantação em 22 de julho de 1935, uma época de conflitos e opressão.
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Durante esta época alguns fatos contribuíram para a criação da Voz do Brasil como a tragédia do
ano de 1932, onde o conhecido grupo de estudantes que recebeu a sigla de MMDC invadiu a
Rádio Record de São Paulo e leu ao microfone uma manifesto contra o governo revolucionário de
Getúlio Vargas e logo mais à noite em outra investida dos estudantes contra o Partido Popular
Progressista eles foram mortos, e também a assumida oposição da Record que passou a ler apelos
revolucionários contra o governo, usando o radiojornalismo com finalidade política.
Nesta linha de raciocínio, em 22 de julho de 1935, o governo Vargas cria a
Hora do Brasil, que transmitia, inicialmente, informações, pronunciamentos e
música popular. O grande objetivo era a divulgação das realizações do governo.
Nos dois anos seguintes, o país vive um clima de perseguição política.
(FERRARETO, 2000).
Atualmente as mudanças na Voz do Brasil apresentam um interessante paradoxo, pois
apesar de ser fruto da ditadura, nenhum dos presidentes mencionou o seu possível fim, ou seja,
ainda continua sendo uma ferramenta de voz oficial. Fortificando esta idéia na verdade o
programa tem passado insistentemente por mudanças para obter um formato mais leve, para que
seja recebido com menos reprovação, por parte da população brasileira e também pela imprensa
em geral. Ainda, como todos sabem, a Voz do Brasil, apesar de estar tanto tempo no ar, não é
sucesso de audiência.
Exemplificando estas mudanças, algumas têm destaque como:
a) Em 1945, quando programa ficou a cargo da Agência Nacional, órgão do Departamento
Nacional de Informações, que substituiu o DIP. Em 1942, o noticiário oficial ficou sob
responsabilidade da Empresa Brasileira de Notícias (EBN), que foi substituída em 1988
pela Radiobrás.
b) Ainda durante o Governo Militar, ficou determinado que deveriam ser retiradas do
noticiário palavras e expressões que representassem algum tipo de ameaça ideológica ao
regime. De acordo com o site da Radiobrás o verbo “denunciar”, por exemplo, teve seu
uso proibido.
10
c) Em 1988, a Voz do Brasil passou por outra reformulação, onde ela tornou-se um
radiojornal, com texto formal, mudanças no estilo, locução e técnica. Ganhou uma
locutora desfazendo o padrão de quase 50 anos, quando só as vozes masculinas liam o
jornal. Atualmente, a Voz do Brasil continua sendo produzida pela Radiobrás e é
regulamentada pelo Código Brasileiro de Telecomunicações.
d) A mudança mais significativa começou a ser implementada pelo ex-diretor da Radiobrás,
Eugênio Bucci, em 2003, que anunciou um novo formato para Voz do Brasil, dando um
ar mais popular utilizando mudanças consideráveis no texto, edição, participação em
reportagens dos demais estados brasileiros, e no formato técnico.
Agora em 2007, primeiro ano de reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, novas
modificações estão na mira do Governo Federal, como: a criação de uma rede pública de
comunicação, a saída de Eugênio Bucci da Radiobrás e a ida de Franklin Martins para o cargo de
Secretário Geral de Comunicação.
Para tanto, este trabalho monográfico desenvolveu escutas, através da aplicação das
técnicas da teoria da análise de discurso, sobre os programas dos primeiros meses da reeleição do
Governo Lula para captar o processo discursivo da Voz do Brasil, que ao contrário do que se
esperava de um presidente de ideologias democrático de esquerda, não extinguiu o programa,
mas modificou o formato no seu primeiro mandado e agora a partir de dezembro de 2007, irá
ampliar sua comunicação institucional. Por isso, deixa-se como ponto de partida para este
trabalho que o plano comunicacional que o governo quer aplicar no país, ainda está em
andamento, ou seja, o discurso da Voz do Brasil também está inserido nessas transformações.
11
1. Rádio no Brasil
A primeira demonstração de radiodifusão no Brasil ocorreu durante uma exposição
internacional no Rio de Janeiro promovida pela multinacional Westinghouse. Mas a primeira
rádio regular a começar a funcionar no país foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, inaugurada
em 1923 por Roquette Pinto. Apesar de seu grande empenho, a primeira rádio brasileira começou
a navegar pelas ondas eletromagnéticas sem programação definida, precariamente e com
transmissões esporádicas.
Demorou para o Rádio atingir o topo da popularidade, pois Roquette Pinto primava pela
não popularização da programação além de não veicular publicidade. No país das marchinhas de
carnaval a primeira rádio brasileira só poderia tocar ópera, música clássica e ter pouca
participação de convidados.
Mas o Nordeste pode sim estar incluído como vanguarda nas primeiras transmissões de
Rádio no Brasil. Esta é uma briga comprada pelo estado de Pernambuco, que possui documentos
que provam que a Rádio Clube de Pernambuco é bem anterior ao da Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro. A Rádio pernambucana teria iniciado suas transmissões em 1919 e ainda ter feito testes
radiofônicos um ano antes.
De acordo com o jornalista Petrônio Solto, o Rádio Paraibano, também começou na
mesma época de todo o país, só que com as desvantagens inerentes ao colonialismo do eixo Rio
de Janeiro - São Paulo existente em todo Brasil.
Continuando a percorrer sobre o Rádio no Brasil e seguindo o que diz a maioria dos
livros, após está época de pouco traquejo com o veículo e suas potencialidades, de 1923 até o
início da década de 30, surgem emissoras de radiodifusão em todo país. Exatamente no ano de
1932 dois atos importantes marcam o início de um novelo de lã que o Brasil embaraça até hoje,
que foi a publicação do decreto nº 21.111, onde o governo revolucionário organiza a veiculação
da publicidade em emissoras e ainda regulamenta o decreto de nº 20.047, que definia o papel do
governo federal na radiodifusão sonora. Daí por diante o governo brasileiro, a oposição e grupos
empresariais perceberam o poder político e capitalista do rádio.
12
Quando em julho do mesmo ano irrompe à Revolução Constitucionalista, o
veículo adquire importância política estratégica. Durante meses, as transmissões
paulistas – em especial a Record - mobilizam a oposição ao governo Vargas. A
partir daí, a sociedade toma consciência das possibilidades econômicas e
políticas do rádio. Estavam lançadas as bases para a sua configuração como
indústria cultura. (FERRARETO, 2000, p. 102)
Os decretos também ajudaram no surgimento do Rádio Espetáculo, pois com a
regulamentação da publicidade, a indústria e o comércio entram na programação do rádio dando
nomes de marcas e produtos aos programas radiofônicos que utilizam as mais variadas
ferramentas para transformarem seus programas e suas marcas em sucesso, como por exemplo, o
programa Palmolive no Palco.
Com a estréia da Rádio Nacional em 1938 que lançou o programa Curiosidades Musicais, o
rádio inicia o período de consolidação no país que irá estender-se até 1943.
Em 1940 começa uma etapa importante na produção de rádio que é a elaboração de forma
organizada de textos, músicas e publicidades, entrando em cena o Roteiro e os primeiros
programas montados.
O grande sucesso das Radionovelas começa a entrar na programação das rádios em 1941
com Em Busca da Felicidade e também o seu principal noticiário o Repórter Esso. As duas
pilastras do sucesso do rádio, as Radionovelas e o Repórter Esso, faziam parte da programação da
Rádio Nacional.
Os Programas de auditório partem como último produto de sucesso produzido pelo rádio
que teve precursor em 1946.
A chegada da televisão ao Brasil e o início das transmissões da PRF-3 TV Tupi Difusora no
dia 18 de Setembro de 1950 foram os primeiros passos para uma época de decadência no radio
brasileiro.
1.2 Radiojornalismo no Brasil
No Brasil, as radionovelas e espetáculos musicais dão abertura ao radiojornalismo
exatamente no dia 28 de Agosto de 1941 com o noticiário Repórter Esso na Rádio Nacional, mas
toma grande importância com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Na época outros
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noticiários semelhantes já existiam nas capitais de outros países como Buenos Aires, Santiago,
Lima e Havana que também eram patrocinados pela Esso Brasileira de Petróleo.
Em 1948, Heron Rodrigues, a voz mais conhecida do noticiário implanta o primeiro
departamento no país dedicado ao jornalismo, o chamado Seção de Jornais Falados e
Reportagens da Nacional.
Alguns fatos importantes para a história do Brasil foram ao ar pelo Repórter Esso como o
suicídio de Getúlio Vargas no dia 24 de Agosto de 1954.
Outro passo para o radiojornalismo foi o Grande Jornal Falado Tupi que começou lendo
as notícias diárias do jornal impresso e depois ganhou manchetes e sonoplastia.
O Repórter Esso foi veiculado na Rádio Nacional até 1962, indo para a Globo ainda com
sucesso absoluto. No dia 31 de dezembro de 1968 foi ao ar a ultima edição do Repórter Esso, que
introduziu no radiojornalismo um modelo de “síntese noticiosa”, que para Ferrareto (2000), criou
o primeiro radiojornalismo moderno e a utilização de áudio durante a leitura de manchetes.
Nesta vertente do chamado radiojornalismo moderno entra em 1948 a Emissora
Continental do Rio de Janeiro, fundada pelo locutor esportivo Gagliano Netto. A Continental se
atribui o formato que mistura notícia, música e esporte. As reportagens ganham espaço e as
coberturas esportivas também.
Outro diferencial foi à cobertura do Carnaval do Rio de Janeiro pela Continental que
utilizou até 40 pontos de transmissão ao vivo. Passou-se então a utilizar a transmissão da notícia
na hora do acontecimento do fato.
Nos anos 50 surgem vários departamentos de jornalismo, mas que ainda não superam a
programação tipo espetáculo do rádio. Os programas de radiojornalismo só serão destaques após
o abalo provocado pela televisão que leva o rádio a decadência.
Com o espetáculo transferido para a televisão, o lazer radiofônico começa a se
restringir à transmissão de músicas e a difusão de fatos e de entrevistas
envolvendo os astros e as estrelas do star system audiovisual. Já na década de
50, um novo caminho começa a se estruturar, baseado no jornalismo, no esporte
e no serviço à população, consolidando-se nos anos 60 e 70. (FERRARETO,
2000).
Aparece uma nova vertente de jornalismo, baseada no rádio da Argentina, no qual usa-se
um sistema intensivo de notícias onde a cada 15 minutos de programação musical existia um para
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o jornalismo. Seguiu sucessivamente este formato o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro; a Jovem
Pan e a Bandeirantes, de São Paulo; e a Guaíba, de Porto Alegre.
Com o final da década de 60 instaura-se o formato de jornalismo a serviço da população
como o Correio do Povo pela Rádio JB e bem depois o lançamento do pioneiro Jornal da
Integração Nacional em 1972, com uma rede que atingia diversos estados do país.
Mas retornando a contextualização da situação política no Brasil, a partir de 27 de
Novembro de 1962 com o surgimento da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert) foi derrubada às intenções do governo de João Goulart em estatizar rádios e tvs
privadas através de vetos ao Código Brasileiro de Telecomunicação.
É importante observar que, a valer o discurso de Calmon, a organização da
Abert insere-se nas articulações empresariais de oposição ao governo que, junto
com o interesse norte-americano no contexto da Guerra Fria e a mobilização
militar, redundariam no golpe de 1964. (FERRARETO, 2000, P. 148).
O Brasil então passaria por uma época obscura de censura e perseguição onde o
radiojornalismo e o telejornalismo não escapam dos avisos que proíbem críticas ao sistema de
censura, prisões ilegais, notas sobre inquéritos e combates. São os chamados anos de chumbo da
ditadura, onde também a publicidade volta a ser uma grande arma governamental de 1969 a 1974.
Assim, assumiu o poder o general Emílio Garastazu Médici.
O Radiojornalismo assume uma outra postura dos anos 70 a 80 com a chegada da
freqüência modulada ou FM. Mais exatamente quando entra no ar, em 1977, a Cidade FM, ligada
ao grupo JB, onde eles optaram por ter um público alvo jovem com uma programação inspirada
nos modelos norte-americanos. O estilo vira líder de audiência e outras emissoras assumem
também novos formatos como a Bandeirantes, por exemplo.
Por outro lado instituí-se, alguns anos antes na AM, o Jornal da Integração Nacional, onde a
Jovem Pan utiliza-se de toda a estrutura montada pelo governo federal que viria se tornar em
1965 a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), para veicular, este tipo de
jornalismo que antecipou-se a febre dos noticiários via satélite que surgiram nas décadas de 80 e
90.
A radiodifusão no Brasil através das Redes Via Satélite entrou no ar em março de 1982,
quando a Bandeirantes AM, de São Paulo, veiculou o radiojornal Primeira Hora. Para melhorar
ainda mais as condições do Radiojornalismo no país a Abert passou a oferecer em 1989 um
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serviço chamado Radiosat que possibilitou a união de pequenas rádios a outras emissoras
formando grandes redes de comunicação e informação, surgindo dois anos depois o Jornal do
Meio Dia, Jornal das Seis, Informativo Jornal Nacional que chegou a ter 400 emissoras
interligadas a Radio Nacional de Brasília; e também a Radiobrás que utilizou-se desta nova
ferramenta para transmitir sua programação.
No final da década de 80 e início de 90 o papel informativo do radiojornalismo toma outra
forma, o de Jornalismo Tempo Integral, como nomeia Ferrareto (2000). Emissoras apostam em
notícias 24 horas por dia, como o Jornal do Brasil AM, Rádio Eldorado, Excelsior e a CBN.
Com o crescimento e esgotamento da radiodifusão abriu-se as discussões sobre cidadania e
democratização das Rádios, surgindo a possibilidade da criação de Rádios Comunitárias e
também a grande utilização das Radiodifusoras e piratas para discutir abertamente os problemas
da comunidade, do bairro e da região.
De acordo com o site Adital até o ano de 2005 cerca de 15 mil estações de rádio já
operavam ilegalmente no Brasil. Segundo reportagem, Tião Santos, coordenador da Rede Viva
Rio de Radiodifusão, entidade que congrega 300 rádios comunitárias, essas rádios continuam
sendo ilegais porque o governo não quer legalizá-las.
Tião criticou o aumento da repressão da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) às emissoras que não têm autorização para
funcionar. Somente no primeiro semestre de 2005, 1.199 estações em todo o
Brasil tiveram suas transmissões interrompidas, ou seja, uma média de 200 por
mês. (RÁDIOS CRITÍCAM... 2005).
A severa crítica seria por que este resultado é superior ao obtido no ano de 2004, quando
1.807 rádios foram fechadas de janeiro a dezembro, isto é, 151 por mês.
Estes números refletem muito na programação das rádios de todo o Brasil principalmente
no Radiojornalismo, que corre atrás do prejuízo devido o sucesso das rádios comunitárias,
produzindo programas de formato popularesco, denunciativo, de serviço público e
sensacionalista.
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2. PROCESSO DE MEMÓRIA
É impossível a construção de um CORPUS para Análise de Discurso sem levantar dados
para a fase da Memória. Conhecer e entender traços do que formou o passado do objeto estudado
podem trazer grandes surpresas na hora da análise, pois este processo oferece pistas de vozes já
esquecidas em outro contexto e que continuam baseando o discurso de quem fala e o meio que
veicula.
A memória, por sua vez, tem suas características, quando pensada em relação
ao discurso. E, nessa perspectiva, ela é tratada como Interdiscurso. Este
definido como aquilo que fala antes, em outro lugar, independentemente. Ou
seja, é o que chamamos de Memória Discursiva: o saber discursivo que torna
possível todo o dizer e que e toma sob a forma de pré-construído, o já dito que
está na base do dizível, sustentando cada tomada da palavra. O interdiscurso
disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em uma
situação discursiva dada. (ORLANDI. 2002, p.31).
2.1 Alô, alô Brasil! Está no ar a Rádio Nacional
A Rádio Nacional começou suas transmissões no mês de setembro de 1936, no Rio de
Janeiro. Ela fazia parte das empresas do grupo A Noite que editava os jornais A Manhã e A
Noite, além de revistas como Carioca e Vamos ler. A chamada PRE 8 - Sociedade Rádio
Nacional, tinha até então 65 emissoras em todo o Brasil, dentre elas 12 no Rio de Janeiro e oito
em São Paulo. A programação da Rádio Nacional demonstra o primeiro diferencial para com as
outras rádios por levar ao ar o primeiro programa montado. “Uma grande inovação concretiza em
abril de 1938, quando estréia na Rádio Nacional o programa Curiosidades Musicais. Nele,
durante meia hora, Almirante enfocava algum aspecto do cancioneiro popular ou folclórico do
país”. (FERRARETO, 2000, P.111).
Junto com o apogeu do rádio ou a chamada Era de Ouro, de 1940 a 1950, surge também
à implantação do Estado Novo no Brasil. A grande aproximação do país com os EUA, que já
tinha uma indústria cultural muito forte, incentiva e inspira as rádios brasileiras, e então as
programações das rádios passam a produzir programas de auditórios, radionovelas, programas
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humorísticos e cobertura esportiva. O Radiojornalismo também ganha impulso transmitindo
notícias sobre a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto o veículo adquire uma forma massiva e
a Rádio Nacional passa a ser reconhecida como a primeira indústria cultural do Brasil. Então, a
que inicialmente era uma empresa privada, foi encampada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas
em 8 de março de 1940, que a transformou na rádio oficial do Brasil. A Rádio Nacional passou
então a preparar a programação da Hora do Brasil.
O presidente Getúlio Vargas percebeu a força do veículo e aliou como ninguém seus
objetivos políticos ao Rádio. A Propaganda política nesse veículo também teve seu maior
momento no governo ditatorial de Vargas, que sempre utilizou o rádio para narrar suas ações
governamentais. Nessa época a Rádio Nacional era considerada a voz oficial do governo.
Muitas outras instituições de comunicação foram criadas ou encampadas pelo governo de Getúlio
Vargas como:
a) A criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha como
objetivo controlar a programação dos meios de comunicação. As emissoras não poderiam
utilizar qualquer assunto que abordasse reivindicações trabalhistas, presos políticos,
passeatas, organizações estudantis ou qualquer crítica ao governo. O poder do DIP era tão
forte que em 1940, 108 programas foram proibidos, segundo Luiz Artur Ferrareto (2000).
b) Encampação da Rádio Nacional, o governo tomou posse da Rádio com a desculpa de o
grupo dono da emissora devia três milhões de Libras Esterlinas.Com o apoio financeiro
do governo a rádio passa a se transformar no primeiro fenômeno da indústria de
radiodifusão em 1940. “Na realidade, a Nacional constituí-se, assim, em um importante
instrumento de influência na opinião pública”. (FERRARETO, 2000, p.115).
c) A posse de todo o acervo do Jornal A Noite, da Rio Editora.
Em 1938 a Radio Nacional lança o sucesso Curiosidades Musicais e 1941 passa a transmitir
a radionovela Em Busca da Felicidade e o Repórter Esso.
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Em meio à tamanha crise a Rádio Nacional alcançou seu apogeu, tornando-se líder em
publicidade e audiência. Provavelmente, por ter o apoio do governo e assim conseguia manter a
opinião pública além de ter uma estrutura técnica de produção invejável para o setor na época.
Programas de auditório surgiram gradativamente depois na Rádio Nacional, assim como os
programas de humorísticos. Já o Repórter Esso é transmitido pela Rádio Nacional até 1962.
Com a fortificação da televisão a Rádio Nacional passa a entrar numa era difícil. No
mandato de Juscelino Kubstichek a direção da Rádio Nacional pede um canal de televisão, no
qual foi negado devido a pressões de Assis Chateaubriant que temia o poder da Rádio Nacional,
pois o governo poderia tornar-se um concorrente desleal.
Em 1964 o país sofre o Golpe Militar, e nesta época foi criado o Ministério das
Comunicações. “Esse Ministério das comunicações, seria o estabelecimento de agências
reguladoras”. (MELO, 1985, p.64). As criações da Voz do Brasil em 1935 e do Ministério das
Comunicações em 1964 são sempre analisadas pelos autores de maneira hostil por terem
características reguladoras. Ainda no Governo de Vargas foi criada a Divisão de Censura, pela
Polícia Federal que tinha a tarefa de censurar jornais, revistas e qualquer tipo de criação artística,
cultural e musical. A Divisão de Censura além de vigiar as notícias publicadas, obrigava os
meios de comunicação a publicarem a posição do governo.
De acordo com Ferrareto (2000), a pesquisadora Dóris Haussen aponta como motivos para a
decadência da Rádio Nacional:
a) A rotatividade de diretores a partir dos anos 50;
b) A diminuição de verbas publicitárias que foram deslocadas para a televisão;
c) A repetição dos mesmos programas;
d) A demissão de radialistas após o Golpe Militar de 1964.
Muitas maneiras foram criadas para que o governo impusesse seu poder sobre os meios de
comunicação, principalmente o rádio, mostrando assim, a importância que este veiculo tem para a
dominação das massas. Não é para menos, porque o rádio é o meio massivo com maior
penetração, além de utilizar uma tecnologia considerada barata, poder chegar a todos os lugares e
não distinguir raça, religião ou classe social.
19
No ano de 1969, a censura chega ao seu poder máximo sobre as emissoras de rádio, sendo o
governo um dos maiores anunciantes de todas as emissoras.
Com reflexos da situação reinante e das relações dos proprietários de emissoras
com o governo, a auto censura também se difunde. A ameaça de perda da
concessão incentiva esta prática. A publicidade governamental constitui-se em
outra arma nas mãos dos militares. Em muitas emissoras, especialmente as de
pequeno porte, as empresas e bancos estatais representavam parcela
significativa do faturamento comercial.
(FERRARETO. 2000, p. 154).
2.2 Hora do Brasil
Antes de todos esses fatos citados sobre o Rádio, destaca-se o objetivo do Estado em
utilizar o rádio como meio de consolidar uma unidade nacional, principalmente com a divulgação
das realizações do governo de Getúlio Vargas. Esse objetivo foi colocado em prática com a
criação do programa Hora do Brasil, em 22 de julho de 1935.
Vargas demonstrava verdadeiro fascínio em unir sua política ao rádio, e lutava para que
suas palavras chegassem a varias cidades do país utilizando repetidoras, que se tornariam à cadeia
de rádios da Hora do Brasil.
A primeira transmissão do programa aconteceu no Rio de Janeiro, nos estúdios da Rádio
Guanabara, e já tinha como tema principal de abertura a ópera O Guarani, de Carlos Gomes. Este
primeiro programa foi retransmitido para oito emissoras de rádio do Brasil.
Nos dois anos seguintes, pós-criação Hora do Brasil, o país passaria por um sério clima de
perseguição política. “Acenando com o perigo vermelho, embora Luís Carlos Prestes, estivesse
preso desde o ano anterior, o governo anuncia, em 30 de setembro de 1937, na Hora do Brasil,
um inexistente Plano Cohen, pretensamente preparado pelos comunistas para tomar o poder”.
(FERRARETO, 2000, P.108).
Então, diante de tais fervores políticos, neste mesmo ano o programa Hora do Brasil tornou-
se obrigatório, sendo transmitido em rede nacional de segunda a sexta, das 18:45 ás 19:30. O
programa deveria ser modelo de programação para as outras emissoras, não podendo falar mal do
governo, noticiando detalhadamente os atos do presidente, sempre com programações culturais,
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educativas e com musicas brasileiras. Esta seria a Era de Ouro para o programa, que há 68 anos é
transmitido em rede nacional.
No ano de 1939 o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) substitui o antigo
Departamento Nacional de Propaganda e Difusão Cultural, e em 1940, cerca de 108 programas
de rádios foram proibidos apenas no Rio de Janeiro.
No começo do processo de redemocratização do país (1946), o presidente Eurico Gaspar
Dutra, cede as pressões sobre a importância do programa radiofônico para o governo, e mantêm a
Hora do Brasil transformando-a em Voz do Brasil.
2.3 Voz do Brasil
Na década de 70 dois fatos marcantes demonstram ainda a forte presença do Estado na
mídia, o Projeto Minerva e a criação da Radiobrás.
No dia 4 de outubro de 1970, o Ministério da Educação implantou com o seu serviço de
Radiodifusão Educativa o Projeto Minerva, que ia ao ar de segunda a sexta, com um programa
de 30 minutos e de sábado e domingo com 1 hora e 15 minutos de duração. A programação
educativa do Projeto Minerva ficou no ar durante 20 anos, apesar das diversas discussões sobre
seus reais resultados, e então, na ressente data de 16 de outubro de 1989 ele saiu do ar.
Em 1988 começou a vigorar a nova Carta Magna do país, e nela consta o item mais
primoroso da imprensa que é a liberdade de expressão, dessa forma o programa Voz do Brasil
passou a ser considerada inconstitucional. Por isso, após abertura política, as empresas de rádio
entraram em uma luta judicial contra a obrigatoriedade de retransmissão do programa Voz do
Brasil, e a emissora líder desta luta é a Rádio Eldorado.
No dia 5 de Julho de 1995, um acidente na Marginal Pinheiros, parou a Capital
paulistana. Com a finalidade de prestar um serviço de utilidade pública aos
ouvintes, a rádio Eldorado – Am entrou em contato com a Radiobrás e solicitou
a permissão para atrasar a transmissão da Voz do Brasil naquele dia. O pedido
foi negado e o caos tomou conta se São Paulo até a madrugada, com as pessoas
presas no transito sem informações ou orientações. (SOUSA. 2000, p. 179).
21
Com o governo de transição do presidente José Sarney, o programa Voz do Brasil absorveu
um formato mais democrático contendo noticias do Congresso e Poder Judiciário.
A Voz do Brasil nasceu em meio a mudanças políticas que marcaram o nosso país. Seu
objetivo era ir ao ar com notícias sobre o governo. Até o ano de 2002, ao final do mandato do
presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o programa ainda mantinha o mesmo formato e
objetivo.
2.4 A Radiobrás
Outro marco comunicacional nascido na ditadura militar foi a Radiobrás. O governo tomou
posse de 38 emissoras de rádio em todo Brasil, e para administrá-las foi criada a Empresa
Brasileira de Radiodifusão, a Radiobrás, em 15 de dezembro de 1975, que tinha como objetivos:
I - implantar e operar as emissoras, e explorar os serviços de radiodifusão do
Governo Federal”;
II - implantar e operar as suas próprias redes de repetição e transmissão de
radiodifusão, explorando os respectivos serviços;
III - realizar a difusão de programação educativa, produzida pelo órgão federal
próprio, bem como produzir e difundir programação informativa e de recreação;
IV - promover e estimular a formação e o treinamento de pessoal especializado,
necessário às atividades de radiodifusão;
V - prestar serviços especializados no campo da radiodifusão;
VI – exercer outras atividades, que lhe forem atribuídas pelo Ministério das
Comunicações. (FERRARETO, 2000, p. 163).
Mas na década de 80 a maioria das emissoras foi privatizada e até 1998 a Radiobrás ainda
administrava: Rádio Nacional da Amazônia (ondas curtas); Nacional AM e FM (Brasília);
Nacional do Brasil (ondas curtas); Nacional AM (Rio de Janeiro); uma agencia de notícias
(Agência Brasil); Rede Nacional de Rádio, (Serviço Radiofônico Via Satélite), com programação
originária das rádios Nacional AM e FM, além das cadeias obrigatórias (Executivo Legislativo,
Judiciário, e o radiojornal Voz do Brasil).
22
3. PROCESSO DE DESCRIÇÃO
O processo de Descrição é utilizado por Orlandi (2002), como uma das principais técnicas
para se compreender em totalidade um discurso. Deve-se entender todo o contexto do Objeto
Estudado, e todas suas vertentes, pois é este processo que dá sentido no processo discursivo. Por
isso, a Descrição é a próxima etapa do CORPUS.
O dispositivo, a escuta discursiva, deve explicitar os gestos de interpretação que
se ligam aos processos de identificação dos sujeitos, suas filiações de sentidos:
descrever a relação do sujeito com sua memória. Nessa empreitada, descrição e
interpretação se inter-relacionam. E é também tarefa do analista distingui-las
em seu propósito de compreensão. (ORLANDI, 2002, p.60).
3.1 A Radiobrás no Governo Lula
Em 2003, uma das grandes mudanças da Radiobrás ficou por conta da nomeação de
Eugênio Bucci como seu novo presidente. Dentre os pontos anunciados por Eugênio Bucci estava
uma nova proposta para o trabalho do órgão que seria cobrir notícias e eventos no qual nunca
receberam atenção por parte da área de comunicação do Governo Federal.
Doutor em ciências da comunicação, Eugênio Bucci foi militante do grupo Liberdade e
Luta (Libelu) e estava filiado desde a década de 80 ao Partido dos Trabalhadores (PT). Atuou
durante quatro anos como editor da revista Teoria em Debate, uma publicação do PT, e quando
assumiu o cargo como presidente da Radiobrás estava atuando como crítico de TV no jornal
“Folha de São Paulo”.
Eugênio Bucci não só propôs, mas também aplicou novas mudanças no programa Voz do
Brasil, como, por exemplo, colocar a redação para cobrir Fórum Social Mundial Contra a Fome.
De acordo com as reportagens da época, Eugênio Bucci quis aproximar o povo das políticas
governamentais e estimular a participação popular. “Não quero mudança cosmética de estilo, de
vinheta. Mas sim mudança na interação com o publico”. (ÉBOLI, 2003, p.10 País.)
23
O Globo de janeiro de 2003 publicou que as emissoras de rádio e tv da Radiobrás,
segundo Bucci, iriam atuar também na orientação da população em duas frentes: na prestação de
serviço e de cidadania. “O país não pode viver sem a imprensa de mercado saudável, não
monopolista. Ela é vital para fiscalizar o governo. Seremos um sistema de informação
complementar”. (ÉBOLI, 2003, p.10 País.)
Só no mês de agosto de 2003 onze notícias sobre a nova posição de Bucci na Radiobrás
foram publicadas nos jornais de grande circulação como: O Globo, Folha de São Paulo, O Estado
de São Paulo, Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Em contrapartida em 2007 houve a discreta
saída de Eugênio Bucci da presidência da Radiobrás. Ou seja, aclamado pela imprensa em 2003
como o possível modificador do perfil duro da Voz do Brasil, Eugênio Bucci saiu de seu cargo de
forma quase imperceptível pelos meios de comunicação.
O jornalista José Roberto Garcez foi empossado como novo presidente da Radiobrás, no
mês de abril de 2007. E de acordo com a imprensa, o próprio Eugênio Bucci deixou seu cargo à
disposição do presidente Lula.
Apenas alguns sites abordaram o assunto, e um blog chamado Antimídia (2007), recebeu
um artigo assinado por João Domingos da OESP, que dá conta de que a saída de Bucci seria por
problemas com o Partido dos Trabalhadores (PT), que queria mais participação das ações de Lula
durante as programações da Radiobrás. O que foi resistido por Bucci, forçando sua saída.
José Roberto Garcez afirmou que não fará nenhuma mudança na Radiobrás e que
sua missão será manter a linha de jornalismo implantada por Bucci, tendo pela
frente os desafios do futuro. A Radiobrás vai participar ativamente do processo da
rede digital e da rede pública de TV (MARRA, 2007).
O novo presidente da Radiobrás deverá envolver-se no projeto da TV Pública, que o
governo lançou neste ano. Já especula-se que a Radiobrás será absorvida junto com a TVE para a
Rede Pública de Rádio e TV, executando um papel de espinha dorsal deste planejamento.
3.2 Voz do Brasil: 1º Mandato do Presidente Lula
Desde 1º de Janeiro de 2003, data de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, muito vem se falando de mudanças na área comunicacional do governo.
24
O Brasil tem como presidente um político de base esquerdista, e apesar das diversas
especulações sobre suas atitudes avessas ao seu passado histórico político o programa Voz do
Brasil não teve seu fim, pelo contrário, recebeu diversas modificações no primeiro mandato com
o objetivo de popularizar o programa.
Em entrevista a revista Época, Aluízio Mercadante, político pertencente ao mesmo partido
do presidente, o PT, falou claramente sobre as mudanças que viriam a ocorrer no primeiro
momento do Governo Lula em se tratando de áreas que até hoje causam furor. O governo deverá
ter políticas específicas de estruturação para alguns setores fortemente endividados em dólar
como é o caso da Aviação e da Comunicação”. (TRAUMANN, 2002)
Mudanças no texto, formato editorial, e técnicas foram às transformações que mais
chamaram a atenção dos empresários e jornalistas que são veementemente contra a Voz do
Brasil.
O chamado novo formato foi ao ar no dia 1º de setembro de 2003, o bloco inicial, a cargo
do poder executivo, de 25 minutos, contava com quatro locutores e não dois como na época do
Fernando Henrique Cardoso. As reportagens são acompanhadas de comentários a respeito dos
temas tratados. Todas as vinhetas foram modificadas, assim como a ópera O Guarani que ganhou
um novo formato com timbales, samba e também sonoridades de índios cantando ao fundo.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo em entrevista com Bucci, as mudanças eram
importantes, pois o programa guardava resquícios de períodos autoritários, quando a Voz do
Brasil desempenhava um papel de convencimento ideológico. “O sentido da mudança é atender
ao direito à informação. Por isso, fizemos o processo de atualização, na busca de fórmula
contemporânea à democracia”. (Radiobrás muda... 2003).
3.3 Voz do Brasil 2007
Em 2007 a Voz do Brasil enfrenta seu primeiro problema após o Tribunal Regional Federal
(TRF) divulgar a decisão favorável a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão
(AGERT) sobre a flexibilização do horário de transmissão do programa. A entidade está
trabalhando para efetivar o benefício e já enviou a Anatel, em abril, a relação das cerca de 300
emissoras associadas à entidade, que estão se beneficiando com a liminar conquistada,
conseguida através da assessoria jurídica da associação.
25
De acordo com a decisão, a retransmissão do programa oficial pode ser efetuada até às 18h do
dia seguinte. Como essa ação judicial partiu da associação gaúcha, apenas as suas filiais têm o
direito concedido por lei.
Outros estados brasileiros também mobilizam-se de alguma forma com relação ao programa,
como por exemplo, o mandato da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, que concedeu a 115
emissoras de rádio do Norte e Nordeste do País o direito de retransmitir o programa a Voz do
Brasil, às 19h de cada local. A Radiobrás, que distribui o sinal do programa do governo, queria
obrigar as emissoras que seguem fusos horários diferenciados a transmitir às 19h de Brasília. O
mandado de segurança foi impetrado pela Associação Brasileira de Radiodifusão, Tecnologia e
Telecomunicações (Abratel).
Em resposta a esse repúdio da população com relação programa, mudanças estão sendo
aplicadas. E o novo panorama da comunicação institucional do Governo Federal como o anúncio
do novo presidente da Radiobrás José Roberto Garcez, o projeto da Rede Pública de Rádio e TV
e a posse de Franklin Martins para o Ministério das Comunicações deixa claro que as
transformações já estão acontecendo. A Radiobrás e o programa Voz do Brasil serão também
inseridas na rede que formará esse novo sistema comunicacional formulado pelo Governo Lula.
Essas modificações são refletidas no discurso da Voz do Brasil desde 2003 dando ao
programa novas modificações e novas vozes.
26
4. CLIPPING: REPERCUSSÃO NA MÍDIA
Em uma Análise de Discurso é primordial situarmos o discurso em um contexto para
saber realmente o que ele quer dizer em suas entrelinhas. Não existe ferramenta para
contextualizar uma “Era” inteira, ou o quanto um programa pode alcançar ou não, a melhor forma
de contextualizarmos então esta época do Governo Lula e suas atividades relacionadas à Voz do
Brasil e a Radiobrás, é o trabalho de clipping nos jornais ditos de grande circulação no Brasil.
A autora Eni Puncinelli Orlandi aponta para esta vertente em seu livro Discurso
Fundador: A formação do país e a construção da identidade Nacional (1993), onde ela destina um
capítulo inteiro para falar sobre como o discurso jornalístico constrói memória. E ainda, deste
livro algumas páginas estão relacionadas só com Jornais Impressos.
A análise do discurso jornalístico se faz importante e necessária já que este,
enquanto prática social, funciona em várias dimensões temporais já que este,
enquanto prática social, funciona em várias dimensões temporais
simultaneamente: capta, transforma e divulga acontecimentos, opiniões e idéias
da atualidade – ou seja, lê o presente – ao mesmo tempo em que organiza um
futuro – as possíveis conseqüências desses fatos do presente – e, assim,
legitima, enquanto passado – memória - a leitura desses mesmos fatos do
presente, no futuro”. (ORLANDI, 1993, p. 33).
Mas, de antemão, não pretende-se fazer uma análise de discurso nos jornais, mas apenas
separar determinados materiais que podem fornecer alguns subsídios para compreender como a
mídia acompanha as mudanças na Radiobrás e na Voz do Brasil, para que durante o trabalho de
Rádio Escuta seja percebido algum discurso inserido que remeta a temas abordados naquele
tempo, ou seja, dar contexto.
Então, antes das considerações seguem os pontos importantes encontrados no Clipping
produzido nos jornais: Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo que servirão
apenas para consulta. Segue:
27
RADIOBRAS – REDE PÚBLICA DE RÁDIO E TV
a) TV PÚBLICA: GOVERNO PEDE PARCERIA COM INICIATIVA PRIVADA – Jornal
do Brasil, 22 de Março de 2007 – Economia A20 –Lorenna Rodrigues;
b) UMA REDE NACIONAL DE TV PÚBLICA – Jornal do Brasil, 22 de Março de 2007 –
Opinião A9 – José Dirceu;
c) CHAPA BRANCA, TARJA PRETA, LUZ VERMELHA- Folha de São Paulo, 06 de
Abril de 2007 – A2 Opinião - Nelson Motta;
d) O DIREITO ÀS TVS ESTATAL E PÚBLICA – Folha de São Paulo, 18 de Abril de
2007-Tendências/Debates-Opinião A3 – Celso Shoröder;
e) O DESAFIO DE FRANKLIN – Jornal do Brasil – 27 de Abril de 2007 – Opinião A9 –
Carlos Alberto Rabaça;
f) É TUDO EM NOME DA TAL ‘DEMOCRACIA POPULAR’ – O Estado de S. Paulo –
02 de Maio de 2007 – A2 Espaço Aberto;
g) TV PÚBLICA DE LULA ESTRÉIA EM DEZEMBRO – Jornal de Brasil, 09 de Maio de
2007 – A4 de País. Lorenna Rodrigues;
h) FUTURA TV PÚBLICA PLANEJA USAR RECURSOS DE 3 FUNDOS – Folha de São
Paulo – 09 de Maio de 2007 – Brasil A13 – Kennedy Alencar e Felipe Selignan;
i) REDE PÚBLICA DE TV DEVE CUSTAR R$ 300 MULHÕES – O Estado de S. Paulo, 9
de Maio de 2007 – A8 / Nacional – João Domingos;
j) LULA QUER TV PÚBLICA NO PAC CULTURAL – Jornal do Brasil, 12 de Maio de
2007 - A6 Brasil –Lorenna Rodrigues;
k) LULA AFIRMA QUE JÁ AVISOU O PAPA QUE TV PÚBLICA SERÁ LAICA. Folha
de São Paulo, 12 de Maio de 2007 - Brasil / A19-Eduardo Scolese;
l) TV PÚBLICA – Folha de São Paulo – 15 de Maio de 2007 – Opinião A3 – Gabriel
Priole.
28
RADIOBRAS – VOZ DO BRASIL
a) EUGÊNIO BUCCI DEIXA A RADIOBRAS – Jornal do Brasil – 20 de Abril de 2007 –
Caderno B-B3.
* As matérias mais interessantes para este estudo estão em anexo para uma consulta mais
aprofundada.
4.1 Balanço Reflexivo do Clipping
O clipping foi realizado nos jornais Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e o Estado de S.
Paulo no período de 20 de Março de 2007 a 15 de Junho do mesmo ano. Foram retiradas todas as
reportagens que falavam sobre a TV Pública, Radiobrás, Voz do Brasil, Ministério das
Comunicações e Lula e a mídia. Ao total foram retiradas 48 notícias sobre estes temas, mas volta-
se a afirmar que só as notícias que envolvem a Radiobrás e Voz do Brasil realmente foram
levadas em consideração e que todas as notícias destacadas acima sobre a TV Pública de
Televisão também abordavam em seu texto a Radiobrás.
Cada reportagem demonstra uma importância em seus dados quando são relacionadas às
datas que são publicadas e o conteúdo da programação na Voz do Brasil.
Mas podemos destacar pontos interessantes deste clipping, o primeiro é a possível utilização
da Radiobrás como a espinha dorsal da programação da Rede Pública de Rádio e TV juntamente
com a TVE.
Outro dado importante foi à discreta saída do presidente da Radiobrás Eugênio Bucci. Ao
contrário do que ocorreu em 2003, apenas uma matéria no dia 20 de abril, foi publicada dando
conta da entrega do cargo. Em 2003 Eugênio Bucci assumiu a Radiobrás prometendo e aplicando
mudanças na Voz do Brasil, e a imprensa publicou cerca de 9 (nove) matérias em apenas um mês,
sendo elas, grandes reportagens, páginas inteiras e até capa de jornal.
29
5. CONTEÚDO TÉCNICO INFORMATIVO
Para esta parte da análise foram produzidas Fichas Técnicas de cinco programas escutados
da Voz do Brasil. Cabe lembrar que os programas foram gravados durante todas as sextas-feiras
durante 1 mês. Ou seja, quatro programas servirão de base para este levantamento técnico e o
quinto programa do ano de 2003 servirá para a Análise Comparativa. Sabe-se que a sonoridade,
quantidade de reportagens de órgãos federais, política, participação do presidente e participação
popular, ajudam muito na compreensão do direcionamento que a Voz do Brasil dá em seu
discurso. Por isso, a elaboração da Ficha Técnica mostra um panorama de como o programa é
produzido e seu objetivo, e assim oferece ferramentas de ajuda na Análise de Discurso.
Então Segue:
5.1 Fichas Técnicas
1. Programa Voz do Brasil do Dia 29 de Março de 2007 - Posse de José
Roberto Garcez
Novamente grande destaque para notícias e entrevistas sobre os ministérios e com os
ministros. Mas as notícias sobre órgãos da administração indireta e sobre programas sociais
obtiveram um aumento exorbitante, passando da média de 5 por programa para 10 participações.
Notícias referentes ao presidente Lula passaram de 1 por programa para 3 notícias, como
por exemplo, a sua visita a um centro de reciclagem de computadores patrocinado pelo Banco do
Brasil e também da inauguração de uma fábrica da Hyunday, localizados em Goiás. Novamente
reforçando a idéia que reportagens do presidente fora do eixo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
tem uma maior cobertura. Ainda, houve a volta dos comentários, mas não tem cunho
denunciativo nem opinativo, mas apenas educativo sobre o tema LDO. Foi detectado também um
número maior de participações ilustrativas e de depoimentos.
30
NOTÍCIAS (Ao total 20 matérias)
Ministros ou Ministérios (6-Seis Matérias)
a) Ministério da Justiça capacitará agentes multiplicadores do Procon para conscientizar
consumidores. Entrevistas com representantes dos órgãos envolvidos;
b) Ministério do Desenvolvimento Agrário e o IPEA lançam pesquisa sobre o Pronaf e
empréstimos rurais;
c) Ministério da Educação lança Programa de Qualificação Profissional nas escolas. Pró-
Funcionário;
d) Ministério da Cultura assumirá por completo as despesas do programa de preservação de
monumentos históricos. Gilberto Gil fala sobre o Monumenta;
e) Ministro da Educação fala sobre as ações do PAC da Educação;
f) Ministro do Desenvolvimento Social fala sobre Programa de Segurança alimentar.
Órgãos Federais e Programas Sociais (10 - Dez Matérias).
a) IBGE faz mutirão no Paraná para retirar documentos de mulheres índias;
b) Abertura e qualificação de novas escolas penitenciárias pelo Brasil;
c) Contran alerta para a utilização de documentos originais ao dirigir;
d) IBGE começa senso informatizado com palmtops;
e) Escolas que integram o programa Escolas Irmãs participam de seminário em Brasília.
Coordenadora do programa dá entrevista;
f) Secretaria de Habitação fala sobre o programa Pró-moradia;
g) Consulta ao 3º Lote do Imposto de Renda;
h) Secretário Sérgio Vambert fala sobre campanha de valorização ao índio e também do 2º
Prêmio de Cultura Indígena;
i) José Roberto Garcez assume a Radiobrás;
j) Coordenadora do Peti em Brasília fala sobre novo sistema de acompanhamento
informatizado do programa.
31
Presidente Lula (3-Três Matérias)
a) Presidente Lula fala sobre energia como integração do continente;
b) Participação do presidente Lula no programa desenvolvido pelo Banco do Brasil em
Brasília, onde jovens reciclam computadores;
c) Presidente Lula participa da inauguração da fábrica de carros da Hyunday em Anápolis,
Goiás. (Pronunciamento).
Notícias que não mencionam o Governo
Nenhuma
Comentários (1-Um Comentário)
a) Edila Lula fala educativamente sobre o que é e como funciona a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO).
Depoimentos (3-Três depoimentos)
a) Líder dos índios caigang do Paraná fala sobre a luta para preservação de seu povo e
cultura. DEPOIMENTO ILUSTRA MATÉRIA SOBRE CAMPANHA DE
VALORIZAÇÃO DA CULTURA INDÍGENA;
b) Estudante moradora do Gama em Brasília fala sobre o programa de recuperação de
computadores; DEPOIMENTO ILUSTRA A VISITA DE LULA AO PROGRAMA DE
RECUPERAÇÃO DE COMPUTADORES.
c) Diretora de escola em Goiás fala sobre o programa Escola Irmãs.
Outras Participações
a) Participação da ONG Acapuh sobre conscientização de consumidores.
32
Linguagem
A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram
elaboradas de forma mais educativa e simples. Foram realizadas entrevistas com pessoas que não
eram de órgãos federais como a diretora de escola e o representante da ONG. Houve dois
depoimentos que ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer
dificuldade com expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e
repórteres. Houve um comentário educativo sobre LDO.
Apoio Técnico
b) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II))
c) Uma música de abertura
d) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada)
e) Uma música ilustra, em BG o início da reportagem sobre valorização aos índios.
f) Uma música de encerramento.
g) Nenhum comercial
Participação de Outros Estados Brasileiros
18 (Dezoito) notícias de Brasília e 1 (Uma de São Paulo) e 1 (Uma) de Goiás.
Participação Popular
O Programa demonstra ter declarações de pessoas que não são de órgãos federais. Os
dois depoimentos tornaram o programa não tão hostil à participação popular. Mas sugestões ou
perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails.
Existe um comentário educativo simples e direcionado a população explicando a LDO.
33
2. Programa Voz do Brasil do Dia 28 de Abril de 2007-Dia Nacional em
Memória às vítimas de Acidente do Trabalho.
O programa teve o último trecho da série “Empregos para jovens brasileiros”, onde após
dizer números negativos, e veicular um depoimento de um jovem dando conta das dificuldades
para arranjar trabalho na zona rural ou pequenas cidades, entra como solução um repórter falando
sobre os programas do governo federal que tem o intuito de melhorar o problema. Outro ponto
que ilustra a matéria, e só foge do formato institucional, é a participação de representantes de
comunidades como pescadores e indígenas cobrando o cumprimento do documento que estava
sendo assinado naquele dia, sobre preservação e valorização cultural.Ainda, foi o grande número
de reportagens sobre ministérios.
NOTÍCIAS (Ao total 8 matérias)
Ministros ou Ministérios (5 – Cinco matérias sobre ações dos ministérios)
a) Sete pessoas morrem por dia no Brasil vítimas de acidente do trabalho. O ministério da
Saúde lança guia de prevenção;
b) Lançamento da política que preserva a cultura nas comunidades locais. Ministério do
Meio Ambiente assina documento que garante este programa;
c) Série sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Governo para melhorar os índices de
desemprego entre os jovens brasileiros. Hoje participação de representantes do Ministério
da Educação e Desenvolvimento Agrário;
d) Fundo Nacional de Habitação do Interesse Social. Entrevista com representante do
Ministro das Cidades sobre a participação dos estados e da população;
e) Centro de Produção de cinema e Vídeo de Recife promovido pelo Ministério da Cultura.
Entrevista com o secretário do Ministério;
34
Órgãos Federais e Programas Sociais (2 – Duas Matérias).
a) A partir da próxima semana começa a funcionar a super-receita. O que muda na vida do
contribuinte. Entrevista com secretário do INSS, Jorge Rachide;
b) Programa da Polícia Federal em parceria com o Sest- Senat, com objetivo de levar
informação e saúde o para os caminhoneiros. Entrevista com Coord. Do projeto da Polícia
Federal.
Presidente Lula (1 Matéria com entrevista do presidente)
a) Presidente Lula discute a criação do Banco Sul em Buenos Aires, na Argentina.
Notícias que não mencionam o Governo
Nenhuma
Comentários
Nenhum
Depoimentos
a) Eloir Kuser, de 20 anos, fala sobre a dificuldade do jovem que mora na Zona Rural.
ILUSTRA SÉRIE SOBRE AÇÕES DO GOVERNO EM COMBATE AO
DESEMPREGO NOS JOVENS.
Outras Participações
a) Entrevistas de dois representantes de comunidades locais, uma indígena e outra de
pescadores que falam sobre a importância de preservação da cultura e a expectativa que o
governo cumpra a promessa. ILUSTRA MATÉRIA SOBRE A POLÍTICA DE
PRESERVAÇÃO DE CULTURA FEITA PELO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.
35
Linguagem
A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram
elaboradas de forma mais educativa e simples. Entrevistas com pessoas normais e depoimentos
ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com
expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e repórteres. Não houve
nenhum comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias.
Apoio Técnico
a) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II))
b) Uma música de abertura
c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada)
d) Uma música estilo rural ilustra, em BG, o depoimento do jovem sobre emprego.
e) Uma música de encerramento.
f) Nenhum comercial
Participação de Outros Estados Brasileiros
a) 6 (Seis) Matérias de Brasília , 1 (Uma) do Recife e 1(Uma) Buenos Aires.
Participação Popular
O Programa demonstra ter uma pequena participação popular na sua produção de
notícias, com o depoimento do jovem na série sobre emprego. Houve entrevistas com dois
representantes de comunidades indígenas e de pescadores durante lançamento de novo programa
do governo. Sugestões ou perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas,
telefonemas ou e-mails. Não existe nenhum comentário ou artigo radiofônico.
36
3. Programa Voz do Brasil do Dia 11 de Maio de 2007-Encerramento do
Fórum Nacional de Tvs Públicas.
Neste programa apesar de ter um número excessivo de matérias na área dos ministérios,
seu roteiro foi todo voltado para pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), sobre consumo de cultura e lazer por parte dos brasileiros dando ênfase que a televisão
ainda é o item mais presente na vida dos brasileiros, e também sobre o pronunciamento do
presidente Lula no Fórum de Tvs públicas. Não é percebida qualquer participação popular,
entrevistas com pessoas que não sejam da área do governo. Ainda, poucas matérias têm
finalidade informativa importante para população em geral, como por exemplo: declaração do
imposto de renda e a vacinação de índios, este por se tratar de um programa que atinge toda a
região norte do país, por isso a notícia torna-se importante e de cunho popular. Uma curiosidade
também chama a atenção como notícia sobre a greve do IBAMA. Linguagem fácil, com poucos
termos difíceis, e os que são necessários utilizar recebem logo uma explicação por parte dos
locutores.
Outro dado importante é que neste programa não existiu participação de outros estados
brasileiros a não ser Brasília e Rio de Janeiro.
NOTÍCIAS (Ao total 12 matérias)
Ministros ou Ministérios (5 - Cinco Notícias)
a) Representantes da Petrobrás e da estatal de petróleo boliviana vão se reunir nos próximos
dias para formalizar a transferência do controle das duas refinarias da empresa brasileira
na Bolívia;
b) O Conselho Deliberativo do Fundo Amparo ao Trabalhador CODEFAT aprovou a
liberação de quase nove bilhões de reais/ Esse dinheiro será usado para criação de
empregos, renda e poderá ser retirado como empréstimo por empresas ou trabalhadores
em bancos públicos;
37
c) O prêmio Cultura Viva é uma ação do Ministério da Cultura com patrocínio da Petrobrás
para incentivar grupos e pessoas que desenvolvem projetos neste setor;
d) As instituições de ensino superior irão demorar mais tempo para aderir a programa
Universidade para Todos.
e) O Ministério da Agricultura vai ter vinte e cinco milhões de reais para combater a febre
aftosa em todo o país.
Órgãos Federais e Programas Sociais (7 - Sete entrevistas com representantes).
a) A segurança dos jogos pan-americanos ficará restrita as pessoas que participam de alguma
forma do evento;
b) Os servidores do instituto brasileiro de meio ambiente e dos recursos naturais renováveis
o Ibama, decidiram entrar de greve a partir da próxima segunda-feira.
c) Índios de todo país estão sendo vacinados contra várias doenças entre elas hepatite e febre
amarela;
d) O brasileiro tem fome de cultura. Uma pesquisa revela que as famílias do país gastam
parte do orçamento do mês com discos, livros e filmes e entre outros bens culturais;
e) A inflação oficial do país, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o I-
B-G-E recuou no mês de abril;
f) Acabou no dia 30 de abril o prazo para as pessoas que ganharam mais de R$ 14.992,32
declarassem o imposto de renda.
Presidente Lula (1- Uma matéria com trecho de pronunciamento)
a) O presidente Lula participou do último dia do Fórum Nacional de Tvs Públicas que
aconteceu nessa semana aqui em Brasília.
Notícias que não mencionam o Governo
Nenhuma
Comentários
Nenhum
38
Depoimentos
Nenhum
Linguagem
A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram
elaboradas de forma mais educativa e simples. Pequenos exemplos ilustrando as matérias
facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com expressões mais técnicas,
pois elas foram explicadas pelos locutores, repórteres ou comentaristas. Não houve nenhum
comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias.
Apoio Técnico
a) Dois locutores um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II))
b) Uma música de abertura
c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada)
d) Duas músicas com efeitos ilustrativos para BG durante matéria. (Titãs e Natiruts)
e) Uma música de encerramento.
f) Nenhum comercial
Participação de Outros Estados Brasileiros
a) 8 (Oito) Matérias de Brasília e apenas 1 (Uma) do Rio de Janeiro.
Participação Popular
O Programa não demonstra ter participação popular na sua produção de notícias. Não
houve entrevistas com pessoas que fossem representantes de algum órgão federal. Sugestões ou
perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails.
Não existe nenhum depoimento popular ilustrando as matérias.
39
4. Programa Voz do Brasil do Dia 18 de Maio de 2007 – Dia Nacional de
Combate a Exploração Infantil
Alguns pontos diferenciais dos outros programas como, por exemplo, as três notícias
sobre a ida do presidente Lula ao Tocantins. Outros atos do presidente não tiveram tanta
repercussão, quanto esta, por isso, entende-se que este número de reportagens é porque as
solenidades saíram do eixo Brasília, Rio de Janeiro São Paulo. E este número mostra que os
assuntos que envolvem a região norte têm uma boa abertura no programa.
Ponto positivo foi à participação de pessoas não ligadas ao governo dando exemplos e
falando sobre os problemas no Combate a Exploração Infantil, como, por exemplo, entrevistas
com psicóloga, socióloga e representante de ong que lidam com o problema.
Ainda houve participação de mais de dois estados, sendo parte integrante deste programa
notícias de Brasília, Tocantins e Recife.
NOTÍCIAS (Ao total 8 matérias)
Ministros ou Ministérios (1 – Uma matéria)
a) O Ministério das Cidades quer que capitais brasileiras instalem sistema de medidores
eletrônicos de velocidade.
Órgãos Federais e Programas Sociais (3-Três matérias).
a) Reportagem especial sobre o Dia Nacional de Combate a Exploração Infantil. São
abordados temas sobre os programas de mapeamento da Polícia Federal e Sentinela do
Governo Federal e ainda a assinatura do Pacto de Santarém para combater a prostituição.
b) Caravana contra a corrupção elaborada pela Controladoria Geral da União (CGU). Vice-
prefeito de Vitória (ES) fala sobre a Caravana da CGU.
c) UFMG avalia o programa Bolsa Família a pedido do Ministério do Desenvolvimento
Social.
40
Presidente Lula (3-três matérias)
a) Presidente Lula durante solenidade no Tocantins fala sobre a Operação Navalha, montada
pela Polícia Federa. Dilma Roussef também fala sobre o assunto.
b) Presidente Lula inaugura ferrovia Norte Sul no Tocantins e em seu pronunciamento fala
sobre a possível melhora nos programas sociais.
c) Ainda na viagem do presidente cobertura ao lançamento do laboratório de Biodiesel na
região.
Notícias que não mencionam o Governo (1-Uma matéria)
a) Entrevista com a presidente da ONG Coletivo Mulher Viva de Recife que fala sobre o
trabalho com mulheres da região. Ainda as declarações demonstram um certo cunho
denunciativo.
Comentários
Nenhum
Depoimentos
Nenhum
Outras Participações
a) Psicóloga fala sobre os traumas causados a uma criança após sofrer abuso sexual ou
exploração infantil.
b) Socióloga fala sobre os graves problemas enfrentados pelas meninas que vão às rodovias
se prostituir.
41
Linguagem
A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram
elaboradas de forma mais educativa e simples. Foram utilizadas entrevistas com profissionais da
área de psicologia e sociologia para falar sobre exploração infantil. Não houve depoimentos que
ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com
expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e repórteres. Não houve
nenhum comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias.
Apoio Técnico
a) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II)
b) Uma música de abertura
c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada)
d) Uma música ilustra, em BG o início da reportagem sobre exploração infantil.
e) Uma música de encerramento.
f) Nenhum comercial
Participação de Outros Estados Brasileiros
a) 3 (Três) notícias de Tocantins, mas veiculada de Brasília e 4 (quatro) de Brasília e 1
(Uma) de Recife.
Participação Popular
O Programa demonstra ter declarações de especialistas nas áreas de psicologia e
sociologia sem falar do governo apenas para avaliar a situação das crianças exploradas. E ainda
uma entrevista com a presidente de uma ONG. Sugestões ou perguntas dos cidadãos não são
utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails. Não existe nenhum comentário
ou artigo radiofônico.
42
6. ANÁLISE DISCURSIVA
Por se tratar de uma análise de discurso em um objeto onde sua linguagem situa-se através
de meio tecnológico montamos para o CORPUS proposto pela pesquisadora Eni Puncinelli
Orlandi (2002) uma parte metodológica que vai além da leitura textual, mas que engloba
sonoridades, quantidade de entrevistas, participação popular e outros itens destacados em Fichas
Técnicas. Pois, a estrutura do Roteiro pode nos trazer muitas pistas para a análise discursiva.
“Com as novas tecnologias de linguagem, à memória carnal das línguas ‘naturais’ juntam-se as
verias modalidades da memória metálica, os multi-meios, a informática, a automação”.
(ORLANDI, 2002. P. 10).
Para esta etapa foi feito um trabalho de Rádio Escuta de Março a Julho de 2007. Destes,
foram gravados quatro programas Voz do Brasil aleatoriamente, onde foi produzido um trabalho
de Rádio-Escuta, elaboração de Fichas Técnicas e roteirização de alguns programas. Após este
percurso foi feito um balanço do conteúdo, e depois uma analise do discurso. Ainda, estão
disponíveis dois roteiros decupados (em Anexo), para uma consulta comparativa. Foram
roteirizados programas de 2007 e de 2003.
6.1 A primeira Escuta não é a real
A primeira vista, ou primeira escuta do programa, surge um ímpeto de animação, pois os
locutores e a estrutura Técnica do programa levam a entender muitas modificações daquela Voz
do Brasil que tinha um formato genuinamente “ranço”. Mas com a continuidade nas escutas
percebeu-se que as Vozes circulam em dois tipos de discursos o de “Governo Popular” e
“Autoritarismo”, e transformam-se numa ferramenta que funciona com objetivo de “reconstruir
sentidos”.
Deixar o programa com um formato mais leve e com poucas participações do presidente
seria a receita do bolo. Mas ao produzir programas temáticos, fechados em um roteiro
programado para mostrar determinados assuntos tiram a possibilidade de entender o programa
como não sendo “Chapa Branca”, por exemplo, escutou-se durante os programas fechados temas
como Exploração Infantil, Emprego para Jovens e Cultura e Televisão no Brasil. O detalhe
interessante é o programa não mostrar um panorama ou várias opiniões, nem análises ou
43
comentários, mas apenas números, investimentos e pequenos depoimentos de no máximo duas
pessoas no qual são vazios, e quando tem conteúdo, mesmo que seja minimamente crítico, são
respondidos de forma simpática com um rolo compressor de números positivos do governo
federal.
Um programa mantido como instrumento de comunicação imposta durante todo período
militar, teve uma postura muito idêntica no ano de 2007 ao escolher para o programa de 11 de
Maio trechos do pronunciamento de Lula, onde foi dito “A imprensa no Brasil não ajuda na
democracia”, é bem autoritário.
Outro ponto interessante no chamado discurso do Governo Popular é utilizar sempre
notícias da região Norte do país, mesmo tendo percepções errôneas, pois dá a entender que a
população daquela Região é formada apenas por aldeias indígenas e por locais que cultivam o
Biodisel; é como se dissesse que no nordeste só existe seca e fome. Desta forma construindo uma
realidade de que aquela região não tem necessidades reais para serem abordadas em um programa
de rádio como, doenças, fome, falta de infra-estrutura, saúde, educação e sérios problemas
ambientais. Mais difícil ainda é chegar à conclusão que muitas pessoas daquelas regiões não tem
a opção de escutar outros programas de proporção nacional para informar-se, mas muitas vezes
apenas a Voz do Brasil para instruir-se minimante.
Em quatro programas utilizados para exemplificar este trabalho foram levantados
matematicamente os seguintes números:
ASSUNTO NÚMERO MÉDIA POR PROGRAMA TOTAL
Ministérios 17 matérias 4,25 veiculadas p/ programa 4,25
Lula 8 matérias 2 veiculadas p/ programa 2
Órgãos ou Prog. Sociais 22 matérias 5 veiculadas p/ programa 5
Participação Popular 6 particip. 1,5 veiculadas p/ programa 1,5
Comentário Educativo 1 comentário 0,25 veiculadas p/ programa 0,25
Depoimentos Populares 3 depoiment. 0,75 veiculadas p/ programa 0,75
QUADRO 1: Média de matérias publicas por tema em cada programa
44
Diante deste quadro vemos que apesar da tentativa de transformar o programa
tecnicamente e textualmente mais popular, esta postura não é verídica, pois, a real participação
popular, ou qualquer direcionamento de serviço à população é irrisório.
6.2 Processo Discursivo
“O que caracteriza o discurso, antes de tudo, não é seu tipo, é seu funcionamento”.
(ORLANDI, 2002, p.86). A Voz do Brasil neste primeiro ano do 2º mandato do presidente Lula
apresenta um paradoxo de discursos onde na verdade tem o mesmo objetivo, são eles: o discurso
do “Governo Popular” e outro do “Autoritarismo”. Os dois funcionam de maneira que a
postura assumidamente popular do Governo Lula deve ser utilizada, usando diversos recursos,
para veicular dados e números positivos do governo com objetivo que acobertar midiáticamente
possíveis críticas.
Dentro dos discursos foram percebidas as seguintes vozes:
Voz do não dizer: Que está presente nas participações populares que não tem o objetivo
de democratizar opiniões, mas apenas de ilustrar os atos do governo, ou seja, mascarar o
tom institucional;
Voz do Calar: Esta foi a mais interessante e freqüentemente percebida, onde durante
entrevistas os participantes fazem algum apontamento negativo sobre o governo e
imediatamente entram referencias sobre investimentos e ações nesta área criticada, assim
calando o verdadeiro discurso denunciativo ou crítico do entrevistado;
Voz do Autoritarismo: Esta Voz foi encontrada nos dois últimos programas analisados,
onde os números das participações do presidente e ministérios subiram assustadoramente.
Tais números são reflexos da mudança de presidentes da Radiobrás e também das sérias
críticas de Lula a imprensa aberta no Brasil, devido a grande abertura concedida pelos
45
meios de comunicação às denúncias que envolvem políticos de sua esfera ministerial
como José Dirceu e Luiz Gushiken, também a crise nos aeroportos e as sérias denúncias
contra seu irmão conhecido como Vavá. Essas denúncias ferveram os meios de
comunicação aberta na mesma época dos meses de analises da Voz do Brasil;
Voz da Ditadura: Voz encontrada principalmente no programa do dia 11 de Maio, com
onde percebeu-se que todo o programa foi montado para que o ouvinte levasse a crer que
a TV aberta e a imprensa no Brasil não é democrática. Nesta Voz é encontrado um
Interdiscurso que na verdade tem o objetivo de enfrentar a críticas feitas contra o
presidente que anunciou a criação da Rede Pública de Rádio e Televisão. Tal Voz
encontra-se baseada na Memória do programa;
Voz da prestação de serviço: Algumas matérias e os poucos comentários dão ao
programa uma “rala” espessura de formato popular e informativo;
Voz do Norte do Brasil: Percebeu-se que em todos os programas existem assuntos que
interessam a região Norte do país como, por exemplo: vacinação dos índios e o Programa
de Preservação de Cultura Local. Talvez pela dificuldade de comunicação em toda aquela
região, e sabendo que a Voz do Brasil alcança tais localidades, o programa sempre coloca
pequenos trechos de informação que parecem ter o interesse daquela população. A ida do
presidente a Tocantins, por exemplo, teve ampla repercussão. Ou seja, uma população
carente de informação que em geral tem base informativa na Voz do Brasil, o que faz ser
mais escassa ainda a fonte democrática informação;
Voz do Esquecimento: Esta Voz está presente em todos os programas ao perceber que
apenas os estados do Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife têm uma
contínua participação. Goiás e Tocantins só tiveram vez devido à visita do presidente
nestes estados. Ou seja, Não existem notícias da Paraíba, Bahia, Acre, Espírito Santos,
Rio Grande do Sul e etc. As notícias se concentram 90% em Brasília, nos ministérios;
46
Voz do Partido dos Trabalhadores: Voz encontrada no processo de Descrição sobre o
primeiro mandato de Lula e a Voz do Brasil, onde o formato popular dado ao programa
continua sendo utilizado. O formato técnico e sonoro remete as publicidades do PT no
primeiro mandato de Lula;
Voz da Liberdade: Voz encontrada no processo de Memória e Descrição onde demonstra
que desde a criação da Voz do Brasil existe um consenso de que o programa é fruto de uma
política ditatorial, vai contra a Lei da Imprensa e Constituição Brasileira e ainda sofre muitos
processos e ações de rádios e estados contra sua veiculação. O movimento de mudanças no
programa e falta de ouvintes para ele demonstram uma Voz em oculto que é da população
pedindo silenciosamente que o programa acabe, e assim passe a ter fora de seu cotidiano um
resquício de memória carregada de pontos negativos. Uma Voz de busca pela liberdade.
47
7. ANÁLISE COMPARATIVA
O programa Voz do Brasil de 2003 apresentava discursos e vozes ligados à ideologia do
Partido dos Trabalhadores. Todo o novo formato dado ao programa, nova abertura e jingles,
segue o padrão da publicidade televisa utilizada pelo partido naquela época. Agora em 2007 este
formato ainda é utilizado, mas sem jingles específicos para cada tema apresentado no programa
como: Economia, Educação etc.
Algumas notícias sobre previsão do tempo e os comentários ou artigos radiofônicos
davam características de programa informativo e principalmente mais democrático, pois os
comentários não eram educativos, mas continham muitas críticas e até posturas contrárias ao
governo. Chegou-se a especular que se as mudanças continuassem e fortalecessem a Voz do
Brasil ela teria ferramentas reais para lutar pela sua continuidade.
Mas agora no programa de 2007, percebeu-se mais cuidado ao fazer o programa e menos
entusiasmo. Muitos programas gravados com temas e objetivos próprios parecem ser agora parte
integrante da programação, a participação dos estados caiu da mesma forma que a participação
popular tornou-se mera ilustração para propagandas dos números do governo.
Os comentários agora são esporádicos e têm cunho educativo como, por exemplo, as
obrigações da Receita Federal e para que serve a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Em 2003 entre os governos de FHC e Lula a Voz do Brasil optou por diminuir as notícias
do presidente e ministérios para dar abertura a curiosidades, pontos positivos e problemas de
esfera federal de todo Brasil, mas agora o programa fechou-se em Brasília com um aumento
significativo nas reportagens do presidente, ministérios e órgãos federais.
Essas modificações já são sentidas após a saída de Eugênio da Bucci da Radiobrás e a
entrada de José Roberto Garcez para o cargo de presidente do órgão.
Para exemplificar, em 2003 eram transmitidas média de 1 notícia sobre Lula, 6 dos
Ministérios, 5 de outras relacionadas ao governo, 2 não mencionavam o governo nem direta ou
indiretamente, 4 artigos radiofônicos, 3 depoimentos e participações de Brasília, Pernambuco,
São Paulo e Curitiba.
Ou seja, em sua primeira proposta de transformação havia sim o interesse de atrair a
atenção das pessoas não só no formato, mas nos diferenciais como participação popular e artigos
48
radiofônicos. Ainda entram na lista as informações que não são ligadas ao governo e que foram
veiculadas. A previsão do tempo também ilustrava e dava um ar de radiojornalismo ao novo
formato que se apresentara naquela época.
Agora em 2007 o cuidado na produção das notícias é maior. Nada entra sem ter menção
ao Governo Federal. Ano também em que o presidente deixou claro que não irá subestimar a
imprensa, ou seja, não é simples acaso tal modificação, tal introspecção no formato popular da
Voz do Brasil que deixa claro estar mais Autoritário utilizando ferramentas que apenas tentam
deixá-la mais populista.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando percorremos todo este processo analítico é impossível não comentar em
considerações finais o fato de que a Voz do Brasil no segundo mandato do presidente Lula
sempre nos remete a comparações com o passado. Mas não porque Lula é o centro deste
apontamento, mas sim porque a Voz do Brasil voltou a percorrer fortes trilhas de autoritarismo e
ainda utilizando um formato populista para deixá-lo mais leve. Até o termo populista já nos
remete ao termo “Voltar aos braços do povo” como assim foi com Getúlio Vargas e sua maneira
inteligentemente populista de Governar.
A Voz do Brasil em 2003 tomou gás, respirou em uma nova onda política que tomava
conta do país, o de expectativas de transformações severas e para melhor. O primeiro intuito foi
pensar: A Voz do Brasil terá um fim?
Apesar de Eugênio Bucci deixar claro em pequenas conversas por e-mail que sim, foi
cogitada essa idéia, mas que logo pensou-se em transformar a Voz do Brasil, fui remetida a outro
contexto histórico escrito no Processo de Memória, onde o presidente Dutra foi convencido que a
Hora do Brasil não deveria acabar e sim transformar-se em na Voz do Brasil.
A Voz do Brasil no Governo Lula, pelo jeito, também foi convencida que pode ter seu
lugar como ferramenta importante. E destaco que diante das primeiras modificações no ano de
2003 era de se esperar que a Voz pudesse adquirir um lugar institucional e responsável de
informação, assim como diversos países têm emissoras governamentais como Estados Unidos e
Londres.
Ainda estamos longe do fim e perigosamente voltando a caminhos obscuros. Governo
Popular com objetivos Autoritários. Uma realidade, que lógico e claramente, é diferente daqueles
tempos, mas que verificamos ser amplamente utilizada na Voz do Brasil.
Apesar disso, sempre encontramos estudos da Voz do Brasil, mas sempre remetendo a
este passado, sem dar conta de que modificações mais importantes estão acontecendo agora e que
só contextualizamos ela se entendermos o passado histórico do Brasil.
A Voz do Brasil nada mais tem sido que um espelho das reais ações do Governo Federal,
onde o Popular e o Autoritário se misturam de forma até homogenia, ou seja, sem que realmente
incomode, ou seja, perceptível.
50
Não é a toa que muitos atos, até criminosos, de líderes como Hugo Chaves e Fidel Castro,
são encobertos por sua popularidade e acabam transforma-os em ícones.
Mas, por muitas outras transformações a Voz do Brasil passará, isto já é visto em um
futuro não muito distante com a ampliação do plano comunicacional do governo para o Brasil,
principalmente com a criação da Rede Pública de Rádio e Televisão, onde especulações já dizem,
que a Radiobrás, produtora da Voz do Brasil, será a espinha dorsal do projeto juntamente com a
TVE Brasil.
Preocupante nesta situação não são as cidades que lutam contra a Voz do Brasil com um
desapercebido desligar de Rádio exatamente às 19h, mas está no momento em que milhares de
brasileiros ligam o Rádio exatamente nesta hora apenas para escutar a Voz do Brasil, porque é o
único ou maior meio que veicula notícias, de amplitude nacional. E que estas pessoas não tem
para onde ligar, denunciar, protestar e alertar para os problemas de sua comunidade e região. Não
defendo aqui os programas com objetivos sensacionalistas e denunciativos, mas diante desta
situação vejo uma mordaça invisível envolta dessas pessoas, uma mordaça da impossibilidade de
se informar e de comunicar.
Mais antidemocrático é obrigar emissoras comerciais a pararem suas transmissões para
esta Voz Oficial, não é a toa que a maioria dos noticiários radiojornalísticos entram
“grudadinhos” com a Voz do Brasil e quando ela termina só se quer voltar a escutar música.
Voltasse a uma outra realidade ilusória, boa ou não, mas dos dias atuais do cotidiano.
Além de carregar a obrigação de sempre ter o oficial na sua programação cotidiana de
informação, a população também se depara com os interesses publicitários e políticos de nossa
imprensa aberta. Não é a toa que as Rádios Piratas e Comunitárias nascem e crescem
assustadoramente, ou digamos luta crescentemente para veicular o dia a dia real de forma simples
e sincera. Com sua cultura, realidade, sua publicidade, sotaque e problemas.
Idéia interessante dar finalmente o poder do “público” para o domínio da população, e
então começar a construir finalmente uma democratização dos meios de comunicação.
Destaco que está situação já havia sido abordada por alguns estudiosos da área como o
autor Guy Debord (de forma mais severa) em A Sociedade do Espetáculo (1997), e Giddens,
onde de forma mais consciente, ele fala sobre a necessidade de construir uma memória crítica, ter
educação e meios para poder dar “o público” de forma responsável à população, ou dar-lhe
ferramentas para ter discernimento do bom e do ruim. Pois, se a população apoderar-se do meio
51
sem itens fundamentais para uma postura ética, corre-se o risco de começar a praticar o que já
existe em nossos meios. É o que de acordo com Luis Carlos Fridman (1999), Giddens quis dizer
com “Cidadania reflexiva em um mundo globalizador”.
O que adiantaria não ter a Voz do Brasil, mas permitir concessões de Rádio por
apadrinhamento político? Continuaremos não tendo um radiojornalismo no mínimo confiável.
Desta forma, corremos o risco de perder a grande oportunidade de realmente democratizar os
meios de comunicação e até não aproveitarmos melhor os meios de comunicação em seu formato
digital.
Mas a questão é, a Voz do Brasil vem perdendo uma oportunidade histórica de realmente
ter um radiojornalismo de qualidade, pois estamos em um governo “dito popular”, e infelizmente
esta vertente tem tomado rumos de “autoritarismo”, às vezes até “truculento”. O roteiro do
programa demonstra isto. E assim, fortificando a idéia que a Voz do Brasil, mesmo com
transformações estéticas não cumpre um papel democrático e nem ajuda na prestação de um bom
serviço à população.
52
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56
APÊNDICE
1. Roteiro I – Voz do Brasil - dia 11 de Maio de 2007;
2. Roteiro II – Voz do Brasil - dia 18 de Setembro de 2003.
3. Ficha técnica e Análise de Discurso do ano de 2003
4. E-mails trocados com Eugênio Bucci.
57
O Objeto: Roteirização dos programas
Para esta etapa foram decupados e roteirizados um programa da Voz do Brasil do ano de
2003 e um programa do ano de 2007 para consulta. Acompanhe abaixo:
Roteiro I
Dia: 11 de Maio de 2007
Roteiro de 25 minutos produzido pela Rádiobrás
Locutores: Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II)
Repórteres: Estenio Ribeiro, Ana Paula, Michel Medeiros, Ana Paula, Marcela Rodrigues, Daniel
Lima, Adriana Blender, Alex Rodrigues, Kelly Oliveira, Alessandra Bastos.
Comentaristas: (Nenhum)
TÉCNICA
LOCUTOR I
TÉCNICA
LOCUTOR I
LOCUTOR II
LOCUTOR I
ENTRA MÚSICA INICIAL DO PROGRAMA POR 4’’
SEGUNDOS E DEPOIS CAI PARA BG
Sete da noite em Brasília/
SOBE MÚSICA INICIAL NOVAMENTE POR
22’’SEGUNDOS E CAI PARA BG POR 40’’
O Conselho Deliberativo do Fundo Amparo ao Trabalhador
CODEFAT aprovou a liberação de quase nove bilhões de reais/ Esse
dinheiro será usado para criação de empregos, renda e poderá ser
retirado como empréstimo por empresas ou trabalhadores em bancos
públicos//
Terminou hoje o primeiro fórum nacional de Tvs Públicas/ O
presidente Lula participou do encerramento e defendeu a importância
de criar uma rede de tv alcance todo país e tenha uma programação
diversificada//
Índios de todo país estão sendo vacinados contra várias doenças
entre elas hepatite e febre amarela//
58
LOCUTOR II
LOCUTOR I
LOCUTOR II
TÉCNICA
LOCUTOR I
TÉCNICA
LOCUTOR II
LOCUTOR I
TÉCNICA
ESTENIO
RIBEIRO
TÉCNICA
Está no ar a sua voz//
A nossa Voz//
A Voz do Brasil//
ENTRA MÚSICA DA VOZ DO BRASIL COM SONORIDADE
DE ÍNDIOS CANTANDO POR 10’’ SEGUNDOS E CORTA .
Boa Noite, aqui dos estúdios da Radiobrás eu, Luciano Seixas e
Anelise Borges//
ENTRA VINHETA POR 2’’ SEGUNDOS E CORTA
O FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador é uma espécie de conta
bancária onde depositam entre outras, as contribuições do PIS e do
PASEP/ Ele tem o objetivo de costear o seguro desemprego, abono
salarial e o financiamento de programas de desenvolvimento
econômico//
Hoje aconteceu a primeira reunião do ano do grupo que decide o que
fazer com o dinheiro do FAT, o conselho deliberativo/ Fazem parte
do Codefat trabalhadores, patrões e governo//
ENTRA FALA DO REPORTER ESTENIO RIBEIRO POR 10’’
SEGUNDOS
IN: O ENCONTRO FOI ABERTO...
FIM:...FUNDO PARA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL//
O encontro foi aberto pelo ministro do trabalho e emprego Carlos
Lupe que defende a votação de mais recursos do fundo para a
qualificação profissional//
SOLTA TRECHO DA ENTREVISTA DO MINISTRO
CARLOS LUPE DE 32’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA.
59
MINISTRO
LUPE
TÉCNICA
ESTENIO
RIBEIRO
LOCUTOR II
LOCUTOR I
TÉCNICA
LOCUTOR II
IN: ENTÃO, ESTOU DIRECIONADO PARA QUE OS
RECURSOS...
FIM:... ESTE EMPREGO QUE IRÁ SURGIR, COM
CERTEZA//
Então estou direcionado para que os recursos do Codefat sejam
aplicados na qualificação, queremos a melhoria dos cursos de
qualificação...
ENTRA NOVAMENTE A FALA DO REPÓRTER ESTENIO
RIBEIRO POR MAIS 16’’ SEGUNDOS E CORTA.
IN: O MINISTRO SALIENTOU A IMPORTÂNCIA DE
MAIORES...
FIM:...DE BRASÍLIA, ESTENIO RIBEIRO//
O Ministro salientou a importância de maiores investimentos também
para o seguro desemprego e manifestou-se favorável que o Fórum de
Secretários Estaduais do Trabalho tenha apoio e voto no Codefat./
De Brasília, Estenio Ribeiro//
O presidente do Codefat, Elieser Nascimento confirma a importância
de qualificar trabalhadores para o mercado de trabalho//
Segundo ele se isso não for feito é possível que faltem empregados
qualificados para as vagas que são criadas com o estímulo econômico
que o PAC dará ao país.
SOLTA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DO CODEFAT
ELIESER NASCIMENTO POR 30’’ SEGUNDOS E CORTA.
IN: HOJE, O BRASIL COMEÇA A CRESCER E SE...
FIM:...DAS MAIORES URGÊNCIAS QUE A NAÇÃO
BRASILEIRA POSSUI//
Apesar da importância destacada pelo Ministro do trabalho e pelo
presidente do Codefat, sobre a qualificação profissional, hoje o
conselho deliberativo do FAT não aprovou nenhuma medida
exclusiva para esta área.//
60
LOCUTOR I
LOCUTOR II
LOCUTOR I
LOCUTOR II
LOCUTOR I
TÉCNICA
LOCUTOR II
LOCUTOR I
TÉCNICA
Mas o setor de geração de emprego e renda tem o que comemorar, o
Codefat aprovou a liberação de quase nove bilhões de reais para a
área. Este dinheiro poderá ser retirado em forma de empréstimo por
empresas ou trabalhadores nos bancos públicos.//
Vamos dar um exemplo, se uma trabalhador de baixa renda montar
um projeto de entrega de pizza, e não tiver dinheiro para comprar as
motos ele pode ir ao Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal
e pedir financiamento para idéias com o dinheiro do FAT./ Assim
acontece com outros trabalhadores, seja no meio rural ou empresários
de médio porte.//
O Codefat liberou também duzentos e trinta milhões de reais para
serem usados no desenvolvimento tecnológico de negócios./ Esse
dinheiro será administrado pela Finep, a financiadora de estudos e
projetos ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e será
destinado a projetos de médio e longo prazo para modernizar as
empresas brasileiras.//
Vale destacar que o dinheiro liberado pelo Codefat é somente para
este ano.//
Para 2007 o Codefat prevê também a destinação de doze bilhões de
reais para o pagamento de seguro desemprego e cinco bilhões de
reais para o abono salarial.//
SOLTA VINHETA II POR 2’’SEGUNDO E CORTA.
O presidente Lula participou do último dia do Fórum Nacional de
Tvs Públicas que aconteceu nessa semana aqui em Brasília.//
No encontro, o presidente garantiu que o projeto de televisão pública
defendida pelo governo, não vai ser tendencioso.//
SOLTA PASSAGEM DA REPORTER ANA PAULA MARRA
DE 25’’ SEGUNDOS E CORTA.
IN: AO PARTICIPAR DA CERIMÔNIA DE
ENCERRAMENTO...
FIM: ... É UMA DAS PRIORIDADES DE SEU GOVERNO
61
ANA PAULA
TÉCNICA
LULA
TÉCNICA
ANA PAULA
NESTE SEGUNDO MANDATO.//
Ao participar da Cerimônia de encerramento do primeiro Fórum
Nacional de Tvs Públicas em Brasília, o presidente Lula ressaltou a
importância do Brasil implantar uma televisão de caráter público,
com alcance nacional e programação diversificada./ Lula ao discursar
para representantes de emissoras educativas e comunitárias, do
governo federal, do congresso nacional e da sociedade civil, disse
que como cidadão sente falta de grandes debates nas tvs, debates, por
exemplo, segundo exemplificou, sobre aborto, células tronco,
biodiesel e energia nuclear./ Lula destacou ainda, importância do
envolvimento de toda a sociedade entorno do tema e voltou a afirmar
que a criação de uma televisão pública no país de qualidade e que
seja laica e não seja chapa branca é uma das prioridades do seu
governo neste segundo mandato.//
SOLTA PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE LULA POR
33’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA.
IN: QUANDO EU CONVIDEI O FRANKLIN PARA SER
MINISTRO...
FIM:... QUE MUITAS VEZES NÃO SÃO FEITAS NESTE
PAÍS.//
Quando eu convidei o Franklin para ser ministro, uma das coisas que
disse para o Franklin foi o seguinte: Nós vamos fazer a Tv Pública./
Vamos fazer sem “trololó”, vamos fazer porque é preciso fazer./ Hoje
eu sou um homem convencido que nos temos que fazer./ Do
Oiapoque ao Chauí eu quero que as pessoas vejam uma tevê, sabe,
fiel aos princípios da democracia, respeitando a todo mundo, sabe,
mas dizendo que tem ser dito neste país e fazendo as coisas que
muitas vezes não são feitas neste país//
SOLTA PASSAGEM 2 DA REPORTER ANA PAULA MARRA
POR SERGUNDOS 24’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA.
IN: O PRIMEIRO FÓRUM NACIONAL DE TVS PÚBLICAS...
FIM: ...E SISTEMAS DE FINANCIAMENTO/ DE BRASÍLIA
ANA PAULA MARRA//
O primeiro Fórum Nacional de Tvs Públicas teve o objetivo de
62
TÉCNICA
LOCUTOR II
LOCUTOR I
LOCUTOR II
TÉCNICA
MICHEL
MEDEIROS
discutir a televisão pública e seus desafios no cenário da
Comunicação Social Contemporâneo./ Nos debates foram tratadas
questões como finalidade de televisão, programação e modelo de
negócios, marcos regulatórios, migração digital e sistemas de
financiamento./
De Brasília, Ana Paula Marra.//
SOLTA VINHETA 2 DO PROGRAMA POR 5” SEGUNDOS E
DEPOIS CAI PARA BG POR MAIS 5” SEGUNDOS E CORTA.
Hepatite e febre amarela são algumas das doenças que atingem os
índios no Brasil e que aumentam os índices de mortalidade entre essa
população.//
Por isso, todas as aldeias brasileiras estão recebendo os agentes da
Funasa que estão vacinando índios de todo o país.//
A imunização faz parte de uma campanha de vacinação indígena que
vai alcançar mais de cento e vinte mil índios.//
SOLTA PASSAGEM DO REPORTER MICHEL MEDEIROS
POR 45’’SEGUNDOS E CORTA.
IN: MAIS DE CENTO E VINTE MIL ÍNDIOS...
FIM: ...E O CONTROLE DESSAS DOENÇAS NAS
COMUNIDADES INDÍGENAS.
Mais de cento e vinte mil índios que vivem em todo o país deverão
ser vacinados pela Fundação Nacional de Saúde Funasa até o dia 15
de junho./ A expectativa é chegar em cerca de mil e cem aldeias e
imunizar os índios contra as principais doenças que matam essa
população, como Hepatite, coqueluche e febre amarela./A Funasa
disponibilizou treze tipos de vacinas entre elas a de gripe que será
aplicada nos índios de mais de sessenta anos./ Segundo o presidente
da Fundação Nacional de Saúde, Danilo Forte, as doenças são as
principais causas morte entre a população indígena./ Ele explica que
o objetivo da campanha é fortalecer a prevenção e o controle dessas
doenças nas comunidades indígenas.//
63
TECNICA
PRESID.FUNASA
TÉCNICA
MICHEL
MEDEIROS
TÉCNICA
PRES. FUNASA
SOLTA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA FUNASA
DANILO FORTE POR 18’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA.
IN: O OBJETIVO MAIOR DESSA CAMPANHA
VACINAÇÃO...
FIM: ...EXATAMENTE NESTA POPULAÇÃO DE SESSENTA
ANOS./
O objetivo maior dessa campanha de vacinação é exatamente a
prevenção para diminuir a mortalidade infantil de zero a cinco anos e
a mortandade na idade adulta./ Esta campanha contra a gripe é
exatamente na população com mais de sessenta anos.//
SOLTA PASSAGEM 2 DO REPORTER MICHEL MEDEIROS
POR MAIS 18” SEGUNDOS E CORTA.
IN: NO ESTADO DO AMAZONAS...
FIM:.. NO TRANSPORTE DAS VACINAS.//
No Estado do Amazonas que concentra a maior população indígena
do país, a meta é aplicar vacinas em índios de mais de quatrocentas e
oitenta aldeias./ Segundo o presidente da Funasa, a principal
dificuldade na vacinação destes índios está nos acessos as aldeias e
no transporte das vacinas.//
SOLTATRECHO 2 DA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA
FUNASA, DANILO FORTE POR MAIS 21” SEGUNDOS E
CORTA.
IN: AS DISTANCIAS SÃO MUITO GRANDES
FIM: ...PARA CHEGAR COM VÍDA ÚTIL NO LULAR DA
APLICAÇÃO.//
As distancias são muito grandes na grande maioria das vezes se dá
por hidrovia, e o problema que tem das vacinas é que elas têm que
ser armazenadas a uma dada temperatura./ A Funasa adquiriu
geladeiras solares para poder manter a temperatura baixa das vacinas
para chegarem com vida útil ao lugar da aplicação.//
Voz do brasil primeiro ano de reeleição do governo lula
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Voz do brasil primeiro ano de reeleição do governo lula

  • 1. 8 INTRODUÇÃO A presente monografia analisa o discurso do programa Voz do Brasil, neste primeiro ano de reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a partir do sistema proposto pela pesquisadora Eni Pulcinelli Orlandi, em seu livro Análise de Discurso: princípios e procedimentos (2002), que se concentra em construir um CORPUS de pesquisa com os materiais que estão disponíveis ao alcance do pesquisador. Esta estrutura contém dois processos decisivos para a análise de discurso que é a MEMÓRIA e DESCRIÇÃO. O processo de DESCRIÇÃO é aplicado ao Objeto, onde você descreve tudo que é possível sobre aquilo que está sendo pesquisado. O processo de MEMÓRIA é onde coloca-se toda historicidade do objeto ou do sujeito que produz o discurso. Orlandi (2002), também destaca a necessidade de uma CONTEXTUALIZAÇÃO de quando se proferiu o discurso, para daí então refletir e interpretar as chamadas VOZES que são encontradas no processo discursivo. O CORPUS proposto por Orlandi irá oferecer subsídios para dar andamento a este trabalho que nada mais é, que outra importante etapa da pesquisa sobre a Voz do Brasil no Governo Lula que começou a ser executada no ano de 2003, logo após a posse do atual presidente da república através da monografia “As transformações no programa Voz do Brasil: primeiros meses do Governo Lula” entregue na conclusão do curso de Comunicação Social, habilitação de Radialismo, utilizando técnicas de análise de discurso. No primeiro mandato do Governo Lula o programa Voz do Brasil começou a passar por diversas modificações em seu formato e discurso, e o desenrolar desta nova proposta de continuar observando a Voz do Brasil, ou melhor, ouvindo o programa, tem o título de Voz do Brasil: primeiro ano de reeleição do Governo Lula. E irá mostrar qual é o discurso do programa neste ano de 2007. Para tanto foram desenvolvidos trabalhos de rádio-escuta no programa Voz do Brasil e também de clippagem nos jornais de maior circulação nacional, para uma melhor contextualização das vozes. Uma Análise Comparativa com o ano de 2003 também ilustra o trabalho. O programa tem uma historicidade presente no percurso do Brasil em busca de uma democracia, percurso este muitas vezes contrário à vontade popular, pois carrega o “ranço” da ditadura desde sua implantação em 22 de julho de 1935, uma época de conflitos e opressão.
  • 2. 9 Durante esta época alguns fatos contribuíram para a criação da Voz do Brasil como a tragédia do ano de 1932, onde o conhecido grupo de estudantes que recebeu a sigla de MMDC invadiu a Rádio Record de São Paulo e leu ao microfone uma manifesto contra o governo revolucionário de Getúlio Vargas e logo mais à noite em outra investida dos estudantes contra o Partido Popular Progressista eles foram mortos, e também a assumida oposição da Record que passou a ler apelos revolucionários contra o governo, usando o radiojornalismo com finalidade política. Nesta linha de raciocínio, em 22 de julho de 1935, o governo Vargas cria a Hora do Brasil, que transmitia, inicialmente, informações, pronunciamentos e música popular. O grande objetivo era a divulgação das realizações do governo. Nos dois anos seguintes, o país vive um clima de perseguição política. (FERRARETO, 2000). Atualmente as mudanças na Voz do Brasil apresentam um interessante paradoxo, pois apesar de ser fruto da ditadura, nenhum dos presidentes mencionou o seu possível fim, ou seja, ainda continua sendo uma ferramenta de voz oficial. Fortificando esta idéia na verdade o programa tem passado insistentemente por mudanças para obter um formato mais leve, para que seja recebido com menos reprovação, por parte da população brasileira e também pela imprensa em geral. Ainda, como todos sabem, a Voz do Brasil, apesar de estar tanto tempo no ar, não é sucesso de audiência. Exemplificando estas mudanças, algumas têm destaque como: a) Em 1945, quando programa ficou a cargo da Agência Nacional, órgão do Departamento Nacional de Informações, que substituiu o DIP. Em 1942, o noticiário oficial ficou sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Notícias (EBN), que foi substituída em 1988 pela Radiobrás. b) Ainda durante o Governo Militar, ficou determinado que deveriam ser retiradas do noticiário palavras e expressões que representassem algum tipo de ameaça ideológica ao regime. De acordo com o site da Radiobrás o verbo “denunciar”, por exemplo, teve seu uso proibido.
  • 3. 10 c) Em 1988, a Voz do Brasil passou por outra reformulação, onde ela tornou-se um radiojornal, com texto formal, mudanças no estilo, locução e técnica. Ganhou uma locutora desfazendo o padrão de quase 50 anos, quando só as vozes masculinas liam o jornal. Atualmente, a Voz do Brasil continua sendo produzida pela Radiobrás e é regulamentada pelo Código Brasileiro de Telecomunicações. d) A mudança mais significativa começou a ser implementada pelo ex-diretor da Radiobrás, Eugênio Bucci, em 2003, que anunciou um novo formato para Voz do Brasil, dando um ar mais popular utilizando mudanças consideráveis no texto, edição, participação em reportagens dos demais estados brasileiros, e no formato técnico. Agora em 2007, primeiro ano de reeleição do presidente Luís Inácio Lula da Silva, novas modificações estão na mira do Governo Federal, como: a criação de uma rede pública de comunicação, a saída de Eugênio Bucci da Radiobrás e a ida de Franklin Martins para o cargo de Secretário Geral de Comunicação. Para tanto, este trabalho monográfico desenvolveu escutas, através da aplicação das técnicas da teoria da análise de discurso, sobre os programas dos primeiros meses da reeleição do Governo Lula para captar o processo discursivo da Voz do Brasil, que ao contrário do que se esperava de um presidente de ideologias democrático de esquerda, não extinguiu o programa, mas modificou o formato no seu primeiro mandado e agora a partir de dezembro de 2007, irá ampliar sua comunicação institucional. Por isso, deixa-se como ponto de partida para este trabalho que o plano comunicacional que o governo quer aplicar no país, ainda está em andamento, ou seja, o discurso da Voz do Brasil também está inserido nessas transformações.
  • 4. 11 1. Rádio no Brasil A primeira demonstração de radiodifusão no Brasil ocorreu durante uma exposição internacional no Rio de Janeiro promovida pela multinacional Westinghouse. Mas a primeira rádio regular a começar a funcionar no país foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, inaugurada em 1923 por Roquette Pinto. Apesar de seu grande empenho, a primeira rádio brasileira começou a navegar pelas ondas eletromagnéticas sem programação definida, precariamente e com transmissões esporádicas. Demorou para o Rádio atingir o topo da popularidade, pois Roquette Pinto primava pela não popularização da programação além de não veicular publicidade. No país das marchinhas de carnaval a primeira rádio brasileira só poderia tocar ópera, música clássica e ter pouca participação de convidados. Mas o Nordeste pode sim estar incluído como vanguarda nas primeiras transmissões de Rádio no Brasil. Esta é uma briga comprada pelo estado de Pernambuco, que possui documentos que provam que a Rádio Clube de Pernambuco é bem anterior ao da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A Rádio pernambucana teria iniciado suas transmissões em 1919 e ainda ter feito testes radiofônicos um ano antes. De acordo com o jornalista Petrônio Solto, o Rádio Paraibano, também começou na mesma época de todo o país, só que com as desvantagens inerentes ao colonialismo do eixo Rio de Janeiro - São Paulo existente em todo Brasil. Continuando a percorrer sobre o Rádio no Brasil e seguindo o que diz a maioria dos livros, após está época de pouco traquejo com o veículo e suas potencialidades, de 1923 até o início da década de 30, surgem emissoras de radiodifusão em todo país. Exatamente no ano de 1932 dois atos importantes marcam o início de um novelo de lã que o Brasil embaraça até hoje, que foi a publicação do decreto nº 21.111, onde o governo revolucionário organiza a veiculação da publicidade em emissoras e ainda regulamenta o decreto de nº 20.047, que definia o papel do governo federal na radiodifusão sonora. Daí por diante o governo brasileiro, a oposição e grupos empresariais perceberam o poder político e capitalista do rádio.
  • 5. 12 Quando em julho do mesmo ano irrompe à Revolução Constitucionalista, o veículo adquire importância política estratégica. Durante meses, as transmissões paulistas – em especial a Record - mobilizam a oposição ao governo Vargas. A partir daí, a sociedade toma consciência das possibilidades econômicas e políticas do rádio. Estavam lançadas as bases para a sua configuração como indústria cultura. (FERRARETO, 2000, p. 102) Os decretos também ajudaram no surgimento do Rádio Espetáculo, pois com a regulamentação da publicidade, a indústria e o comércio entram na programação do rádio dando nomes de marcas e produtos aos programas radiofônicos que utilizam as mais variadas ferramentas para transformarem seus programas e suas marcas em sucesso, como por exemplo, o programa Palmolive no Palco. Com a estréia da Rádio Nacional em 1938 que lançou o programa Curiosidades Musicais, o rádio inicia o período de consolidação no país que irá estender-se até 1943. Em 1940 começa uma etapa importante na produção de rádio que é a elaboração de forma organizada de textos, músicas e publicidades, entrando em cena o Roteiro e os primeiros programas montados. O grande sucesso das Radionovelas começa a entrar na programação das rádios em 1941 com Em Busca da Felicidade e também o seu principal noticiário o Repórter Esso. As duas pilastras do sucesso do rádio, as Radionovelas e o Repórter Esso, faziam parte da programação da Rádio Nacional. Os Programas de auditório partem como último produto de sucesso produzido pelo rádio que teve precursor em 1946. A chegada da televisão ao Brasil e o início das transmissões da PRF-3 TV Tupi Difusora no dia 18 de Setembro de 1950 foram os primeiros passos para uma época de decadência no radio brasileiro. 1.2 Radiojornalismo no Brasil No Brasil, as radionovelas e espetáculos musicais dão abertura ao radiojornalismo exatamente no dia 28 de Agosto de 1941 com o noticiário Repórter Esso na Rádio Nacional, mas toma grande importância com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial. Na época outros
  • 6. 13 noticiários semelhantes já existiam nas capitais de outros países como Buenos Aires, Santiago, Lima e Havana que também eram patrocinados pela Esso Brasileira de Petróleo. Em 1948, Heron Rodrigues, a voz mais conhecida do noticiário implanta o primeiro departamento no país dedicado ao jornalismo, o chamado Seção de Jornais Falados e Reportagens da Nacional. Alguns fatos importantes para a história do Brasil foram ao ar pelo Repórter Esso como o suicídio de Getúlio Vargas no dia 24 de Agosto de 1954. Outro passo para o radiojornalismo foi o Grande Jornal Falado Tupi que começou lendo as notícias diárias do jornal impresso e depois ganhou manchetes e sonoplastia. O Repórter Esso foi veiculado na Rádio Nacional até 1962, indo para a Globo ainda com sucesso absoluto. No dia 31 de dezembro de 1968 foi ao ar a ultima edição do Repórter Esso, que introduziu no radiojornalismo um modelo de “síntese noticiosa”, que para Ferrareto (2000), criou o primeiro radiojornalismo moderno e a utilização de áudio durante a leitura de manchetes. Nesta vertente do chamado radiojornalismo moderno entra em 1948 a Emissora Continental do Rio de Janeiro, fundada pelo locutor esportivo Gagliano Netto. A Continental se atribui o formato que mistura notícia, música e esporte. As reportagens ganham espaço e as coberturas esportivas também. Outro diferencial foi à cobertura do Carnaval do Rio de Janeiro pela Continental que utilizou até 40 pontos de transmissão ao vivo. Passou-se então a utilizar a transmissão da notícia na hora do acontecimento do fato. Nos anos 50 surgem vários departamentos de jornalismo, mas que ainda não superam a programação tipo espetáculo do rádio. Os programas de radiojornalismo só serão destaques após o abalo provocado pela televisão que leva o rádio a decadência. Com o espetáculo transferido para a televisão, o lazer radiofônico começa a se restringir à transmissão de músicas e a difusão de fatos e de entrevistas envolvendo os astros e as estrelas do star system audiovisual. Já na década de 50, um novo caminho começa a se estruturar, baseado no jornalismo, no esporte e no serviço à população, consolidando-se nos anos 60 e 70. (FERRARETO, 2000). Aparece uma nova vertente de jornalismo, baseada no rádio da Argentina, no qual usa-se um sistema intensivo de notícias onde a cada 15 minutos de programação musical existia um para
  • 7. 14 o jornalismo. Seguiu sucessivamente este formato o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro; a Jovem Pan e a Bandeirantes, de São Paulo; e a Guaíba, de Porto Alegre. Com o final da década de 60 instaura-se o formato de jornalismo a serviço da população como o Correio do Povo pela Rádio JB e bem depois o lançamento do pioneiro Jornal da Integração Nacional em 1972, com uma rede que atingia diversos estados do país. Mas retornando a contextualização da situação política no Brasil, a partir de 27 de Novembro de 1962 com o surgimento da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) foi derrubada às intenções do governo de João Goulart em estatizar rádios e tvs privadas através de vetos ao Código Brasileiro de Telecomunicação. É importante observar que, a valer o discurso de Calmon, a organização da Abert insere-se nas articulações empresariais de oposição ao governo que, junto com o interesse norte-americano no contexto da Guerra Fria e a mobilização militar, redundariam no golpe de 1964. (FERRARETO, 2000, P. 148). O Brasil então passaria por uma época obscura de censura e perseguição onde o radiojornalismo e o telejornalismo não escapam dos avisos que proíbem críticas ao sistema de censura, prisões ilegais, notas sobre inquéritos e combates. São os chamados anos de chumbo da ditadura, onde também a publicidade volta a ser uma grande arma governamental de 1969 a 1974. Assim, assumiu o poder o general Emílio Garastazu Médici. O Radiojornalismo assume uma outra postura dos anos 70 a 80 com a chegada da freqüência modulada ou FM. Mais exatamente quando entra no ar, em 1977, a Cidade FM, ligada ao grupo JB, onde eles optaram por ter um público alvo jovem com uma programação inspirada nos modelos norte-americanos. O estilo vira líder de audiência e outras emissoras assumem também novos formatos como a Bandeirantes, por exemplo. Por outro lado instituí-se, alguns anos antes na AM, o Jornal da Integração Nacional, onde a Jovem Pan utiliza-se de toda a estrutura montada pelo governo federal que viria se tornar em 1965 a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), para veicular, este tipo de jornalismo que antecipou-se a febre dos noticiários via satélite que surgiram nas décadas de 80 e 90. A radiodifusão no Brasil através das Redes Via Satélite entrou no ar em março de 1982, quando a Bandeirantes AM, de São Paulo, veiculou o radiojornal Primeira Hora. Para melhorar ainda mais as condições do Radiojornalismo no país a Abert passou a oferecer em 1989 um
  • 8. 15 serviço chamado Radiosat que possibilitou a união de pequenas rádios a outras emissoras formando grandes redes de comunicação e informação, surgindo dois anos depois o Jornal do Meio Dia, Jornal das Seis, Informativo Jornal Nacional que chegou a ter 400 emissoras interligadas a Radio Nacional de Brasília; e também a Radiobrás que utilizou-se desta nova ferramenta para transmitir sua programação. No final da década de 80 e início de 90 o papel informativo do radiojornalismo toma outra forma, o de Jornalismo Tempo Integral, como nomeia Ferrareto (2000). Emissoras apostam em notícias 24 horas por dia, como o Jornal do Brasil AM, Rádio Eldorado, Excelsior e a CBN. Com o crescimento e esgotamento da radiodifusão abriu-se as discussões sobre cidadania e democratização das Rádios, surgindo a possibilidade da criação de Rádios Comunitárias e também a grande utilização das Radiodifusoras e piratas para discutir abertamente os problemas da comunidade, do bairro e da região. De acordo com o site Adital até o ano de 2005 cerca de 15 mil estações de rádio já operavam ilegalmente no Brasil. Segundo reportagem, Tião Santos, coordenador da Rede Viva Rio de Radiodifusão, entidade que congrega 300 rádios comunitárias, essas rádios continuam sendo ilegais porque o governo não quer legalizá-las. Tião criticou o aumento da repressão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às emissoras que não têm autorização para funcionar. Somente no primeiro semestre de 2005, 1.199 estações em todo o Brasil tiveram suas transmissões interrompidas, ou seja, uma média de 200 por mês. (RÁDIOS CRITÍCAM... 2005). A severa crítica seria por que este resultado é superior ao obtido no ano de 2004, quando 1.807 rádios foram fechadas de janeiro a dezembro, isto é, 151 por mês. Estes números refletem muito na programação das rádios de todo o Brasil principalmente no Radiojornalismo, que corre atrás do prejuízo devido o sucesso das rádios comunitárias, produzindo programas de formato popularesco, denunciativo, de serviço público e sensacionalista.
  • 9. 16 2. PROCESSO DE MEMÓRIA É impossível a construção de um CORPUS para Análise de Discurso sem levantar dados para a fase da Memória. Conhecer e entender traços do que formou o passado do objeto estudado podem trazer grandes surpresas na hora da análise, pois este processo oferece pistas de vozes já esquecidas em outro contexto e que continuam baseando o discurso de quem fala e o meio que veicula. A memória, por sua vez, tem suas características, quando pensada em relação ao discurso. E, nessa perspectiva, ela é tratada como Interdiscurso. Este definido como aquilo que fala antes, em outro lugar, independentemente. Ou seja, é o que chamamos de Memória Discursiva: o saber discursivo que torna possível todo o dizer e que e toma sob a forma de pré-construído, o já dito que está na base do dizível, sustentando cada tomada da palavra. O interdiscurso disponibiliza dizeres que afetam o modo como o sujeito significa em uma situação discursiva dada. (ORLANDI. 2002, p.31). 2.1 Alô, alô Brasil! Está no ar a Rádio Nacional A Rádio Nacional começou suas transmissões no mês de setembro de 1936, no Rio de Janeiro. Ela fazia parte das empresas do grupo A Noite que editava os jornais A Manhã e A Noite, além de revistas como Carioca e Vamos ler. A chamada PRE 8 - Sociedade Rádio Nacional, tinha até então 65 emissoras em todo o Brasil, dentre elas 12 no Rio de Janeiro e oito em São Paulo. A programação da Rádio Nacional demonstra o primeiro diferencial para com as outras rádios por levar ao ar o primeiro programa montado. “Uma grande inovação concretiza em abril de 1938, quando estréia na Rádio Nacional o programa Curiosidades Musicais. Nele, durante meia hora, Almirante enfocava algum aspecto do cancioneiro popular ou folclórico do país”. (FERRARETO, 2000, P.111). Junto com o apogeu do rádio ou a chamada Era de Ouro, de 1940 a 1950, surge também à implantação do Estado Novo no Brasil. A grande aproximação do país com os EUA, que já tinha uma indústria cultural muito forte, incentiva e inspira as rádios brasileiras, e então as programações das rádios passam a produzir programas de auditórios, radionovelas, programas
  • 10. 17 humorísticos e cobertura esportiva. O Radiojornalismo também ganha impulso transmitindo notícias sobre a Segunda Guerra Mundial. Neste contexto o veículo adquire uma forma massiva e a Rádio Nacional passa a ser reconhecida como a primeira indústria cultural do Brasil. Então, a que inicialmente era uma empresa privada, foi encampada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas em 8 de março de 1940, que a transformou na rádio oficial do Brasil. A Rádio Nacional passou então a preparar a programação da Hora do Brasil. O presidente Getúlio Vargas percebeu a força do veículo e aliou como ninguém seus objetivos políticos ao Rádio. A Propaganda política nesse veículo também teve seu maior momento no governo ditatorial de Vargas, que sempre utilizou o rádio para narrar suas ações governamentais. Nessa época a Rádio Nacional era considerada a voz oficial do governo. Muitas outras instituições de comunicação foram criadas ou encampadas pelo governo de Getúlio Vargas como: a) A criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tinha como objetivo controlar a programação dos meios de comunicação. As emissoras não poderiam utilizar qualquer assunto que abordasse reivindicações trabalhistas, presos políticos, passeatas, organizações estudantis ou qualquer crítica ao governo. O poder do DIP era tão forte que em 1940, 108 programas foram proibidos, segundo Luiz Artur Ferrareto (2000). b) Encampação da Rádio Nacional, o governo tomou posse da Rádio com a desculpa de o grupo dono da emissora devia três milhões de Libras Esterlinas.Com o apoio financeiro do governo a rádio passa a se transformar no primeiro fenômeno da indústria de radiodifusão em 1940. “Na realidade, a Nacional constituí-se, assim, em um importante instrumento de influência na opinião pública”. (FERRARETO, 2000, p.115). c) A posse de todo o acervo do Jornal A Noite, da Rio Editora. Em 1938 a Radio Nacional lança o sucesso Curiosidades Musicais e 1941 passa a transmitir a radionovela Em Busca da Felicidade e o Repórter Esso.
  • 11. 18 Em meio à tamanha crise a Rádio Nacional alcançou seu apogeu, tornando-se líder em publicidade e audiência. Provavelmente, por ter o apoio do governo e assim conseguia manter a opinião pública além de ter uma estrutura técnica de produção invejável para o setor na época. Programas de auditório surgiram gradativamente depois na Rádio Nacional, assim como os programas de humorísticos. Já o Repórter Esso é transmitido pela Rádio Nacional até 1962. Com a fortificação da televisão a Rádio Nacional passa a entrar numa era difícil. No mandato de Juscelino Kubstichek a direção da Rádio Nacional pede um canal de televisão, no qual foi negado devido a pressões de Assis Chateaubriant que temia o poder da Rádio Nacional, pois o governo poderia tornar-se um concorrente desleal. Em 1964 o país sofre o Golpe Militar, e nesta época foi criado o Ministério das Comunicações. “Esse Ministério das comunicações, seria o estabelecimento de agências reguladoras”. (MELO, 1985, p.64). As criações da Voz do Brasil em 1935 e do Ministério das Comunicações em 1964 são sempre analisadas pelos autores de maneira hostil por terem características reguladoras. Ainda no Governo de Vargas foi criada a Divisão de Censura, pela Polícia Federal que tinha a tarefa de censurar jornais, revistas e qualquer tipo de criação artística, cultural e musical. A Divisão de Censura além de vigiar as notícias publicadas, obrigava os meios de comunicação a publicarem a posição do governo. De acordo com Ferrareto (2000), a pesquisadora Dóris Haussen aponta como motivos para a decadência da Rádio Nacional: a) A rotatividade de diretores a partir dos anos 50; b) A diminuição de verbas publicitárias que foram deslocadas para a televisão; c) A repetição dos mesmos programas; d) A demissão de radialistas após o Golpe Militar de 1964. Muitas maneiras foram criadas para que o governo impusesse seu poder sobre os meios de comunicação, principalmente o rádio, mostrando assim, a importância que este veiculo tem para a dominação das massas. Não é para menos, porque o rádio é o meio massivo com maior penetração, além de utilizar uma tecnologia considerada barata, poder chegar a todos os lugares e não distinguir raça, religião ou classe social.
  • 12. 19 No ano de 1969, a censura chega ao seu poder máximo sobre as emissoras de rádio, sendo o governo um dos maiores anunciantes de todas as emissoras. Com reflexos da situação reinante e das relações dos proprietários de emissoras com o governo, a auto censura também se difunde. A ameaça de perda da concessão incentiva esta prática. A publicidade governamental constitui-se em outra arma nas mãos dos militares. Em muitas emissoras, especialmente as de pequeno porte, as empresas e bancos estatais representavam parcela significativa do faturamento comercial. (FERRARETO. 2000, p. 154). 2.2 Hora do Brasil Antes de todos esses fatos citados sobre o Rádio, destaca-se o objetivo do Estado em utilizar o rádio como meio de consolidar uma unidade nacional, principalmente com a divulgação das realizações do governo de Getúlio Vargas. Esse objetivo foi colocado em prática com a criação do programa Hora do Brasil, em 22 de julho de 1935. Vargas demonstrava verdadeiro fascínio em unir sua política ao rádio, e lutava para que suas palavras chegassem a varias cidades do país utilizando repetidoras, que se tornariam à cadeia de rádios da Hora do Brasil. A primeira transmissão do programa aconteceu no Rio de Janeiro, nos estúdios da Rádio Guanabara, e já tinha como tema principal de abertura a ópera O Guarani, de Carlos Gomes. Este primeiro programa foi retransmitido para oito emissoras de rádio do Brasil. Nos dois anos seguintes, pós-criação Hora do Brasil, o país passaria por um sério clima de perseguição política. “Acenando com o perigo vermelho, embora Luís Carlos Prestes, estivesse preso desde o ano anterior, o governo anuncia, em 30 de setembro de 1937, na Hora do Brasil, um inexistente Plano Cohen, pretensamente preparado pelos comunistas para tomar o poder”. (FERRARETO, 2000, P.108). Então, diante de tais fervores políticos, neste mesmo ano o programa Hora do Brasil tornou- se obrigatório, sendo transmitido em rede nacional de segunda a sexta, das 18:45 ás 19:30. O programa deveria ser modelo de programação para as outras emissoras, não podendo falar mal do governo, noticiando detalhadamente os atos do presidente, sempre com programações culturais,
  • 13. 20 educativas e com musicas brasileiras. Esta seria a Era de Ouro para o programa, que há 68 anos é transmitido em rede nacional. No ano de 1939 o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) substitui o antigo Departamento Nacional de Propaganda e Difusão Cultural, e em 1940, cerca de 108 programas de rádios foram proibidos apenas no Rio de Janeiro. No começo do processo de redemocratização do país (1946), o presidente Eurico Gaspar Dutra, cede as pressões sobre a importância do programa radiofônico para o governo, e mantêm a Hora do Brasil transformando-a em Voz do Brasil. 2.3 Voz do Brasil Na década de 70 dois fatos marcantes demonstram ainda a forte presença do Estado na mídia, o Projeto Minerva e a criação da Radiobrás. No dia 4 de outubro de 1970, o Ministério da Educação implantou com o seu serviço de Radiodifusão Educativa o Projeto Minerva, que ia ao ar de segunda a sexta, com um programa de 30 minutos e de sábado e domingo com 1 hora e 15 minutos de duração. A programação educativa do Projeto Minerva ficou no ar durante 20 anos, apesar das diversas discussões sobre seus reais resultados, e então, na ressente data de 16 de outubro de 1989 ele saiu do ar. Em 1988 começou a vigorar a nova Carta Magna do país, e nela consta o item mais primoroso da imprensa que é a liberdade de expressão, dessa forma o programa Voz do Brasil passou a ser considerada inconstitucional. Por isso, após abertura política, as empresas de rádio entraram em uma luta judicial contra a obrigatoriedade de retransmissão do programa Voz do Brasil, e a emissora líder desta luta é a Rádio Eldorado. No dia 5 de Julho de 1995, um acidente na Marginal Pinheiros, parou a Capital paulistana. Com a finalidade de prestar um serviço de utilidade pública aos ouvintes, a rádio Eldorado – Am entrou em contato com a Radiobrás e solicitou a permissão para atrasar a transmissão da Voz do Brasil naquele dia. O pedido foi negado e o caos tomou conta se São Paulo até a madrugada, com as pessoas presas no transito sem informações ou orientações. (SOUSA. 2000, p. 179).
  • 14. 21 Com o governo de transição do presidente José Sarney, o programa Voz do Brasil absorveu um formato mais democrático contendo noticias do Congresso e Poder Judiciário. A Voz do Brasil nasceu em meio a mudanças políticas que marcaram o nosso país. Seu objetivo era ir ao ar com notícias sobre o governo. Até o ano de 2002, ao final do mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o programa ainda mantinha o mesmo formato e objetivo. 2.4 A Radiobrás Outro marco comunicacional nascido na ditadura militar foi a Radiobrás. O governo tomou posse de 38 emissoras de rádio em todo Brasil, e para administrá-las foi criada a Empresa Brasileira de Radiodifusão, a Radiobrás, em 15 de dezembro de 1975, que tinha como objetivos: I - implantar e operar as emissoras, e explorar os serviços de radiodifusão do Governo Federal”; II - implantar e operar as suas próprias redes de repetição e transmissão de radiodifusão, explorando os respectivos serviços; III - realizar a difusão de programação educativa, produzida pelo órgão federal próprio, bem como produzir e difundir programação informativa e de recreação; IV - promover e estimular a formação e o treinamento de pessoal especializado, necessário às atividades de radiodifusão; V - prestar serviços especializados no campo da radiodifusão; VI – exercer outras atividades, que lhe forem atribuídas pelo Ministério das Comunicações. (FERRARETO, 2000, p. 163). Mas na década de 80 a maioria das emissoras foi privatizada e até 1998 a Radiobrás ainda administrava: Rádio Nacional da Amazônia (ondas curtas); Nacional AM e FM (Brasília); Nacional do Brasil (ondas curtas); Nacional AM (Rio de Janeiro); uma agencia de notícias (Agência Brasil); Rede Nacional de Rádio, (Serviço Radiofônico Via Satélite), com programação originária das rádios Nacional AM e FM, além das cadeias obrigatórias (Executivo Legislativo, Judiciário, e o radiojornal Voz do Brasil).
  • 15. 22 3. PROCESSO DE DESCRIÇÃO O processo de Descrição é utilizado por Orlandi (2002), como uma das principais técnicas para se compreender em totalidade um discurso. Deve-se entender todo o contexto do Objeto Estudado, e todas suas vertentes, pois é este processo que dá sentido no processo discursivo. Por isso, a Descrição é a próxima etapa do CORPUS. O dispositivo, a escuta discursiva, deve explicitar os gestos de interpretação que se ligam aos processos de identificação dos sujeitos, suas filiações de sentidos: descrever a relação do sujeito com sua memória. Nessa empreitada, descrição e interpretação se inter-relacionam. E é também tarefa do analista distingui-las em seu propósito de compreensão. (ORLANDI, 2002, p.60). 3.1 A Radiobrás no Governo Lula Em 2003, uma das grandes mudanças da Radiobrás ficou por conta da nomeação de Eugênio Bucci como seu novo presidente. Dentre os pontos anunciados por Eugênio Bucci estava uma nova proposta para o trabalho do órgão que seria cobrir notícias e eventos no qual nunca receberam atenção por parte da área de comunicação do Governo Federal. Doutor em ciências da comunicação, Eugênio Bucci foi militante do grupo Liberdade e Luta (Libelu) e estava filiado desde a década de 80 ao Partido dos Trabalhadores (PT). Atuou durante quatro anos como editor da revista Teoria em Debate, uma publicação do PT, e quando assumiu o cargo como presidente da Radiobrás estava atuando como crítico de TV no jornal “Folha de São Paulo”. Eugênio Bucci não só propôs, mas também aplicou novas mudanças no programa Voz do Brasil, como, por exemplo, colocar a redação para cobrir Fórum Social Mundial Contra a Fome. De acordo com as reportagens da época, Eugênio Bucci quis aproximar o povo das políticas governamentais e estimular a participação popular. “Não quero mudança cosmética de estilo, de vinheta. Mas sim mudança na interação com o publico”. (ÉBOLI, 2003, p.10 País.)
  • 16. 23 O Globo de janeiro de 2003 publicou que as emissoras de rádio e tv da Radiobrás, segundo Bucci, iriam atuar também na orientação da população em duas frentes: na prestação de serviço e de cidadania. “O país não pode viver sem a imprensa de mercado saudável, não monopolista. Ela é vital para fiscalizar o governo. Seremos um sistema de informação complementar”. (ÉBOLI, 2003, p.10 País.) Só no mês de agosto de 2003 onze notícias sobre a nova posição de Bucci na Radiobrás foram publicadas nos jornais de grande circulação como: O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Em contrapartida em 2007 houve a discreta saída de Eugênio Bucci da presidência da Radiobrás. Ou seja, aclamado pela imprensa em 2003 como o possível modificador do perfil duro da Voz do Brasil, Eugênio Bucci saiu de seu cargo de forma quase imperceptível pelos meios de comunicação. O jornalista José Roberto Garcez foi empossado como novo presidente da Radiobrás, no mês de abril de 2007. E de acordo com a imprensa, o próprio Eugênio Bucci deixou seu cargo à disposição do presidente Lula. Apenas alguns sites abordaram o assunto, e um blog chamado Antimídia (2007), recebeu um artigo assinado por João Domingos da OESP, que dá conta de que a saída de Bucci seria por problemas com o Partido dos Trabalhadores (PT), que queria mais participação das ações de Lula durante as programações da Radiobrás. O que foi resistido por Bucci, forçando sua saída. José Roberto Garcez afirmou que não fará nenhuma mudança na Radiobrás e que sua missão será manter a linha de jornalismo implantada por Bucci, tendo pela frente os desafios do futuro. A Radiobrás vai participar ativamente do processo da rede digital e da rede pública de TV (MARRA, 2007). O novo presidente da Radiobrás deverá envolver-se no projeto da TV Pública, que o governo lançou neste ano. Já especula-se que a Radiobrás será absorvida junto com a TVE para a Rede Pública de Rádio e TV, executando um papel de espinha dorsal deste planejamento. 3.2 Voz do Brasil: 1º Mandato do Presidente Lula Desde 1º de Janeiro de 2003, data de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, muito vem se falando de mudanças na área comunicacional do governo.
  • 17. 24 O Brasil tem como presidente um político de base esquerdista, e apesar das diversas especulações sobre suas atitudes avessas ao seu passado histórico político o programa Voz do Brasil não teve seu fim, pelo contrário, recebeu diversas modificações no primeiro mandato com o objetivo de popularizar o programa. Em entrevista a revista Época, Aluízio Mercadante, político pertencente ao mesmo partido do presidente, o PT, falou claramente sobre as mudanças que viriam a ocorrer no primeiro momento do Governo Lula em se tratando de áreas que até hoje causam furor. O governo deverá ter políticas específicas de estruturação para alguns setores fortemente endividados em dólar como é o caso da Aviação e da Comunicação”. (TRAUMANN, 2002) Mudanças no texto, formato editorial, e técnicas foram às transformações que mais chamaram a atenção dos empresários e jornalistas que são veementemente contra a Voz do Brasil. O chamado novo formato foi ao ar no dia 1º de setembro de 2003, o bloco inicial, a cargo do poder executivo, de 25 minutos, contava com quatro locutores e não dois como na época do Fernando Henrique Cardoso. As reportagens são acompanhadas de comentários a respeito dos temas tratados. Todas as vinhetas foram modificadas, assim como a ópera O Guarani que ganhou um novo formato com timbales, samba e também sonoridades de índios cantando ao fundo. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo em entrevista com Bucci, as mudanças eram importantes, pois o programa guardava resquícios de períodos autoritários, quando a Voz do Brasil desempenhava um papel de convencimento ideológico. “O sentido da mudança é atender ao direito à informação. Por isso, fizemos o processo de atualização, na busca de fórmula contemporânea à democracia”. (Radiobrás muda... 2003). 3.3 Voz do Brasil 2007 Em 2007 a Voz do Brasil enfrenta seu primeiro problema após o Tribunal Regional Federal (TRF) divulgar a decisão favorável a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT) sobre a flexibilização do horário de transmissão do programa. A entidade está trabalhando para efetivar o benefício e já enviou a Anatel, em abril, a relação das cerca de 300 emissoras associadas à entidade, que estão se beneficiando com a liminar conquistada, conseguida através da assessoria jurídica da associação.
  • 18. 25 De acordo com a decisão, a retransmissão do programa oficial pode ser efetuada até às 18h do dia seguinte. Como essa ação judicial partiu da associação gaúcha, apenas as suas filiais têm o direito concedido por lei. Outros estados brasileiros também mobilizam-se de alguma forma com relação ao programa, como por exemplo, o mandato da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, que concedeu a 115 emissoras de rádio do Norte e Nordeste do País o direito de retransmitir o programa a Voz do Brasil, às 19h de cada local. A Radiobrás, que distribui o sinal do programa do governo, queria obrigar as emissoras que seguem fusos horários diferenciados a transmitir às 19h de Brasília. O mandado de segurança foi impetrado pela Associação Brasileira de Radiodifusão, Tecnologia e Telecomunicações (Abratel). Em resposta a esse repúdio da população com relação programa, mudanças estão sendo aplicadas. E o novo panorama da comunicação institucional do Governo Federal como o anúncio do novo presidente da Radiobrás José Roberto Garcez, o projeto da Rede Pública de Rádio e TV e a posse de Franklin Martins para o Ministério das Comunicações deixa claro que as transformações já estão acontecendo. A Radiobrás e o programa Voz do Brasil serão também inseridas na rede que formará esse novo sistema comunicacional formulado pelo Governo Lula. Essas modificações são refletidas no discurso da Voz do Brasil desde 2003 dando ao programa novas modificações e novas vozes.
  • 19. 26 4. CLIPPING: REPERCUSSÃO NA MÍDIA Em uma Análise de Discurso é primordial situarmos o discurso em um contexto para saber realmente o que ele quer dizer em suas entrelinhas. Não existe ferramenta para contextualizar uma “Era” inteira, ou o quanto um programa pode alcançar ou não, a melhor forma de contextualizarmos então esta época do Governo Lula e suas atividades relacionadas à Voz do Brasil e a Radiobrás, é o trabalho de clipping nos jornais ditos de grande circulação no Brasil. A autora Eni Puncinelli Orlandi aponta para esta vertente em seu livro Discurso Fundador: A formação do país e a construção da identidade Nacional (1993), onde ela destina um capítulo inteiro para falar sobre como o discurso jornalístico constrói memória. E ainda, deste livro algumas páginas estão relacionadas só com Jornais Impressos. A análise do discurso jornalístico se faz importante e necessária já que este, enquanto prática social, funciona em várias dimensões temporais já que este, enquanto prática social, funciona em várias dimensões temporais simultaneamente: capta, transforma e divulga acontecimentos, opiniões e idéias da atualidade – ou seja, lê o presente – ao mesmo tempo em que organiza um futuro – as possíveis conseqüências desses fatos do presente – e, assim, legitima, enquanto passado – memória - a leitura desses mesmos fatos do presente, no futuro”. (ORLANDI, 1993, p. 33). Mas, de antemão, não pretende-se fazer uma análise de discurso nos jornais, mas apenas separar determinados materiais que podem fornecer alguns subsídios para compreender como a mídia acompanha as mudanças na Radiobrás e na Voz do Brasil, para que durante o trabalho de Rádio Escuta seja percebido algum discurso inserido que remeta a temas abordados naquele tempo, ou seja, dar contexto. Então, antes das considerações seguem os pontos importantes encontrados no Clipping produzido nos jornais: Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo que servirão apenas para consulta. Segue:
  • 20. 27 RADIOBRAS – REDE PÚBLICA DE RÁDIO E TV a) TV PÚBLICA: GOVERNO PEDE PARCERIA COM INICIATIVA PRIVADA – Jornal do Brasil, 22 de Março de 2007 – Economia A20 –Lorenna Rodrigues; b) UMA REDE NACIONAL DE TV PÚBLICA – Jornal do Brasil, 22 de Março de 2007 – Opinião A9 – José Dirceu; c) CHAPA BRANCA, TARJA PRETA, LUZ VERMELHA- Folha de São Paulo, 06 de Abril de 2007 – A2 Opinião - Nelson Motta; d) O DIREITO ÀS TVS ESTATAL E PÚBLICA – Folha de São Paulo, 18 de Abril de 2007-Tendências/Debates-Opinião A3 – Celso Shoröder; e) O DESAFIO DE FRANKLIN – Jornal do Brasil – 27 de Abril de 2007 – Opinião A9 – Carlos Alberto Rabaça; f) É TUDO EM NOME DA TAL ‘DEMOCRACIA POPULAR’ – O Estado de S. Paulo – 02 de Maio de 2007 – A2 Espaço Aberto; g) TV PÚBLICA DE LULA ESTRÉIA EM DEZEMBRO – Jornal de Brasil, 09 de Maio de 2007 – A4 de País. Lorenna Rodrigues; h) FUTURA TV PÚBLICA PLANEJA USAR RECURSOS DE 3 FUNDOS – Folha de São Paulo – 09 de Maio de 2007 – Brasil A13 – Kennedy Alencar e Felipe Selignan; i) REDE PÚBLICA DE TV DEVE CUSTAR R$ 300 MULHÕES – O Estado de S. Paulo, 9 de Maio de 2007 – A8 / Nacional – João Domingos; j) LULA QUER TV PÚBLICA NO PAC CULTURAL – Jornal do Brasil, 12 de Maio de 2007 - A6 Brasil –Lorenna Rodrigues; k) LULA AFIRMA QUE JÁ AVISOU O PAPA QUE TV PÚBLICA SERÁ LAICA. Folha de São Paulo, 12 de Maio de 2007 - Brasil / A19-Eduardo Scolese; l) TV PÚBLICA – Folha de São Paulo – 15 de Maio de 2007 – Opinião A3 – Gabriel Priole.
  • 21. 28 RADIOBRAS – VOZ DO BRASIL a) EUGÊNIO BUCCI DEIXA A RADIOBRAS – Jornal do Brasil – 20 de Abril de 2007 – Caderno B-B3. * As matérias mais interessantes para este estudo estão em anexo para uma consulta mais aprofundada. 4.1 Balanço Reflexivo do Clipping O clipping foi realizado nos jornais Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo no período de 20 de Março de 2007 a 15 de Junho do mesmo ano. Foram retiradas todas as reportagens que falavam sobre a TV Pública, Radiobrás, Voz do Brasil, Ministério das Comunicações e Lula e a mídia. Ao total foram retiradas 48 notícias sobre estes temas, mas volta- se a afirmar que só as notícias que envolvem a Radiobrás e Voz do Brasil realmente foram levadas em consideração e que todas as notícias destacadas acima sobre a TV Pública de Televisão também abordavam em seu texto a Radiobrás. Cada reportagem demonstra uma importância em seus dados quando são relacionadas às datas que são publicadas e o conteúdo da programação na Voz do Brasil. Mas podemos destacar pontos interessantes deste clipping, o primeiro é a possível utilização da Radiobrás como a espinha dorsal da programação da Rede Pública de Rádio e TV juntamente com a TVE. Outro dado importante foi à discreta saída do presidente da Radiobrás Eugênio Bucci. Ao contrário do que ocorreu em 2003, apenas uma matéria no dia 20 de abril, foi publicada dando conta da entrega do cargo. Em 2003 Eugênio Bucci assumiu a Radiobrás prometendo e aplicando mudanças na Voz do Brasil, e a imprensa publicou cerca de 9 (nove) matérias em apenas um mês, sendo elas, grandes reportagens, páginas inteiras e até capa de jornal.
  • 22. 29 5. CONTEÚDO TÉCNICO INFORMATIVO Para esta parte da análise foram produzidas Fichas Técnicas de cinco programas escutados da Voz do Brasil. Cabe lembrar que os programas foram gravados durante todas as sextas-feiras durante 1 mês. Ou seja, quatro programas servirão de base para este levantamento técnico e o quinto programa do ano de 2003 servirá para a Análise Comparativa. Sabe-se que a sonoridade, quantidade de reportagens de órgãos federais, política, participação do presidente e participação popular, ajudam muito na compreensão do direcionamento que a Voz do Brasil dá em seu discurso. Por isso, a elaboração da Ficha Técnica mostra um panorama de como o programa é produzido e seu objetivo, e assim oferece ferramentas de ajuda na Análise de Discurso. Então Segue: 5.1 Fichas Técnicas 1. Programa Voz do Brasil do Dia 29 de Março de 2007 - Posse de José Roberto Garcez Novamente grande destaque para notícias e entrevistas sobre os ministérios e com os ministros. Mas as notícias sobre órgãos da administração indireta e sobre programas sociais obtiveram um aumento exorbitante, passando da média de 5 por programa para 10 participações. Notícias referentes ao presidente Lula passaram de 1 por programa para 3 notícias, como por exemplo, a sua visita a um centro de reciclagem de computadores patrocinado pelo Banco do Brasil e também da inauguração de uma fábrica da Hyunday, localizados em Goiás. Novamente reforçando a idéia que reportagens do presidente fora do eixo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo tem uma maior cobertura. Ainda, houve a volta dos comentários, mas não tem cunho denunciativo nem opinativo, mas apenas educativo sobre o tema LDO. Foi detectado também um número maior de participações ilustrativas e de depoimentos.
  • 23. 30 NOTÍCIAS (Ao total 20 matérias) Ministros ou Ministérios (6-Seis Matérias) a) Ministério da Justiça capacitará agentes multiplicadores do Procon para conscientizar consumidores. Entrevistas com representantes dos órgãos envolvidos; b) Ministério do Desenvolvimento Agrário e o IPEA lançam pesquisa sobre o Pronaf e empréstimos rurais; c) Ministério da Educação lança Programa de Qualificação Profissional nas escolas. Pró- Funcionário; d) Ministério da Cultura assumirá por completo as despesas do programa de preservação de monumentos históricos. Gilberto Gil fala sobre o Monumenta; e) Ministro da Educação fala sobre as ações do PAC da Educação; f) Ministro do Desenvolvimento Social fala sobre Programa de Segurança alimentar. Órgãos Federais e Programas Sociais (10 - Dez Matérias). a) IBGE faz mutirão no Paraná para retirar documentos de mulheres índias; b) Abertura e qualificação de novas escolas penitenciárias pelo Brasil; c) Contran alerta para a utilização de documentos originais ao dirigir; d) IBGE começa senso informatizado com palmtops; e) Escolas que integram o programa Escolas Irmãs participam de seminário em Brasília. Coordenadora do programa dá entrevista; f) Secretaria de Habitação fala sobre o programa Pró-moradia; g) Consulta ao 3º Lote do Imposto de Renda; h) Secretário Sérgio Vambert fala sobre campanha de valorização ao índio e também do 2º Prêmio de Cultura Indígena; i) José Roberto Garcez assume a Radiobrás; j) Coordenadora do Peti em Brasília fala sobre novo sistema de acompanhamento informatizado do programa.
  • 24. 31 Presidente Lula (3-Três Matérias) a) Presidente Lula fala sobre energia como integração do continente; b) Participação do presidente Lula no programa desenvolvido pelo Banco do Brasil em Brasília, onde jovens reciclam computadores; c) Presidente Lula participa da inauguração da fábrica de carros da Hyunday em Anápolis, Goiás. (Pronunciamento). Notícias que não mencionam o Governo Nenhuma Comentários (1-Um Comentário) a) Edila Lula fala educativamente sobre o que é e como funciona a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Depoimentos (3-Três depoimentos) a) Líder dos índios caigang do Paraná fala sobre a luta para preservação de seu povo e cultura. DEPOIMENTO ILUSTRA MATÉRIA SOBRE CAMPANHA DE VALORIZAÇÃO DA CULTURA INDÍGENA; b) Estudante moradora do Gama em Brasília fala sobre o programa de recuperação de computadores; DEPOIMENTO ILUSTRA A VISITA DE LULA AO PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO DE COMPUTADORES. c) Diretora de escola em Goiás fala sobre o programa Escola Irmãs. Outras Participações a) Participação da ONG Acapuh sobre conscientização de consumidores.
  • 25. 32 Linguagem A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram elaboradas de forma mais educativa e simples. Foram realizadas entrevistas com pessoas que não eram de órgãos federais como a diretora de escola e o representante da ONG. Houve dois depoimentos que ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e repórteres. Houve um comentário educativo sobre LDO. Apoio Técnico b) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II)) c) Uma música de abertura d) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada) e) Uma música ilustra, em BG o início da reportagem sobre valorização aos índios. f) Uma música de encerramento. g) Nenhum comercial Participação de Outros Estados Brasileiros 18 (Dezoito) notícias de Brasília e 1 (Uma de São Paulo) e 1 (Uma) de Goiás. Participação Popular O Programa demonstra ter declarações de pessoas que não são de órgãos federais. Os dois depoimentos tornaram o programa não tão hostil à participação popular. Mas sugestões ou perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails. Existe um comentário educativo simples e direcionado a população explicando a LDO.
  • 26. 33 2. Programa Voz do Brasil do Dia 28 de Abril de 2007-Dia Nacional em Memória às vítimas de Acidente do Trabalho. O programa teve o último trecho da série “Empregos para jovens brasileiros”, onde após dizer números negativos, e veicular um depoimento de um jovem dando conta das dificuldades para arranjar trabalho na zona rural ou pequenas cidades, entra como solução um repórter falando sobre os programas do governo federal que tem o intuito de melhorar o problema. Outro ponto que ilustra a matéria, e só foge do formato institucional, é a participação de representantes de comunidades como pescadores e indígenas cobrando o cumprimento do documento que estava sendo assinado naquele dia, sobre preservação e valorização cultural.Ainda, foi o grande número de reportagens sobre ministérios. NOTÍCIAS (Ao total 8 matérias) Ministros ou Ministérios (5 – Cinco matérias sobre ações dos ministérios) a) Sete pessoas morrem por dia no Brasil vítimas de acidente do trabalho. O ministério da Saúde lança guia de prevenção; b) Lançamento da política que preserva a cultura nas comunidades locais. Ministério do Meio Ambiente assina documento que garante este programa; c) Série sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Governo para melhorar os índices de desemprego entre os jovens brasileiros. Hoje participação de representantes do Ministério da Educação e Desenvolvimento Agrário; d) Fundo Nacional de Habitação do Interesse Social. Entrevista com representante do Ministro das Cidades sobre a participação dos estados e da população; e) Centro de Produção de cinema e Vídeo de Recife promovido pelo Ministério da Cultura. Entrevista com o secretário do Ministério;
  • 27. 34 Órgãos Federais e Programas Sociais (2 – Duas Matérias). a) A partir da próxima semana começa a funcionar a super-receita. O que muda na vida do contribuinte. Entrevista com secretário do INSS, Jorge Rachide; b) Programa da Polícia Federal em parceria com o Sest- Senat, com objetivo de levar informação e saúde o para os caminhoneiros. Entrevista com Coord. Do projeto da Polícia Federal. Presidente Lula (1 Matéria com entrevista do presidente) a) Presidente Lula discute a criação do Banco Sul em Buenos Aires, na Argentina. Notícias que não mencionam o Governo Nenhuma Comentários Nenhum Depoimentos a) Eloir Kuser, de 20 anos, fala sobre a dificuldade do jovem que mora na Zona Rural. ILUSTRA SÉRIE SOBRE AÇÕES DO GOVERNO EM COMBATE AO DESEMPREGO NOS JOVENS. Outras Participações a) Entrevistas de dois representantes de comunidades locais, uma indígena e outra de pescadores que falam sobre a importância de preservação da cultura e a expectativa que o governo cumpra a promessa. ILUSTRA MATÉRIA SOBRE A POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO DE CULTURA FEITA PELO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.
  • 28. 35 Linguagem A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram elaboradas de forma mais educativa e simples. Entrevistas com pessoas normais e depoimentos ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e repórteres. Não houve nenhum comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias. Apoio Técnico a) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II)) b) Uma música de abertura c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada) d) Uma música estilo rural ilustra, em BG, o depoimento do jovem sobre emprego. e) Uma música de encerramento. f) Nenhum comercial Participação de Outros Estados Brasileiros a) 6 (Seis) Matérias de Brasília , 1 (Uma) do Recife e 1(Uma) Buenos Aires. Participação Popular O Programa demonstra ter uma pequena participação popular na sua produção de notícias, com o depoimento do jovem na série sobre emprego. Houve entrevistas com dois representantes de comunidades indígenas e de pescadores durante lançamento de novo programa do governo. Sugestões ou perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails. Não existe nenhum comentário ou artigo radiofônico.
  • 29. 36 3. Programa Voz do Brasil do Dia 11 de Maio de 2007-Encerramento do Fórum Nacional de Tvs Públicas. Neste programa apesar de ter um número excessivo de matérias na área dos ministérios, seu roteiro foi todo voltado para pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre consumo de cultura e lazer por parte dos brasileiros dando ênfase que a televisão ainda é o item mais presente na vida dos brasileiros, e também sobre o pronunciamento do presidente Lula no Fórum de Tvs públicas. Não é percebida qualquer participação popular, entrevistas com pessoas que não sejam da área do governo. Ainda, poucas matérias têm finalidade informativa importante para população em geral, como por exemplo: declaração do imposto de renda e a vacinação de índios, este por se tratar de um programa que atinge toda a região norte do país, por isso a notícia torna-se importante e de cunho popular. Uma curiosidade também chama a atenção como notícia sobre a greve do IBAMA. Linguagem fácil, com poucos termos difíceis, e os que são necessários utilizar recebem logo uma explicação por parte dos locutores. Outro dado importante é que neste programa não existiu participação de outros estados brasileiros a não ser Brasília e Rio de Janeiro. NOTÍCIAS (Ao total 12 matérias) Ministros ou Ministérios (5 - Cinco Notícias) a) Representantes da Petrobrás e da estatal de petróleo boliviana vão se reunir nos próximos dias para formalizar a transferência do controle das duas refinarias da empresa brasileira na Bolívia; b) O Conselho Deliberativo do Fundo Amparo ao Trabalhador CODEFAT aprovou a liberação de quase nove bilhões de reais/ Esse dinheiro será usado para criação de empregos, renda e poderá ser retirado como empréstimo por empresas ou trabalhadores em bancos públicos;
  • 30. 37 c) O prêmio Cultura Viva é uma ação do Ministério da Cultura com patrocínio da Petrobrás para incentivar grupos e pessoas que desenvolvem projetos neste setor; d) As instituições de ensino superior irão demorar mais tempo para aderir a programa Universidade para Todos. e) O Ministério da Agricultura vai ter vinte e cinco milhões de reais para combater a febre aftosa em todo o país. Órgãos Federais e Programas Sociais (7 - Sete entrevistas com representantes). a) A segurança dos jogos pan-americanos ficará restrita as pessoas que participam de alguma forma do evento; b) Os servidores do instituto brasileiro de meio ambiente e dos recursos naturais renováveis o Ibama, decidiram entrar de greve a partir da próxima segunda-feira. c) Índios de todo país estão sendo vacinados contra várias doenças entre elas hepatite e febre amarela; d) O brasileiro tem fome de cultura. Uma pesquisa revela que as famílias do país gastam parte do orçamento do mês com discos, livros e filmes e entre outros bens culturais; e) A inflação oficial do país, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o I- B-G-E recuou no mês de abril; f) Acabou no dia 30 de abril o prazo para as pessoas que ganharam mais de R$ 14.992,32 declarassem o imposto de renda. Presidente Lula (1- Uma matéria com trecho de pronunciamento) a) O presidente Lula participou do último dia do Fórum Nacional de Tvs Públicas que aconteceu nessa semana aqui em Brasília. Notícias que não mencionam o Governo Nenhuma Comentários Nenhum
  • 31. 38 Depoimentos Nenhum Linguagem A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram elaboradas de forma mais educativa e simples. Pequenos exemplos ilustrando as matérias facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores, repórteres ou comentaristas. Não houve nenhum comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias. Apoio Técnico a) Dois locutores um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II)) b) Uma música de abertura c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada) d) Duas músicas com efeitos ilustrativos para BG durante matéria. (Titãs e Natiruts) e) Uma música de encerramento. f) Nenhum comercial Participação de Outros Estados Brasileiros a) 8 (Oito) Matérias de Brasília e apenas 1 (Uma) do Rio de Janeiro. Participação Popular O Programa não demonstra ter participação popular na sua produção de notícias. Não houve entrevistas com pessoas que fossem representantes de algum órgão federal. Sugestões ou perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails. Não existe nenhum depoimento popular ilustrando as matérias.
  • 32. 39 4. Programa Voz do Brasil do Dia 18 de Maio de 2007 – Dia Nacional de Combate a Exploração Infantil Alguns pontos diferenciais dos outros programas como, por exemplo, as três notícias sobre a ida do presidente Lula ao Tocantins. Outros atos do presidente não tiveram tanta repercussão, quanto esta, por isso, entende-se que este número de reportagens é porque as solenidades saíram do eixo Brasília, Rio de Janeiro São Paulo. E este número mostra que os assuntos que envolvem a região norte têm uma boa abertura no programa. Ponto positivo foi à participação de pessoas não ligadas ao governo dando exemplos e falando sobre os problemas no Combate a Exploração Infantil, como, por exemplo, entrevistas com psicóloga, socióloga e representante de ong que lidam com o problema. Ainda houve participação de mais de dois estados, sendo parte integrante deste programa notícias de Brasília, Tocantins e Recife. NOTÍCIAS (Ao total 8 matérias) Ministros ou Ministérios (1 – Uma matéria) a) O Ministério das Cidades quer que capitais brasileiras instalem sistema de medidores eletrônicos de velocidade. Órgãos Federais e Programas Sociais (3-Três matérias). a) Reportagem especial sobre o Dia Nacional de Combate a Exploração Infantil. São abordados temas sobre os programas de mapeamento da Polícia Federal e Sentinela do Governo Federal e ainda a assinatura do Pacto de Santarém para combater a prostituição. b) Caravana contra a corrupção elaborada pela Controladoria Geral da União (CGU). Vice- prefeito de Vitória (ES) fala sobre a Caravana da CGU. c) UFMG avalia o programa Bolsa Família a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social.
  • 33. 40 Presidente Lula (3-três matérias) a) Presidente Lula durante solenidade no Tocantins fala sobre a Operação Navalha, montada pela Polícia Federa. Dilma Roussef também fala sobre o assunto. b) Presidente Lula inaugura ferrovia Norte Sul no Tocantins e em seu pronunciamento fala sobre a possível melhora nos programas sociais. c) Ainda na viagem do presidente cobertura ao lançamento do laboratório de Biodiesel na região. Notícias que não mencionam o Governo (1-Uma matéria) a) Entrevista com a presidente da ONG Coletivo Mulher Viva de Recife que fala sobre o trabalho com mulheres da região. Ainda as declarações demonstram um certo cunho denunciativo. Comentários Nenhum Depoimentos Nenhum Outras Participações a) Psicóloga fala sobre os traumas causados a uma criança após sofrer abuso sexual ou exploração infantil. b) Socióloga fala sobre os graves problemas enfrentados pelas meninas que vão às rodovias se prostituir.
  • 34. 41 Linguagem A linguagem mostrou-se accessível com poucas expressões técnicas, e as notícias foram elaboradas de forma mais educativa e simples. Foram utilizadas entrevistas com profissionais da área de psicologia e sociologia para falar sobre exploração infantil. Não houve depoimentos que ilustram as matérias e facilitam o entendimento. Não foi percebida qualquer dificuldade com expressões mais técnicas, pois elas foram explicadas pelos locutores e repórteres. Não houve nenhum comentário ou artigo radiofônico sobre as notícias. Apoio Técnico a) Dois locutores, um casal. (Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II) b) Uma música de abertura c) Cinco vinhetas padronizadas do programa Voz do Brasil (3” segundos cada) d) Uma música ilustra, em BG o início da reportagem sobre exploração infantil. e) Uma música de encerramento. f) Nenhum comercial Participação de Outros Estados Brasileiros a) 3 (Três) notícias de Tocantins, mas veiculada de Brasília e 4 (quatro) de Brasília e 1 (Uma) de Recife. Participação Popular O Programa demonstra ter declarações de especialistas nas áreas de psicologia e sociologia sem falar do governo apenas para avaliar a situação das crianças exploradas. E ainda uma entrevista com a presidente de uma ONG. Sugestões ou perguntas dos cidadãos não são utilizadas no programa, seja por cartas, telefonemas ou e-mails. Não existe nenhum comentário ou artigo radiofônico.
  • 35. 42 6. ANÁLISE DISCURSIVA Por se tratar de uma análise de discurso em um objeto onde sua linguagem situa-se através de meio tecnológico montamos para o CORPUS proposto pela pesquisadora Eni Puncinelli Orlandi (2002) uma parte metodológica que vai além da leitura textual, mas que engloba sonoridades, quantidade de entrevistas, participação popular e outros itens destacados em Fichas Técnicas. Pois, a estrutura do Roteiro pode nos trazer muitas pistas para a análise discursiva. “Com as novas tecnologias de linguagem, à memória carnal das línguas ‘naturais’ juntam-se as verias modalidades da memória metálica, os multi-meios, a informática, a automação”. (ORLANDI, 2002. P. 10). Para esta etapa foi feito um trabalho de Rádio Escuta de Março a Julho de 2007. Destes, foram gravados quatro programas Voz do Brasil aleatoriamente, onde foi produzido um trabalho de Rádio-Escuta, elaboração de Fichas Técnicas e roteirização de alguns programas. Após este percurso foi feito um balanço do conteúdo, e depois uma analise do discurso. Ainda, estão disponíveis dois roteiros decupados (em Anexo), para uma consulta comparativa. Foram roteirizados programas de 2007 e de 2003. 6.1 A primeira Escuta não é a real A primeira vista, ou primeira escuta do programa, surge um ímpeto de animação, pois os locutores e a estrutura Técnica do programa levam a entender muitas modificações daquela Voz do Brasil que tinha um formato genuinamente “ranço”. Mas com a continuidade nas escutas percebeu-se que as Vozes circulam em dois tipos de discursos o de “Governo Popular” e “Autoritarismo”, e transformam-se numa ferramenta que funciona com objetivo de “reconstruir sentidos”. Deixar o programa com um formato mais leve e com poucas participações do presidente seria a receita do bolo. Mas ao produzir programas temáticos, fechados em um roteiro programado para mostrar determinados assuntos tiram a possibilidade de entender o programa como não sendo “Chapa Branca”, por exemplo, escutou-se durante os programas fechados temas como Exploração Infantil, Emprego para Jovens e Cultura e Televisão no Brasil. O detalhe interessante é o programa não mostrar um panorama ou várias opiniões, nem análises ou
  • 36. 43 comentários, mas apenas números, investimentos e pequenos depoimentos de no máximo duas pessoas no qual são vazios, e quando tem conteúdo, mesmo que seja minimamente crítico, são respondidos de forma simpática com um rolo compressor de números positivos do governo federal. Um programa mantido como instrumento de comunicação imposta durante todo período militar, teve uma postura muito idêntica no ano de 2007 ao escolher para o programa de 11 de Maio trechos do pronunciamento de Lula, onde foi dito “A imprensa no Brasil não ajuda na democracia”, é bem autoritário. Outro ponto interessante no chamado discurso do Governo Popular é utilizar sempre notícias da região Norte do país, mesmo tendo percepções errôneas, pois dá a entender que a população daquela Região é formada apenas por aldeias indígenas e por locais que cultivam o Biodisel; é como se dissesse que no nordeste só existe seca e fome. Desta forma construindo uma realidade de que aquela região não tem necessidades reais para serem abordadas em um programa de rádio como, doenças, fome, falta de infra-estrutura, saúde, educação e sérios problemas ambientais. Mais difícil ainda é chegar à conclusão que muitas pessoas daquelas regiões não tem a opção de escutar outros programas de proporção nacional para informar-se, mas muitas vezes apenas a Voz do Brasil para instruir-se minimante. Em quatro programas utilizados para exemplificar este trabalho foram levantados matematicamente os seguintes números: ASSUNTO NÚMERO MÉDIA POR PROGRAMA TOTAL Ministérios 17 matérias 4,25 veiculadas p/ programa 4,25 Lula 8 matérias 2 veiculadas p/ programa 2 Órgãos ou Prog. Sociais 22 matérias 5 veiculadas p/ programa 5 Participação Popular 6 particip. 1,5 veiculadas p/ programa 1,5 Comentário Educativo 1 comentário 0,25 veiculadas p/ programa 0,25 Depoimentos Populares 3 depoiment. 0,75 veiculadas p/ programa 0,75 QUADRO 1: Média de matérias publicas por tema em cada programa
  • 37. 44 Diante deste quadro vemos que apesar da tentativa de transformar o programa tecnicamente e textualmente mais popular, esta postura não é verídica, pois, a real participação popular, ou qualquer direcionamento de serviço à população é irrisório. 6.2 Processo Discursivo “O que caracteriza o discurso, antes de tudo, não é seu tipo, é seu funcionamento”. (ORLANDI, 2002, p.86). A Voz do Brasil neste primeiro ano do 2º mandato do presidente Lula apresenta um paradoxo de discursos onde na verdade tem o mesmo objetivo, são eles: o discurso do “Governo Popular” e outro do “Autoritarismo”. Os dois funcionam de maneira que a postura assumidamente popular do Governo Lula deve ser utilizada, usando diversos recursos, para veicular dados e números positivos do governo com objetivo que acobertar midiáticamente possíveis críticas. Dentro dos discursos foram percebidas as seguintes vozes: Voz do não dizer: Que está presente nas participações populares que não tem o objetivo de democratizar opiniões, mas apenas de ilustrar os atos do governo, ou seja, mascarar o tom institucional; Voz do Calar: Esta foi a mais interessante e freqüentemente percebida, onde durante entrevistas os participantes fazem algum apontamento negativo sobre o governo e imediatamente entram referencias sobre investimentos e ações nesta área criticada, assim calando o verdadeiro discurso denunciativo ou crítico do entrevistado; Voz do Autoritarismo: Esta Voz foi encontrada nos dois últimos programas analisados, onde os números das participações do presidente e ministérios subiram assustadoramente. Tais números são reflexos da mudança de presidentes da Radiobrás e também das sérias críticas de Lula a imprensa aberta no Brasil, devido a grande abertura concedida pelos
  • 38. 45 meios de comunicação às denúncias que envolvem políticos de sua esfera ministerial como José Dirceu e Luiz Gushiken, também a crise nos aeroportos e as sérias denúncias contra seu irmão conhecido como Vavá. Essas denúncias ferveram os meios de comunicação aberta na mesma época dos meses de analises da Voz do Brasil; Voz da Ditadura: Voz encontrada principalmente no programa do dia 11 de Maio, com onde percebeu-se que todo o programa foi montado para que o ouvinte levasse a crer que a TV aberta e a imprensa no Brasil não é democrática. Nesta Voz é encontrado um Interdiscurso que na verdade tem o objetivo de enfrentar a críticas feitas contra o presidente que anunciou a criação da Rede Pública de Rádio e Televisão. Tal Voz encontra-se baseada na Memória do programa; Voz da prestação de serviço: Algumas matérias e os poucos comentários dão ao programa uma “rala” espessura de formato popular e informativo; Voz do Norte do Brasil: Percebeu-se que em todos os programas existem assuntos que interessam a região Norte do país como, por exemplo: vacinação dos índios e o Programa de Preservação de Cultura Local. Talvez pela dificuldade de comunicação em toda aquela região, e sabendo que a Voz do Brasil alcança tais localidades, o programa sempre coloca pequenos trechos de informação que parecem ter o interesse daquela população. A ida do presidente a Tocantins, por exemplo, teve ampla repercussão. Ou seja, uma população carente de informação que em geral tem base informativa na Voz do Brasil, o que faz ser mais escassa ainda a fonte democrática informação; Voz do Esquecimento: Esta Voz está presente em todos os programas ao perceber que apenas os estados do Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife têm uma contínua participação. Goiás e Tocantins só tiveram vez devido à visita do presidente nestes estados. Ou seja, Não existem notícias da Paraíba, Bahia, Acre, Espírito Santos, Rio Grande do Sul e etc. As notícias se concentram 90% em Brasília, nos ministérios;
  • 39. 46 Voz do Partido dos Trabalhadores: Voz encontrada no processo de Descrição sobre o primeiro mandato de Lula e a Voz do Brasil, onde o formato popular dado ao programa continua sendo utilizado. O formato técnico e sonoro remete as publicidades do PT no primeiro mandato de Lula; Voz da Liberdade: Voz encontrada no processo de Memória e Descrição onde demonstra que desde a criação da Voz do Brasil existe um consenso de que o programa é fruto de uma política ditatorial, vai contra a Lei da Imprensa e Constituição Brasileira e ainda sofre muitos processos e ações de rádios e estados contra sua veiculação. O movimento de mudanças no programa e falta de ouvintes para ele demonstram uma Voz em oculto que é da população pedindo silenciosamente que o programa acabe, e assim passe a ter fora de seu cotidiano um resquício de memória carregada de pontos negativos. Uma Voz de busca pela liberdade.
  • 40. 47 7. ANÁLISE COMPARATIVA O programa Voz do Brasil de 2003 apresentava discursos e vozes ligados à ideologia do Partido dos Trabalhadores. Todo o novo formato dado ao programa, nova abertura e jingles, segue o padrão da publicidade televisa utilizada pelo partido naquela época. Agora em 2007 este formato ainda é utilizado, mas sem jingles específicos para cada tema apresentado no programa como: Economia, Educação etc. Algumas notícias sobre previsão do tempo e os comentários ou artigos radiofônicos davam características de programa informativo e principalmente mais democrático, pois os comentários não eram educativos, mas continham muitas críticas e até posturas contrárias ao governo. Chegou-se a especular que se as mudanças continuassem e fortalecessem a Voz do Brasil ela teria ferramentas reais para lutar pela sua continuidade. Mas agora no programa de 2007, percebeu-se mais cuidado ao fazer o programa e menos entusiasmo. Muitos programas gravados com temas e objetivos próprios parecem ser agora parte integrante da programação, a participação dos estados caiu da mesma forma que a participação popular tornou-se mera ilustração para propagandas dos números do governo. Os comentários agora são esporádicos e têm cunho educativo como, por exemplo, as obrigações da Receita Federal e para que serve a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Em 2003 entre os governos de FHC e Lula a Voz do Brasil optou por diminuir as notícias do presidente e ministérios para dar abertura a curiosidades, pontos positivos e problemas de esfera federal de todo Brasil, mas agora o programa fechou-se em Brasília com um aumento significativo nas reportagens do presidente, ministérios e órgãos federais. Essas modificações já são sentidas após a saída de Eugênio da Bucci da Radiobrás e a entrada de José Roberto Garcez para o cargo de presidente do órgão. Para exemplificar, em 2003 eram transmitidas média de 1 notícia sobre Lula, 6 dos Ministérios, 5 de outras relacionadas ao governo, 2 não mencionavam o governo nem direta ou indiretamente, 4 artigos radiofônicos, 3 depoimentos e participações de Brasília, Pernambuco, São Paulo e Curitiba. Ou seja, em sua primeira proposta de transformação havia sim o interesse de atrair a atenção das pessoas não só no formato, mas nos diferenciais como participação popular e artigos
  • 41. 48 radiofônicos. Ainda entram na lista as informações que não são ligadas ao governo e que foram veiculadas. A previsão do tempo também ilustrava e dava um ar de radiojornalismo ao novo formato que se apresentara naquela época. Agora em 2007 o cuidado na produção das notícias é maior. Nada entra sem ter menção ao Governo Federal. Ano também em que o presidente deixou claro que não irá subestimar a imprensa, ou seja, não é simples acaso tal modificação, tal introspecção no formato popular da Voz do Brasil que deixa claro estar mais Autoritário utilizando ferramentas que apenas tentam deixá-la mais populista.
  • 42. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando percorremos todo este processo analítico é impossível não comentar em considerações finais o fato de que a Voz do Brasil no segundo mandato do presidente Lula sempre nos remete a comparações com o passado. Mas não porque Lula é o centro deste apontamento, mas sim porque a Voz do Brasil voltou a percorrer fortes trilhas de autoritarismo e ainda utilizando um formato populista para deixá-lo mais leve. Até o termo populista já nos remete ao termo “Voltar aos braços do povo” como assim foi com Getúlio Vargas e sua maneira inteligentemente populista de Governar. A Voz do Brasil em 2003 tomou gás, respirou em uma nova onda política que tomava conta do país, o de expectativas de transformações severas e para melhor. O primeiro intuito foi pensar: A Voz do Brasil terá um fim? Apesar de Eugênio Bucci deixar claro em pequenas conversas por e-mail que sim, foi cogitada essa idéia, mas que logo pensou-se em transformar a Voz do Brasil, fui remetida a outro contexto histórico escrito no Processo de Memória, onde o presidente Dutra foi convencido que a Hora do Brasil não deveria acabar e sim transformar-se em na Voz do Brasil. A Voz do Brasil no Governo Lula, pelo jeito, também foi convencida que pode ter seu lugar como ferramenta importante. E destaco que diante das primeiras modificações no ano de 2003 era de se esperar que a Voz pudesse adquirir um lugar institucional e responsável de informação, assim como diversos países têm emissoras governamentais como Estados Unidos e Londres. Ainda estamos longe do fim e perigosamente voltando a caminhos obscuros. Governo Popular com objetivos Autoritários. Uma realidade, que lógico e claramente, é diferente daqueles tempos, mas que verificamos ser amplamente utilizada na Voz do Brasil. Apesar disso, sempre encontramos estudos da Voz do Brasil, mas sempre remetendo a este passado, sem dar conta de que modificações mais importantes estão acontecendo agora e que só contextualizamos ela se entendermos o passado histórico do Brasil. A Voz do Brasil nada mais tem sido que um espelho das reais ações do Governo Federal, onde o Popular e o Autoritário se misturam de forma até homogenia, ou seja, sem que realmente incomode, ou seja, perceptível.
  • 43. 50 Não é a toa que muitos atos, até criminosos, de líderes como Hugo Chaves e Fidel Castro, são encobertos por sua popularidade e acabam transforma-os em ícones. Mas, por muitas outras transformações a Voz do Brasil passará, isto já é visto em um futuro não muito distante com a ampliação do plano comunicacional do governo para o Brasil, principalmente com a criação da Rede Pública de Rádio e Televisão, onde especulações já dizem, que a Radiobrás, produtora da Voz do Brasil, será a espinha dorsal do projeto juntamente com a TVE Brasil. Preocupante nesta situação não são as cidades que lutam contra a Voz do Brasil com um desapercebido desligar de Rádio exatamente às 19h, mas está no momento em que milhares de brasileiros ligam o Rádio exatamente nesta hora apenas para escutar a Voz do Brasil, porque é o único ou maior meio que veicula notícias, de amplitude nacional. E que estas pessoas não tem para onde ligar, denunciar, protestar e alertar para os problemas de sua comunidade e região. Não defendo aqui os programas com objetivos sensacionalistas e denunciativos, mas diante desta situação vejo uma mordaça invisível envolta dessas pessoas, uma mordaça da impossibilidade de se informar e de comunicar. Mais antidemocrático é obrigar emissoras comerciais a pararem suas transmissões para esta Voz Oficial, não é a toa que a maioria dos noticiários radiojornalísticos entram “grudadinhos” com a Voz do Brasil e quando ela termina só se quer voltar a escutar música. Voltasse a uma outra realidade ilusória, boa ou não, mas dos dias atuais do cotidiano. Além de carregar a obrigação de sempre ter o oficial na sua programação cotidiana de informação, a população também se depara com os interesses publicitários e políticos de nossa imprensa aberta. Não é a toa que as Rádios Piratas e Comunitárias nascem e crescem assustadoramente, ou digamos luta crescentemente para veicular o dia a dia real de forma simples e sincera. Com sua cultura, realidade, sua publicidade, sotaque e problemas. Idéia interessante dar finalmente o poder do “público” para o domínio da população, e então começar a construir finalmente uma democratização dos meios de comunicação. Destaco que está situação já havia sido abordada por alguns estudiosos da área como o autor Guy Debord (de forma mais severa) em A Sociedade do Espetáculo (1997), e Giddens, onde de forma mais consciente, ele fala sobre a necessidade de construir uma memória crítica, ter educação e meios para poder dar “o público” de forma responsável à população, ou dar-lhe ferramentas para ter discernimento do bom e do ruim. Pois, se a população apoderar-se do meio
  • 44. 51 sem itens fundamentais para uma postura ética, corre-se o risco de começar a praticar o que já existe em nossos meios. É o que de acordo com Luis Carlos Fridman (1999), Giddens quis dizer com “Cidadania reflexiva em um mundo globalizador”. O que adiantaria não ter a Voz do Brasil, mas permitir concessões de Rádio por apadrinhamento político? Continuaremos não tendo um radiojornalismo no mínimo confiável. Desta forma, corremos o risco de perder a grande oportunidade de realmente democratizar os meios de comunicação e até não aproveitarmos melhor os meios de comunicação em seu formato digital. Mas a questão é, a Voz do Brasil vem perdendo uma oportunidade histórica de realmente ter um radiojornalismo de qualidade, pois estamos em um governo “dito popular”, e infelizmente esta vertente tem tomado rumos de “autoritarismo”, às vezes até “truculento”. O roteiro do programa demonstra isto. E assim, fortificando a idéia que a Voz do Brasil, mesmo com transformações estéticas não cumpre um papel democrático e nem ajuda na prestação de um bom serviço à população.
  • 45. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro, Ed: Contraponto, 1997. DIRCEU, José. Uma Rede Nacional Pública de TV. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 mar. 2007. Opinião, p. A9. DOMINGOS, João. Rede Pública de Tv deve custar R$ 300 milhões. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 09 maio. 2007. Nacional, p. A8. ÉBOLI, Evandro. Bucci assume a Radiobrás e afirma: “Vamos mostrar tudo”. O Globo, Rio de Janeiro, 29 jan. 2003. O País, p.10. ELEIÇÕES 2002: História - 1990 - Fernando Collor de Mello. Folha On line, São Paulo. 1999. Disponível em <www.folhaonline.com.br>. Acesso em: 20 maio. 2007. FERNANDES, Cleudemar Alves. Análise do Discurso: reflexões introdutórias. Goiânia: Ed. Trilhas Urbanas, 2005. FRANKLIN Martins aceita ser ministro da Comunicação Social. O Estadão, São Paulo. 2007. Disponível em <www.estadao.com.br>Acesso em: 22 mar. 2007. FERRARETO, Luiz Arthur. No Ar Rádio: o Veículo, a História e a Técnica. Rio Grande do Sul: Ed. Sagra, 2000. FILHO, Milcheades. Acabou o Telecurso. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 abr. 2007. Opinião, p. A2. FRIDMAN, Luís Carlos. Pós Modernidade: sociedade da imagem e sociedade do conhecimento. Trabalho entregue ao Departamento de Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro.1999. FUTURO ministro de imprensa critica cultivo de mídia simpática. Folha On Line, Março de 2007. Disponível em <www.folhaonline.com.br>. Acesso em 11 abr. 2007. GOVERNO quer rede pública para temas que estão fora de TVs comerciais, diz Dulci. Agência Brasil, Março de 2007. Disponível em: <www.agenciabrasil.com.br>. Acesso em: 14 mar. 2007. HEILIGENDAMM, Brasileiro atenua apoio a Chaves. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 09 jun. 2007. Internacional, p. A-14. LULA defende Vavá e critica a mídia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 jun. 2007. País, p. A3.
  • 46. 53 MARQUES, Gerusa. Setor pode ter nova lei geral. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 abr. 2007. Negócios, p. B19. MARRA, Ana Paula. Jornalista José Roberto Garcez assume a presidência da Radiobrás. Agência Brasil, Brasília, 26 abr.2007. Disponível em <http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/04/20/materia.2007-04-20.5884623128/view . Acesso em: 02 set. 2007 MATAIS, Andreza. Berzoini quer controle da mídia em eleição. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 abr. 2007. Brasil, p. A5. MATTOS, Laura. Radiobrás não será chapa branca, diz Bucci. Folha de São Paulo, São Paulo, 29 jan. 2003. Folha Ilustrada, p. E3. MATTOS, Laura. Governo cede e adia classificação da tv. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 maio. 2007. Ilustrada/Brasil, p. A18. MATTOS, Sérgio. Mídia Controlada: A história da Censura no Brasil e no Mundo. São Paulo: Ed. Paulus, 2005. MINISTRO prevê debate sobre novo marco legal para TV pública no segundo semestre. Agência Brasil, Brasília. 2007. Disponível em <www.agenciabrasil.com.br>Acesso em: 20 abr. 2007. MONTEIRO, Tânia. Para Lula, Imprensa inibe turismo por só dá notícia ruim. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 14 jun. 2007. Nacional, p. A9. MOTTA, Nelson. Chapa Branca, Tarja preta, Luz Vermelha. Folha de São Paulo, São Paulo, 06 abr. 2007. Opinião, p. A2. O NOVO presidente da Radiobrás. Observatório da Imprensa. 2007. Disponível em <www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 24 maio. 2007. ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e Procedimentos. São Paulo: Ed Pontes, 2002. ORLANDI, Eni P. Discurso Fundador. A Formação do País e a Construção da Identidade Nacional. Campinas SP: Ed. Pontes, 1993. PRETI. Renata. Fala, Lula. Folha de São Paulo, São Paulo, 13 maio. 2007. Brasil, p. A4. PRIOLE, Gabriel. Tv Pública. Folha de São Paulo, São Paulo, 15 Maio. 2007. Opinião, p. A3. RABAÇA, Carlos Alberto. O desafio de Franklin. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 abr. 2007. Opinião, p. A9.
  • 47. 54 RADIOBRAS muda formato da Voz do Brasil.O Estado de S. Paulo, São Paulo. 2003. Disponível em <www.estado.estadao.com.br>. Acesso em: 11 set. 2003. RÁDIOS CRITICAM Anatel. Adital Notícias da América Latina e Caribe, Ceará. 2005. Disponível em << http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=17802>> .Acesso em: 14 out. 2007 DA REDAÇÃO. Eugênio Bucci deixa a Radiobrás. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 20 abr. 2007. Caderno, p. B-B3. RODRIGUES, Lorenna. Tv Pública: Governo pede parceria com iniciativa privada. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 mar. 2007. Economia, p. A20. RODRIGUES, Lorenna. Tv Pública de Lula estréia em Dezembro. Jornal de Brasil, Rio de Janeiro, 09 Maio. 2007. País, p. A4. RODRIGUES, Lorenna. Lula quer TV Pública no Pac Cultural. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 de Maio. 2007. Brasil, p. A6. ROSSI, Clóvis. Ato de Chávez ao fechar TV foi democrático, diz Lula. Folha de São Paulo, São Paulo, 8 jun. 2007. P. A 4. SEABRA, Giovanni Farias. Pesquisa Científica: o Método em Questão. Brasília: Ed. UNB, 2001. SELIGNAN, Kennedy; ALENCAR, Felipe. Tv Pública planeja usar recursos de 3 fundos. Folha de São Paulo, São Paulo, 09 Maio. 2007. Brasil, p. A13. SCOLESE. Eduardo. Lula afirma que já avisou o Papa que a Tv Pública será Laica. Folha de São Paulo, São Paulo, 12 Maio. 2007. Brasil, p. A19. SHORÖDER, Celson. O direito as Tvs Estatal e Pública. Folha de São Paulo, São Paulo, 06 abr 2007. Tendências / Debates – Opinião, p. A3. SOUSA, Moacir Barbosa de. Evolução do Radio Paraibano. Tese de doutorado – Escola de Comunicação e Artes (ECA), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. TEREMOS com Franklin Martins a rede pública de TV? Portal Vermelho, 2007. Disponível em <www.vermelho.ong.br> . Acesso em: 11 abr. 2007. TRAUMANN, Thomas. A crise é de FHC. Revista Época. Ed. Globo, 14 Out.2002. Entrevista, p.13-17. TV PÚBLICA não pode perder o “trem da era digital”, diz Franklin Martins. Agência Brasil, Brasília.2007. Disponível em <www.agenciabrasil.gov.br> . Acesso em: 11abr. 2007.
  • 48. 55 VASCONCELOS, Emilyn J. C. As transformações no programa Voz do Brasil: Primeiros meses do Governo Lula. Trabalho monográfico de conclusão de curso – Departamento de Comunicação Social, Universidade Federal da Paraíba, 2003.apresentado a UFPB, 2003. LIMA, Venâncio; LOPES, Cristiano. 50,2% das emissoras legalizadas têm vínculos com políticos, ONG Observatório do Direito a Comunicação, 2007. Disponível em: < http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view &id=742>. Acesso em: 8 out. 2007.
  • 49. 56 APÊNDICE 1. Roteiro I – Voz do Brasil - dia 11 de Maio de 2007; 2. Roteiro II – Voz do Brasil - dia 18 de Setembro de 2003. 3. Ficha técnica e Análise de Discurso do ano de 2003 4. E-mails trocados com Eugênio Bucci.
  • 50. 57 O Objeto: Roteirização dos programas Para esta etapa foram decupados e roteirizados um programa da Voz do Brasil do ano de 2003 e um programa do ano de 2007 para consulta. Acompanhe abaixo: Roteiro I Dia: 11 de Maio de 2007 Roteiro de 25 minutos produzido pela Rádiobrás Locutores: Luciano Seixas (I) e Anelise Borges (II) Repórteres: Estenio Ribeiro, Ana Paula, Michel Medeiros, Ana Paula, Marcela Rodrigues, Daniel Lima, Adriana Blender, Alex Rodrigues, Kelly Oliveira, Alessandra Bastos. Comentaristas: (Nenhum) TÉCNICA LOCUTOR I TÉCNICA LOCUTOR I LOCUTOR II LOCUTOR I ENTRA MÚSICA INICIAL DO PROGRAMA POR 4’’ SEGUNDOS E DEPOIS CAI PARA BG Sete da noite em Brasília/ SOBE MÚSICA INICIAL NOVAMENTE POR 22’’SEGUNDOS E CAI PARA BG POR 40’’ O Conselho Deliberativo do Fundo Amparo ao Trabalhador CODEFAT aprovou a liberação de quase nove bilhões de reais/ Esse dinheiro será usado para criação de empregos, renda e poderá ser retirado como empréstimo por empresas ou trabalhadores em bancos públicos// Terminou hoje o primeiro fórum nacional de Tvs Públicas/ O presidente Lula participou do encerramento e defendeu a importância de criar uma rede de tv alcance todo país e tenha uma programação diversificada// Índios de todo país estão sendo vacinados contra várias doenças entre elas hepatite e febre amarela//
  • 51. 58 LOCUTOR II LOCUTOR I LOCUTOR II TÉCNICA LOCUTOR I TÉCNICA LOCUTOR II LOCUTOR I TÉCNICA ESTENIO RIBEIRO TÉCNICA Está no ar a sua voz// A nossa Voz// A Voz do Brasil// ENTRA MÚSICA DA VOZ DO BRASIL COM SONORIDADE DE ÍNDIOS CANTANDO POR 10’’ SEGUNDOS E CORTA . Boa Noite, aqui dos estúdios da Radiobrás eu, Luciano Seixas e Anelise Borges// ENTRA VINHETA POR 2’’ SEGUNDOS E CORTA O FAT, Fundo de Amparo ao Trabalhador é uma espécie de conta bancária onde depositam entre outras, as contribuições do PIS e do PASEP/ Ele tem o objetivo de costear o seguro desemprego, abono salarial e o financiamento de programas de desenvolvimento econômico// Hoje aconteceu a primeira reunião do ano do grupo que decide o que fazer com o dinheiro do FAT, o conselho deliberativo/ Fazem parte do Codefat trabalhadores, patrões e governo// ENTRA FALA DO REPORTER ESTENIO RIBEIRO POR 10’’ SEGUNDOS IN: O ENCONTRO FOI ABERTO... FIM:...FUNDO PARA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL// O encontro foi aberto pelo ministro do trabalho e emprego Carlos Lupe que defende a votação de mais recursos do fundo para a qualificação profissional// SOLTA TRECHO DA ENTREVISTA DO MINISTRO CARLOS LUPE DE 32’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA.
  • 52. 59 MINISTRO LUPE TÉCNICA ESTENIO RIBEIRO LOCUTOR II LOCUTOR I TÉCNICA LOCUTOR II IN: ENTÃO, ESTOU DIRECIONADO PARA QUE OS RECURSOS... FIM:... ESTE EMPREGO QUE IRÁ SURGIR, COM CERTEZA// Então estou direcionado para que os recursos do Codefat sejam aplicados na qualificação, queremos a melhoria dos cursos de qualificação... ENTRA NOVAMENTE A FALA DO REPÓRTER ESTENIO RIBEIRO POR MAIS 16’’ SEGUNDOS E CORTA. IN: O MINISTRO SALIENTOU A IMPORTÂNCIA DE MAIORES... FIM:...DE BRASÍLIA, ESTENIO RIBEIRO// O Ministro salientou a importância de maiores investimentos também para o seguro desemprego e manifestou-se favorável que o Fórum de Secretários Estaduais do Trabalho tenha apoio e voto no Codefat./ De Brasília, Estenio Ribeiro// O presidente do Codefat, Elieser Nascimento confirma a importância de qualificar trabalhadores para o mercado de trabalho// Segundo ele se isso não for feito é possível que faltem empregados qualificados para as vagas que são criadas com o estímulo econômico que o PAC dará ao país. SOLTA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DO CODEFAT ELIESER NASCIMENTO POR 30’’ SEGUNDOS E CORTA. IN: HOJE, O BRASIL COMEÇA A CRESCER E SE... FIM:...DAS MAIORES URGÊNCIAS QUE A NAÇÃO BRASILEIRA POSSUI// Apesar da importância destacada pelo Ministro do trabalho e pelo presidente do Codefat, sobre a qualificação profissional, hoje o conselho deliberativo do FAT não aprovou nenhuma medida exclusiva para esta área.//
  • 53. 60 LOCUTOR I LOCUTOR II LOCUTOR I LOCUTOR II LOCUTOR I TÉCNICA LOCUTOR II LOCUTOR I TÉCNICA Mas o setor de geração de emprego e renda tem o que comemorar, o Codefat aprovou a liberação de quase nove bilhões de reais para a área. Este dinheiro poderá ser retirado em forma de empréstimo por empresas ou trabalhadores nos bancos públicos.// Vamos dar um exemplo, se uma trabalhador de baixa renda montar um projeto de entrega de pizza, e não tiver dinheiro para comprar as motos ele pode ir ao Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal e pedir financiamento para idéias com o dinheiro do FAT./ Assim acontece com outros trabalhadores, seja no meio rural ou empresários de médio porte.// O Codefat liberou também duzentos e trinta milhões de reais para serem usados no desenvolvimento tecnológico de negócios./ Esse dinheiro será administrado pela Finep, a financiadora de estudos e projetos ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e será destinado a projetos de médio e longo prazo para modernizar as empresas brasileiras.// Vale destacar que o dinheiro liberado pelo Codefat é somente para este ano.// Para 2007 o Codefat prevê também a destinação de doze bilhões de reais para o pagamento de seguro desemprego e cinco bilhões de reais para o abono salarial.// SOLTA VINHETA II POR 2’’SEGUNDO E CORTA. O presidente Lula participou do último dia do Fórum Nacional de Tvs Públicas que aconteceu nessa semana aqui em Brasília.// No encontro, o presidente garantiu que o projeto de televisão pública defendida pelo governo, não vai ser tendencioso.// SOLTA PASSAGEM DA REPORTER ANA PAULA MARRA DE 25’’ SEGUNDOS E CORTA. IN: AO PARTICIPAR DA CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO... FIM: ... É UMA DAS PRIORIDADES DE SEU GOVERNO
  • 54. 61 ANA PAULA TÉCNICA LULA TÉCNICA ANA PAULA NESTE SEGUNDO MANDATO.// Ao participar da Cerimônia de encerramento do primeiro Fórum Nacional de Tvs Públicas em Brasília, o presidente Lula ressaltou a importância do Brasil implantar uma televisão de caráter público, com alcance nacional e programação diversificada./ Lula ao discursar para representantes de emissoras educativas e comunitárias, do governo federal, do congresso nacional e da sociedade civil, disse que como cidadão sente falta de grandes debates nas tvs, debates, por exemplo, segundo exemplificou, sobre aborto, células tronco, biodiesel e energia nuclear./ Lula destacou ainda, importância do envolvimento de toda a sociedade entorno do tema e voltou a afirmar que a criação de uma televisão pública no país de qualidade e que seja laica e não seja chapa branca é uma das prioridades do seu governo neste segundo mandato.// SOLTA PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE LULA POR 33’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA. IN: QUANDO EU CONVIDEI O FRANKLIN PARA SER MINISTRO... FIM:... QUE MUITAS VEZES NÃO SÃO FEITAS NESTE PAÍS.// Quando eu convidei o Franklin para ser ministro, uma das coisas que disse para o Franklin foi o seguinte: Nós vamos fazer a Tv Pública./ Vamos fazer sem “trololó”, vamos fazer porque é preciso fazer./ Hoje eu sou um homem convencido que nos temos que fazer./ Do Oiapoque ao Chauí eu quero que as pessoas vejam uma tevê, sabe, fiel aos princípios da democracia, respeitando a todo mundo, sabe, mas dizendo que tem ser dito neste país e fazendo as coisas que muitas vezes não são feitas neste país// SOLTA PASSAGEM 2 DA REPORTER ANA PAULA MARRA POR SERGUNDOS 24’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA. IN: O PRIMEIRO FÓRUM NACIONAL DE TVS PÚBLICAS... FIM: ...E SISTEMAS DE FINANCIAMENTO/ DE BRASÍLIA ANA PAULA MARRA// O primeiro Fórum Nacional de Tvs Públicas teve o objetivo de
  • 55. 62 TÉCNICA LOCUTOR II LOCUTOR I LOCUTOR II TÉCNICA MICHEL MEDEIROS discutir a televisão pública e seus desafios no cenário da Comunicação Social Contemporâneo./ Nos debates foram tratadas questões como finalidade de televisão, programação e modelo de negócios, marcos regulatórios, migração digital e sistemas de financiamento./ De Brasília, Ana Paula Marra.// SOLTA VINHETA 2 DO PROGRAMA POR 5” SEGUNDOS E DEPOIS CAI PARA BG POR MAIS 5” SEGUNDOS E CORTA. Hepatite e febre amarela são algumas das doenças que atingem os índios no Brasil e que aumentam os índices de mortalidade entre essa população.// Por isso, todas as aldeias brasileiras estão recebendo os agentes da Funasa que estão vacinando índios de todo o país.// A imunização faz parte de uma campanha de vacinação indígena que vai alcançar mais de cento e vinte mil índios.// SOLTA PASSAGEM DO REPORTER MICHEL MEDEIROS POR 45’’SEGUNDOS E CORTA. IN: MAIS DE CENTO E VINTE MIL ÍNDIOS... FIM: ...E O CONTROLE DESSAS DOENÇAS NAS COMUNIDADES INDÍGENAS. Mais de cento e vinte mil índios que vivem em todo o país deverão ser vacinados pela Fundação Nacional de Saúde Funasa até o dia 15 de junho./ A expectativa é chegar em cerca de mil e cem aldeias e imunizar os índios contra as principais doenças que matam essa população, como Hepatite, coqueluche e febre amarela./A Funasa disponibilizou treze tipos de vacinas entre elas a de gripe que será aplicada nos índios de mais de sessenta anos./ Segundo o presidente da Fundação Nacional de Saúde, Danilo Forte, as doenças são as principais causas morte entre a população indígena./ Ele explica que o objetivo da campanha é fortalecer a prevenção e o controle dessas doenças nas comunidades indígenas.//
  • 56. 63 TECNICA PRESID.FUNASA TÉCNICA MICHEL MEDEIROS TÉCNICA PRES. FUNASA SOLTA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA FUNASA DANILO FORTE POR 18’’ SEGUNDOS E DEPOIS CORTA. IN: O OBJETIVO MAIOR DESSA CAMPANHA VACINAÇÃO... FIM: ...EXATAMENTE NESTA POPULAÇÃO DE SESSENTA ANOS./ O objetivo maior dessa campanha de vacinação é exatamente a prevenção para diminuir a mortalidade infantil de zero a cinco anos e a mortandade na idade adulta./ Esta campanha contra a gripe é exatamente na população com mais de sessenta anos.// SOLTA PASSAGEM 2 DO REPORTER MICHEL MEDEIROS POR MAIS 18” SEGUNDOS E CORTA. IN: NO ESTADO DO AMAZONAS... FIM:.. NO TRANSPORTE DAS VACINAS.// No Estado do Amazonas que concentra a maior população indígena do país, a meta é aplicar vacinas em índios de mais de quatrocentas e oitenta aldeias./ Segundo o presidente da Funasa, a principal dificuldade na vacinação destes índios está nos acessos as aldeias e no transporte das vacinas.// SOLTATRECHO 2 DA ENTREVISTA DO PRESIDENTE DA FUNASA, DANILO FORTE POR MAIS 21” SEGUNDOS E CORTA. IN: AS DISTANCIAS SÃO MUITO GRANDES FIM: ...PARA CHEGAR COM VÍDA ÚTIL NO LULAR DA APLICAÇÃO.// As distancias são muito grandes na grande maioria das vezes se dá por hidrovia, e o problema que tem das vacinas é que elas têm que ser armazenadas a uma dada temperatura./ A Funasa adquiriu geladeiras solares para poder manter a temperatura baixa das vacinas para chegarem com vida útil ao lugar da aplicação.//