1. terça-feira, 18 de maio de 2010 Diário Oficial Poder Executivo - Seção II São Paulo, 120 (92) – III
Casa das Rosas: música, diversão e arte
P
articipante desde a primeira edição da Tatiana. Todos aproveitaram a festa popular
Virada Cultural (2005), o Espaço para acompanhar e ouvir a boa música do
Haroldo de Campos de Poesia e Leitura Quarteto Kroma. Um grupo de músicos que
(Casas das Rosas) foi preparado para atender tem a proposta de unir o som de guitarras
e divertir os visitantes durante as 24 horas de elétricas, violão, viola, com o objetivo de
atividades. A programação da casa ofereceu apresentar um lado diferente dos instru-
atrações com shows, peças de teatro, expo- mentos em diversas formações sonoras.
sições e recitais poéticos para todos os gos- Segundo Vitor, é muito melhor do
tos e idades. Além de opções madrugada que ficar em casa diante da televisão: “É
adentro com pistas de dança, poesia visual e um jeito diferente de curtir a cidade”,
videoclipes. Entre os principais artistas do comentou Vitor. Herotides, que acom-
evento estavam o cantor de Bossa Sérgio panha a Virada pela primeira vez, não
Ricardo e a cantora Tetê Espíndola. esconde o entusiasmo: “Nunca pensei
O casal Victor do Reis, 78 anos, e que fosse tão bom! É um show bonito e
Herotides, 75 anos, trocou a cama e o bem calmo. Estou feliz”. O filho Marcos
cobertor pela primeira experiência de fazer acrescenta: “Estar com a minha família
parte da Virada. Junto deles estava o filho assistindo a esses shows é uma momento
Marcos, a nora Solange e a amiga da família Sérgio Ricardo, com as filhas, canta na Casa das Rosas; ele autografou livro e fez exposição que não tem preço”.
Violão, voz e livros Música e balé eruditos fazem sucesso
A Imprensa Oficial participou das fes- de 28 anos, e Ana Paula, de 29 anos, con- As cadeiras e o espaço destinado ao públi- anunciou o concerto em homenagem ao bicen-
tividades da Virada Cultural. As livrarias sideraram aquele um momento de privilé- co foram insuficientes para acomodar todos tenário de nascimento do compositor alemão
do espaço Haroldo de Campos de Poesia gio. “Meu primeiro destino seria o centro que ansiavam pela oportunidade de apreciar Robert Alexander Schmann (1810-1856).
e Literatura, Casa das Rosas, Museu da da cidade, mas não pudemos resistir à boa música erudita e balé. Para ver o palco montado Na sequência, veio o Pas-de-deux de Tchai-
Imagem e do Som (MIS) e Museu da Língua música, meus ouvidos me pediram para ao ar livre, na Estação da Luz, alguns se encos- kovsky e um casal de bailarinos da São Paulo
Portuguesa estiveram na programação do ficar”, disse Galdino. Para Ana, que também tavam nas grades do Parque da Luz e do lado Companhia de Dança, da Secretaria Estadual
encontro realizado nos dias 15 e 16 deste gosta do estilo musical, o show valeu cada oposto houve queixas de que a cortina ficou da Cultural, fez a coreografia criada por George
mês. Além de apresentar o acervo literá- minuto. “Demais! Apesar de morar em São ligeiramente fechada. Mas fez-se silêncio assim Balanchine. Os bailarinos Paula Penachio e Nor-
rio das livrarias aos visitantes, a Imprensa Paulo, é a primeira vez que participo das que o diretor artístico da Orquestra Sinfônica do ton Fantinel mostravam versatilidade e leveza
Oficial presenteou o público com o show atrações da Virada. Acho que estarei nos Estado de São Paulo (Osesp), Arthur Nestrovsky, no palco, arrancando aplausos da plateia.
do cantor e compositor Sérgio Ricardo. próximos anos também”, comentou.
Além da sessão musical, Ricardo autogra- Na opinião de Sérgio Ricardo, após déca-
fou a sua biografia, Canto Vadio, de Eliana das na estrada musical, é motivo de orgulho
Pace, pela Coleção Aplauso. participar de momentos como essse. “Antes
Sérgio Ricardo – nome artístico de João de tudo também sou um amante incon-
Lutfi – se apresentou no palco externo da dicional de música. Amo cantar, escrever
Casa das Rosas acompanhado das filhas e, agora, também pintar. A música é isso
Mariana e Adriana e do parceiro musical mesmo, uma mistura de sentimentos e
Filó Machado. Ele cantou alguns de seus sensações, não tem idade, credo ou classe
clássicos da bossa-nova como Zelão e Folha social. Se for boa, viverá para sempre”. O
de Papel. Encantou a todos pela vibração e compositor – festejado na década de 1960
qualidade musical. Mais do que isso, interca- – fez trilhas para filmes de Glauber Rocha
lando com as filhas os momentos de violão e é também cineasta e artista plástico. Sua
e voz, prendeu a atenção do público de exposição Arte na Rua foi exibida antes,
todas as idades. Os amigos Saulo Galdino, durante e após o show.
Norton Fantinel, da Companhia de Dança: balé ao ar livre, na Praça da Luz
E o Terminal Tietê também vira palco
Uma mulher transita pelo terminal corporal dramática e no teatro de anima-
transportando várias malas e bolsas. Um ção para cativar a atenção do público do
casal discute em pleno Terminal Rodoviário. terminal. “Somos uma companhia com
Essas são algumas cenas que as pessoas sede na zona norte. “Durante três meses
que circulavam no sábado e no domingo no pesquisamos o dia a dia do Terminal e as
Terminal do Tietê puderam conferir nos dias diversas pessoas que transitam por aqui.
15 e 16, durante a Virada Cultural Paulista. Os personagens são inspirados na vida real
É a primeira vez que o Terminal Rodoviário, da rodoviária”, explica Alexandre D´Angeli,
o maior do Brasil, com 90 mil pessoas circulan- ator e diretor geral das intervenções.
do diariamente, participa da Virada. O local, Segundo Alexandre, as performances rea-
no entanto, já foi palco de festivais de cultura, lizadas durante a Virada Cultural no Tietê
como o Festival Socicam de Cultura Brasileira e tinham como objetivo mostrar um pouco do
do projeto Dança dos Sentidos. trabalho da companhia, que está usando o
O projeto incluído na Virada foi bati- Terminal como pesquisa para o próximo espe-
zado de Inicial Rodoviário Tietê. Trata-se táculo. “Estamos colhendo informações no
de um conjunto de intervenções – cinco encontro com as pessoas para nossa próxima Ópera Carmina Burana também foi apresentada no palco da Praça da Luz
no total – realizado pela Cia. Ânima Dois, montagem, que abordará assuntos como sau-
que investiu no teatro gestual, na mímica dade, encontros, partidas e chegadas”. No frio da madrugada,
ópera americana e cantata medieval
De madrugada, sob frio intenso, a pla- se “orgulhoso de apresentar essa ópera,
teia reunida no palco da Praça da Luz rega- considerada ícone da cultura negra norte-
lou-se com a ópera americana Porgy and -americana, na Virada Cultural, em um
Bess. Não foi uma apresentação integral: momento especial da orquestra, quando
soprano e tenor revezaram-se cantando completamos 20 anos.”
os papéis femininos e masculinos, acom- No mesmo local já havia sido apre-
panhados pela Orquestra Experimental de sentada a cantata, com versos medievais,
Repertório e o Coral Paulistano. “Vamos Carmina Burana, do alemão Carl Off. O
sentar todos para ouvir essa história com- maestro Rodrigo de Carvalho regeu a
plicada”, comandou o maestro para ajeitar Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral
o público que ultrapassava em muito as Lírico do Theatro Municipal, com solistas.
cadeiras preparadas para o auditório, na O sucesso foi grande – foi preciso apresen-
praça pública. Conseguiu o que preten- tar, como bis exigido pela plateia, o trecho
Casal discute em pleno Terminal Rodoviário; personagens são inspirados na vida real dia: ao final da apresentação, declarou- Fortuna imperatrix mundi.