7. sumário
Apresentação, 7
Choro 100 (uma orquestrinha de bolso), 8
O violão no choro, 11
O violão de sete cordas, 14
Gêneros musicais, 15
Comentários sobre as músicas, 16
Discografia, 18
Bibliografia, 20
O Autor, 21
Partituras, 43
8.
9. apresentação
A idéia deste projeto surgiu quando percebi a quase inexistência de material didá-tico
para músicos interessados em aprofundar-se no estudo do choro. Digo quase porque
quando existe algo é difícil de ser encontrado. Esse material deveria possibilitar ao estu-dante
a participação em qualquer roda de choro, fornecendo-lhe informações históricas e
estilísticas, as partituras de grandes clássicos e uma gravação que permitisse ao praticante
– além de observar detalhes da execução de grandes instrumentistas – tocar acompanhado
pelos melhores músicos do gênero.
Assim nasceu o Choro 100, projeto prontamente abraçado pela Biscoito Fino. Nada
mais natural, para a sua execução, que fossem convidados os integrantes do Nó em Pingo
d’Água – Mário, Rodrigo, Rogério, Papito e Celsinho –, músicos de reconhecida excelência
no assunto. Essa formação – sopros, bandolim, violão, baixo e pandeiro – requeria ainda a
complementação de um cavaquinista, e tal carência foi suprida com sobra pela participação
de Jayme Vignoli, um dos instrumentistas mais ativos e de maior competência na atual
cena carioca de choro.
Os arranjos foram gravados na forma e no tom em que costumam ser tocados
nas rodas de choro – que não é necessariamente a tonalidade original escolhida pelo
compositor da música. Optamos por manter, na execução, pequenas modificações
e a surpresa de alguns improvisos, para dar ao resultado final a credibilidade do
que se ouve em uma autêntica roda de choro. Essas variações forçam o estu-dante
a praticar a percepção, tirando alguns detalhes “de ouvido”. Dessa forma,
mantemos um pouco da didática intuitiva utilizada no universo do choro, pela
qual todos os grandes chorões de outrora tocavam e estudavam.
Temos a certeza de estar fazendo chegar às mãos dos leitores e estudantes
um material de valor inestimável. Esperamos que ele contribua para a difusão
deste gênero tão especial e de espírito tão brasileiro, o choro.
Rodrigo de Castro Lopes
Produtor
10. choro 100
(uma orquestrinha de bolso)
O bom deste projeto é que ele não está querendo inventar a roda, embora o CD
tenha o formato de uma rodinha, só que prateada – provando que o mundo está sempre
em evolução, girando, girando.
Desde que inventaram a música, sempre existiu um professor atrás da estante rabis-cando
uma partitura. O mundo evoluiu que nem a roda, e os novos suportes de ensino aca-baram
ganhando a mesma forma arredondada. Do velho disco acetato ao moderno CD, há
sempre o cheiro de giz de um professor rabiscando na lousa de ardósia um pentagrama.
E desde que música é música, a melhor coisa do mundo foi (e é!) juntar um bando
de amigos, cada um com seu instrumento, para tocar aquela melodia que entrou no ouvi-do
da gente e não quer sair. Mas nem sempre existem amigos músicos disponíveis para a
chamada prática de conjunto.
Aí, o jeito é fazer uma espécie de karaokê instrumental, sabendo que não é preciso
estudar lá fora pra compor como Tom Jobim ou Baden Powell, nem orquestrar igual a
Radamés e Pixinguinha. É tocando e estudando que se aprende.
Você agora pode levar sua orquestrinha para casa ou levá-la também para quintais
vizinhos, e tocar a melhor música popular do mundo graças à iniciativa deste projeto lan-çado
pela Biscoito Fino, que valoriza não só a divulgação da grande música instrumental
brasileira como também estimula a prática de conjunto, tão necessária aos estudantes de
música. Um trabalho de peso, que se credita a Celsinho Silva, Papito, Rogério Souza, Mário
Sève e Rodrigo Lessa, músicos do grupo Nó em Pingo d’Água, e ao cavaquinista Jayme
Vignoli.
Sem a pretensão de ter inventado a roda, como já expliquei, neste conjunto de sonoras
e reluzentes rodinhas a gente da música vai se fartar com o cardápio musical colocado à
mesa, com requintes nunca dantes imaginados.
Histórico
A gente nunca vai saber quem foi o primeiro professor de música e nem a identidade
daquele menino que, curioso, atravessou a sala de aula com seu instrumento debaixo do
braço. E nem quando isso se deu.
Por exemplo: meu professor de violão, o açougueiro açoriano Antonio Rebello, foi
discípulo de Quincas Laranjeiras que, segundo se conta, foi precursor do ensino por música
do nosso mais popular instrumento. Depois, Mestre Rebello e Luiz Bonfá foram estudar
com Isaias Sávio, e dessa escola-matriz foram surgindo Turíbio Santos (hoje instrumentista
de fama internacional e diretor do Museu Villa-Lobos), os irmãos Abreu e o grande Jodacil
11. 100 (uma orquestrinha de bolso)
Damaceno, que repassou seus conhecimentos pra Joyce e Guinga – entre muitos outros. E
lá atrás, o velho Quincas nem sabia que estava fazendo história.
Ah, sim: o poeta-trovador Catulo da Paixão Cearense foi quem ensinou à primeira-dama
da época os primeiros acordes do violão que ela, serelepe, levou aos saraus palacianos,
escandalizando a corte ao executar o Corta-jaca, da grande Chiquinha Gonzaga. Dona Nair
de Teffé, filha do Barão de Teffé e esposa do Presidente Hermes da Fonseca, era também
conhecida pelo seu traço preciso e irreverente de cartunista. Assinava seus desenhos com
o nome de Rian. Eu a conheci e entrevistei na Rádio MEC na década de 50, para onde fui
levado por obra e graça de dois amigos de Mário de Andrade: Lucio Rangel e Mozart de
Araújo. Uma menina muito precoce organizava a coleção das raras partituras de Mozart:
Luciana Rabello, irmã de Raphael. E os dois, precoces, teriam como professores o velho
Meira e o grande Canhoto. Meninos ainda, não sabiam que o destino lhes reservava cruzar
com Radamés Gnattali, ela e Maurício Carrilho escrevendo uma nova história do choro
através da Acari Records, e promovendo a maior pesquisa de repertório do gênero através
dos cadernos do Princípios do choro (com a colaboração de Anna Paes), um monumento
cultural esculpido de parceria com o Instituto Sarapuí e a gravadora Biscoito Fino. Um
fabuloso trabalho de arqueologia musical que fez desencavar verdadeiras pérolas em baús
que estavam apodrecendo nos porões da indiferença. Era a velha roda girando ao compasso
de um corta-jaca travesso.
Sem querer reinventar a roda, e inspirado num inesquecível seminário organizado
em 1987 por Toninho Horta em Ouro Preto, propus (sem inventar a roda...) o projeto Ra-damés
Gnattali, na Funarte. Isso em 1988. O suporte era uma roda de vinil então chamada
de LP, onde os melhores músicos brasileiros foram precursores de uma espécie de karaokê
didático-instrumental. Roberto Gnattali e Luiz Otávio Braga formataram o projeto, que
ganhou o subtítulo de Dê uma canja. Sabe-se lá o que é tocar com alguns dos melhores
músicos brasileiros? Pois é: Raphael Rabello, Chiquinho do Acordeon, Joel do Nascimento,
Vitor Santos, Mauro Senise, Zimbo Trio, Helvius Vilela – um mundão de gente.
Porque estava na cara que faltava um suporte dinâmico que estimulasse a tal prática
de conjunto e, sobretudo, atenuasse a solidão daquele anônimo estudante de música do
interior, que raramente encontrava um parceiro para dividir com ele um choro de Jacob
do Bandolim ou de Pixinguinha, ou um samba de Noel.
E aí, há uns quatro anos, meu querido Maurício Carrilho inventou uma fantástica
Oficina de Choro com seus ex-companheiros da Camerata Carioca, conjunto que, aliás,
nasceu com as bênçãos de Radamés Gnattali e com eles gravou um disco em homenagem a
quem? Ao Jacob do Bandolim, que acabou virando nome de instituto, e do instituto nasceu
a Escola Portátil de Música. Lá foram criados suportes didáticos como as Apostilas sonoras
e as Apostilas audiovisuais.
E obediente à máxima de Chacrinha que “nada se inventa e tudo se copia”, a gente é
espectador dessa maravilhosa proliferação de métodos os mais diversos, que atende a uma
clientela específica que já começou a soletrar musicalmente as obras de Pixinguinha, Ana-choro
12. cleto, Ernesto Nazareth, Tom Jobim e tantos outros mestres que nos ensinaram o idioma
musical brasileiro. Está aí o Choro 100 (Play Along Choro) como prova, e que irá ganhar o
destino de dezenas de oficinas de choros e escolinhas informais que, a exemplo da Escola
Portátil de Música, hoje grassam pelo Brasil afora, carentes de mais esse suporte didático.
Daí que, nesse girar da roda, o velho mestre Quincas Laranjeiras dá o braço a Maurício
Carrilho, enquanto Chiquinha Gonzaga e Dona Nair de Teffé volteiam pelo salão mostrando
as artes do cavaquinho de Luciana Rabello, enquanto Kati Almeida Braga e Olivia Hime
abrem as portas do Instituto Sarapuí para essa garotada que vem chegando, e entregam a
Rodrigo de Castro Lopes e a estes músicos da alta linhagem do choro a tarefa de criar mais
um suporte de ensino, que vem somar-se às iniciativas mais conseqüentes para provar que
a juventude não é alienada – e que tais suportes são fatores de inclusão social através do
ensino da música, divina música.
E já repararam uma coisa? A logomarca da Biscoito Fino tem a forma de um biscoito
redondo. Ou seja: é a velha roda, inspirando tudo, se reinventando a cada novo dia.
10
Hermínio Bello de Carvalho
Rio de Janeiro, 2005.
choro 100 • violão
13. o violão no choro
O final do século XIX foi um período musicalmente muito rico na cidade do Rio
de Janeiro. Pessoas juntavam-se em encontros informais para tocar músicas de sucesso
da época, unindo músicos profissionais e amadores. Esses encontros renderam muitos
frutos, tais como o maxixe, dança surgida em 1875, e finalmente o choro, criado por volta
de 1880, em torno de uma flauta, um violão e um cavaquinho. O choro era a forma que
esses músicos, muitos deles sem estudo formal, encontravam para tocar estilos musicais de
origem européia, com adaptações rítmicas e harmônicas mais familiares aos seus ouvidos
brasileiros. Assim, os músicos se adequavam às dificuldades encontradas. Muitas vezes,
alguns poucos componentes tocavam por partitura enquanto os outros executavam as
músicas de ouvido, promovendo desafios harmônicos e improvisacionais entre si, o que
serviu para enriquecer o caráter polifônico do choro.
Com o passar do tempo, novos instrumentos foram acrescentados aos grupos, re-sultando
de forma natural, a partir de 1890, na formação de conjuntos, chamados “regio-nais”.
A formação do grupo regional ideal foi sugerida pelo flautista e compositor Joaquim
Antônio da Silva Callado (RJ, 1848-1880), considerado o “pai dos chorões”, que usava um
cavaquinho, dois violões e uma flauta, instrumentação seguida por muitos outros grupos,
até os nossos dias.
Os principais violonistas (seis cordas) dos primórdios dos regionais de choro traziam
a marca de uma época boêmia e urbana, onde as serenatas e os saraus eram freqüentes.
Um dos expoentes dessa época foi Catulo da Paixão Cearense, poeta e compositor
responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade, com modinhas e toadas,
muitas delas em parceria com o violonista João Pernambuco.
Quincas Laranjeiras (Joaquim Francisco dos Santos, 1873-1935) foi o precursor do
violão erudito no Brasil, por sua forma de ensinar a tocar violão por partitura e por criar
e estilizar o solo de violão popular na música brasileira.
Um dos mais importantes violonistas e compositores brasileiros de choros foi João
Pernambuco (João Teixeira Guimarães, 1883-1947), aluno de Quincas Laranjeiras, que se
tornou conhecido nos meios musicais por intermédio de Catulo da Paixão Cearense. João
Pernambuco foi o idealizador do grupo Caxangá, pioneiro, em 1910, na formação dos regio-nais,
que contava com o flautista Pixinguinha, na época com somente 13 anos de idade.
Com o fim do Caxangá, Pixinguinha formou o grupo Os Oito Batutas, no qual tocava
Donga (Ernesto J. Maria dos Santos, 1890-1974), um violonista que seria fundamental para
a história do samba, e que também estudou com Quincas Laranjeiras.
11
14. choro 100 • violão
Um outro músico dessa fase que merece ser mencionado é Tute (Artur de Souza
Nascimento, RJ, 1886-1957), que com China, violonista irmão de Pixinguinha, introduziu
o violão de sete cordas nos conjuntos de choro e nos regionais.
Outra referência do violão na história da música popular brasileira é Garoto (Ani-bal
Augusto Sardinha, 1915-1955). Multiinstrumentista extraordinário, gravou e tocou
com grandes nomes da época, tanto como acompanhante quanto como solista. Entre eles
temos: Laurindo de Almeida (violonista), José Meneses (violonista), Chiquinho do Acor-deon,
Radamés Gnattali, além de cantores como Carlos Gardel, Carmem Miranda e Sílvio
Caldas. Foi um compositor moderníssimo para sua época. Suas composições para violão
são consideradas, ainda hoje, muito sofisticadas. Em 1953 gravou o seu primeiro LP solo
de violão, e faleceu pouco tempo depois, em 1955.
Dilermando Reis é outro grande violonista e compositor que merece destaque. Foi
professor de violão nas famosas casas de música Bandolim de Ouro e Guitarra de Prata,
no Rio de Janeiro. Vários de seus alunos destacaram-se, como os violonistas Bola Sete e
Darci Vilaverde. Como a maioria dos grandes músicos da sua época, trabalhava em diversas
estações de rádio. Gravou também vários LPs solo, sendo em alguns acompanhado por
Dino Sete Cordas ou por Meira, um dos melhores acompanhadores de todos os tempos, e
um dos violonistas populares mais solicitados de sua época. Meira criou um estilo e uma
escola, abrindo caminho para músicos como Baden Powell (violonista), Raphael Rabello
(violonista de seis cordas e de sete cordas) e Maurício Carrilho (violonista de seis e sete
cordas), entre outros.
Com a consolidação dos discos e o surgimento do rádio (1922), os músicos de re-gionais,
que perderam espaço em eventos para a música mecânica, passam a tocar, em
atividades de lazer nos quintais e nos bares. Mas em seguida, ao firmar-se o rádio na moda
e no cotidiano das pessoas, surgem vários programas de calouros, competindo diariamente
por audiência e abrindo um novo horizonte para os músicos de conjuntos regionais.
Em 1935, aparece Horondino J. da Silva (RJ, 1918 -2006), Dino Sete Cordas, que tocava
de ouvido e aprendeu a estudar o bordão – rápidos contrapontos tocados nas cordas graves do
violão –, nas variações que praticava com o pai. Em 1937, integrou o conjunto de Benedito
Lacerda, conhecendo Meira, que substituía outro músico do grupo. Dessa forma, nasceu
uma das mais famosas duplas de violonistas acompanhadores no Brasil – Dino e Meira.
No início dos anos 1950, com o afastamento de Benedito Lacerda, o grupo passa a
se chamar Regional do Canhoto, época marcante para Dino, pois foi quando começou
a tocar o violão de sete cordas e a aprimorá-lo, chegando à perfeição e se tornando uma
referência para o estilo, tanto que, até os dias de hoje, é considerado o maior mestre do
violão de sete cordas.
Na década de 1960, Jacob do Bandolim organiza um novo conjunto, chamado Época
de Ouro, que atingiria o equilíbrio perfeito entre a sonoridade instrumental e a formação
regional. Eram três violões na formação: Dino Sete Cordas, César Faria e Carlinhos Leite.
12
15. o violão no choro
Esse grupo consolidou a linguagem de acompanhamento de violões no choro e é referência
até hoje para muitos músicos e conjuntos de choro.
Outro grande violonista que integrou o Época após a morte de Jacob foi Damásio
13
Batista (seis cordas).
Nos anos 1970, é montado no Rio de Janeiro o Show Sarau, dirigido por Sérgio
Cabral, que reunia o conjunto Época de Ouro e Paulinho da Viola (ótimo compositor de
choro, que ajudou a reativar o gênero após a morte de Jacob). O sucesso foi tanto que a TV
Bandeirantes, de São Paulo, promoveu o Festival Nacional do Choro, em 1977, e depois um
outro, em 1978. A partir desses acontecimentos, o choro voltava ao mercado, trazendo novos
músicos e ótimos grupos que representariam a sua contemporaneidade. Assim, surgiam os
grupos Carioquinhas, Galo Preto e, logo depois, os conjuntos Camerata Carioca e Nó em
Pingo d’Água, expoentes dessa nova geração que seguem a formação tradicional de dois
ou três violões, já anunciada por Joaquim Callado no século XIX.
Os Carioquinhas revelariam Raphael Rabello, violonista de sete cordas que seria
considerado mais tarde um dos maiores solistas de violão brasileiro.
Nessa fase de inovação no choro, vale lembrar as formações encontradas nos vários
grupos, tal como as duplas de violão de Maurício Carrilho (seis cordas) e Raphael Rabello
(sete cordas) nos Carioquinhas e na Camerata Carioca; Jorge Simas (sete cordas) e Rogério
Souza (seis cordas) do Nó em Pingo d’Água; Luiz Octavio Braga (sete cordas) na Camerata
Carioca; e, por fim, Luiz Octavio Braga, Farina (sete cordas), Téo de Oliveira e Mario Rocha
(seis cordas) do Galo Preto.
Na década de 1980 destacam-se também os violonistas Toni Sete Cordas (hoje in-tegrante
do Época de Ouro), os irmãos Waldir e Valter Silva, no Rio de Janeiro, João Lira
(Orquestra de Cordas Dedilhadas, de Recife), Israel e Waldomiro (Isaias e seus Chorões, de
São Paulo), Edson Santos (Os Ingênuos, da Bahia) e tantos outros por todo o Brasil.
Os grupos dos anos 1990, surgidos no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil,
revelaram vários violonistas de seis e sete cordas, demonstrando capacidade de absorver e
fundir o tradicional à concepção inovadora e informatizada dos dias de hoje. Dessa forma,
temos grupos de choro como o Água de Moringa, Rabo de Lagartixa, Tira Poeira, Grupo
Sarau, Quarteto Maogani, Trio Madeira Brasil e muitos outros, além de músicos como Ya-mandú
Costa, atual revelação do violão brasileiro, que usa o sete cordas como instrumento
solista, tal como já havia feito Raphael Rabello.
Assim como no futebol, o Brasil revela a todo momento grandes craques da música,
violonistas de vários estilos, solistas e acompanhantes, e todos ou quase todos usando o
choro como linguagem principal da música instrumental brasileira.
Não podemos deixar de mencionar alguns grandes violonistas e compositores que
levaram nossa música (principalmente o choro) para todos os cantos do mundo: Baden
Powell (nosso mestre maior do violão brasileiro), Sebastião Tapajós, Turíbio Santos, Os
Irmãos Assad, Canhoto da Paraíba e muitos outros.
16. o violão de sete cordas
Não se sabe ao certo a origem do violão de sete cordas. Cogita-se que tenha vindo
da Rússia, mas sabe-se que sua utilização vem do início do século XX.
Segundo Pixinguinha, um grupo de ciganos na Praça Onze usava um violão de sete
cordas com afinação diferente da ocidental. Tute e China (irmão de Pixinguinha) foram
pioneiros no contato com esse instrumento. Tute é considerado o introdutor do violão de
sete cordas nos conjuntos de choro.
Imitando instrumentos de sopro, usava-se o contracanto nos baixos do violão, em
linhas popularmente conhecidas como baixarias, integrando o emprego dos baixos à téc-nica
violonística, o que exige coerência sonora e harmônica. A sétima corda, que é a mais
grave do violão, afina-se na nota dó, possibilitando maior liberdade ao executante na região
grave do instrumento.
O violão de sete cordas populariza-se a partir de 1953 com Dino Sete Cordas, que
foi responsável pelo desenvolvimento de uma técnica elaborada nas construções rítmicas
e melódicas das baixarias ou bordão, como já foi chamado tempos atrás. Com constante
presença em shows, CDs de choro e de MPB pela década de 1970, o versátil sete cordas de
Dino fez vários seguidores por todo o Brasil. Um deles foi Raphael Rabello, um excelente
violonista de sete cordas, que mais tarde tornar-se-ia um dos maiores instrumentistas da
música popular brasileira, utilizando pela primeira vez o instrumento como solista. Teve
muito êxito, deixando, assim como Dino Sete Cordas, uma escola do violão brasileiro,
apesar da curta carreira.
14
17. gêneros musicais
Choro
Formação de pequenos grupos instrumentais de música popular, que tocavam gêneros
estrangeiros por volta de 1875 no Rio de Janeiro. O choro pode ser lento, como no choro-canção,
ou ligeiro, podendo ser chamado também de chorinho, estilo que exige virtuosismo
do solista e destreza dos acompanhantes. O conjunto de choro nos dias de hoje costuma
ser composto por um solista – que pode ser um instrumento de sopro ou um bandolim –,
um ou dois violonistas, cavaquinho e pandeiro.
Polca
De origem boêmia, chegou aos salões brasileiros por volta de 1845. Tem andamento
alegre e compasso binário. Tornou-se popular por intermédio dos chorões e das sociedades
carnavalescas. A primeira partitura a ser escrita e editada no Brasil foi uma polca.
Corta-jaca
Espécie de dança de origem ainda discutida, podendo ter vindo da Espanha ou ter
sido criada no Brasil. Tocava-se na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo. É uma dança
com sapateado, em voga no século XIX. O corta-jaca encontrou espaço para evoluir no
Nordeste, dando origem ao Coco, dança típica daquela região.
Valsa
Dança de origem austríaca. Tem compasso ternário, com acentuação no primeiro
tempo. É também o nome dado à música que acompanha essa dança. A valsa brasileira
carrega influências da modinha e da serenata.
Baião
Dança e canto popular nordestino, é acompanhado principalmente de viola. Conserva
células rítmicas e melódicas do xotis e do coco. Tem compasso binário e andamento alegre.
O baião teve grande impulso com o sucesso de Luiz Gonzaga, a partir de 1946.
15
18. comentários sobre as músicas
É importante prestar bem atenção a cada uma das partes da forma de cada choro
gravado. Note-se que, na primeira execução de cada parte (na forma A/B ou A/B/C) a
execução segue a partitura. Mas as repetições das partes de algumas músicas são proposi-tadamente
tocadas de maneira diferente, para que o aprendiz do choro possa exercitar-se,
tirando essas partes de ouvido, coisa aliás muito comum no choro. Muitos dos grandes
mestres do choro tocavam de ouvido, poucos sabiam ler partitura.
Estes arranjos para violão são baseados nas gravações do grupo Época de Ouro.
Muitos destes baixos (baixaria) são dos próprios compositores ou dos violonistas Dino
Sete Cordas, César Faria e Carlinhos Leite, todos mestres do estilo.
1. Ainda me recordo
Choro em que o violão tem grande importância pela quantidade de baixos em toda
a música. Pixinguinha mostra todo seu conhecimento de contraponto nesta e em outras
músicas. Gravado com violão de sete cordas.
2. Assanhado
Choro-samba gravado com violão seis cordas. Tem duas levadas (ritmos) diferentes
e muito interessantes em cada parte. É um tema muito usado para improvisar, principal-mente
16
na parte B.
3. Chorando baixinho
Choro-canção com três belas partes, muito tocado pelos instrumentistas de sopros
(a peça foi escrita originalmente para clarineta). Gravado com um violão de sete cordas.
4. Choro negro
Choro-canção gravado com violão de sete cordas, bem ao estilo de Paulinho da Viola,
com belas melodias e harmonias interessantíssimas. Este choro é uma parceria de Paulinho
com Fernando Costa.
5. Dança de urso
Polka brasileira com três partes, gravada com violão de sete cordas. Preste atenção em
algumas antecipações de harmonia/ritmo, recurso muito usado no choro (em antecipações
de colcheia ou semicolcheia).
19. comentários sobre as músicas
6. Delicado
É um baião (ritmo do Nordeste do Brasil ). Apesar de esta peça ser tocada por cho-rões,
o baião normalmente não se enquadra nos ritmos do choro. Gravado um violão de
seis cordas para se focar bem o ritmo do baião.
7. Gaúcho
Outro clássico do choro. É um dos maxixes mais conhecidos e mais tocados no Brasil.
Gravado com violão de sete cordas. É muito comum improvisar-se sobre a harmonia da in-trodução
17
(Dm/A7).
8. Noites cariocas
Um clássico do choro, obrigatório em qualquer “roda”. Gravado com violão de sete
cordas. Tema muito usado para improvisar, principalmente na parte B. Tente!
9. Numa seresta
Choro típico com três partes: A/B/C (Pixinguinha e Nazareth foram grandes mestres
de choros com três partes). Gravado com sete cordas.
10. Rosa
Típica valsa brasileira, do mestre Pixinguinha. Gravada com violão de sete cordas.
Observe que os baixos são usados para preencher os silêncios da melodia.
11 e 12. Sons de carrilhões
Choro escrito para violão solo. Gravado com um violão solo de seis cordas, e um
outro de sete cordas com harmonias e baixarias.
13. Tenebroso
Composição original para piano, gravada com violão de sete cordas. O interessante
neste choro de três partes é que a melodia da parte A é feita nos graves do violão (mão
esquerda do piano).
14. Um a zero
Outro clássico do choro, com três ótimas partes. Com violão de seis cordas, foi feita
nessa gravação uma base de samba contínua em toda a música. A parte C é muito usada
para improvisar.
15. Vibrações
Obra-prima de Jacob do Bandolim. Do CD Vibrações, com Jacob e o grupo Época de
Ouro, que é considerado por muitos o melhor CD de Choro da história da música brasi-leira.
Os violões deste CD são as maiores referências para um acompanhamento de choro
perfeito. Foram gravados dois violões, de seis e sete cordas.
20. discografia
Listamos aqui alguns trabalhos que consideramos indispensáveis em uma discografia
básica do violão no choro, mas existem diversos outros a serem pesquisados.
Obs.: V6 = violão de seis cordas V7 = violão de sete cordas
obra intérprete gravadora ano de
18
lançamento
Violonistas
Assanhado Jacob e Época
de Ouro
RCA
Camden
1966 Dino (V7), Cesar
(V6) e Carlinhos
Leite (V6)
Café Brasil I/II Época de Ouro WEA Music 2002 Dino (V7), Cesar
Faria (V6) e Toni
(V6)
Chorando baixinho,
um encontro
histórico
Época de Ouro Kuarup 1979 Dino (V7), Cesar
Faria (V6), Carlinhos
Leite (V6) e vários
Cinco companheiros Pixinguinha Sinter 1956 Irani Pinto e Jessé
(V6)
Dino 50 anos Dino Sete
Cordas e Época
de Ouro
Copacabana 1987 Dino (V7), Cesar
Faria (V6) com
Época de Ouro e
Toni (V6)
Época de Ouro e
Armandinho
Época de Ouro
e Armandinho
Tom Brasil 1993 Dino (V7), Cesar
Faria (V6) e Toni
(V6)
Época de Ouro
interpreta
Pixinguinha e
Benedito Lacerda
Época de Ouro Continental 1977 Dino (V7), Cesar
Faria (V6) e
Carlinhos Leite (V6)
Galo preto I Galo Preto RCA Victor 1978 Luiz Otavio Braga e
Farina (V7)
21. discografia
obra intérprete gravadora ano de
19
lançamento
Violonistas
Galo preto II Galo Preto Galo Preto 1981 Teo de Oliveira e
Mario Rocha (V6)
J. Pernambuco 100
anos
Nó em Pingo
d’Água
Funarte 1983 Jorge Simas (V7)
Rogério Souza (V6)
Memórias chorando Paulinho da
Viola
EMI Odeon 1976 Paulinho da Viola e
Cesar Faria (V6)
Mistura e manda Paulo Moura Kuarup 1983 Raphael Rabello
(V7), Maurício
Carrilho (V6) e
Cesar Faria (V6)
Os Carioquinhas no
choro
Os
Carioquinhas
Som Livre 1977 Raphael Rabello
(V7), Maurício
Carrilho (V6)
Raphael Rabello e
Dino Sete Cordas
Raphael
Rabello e Dino
Sete Cordas
Caju Music 1991 Raphael Rabello
(V7) e Dino Sete
Cordas (V7)
Repertório da Rádio
MEC
Jacob do
Bandolim
Cesar Faria (V6) e
Carlinhos Leite (V6)
Tributo a Jacob Radamés
Gnatalli
Atlantic /
WEA
1979 Raphael Rabello
(V7), Maurício
Carrilho (V6) e
João P. Borges (V6),
Joel Nascimento e
Camerata Carioca
Vibrações Jacob e Época
de Ouro
RCA
Camdem
1967 Dino (V7), Cesar
Faria (V6) e
Carlinhos Leite (V6)
22. bibliografia
ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo; Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limitada, 1989.
CRAVO ALBIN, Ricardo. Site Dicionário Cravo Albin.
dicionário cravo albin da música popular brasileira – http://www.dicionariom-pb.
20
com.br/
dicionário de música zahar. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1985.
enciclopédia da música brasileira – http://www2.uol.com.br/encmusical/
enciclopédia de música brasileira: erudita, folclórica e popular, organização de
Marcos Antônio Marcondes. São Paulo: Art Editora, 1998.
PINTO, Alexandre Gonçalves. O choro: reminiscências dos chorões antigos. Rio de
Janeiro: Typ. Glória, 1936.
SÈVE, Mário. Saxofone brasileiro – o método. Rio de Janeiro: Rio Arte, 2003.
SÈVE, Mário. Vocabulário do choro – estudos e composições. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalis-mo.
São Paulo: Art. Editora, 1986.
VASCONCELOS, Ary. Brasil musical. Rio de Janeiro: Ed. Art Bureau, 1988.
23. o autor
Violonista, compositor e arranjador. Natural do Rio de Janeiro, Rogério Souza co-meçou
a se interessar pelo violão por volta dos nove anos de idade, tendo crescido sempre
cercado por grandes músicos, principalmente os músicos do grupo Época de Ouro. Sua
família é muito musical, com cinco irmãos que também tocam. Essa convivência foi o me-lhor
aprendizado possível, por ter a chance de aprender tocando com os melhores músicos
de choro da época. Mais tarde, interessa-se pela música de Baden Powell, e logo em seguida
vai estudar violão com o professor Norberto Macedo, e harmonia e arranjo com Adamo
Prince e Sérgio Benevenuto, dando início à sua carreira de músico profissional.
Tocou com grandes nomes da música brasileira, como Baden Powell, Sivuca, Pauli-nho
da Viola, Turíbio Santos, João Bosco e Elizeth Cardoso, entre outros. Rogério também
escreveu arranjos para shows e discos de artistas como Ney Matogrosso e Ivan Lins, além
de co-produzir CDs do grupo Nó em Pingo d’Água e outros. Como músico, entre vários
trabalhos, dirigiu os shows Batuque, de Ney Matogrosso, e Quando Menos se Espera, de
Sérgio Ricardo.
Como compositor, ganhou o primeiro lugar no Festival de Choro do Rio de Janeiro
(1996), com os prêmios de melhor composição e melhor arranjo.
Realizou várias turnês internacionais, partipando de festivais, eventos culturais, apre-sentações
em casas de jazz e workshops pela América Latina, EUA, Europa e Japão. Entre
esses eventos, podemos destacar o Festival Villa-Lobos (Brasil); o 3o Encontro de Cultura
Latina (Chile); o World Music Festival de Chicago (EUA); o Festival de Inverno de Gui-marães
(Portugal); o Jazz Festival Montmartre (Dinamarca); a Ponte Cultural Rio/Berlim
(Alemanha); o Festival Sukiyaki Meets the World, Tóquio/Toyama (Japão); a Feira Euro-
Latina de Cultura (Holanda), entre outros. Apresentou também concertos e workshops nas
universidades de Chicago, Miami, Notre Dame, Princeton, etc., além de tocar em casas de
jazz como a Hot House (Chicago), Jazz Standard (Nova York), etc.
Integra o Grupo Nó em Pingo d’Água, com o qual gravou seis CDs, sendo dois deles
21
premiados.
27. contents
Introduction, 27
Play Along Choro (A Little Pocket-orchestra), 28
The Guitar in Choro, 31
The Seven-string Guitar, 34
Musical Genres, 35
Comments about the Songs, 36
Discography, 39
Bibliography, 41
The Author, 42
Music Scores, 43
28.
29. introduction
The idea for this project came up when I realized the virtual inexistence of didactic
material for musicians who wished to deepen their knowledge of choro music. I say virtual
because when there is something of that kind it is hard to find. Such study material should
qualify the student to take part in any roda de choro (a “choro round”), supplying information
about style and the history of the genre, the music scores of great classics, and a recording
by means of which the practitioner could not only listen to details of the playing style of
great instrumentalists, but also play along with some of the best musicians around.
Thus Choro 100 (Play Along Choro) was born, a project promptly embraced by
Biscoito Fino, the record label and publishing company. For this accomplishment, inviting
the members of the group Nó em Pingo d’Água, musicians of recognized excellence in this
genre, was a natural choice. And so Mário, Rodrigo, Rogério, Papito, and Celsinho were
called upon. Still, this line-up — winds, mandolin, guitar, bass, and tambourine — requi-red
the complement of a cavaquinho player. That space was filled, with a surplus, by the
participation of Jayme Vignoli, one of the most competent and active instrumentalists on
the present choro music scene of Rio de Janeiro.
The arrangements were recorded in the form and key in which they are usu-ally
played at the choro rounds — that is to say, not necessarily the original key
which was chosen by the writer of the song. We also opted for keeping, in the
playing, some little changes and the surprise of a few improvisations, to add to
the final result a touch of what one hears in an authentic roda de choro. These
little variations can be seen as a good ear training practice for the student, who
is “forced” to learn some details “by ear.” In this way, we keep alive a bit of the
intuitive study method used in the world of choro, according to which all the
great chorões (choro men) of the past played and learned.
With this series of books and CDs, we are sure of making available to the
choro music fans and students a package of incredible value. We hope that it
greatly contributes to the diffusion of this music genre which is so special
and so much Brazilian at heart.
Rodrigo de Castro Lopes
27
Producer
30. play along choro
(A Little Pocket-orchestra)
The good thing about this project is that it is not aimed at reinventing the wheel
— even though the CD is in the shape of a little silver-colored disk, proving that the world
is always in evolution, spinning round and round.
Since the dawn of music, there has always been a teacher behind his desk, jotting
down a music score. The world has evolved, along with the wheel, and the new teaching
tools ended up having the same round shape. From the old acetate disk to the modern CD,
there’s always the smell of chalk in the air and a teacher scribbling out a music staff on a
slate board.
And for as long as music has existed, the best thing in the world has been (and is!) to
gather a group of friends, each one with his or her instrument, to play that catchy tune that
we can’t get out of our heads. The problem is that one cannot always find friends around
for group practice.
Then, the way to go is to set up some kind of an instrumental karaoke, knowing that
it’s not necessary to study abroad to learn how to compose like Antonio Carlos Jobim or
Baden Powell, nor to orchestrate like Radamés Gnattali or Pixinguinha. It is by playing and
studying that one learns.
Now you can take your little orchestra home, or to your neighbor’s backyard, to play
the best popular music in the world, thanks to this iniciative. This project, released by Bis-coito
Fino, not only promotes the great Brazilian instrumental music, but also encourages
group practice, which is so much necessary to music students. A really meaningful effort that
should be credited to Celsinho Silva, Papito, Rogério Souza, Mário Sève and Rodrigo Lessa,
members of the group Nó em Pingo d’Água, and to cavaquinho player Jayme Vignoli.
As mentioned before, with no claim to having invented the wheel, we herein present
this group of sonic, shining little wheels, so that musicians everywhere can feast on this
rich musical menu, with special features never before seen.
History
We will never know who the first music teacher was, nor the identity of that curious
little boy who first stepped into the classroom with his instrument under the arm. And, of
course, we have no idea when that happened.
For example, my guitar1 teacher, the Azorean butcher Antonio Rebello, was a disciple
of Quincas Laranjeiras, who is said to have been the pioneer in the teaching of our most
1 When we use the term guitar here, we are referring to the Brazilian acoustic guitar, known in Brazil as violão, and in English speaking
countries as the Spanish guitar. In Brazil, the term guitarra is the one normally used to refer to the electric guitar. (T.N.)
28
31. play along choro (a little pocket-orchestra)
popular instrument by means of a formal musical method. Later, master Rebello and Luiz
Bonfá went on to study with Isaias Sávio; then, from this mother-school, a series of talented
guitarists were to appear, including Turíbio Santos (now a world-renowned instrumentalist
and director of the Villa-Lobos Museum), the Abreu brothers, and the great Jodacil Dama-ceno,
who passed on his musical knowledge to Joyce and Guinga, among many others. Way
back then, old Quincas could never have imagined that he was making history.
And let’s not forget: the poet-troubadour Catulo da Paixão Cearense was the one
who taught the then first-lady of Brazil the first chords on the guitar, which she friskily
took to the presidential palace soirées, creating a scandal by playing Chiquinha Gonzaga’s
song “Corta-jaca.” Madam Nair de Teffé, the daughter of the Baron of Teffé and the wife of
President Hermes da Fonseca, was also known for her precise line drawings and her irreve-rence
as a cartoonist. She used to sign her drawings using the pen name “Rian.” I met her
in the 1950s, when I interviewed her for Rádio MEC, where I was working on an invitation
by two friends of Mário de Andrade’s, Lúcio Rangel and Mozart de Araújo. There, a very
precocious girl organized the collection of Mozart’s rare scores — Luciana Rabello, Raphael
Rabello’s sister. Both were very precocious, and would have as teachers the old Meira and
the great Canhoto. Very young at the time, they didn’t imagine that they would cross paths
with Radamés Gnattali. Luciana and Maurício Carrilho went on to write a new choro his-tory
with Acari Records, and to promote the most exhaustive research of the repertoire of
the genre through the booklets known as Princípios do choro (Beginnings of Choro) — with
the collaboration of Anna Paes — a cultural monument sculpted together with Instituto
Sarapuí and the record label Biscoito Fino. That was a fabulous work of musical archeology
that has unearthed real pearls from trunks that were rotting in the basements of oblivion.
Again it was the old wheel spinning to the measures of a mischievous corta-jaca.
Without trying to reinvent the wheel, and inspired by an unforgettable seminar orga-nized
by Toninho Horta in Ouro Preto in 1987, I proposed (without inventing the wheel...)
the Radamés Gnattali Project to Funarte (Brazil’s National Foundation for the Arts). That
was 1988. The medium was still the vinyl disk known as LP, on which the best Brazilian
musicians were the precursors of a kind of didactic-instrumental karaoke. Roberto Gnattali
and Luiz Otávio Braga gave shape to the project, which received the subtitle Dê uma canja.2
Does anyone know what it’s like to play with some of the best Brazilian musicians? I’m
talking about people like Raphael Rabello, Chiquinho do Acordeon, Joel do Nascimento,
Vitor Santos, Mauro Senise, Zimbo Trio, Helvius Vilela — a world of people.
Because it was obvious that there was a lack of dynamic support to encourage group
practice, and, above all, to lessen the feeling of solitude of that anonymous student in the
interior of the country, who always had trouble finding a partner to play together with on
a choro by Jacob do Bandolim or Pixinguinha, or on a samba by Noel Rosa.
2 In the Brazilian musicians’ jargon, to give a canja (chicken soup) means to play on one or a few songs at a live performance, often
informally, as a guest appearance at somebody else’s show. (T.N.)
29
32. So it was that, about four years ago, my dear friend Maurício Carrilho devised a fan-tastic
Oficina do Choro (Choro Workshop) with his former music partners from Camerata
Carioca. This group was born with the blessings of Radamés Gnattali, with whom they
made a record paying homage to Jacob do Bandolim, who ended up becoming the name
of an institute, which later gave birth to the Escola Portátil de Música (Portable School of
Music), where didactic support tools such as the Apostilas sonoras (Sonic Booklets) and the
Apostilas audiovisuais (Audiovisual Booklets) were created.
And faithful to the maxim of Chacrinha (the celebrated Brazilian radio and TV host,
famous for his acute sense of humour), “Nothing is invented; everything is copied,” we are
the witnesses of this wonderful proliferation of the greatest diversity of methods, which
cater to a specific clientele who have already begun to spell, musically speaking, the works
of Pixinguinha, Anacleto, Ernesto Nazareth, Tom Jobim, and many other masters who have
taught us the Brazilian musical idiom.
So here is Choro 100 (Play Along Choro) as a living proof of that, and we hope it will
reach dozens of choro workshops and informal little schools which today, in the tradition of
the Portable School of Music, spread all over Brazil, lacking in such a didactic support tool.
And so it also happens that, in this spinning of the wheel, old master Quincas La-ranjeiras
links up with Maurício Carrilho, while Chiquinha Gonzaga and Dona Nair de
Teffé spin around in the concert hall, showing off the art of Luciana Rabello’s cavaquinho.
Meanwhile, Kati Almeida Braga and Olivia Hime open the doors of Instituto Sarapuí to the
new generation of musicians who are arriving. Then, it is all put in the hands of Rodrigo
de Castro Lopes and these top-notch musicians to create a new teaching tool, which, by its
turn, adds up to the most consequential initiatives to prove that the youth are not alienated
— and to show that such tools are factors of social inclusion, by means of the teaching of
music, divine music.
And have you noticed something? Biscoito Fino’s logo is in the shape of a round cookie.
Once again it’s the old wheel, inspiring everything, reinventing itself from day to day.
30
Hermínio Bello de Carvalho
Rio de Janeiro, 2005.
choro 100 • guitar
33. the guitar in choro
The end of the 19th century was a very rich period, musically speaking, for the city of
Rio de Janeiro. Professional and amateur musicians got together at informal meetings to play
the hit songs of the time. Those meetings had many interesting artistic consequences, such
as the maxixe, a kind of popular dance appeared in 1875, and eventually choro, the music
genre created around 1880, with the use of a flute, a guitar, and a cavaquinho. Choro was
the means by which those musicians, many of them without a formal training, could play
musical styles of European origin with rhythmic and harmonic adaptations which made them
more palatable to their Brazilian ears. This way, the musicians adapted to the difficulties they
faced. Many times, only a few of them read the score, while the others played by ear. They
were also used to promoting harmonic and improvisationl challenges among themselves,
which further contributed to the enrichment of the polyphonic character of choro.
With the passing of time, new instruments were added to the groups, naturally re-sulting,
from 1890 on, in the formation of the so called regionais (“regional groups”). The
line-up of the ideal regional group was suggested by the flutist and composer Joaquim An-tônio
da Silva Callado (Rio de Janeiro, 1848-1880), considered the “father of choro players,”
who employed a cavaquinho, two guitars, and a flute, an instrumentation that still stands,
having been followed by many other groups, up to our time.
The main guitarists (six strings) from the beginnings of the choro regional groups
bore the signs of a bohemian and urban time, when the serenades and the soirées were
frequent.
One of the exponents of that time was Catulo da Paixão Cearense, a poet and composer
who was responsible for the rehabilitation of the guitar in the halls of high society, with mo-dinhas
and toadas, many of them written in partnership with guitarist João Pernambuco.
Quincas Laranjeiras (Joaquim Francisco dos Santos, 1873-1935) was the precursor of
the classical guitar in Brazil, for his way of teaching the instrument through formal music
studies, and for creating and stylizing the popular guitar solo in Brazilian music.
One of the most important Brazilian guitarists and composers of choros was João
Pernambuco (João Teixeira Guimarães, 1883-1947), one of Quincas Laranjeiras’s disciples,
who was introduced to the music circles by Catulo da Paixão Cearense. João Pernambuco
masterminded the group Caxangá, a pioneer, in 1910, of the line-up of the regional choro
groups, and which included the flutist Pixinguinha, who was only 13 years old then.
When Caxangá split up, Pixinguinha put together the group Os Oito Batutas (The
Eight Batons/Clever Ones1), which also included Donga (Ernesto J. Maria dos Santos,
1 Literally, in Brazilian Portuguese language, the term batuta refers to the stick with which the conductor leads the orchestra. Informally,
it can mean an “ace” player of samba or anyone who is in general dexterous, reliable, fearless, good. (T.N.)
31
34. choro 100 • guitar
1890-1974), a guitarist who would be fundamental in the history of samba, and who also
studied with Quincas Laranjeiras.
Another musician from this time that should be mentioned is Tute (Artur de Souza
Nascimento, RJ, 1886-1957), who with China, guitarist and Pixinguinha’s brother, presented
the seven-string guitar into the groups and the regionals.
An important reference for guitarists in the history of Brazilian popular music is
Garoto (Aníbal Augusto Sardinha, 1915-1955). An extraordinary multi-instrumentalist,
he recorded and played with great names of the time, either as an accompanist or as a so-loist.
Among them are: Laurindo de Almeida (guitar), José Meneses (guitarist), Chiquinho
do Acordeon, Radamés Gnattali, and singers like Carlos Gardel, Carmen Miranda, Sílvio
Caldas and others. He was a very modern composer for his time and his compositions for
guitar are, even today, very sophisticated. In 1953, he recorded his first solo guitar LP, just
before his death in 1955.
Dilermando Reis is another great guitarist that deserves prominence. He was a guitar
teacher at the famous music houses Bandolim de Ouro (Golden Mandolin) and Guitarra
de Prata (Silver Guitar) in Rio de Janeiro. Many of his students stood out, like the guitarists
Bola Sete and Darci Vilaverde. As most of the great musicians of his time, he worked at
various radio stations. He also recorded many solo LPs, having been accompanied in some
of them by Dino Sete Cordas or by Meira, one of the best back-up guitarists of all times
and one of the most popular and requested guitarists of his time. Meira created a style and
a school, that was followed by musicians such as Baden Powell (guitarist) and Raphael
Rabello (six- and seven-string guitarist), among others.
With the event of records and the start of radio (1922), the musicians of regional
groups which lost space with the surge of mechanized music, began playing in places of
leisure as backyards and bars. However, soon after, as the radio became part of people’s
everyday lives, many programs came out that introduced newcomers competing daily for
audiences and opened new horizons for the regional group musicians.
In 1935 Horondino J. da Silva (RJ, 1918 -2006), Dino Sete Cordas, showed up playing
by ear and learning the bordão, a style with fast counterpoints played on the bass strings of
the guitar, in the variations he practiced with his father. In 1937, he became part of Benedito
Lacerda’s group and got to know Meira, who was substituting one of the members of the
group. In this way, one of the most famous pairs of accompanying guitarists in Brazil was
born — Dino and Meira.
At the beginning of the 1950s, with the exit of Benedito Lacerda, the group’s name
was changed to Regional do Canhoto. This was an important time for Dino, because it was
when he began to play the seven-string guitar very well, reaching perfection, and becoming
known as a reference for his style, so much so that even today he is considered the greatest
master of the seven-string guitar.
In the 1960s, Jacob do Bandolim organized a new group called Época de Ouro, which
would reach a perfect balance between instrumental sound and the line-up of the regional
32
35. the guitar in choro
group. It consisted of three guitarists: Dino Sete Cordas, César Faria and Carlinhos Leite.
This group consolidated the language of guitar accompaniment in choro and is followed
by many musical groups in Brazil up to this date.
Another great guitarist who became a member of Época de Ouro, upon the death of
33
Jacob, was Damásio Batista (six strings).
In the 1970s, Show Sarau was presented in Rio de Janeiro, directed by Sérgio Cabral,
who put Época de Ouro together with Paulinho da Viola (a great choro composer who
helped revive the style after the death of Jacob). The result was so successful that TV Bandei-rantes,
in São Paulo, promoted a National Choro Festival in 1977, and then another one in
1978. After these events, choro came back to the market, bringing new musicians and great
groups that presented their art. That was how the groups Carioquinhas, Galo Preto, and,
soon after, Camerata Carioca and Nó em Pingo d’Água came about. They were members
of this new generation who followed the tradition of two or three guitars, introduced by
Joaquim Callado in the 19th century.
Os Carioquinhas presented Raphael Rabello, seven-string guitarist who would later
be considered one of the greatest solo guitarists in Brazil.
In this innovative phase of choro, it is important to remember the line-up of various
groups, as the pairs of guitars of Maurício Carrilho (six strings) and Raphael Rabello (seven
strings) in Os Carioquinhas and Camerata Carioca; Jorge Simas (seven strings) and Rogério
Souza (six strings) of Nó em Pingo d’Água; Luiz Octavio Braga, Farina (seven strings), Téo
de Oliveira and Mario Rocha (six strings) of Galo Preto.
In the 1980s some guitarists stand out, such as Toni Sete Cordas (“Tony Seven Strin-gs,”
currently a member of Época de Ouro); the brothers Waldir and Valter Silva, in Rio
de Janeiro; João Lira (Plucked Strings Orchestra, from Recife), Israel/Waldomiro (Isaias
and his Choro Players — São Paulo); Edson Santos (Os Ingênuos, from Bahia) and many
others all over Brazil.
The groups of the 1990s, from Rio de Janeiro and other states in Brazil, have revealed
several six- and seven-string guitarists, showing the capacity to absorb and blend the tra-dition
with today’s innovative, computerized concepts. Accordingly, we have choro groups
like Água de Moringa, Rabo de Lagartixa, Tira Poeira, Grupo Sarau, Quarteto Maogani,
Trio Madeira Brasil and many others, besides musicians such as Yamandú Costa, the latest
sensation of Brazilian guitar, who uses the seven-string guitar as a solo instrument, as Ra-phael
Rabello had done before him.
Just like in soccer, Brazil produces great exponents in music all the time: guitarists of
several styles, soloists and accompanying instrumentalists. All, or almost all of them, use
choro as their main language of Brazilian instrumental music.
We cannot leave out other great guitarists and composers who have taken our music
(mainly choro) to all parts of the world: Baden Powell (our greatest master of Brazilian
guitar), Sebastião Tapajós, Turíbio Santos, Os Irmãos Assad, Canhoto da Paraíba and many
others.
36. the seven-string guitar
The origin of the seven-string guitar is unknown. It is thought to have come from
Russia, but it has been used since the beginning of the 20th century.
According to Pixinguinha, a group of gypsies in Praça Onze (a square in downtown
Rio) used a seven-string guitar with a different tuning from the occidental style. Tute and
China (Pixinguinha’s brother) were pioneers in contact with this instrument. Tute is attri-buted
to having introduced the seven- string guitar in choro and regional groups.
Imitating wind instruments, players used a second melody on the bass strings of the
guitar, in lines popularly known as baixarias (low levels), incorporating the use of the bass
strings as in the guitar playing technique, which demands coherence in sound and harmony.
The seventh string, which is the lowest-pitched string on the guitar, is tuned in C, giving
the player more freedom to work in the bass register of the instrument.
The seven-string guitar became popular from 1953 on, with Dino Sete Cordas, who
was responsible for the development of a sophisticated technique in terms of rhythmic and
melodic constructions using the baixarias — or bordão, as they have been called. Constantly
found in shows, choro CDs and Brazilian Popular Music in the 1970s, Dino’s versatile seven
strings had a lot of followers throughout Brazil. One of them, Raphael Rabello, an excellent
seven-string guitar player, who later would become one of the greatest instrumentalists of
Brazilian popular music, used the instrument for the first time in solos. He had a lot of
success, establishing, as Dino Sete Cordas had done, a whole “school” in Brazilian guitar
style, despite his short career.
34
37. musical genres
Choro
The line-up of small instrumental popular music groups that played foreign genres
around 1875 in Rio de Janeiro. Choro can be slow, as in choro-canção, or fast, then being
called chorinho (little choro), a style that demands an accomplished soloist and skillful
supporting players. Today choro groups are usually composed of a soloist, one or two gui-tarists,
cavaquinho and tambourine (and still, sometimes, a wind instrument).
Polka
Of bohemian origins, polka arrived in Brazilian dance halls around 1845. It has a
lively rhythm and two-step (binary) beat. It became popular thanks to the chorões (choro
players) and carnival groups. The first music score to be written out and published in Brazil
was a polka.
Corta-jaca
The origin of this dance is still unclear, since it could have come from Spain or created
in Brazil. It was played in Bahia, Rio de Janeiro and São Paulo. It is a tap dance, that was in
fashion in the Nineteenth Century. The corta-jaca found space to evolve in the Northeast,
giving origin to coco, a typical dance from that region.
Waltz
A dance from Austria. This dance has a three-step beat, with accent on the first one.
It is also the name given to the music that accompanies this dance. Brazilian waltz was
influenced by modinhas and serenades.
Baião
A dance and popular song style from the Northeast, it is accompanied mainly by the
guitar. It maintains rhythmic cells and melodies from xótis and coco (other dances from
the Northeast), has a binary beat and a lively tempo. Baião became very popular with the
success of Luiz Gonzaga, starting in 1946.
35
38. comments about the songs
It is important to pay a lot of attention to each of the parts which form the structure
of each choro recorded. It should be noted that the first performance of each part (A/B
or A/B/C) follows the score. But the repetitions of parts of certain songs are played in a
different way on purpose, so the choro apprentice can practice and learn these parts by
ear, which is something rather common in choro. Most of the great masters of choro play
by ear; few know how to read music.
These guitar arrangements are based on recordings by the group Época de Ouro.
Many of these basses (baixaria) are by the composers or the guitarists themselves: Dino
Sete Cordas, César Faria, and Carlinhos Leite, all masters of the style.
1. “Ainda me recordo” (“I Still Remember”)
Throughout this choro the guitar has an important role due to the great dominance
of bass sounds in the song. Pixinguinha demonstrates his knowledge of counterpoint in
this and other songs. Recorded with a seven-string guitar.
2. “Assanhado” (“Sassy”)
This is a choro-samba recorded with a six-string guitar. There are two different and
very interesting levadas (“grooves”) in each part. It is often used as a theme for improvi-sation,
36
mainly in part B.
3. “Chorando baixinho” (“Crying Low”)
There are three beautiful parts to this choro-canção (choro-song), which is played
by wind instrumentalists (the piece was originally written for the clarinet). It is recorded
with a seven-string guitar.
4. “Choro negro” (“Black Choro”)
Choro-canção recorded with a seven-string guitar, very much in Paulinho da Viola’s
style, with beautiful melodies and interesting harmonies. This choro was written in part-nership
with Fernando Costa.
5. “Dança de urso” (“Bear Dance”)
Three-part Brazilian polka recorded with a seven-string guitar. Pay attention to
some anticipations in harmony/rhythm, a technique often used in choro (in eighth-note
or sixteenth-note anticipations).
39. comments about the songs
6. “Delicado” (“Delicate”)
“Delicado” is a baião (a rhythm from the Northeast of Brazil). Although this piece
is played by choro players, a baião is not part of a choro rhythm. It is recorded with a six-string
guitar in order to focus well on the baião rhythm.
7. “Gaúcho” (“Gaucho”)
This is another choro classic. It is one of the best known and most played maxixes in
Brazil and was recorded with a seven-string guitar. The chord sequence of the introduction
(Dm/A7) is very often used for improvisation.
8. “Noites cariocas” (“Carioca Nights”)
This is a classic of choro, always present in any roda (group of people playing choro).
Recorded with a seven-string guitar. The theme is often used for improvisation, mainly in
part B. Try it!
9. “Numa seresta” (“At a Serenade”)
This choro is a typical three-part choro (A/B/C — Pixinguinha and Nazareth were
great masters of three-part choros). Recorded with seven strings.
10. “Rosa” (“Rose”)
This is a Brazilian waltz, typical of the master Pixinguinha. It was recorded with a
six-string guitar. Notice that the bass strings are used to fill in the silence of the melody.
11 and 12. “Sons de carrilhões” (“Sounds of Chimes”)
This choro was written especially for guitar solos. On this recording there is a solo
six-string guitar and a seven-string guitar doing harmonies and baixarias.
13. “Tenebroso” (“Gloomy”)
Originally composed for piano, this song was recorded with a seven-string guitar.
The interesting thing about this three-part choro is that the melody of part A is played on
the bass strings of the guitar (the left hand of the piano).
14. “Um a zero” (“One to Zero”)
Another choro classic, in three great parts. On this recording, made with a six-string
guitar, a continuous samba groove was set throughout the song. Part C is often used for
improvisation.
37
40. choro 100 • guitar
15. “Vibrações” (“Vibrations”)
Jacob do Bandolim’s masterpiece, “Vibrações” is also the name of an album by Jacob
and the group Época de Ouro. This is considered by many to be the best album of choro
in the history of Brazilian music. The guitars on the record are the best references for
perfect choro accompanying. Two guitars — a six and a seven string — were used on the
recording.
38
41. discography
Here is a list of some works we consider indispensable in a basic discography of the
guitar in choro. However, there are many others to be researched.
Obs.: 6stg = six-string guitar 7stg = seven-string guitar
work artist record
label
39
year of
release
guitarists
Assanhado (Sassy) Jacob e Época
de Ouro
RCA
Camden
1966 Dino (7stg), Cesar
(6stg) and Carlinhos
Leite (6stg)
Café Brasil I/II (Brazil
Café I/II)
Época de Ouro WEA Music 2002 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg), and Toni (6stg)
Chorando baixinho, um
encontro histórico (Crying
Low, a Historic Meeting)
Época de Ouro Kuarup 1979 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg), Carlinhos Leite
(6stg), and various
Cinco companheiros (Five
Fellows)
Pixinguinha Sinter 1956 Irani Pinto and Jessé
(6stg)
Dino 50 anos (Dino 50
Years)
Dino Sete
Cordas e
Época de Ouro
Copacabana 1987 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg) with Época de
Ouro and Toni (6stg)
Época de Ouro e
Armandinho (Golden
Epoch2 and Armandinho)
Época de Ouro
e Armandinho
Tom Brasil 1993 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg), and Toni (6stg)
Época de Ouro interpreta
Pixinguinha e Benedito
Lacerda (Golden Epoch
Plays Pixinguinha and
Benedito Lacerda)
Época de Ouro Continental 1977 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg), and Carlinhos
Leite (6stg)
2 The translations of names of groups and nicknames of artists, as well as titles of songs and albums we provide here are only meant to
help the international reader in understanding their meanings, which are sometimes irreverent, funny, or curious, and usually amus-ing,
for this is a characteristic of the world of choro. These translations may not correspond to the “official” titles of those works which
have also been released outside of Brazil. (T.N.)
42. work artist record
label
40
year of
release
guitarists
Galo preto I
(Black Rooster I)
Galo Preto RCA Victor 1978 Luiz Otavio Braga and
Farina (7stg)
Galo preto II (Black
Rooster II)
Galo Preto Galo Preto 1981 Teo de Oliveira and
Mario Rocha (6stg)
J. Pernambuco 100 anos
(J. Pernambuco 100
Years)
Nó em Pingo
d’Água
Funarte 1983 Jorge Simas (7stg)
Rogério Souza (6stg)
Memórias chorando
(Memories Crying)
Paulinho da
Viola
EMI Odeon 1976 Paulinho da Viola and
Cesar Faria (6stg)
Mistura e manda (Mix
and Send)
Paulo Moura Kuarup 1983 Raphael Rabello (7stg),
Maurício Carrilho
(6stg), and Cesar Faria
(6stg)
Os Carioquinhas no choro
(The Little Cariocas in
Choro)
Os
Carioquinhas
Som Livre 1977 Raphael Rabello (7stg),
Maurício Carrilho
(6stg)
Raphael Rabello e Dino
Sete Cordas (Raphael
Rabello and Dino Seven
Strings)
Raphael
Rabello e Dino
Sete Cordas
Caju Music 1991 Raphael Rabello (7stg)
and Dino Sete Cordas
(7stg)
Repertório da Rádio
MEC (Brazil’s Ministry
of Education and Culture
Radio Repertoire)
Jacob do
Bandolim
Cesar Faria (6stg) and
Carlinhos Leite (6stg)
Tributo a Jacob (A
Tribute to Jacob)
Radamés
Gnatalli
Atlantic /
WEA
1979 Raphael Rabello
(7stg), Maurício
Carrilho (6stg), and
João P. Borges (6stg),
Joel Nascimento, and
Camerata Carioca
Vibrações (Vibrations) Jacob e Época
de Ouro
RCA
Camdem
1967 Dino (7stg), Cesar Faria
(6stg), and Carlinhos
Leite (6stg)
choro 100 • guitar
43. bibliography
ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro (Brazilian Music Dictionary). São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limita-da,
41
1989.
CRAVO ALBIN, Ricardo. Site Dicionário Cravo Albin (Cravo Albin Dictionary Websi-te).
dicionário cravo albin da música popular brasileira (cravo albin dictionary
of brazilian popular music website) — http://www.dicionariompb.com.br/
dicionário de música zahar (zahar dictionary of music). Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1985.
enciclopédia da música brasileira (brazilian music encyclopedia) —
http://www2.uol.com.br/encmusical/
enciclopédia de música brasileira: erudita, folclórica e popular, organização de
Marcos Antônio Marcondes (encyclopedia of brazilian music: classical, folk,
and popular, edited by Marcos Antônio Marcondes). São Paulo: Art Editora, 1998.
PINTO, Alexandre Gonçalves. O choro: reminiscências dos chorões antigos (Choro Mu-sic:
Reminiscences of the Old-timers). Rio de Janeiro: Typ. Glória, 1936.
SÈVE, Mário. Saxofone brasileiro — o método (Brazilian Saxophone — The Method).
Rio de Janeiro: Rio Arte, 2003.
SÈVE, Mário. Vocabulário do choro — estudos e composições (Vocabulary of Choro
— Studies and Compositions). Rio de Janeiro: Lumiar, 1999.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular : da modinha ao tropicalis-mo
(Overview of Brazilian Popular Music: from Modinha to Tropicalism). São Paulo:
Art. Editora, 1986.
VASCONCELOS, Ary. Brasil musical (Musical Brazil). Rio de Janeiro: Ed. Art Bureau,
1988.
44. the author
Guitarist, composer and arranger, Rogério Souza, from Rio de Janeiro, started getting
interested in the guitar at about nine years of age. He grew up surrounded by great musi-cians,
mainly those of the group Época de Ouro. He comes from a very musical family, with
five brothers who are also musicians. This background was the best environment possible,
since he had a chance to learn by playing with the best choro musicians of the time. Later,
he became interested in Baden Powell’s music, and soon after he studied the guitar with
Norberto Macedo, and harmony and arranging with Adamo Prince and Sérgio Benevenuto,
starting his career as a professional musician.
He played with great names of Brazilian music, such as Baden Powell, Sivuca, Pauli-nho
da Viola, Turíbio Santos, Joâo Bosco and Elizeth Cardoso, among others. Rogério has
also written arrangements for shows and recordings of artists such as Ney Matogrosso and
Ivan Lins, besides co-producing CDs for the group Nó em Pingo d’Água and others. As a
musician, among various projects, he directed the shows Batuque, by Ney Matogrosso, and
Quando Menos se Espera, by Sérgio Ricardo.
As a composer, he won first place in the Choro Festival of Rio de Janeiro (1996), with
awards for best composition and best arrangement.
He did a number of international tours, participating in festivals, cultural events, shows
in jazz clubs and workshops in Latin America, The United States, Europe and Japan. Among
these events, we should emphasize The Villa-Lobos Festival (Brazil); The Third Encounter
of Latin Culture (Chile); The World Music Festival of Chicago (U.S.); The Winter Festival
of Guimarães (Portugal); The Jazz Festival of Montmartre (Denmark); The Cultural Brid-ge
Rio/Berlin (Germany); The Sukiyaki Meets the World Festival, Tokyo/Toyama (Japan);
The Euro-Latin Cultural Fair (Holland), among others. He also played concerts and did
workshops in universities in Chicago, Miami, Notre Dame, Princeton, etc., as well as playing
in jazz clubs such as Hot House (Chicago), and Jazz Standard (New York), etc.
He is a member of the group Nó em Pingo d’Água, with whom he has recorded six
42
CDs, two of them having won awards.
71. 69
A ³ )žžžžž
A
A
#A
É ž
#AN
³)žžžžž
'
É ž
%
³ )ž ž ž ž ž
(N
ž žHžž
$
7
A
É
'
A
³žHžAž
½ ž
$
É
É
'
³žHLžAž
³žHžžžž
É'
ž ž ž žž ž
( N
É ž
$
³žHžžž ž
13
A
É
'
A
ž ž ž ž ž
³ )žžžžž
%N
É
É ž ž
( N
ž ž ž ž
( N'
É žLž
žLžžžžž
19 žžžžžž
A
A
%N
É ž ž
%
ž )žž ž
( N
žžžžLžž
(
É
žžžžžž (N
É ž
žžžžžž
$
A
A
25 É
'
ž ž žLžAž
É'³ žHž ž ž ž
ž ž ž žž ž
( N
É ž
$
³ žHžAž
AÉ
É
$N
30 ³žHžžžž
A
A
'
žžžžžž
#A
É žAž
#A
žžžžAž ž
Až ž ž
#AN%A
AÉ
AÉ ž ž
( N A
ž ž ž
'
rosa
Valsa brasileira Pixinguinha
Otavio de Souza
72. Rosa 2
70
36 ž ž žH
A
A
%
ž žž ž ž ž
( N
ž ž ž ž ž ž
$
ž ž ž žLž ž
'
ž ž ž žLž ž
É ž
A
ž ž ž ž ž ž
A
A
41 É
É
%N
³ )žžžžž
%N$
žžžžžž
( N#A
žžžžžž
( N
É
³)žžžžAž
³)žžžžž
(
É
47 ž ž ž ž
A
A
%N'
É žAž
%N
É
%$
³ )ž ž ž ž Až
%
ž ž É
( N
52 É ž ž
A
A
( N'
É
ž ž žž ž
³ )žž ž ž ž
A
É
ž ž ž ž ž ž
³ ½ (N
)‘
ž ž ž ž ž ž
³ žHž ž ž ž
A
A
57 É
ž ž ž žAž %N
É%
³ )ž ž ž ž ž
N$
ž žž ž ž ž
#
ž ž ž ž ž ž
( N#A
É
ž ž ž žAž
62
A
³)žžžžž
(
A
É
žžLžžžž
%'
AÉ
% A
ž ž ž žž
-ž ž ž
( N
É ž ž
ž ž )ž
(M
É «žž
ž )ž ž ž
%N
É ž ž
5P$PEB
#
choro 100 • violão • guitar
73. Rosa 3
71
É#
68
ž ž )ž
A
A
A
žžž ž ž ž
( N
!žžžžžž
A
žžžžžž
%N
žžžžžž
É ž
žAžžžžž
%N $
73
A
É
'
A
žž Až žžž AžžAž
³ )ž ž ž ž ž
#A%
É
É ž
#AN%A
³ )ž ž ž ž ž
'
É ž
%
78 ³ )ž ž ž ž ž
A
A
(N
ž žHž ž
$
É
'
ž žLžAž ž ž
ž ½
ž ½ '
%4BM$PEB
partituras • music scores
74. A ž ž ž ž ž – ž ž ž
72
%. #
ž ž – žž ž
N N
ž žAž ž – ž ž ž
4 ž ž–žžž
%
ž ž žžž
žžžžžLž
% %'' M
‘ ‘ ‘
ž ž–žžž
N N
žžAžž–žžž
ž ž–ž žž
%
ž ž žžžžAžž
9 žž–žžž
%. #
ž
žž–žžž
N N
žžAžž–žžž
žž žžžž
%
žžžLžžžž ž
%M
L
L
14 ž ž ž žAž ž ž ž
N (N
To Coda ž ž ž ž ž ž ž ž
% N ‘ ‘ ‘
ž ž ž ž – ž ž ž
%
ž
% %
18
ž ž žž ž
( (
ž ž – ž ž ž
N N ž ž žAž
ž ž ž ž ž
%
ž
ž ž – ž ž ž
(
– žAž ž
22
ž ž ž ž ž ž ž ž
ž – ž ž ž
ž ž žžLž ž žž
%. #
ž
ž – ž ž ž
ž ž ž ž ž
N %
ž žž ž ž ž ž ž
#
sons de carrilhões
Choro João Pernambuco