A IDEIA DE UM PATRIMÔNIO SUGERE A IDEIA DE UM VALOR
A valorização que uma coisa possui por seu mérito ou utilidade.
O valor não é uma característica intrínseca a um objeto do passado, do patrimônio, como o é a sua materialidade, a sua forma, as suas cores etc.
1. EL VALOR
DEL PATRIMÔNIO
HISTÓRICO (1996)
HERNÁNDEZ, JOSEP BALLART.
PERICOT, JOSEP MARÍA FULLOLA.
MENDIZÁBAL, MARIA ÀNGELS PETIT.
MESTRANDA: KARLA NAZARETH-TISSOT
DISCIPLINA: PATRIMÔNIO E ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO
PROFESSORA: PROFª. DRª. JULIANE CONCEIÇÃO PRIMON SERRES
2. CREDENCIAIS
DOS AUTORES
Doutor em história. Mestre em museologia
pela Universidade de Leicester (Reino Unido).
Foi professor de mestrado na Universidade de
Barcelona no curso de Museologia e Gestão
do Patrimônio cultural, além de consultor de
Humanidades e Filologia da Universidade
Aberta da Catalunha. Trabalhou na Secretaria da
Educação, na Embaixada da Espanha em Paris,
e dentre as suas obras mais conhecidas estão os
livros "El patrimonio histórico y arqueológico:
valor y uso" (1996), "Gestión del patrimonio
cultural" (2001) e "Manual de Museos" (2007).
HERNÁNDEZ, JOSEP BALLART.
3. CREDENCIAIS
DOS AUTORES
Professor na Universidade de Barcelona
desde 1975 e professor de pré-história desde
1986, é especialista nos períodos Paleolítico
e Mesolítico, e coordenou alguns projetos de
pesquisa sobre as sociedades de caçadores-
coletores na Espanha, Portugal (Foz Côa) e
México (Baixa Califórnia). É autor/ editor de
mais 120 artigos de revistas, 60 comunicações
em conferências nacionais e internacionais e
mais de 30 livros, dentre eles o livro “Tal como
éramos” (2005), escrito em parceria com Maria
Àngels Petit Mendizábal.
PERICOT, JOSEP MARÍA FULLOLA.
4. CREDENCIAIS
DOS AUTORES
Professora titular de Pré-história, ligada ao
Departamento de Pré-História, História e
Arqueologia antiga na Faculdade de Geografia
e História da Universidade de Barcelona.
Dentre os livros que escreveu está o “La puerta
del pasado. La vida cotidiana del hombre
prehistórico en la Península Ibérica” em parceria
com Josep María Fullola Pericot.
MENDIZÁBAL, MARIA ÀNGELS PETIT.
5. 1. INTRODUÇÃO
A valorização que uma coisa possui por seu mérito ou utilidade.
O valor não é uma característica intrínseca a um objeto do passado, do patrimônio, como o é a sua
materialidade, a sua forma, as suas cores etc.
A IDEIA DE UM PATRIMÔNIO
SUGERE A IDEIA DE UM VALOR
6. O valor é uma qualidade atribuída no presente, pelas
pessoas do presente e, portanto, é um conceito relativo,
em constante movimento, que “aparece e desaparece
em função de um marco de referências intelectuais,
culturais e históricas” (HERNÁNDEZ et al., 1996, p. 215).
CONCEITO EM
CONSTANTE MOVIMENTO
7. Qualquer avaliação está sujeita aos contextos no qual o objeto se insere, aos
critérios dominantes, das situações reais e socialmente determinantes da
atualidade, logo do contexto econômico em que o objeto está inserido, em
outras palavras é preciso também pensar o valor do patrimônio enquanto
valor de mercado.
PARA QUE SERVE O PATRIMÔNIO HISTÓRICO?
QUAL O VALOR DE UM OBJETO DO PASSADO?
8. 2. SOBRE UMA TEORIA
DO VALOR DOS BENS DO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
A dimensão utilitária do objeto, para que serve, que necessidades satisfaz.
Formas e qualidades observadas no objeto.
Os objetos como meios portadores de uma mensagem.
VALOR DE USO
VALOR FORMAL
VALOR SIMBÓLICO/COMUNICATIVO
9. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Materialidade
Uma vez que são criados às custas e contra a natureza, é a primeira fonte de valor de um objeto.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
10. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Possibilidade de acumulação: poder acumular objetos faz parte do conceito primordial
de riqueza, logo, considera-se um fator importante para conceder valor a um objeto que se
deseja acumular.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
11. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Tecnologia: que aumenta as possibilidades de uso do objeto e junto com isso, seu valor.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
12. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• “Mercado”: repercussões sociais que influenciam em maior ou menor escala no valor do objeto.
Quanto a isso, o objeto teria além do valor de uso, o valor de troca.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
13. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Qualidade: se serve para o que se propõe servir, se satisfazer a uma necessidade humana, mesmo
que seja uma necessidade fabricada.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
14. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Estética: se proporciona prazer contemplativo ao observador, despertando neste o desejo de
possuir o objeto - uma característica que será comentada mais adiante.
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
15. 2.1. O VALOR DE USO
DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
PROPRIEDADES QUE ADICIONAM VALOR AOS OBJETOS:
• Conhecimento: se possui a capacidade de contribuir para o incremento do conhecimento humano,
importante valor de uso para historiadores, por exemplo
OS OBJETOS POSSUEM UMA
FINALIDADE, SERVEM PARA ALGO
16. 2.1.1. AS “UTILIDADES”
DO CONHECIMENTO
O conhecimento humano pode aumentar proporcionalmente ao conhecimento adquirido
sobre um objeto histórico. Esse é, então, um valor de uso de um bem patrimonial no que se
refere a utilidade do conhecimento que ele carrega em si, ou seja, o conhecimento humano de
quem produziu o objeto, incorporado no próprio objeto e que será transmitido ao observador,
ao investigador. Além disso, um objeto histórico carrega em si o conhecimento de outra
temporalidade. Ele é tanto um objeto do passado, quanto um objeto do presente. Então, além
de acumular conhecimento, ele acumula tempos - o que, claro, também pode sair da dimensão
intelectual e ser fruto de geração de riquezas.
O CONHECIMENTO QUE O OBJETO CARREGA
17. 2.1.2. A RESPEITO DO VALOR NA
INVESTIGAÇÃO SOBRE O PATRIMÔNIO
• Que não é uma atividade diretamente útil para a sociedade.
• Que não produz ganhos materiais.
PRECONCEITOS A RESPEITO DO VALOR DA
PESQUISA NO CAMPO DAS CIÊNCIAS HUMANAS
18. 2.1.2. A RESPEITO DO VALOR NA
INVESTIGAÇÃO SOBRE O PATRIMÔNIO
O processo de investigar algo sempre busca agregar valor a esse algo, embora o caminho não seja
o de recolher “lucros” óbvios, nem no sentido de ganhos práticos e nem no que diz respeito a
rendimentos de curto prazo.
INVESTIGAR SIGNIFICA DAR VALOR A ALGO
19. 2.1.2. A RESPEITO DO VALOR NA
INVESTIGAÇÃO SOBRE O PATRIMÔNIO
O acumulo devido ao processo de investigação (de dados, informações, de esforços, de
conhecimentos etc.) leva a possibilidade de se dar saltos qualitativos em diversos aspectos
da vida sejam eles de cunho prático, sejam eles de cunho intelectual. A própria investigação
teórica em si mesma se presume como rentável socialmente mesmo que não seja no sentido
de coletar lucros, pois é a base, a causa de qualquer produto fruto do trabalho humano, seja
esse produto um vaso de cerâmica simples ou um livro, qualquer obra é o resultado de um
processo de acumulação de esforço e de conhecimento e o único reconhecimento desse fato
é em si positivo, no sentido de que ajuda a acumulação de mais conhecimento pela sociedade.
PROCESSO DE ACUMULAÇÃO DE ESFORÇO E DE CONHECIMENTO
20. 2.2. O VALOR
FORMAL DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
DE OLHO NAS CARACTERÍSTICAS
MATERIAIS DO OBJETO
A materialidade e o fato de ser passível de acumulação, como comentado anteriormente, fazem
do objeto algo de valor. Claro que embora coisas não-valiosas pela sua materialidade sejam
acumuláveis, as CARACTERÍSTICAS MATERIAIS são mais costumeiramente o que tornam os objetos
apreciados e desejados, com o por exemplo seu brilho, sua dureza etc.
21. 2.2. O VALOR
FORMAL DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
Além das características intrínsecas a matéria,
a RARIDADE e o EXOTISMO de um objeto lhe
adicionam mais valor, pois ajudam a comunicar
sobre aquele que o possui qualidades de poder
e prestígio. Bem como as características de
ANTIGUIDADE e UNICIDADE de um objeto, ou
seja, o quão antigo ele é, e o fato de só existir
um exemplar do mesmo, e a HABILIDADE
TÉCNICA empregada para produzi-lo.
O QUE ADICIONA MAIS
VALOR AO OBJETO
Lark Mason poses with a collection of Chinese rhinoceros
horned cups in Tulsa, Okla. Fonte: huffingtonpost.com
22. 2.2. O VALOR
FORMAL DOS BENS
DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
QUE PROCESSO É SEGUIDO PARA ATRIBUIR O
VALOR FORMAL AOS OBJETOS?
QUEM ENUNCIA O QUE É OU NÃO VALIOSO?
O contexto mais reconhecido é o acadêmico, mas também se
considera o que emerge das relações sociais, das lideranças,
da opinião pública, dos poderes políticos e econômicos.
Fonte: https://en.wikipedia.
org/wiki/Indiana_Jones
23. 2.2.1. O PROCESSO DE
ATRIBUIÇÃO DE VALOR
É preciso entender e descrever as
características físicas e morfológicas do
objeto - o que automaticamente pode levar a
informações sobre a tecnologia e a habilidade
técnica humana aplicada ao mesmo.
EM PRIMEIRO LUGAR
Fonte: https://andrewsdesignhistoryblog.wordpress.
com/2012/05/29/rococo-louis-xv/
24. 2.2.1. O PROCESSO DE
ATRIBUIÇÃO DE VALOR
O historiador de arte separa o que é
objeto útil do que é objeto belo.
Um objeto de valor estético é
aquele que produz prazer aos
sentidos, independente de qualquer
outro benefício que ele possa
trazer. Dessa forma, vale pensar que
qualquer instrumento pode ser uma
obra de arte, mas nem toda obra
de arte possui características para
servir como um instrumento.
O QUE É ÚTIL E O QUE É BELO
25. 2.2.1. O PROCESSO DE
ATRIBUIÇÃO DE VALOR
Quanto as preferências estéticas, essas podem ser condicionadas a muitos fatores que vão desde
questões biológicas, estritamente pessoais, contextos sociais e culturais que podem ser influenciadas
pela moda e por questões econômicas.
Gostos estéticos variam com o tempo.
GOSTO SE DISCUTE
Fonte:https://nadiahossam2904.wordpress.com/fashion/
26. 2.2.1. O PROCESSO DE
ATRIBUIÇÃO DE VALOR
É a de se importar apenas em apresentar a dimensão estética dos objetos - que possui um poder de
estimulo e de atração muito forte -, ignorando que a maioria dos bens do patrimônio foram criados para
serem úteis e não bonitos, em contradição, assim, com o contexto histórico que o objeto traz em si.
UMA CRÍTICA A MUSEOLOGIA
Fonte: http://www.messynessychic.com/2013/10/18/the-
museum-of-the-every-object-you-can-probably-think-of/
27. 2.3. O VALOR
COMUNICATIVO DOS
BENS DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
O QUE OS OBJETOS NOS COMUNICAM?
QUAIS SIGNIFICADOS ELES CARREGAM EM SI?
QUE OUTRAS COISAS ELES SUBSTITUEM?
Como objetos do passado cujo emissor não mais existe, eles funcionam como signos, ou seja,
significam além deles mesmos, estão no lugar de outra coisa, pessoas, tempos.
28. 2.3. O VALOR
COMUNICATIVO DOS
BENS DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO
O PASSADO TANGÍVEL
Os objetos históricos substituem no presente o passado, a história
materializada agora mesmo, eles são extensões do passado,
muitas vezes transformado além de signo, mas em símbolo de uma
determinada época, de determinadas ações, feitos históricos por
meio de uma associação de caráter arbitrário ou convencional, cujas
interpretações mudam conforme os contextos históricos.
29. 3. O CONTEXTO
ECONÔMICO
Como todos os outros bens produzidos
pela humanidade, uma parte dos bens
patrimoniais pode ser valorizado
economicamente, em outras palavras,
podem ser trocados por dinheiro. Em se
tratando dessa dimensão, então, para
estes bens também se aplicam relações de
oferta e procura, modismos, necessidades
produzidas, entre outras. Outros bens
patrimoniais não podem ser adquiridos,
mas sua existência pode valorizar
economicamente um espaço e alimentar o
mercado turístico, por exemplo.
QUER PAGAR QUANTO?
Fonte: http://www.pawelsadurski.com/
30. 3.1. ANÁLISE
ECONÔMICA E BENS
CULTURAIS
QUESTÃO DE ESTADO
Segundo algumas correntes, os bens culturais possuem um valor por si só, independente do
mercado, ou então, nem deveriam ser comercializados. De qualquer forma, dar valor a cultura
através do mercado seria praticamente um assunto intangível.
A questão cultural, como assunto de bem estar social, ficou a cargo do estado que agia ativamente
no fomento da cultura e seguia um modelo protecionista-paternalista até os anos 70, quando com a
crise econômica, se propôs inserir a cultura nos domínios do mercado e não mais nos do estado.
Fonte:http://bigthink.com/
errors-we-live-by/sciences-
mobile-army-of-metaphors
31. 3.1. ANÁLISE
ECONÔMICA E BENS
CULTURAIS
MERIT WANTS, MERIT GOODS
Porém, não sendo o mercado um solucionador de todas as demandas culturais da sociedade,
já que a cultura, por si só, teria um valor muito alto, o estado ficaria a cargo de financiar essas
necessidades.
32. 3.2. BENS PÚBLICOS
E MERCADO
BENS PÚBLICOS PAGOS POR QUEM?
Os bens culturais são considerados bens públicos, embora sua gestão possa ser feita através da
iniciativa privada.
A relação que a sociedade possui com os bens públicos é a de que eles são bens gratuitos, que serão
pagos por um terceiro. De tal modo que a conservação de determinados bens patrimoniais, por
exemplo, precisa de investimento externo para poder acontecer.
33. HERNÁNDEZ, JOSEP BALLART ET AL.. EL VALOR DEL PAT-
RIMÔNIO HISTÓRICO. IN: COMPLUTUM EXTRA, 6 (11), 1996:
215-224. DISPONÍVEL EM: <REVISTAS.UCM.ES/INDEX.PHP>