1. PARTE A
Lê com atenção o texto e depois responde ao que te é pedido.
Ao longe, o fumo das casas ia-se desfazendo no ar negro da noite. As rãs começavam a sua
conversa coaxada de chafariz em chafariz, enquanto os ralos1
se esganiçavam pelas searas fora.
Era o barulho misterioso das noites do campo, e ouvia-se o vento a sarilhar por entre as
folhas das árvores e o piar longínquo das corujas.
Tudo isto entrava docemente no coração do cão descansando sobre as palhas, junto das
duas vacas.
Fechando de leve os olhos, ele abria os ouvidos à música da noite e reconhecia-a como
companheira.
De repente, por entre tantos e variados sons, distinguiu claramente o dos chocalhos das
ovelhas recolhidas em seu redil2
. Levantou-se de um pulo e foi-se aproximando do lugar de onde
lhe parecia vir o tal som. Os seus olhos começaram a ver no escuro o que durante algum tempo
lhe tinha sido impossível ver; as sombras deixaram de ter mistério para ele.
Com passo decidido, saltou por cima das tábuas e encontrou-se no meio do rebanho.
As ovelhas olharam-no, admiradas, mas obedeceram às suas indicações silenciosas. Num
instante ficaram todas deitadas, um pouco afastadas das tábuas como o cão exigia.
Senhor e dono do recinto, ele deu duas voltas completas ao redil por dentro, pelo corredor
assim aberto.
E depois deitou-se de olhar atento e cabeça apenas recostada sobre as suas fortes patas
dianteiras. Sem dormir. A vigiar, como um verdadeiro cão pastor.
Sentindo-se protegidas, as ovelhas pareciam dizer umas para as outras: “Agora sim,
podemos dormir descansadas! Até que enfim há alguém a velar pelo nosso sono!”
E quando o senhor João, velhote rijo e teimoso como poucos, apareceu pelo redil, de manta
às costas, preparado para ficar de guarda às suas ovelhas, como tinha jurado e trejurado durante
todo o santo dia, ele nem queria acreditar! À luz da lanterna, via o seu rebanho bem amanhado
como há que tempos não via!
O que teria acontecido enquanto estivera a jantar?
E foi então que o viu, um pouco maior, um pouco mais magro, de cabeça apoiada sobre as
patas dianteiras como era seu costume, e de olhar atento e vigilante.
O cão também o viu, mas não se mexeu.
Parecia que os últimos dois anos tinham deixado de existir.
Só um brilho estranho nos olhos do cão e duas grossas lágrimas escorrendo pelas faces do
pastor falavam de saudade e de alegria.
E ali ficaram os dois toda a santa noite, a guardar um rebanho e uma amizade que nunca se
tinha quebrado.
Maria Alberta Menéres, O cão pastor, Edições Asa, 2002
1 Inseto, muito nocivo e robusto, que vive nas terras de cultura cavando galerias e destruindo a parte subterrânea das
plantas.
2
curral, principalmente de gado lanígero e caprino.
2. 1. Ordena os acontecimentos, de 1 a 5, de acordo com o texto.
As ovelhas estavam admiradas, mas obedeceram às indicações do cão.
O senhor João e o cão viram-se e reconheceram-se.
O fumo das casas ia-se desfazendo na noite.
O senhor João abrigado de manta às costas vinha guardar as ovelhas.
O cão estava a dormir junto das vacas.
2. Qual a personagem principal deste texto?
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3. Identifica todos os animais de que fala o texto.
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4. Explica, por palavras tuas, o que fez o cão quando encontrou o rebanho das ovelhas.
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5. Como reagiram as ovelhas quando viram o cão?
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6. Como se sentiram as ovelhas após a chegada do cão?
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7. O que foi o senhor João fazer ao redil?
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8. Com base na informação presente no texto, faz a descrição física e psicológica do
senhor João.
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3. 9. Após a leitura do texto podemos concluir que o senhor João e o cão já se conheciam.
Retira do texto uma frase que justifique a afirmação anterior.
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10. Explica por palavras tuas o significado da frase:
“E ali ficaram os dois toda a santa noite, a guardar um rebanho e uma amizade que nunca
se tinha quebrado.”.
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PARTE B
Eu conheço dois meninos
que em tudo são diferentes.
Se um diz: “Dói-me o nariz!”,
o outro diz: “Ai, meus dentes!”
Se um quer brincar em casa,
o outro foge para o monte;
e se este a casa regressa,
já o outro foi para a fonte.
É difícil conviver
com tanta contradição.
Quando um diz: “Oh, que calor! “,
“Que frio!” – diz o irmão.
Mas quando a noitinha chega
com suas doces passadas,
pedem à mãe que lhes conte
histórias de Bruxas e Fadas.
E quando o sono esvoaça
por sobre o dia acabado,
dizem “Boa noite, mãe!”
e adormecem lado a lado.
Maria Alberta Menéres,
in José António Gomes (coord.),
Conto estrelas em ti,
Campo das letras, 2000
Completa de acordo com o texto apresentado.
1. Completa a afirmação seguinte:
O texto que acabaste de ler está em escrito em ____________, por isso dizemos que é um
_____________.
4. 2. Indica o nome da autora do texto.
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3. Qual o assunto de que fala o texto?
______________________________________________________________________________
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4. Completa os espaços com palavras que rimem e não se encontrem no texto.
diferentes ___________________ contradição ___________________
noitinha ___________________ conviver ___________________
Gramática
1. Lê a frase seguinte com atenção.
“As ovelhas olharam-no, admiradas, mas obedeceram às suas indicações silenciosas.”
1.1. Reescreve a frase anterior na forma negativa e no tipo exclamativo.
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1.2. Substitui o nome sublinhado pelo respetivo pronome pessoal.
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2. Retira do texto uma frase do tipo interrogativo.
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3. Do último parágrafo do texto retira um:
determinante
artigo
indefinido
nome verbo
quantificador
numeral
adjetivo
qualificativo
advérbio
de
negação
4. Completa a tabela seguinte. Escreve o plural ou o singular das palavras apresentadas.
singular plural
chafariz
redis
som
rebanhos
5. 5. Classifica as seguintes palavras quanto ao número de sílabas e quanto à acentuação. Identifica
a sílaba tónica.
palavras
classificação quanto
ao número de sílabas
sílaba tónica
classificação
quanto à
acentuação
coruja
música
redil
6. Completa as lacunas com as formas adequadas dos verbos apresentados entre parênteses.
O cão ________________ (reconhecer) o senhor João, logo que o viu. Ele ___________
(estar) desaparecido há dois anos. Apesar da distância, não se ________________ (esquecer)
um do outro. Eles _________ (ser) sempre amigos.
7. Lê a frase seguinte com atenção.
“Até que enfim há alguém a velar pelo nosso sono!”
7.1. Reescreve a frase substituindo a palavra sublinhada por uma palavra sinónima.
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7.2. Identifica o determinante possessivo presente na frase.
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8. Assinala com X a coluna onde todas as palavras pertencem à mesma família.
pastor flor jardins
pastoreio florir jardineiro
pastorear florista janela
pastagem flauta jacaré
9. Observa o quadro.
9.1. Lê as indicações e forma palavras novas:
palavras
acrescenta o prefixo -
re- a cada uma delas
palavras
acrescenta o sufixo
-oso- a cada uma delas
mexeu mistério
aproximando saudade
luz