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CENTRO CULTURAL
LAGOA GRANDE
EAD – Escola de Arquitetura e Design
Curso de Arquitetura e Urbanismo
ADRIANA SILVA ARAUJO
CENTRO CULTURAL LAGOA GRANDE:
Projeto de arquitetura como meio de ressignificação de vivências.
Feira de Santana - Bahia
2022
ADRIANA SILVA ARAUJO
CENTRO CULTURAL LAGOA GRANDE:
Projeto de arquitetura como meio de ressignificação de vivências.
Monografia do Trabalho Final de Graduação
apresentado ao Curso de Bacharelado em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Salvador (UNIFACS), como requisito parcial
para obtenção do título de bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora: Profª Me. Carolina del Pillar
Carvallo Pinto.
Feira de Santana - Bahia
2022
RESUMO
O Centro Cultural é um local que abriga várias funções relevantes para o
conhecimento e o lazer da sociedade. A proposta da implantação deste
tipo de edificação em Feira de Santana, nas proximidades da Lagoa
Grande, tem por objetivo valorizar a presença de um dos maiores
recursos hídricos preservados da cidade, atender a nova demanda de
equipamentos públicos na região e contribuir para o desenvolvimento
social. A metodologia deste trabalho contemplou pesquisas acerca do
estado das lagoas, perfil da população do bairro, mapeamento de
equipamentos culturais existentes, informações sobre a expansão
urbana. Como resultado, foi percebida a importância de um novo espaço,
próximo do vetor de crescimento da cidade e da Lagoa Grande. Esta
pesquisa visa contribuir, portanto, com a valorização da vivência dos
centros culturais e da riqueza paisagística do município.
Palavras-Chave: Arquitetura. Centro Cultural. Lagoa Grande.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de Expansão Urbana............................................................................................ 12
Figura 2 - Gráfico de componente familiar do bairro Caseb........................................................ 13
Figura 3 - Etapas de desenvolvimento do projeto......................................................................... 15
Figura 4 - Biblioteca de Alexandria.................................................................................................. 16
Figura 5 - Linha do tempo da origem do Centro Cultural no Brasil............................................ 17
Figura 6 - Imagem interna do Centro Cultural de São Paulo. ..................................................... 18
Figura 7 - Centro Georges Pompidou............................................................................................. 18
Figura 8 - Mapeamento dos equipamentos culturais de Feira de Santana .............................. 20
Figura 9 - Fachada do Centro Cultural Maestro Miro................................................................... 20
Figura 10 - Fachada do Centro de Cultura Amélio Amorim......................................................... 21
Figura 11 - Foyer do Centro de Cultura Amélio Amorim.............................................................. 21
Figura 12 - Boate Jerimum................................................................................................................ 22
Figura 13 - Fachada do Centro Universitário de Cultura e Arte.................................................. 23
Figura 14 – Teatro de arena do Centro Universitário de Cultura e Arte.................................... 23
Figura 15 - Teatro Universitário do CUCA. .................................................................................... 24
Figura 16 - Fachada do Centro Cultural Porto Seguro................................................................. 25
Figura 17 - Composição da fachada do Centro Cultural Porto Seguro ..................................... 26
Figura 18 - Planta Baixa Térrea do Centro Cultural Porto Seguro............................................. 26
Figura 19 - Solução de iluminação zenital na área de exposição. ............................................. 27
Figura 20 - Rampa externa ao edifício do Centro Cultural Porto Seguro................................. 28
Figura 21 - Entrada do bloco técnico do Centro Cultural Porto Seguro. .................................. 28
Figura 22- Corte C: pé direito duplo na área de exposição......................................................... 29
Figura 23 - Exposição no Centro Cultural Porto Seguro.............................................................. 29
Figura 24 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural
Porto Seguro....................................................................................................................................... 30
Figura 25 - Centro Cultural MECA e o rio Garona. ....................................................................... 31
Figura 26 - Fenestrações das paredes da fachada do Centro Cultural MECA. ....................... 31
Figura 27 - Setorização do Centro Cultural MECA. ...................................................................... 32
Figura 28 - Planta Baixa do Pavimento térreo do Centro Cultural MECA................................. 32
Figura 29 - Palco circular no pavimento térreo do Centro Cultural MECA................................ 33
Figura 30 - Corte longitudinal do Centro Cultural MECA. ............................................................ 33
Figura 31 - Sala de exposição do Centro Cultural MECA............................................................ 34
Figura 32 - Fachada do Centro Cultural MECA para o rio Garanne.......................................... 34
Figura 33 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural MECA.35
Figura 34 - Fachada posterior do Museu Cais do Sertão............................................................ 36
Figura 35 - Planta Baixa Térrea: horizontalidade do Museu Cais do Sertão............................ 36
Figura 36 - Cobogós exclusivos do Museu Cais do Sertão......................................................... 37
Figura 37 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Museu Cais do
Sertão................................................................................................................................................... 38
Figura 38 - O terreno na escala da cidade..................................................................................... 39
Figura 39 - O terreno na escala do bairro Caseb (à esq.) e o terreno na escala do trecho em
estudo (à dir.)...................................................................................................................................... 40
Figura 40 - Vista da Lagoa Grande. ................................................................................................ 41
Figura 41 - Imagem aérea da Favela da Rocinha......................................................................... 42
Figura 42 - Luiz Gonzaga e seu conjunto se apresentando na Euterpe em 1953................... 42
Figura 43 - Piscina da Arena Jacaré............................................................................................... 43
Figura 44 - Mapa de Zoneamento de Feira de Santana.............................................................. 44
Figura 45 - Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas. ..... 46
Figura 46 - Terreno em estudo, lotes vizinhos, e suas dimensões............................................ 48
Figura 47 - Hipsometria do trecho em estudo................................................................................ 49
Figura 48 - Curvas de nível e corte transversal............................................................................. 50
Figura 49 - Mapa de Vias do bairro Caseb. ................................................................................... 52
Figura 50 - Ciclovia no entorno da Lagoa Grande........................................................................ 53
Figura 51 - Mapa de Uso do Solo no trecho do bairro Caseb..................................................... 53
Figura 52 - Fachada de galpões voltados a serviço, na Avenida de Contorno, próximo a
antiga Euterpe Feirense.................................................................................................................... 54
Figura 53 - Rua Muriti: pavimentação com paralelepípedos....................................................... 55
Figura 54 - Estado da Rua Ubaitaba, bairro Caseb..................................................................... 55
Figura 55 - Vista aérea das proximidades da Lagoa Grande. ................................................................ 56
Figura 56 - Rotas das linhas de ônibus no bairro Caseb............................................................. 56
Figura 57 - Ponto de ônibus próximo a Lagoa Grande. ............................................................... 57
Figura 58 –Placa com indicação de rampa, próxima a Lagoa Grande...................................... 58
Figura 59 - Vista noturna da Lagoa Grande................................................................................... 58
Figura 60 - Mapa de equipamentos do entorno imediato. ........................................................... 59
Figura 61 – Mapa de infraestrutura urbana: sentido de fluxos no entorno do terreno. ........... 60
Figura 62 - Vista aérea para percepção da vegetação. (terreno em vermelho)....................... 61
Figura 63 - Estudo de incidência solar no terreno. ....................................................................... 62
Figura 64 - Gráfico de Temperaturas de Feira de Santana......................................................... 63
Figura 65 - Níveis de conforto em umidade................................................................................... 63
Figura 66 - Gráfico de chuva mensal média. ................................................................................. 64
Figura 67 - Gráfico da Rosa dos ventos de Feira de Santana, em relação ao terreno do
projeto. ................................................................................................................................................. 65
Figura 68 - Mapa de zoneamento bioclimático brasileiro. ........................................................... 66
Figura 69 - Tabela das estratégias de condicionamento térmico............................................... 67
Figura 70 - Estratégias de condicionamento térmico ................................................................... 67
Figura 71 - População por bairros, no ano de 2010. .................................................................... 70
Figura 72 - Gráfico da população economicamente ativa por situação de ocupação, na
região do bairro Caseb...................................................................................................................... 71
Figura 73 - Condomínios fechados ≥ 8 andares em Feira de Santana, entre 1985 a 2019. . 72
Figura 74 - Renda média domiciliar de acordo com os estratos socioeconômicos................. 72
Figura 75 - Distribuição de condomínios em Feira de Santana de 2000 a 2018..................... 73
Figura 76 - Shopping Boulevard ..................................................................................................... 74
Figura 77 - Questionário.................................................................................................................... 76
Figura 78 - Porcentagens resultantes sobre a questão das opções de lazer........................... 77
Figura 79 - Pôr do sol na Lagoa Grande. ....................................................................................... 78
Figura 80 - Moodboard do partido arquitetônico. .......................................................................... 79
Figura 81 - Esquema gráfico de setorização inicial do Centro Cultural Lagoa Grande. ......... 85
Figura 82 - Setorização final do Centro Cultural Lagoa Grande................................................. 86
Figura 83 - Fluxograma do Centro Cultural Lagoa Grande ......................................................... 87
Figura 84 - Bloco de concreto. ......................................................................................................... 88
Figura 85 - Representação de telha termoacústica...................................................................... 89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Itens relevantes para o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande.......................... 47
Tabela 2 - Setor Administrativo: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento......... 79
Tabela 3 - Setor de Serviços: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento............. 80
Tabela 4 - Setor de eventos: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento .............. 81
Tabela 5 - Setor de Lazer: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento .................. 82
Tabela 6 - Setor de Oficinas e Estudos: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento
............................................................................................................................................................... 83
Tabela 7 - Setor de Alimentação: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento ...... 84
Tabela 8 - Setor de Estacionamento: Programa e Pré Dimensionamento. .............................. 84
LISTA DE SIGLAS
APP – Área de Proteção Permanente
ASRE - Áreas Sujeitas a Regimes Específicos
CCPS – Centro Cultural Porto Seguro
CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
DML – Depósito de Material de Limpeza
IO – Índice de Ocupação
IP – Índice de Permeabilidade
IU – Índice de Utilização
LOUOS - Lei De Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo de Feira De Santana
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
PMFS – Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PEA – População Economicamente Ativa
SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Feira de Santana
SEPLAN – Secretaria de Planejamento Urbano
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 11
1.1 TÍTULO ........................................................................................................................................... 11
1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................................ 11
1.3 OBJETIVO....................................................................................................................................... 14
1.3.1 Objetivo geral............................................................................................................................... 14
1.3.2 Objetivos específicos.................................................................................................................... 14
1.4 METODOLOGIA.............................................................................................................................. 14
2 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................................................. 16
2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA................................................................................................ 16
2.1.1 História dos Centros Culturais...................................................................................................... 16
2.1.2 Equipamentos Culturais em Feira de Santana ............................................................................. 19
2.2 PROJETOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................................ 25
2.2.1 Centro Cultural Porto Seguro....................................................................................................... 25
2.2.2 Centro Cultural MÉCA .................................................................................................................. 31
2.2.3 Museu Cais do Sertão................................................................................................................... 36
3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE PESQUISA.......................................................................................... 39
3.1 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................................ 39
3.2 BREVE HISTÓRICO DA ÁREA DE PESQUISA.................................................................................... 40
3.3 CONDICIONANTES DO PROJETO.................................................................................................... 44
3.3.1 Condicionantes Legais........................................................................................................... 44
3.3.2 Condicionantes Físicos .......................................................................................................... 48
3.3.2.1 Fisiografia .................................................................................................................................. 48
3.3.2.2 Qualificação da Estrutura Urbana............................................................................................. 51
3.3.3 Condicionantes Ambientais................................................................................................... 61
3.3.4 Condicionantes Socioeconômicos......................................................................................... 68
3.4 POTENCIALIDADE, FRAGILIDADES E DIRETRIZES; ENTREVISTAS. .................................................. 75
3.5 CONCEITO...................................................................................................................................... 78
3.6 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO........................................................ 79
4 DECISÕES PROJETUAIS .................................................................................................................. 85
4.1 SETORIZAÇÃO ................................................................................................................................ 85
4.2 FLUXOGRAMA ............................................................................................................................... 87
5 MEMORIAL DESCRITIVO................................................................................................................ 88
5.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 88
5.2 METODOLOGIA CONSTRUTIVA...................................................................................................... 88
5.3 REVESTIMENTOS............................................................................................................................ 90
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 91
8 ANEXOS ......................................................................................................................................... 94
INTRODUÇÃO
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 TÍTULO
Centro Cultural Lagoa Grande: Projeto de arquitetura como meio de
ressignificação de vivências.
1.2 JUSTIFICATIVA
O Centro Cultural é definido, segundo Milanesi (1997), como “um local de
reunião de produtos culturais, possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos
produtos”. Por contemplar um caráter democrático, o acesso a este espaço independe
de classe socioeconômica, agregando uma diversidade de pessoas, ideias e
experiências. A presença deste tipo de edificação configura-se portanto como sendo
muito importante para o desenvolvimento da cidade no âmbito social.
A proposta da implantação de um Centro Cultural no bairro Caseb, nas
proximidades da Lagoa Grande levanta a importante questão da valorização das
lagoas da cidade como elemento paisagístico. Feira de Santana surgiu com o nome
de “Santana dos Olhos d’água” por possuir fartura em recursos hídricos, mas à medida
que foi se expandindo economicamente, em meados das décadas de 60 e 70, houve
também maior ocupação populacional e necessidade de locais para assentamento.
Por não haver ainda legislação, houve ocupação ao redor das lagoas.
O uso desordenado do abastecimento de água, acabou por gerar uma longa
história de degradação, que ecoa até os dias de hoje – mesmo diante de novas
legislações e da revitalização da Lagoa. Recentemente, em maio deste ano (2022) foi
publicado no site da SEMMAM (Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Feira de
Santana) uma matéria cujo título afirma que “Cinquenta por cento das lagoas foram
destruídas nos últimos 30 anos” e que os fatores dessa degradação estão ligados a
ocupações irregulares de APP (Área de Proteção Permanente), e o despejo de esgoto
nas lagoas.
12
Desde 2015, a Lagoa Grande passa por uma grande obra de requalificação e
já exibe resultados positivos. Atualmente, se tornou opção de lazer de muitos
feirenses aos finais de semana. A implantação de um Centro Cultural com vista
voltada a Lagoa propicia uma estética privilegiada e ressalta a importante relação
entre a natureza e o bem estar social.
Além da razão paisagística, outro motivo para a implantação desta edificação
no bairro Caseb é o fato de a maioria das edificações voltadas a cultura se localizarem
nas proximidades do centro da cidade. Sabendo-se que vem acontecendo um
movimento de expansão urbana (Figura 1) predominantemente residencial para além
do Anel de Contorno do município (principalmente bairro SIM), verifica-se uma nova
demanda deste tipo de equipamento. Concomitante a isso, o acesso para a edificação
cultural é facilitado devido a proximidade da Av. Eduardo Fróes da Mota.
Figura 1 - Mapa de Expansão Urbana
Fonte: PMFS, 2003.
13
O bairro Caseb, de acordo com o censo do IBGE de 2010, possui 10.892
habitantes, sendo 54.7% mulheres. Segundo a CONDER (2007): as famílias são, em
sua maioria, compostas por 4 a 5 membros (Figura 2); quanto a escolaridade, maioria
da população acima de 18 anos só possui o 1º grau completo; e quanto a PEA
(População Economicamente Ativa), a maioria atua por conta própria ou emprego
regular. Os dados socioeconômicos coletados sobre o bairro Caseb revelam o perfil
de um bairro pequeno mas denso, com baixa instrução educacional, corroborando
para a compreensão da importância da implantação de um Centro Cultural neste local.
Figura 2 - Gráfico de componente familiar do bairro Caseb.
Fonte: SANTO, 2012
14
1.3 OBJETIVO
1.3.1 Objetivo geral
Desenvolver um projeto arquitetônico para um Centro Cultural em Feira de
Santana - BA.
1.3.2 Objetivos específicos
 Ativar área ociosa próxima a Lagoa Grande.
 Fomentar experiências culturais através de espaços destinados a
música, pintura, culinária, contemplação e convivência.
 Valorizar a presença de recurso hídrico preservado.
 Contribuir para integração social.
1.4 METODOLOGIA
Inicialmente, para seleção do tema e elaboração do projeto do Centro Cultural
Lagoa Grande, foram coletados dados acerca da população da cidade de Feira de
Santana e do bairro Caseb, através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), e foi realizado um mapeamento dos centros culturais existentes na cidade de
Feira de Santana afim de considerar a necessidade de um novo equipamento desta
tipologia, devido ao fenômeno da expansão urbana.
Em seguida, foi elaborado um embasamento teórico a respeito do tema,
contendo a análise do histórico deste tipo de edificação- desde sua origem até a
contemporaneidade - e foram analisadas também as regiões da cidade que já
possuem este tipo de equipamento. Além disso, foram elencados como referência,
três projetos de arquitetura já executados (01 internacional e 02 nacionais), através
de pesquisas realizadas no site Archdaily – weblog de arquitetura mais visitado do
mundo.
15
Os aspectos socioeconômicos, físicos, e legais embasaram o Programa de
Necessidades da edificação. A partir deste Programa, foi iniciado o estudo preliminar
do projeto, que já contempla as orientações das legislações selecionadas, como por
exemplo: Código de Obras, Lei de Ocupação e Uso do Solo, Plano Diretor, Código de
Obras, entre outras.
Por fim, como produto das análises realizadas e do estudo preliminar, é
desenvolvido o projeto arquitetônico, contendo plantas, cortes e fachadas, seguindo o
Conceito, a Setorização e o Partido Arquitetônico preestabelecidos. Este projeto, além
de ser representado tecnicamente seguindo as determinações da NBR 6492
(Representação de Projetos de Arquitetura), será representado por imagens
renderizadas a partir de sua maquete eletrônica tridimensional.
Fonte: autoria própria.
Figura 3 - Etapas de desenvolvimento do projeto.
EMBASAMENTO
TEÓRICO
16
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA
2.1.1 História dos Centros Culturais
O Centro Cultural, de acordo com Milanesi (1997) é definido como “um local de
reunião de produtos culturais, possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos
produtos”. Por conseguinte, Ramos (2007) considera que o centro de cultura é um
lugar que agrupa atividades culturais relacionadas a: invenção, reflexão, usufruto e
compartilhamento de bens culturais.
Alguns autores apontam que os Centros Culturais resultam da evolução das
bibliotecas, a exemplo da Biblioteca de Alexandria (Figura 4), construída durante a
Antiguidade Clássica e destacada por começar a fundir os espaços de
armazenamento com os de discussão de ideias.
Figura 4 - Biblioteca de Alexandria
Fonte: Fernando Nogueira
17
Com o tempo, observou-se que mais espaços foram sendo agregados. O
Centro Cultural, com suas várias funções, pode ser caracterizado como espaço
polivalente porque permite o acesso ao conhecimento, promove discussões, incentiva
a criação de novos conhecimentos e a difusão de novas informações.
No Brasil, a cultura já se manifestava desde o período da descoberta, através
do teatro, da elaboração de livros, cantigas, entre outros. Os mosteiros constituíam-
se locais para discussão, enquanto que a igreja recebia os artistas que auxiliavam na
pregação dos cultos por meio de pinturas, estátuas e também da arquitetura.
Em 1889, no período da Proclamação da República, assistia-se a separação
entre instrução e cultura, devido a falta de recursos e também de escolas. Já em 1935,
surgia um departamento voltado a cultura, propondo arte para todos. Só cerca de 35
anos depois, os espaços de teatro, cinema, museu, biblioteca, começaram a se
misturar, e então surgiu o Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Fonte: autoria própria.
O projeto do Centro Cultural São Paulo (CCSP), de autoria dos arquitetos
Eurico Prades Lopes e Luiz Telles, chamou atenção da mídia na época, pois, além de
ser o primeiro centro cultural do Brasil, ele apresentava aspectos interessantes como:
integração, multidisciplinaridade e formas arrojadas, através da utilização de materiais
como o aço, concreto, vidro, acrílico, tijolo e também tecido.
A lei de criação deste Centro estabelecia que suas funções eram: permitir
acesso a diferentes formas culturais, incentivar criações artísticas, desenvolver
pesquisas, e incentivar a participação da comunidade. O CCSP (Figura 6) é um
equipamento público que se mantém ativo e muito frequentado até os dias de hoje.
Figura 5 - Linha do tempo da origem do Centro Cultural no Brasil.
18
Fonte: Monique Renne.
Na mesma década em que nascia o Centro Cultural São Paulo no Brasil, surgia
na França, o impactante “Centro Georges Pompidou” (Figura 7), de autoria dos
arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers. Este projeto chamou a atenção da
sociedade devido ao seu desenho ousado, com toda a estrutura do edifício aparente,
gerando a ideia de ambientes desobstruídos, e permitindo que as funções do edifício
ficassem explicitadas a partir do uso de diferentes de cores para distingui-las.
Figura 7 - Centro Georges Pompidou.
Fonte: Uol.
Figura 6 - Imagem interna do Centro Cultural de São Paulo.
19
Segundo Ramos (2007) “quando pensamos nos modelos de centros culturais,
museus e bibliotecas espalhados pelo mundo, é possível observar uma tendência
atual para o acúmulo de funções”. Nos dias atuais, os centros culturais representam
uma fusão de ambientes como: galerias, museus, bibliotecas, teatros, salas de estudo
e diversos outros espaços que promovem cultura e lazer.
A partir dos exemplos de edificações acima, é possível perceber que a
concepção arquitetônica, além reunir funções, tem a capacidade de proporcionar e
potencializar estas simbologias de valorização social e conexão. De acordo com Silva
(2013), o desafio que o centro cultural enfrenta é “não apenas o de propor uma ação
formativa, como ser capaz de atrair, acolher e interagir com o público
adequadamente”.
Por fim, é importante reforçar o âmbito democrático que esta tipologia de
equipamento conquistou ao longo da história, juntamente com a arquitetura. Hoje,
independentemente de classe socioeconômica, existe acesso a estes espaços, que
prezam pela acessibilidade, lazer, funcionalidade e também estética, agregando
pessoas e ideias.
2.1.2 Equipamentos Culturais em Feira de Santana
Ao observar o mapeamento dos equipamentos culturais da cidade de Feira de
Santana, é possível perceber que a maioria destes estão situados na região intra Anel
de Contorno, com exceção do Museu Casa do Sertão, que se localiza na Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS), distante do centro da cidade. (Figura 8).
A região extra anel de contorno é resultante da evolução da mancha urbana em
Feira de Santana. Esta área de expansão é ocupada predominantemente por
residências, com a presença de diversos condomínios, de diferentes classes sociais.
No bairro Caseb, a proposta de um novo Centro Cultural, buscará satisfazer a nova
demanda populacional, com um programa que envolverá o aprimoramento dos
ambientes já existentes na cidade, e a criação de novos, com uma arquitetura
contemporânea.
20
Fonte: autoria própria.
Dentre os equipamentos, existem três com título de Centro Cultural. O primeiro
é o “Centro de Cultura Maestro Miro” (Figura 9), com espaços de exposição, palestras,
apresentação e eventos como o “Teatro Ângela Oliveira”, galeria de arte, foyer e salas
de oficinas gratuitas para a população que reside nas proximidades do bairro Muchila.
Fonte: Jornal Grande Bahia.
Figura 8 - Mapeamento dos equipamentos culturais de Feira de Santana
Figura 9 - Fachada do Centro Cultural Maestro Miro.
21
O segundo exemplo é o “Centro de Cultura Amélio Amorim”, que teve sua
inauguração no ano de 1992. Projetado pelo arquiteto Amélio Amorim, este Centro
chama atenção pela sua implantação, composição das formas arquitetônicas
inclinadas e por possuir telhado aparente com inclinação marcante (Figura 10).
Fonte: Rosilda Cruz.
Esta edificação possui um teatro acessível com capacidade de 312 lugares,
salas de ensaio, foyer/galeria (Figura 11), boate e também uma concha acústica.
Figura 11 - Foyer do Centro de Cultura Amélio Amorim.
Fonte: Wordpress
Figura 10 - Fachada do Centro de Cultura Amélio Amorim
22
Hoje, o Centro Cultural Amélio Amorim não funciona em sua totalidade. A Boate
Jerimum, por exemplo, tão chamativa por seu formato – que se assemelha ao de uma
abóbora- encontra-se desativada e em estado de abandono e degradação (Figura 12).
Fonte: Google Imagens.
O terceiro e último exemplo de centro cultural existente em Feira de Santana é
o “Centro de Cultura e Arte da UEFS” (CUCA). A edificação que hoje o abriga, já foi,
em 1916, uma escola fundamental; onze anos depois, tornou-se a Escola Normal de
Feira de Santana, e só em 1995 passou a sediar o CUCA, sob a responsabilidade da
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A arquitetura deste centro
configura-se como um marco da arquitetura eclética, e um dos principais monumentos
da cidade. Sua fachada é marcada por cores claras, detalhes na cor branca,
balaústres, escadaria e simetria. (Figura 13)
Figura 12 - Boate Jerimum
23
Fonte: Jornal Grande Bahia.
Este equipamento possui um auditório, teatro de arena para 100 pessoas
(Figura 14), galeria de arte, Museu Regional de Arte (MRA), biblioteca setorial e 14
salas de oficinas (dança, karatê, criação artística, música e teatro).
Fonte: Blogspot Culturas.
Figura 13 - Fachada do Centro Universitário de Cultura e Arte
Figura 14 – Teatro de arena do Centro Universitário de Cultura e Arte.
24
Além dos ambientes citados, o CUCA possui um Teatro Universitário (Figura
15), com capacidade para 220 pessoas, que contempla eventos não só culturais, mas
também artísticos e científicos, e conta com equipamentos como: palco italiano,
camarins, coxias, bilheteria, entre outros.
Fonte: Cuca Uefs.
Por fim, analisando a localização e o histórico dos centros culturais em Feira de
Santana, percebe-se que estes foram construídos há cerca de mais de 30 anos, e isso é
claramente percebido através da própria arquitetura, que possui características de seu tempo.
Portanto, a proposta do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande é trazer um aspecto
arquitetônico contemporâneo, nas proximidades da área de expansão urbana de Feira de
Santana, como uma forma de expressar e atender as transformações da cidade, da sociedade
e da arquitetura, ao longo do tempo.
Figura 15 - Teatro Universitário do CUCA.
25
2.2 PROJETOS DE REFERÊNCIA
2.2.1 Centro Cultural Porto Seguro
O Centro Cultural Porto Seguro (Figura 16), localizado na cidade de São
Paulo-SP, foi projetado no ano de 2016 pelo escritório “São Paulo Arquitetura” para a
empresa de seguros “Porto Seguro”, e conta com uma área de 3.800m², apresentando
uma configuração estética e funcional muito interessante.
Figura 16 - Fachada do Centro Cultural Porto Seguro
Fonte: Archdaily.
O sistema construtivo presente no Centro Cultural Porto Seguro foi o concreto
armado, técnica que influenciou bastante a Arquitetura Moderna, e neste projeto
permitiu a criação das formas arrojadas pretendidas. A composição desta edificação
foi considerada pelos autores do projeto como um “monólito puro em concreto
aparente”. Além do uso deste material, há também o vidro e elementos em madeira
(Figura 17). Uma fachada expõe linhas retas que resultam em reentrâncias e volumes
inclinados, a outra, ventilada, com cobogós em concreto e elemento vazado em
madeira, tornando a estética atraente.
26
Figura 17 - Composição da fachada do Centro Cultural Porto Seguro
Fonte: Fabio Hargesheimer
O projeto possui 04 níveis,02 no subsolo. Observando o pavimento térreo com
foco na sua forma, nota-se a forte presença da inclinação das paredes e assimetria
(Figura 18) que além de configurar uma estética interessante, orienta percursos,
instiga a curiosidade, divide espaços, e ainda contribui para a acústica dos ambientes.
Figura 18 - Planta Baixa Térrea do Centro Cultural Porto Seguro.
Fonte: Archdaily.
27
Segundo Yuri Vital, arquiteto que integra a equipe de autoria deste projeto,
um dos objetivos da concepção do Centro Cultural Porto Seguro era de não precisar
intervir com revestimento acústico, mas utilizar da arquitetura, através disposição de
paredes não paralelas, para que as ondas mecânicas da voz se dissipassem,
perdendo força e evitando o efeito conhecido como eco.
Quanto a iluminação, no subsolo e na área de exposição foram criadas
aberturas para entrada de luz natural, que geram uma espécie de efeito surpresa, já
que a fachada é um grande bloco de concreto. Isto foi projetado de forma que a luz
incidisse diretamente no concreto (Figura 19), e não em alguma obra de arte, para
que não a danificasse. Quanto a ventilação natural, a edificação mantém aberturas
para as direções norte, sul e leste.
Figura 19 - Solução de iluminação zenital na área de exposição.
Fonte: Archdaily.
Outro diferencial deste projeto de referência é a presença de uma rampa que
cria um volume externo ao edifício (Figura 20), com a lateral envidraçada,
proporcionando um contato visual diferente e uma pausa desejável para apreciar a
natureza e o entorno.
28
Figura 20 - Rampa externa ao edifício do Centro Cultural Porto Seguro.
Fonte: Archdaily.
A área do CCPS é dividida em um bloco técnico (salas de aula, banheiros,
administração) e um expositivo, para que funcionassem independentemente. O
primeiro, com mobiliário já definido, tem formato ortogonal e possui elementos
vazados de cobogó e madeira. Ademais, revela um gesto arquitetônico convidativo e
acolhedor através de uma grande entrada desobstruída, com rampa. (Figura 21).
Fonte: Galeria da Arquitetura.
Figura 21 - Entrada do bloco técnico do Centro Cultural Porto Seguro.
29
Já o segundo bloco – expositivo – é o que possui formas geométricas inusitadas
confeccionadas em concreto (Figura 16), pois o layout é flexível, podendo ser
ajustado; existem grandes vazios para circulação e observação das obras de arte;
além disso, possui pé direito duplo para possibilitar a inserção de obras maiores. Na
Figura 22 percebe-se os níveis da edificação e a altura dos ambientes de exposição.
Fonte: Archdaily.
O programa deste centro é composto por muitos espaços flexíveis, que
permitem diferentes usos: festivais, exposições (Figura 23), workshops, entre outros.
Figura 23 - Exposição no Centro Cultural Porto Seguro.
Fonte: Archdaily.
Figura 22- Corte C: pé direito duplo na área de exposição.
30
Para além dos aspectos já citados, o Centro Cultural Porto Seguro
desempenhou um papel social transformador na região em que se encontra, pois foi
implantado no bairro Campos Elísios, que abrigava a elite paulista no ano de 1940,
mas que com o desenvolvimento urbano ao longo do tempo, teve seus casarões
abandonados, tornando-se uma área vazia perigosa, onde havia muito consumo de
entorpecentes, chegando a ser chamada “Cracolândia”. A chegada do novo
equipamento cultural melhorou o cenário urbano, ressaltando a potência da
arquitetura enquanto agente de ressignificação de vivências.
Diante de todas as decisões projetuais citadas e os benefícios funcionais
trazidos por estas escolhas, algumas serão levadas em consideração para o projeto
do Centro Cultural Lagoa Grande. (Figura 24).
Figura 24 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural
Porto Seguro.
Fonte: autoria própria.
31
2.2.2 Centro Cultural MÉCA
Projetado pelo escritório Bjarke Ingels Group (BIG) no ano de 2019, o Centro
Cultural Meca (Figura 25) possui área de 18.000m², e foi construído em Bourdeaux
(França), nas margens do rio Garona.
Figura 25 - Centro Cultural MECA e o rio Garona.
Fonte: Archdaily
Esta edificação chama atenção pela imponência do volume e por suas
fenestrações inusitadas nas paredes das fachadas, projetadas para propor
iluminação zenital (Figura 26). O grande vão gera uma espécie de “sala urbana”,
gesto que integra o edifício ao espaço público, por meio de uma extensa rampa–
demonstrando cuidado quanto a acessibilidade.
Figura 26 - Fenestrações das paredes da fachada do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily
32
A setorização do MECA é bastante demarcada (Figura 27): existem três
agências diferentes delimitadas: FRAC (arte contemporânea), ALCA (cinema,
literatura e audiovisuais), OARA (artes cênicas), e um espaço público para o que
os autores do projeto chamam de “sala urbana”.
Figura 27 - Setorização do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily.
A planta baixa do pavimento térreo (Figura 28) evidencia que as “pontas”
triangulares do volume também foram aproveitadas, aliando função a estética.
Ademais, são demonstrados os espaços de circulação amplos e acessíveis.
Figura 28 - Planta Baixa do Pavimento térreo do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily.
33
Ainda no pavimento térreo, é possível perceber a presença de um elemento
central, como uma espécie de arquibancada que cria um palco no centro do círculo
para manifestações artísticas. Neste trecho, encontra-se mais uma vez a solução
da iluminação zenital, esta bem marcada por pequenas aberturas, diagramadas
de forma rítmica. (Figura 29)
Figura 29 - Palco circular no pavimento térreo do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily.
O corte longitudinal (Figura 30) revela os 06 diferentes níveis do edifício,
contando com o terraço na sua parte mais alta – que oferece visão panorâmica da
região. Os acessos acontecem através de escadas e elevadores.
Figura 30 - Corte longitudinal do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily.
34
Quanto aos espaços presentes no Centro Cultural MÉCA, muitos são
multifuncionais, podendo ser utilizados para: shows, peças teatrais, galerias de
arte, instalações de arte, entre outros. O pé direito alto (Figura 31) de espaços de
exposição possibilitam a instalação de obras de grande porte. Além disso, os
espaços livres também contam como locais de exposição.
Figura 31 - Sala de exposição do Centro Cultural MECA.
Fonte: Archdaily.
Neste projeto, a arquitetura expõe um gesto muito interessante: um portal e
uma espécie de “plateia” para o rio Garanne, valorizando a sua presença. (Figura
32). No projeto do Centro Cultural Lagoa Grande, esta configuração funcionará
com a mesma intenção: de emoldurar a paisagem do recurso natural e direcionar
o olhar contemplativo para o mesmo.
Figura 32 - Fachada do Centro Cultural MECA para o rio Garanne.
Fonte: Archdaily
35
De acordo com o arquiteto que projetou este centro, “A MECA não só derrama
suas atividades sobre o campo público e o ambiente urbano, mas também convida
o público a passear entorno de, por, sob e sobre o novo portal cultural.” Ou seja,
configura-se como um edifício pensado muito além das funções internas e
predefinidas, mas cabe a liberdade de trânsito e uso do visitante.
Diante das características exploradas, algumas serão levadas como
referência para elaboração do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande. (Figura
33).
Figura 33 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural MECA.
Fonte: autoria própria.
36
2.2.3 Museu Cais do Sertão
O Museu Cais do Sertão fica localizado em Recife. Este foi projetado no ano
de 2018 pelo escritório “Brasil Arquitetos” e conta com 5.000m² de área. Possui uma
arquitetura de forte inserção urbana, a beira mar, contando com uma marcante
horizontalidade, criando uma espécie de “praça coberta” e varanda, que funciona
como uma gentileza urbana. (Figura 34)
Figura 34 - Fachada posterior do Museu Cais do Sertão.
Fonte: Archdaily.
O Museu conta com 04 níveis e a circulação se dá por meio de elevadores,
rampas e escadas. No térreo, há um galpão permanente, hall, lojas, locais de
espetáculo e um vão livre que totaliza 65 metros de extensão (Figura 35); o primeiro
pavimento possui: biblioteca, exposições temporárias, auditório, terraço e sala
multiuso; o segundo pavimento contempla administração, exposições temporárias,
galeria e terraço. Por fim, o terceiro pavimento é voltado para área de alimentação.
Figura 35 - Planta Baixa Térrea: horizontalidade do Museu Cais do Sertão
Fonte: Archdaily.
37
De maneira geral, a multifuncionalidade do Museu Cais do Sertão se destaca.
Segundo os arquitetos autores do projeto, “essa praça coberta poderá ter uma
infinidade de usos, das festas abertas às feiras, dos shows ao nada fazer no desfrute
de uma boa sombra ou vista para os arrecifes.”
A estética da fachada é marcada pela presença de grandes cobogós criados
exclusivamente para o museu (Figura 36), trazendo identidade e conferindo um
caráter único para a edificação. Além do visual inédito e exclusivo, é percebida uma
intenção projetual voltada a permeabilidade visual e a iluminação zenital.
Figura 36 - Cobogós exclusivos do Museu Cais do Sertão.
Fonte: Pinterest.
O Museu Cais do Sertão se torna um marco paisagístico, pela sua forma e pelo
local onde está inserido: à beira do mar, na ilha onde nasceu a cidade de Recife e
assim está inserido no entorno de edificações e espaços tombados como patrimônio
histórico nacional.
38
Este projeto destaca-se pela pretensão em reforçar os laços da cidade com
suas águas, visto o quanto é importante valorizar a relação dos recursos naturais para
beneficiar a paisagem urbana, o bem estar social e preservar a história da cidade.
Além disso, os autores do projeto prezam por promover, através da arquitetura, uma
experiência acolhedora, única, intelectual e afetiva – critérios estes muito importantes
a serem aplicados no Centro Cultural Lagoa Grande.
Por fim, o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande aplicará algumas das
características citadas no Museu Cais do Sertão, conforme apontado na Figura 37.
Figura 37 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Museu Cais do
Sertão.
Fonte: autoria própria.
DIAGNÓSTICO:
ÁREA DE PESQUISA
39
3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE PESQUISA
3.1 LOCALIZAÇÃO
O terreno escolhido para implantação do Centro Cultural Lagoa Grande
encontra-se no bairro Caseb, situado na porção nordeste da cidade de Feira de
Santana, nas proximidades do Anel de Contorno (Figura 38) - via expressa que
atende o tráfego interurbano intenso.
.
Figura 38 - O terreno na escala da cidade.
Fonte: Google, adaptado pela autora.
Para melhor compreensão do trecho, o terreno foi indicado graficamente na
escala da cidade (Figura 38), na escala do bairro Caseb – cuja delimitação faz fronteira
com a importante Av. João Durval Carneiro. Este tipo de via proporciona melhor fluidez
no tráfego, com circulação de transportes coletivos, conciliados com os tráfegos de
passagem local - e na escala da Lagoa Grande, demonstrando sua proximidade a
mesma e a Avenida de Contorno (Figura 39). O terreno está localizado na Rua Muriti,
e foi delimitado a partir do vazio urbano existente na região de estudo pretendida.
40
Figura 39 - O terreno na escala do bairro Caseb (à esq.) e o terreno na escala do trecho em
estudo (à dir.).
Fonte: PMFS, adaptado pela autora.
3.2 BREVE HISTÓRICO DA ÁREA DE PESQUISA
A região do bairro Caseb foi originalmente ocupada por um armazém do Governo
da Bahia, por isso sua sigla significa: Companhia de Armazéns e Silos do Estado da
Bahia. Nesses armazéns eram depositados insumos que ajudavam a população em
tempos difíceis. Por terem funcionado como um regulador de mercado, não permitiam
grandes aumentos de preços nos produtos.
O Caseb está localizado próximo a Lagoa Grande (Figura 40). Esta foi
responsável pelo abastecimento de água do município entre os anos de 1950 e 1970
e recebe este nome por ter sido uma das maiores lagoas no perímetro urbano nos
anos 50 – período no qual se iniciaram as primeiras invasões em seu entorno.
41
Figura 40 - Vista da Lagoa Grande.
Fonte: SECOM, Bahia.
É importante citar que as transformações econômicas influenciaram diretamente
na questão ambiental de Feira de Santana, isto porque, em 1960, a economia era
baseada na agropecuária.
Na década seguinte, em 1970, o cenário foi transformado devido ao surgimento
da indústria, que atraiu o movimento migratório das pessoas de baixa renda. Estas,
por não possuírem condições de adquirir moradia regular, passaram a ocupar áreas
de mananciais hídricos, vivendo suscetíveis a alagamentos, inundações, e doenças.
Em 1982, todas as bordas da Lagoa já se encontravam ocupadas.
Então, parte da Lagoa Grande começava a ser aterrada pela população excluída
dos benefícios urbanos, para ser habitada sem nenhum tipo de infraestrutura. Essa
invasão ficou conhecida hoje como “Favela da Rocinha” (Figura 41), considerado o
maior assentamento subnormal da cidade.
42
Figura 41 - Imagem aérea da Favela da Rocinha.
Fonte: SEPLAN, 2018.
No âmbito do histórico cultural da área em estudo, é importante sinalizar que o
terreno do proposto Centro Cultural Lagoa Grande é vizinho a antiga sede de um clube
cultural chamado “Euterpe Feirense”, criado no ano de 1921, sendo um dos mais
antigos não só do município, mas do país. A Euterpe possuía bastante visibilidade, e
buscava contratar artistas não só nacionais, como também internacionais. Um deles
foi o famoso rei do baião, o pernambucano Luiz Gonzaga, que compareceu nos anos
de 1953 e 1973, se apresentando no salão de festas do mesmo (Figura 42).
Figura 42 - Luiz Gonzaga e seu conjunto se apresentando na Euterpe em 1953
Fonte: Blog Simas.
43
No ano de 2001 o edifício da Euterpe Feirense se encontrava em estado de
degradação e possuía muitas dívidas. Por isso, foram realizados eventos no intuito de
pagar as despesas e recuperar a instituição, buscando manter o funcionamento da
escola de música existente e manter viva a Filarmônica. Estas filarmônicas
conquistavam intensa participação na vida social, cultural e artística da cidade;
estavam presentes em eventos como formaturas, inaugurações, casamentos, atos
públicos, entre outros.
Numa entrevista, um feirense chamado Marilton Carvalho lamenta o
enfraquecimento das filarmônicas, declarando: “infelizmente ficaram mudas, seus
trombones, cornetas, pratos, etc., não fazem a alegria de crianças, jovens e velhos
que corriam para ver a banda passar.” Ou seja, assiste-se a um processo de
modificações culturais a partir de então.
O Clube promovia atividades em favor da cultura, da arte musical, reuniões
desportivas e festas; possuía parque com piscinas e brinquedos aquáticos, área livre,
e estacionamento. A Euterpe Feirense foi o símbolo da cultura da integração, no
tempo em que as pessoas socializavam mais umas com as outras.
Hoje, este espaço chama-se “Arena Jacaré” – fazendo menção aos jacarés
presentes na Lagoa Grande- e possui equipamentos voltados ao esporte, ao lazer
aquático (Figura 43), e campo de futebol.
Figura 43 - Piscina da Arena Jacaré.
Fonte: Google Imagens
44
3.3 CONDICIONANTES DO PROJETO
3.3.1 Condicionantes Legais
O PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) de Feira de Santana mais
recente é o de 2018. Ele apresenta diretrizes de orientação, controle e ordenamento
do município de Feira de Santana e estabelece princípios relevantes, como por
exemplo: o respeito a função social da cidade e da propriedade, equidade de inclusão
social e territorial, sustentabilidade nos âmbitos social, ambiental e econômico.
O Plano porém, não especifica princípios específicos para os bairro Caseb. Por
fim, existem dados mapeadas, que indicam algumas informações sobre o mesmo: que
possui predominância residencial, não pertence a ZEIS (Zona Especial de Interesse
Social), possui uma Via Expressa e pertence a Zona 02 – de acordo com o Mapa de
Zoneamento Municipal de Feira de Santana (Figura 44).
Figura 44 - Mapa de Zoneamento de Feira de Santana.
Fonte: PMFS, adaptado pela autora.
45
A Lei 118 – LOUOS (Lei De Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo de Feira De
Santana) estabelece índices de acordo com o uso do projeto em questão - Uso
institucional- são esses: utilização (com valor de 3,5), de ocupação (0,60) e de
permeabilidade (0,30). Além disso, expõe os recursos permitidos para a área do
projeto do Centro Cultural: com recuo frontal de 3,00m – por se tratar de uma via local
–, recuo lateral e de fundo de 1,50m ou podendo obedecer a fórmula 1,50+0,15(N-4),
no qual “N” se refere ao número de pavimentos do edifício. Quanto ao gabarito de
altura, não foram encontradas especificações para a região em questão.
Já a Lei 3473, Código de Obras de Feira de Santana, possui um capítulo com
diretrizes especificas para “Edificações para fins culturais e recreativos”, revelando
parâmetros como: altura de pé direito, proporção necessária de itens de sanitário,
quantidade, tipologia e dimensão de vagas de estacionamento, dimensão de áreas de
circulação, entre outros.
O Código Florestal em vigor a partir de 1989 determinava que a área de
preservação permanente, onde não se pode construir, era de 30 metros a partir das
margens das lagoas e cursos d’água estreitos (qualquer um com menos de 10 metros
de largura).
Só no ano de 1992 foi instituída a Lei 1612 do Código do Meio Ambiente de
Feira de Santana. Daí então a Lagoa Grande foi classificada como ASRE (Áreas
Sujeitas a Regimes Específicos) exigindo uma faixa de 50m no entorno da lagoa – e
não 30m, como em 1989. Além disso, esta lei vedava qualquer obra que pudesse
alterar a topografia, a beleza, e o pitoresco das características naturais existentes.
Atualmente, a preservação do ecossistema está sendo (re)tratada no novo
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Feira de Santana (Lei 117) o qual reforça
a desautorização de qualquer edificação que interfira nos aspectos naturais e diminui
o valor de recuo de 50 para então 30 metros no entorno das lagoas.
A Lei 327, de 2017, “dispõe sobre a criação e o uso de espaço edificado para
acondicionamento de resíduos, Casa do Lixo, em Feira de Santana”. Ela estabelece
que este ambiente deve estar confrontante a via pública, possuindo também acesso
interno, sem poder estar geminada a lotes vizinhos – mantendo recuo de 3m. O
dimensionamento da Casa de Lixo deve ter área para comportar resíduos de 3 dias.
Existem diretrizes para imóveis residenciais, condomínios de lotes e imóveis
46
comerciais. Não foram identificadas diretrizes específicas para o tipo de edificação
cultural, então, serão seguidos os parâmetros dos imóveis comerciais: “para cada
metro quadrado de área construída do imóvel, a Casa do Lixo deverá possuir 0,006m²
de área interna, com no mínimo de 3,5 m² de área interna, prevalecendo destas a
maior;”
Outras legislações extremamente relevantes que serão aplicadas no processo
de projeto do Centro Cultural a fim de garantir segurança e acesso universal a
edificação, serão a NBR 9077 que trata de “Saídas de Emergência em Edifícios” –
dispondo de dimensões adequadas e proporcionais ao tamanho específico do projeto,
equipamentos obrigatórios e a locação destes - e a NBR 9050 que aborda
“Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” –
trazendo dimensões mínimas para garantir um uso apropriado dos espaços e
circulações (Figura 45).
Figura 45 - Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas.
Fonte: NBR 9050.
47
Por fim, é interessante resumir (Tabela 1) os itens considerados mais
relevantes para a elaboração do Centro Cultural Lagoa Grande.
Tabela 1 - Itens relevantes para o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande.
LEI PARÂMETROS
LOUOS Índices Urbanísticos - IO = 0,60; IU = 3,5; IP=0,30
LOUOS Recuo Frontal: 3,00m; Recuo Lateral e Fundo:1,5m.
CÓD. DE OBRAS Sanitário Masculino: 1 vaso para cada 300 Espectadores
e 1 mictório e 1 lavatório para cada 250 espectadores;
CÓDIGO DE OBRAS Sanitário feminino: 1 vaso e 1 lavatório para cada 250
espectadoras.
CÓDIGO DE OBRAS Pé direito mínimo de 2,80m
CÓDIGO DE OBRAS Vagas de veículos: para PNE: 2%; para idosos: 3% -
sobre o número total de vagas.
CÓDIGO DE OBRAS Vagas com largura mínima de 2,30 por comprimento de
4,50m, respeitando o percentual mínimo de 30% do
número de vagas com largura de 2,50m por 5,00 m.
CÓDIGO FLORESTAL Edificação deve começar após recuo mínimo de 30,00m em
relação a Lagoa Grande.
CASA DO LIXO Recuo lateral de 3,00m
CASA DO LIXO Área mínima de 3,50m²
NBR 9050 Sanitário acessível: circulação interna com o giro de 360°
(1,50m de diâmetro)
NBR 9050 Portas acessíveis com abertura para fora, considerando o
M.R. (módulo de referência, de 0,90m por 1,20m)
NBR 9050 Assentos do auditório destinados a P.M.R. (pessoa com
mobilidade reduzida) com espaço livre frontal de no
mínimo 0,60 m, e assentos com dimensões apropriadas
para P.O. (pessoa obesa).
Fonte: autoria própria.
48
3.3.2 Condicionantes Físicos
3.3.2.1 Fisiografia
O terreno em estudo possui formato triangular (Figura 46), conta com um
ângulo reto, e os demais são ângulos de 50º e 39º, com uma área total de 6.138,00m².
Em Feira de Santana, de maneira geral, o solo contém e explora areia, argila e pedras
para construção que também são, industrialmente transformadas em de britas e
pedras.
Figura 46 - Terreno em estudo, lotes vizinhos, e suas dimensões.
Fonte: autoria própria.
49
A hipsometria (Figura 47) é uma forma de representar graficamente as altitudes
de uma determinada região. Seu mapa revela, através de escalas cromáticas, as
altitudes, em relação ao nível do mar. No trecho em estudo, não há relevantes
diferenças de cores, significando que não há muita variação de altitude.
Figura 47 - Hipsometria do trecho em estudo.
Fonte: GoSur, satellite-map.
O terreno abrange 04 diferentes curvas de nível, partindo da curva de número
221 até a curva de número 224, possuindo um aclive de 4,00m, percebido no corte
transversal (Figura 48). As grandes dimensões do terreno aliviam a porcentagem de
inclinação, mas esta deve ser considerada no processo de implantação do projeto do
Centro Cultural Lagoa Grande.
50
Figura 48 - Curvas de nível e corte transversal.
Fonte: autoria própria.
Quanto a qualidade das águas da Lagoa Grande, estas já foram muito
exploradas e degradadas – principalmente por serem subutilizados como depósito de
resíduos, se tornando foco de doenças.
Houve uma proposta de relocação da população para revitalização da Lagoa,
e com isso, a lagoa começou a ser limpada e passaram a ser vistos jacarés do papo-
amarelo dentro e fora d’água. No ano de 2009 foi publicada uma entrevista no site
“Acorda Cidade” na qual o chefe de educação ambiental, João Dias, afirmou que os
peixes da lagoa estavam morrendo devido ao alto índice de poluição.
51
Com relação a vegetação, o trecho em estudo explicita a presença maior de
árvores nas regiões dos vazios urbanos; já o terreno em estudo possui pouca e
pontual vegetação.
3.3.2.2 Qualificação da Estrutura Urbana
De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o sistema viário
urbano da cidade de Feira de Santana possui a seguinte hierarquia de vias: rodovias,
expressa, arterial, coletora, marginal, de pedestres, exclusiva, ciclovias e ciclofaixas.
A partir da compreensão do mapa de vias (Figura 49) percebe-se que na região do
Caseb encontra-se a Via Expressa (Avenida Eduardo Fróes da Mota), que tem a
função de atender aos grandes volumes de tráfego em percurso interurbano.
Há também uma importante Via Arterial, a Av. João Durval, projetada para atender
demandas de viagens urbanas com melhor fluidez e circulação dos transportes
coletivos, conciliando os tráfegos de passagem local.
A Rua Jundiaí é uma Via Coletora que recolhe e distribui o tráfego de todas as
nucleações residenciais e/ou comerciais, de serviços e outros, efetuando a
alimentação às vias arteriais.
A Rua Muriti, lindeira ao terreno em estudo, é considerada uma Via Local, sem
semáforos, cuja função é possibilitar acesso a casas e atividades do comércio,
serviço, industrias, instituições, entre outras. As demais vias internas da região
também são consideradas vias locais. Por fim, a ciclovia apresenta-se apenas no
entorno imediato da Lagoa.
52
Figura 49 - Mapa de Vias do bairro Caseb.
Fonte: PMFS, adaptado pela autora.
Como citado no bairro em estudo – Caseb – foi encontrada apenas uma ciclovia
(Figura 50), que circunda todo o perímetro da Lagoa Grande, mas não se conecta a
nenhuma outra rota de ciclovia. Ou seja, a sua principal função está relacionada ao
lazer e a contemplação do bem natural, e não ao transporte de fato, pois não possui
outras vias direcionadas para tal.
53
Figura 50 - Ciclovia no entorno da Lagoa Grande
Fonte: acervo pessoal.
Sobre o uso do solo, (Figura 51), embora o terreno esteja numa zona
predominantemente residencial, ao sair da visão macro, encontram-se alguns vazios
urbanos, nas proximidades da direção sul de onde está o terreno.
Figura 51 - Mapa de Uso do Solo no trecho do bairro Caseb.
Fonte: autoria própria.
54
Percebendo que a predominância residencial está mais forte nas regiões mais
internas e próximas as vias locais do bairro, é possível concluir que aproveita-se a
existência de uma via expressa (Av. Eduardo Froes da Mota) para muitos usos
destinados a serviços e comércio, em virtude do fluxo e visibilidade da região. (Figura
52).
Figura 52 - Fachada de galpões voltados a serviço, na Avenida de Contorno, próximo a
antiga Euterpe Feirense.
Fonte: Google Maps.
Com relação a pavimentação, a via adjacente ao terreno em estudo é a Rua Muriti,
considerada via local, possui pavimentação em paralelepípedo (Figura 53). A outra
via de acesso é a Av. Eduardo Fróes da Mota (Anel de Contorno), asfaltada, encontra-
se constantemente movimentada, possui opções de retorno, e serve como ponto de
passagem para veículos de várias partes da cidade e do país; porém não possui
passarela nem faixa de pedestres.
55
Figura 53 - Rua Muriti: pavimentação com paralelepípedos.
Fonte: Google Street View.
Outras vias locais do bairro Caseb, como a Rua Ubuíra e a Rua Ubaitaba
(Figura): não possuem pavimentação; as calçadas são irregulares e repletas de lixo.
Figura 54 - Estado da Rua Ubaitaba, bairro Caseb.
Fonte: Google Maps.
Quando se trata de gabarito, considera-se que a cidade de Feira de Santana
tem a horizontalidade ainda como uma forte característica. Ao observar a região da
Lagoa Grande, percebe-se várias edificações residenciais do bairro, e a vista para
alguns poucos prédios elevados da cidade. (Figura 55).
56
Figura 55 - Vista aérea das proximidades da Lagoa Grande.
Fonte: Bahia Drones.
Apesar da localização privilegiada e do fácil acesso fácil para o bairro, quando
se trata da mobilidade urbana voltada ao transporte público, encontram-se
carências. As linhas de ônibus que transitam pela cidade passam pelas avenidas
principais (Figura 55), mas a maioria não passa pelas áreas do interior do bairro
Caseb, ou seja, na maioria das vezes é preciso se deslocar até a Avenida João Durval
ou Avenida Getúlio Vargas, para ter acesso ao transporte público.
Figura 56 - Rotas das linhas de ônibus no bairro Caseb.
Fonte: Google Maps, adaptado.
57
Os pontos de ônibus dentro do bairro não possuem abrigo e nem indicações de
paradas. Foi encontrada apenas uma placa de indicação de Ponto de ônibus, nas
proximidades da Lagoa grande (Figura 57), porém sem abrigo -indicando uma
carência a ser suprida, afinal, o transporte público é uma solução de mobilidade que
deve ser incentivada e qualificada a fim de aliviar o número de meios individuais de
locomoção, já que estes, hoje, causam transtornos na fluidez da mobilidade e mais
emissão de poluentes.
Figura 57 - Ponto de ônibus próximo a Lagoa Grande.
Fonte: acervo pessoal.
No entorno do terreno não foram encontrados mobiliários. Já na região da Lagoa
tem-se: equipamentos de ginástica, bancos de concreto, lixeiras, postes de
iluminação, vasos com flores e parquinhos.
O bairro em geral demonstra carência no que diz respeito a acessibilidade. As
calçadas são irregulares, prejudicando o acesso, não possuem rampas nem pisos
táteis. Já a região imediatamente envolta da Lagoa expõe pequenos sinais de
acessibilidade, através de rampa e sua indicação (Figura 58) nas calçadas.
58
Figura 58 –Placa com indicação de rampa, próxima a Lagoa Grande.
Fonte: acervo pessoal.
Quanto a iluminação, a região da Lagoa possui postes de luz com dupla direção
ao redor das áreas de convivência. Mas, mesmo com estes postes, a iluminação
noturna se mostra insuficiente; algumas áreas ainda permanecem escuras. Embora
isto crie um belo cenário (Figura 59), acaba causando sensação de insegurança para
os visitantes. É importante projetar a iluminação pública pensando na qualidade do
meio urbano enquanto local de usufruto e segurança da população, possibilitando o
seu melhor aproveitamento independente do horário.
Figura 59 - Vista noturna da Lagoa Grande.
Fonte: Paulo Medford.
59
Aproximando a visão para a escala do terreno, fica clara a questão da
infraestrutura pública na região em estudo. Na Figura 60, percebe-se a vegetação
existente, a iluminação, equipamentos como quiosque, parque infantil, ciclovia e
policiamento.
Figura 60 - Mapa de equipamentos do entorno imediato.
Fonte: autoria própria.
O mapa de infraestrutura da Figura 61 indica o sentido do fluxo das principais
vias. Na rua Muriti, onde está o terreno em estudo, há duas direções, favorecendo o
acesso a edificação tanto pelo anel de contorno, quanto pelas vias locais dentro do
bairro Caseb.
60
Figura 61 – Mapa de infraestrutura urbana: sentido de fluxos no entorno do terreno.
Fonte: autoria própria.
Analisando toda a realidade do Caseb, conclui-se que o bairro ainda é muito
carente. Apenas a região próxima a Lagoa Grande sinaliza preocupações com
acessibilidade, contemplando mais equipamentos e infraestrutura. Todavia, esta
ainda precisa ser aprimorada para que atenda de maneira efetiva as necessidades do
local.
61
3.3.3 Condicionantes Ambientais
O terreno possui pouca área de vegetação, e isto é percebido claramente na visão
aérea (Figura 22). Em contraponto, os lotes também considerados vazios urbanos,
imediatamente vizinhos ao terreno, são os que mais possuem vegetação no trecho
abordado.
Figura 62 - Vista aérea para percepção da vegetação. (terreno em vermelho).
Fonte: Google Maps.
O estudo solar (Figura 63) é realizado para condicionar o estudo do projeto, pois
nele consegue-se compreender cada período do ano de forma individual e como a
incidência do sol pode atuar na edificação. No caso do Centro Cultural, a fachada
principal do terreno tem maior incidência do sol poente, isto porque o programa dessa
62
edificação prevê, propositalmente, áreas para contemplação do pôr do sol. Todavia,
os outros ambientes do programa, de permanência prolongada, devem ser protegidos
desta insolação.
Figura 63 - Estudo de incidência solar no terreno.
Fonte: Analysis SOL-Ar, adaptado.
Já o estudo das sombras projetadas foi desconsiderado neste trabalho pois: o lote
vizinho ao sul não possui edificação, e o lote vizinho ao norte – Euterpe Feirense –
possui apenas equipamentos aquáticos e quadra de futebol, que não influenciam nas
sombras do terreno em estudo. Ao leste existe edificação, porem a distância dela para
o terreno em estudo é menor que seu gabarito, e ao oeste está apenas a Lagoa
Grande.
O clima de Feira de Santana é tropical; possui longo e quente verão, inverno
curto e considerado agradável. No gráfico (Figura 64) de temperaturas máximas e
63
mínimas média, a estação quente tem temperatura máxima média de 33ºC. A estação
fresca conta com máxima diária média abaixo de 30ºC. Esses indicativos auxiliam no
processo de distribuição de setores e atividades na edificação.
Figura 64 - Gráfico de Temperaturas de Feira de Santana.
Fonte: Weather Spark
A cidade de Feira de Santana tem variação sazonal significativa quanto aos
critérios de umidade e secura (Figura 65) – o que está diretamente relacionado ao
nível de conforto térmico. Mas, diferente da temperatura, que apresenta alterações
diariamente, a umidade tende a mudar de maneira mais lenta.
Figura 65 - Níveis de conforto em umidade.
Fonte: Weather Spark.
64
O gráfico indica a acumulação total média, em milímetros, de cada mês. Chove
ao longo do ano inteiro na cidade (Figura 66), chamando a atenção para soluções
arquitetônicas como beirais, que protegem a edificação da chuva.
Figura 66 - Gráfico de chuva mensal média.
Fonte: Weather Spark.
Quanto aos ventos, durante o dia predominam os mais velozes, na direção
sudeste; no período da noite, são frequentes não só na direção sudeste, mas
também leste (Figura 67). Assim, podem ser definidas as aberturas da edificação de
modo mais confortável, termicamente falando.
65
Figura 67 - Gráfico da Rosa dos ventos de Feira de Santana, em relação ao terreno do projeto.
Fonte: Projetee, adaptado pela autora.
66
A NBR 15220 trata do “Desempenho térmico das edificações”, verificando
uma série de propriedades, como: transmitância térmica, capacidade térmica, atraso
térmico e fator solar dos elementos e componentes que compõem o edifício. A norma
também traz diretrizes interessantes a serem aplicadas no projeto, estabelecidas a
partir do Zoneamento Bioclimático Brasileiro que contempla oito zonas diferentes, e
de acordo com o mapa que a Norma dispõe (Figura 68), Feira de Santana encontra-
se na Zona 8.
Figura 68 - Mapa de zoneamento bioclimático brasileiro.
Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora.
67
A ventilação cruzada permanente aparece como estratégia de
condicionamento térmico passivo no verão (Figura 69), que será aplicada nos
ambientes do projeto do Centro Cultural.
Figura 69 - Tabela das estratégias de condicionamento térmico.
Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora.
Também serão consideradas as estratégias que estão na Figura 70 :uso de
vegetação para resfriamento evaporativo e o resfriamento artificial.
Figura 70 - Estratégias de condicionamento térmico
Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora.
68
Conclui-se que todos os aspectos abordados nesse capítulo serão
considerados no processo de projeto, de modo a proporcionar o máximo de coerência
e conforto térmico através da forma e do funcionamento da arquitetura. O objetivo é
conseguir aliar técnicas sem priorizar soluções mecânicas, mas aliar estas a soluções
como iluminação zenital e ventilação natural no projeto arquitetônico.
3.3.4 Condicionantes Socioeconômicos
Feira de Santana é uma cidade de nível médio metropolitana, e conta com uma
população de 556.642 pessoas. Segundo o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) de 2010, e uma estimativa de 624.107 pessoas no ano de
2022, ocupa o segundo lugar em população no Estado, ficando atrás somente da
capital Salvador.
O município ocupa uma posição privilegiada no cenário econômico, se
comparado a outras regiões do estado da Bahia. É uma zona de transição, portal que
separa o Litoral do Sertão. A dinâmica provocada pela integração regional tem
contribuído para a melhoria do desempenho da economia de Feira de Santana e, de
certa forma, a cidade fica pressionada a ampliar sua modernização, voltando-se para
uma estrutura mais competitiva de produção e distribuição a nível nacional.
Atualmente, o papel desta nova inserção tem gerado um conjunto de
oportunidades para investimentos, possibilitando maior flexibilização de capital gerado
na economia feirense, com destaque para o crescimento do PIB municipal, como
indicador do potencial econômico do município. Em 2018, registrou um PIB total de
R$ 13,1 bilhões, sendo o terceiro maior da Bahia.
O comércio é o ponto forte da economia feirense, responsável por grande parte
de seu produto interno bruto. A indústria vem em segundo lugar, contando com Polo
CIS Tomba, próximo a BR 101; Polo CIS-BR 324, com acesso direto a capital do
estado; e, mais recentemente, com a expansão da atividade industrial no município,
surgiu um terceiro polo, que fica localizado na BR-116 norte, porém com suas
69
atividades pouco desenvolvidas. Além destes possui também diversas fábricas não
somente nos polos, mas espalhados por diversos cantos da cidade.
A indústria de Feira de Santana é bastante diversificada e se destaca na
produção de diversos produtos como: alimentícios, material de transporte, materiais
elétricos, mecânica, química, utensílios domésticos, vestuário, têxtil, móveis,
máquinas e equipamentos, autopeças, bebidas, papel e papelão, e aeronáutico.
A agricultura é responsável por uma pequena parcela da economia da cidade,
visto que a população rural é pequena, entretanto produz uma quantidade significativa
de produtos. A produção da cidade está voltada para o rebanho bovino, destacando-
se dentre as cinco maiores do Brasil em volume de negócios, além da criação de
asininos, equinos e coelhos, e também grande produtora de frangos, ovos e leite.
O comércio e a prestação de serviços marcam presença no mercado informal,
pois têm um importante papel para aglutinar parte da população. A informalidade está
presente também quando nos afastamos do centro da cidade em direção às áreas
periféricas. Nestas áreas existe disputa pelo território, tanto econômica como social.
Uma vez que o Estado torna-se ausente, a atuação de variados grupos neste processo
aumenta. E é exatamente por conta dessa negligência que surgem problemas e a
consequência que aparece de imediato é a violência.
Segundo Rios (2016, p. 20), “podemos inferir então que o abandono e a falta
de intervenção do Estado fomentam os processos geradores de violência urbana.
Percebe-se que há necessidade de se criarem novas oportunidades ou estratégias
para melhorar a qualidade geral da vida da população, ressignificando a identidade
desta comunidade, onde os processos interativos sociais se realizem de forma menos
perversa e, consequentemente as mudanças ocorram.”
Saindo da escala da cidade e partindo para uma análise voltada ao bairro
Caseb, foram pesquisados alguns dados. A população conta, de acordo com o censo
do IBGE de 2010, com 10.892 habitantes (Figura 71), sendo 54.7% mulheres.
Segundo a CONDER (2007): as famílias são, em sua maioria, compostas por 4 a 5
membros; quanto a escolaridade, a maioria da população acima de 18 anos só possui
o 1º grau completo; e quanto a PEA (População Economicamente Ativa), a maioria
atua por conta própria ou emprego regular.
70
Figura 71 - População por bairros, no ano de 2010.
Fonte: Araujo, 2014.
Em 2007, as pesquisas realizadas pela CONDER (Companhia de
Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) acerca dos dados socioeconômicos do
bairro Caseb revelaram que existiam 3.014 famílias no bairro, e que 44,39%, são
formadas por mais de três membros.
Quanto às responsabilidades e despesas com o orçamento doméstico, 75,51%,
são chefiadas por homens, e 24,49% por mulheres. No quesito educacional, observa-
se que entre a população maior de 18 anos somente 19,79% tem o segundo grau
completo; os menores valores percentuais identificados correspondem ao acesso ao
ensino superior, sendo que só 0,59% chegaram a concluí-lo.
71
A questão educacional é muito importante, pois influi diretamente nos desafios
atuais para inserção no mercado de trabalho, que vem aumentando o grau de
exigência de mão de obra, para níveis de instrução cada vez maiores. Uma vez que
essa parcela de moradores tem pouca formação, sua renda é diretamente afetada.
Analisando os dados referentes a este tópico, uma soma considerável de pessoas
trabalha por conta própria, ou estão empregados sem carteira assinada, totalizando
um valor de 61,11%. (Figura 72).
Figura 72 - Gráfico da população economicamente ativa por situação de ocupação, na
região do bairro Caseb.
Fonte: adaptado pela autora.
Com relação a moradia em condomínios fechados foram listados condomínios
de apartamentos com mais de oito andares em Feira de Santana entre os anos de
1985 a 2019 (Figura 73). Constatou-se que foi construído, em 2001, o residencial
“Recanto das Ilhas” no bairro Caseb e que seu valor médio de anúncio de venda era
de R$400.000,00, direcionando o entendimento da percepção da realidade
socioeconômica da região.
72
Figura 73 - Condomínios fechados ≥ 8 andares em Feira de Santana, entre 1985 a 2019.
Fonte: Araujo, 2019
A classificação do perfil social baseado na média da renda familiar, pode ser:
A, B1, B2, C1, C2, D ou E. A Figura 73 expõe que o condomínio do Recanto das Ilhas
está no intervalo do estrato socioeconômico pertencente a C1 e B2. A partir desta
informação, é possível concluir, na Figura 74 - que traz a estimativa da renda de
acordo com cada estrato baseada o Critério Brasil, 2018- que a renda média domiciliar
no bairro Caseb varia entre R$ 2.965,69 e R$5.365,19, revelando sua realidade
econômica.
Figura 74 - Renda média domiciliar de acordo com os estratos socioeconômicos.
73
Fonte: Araujo, 2019.
Sabe-se que um dos fatores que justificam a seleção da localidade dos
empreendimentos é o tipo de financiamento compatível para cada classe social. A
variação do valor dos imóveis é proporcional à qualidade e à quantidade de benefícios
agregados em cada empreendimento. Portanto, foram sendo criados novos espaços
para diferentes classes sociais, diversificando as formas e a estrutura das áreas de
expansão urbana. (Figura 68)
Figura 75 - Distribuição de condomínios em Feira de Santana de 2000 a 2018.
Fonte: Araujo, 2019.
74
Percebe-se que os primeiros condomínios foram surgindo em regiões que
proporcionavam benefícios relacionados a presença de equipamentos urbanos, da
oferta de bens e serviços e também a proximidade de espaços de lazer e consumo.
Isso resultou na concorrência pelas áreas mais estimadas de Feira de Santana, ainda
dentro do Anel de Contorno.
De acordo com o raciocínio de que a presença de equipamentos urbanos é um
quesito que favorece a escolha da localização de moradias, é possível inferir que a
implantação do Condomínio Recanto das Ilhas em 2001, no bairro Caseb, tem relação
com a presença do Shopping Boulevard, inaugurado em 1999. Isso corroborou para
uma nova configuração do espaço, valorizando não só o setor residencial, mas o
comercial da região, simbolizando modernidade.
O Boulevard (Figura 76) é o maior e mais frequentado shopping da cidade de
Feira de Santana. Ele tem área total de 30.275m² e possui uma arquitetura horizontal,
que preza pelo uso racional de energia elétrica através do aproveitamento da luz
natural durante o dia. Possui cerca de 160 lojas, e, após passar por uma reforma, hoje
também conta com uma torre empresarial, agregando mais uma função ao seu
programa. Configura-se na cidade como principal centro de serviços, gastronomia,
compras, lazer e entretenimento e reforça a forte característica de polo comercial do
município.
Figura 76 - Shopping Boulevard
75
Fonte: boulevard feira
Ainda em relação a economia, foi percebido que com a implantação do
Shopping, surgiu a necessidade de mão de obra; assim, havia preferência em admitir
funcionários que morassem próximos ao local, contemplando a população do bairro
Caseb.
A cidade de Feira de Santana cresce de forma diversa e intensa, impulsionada
pela expansão comercial, economia diversificada ao longo do tempo, crescimento da
população e pela facilidade de deslocamento – como no Caseb. Isto reforça que a
atividade comercial é a principal potência econômica da cidade e que esta tem total
influência na configuração espacial da mesma.
3.4 POTENCIALIDADE, FRAGILIDADES E DIRETRIZES; ENTREVISTAS.
Dentre as fragilidades, pode-se destacar a falta de infraestrutura básica, como
por exemplo: a inexistência de tratamento de esgoto sanitário em várias partes do
bairro, presença de moradias precárias, em situação de risco – por se localizarem
ainda em áreas impróprias para o assentamento humano-, a heterogeneidade
econômica e habitacional no bairro, causando segregação socioespacial, transporte
público insuficiente e insegurança.
Quanto as potencialidades, tem-se: presença de uma via expressa que facilita o
acesso ao bairro a partir de diversos pontos da cidade e proximidade a áreas de
expansão. A existência de um dos maiores elementos hídricos preservados da cidade
pode funcionar como um diferencial, um atrativo; um convite para que o indivíduo sinta
vontade de permanecer na edificação para contemplar essa riqueza hídrica da cidade.
Juntamente às fragilidades e potencialidades levantadas a partir do estudo
bibliográfico, o questionário acerca do tema ratificou questões já levantadas,
auxiliando assim na definição de um programa conciso para o edifício. É importante
exibir a faixa etária das pessoas que responderam às perguntas: a maioria (53,3%) foi
de adultos entre 19 e 30 anos, seguido por 26,7% de pessoas entre 30 e 45 anos,
76
13,3% de pessoas entre 45 e 60 anos, 6,7% de idosos e nenhum de jovens de até 18
anos.
A insegurança, já constatada a partir dos estudos deste trabalho, também é
percebida pelos entrevistados. Eles afirmaram unanimamente que não visitaram as
proximidades da Lagoa Grande no período noturno; grande parte (42,9%) afirmou que
o bairro Caseb é perigoso, enquanto outros (7,1%) apontaram que existem algumas
regiões no bairro que passam uma sensação de mais segurança.
Outra resposta presente no questionário foi relacionada a frequência de visitas
a centros culturais, demonstrando pouco uso deste tipo de edificação, ressaltando a
necessidade de ressignificar este espaço e torna-lo atraente. A Lagoa Grande pode
funcionar como um atrativo. Na entrevista, inclusive, 40% das pessoas ainda não
assistiram o impactante pôr do sol da região (Figura 77).
Figura 77 - Questionário.
Fonte: autoria própria.
77
Entretanto, quando perguntados sobre as opções de lazer prediletas (Figura
78), os entrevistados demonstraram interesse neste tipo de contemplação e revelaram
outros itens que gostariam de usufruir no espaço do Centro Cultural Lagoa Grande,
como por exemplo: lanchonete, sala de exposição e auditório para apresentações
musicais/teatrais.
Quanto aos esportes, estes poderão ser praticados nos espaços livres e
multiusos da edificação cultural, porém, há uma preocupação em não criar algo tão
específico para que não haja “competição” com a função do lote vizinho: Arena Jacaré
– que já dispõe de piscinas para natação e quadras apropriadas.
Figura 78 - Porcentagens resultantes sobre a questão das opções de lazer.
Fonte: autoria própria.
Por fim, as diretrizes relacionadas ao projeto giram em torno da criação de
áreas que permitam múltiplos usos, atreladas a medidas que proporcionem conforto
térmico, acessibilidade, segurança e bem estar, com o propósito de ressignificar as
vivências voltadas ao centro cultural e a valorização da Lagoa (Figura 79).
78
Figura 79 - Pôr do sol na Lagoa Grande.
Fonte: Chris Gomes.
3.5 CONCEITO
Os Centros Culturais são espaços relevantes no cenário urbano, uma vez que
permitem e estimulam a liberdade de expressão, promovem o convívio social e, além
disso, contribuem para o aprimoramento do ambiente urbano.
O conceito do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande é a integração: entre
a arquitetura, as pessoas, a cultura, e o ambiente natural. Para tal, a edificação
transmite a arquitetura como um gesto convidativo, com vista privilegiada, e ambientes
flexíveis para exposições e apresentações artísticas, salas para oficinas de música,
pintura, dança, entre outros.
3.5.1 Partido Arquitetônico
Partindo do conceito de Integração, o projeto arquitetônico é marcado por um amplo
vão de abertura em sua fachada principal, emoldurando a paisagem, a fim de integrar
visualmente a edificação com a natureza.
O gesto arquitetônico é percebido através das paredes inclinadas da fachada principal
em relação a rua, como uma forma de convite ao público, além do próprio passeio, que se
integra a entrada da edificação, fortalecendo essa ideia.
79
Fonte: autoria própria.
3.6 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
 Setor Administrativo: engloba todos os ambientes relacionados a
administração do Centro Cultural.
Tabela 2 - Setor Administrativo: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDADE
USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Recepção da
Administração
Funcionários 01 Cadeira, bancada,
armário,
computador
7,40m²
Sala da
Administração
Funcionário e
visitantes
03 Mesa, cadeiras,
armário
13,00m²
Sala de Descanso
e Copa
Funcionários 10 Sofás, poltronas,
TV, Armário, pia,
cadeiras, mesa
22,00m²
Sala de Reunião Funcionários/
Visitantes
08 Mesa de reunião,
cadeiras, televisão
14,00m²
Sala de Espera Funcionários 06 Sofá, poltronas,
mesa de centro,
tapete
12,00m²
TOTAL
68,40m²
Figura 80 - Moodboard do partido
arquitetônico.
80
 Setor de Serviços: Este setor contempla os sanitários, vestiários e depósito
de material de limpeza.
Tabela 3 - Setor de Serviços: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDAD
E USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Sanitário
Feminino
Visitantes 17 Bacia sanitária, pia 65,00m²
Sanitário
Masculino
Visitantes 20 Bacia sanitária,
mictório, pia
50,00m²
Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária,
pia, barras de
apoio
03,50m²
DML (Depósito de
Material de
Limpeza)
Funcionários 01 Pia, armário 03,00m²
Sanitário/Vestiári
o Feminino
Funcionários 04 Bacia sanitária,
pia, chuveiro,
armário
20,00m²
Sanitário/Vestiári
o Masculino
Funcionários 04 Bacia sanitária,
mictório, pia,
chuveiro, armário
20,00m²
Casa de
Máquinas
Funcionários - Subestação e
gerador
40,00m²
Hall de
Medidores
Funcionários - Medidores 4,00m²
Casa de Lixo Funcionários - Reservatórios de
Lixo
15,00m²
Depósito Geral Funcionários - Armazenamento
de cadeiras,
aparelhos de som
e demais itens
23,00m²
TOTAL
243,50m²
81
 Setor de Eventos: espaço destinado a auditório e espaços com layout
flexível para apresentações de arte e exposições diversas.
Tabela 4 - Setor de eventos: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDAD
E USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Salão de
Exposição
Visitantes 200 Instalações de arte
temporárias
330,00m²
Deck para
exposição
externa
Visitantes 20 Instalações de arte
temporárias
87,00m²
Auditório Visitantes 118 Poltronas, palco 170,00m²
Cabine Técnica Funcionários 02 Aparelho de
controle técnico,
mesa, cadeira
20,00m²
Recepção Funcionários 02 Bancada, cadeiras,
computador
8,50m²
Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária,
pia, barras de
apoio
4,00m²
Sanitário
Feminino
Visitantes 05 Bacia sanitária,
pia, trocador de
fraldas
20,00m²
Sanitário
Masculino
Visitantes 05 Bacia sanitária,
mictório, pia,
trocador de fraldas
20,00m²
Depósito de
Material de
Limpeza (D.M.L.)
Funcionários 01 Pia, armário 5,70m²
TOTAL
665,20m²
82
 Setor de Lazer e Multiuso: espaços abertos e/ou cobertos, com
possibilidade de diversos usos, layout flexível e para lazer.
Tabela 5 - Setor de Lazer: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDADE
USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Praça 01
“Pôr do Sol”
Visitantes ~250 Mesas, cadeiras 320,00m²
Praça 02 Visitantes ~150 - 225,00m²
Parque Infantil Visitantes ~30 Pergolado,
Brinquedos
(gangorra, gira-
gira, casinha com
escorregadeira)
98,00m²
Deck Multiuso Visitantes ~50 Pergolado,bancos 102,00m²
Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária,
pia, barras de
apoio
03,50m²
DML (Depósito de
Material de
Limpeza)
Funcionários 01 Pia, armário 03,50m²
Sanitário
Feminino
Funcionários 04 Bacia sanitária,
pia,armário
20,00m²
Sanitário
Masculino
Funcionários 04 Bacia sanitária,
mictório, pia,
armário
20,00m²
TOTAL
792,00m²
83
 Setor de Oficinas e Estudos: ambientes que proporcionam aulas e
materiais de estudo, bem como espaços para leitura, com disponibilidade
também de equipamentos eletrônicos.
Tabela 6 - Setor de Oficinas e Estudos: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDA
DE
USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Sala de Desenho/
Pintura Professores/
Visitantes
12 Mesas, cadeiras,
quadro, pia,
armário
20,00m²
Sala de Dança Professores/
Visitantes
10 Barra, espelho,
armário
40,00m²
Sala de Música Professores/
Visitantes
32 Bateria, baixo,
violão, microfone,
piano, cadeiras,
caixa de som
50,00m³
Midiateca Balconista/
Visitantes
50 Estantes,
computadores,
mesas, cadeiras,
sofás, poltronas,
redes
207,50m²
Deck de Leitura Visitantes 15 Sofás 40,00m²
TOTAL
357,50m²
84
 Setor de Alimentação: ambientes voltados a comercialização de alimentos.
Tabela 7 - Setor de Alimentação: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QUANTIDA
DE
USUÁRIOS
EQUIPAMENTOS ÁREA
Lanchonete Funcionários/V
isitantes
30 Mesas, cadeiras,
balcão,
banquetas,
armários
50,00m²
Cozinha de apoio Funcionários 02 Geladeira, micro-
ondas, bancadas,
armários e pias
10,00m²
Casa de Gás Funcionários 01 Botijões de gás 1,5m²
TOTAL
61,50m²
 Setor de Estacionamento e Ponto de Ônibus: espaços destinados a vagas
de carro, moto, e baia de ônibus.
Tabela 8 - Setor de Estacionamento: Programa e Pré Dimensionamento.
AMBIENTE TIPO DE
USUÁRIO
QTDD. EQUIPAMENTOS ÁREA
Vagas de PNE Visitantes/Funcio
nários
02 Placa de sinalização
de vaga especial
PNE
30,86m²
Vagas de Idoso Visitantes/Funcio
nários
03 Placa de sinalização
de vaga especial do
idoso
37,50m²
Vagas de Moto Visitantes/Funcio
nários
02 - 9,00m²
Vagas de carro Visitantes/Funcio
nários
29 - 362,50m²
Baia de Ônibus Visitantes 01 - 90,00m²
Abrigo - ponto
de ônibus
Visitantes 06 Bancos, lixeira 15,52m²
TOTAL
545,38m²
DECISÕES
PROJETUAIS
85
4 DECISÕES PROJETUAIS
4.1 SETORIZAÇÃO
A setorização é um recurso importante para a concepção do projeto
arquitetônico, pois consegue dividir as funções da edificação e distribuí-las no terreno,
de acordo com a necessidades e prioridades projetuais.
Portanto, nos estudos iniciais do Centro Cultural Lagoa Grande foram
organizados 07 setores, sendo eles: administrativo, eventos e exposição, serviço,
alimentação, oficina e estudos, lazer e multiuso e estacionamento. (Figura 81)
Figura 81 - Esquema gráfico de setorização inicial do Centro Cultural Lagoa Grande.
Fonte: autoria própria.
86
Após o desenvolvimento de mais estudos, houveram modificações formais e
da posição dos setores, afim aprimorar o projeto, prezando por manter a intenção
visual aliada a função e ao conforto ambiental. (Figura 82)
Figura 82 - Setorização final do Centro Cultural Lagoa Grande.
Fonte: autoria própria.
Embora alguns ajustes tenham sido realizados, percebe-se que algumas
decisões permaneceram desde o início do projeto, como por exemplo: o
estacionamento continua na fachada principal do projeto, devido ao fácil acesso, e
principalmente para aproveitar a maior extensão do terreno. Outra decisão mantida foi
a posição o setor de oficinas, que, por possuir ambientes de longa permanência, volta-
se para a ventilação predominante.
87
4.2 FLUXOGRAMA
O estudos dos fluxos permite a criação de uma hierarquia de espaços, acessos
e circulações, facilitando a compreensão e o processo de projeto.
Figura 83 - Fluxograma do Centro Cultural Lagoa Grande
Fonte: autoria própria.
MEMORIAL
DESCRITIVO
88
5 MEMORIAL DESCRITIVO
5.1 INTRODUÇÃO
O Memorial Descritivo trata-se, basicamente, das informações da construção.
Neste caso, contém dados sobre a elaboração do projeto arquitetônico de um centro
cultural. A edificação conta com um terreno de área de 6.138,00m², localizado na
cidade de Feira de Santana, no estado da Bahia – Brasil.
De acordo com o programa de necessidades voltado a um público amplo e
versátil, de diversas faixas etárias, o projeto foi desenvolvido em setores que visam
atender todas as intenções contidas no projeto.
5.2 METODOLOGIA CONSTRUTIVA
• Vedação: As paredes devem ser construídas com blocos de concreto. (Figura 84)
Figura 84 - Bloco de concreto.
Fonte: blocodeconcreto.net
• Estrutura: A estrutura será em concreto protendido, para atender aos grandes vãos
de exposição. Nos ambientes menores, será utilizado o concreto armado in loco.
• Reservatórios: tanques de polietileno e os subterrâneos, em concreto.
89
• Portas: Todas as portas possuem especificação de dimensões e locação nas
próprias plantas técnicas. Estas possuem acabamento em alumínio e vidro.
• Forro: Maioria dos forros serão em gesso acartonado sob pintura na cor branco
neve, com exceção da praça 01 (em madeira cumaru) e da midiateca.
• Letreiro: Em PVC expandido, já que possui bom acabamento, pouca absorção de
água e alta resistência a ventos fortes.
• Cobertura: trechos com telha termoacústica (tipo sanduíche) (Figura 85) com
inclinação de 8%, outros com laje impermeabilizada, e clarabóia com vidro
(inclinação de 2%).
Figura 85 - Representação de telha termoacústica.
Fonte: termovale.
90
5.3 REVESTIMENTOS
Os revestimentos que serão utilizados no piso dos ambientes internos terão
características antiderrapantes com acabamento na cor cinza. Toda a área externa
que contempla calçada e acesso a edificação, além das circulações entre blocos
internos, será pavimentada com concreto intertravado. Há espaços também com
decks em madeira tipo Cumaru, piso drenante e jardins, que serão compostos por
grama tipo esmeralda.
Nos ambientes de sala de música e auditório serão utilizados carpetes, devido
ao conforto acústico que ele proporciona. Na sala de dança, há piso de madeira, para
amortecer impactos
Quanto as paredes da fachada dos blocos da edificação, haverá presença
majoritária do concreto aparente, pinturas com efeito chapiscado na cor cinza (Crômio
e Elefante, da Suvinil) e elementos em madeira cumaru.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
91
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho
térmico de edificações - Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e
diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de
Janeiro. 2003.
CELESTINO, Paula Leilane de Oliveira. Requalificação Urbana: Entraves e
Desafios através do bairro Lagoa Grande na cidade de Feira de Santana (2003-
2013). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.
CENTRO Cultural MÉCA / BIG. ArchDaily, Brasil, 07 jul. 2019. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/920494/centro-cultural-meca-big . Acesso em: 18
set. 2022.
CENTRO Cultural Porto Seguro / São Paulo Arquitetura. ArchDaily, Brasil, 02 mai.
2016. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-
center-sao-paulo-arquitetura . Acesso: 18 Set 2022.
CLIMA e tempo médio o ano todo em Feira de Santana .Weather Spark .Disponível
em: < https://pt.weatherspark.com/y/31060/Clima-caracter%C3%ADstico-em-Feira-
de-Santana-Brasil-durante-o-ano#Figures-Temperature> Acesso: 21 set. 2022.
CINQUENTA por cento das lagoas foram destruídas nos últimos 30 anos. Feira de
Santana, 11 mai. 2022. Disponível em:<
https://www.feiradesantana.ba.gov.br/servicos.asp?titulo=Cinquenta%20por%20cent
o%20das%20lagoas%20foram%20destru%EDdas%20nos%20%FAltimos%2030%2
0anos&id=18&link=secom/noticias.asp&idn=27012 > Acesso em: 16 set. 2022.
COLBERT participa de inauguração da Arena Jacaré, na Euterpe Feirense. Feira de
Santana, 15 dez. 2019. Disponível em:<
https://www.feiradesantana.ba.gov.br/servicos.asp?titulo=Cinquenta%20por%20cent
o%20das%20lagoas%20foram%20destru%EDdas%20nos%20%FAltimos%2030%2
0anos&id=18&link=secom/noticias.asp&idn=27012 > Acesso em: 16 set. 2022.
92
CRUZ, Laiane. Devido ao alto índice de poluição, peixes morrem na Lagoa Grande
em Feira de Santana. Acorda Cidade, Feira de Santana, 14 jan. 2019 .Disponível
em: https://www.acordacidade.com.br/noticias/205461/devido-ao-alto-indice-de-
poluicao-peixes-morrem-na-lagoa-grande-em-feira-de-santana.html . Acesso em: 18
set. 2022.
FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº. 41, de 2009. Código do Meio
Ambiente. Dispõe sobre ampliação e dá nova redação ao Código do Meio Ambiente
de Feira de Santana. Lei 1612, conforme especifica. Feira de Santana: PMFS, 2009.
FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 117, de 2018. Dispõe sobre o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e Territorial do Município de Feira de
Santana – PDDU 2018 e dá outras providências. PMFS, 2018.
FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 118, de 2018. Institui a Lei de
Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo - LOUOS, na Área Urbana e de
Expansão Urbana do Município de Feira de Santana e dá outras providências.
PMFS, 2018
FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 119, de 2018. Institui o Código de
Obras do Município de Feira de Santana e dá outras providências. PMFS, 2018.
FILARMÔNICA Euterpe Feirense, um clube social as margens da Lagoa Grande.
Blog da Feira, Bahia, 20 set. 2016. Disponível em: <
http://blogdafeira.com.br/home/2016/09/20/filarmonica-euterpe-feirense-um-clube-
social-as-margens-da-lagoa-grande/> Acesso em: 18 set. 2022.
FILARMÔNICAS 25 de Maço, Vitória e Euterpe feirense fazem parte da história
cultural de Feira de Santana. Jornal Grande Bahia, Bahia: 04 out. 2015. Disponível
em: < http://www.jornalgrandebahia.com.br/2015/10/filarmonicas-25-de-marco-
vitoria-e-euterpe-feirense-fazem-parte-da-historia-cultural-de-feira-de-santana/
>Acesso em: 18 set. 2022.
MACHADO, Gustavo. Estudo dos impactos sociais e ambientais de processos
de requalificação urbana: o caso da lagoa grande no município de Feira de
Santana – Bahia. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Disponível
em: http://civil.uefs.br/DOCUMENTOS/GUSTAVO%20LISBOA%20MACHADO.pdf
Acesso em: 10 set. 2022.
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  • 2. EAD – Escola de Arquitetura e Design Curso de Arquitetura e Urbanismo ADRIANA SILVA ARAUJO CENTRO CULTURAL LAGOA GRANDE: Projeto de arquitetura como meio de ressignificação de vivências. Feira de Santana - Bahia 2022
  • 3. ADRIANA SILVA ARAUJO CENTRO CULTURAL LAGOA GRANDE: Projeto de arquitetura como meio de ressignificação de vivências. Monografia do Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Salvador (UNIFACS), como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profª Me. Carolina del Pillar Carvallo Pinto. Feira de Santana - Bahia 2022
  • 4. RESUMO O Centro Cultural é um local que abriga várias funções relevantes para o conhecimento e o lazer da sociedade. A proposta da implantação deste tipo de edificação em Feira de Santana, nas proximidades da Lagoa Grande, tem por objetivo valorizar a presença de um dos maiores recursos hídricos preservados da cidade, atender a nova demanda de equipamentos públicos na região e contribuir para o desenvolvimento social. A metodologia deste trabalho contemplou pesquisas acerca do estado das lagoas, perfil da população do bairro, mapeamento de equipamentos culturais existentes, informações sobre a expansão urbana. Como resultado, foi percebida a importância de um novo espaço, próximo do vetor de crescimento da cidade e da Lagoa Grande. Esta pesquisa visa contribuir, portanto, com a valorização da vivência dos centros culturais e da riqueza paisagística do município. Palavras-Chave: Arquitetura. Centro Cultural. Lagoa Grande.
  • 5. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Mapa de Expansão Urbana............................................................................................ 12 Figura 2 - Gráfico de componente familiar do bairro Caseb........................................................ 13 Figura 3 - Etapas de desenvolvimento do projeto......................................................................... 15 Figura 4 - Biblioteca de Alexandria.................................................................................................. 16 Figura 5 - Linha do tempo da origem do Centro Cultural no Brasil............................................ 17 Figura 6 - Imagem interna do Centro Cultural de São Paulo. ..................................................... 18 Figura 7 - Centro Georges Pompidou............................................................................................. 18 Figura 8 - Mapeamento dos equipamentos culturais de Feira de Santana .............................. 20 Figura 9 - Fachada do Centro Cultural Maestro Miro................................................................... 20 Figura 10 - Fachada do Centro de Cultura Amélio Amorim......................................................... 21 Figura 11 - Foyer do Centro de Cultura Amélio Amorim.............................................................. 21 Figura 12 - Boate Jerimum................................................................................................................ 22 Figura 13 - Fachada do Centro Universitário de Cultura e Arte.................................................. 23 Figura 14 – Teatro de arena do Centro Universitário de Cultura e Arte.................................... 23 Figura 15 - Teatro Universitário do CUCA. .................................................................................... 24 Figura 16 - Fachada do Centro Cultural Porto Seguro................................................................. 25 Figura 17 - Composição da fachada do Centro Cultural Porto Seguro ..................................... 26 Figura 18 - Planta Baixa Térrea do Centro Cultural Porto Seguro............................................. 26 Figura 19 - Solução de iluminação zenital na área de exposição. ............................................. 27 Figura 20 - Rampa externa ao edifício do Centro Cultural Porto Seguro................................. 28 Figura 21 - Entrada do bloco técnico do Centro Cultural Porto Seguro. .................................. 28 Figura 22- Corte C: pé direito duplo na área de exposição......................................................... 29 Figura 23 - Exposição no Centro Cultural Porto Seguro.............................................................. 29 Figura 24 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural Porto Seguro....................................................................................................................................... 30 Figura 25 - Centro Cultural MECA e o rio Garona. ....................................................................... 31 Figura 26 - Fenestrações das paredes da fachada do Centro Cultural MECA. ....................... 31 Figura 27 - Setorização do Centro Cultural MECA. ...................................................................... 32 Figura 28 - Planta Baixa do Pavimento térreo do Centro Cultural MECA................................. 32 Figura 29 - Palco circular no pavimento térreo do Centro Cultural MECA................................ 33 Figura 30 - Corte longitudinal do Centro Cultural MECA. ............................................................ 33 Figura 31 - Sala de exposição do Centro Cultural MECA............................................................ 34 Figura 32 - Fachada do Centro Cultural MECA para o rio Garanne.......................................... 34 Figura 33 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural MECA.35 Figura 34 - Fachada posterior do Museu Cais do Sertão............................................................ 36 Figura 35 - Planta Baixa Térrea: horizontalidade do Museu Cais do Sertão............................ 36 Figura 36 - Cobogós exclusivos do Museu Cais do Sertão......................................................... 37 Figura 37 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Museu Cais do Sertão................................................................................................................................................... 38 Figura 38 - O terreno na escala da cidade..................................................................................... 39 Figura 39 - O terreno na escala do bairro Caseb (à esq.) e o terreno na escala do trecho em estudo (à dir.)...................................................................................................................................... 40
  • 6. Figura 40 - Vista da Lagoa Grande. ................................................................................................ 41 Figura 41 - Imagem aérea da Favela da Rocinha......................................................................... 42 Figura 42 - Luiz Gonzaga e seu conjunto se apresentando na Euterpe em 1953................... 42 Figura 43 - Piscina da Arena Jacaré............................................................................................... 43 Figura 44 - Mapa de Zoneamento de Feira de Santana.............................................................. 44 Figura 45 - Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas. ..... 46 Figura 46 - Terreno em estudo, lotes vizinhos, e suas dimensões............................................ 48 Figura 47 - Hipsometria do trecho em estudo................................................................................ 49 Figura 48 - Curvas de nível e corte transversal............................................................................. 50 Figura 49 - Mapa de Vias do bairro Caseb. ................................................................................... 52 Figura 50 - Ciclovia no entorno da Lagoa Grande........................................................................ 53 Figura 51 - Mapa de Uso do Solo no trecho do bairro Caseb..................................................... 53 Figura 52 - Fachada de galpões voltados a serviço, na Avenida de Contorno, próximo a antiga Euterpe Feirense.................................................................................................................... 54 Figura 53 - Rua Muriti: pavimentação com paralelepípedos....................................................... 55 Figura 54 - Estado da Rua Ubaitaba, bairro Caseb..................................................................... 55 Figura 55 - Vista aérea das proximidades da Lagoa Grande. ................................................................ 56 Figura 56 - Rotas das linhas de ônibus no bairro Caseb............................................................. 56 Figura 57 - Ponto de ônibus próximo a Lagoa Grande. ............................................................... 57 Figura 58 –Placa com indicação de rampa, próxima a Lagoa Grande...................................... 58 Figura 59 - Vista noturna da Lagoa Grande................................................................................... 58 Figura 60 - Mapa de equipamentos do entorno imediato. ........................................................... 59 Figura 61 – Mapa de infraestrutura urbana: sentido de fluxos no entorno do terreno. ........... 60 Figura 62 - Vista aérea para percepção da vegetação. (terreno em vermelho)....................... 61 Figura 63 - Estudo de incidência solar no terreno. ....................................................................... 62 Figura 64 - Gráfico de Temperaturas de Feira de Santana......................................................... 63 Figura 65 - Níveis de conforto em umidade................................................................................... 63 Figura 66 - Gráfico de chuva mensal média. ................................................................................. 64 Figura 67 - Gráfico da Rosa dos ventos de Feira de Santana, em relação ao terreno do projeto. ................................................................................................................................................. 65 Figura 68 - Mapa de zoneamento bioclimático brasileiro. ........................................................... 66 Figura 69 - Tabela das estratégias de condicionamento térmico............................................... 67 Figura 70 - Estratégias de condicionamento térmico ................................................................... 67 Figura 71 - População por bairros, no ano de 2010. .................................................................... 70 Figura 72 - Gráfico da população economicamente ativa por situação de ocupação, na região do bairro Caseb...................................................................................................................... 71 Figura 73 - Condomínios fechados ≥ 8 andares em Feira de Santana, entre 1985 a 2019. . 72 Figura 74 - Renda média domiciliar de acordo com os estratos socioeconômicos................. 72 Figura 75 - Distribuição de condomínios em Feira de Santana de 2000 a 2018..................... 73 Figura 76 - Shopping Boulevard ..................................................................................................... 74 Figura 77 - Questionário.................................................................................................................... 76 Figura 78 - Porcentagens resultantes sobre a questão das opções de lazer........................... 77 Figura 79 - Pôr do sol na Lagoa Grande. ....................................................................................... 78 Figura 80 - Moodboard do partido arquitetônico. .......................................................................... 79 Figura 81 - Esquema gráfico de setorização inicial do Centro Cultural Lagoa Grande. ......... 85 Figura 82 - Setorização final do Centro Cultural Lagoa Grande................................................. 86 Figura 83 - Fluxograma do Centro Cultural Lagoa Grande ......................................................... 87 Figura 84 - Bloco de concreto. ......................................................................................................... 88
  • 7. Figura 85 - Representação de telha termoacústica...................................................................... 89
  • 8. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Itens relevantes para o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande.......................... 47 Tabela 2 - Setor Administrativo: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento......... 79 Tabela 3 - Setor de Serviços: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento............. 80 Tabela 4 - Setor de eventos: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento .............. 81 Tabela 5 - Setor de Lazer: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento .................. 82 Tabela 6 - Setor de Oficinas e Estudos: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento ............................................................................................................................................................... 83 Tabela 7 - Setor de Alimentação: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento ...... 84 Tabela 8 - Setor de Estacionamento: Programa e Pré Dimensionamento. .............................. 84
  • 9. LISTA DE SIGLAS APP – Área de Proteção Permanente ASRE - Áreas Sujeitas a Regimes Específicos CCPS – Centro Cultural Porto Seguro CONDER – Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia DML – Depósito de Material de Limpeza IO – Índice de Ocupação IP – Índice de Permeabilidade IU – Índice de Utilização LOUOS - Lei De Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo de Feira De Santana NBR – Norma Brasileira Regulamentadora PMFS – Prefeitura Municipal de Feira de Santana. PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano PEA – População Economicamente Ativa SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Feira de Santana SEPLAN – Secretaria de Planejamento Urbano
  • 10. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 11 1.1 TÍTULO ........................................................................................................................................... 11 1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................................................ 11 1.3 OBJETIVO....................................................................................................................................... 14 1.3.1 Objetivo geral............................................................................................................................... 14 1.3.2 Objetivos específicos.................................................................................................................... 14 1.4 METODOLOGIA.............................................................................................................................. 14 2 EMBASAMENTO TEÓRICO............................................................................................................. 16 2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA................................................................................................ 16 2.1.1 História dos Centros Culturais...................................................................................................... 16 2.1.2 Equipamentos Culturais em Feira de Santana ............................................................................. 19 2.2 PROJETOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................................ 25 2.2.1 Centro Cultural Porto Seguro....................................................................................................... 25 2.2.2 Centro Cultural MÉCA .................................................................................................................. 31 2.2.3 Museu Cais do Sertão................................................................................................................... 36 3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE PESQUISA.......................................................................................... 39 3.1 LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................................ 39 3.2 BREVE HISTÓRICO DA ÁREA DE PESQUISA.................................................................................... 40 3.3 CONDICIONANTES DO PROJETO.................................................................................................... 44 3.3.1 Condicionantes Legais........................................................................................................... 44 3.3.2 Condicionantes Físicos .......................................................................................................... 48 3.3.2.1 Fisiografia .................................................................................................................................. 48 3.3.2.2 Qualificação da Estrutura Urbana............................................................................................. 51 3.3.3 Condicionantes Ambientais................................................................................................... 61 3.3.4 Condicionantes Socioeconômicos......................................................................................... 68 3.4 POTENCIALIDADE, FRAGILIDADES E DIRETRIZES; ENTREVISTAS. .................................................. 75 3.5 CONCEITO...................................................................................................................................... 78
  • 11. 3.6 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO........................................................ 79 4 DECISÕES PROJETUAIS .................................................................................................................. 85 4.1 SETORIZAÇÃO ................................................................................................................................ 85 4.2 FLUXOGRAMA ............................................................................................................................... 87 5 MEMORIAL DESCRITIVO................................................................................................................ 88 5.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 88 5.2 METODOLOGIA CONSTRUTIVA...................................................................................................... 88 5.3 REVESTIMENTOS............................................................................................................................ 90 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 91 8 ANEXOS ......................................................................................................................................... 94
  • 13. 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 TÍTULO Centro Cultural Lagoa Grande: Projeto de arquitetura como meio de ressignificação de vivências. 1.2 JUSTIFICATIVA O Centro Cultural é definido, segundo Milanesi (1997), como “um local de reunião de produtos culturais, possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos produtos”. Por contemplar um caráter democrático, o acesso a este espaço independe de classe socioeconômica, agregando uma diversidade de pessoas, ideias e experiências. A presença deste tipo de edificação configura-se portanto como sendo muito importante para o desenvolvimento da cidade no âmbito social. A proposta da implantação de um Centro Cultural no bairro Caseb, nas proximidades da Lagoa Grande levanta a importante questão da valorização das lagoas da cidade como elemento paisagístico. Feira de Santana surgiu com o nome de “Santana dos Olhos d’água” por possuir fartura em recursos hídricos, mas à medida que foi se expandindo economicamente, em meados das décadas de 60 e 70, houve também maior ocupação populacional e necessidade de locais para assentamento. Por não haver ainda legislação, houve ocupação ao redor das lagoas. O uso desordenado do abastecimento de água, acabou por gerar uma longa história de degradação, que ecoa até os dias de hoje – mesmo diante de novas legislações e da revitalização da Lagoa. Recentemente, em maio deste ano (2022) foi publicado no site da SEMMAM (Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Feira de Santana) uma matéria cujo título afirma que “Cinquenta por cento das lagoas foram destruídas nos últimos 30 anos” e que os fatores dessa degradação estão ligados a ocupações irregulares de APP (Área de Proteção Permanente), e o despejo de esgoto nas lagoas.
  • 14. 12 Desde 2015, a Lagoa Grande passa por uma grande obra de requalificação e já exibe resultados positivos. Atualmente, se tornou opção de lazer de muitos feirenses aos finais de semana. A implantação de um Centro Cultural com vista voltada a Lagoa propicia uma estética privilegiada e ressalta a importante relação entre a natureza e o bem estar social. Além da razão paisagística, outro motivo para a implantação desta edificação no bairro Caseb é o fato de a maioria das edificações voltadas a cultura se localizarem nas proximidades do centro da cidade. Sabendo-se que vem acontecendo um movimento de expansão urbana (Figura 1) predominantemente residencial para além do Anel de Contorno do município (principalmente bairro SIM), verifica-se uma nova demanda deste tipo de equipamento. Concomitante a isso, o acesso para a edificação cultural é facilitado devido a proximidade da Av. Eduardo Fróes da Mota. Figura 1 - Mapa de Expansão Urbana Fonte: PMFS, 2003.
  • 15. 13 O bairro Caseb, de acordo com o censo do IBGE de 2010, possui 10.892 habitantes, sendo 54.7% mulheres. Segundo a CONDER (2007): as famílias são, em sua maioria, compostas por 4 a 5 membros (Figura 2); quanto a escolaridade, maioria da população acima de 18 anos só possui o 1º grau completo; e quanto a PEA (População Economicamente Ativa), a maioria atua por conta própria ou emprego regular. Os dados socioeconômicos coletados sobre o bairro Caseb revelam o perfil de um bairro pequeno mas denso, com baixa instrução educacional, corroborando para a compreensão da importância da implantação de um Centro Cultural neste local. Figura 2 - Gráfico de componente familiar do bairro Caseb. Fonte: SANTO, 2012
  • 16. 14 1.3 OBJETIVO 1.3.1 Objetivo geral Desenvolver um projeto arquitetônico para um Centro Cultural em Feira de Santana - BA. 1.3.2 Objetivos específicos  Ativar área ociosa próxima a Lagoa Grande.  Fomentar experiências culturais através de espaços destinados a música, pintura, culinária, contemplação e convivência.  Valorizar a presença de recurso hídrico preservado.  Contribuir para integração social. 1.4 METODOLOGIA Inicialmente, para seleção do tema e elaboração do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande, foram coletados dados acerca da população da cidade de Feira de Santana e do bairro Caseb, através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e foi realizado um mapeamento dos centros culturais existentes na cidade de Feira de Santana afim de considerar a necessidade de um novo equipamento desta tipologia, devido ao fenômeno da expansão urbana. Em seguida, foi elaborado um embasamento teórico a respeito do tema, contendo a análise do histórico deste tipo de edificação- desde sua origem até a contemporaneidade - e foram analisadas também as regiões da cidade que já possuem este tipo de equipamento. Além disso, foram elencados como referência, três projetos de arquitetura já executados (01 internacional e 02 nacionais), através de pesquisas realizadas no site Archdaily – weblog de arquitetura mais visitado do mundo.
  • 17. 15 Os aspectos socioeconômicos, físicos, e legais embasaram o Programa de Necessidades da edificação. A partir deste Programa, foi iniciado o estudo preliminar do projeto, que já contempla as orientações das legislações selecionadas, como por exemplo: Código de Obras, Lei de Ocupação e Uso do Solo, Plano Diretor, Código de Obras, entre outras. Por fim, como produto das análises realizadas e do estudo preliminar, é desenvolvido o projeto arquitetônico, contendo plantas, cortes e fachadas, seguindo o Conceito, a Setorização e o Partido Arquitetônico preestabelecidos. Este projeto, além de ser representado tecnicamente seguindo as determinações da NBR 6492 (Representação de Projetos de Arquitetura), será representado por imagens renderizadas a partir de sua maquete eletrônica tridimensional. Fonte: autoria própria. Figura 3 - Etapas de desenvolvimento do projeto.
  • 19. 16 2 EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O TEMA 2.1.1 História dos Centros Culturais O Centro Cultural, de acordo com Milanesi (1997) é definido como “um local de reunião de produtos culturais, possibilidade de discuti-los e a prática de criar novos produtos”. Por conseguinte, Ramos (2007) considera que o centro de cultura é um lugar que agrupa atividades culturais relacionadas a: invenção, reflexão, usufruto e compartilhamento de bens culturais. Alguns autores apontam que os Centros Culturais resultam da evolução das bibliotecas, a exemplo da Biblioteca de Alexandria (Figura 4), construída durante a Antiguidade Clássica e destacada por começar a fundir os espaços de armazenamento com os de discussão de ideias. Figura 4 - Biblioteca de Alexandria Fonte: Fernando Nogueira
  • 20. 17 Com o tempo, observou-se que mais espaços foram sendo agregados. O Centro Cultural, com suas várias funções, pode ser caracterizado como espaço polivalente porque permite o acesso ao conhecimento, promove discussões, incentiva a criação de novos conhecimentos e a difusão de novas informações. No Brasil, a cultura já se manifestava desde o período da descoberta, através do teatro, da elaboração de livros, cantigas, entre outros. Os mosteiros constituíam- se locais para discussão, enquanto que a igreja recebia os artistas que auxiliavam na pregação dos cultos por meio de pinturas, estátuas e também da arquitetura. Em 1889, no período da Proclamação da República, assistia-se a separação entre instrução e cultura, devido a falta de recursos e também de escolas. Já em 1935, surgia um departamento voltado a cultura, propondo arte para todos. Só cerca de 35 anos depois, os espaços de teatro, cinema, museu, biblioteca, começaram a se misturar, e então surgiu o Centro Cultural São Paulo (CCSP). Fonte: autoria própria. O projeto do Centro Cultural São Paulo (CCSP), de autoria dos arquitetos Eurico Prades Lopes e Luiz Telles, chamou atenção da mídia na época, pois, além de ser o primeiro centro cultural do Brasil, ele apresentava aspectos interessantes como: integração, multidisciplinaridade e formas arrojadas, através da utilização de materiais como o aço, concreto, vidro, acrílico, tijolo e também tecido. A lei de criação deste Centro estabelecia que suas funções eram: permitir acesso a diferentes formas culturais, incentivar criações artísticas, desenvolver pesquisas, e incentivar a participação da comunidade. O CCSP (Figura 6) é um equipamento público que se mantém ativo e muito frequentado até os dias de hoje. Figura 5 - Linha do tempo da origem do Centro Cultural no Brasil.
  • 21. 18 Fonte: Monique Renne. Na mesma década em que nascia o Centro Cultural São Paulo no Brasil, surgia na França, o impactante “Centro Georges Pompidou” (Figura 7), de autoria dos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers. Este projeto chamou a atenção da sociedade devido ao seu desenho ousado, com toda a estrutura do edifício aparente, gerando a ideia de ambientes desobstruídos, e permitindo que as funções do edifício ficassem explicitadas a partir do uso de diferentes de cores para distingui-las. Figura 7 - Centro Georges Pompidou. Fonte: Uol. Figura 6 - Imagem interna do Centro Cultural de São Paulo.
  • 22. 19 Segundo Ramos (2007) “quando pensamos nos modelos de centros culturais, museus e bibliotecas espalhados pelo mundo, é possível observar uma tendência atual para o acúmulo de funções”. Nos dias atuais, os centros culturais representam uma fusão de ambientes como: galerias, museus, bibliotecas, teatros, salas de estudo e diversos outros espaços que promovem cultura e lazer. A partir dos exemplos de edificações acima, é possível perceber que a concepção arquitetônica, além reunir funções, tem a capacidade de proporcionar e potencializar estas simbologias de valorização social e conexão. De acordo com Silva (2013), o desafio que o centro cultural enfrenta é “não apenas o de propor uma ação formativa, como ser capaz de atrair, acolher e interagir com o público adequadamente”. Por fim, é importante reforçar o âmbito democrático que esta tipologia de equipamento conquistou ao longo da história, juntamente com a arquitetura. Hoje, independentemente de classe socioeconômica, existe acesso a estes espaços, que prezam pela acessibilidade, lazer, funcionalidade e também estética, agregando pessoas e ideias. 2.1.2 Equipamentos Culturais em Feira de Santana Ao observar o mapeamento dos equipamentos culturais da cidade de Feira de Santana, é possível perceber que a maioria destes estão situados na região intra Anel de Contorno, com exceção do Museu Casa do Sertão, que se localiza na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), distante do centro da cidade. (Figura 8). A região extra anel de contorno é resultante da evolução da mancha urbana em Feira de Santana. Esta área de expansão é ocupada predominantemente por residências, com a presença de diversos condomínios, de diferentes classes sociais. No bairro Caseb, a proposta de um novo Centro Cultural, buscará satisfazer a nova demanda populacional, com um programa que envolverá o aprimoramento dos ambientes já existentes na cidade, e a criação de novos, com uma arquitetura contemporânea.
  • 23. 20 Fonte: autoria própria. Dentre os equipamentos, existem três com título de Centro Cultural. O primeiro é o “Centro de Cultura Maestro Miro” (Figura 9), com espaços de exposição, palestras, apresentação e eventos como o “Teatro Ângela Oliveira”, galeria de arte, foyer e salas de oficinas gratuitas para a população que reside nas proximidades do bairro Muchila. Fonte: Jornal Grande Bahia. Figura 8 - Mapeamento dos equipamentos culturais de Feira de Santana Figura 9 - Fachada do Centro Cultural Maestro Miro.
  • 24. 21 O segundo exemplo é o “Centro de Cultura Amélio Amorim”, que teve sua inauguração no ano de 1992. Projetado pelo arquiteto Amélio Amorim, este Centro chama atenção pela sua implantação, composição das formas arquitetônicas inclinadas e por possuir telhado aparente com inclinação marcante (Figura 10). Fonte: Rosilda Cruz. Esta edificação possui um teatro acessível com capacidade de 312 lugares, salas de ensaio, foyer/galeria (Figura 11), boate e também uma concha acústica. Figura 11 - Foyer do Centro de Cultura Amélio Amorim. Fonte: Wordpress Figura 10 - Fachada do Centro de Cultura Amélio Amorim
  • 25. 22 Hoje, o Centro Cultural Amélio Amorim não funciona em sua totalidade. A Boate Jerimum, por exemplo, tão chamativa por seu formato – que se assemelha ao de uma abóbora- encontra-se desativada e em estado de abandono e degradação (Figura 12). Fonte: Google Imagens. O terceiro e último exemplo de centro cultural existente em Feira de Santana é o “Centro de Cultura e Arte da UEFS” (CUCA). A edificação que hoje o abriga, já foi, em 1916, uma escola fundamental; onze anos depois, tornou-se a Escola Normal de Feira de Santana, e só em 1995 passou a sediar o CUCA, sob a responsabilidade da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). A arquitetura deste centro configura-se como um marco da arquitetura eclética, e um dos principais monumentos da cidade. Sua fachada é marcada por cores claras, detalhes na cor branca, balaústres, escadaria e simetria. (Figura 13) Figura 12 - Boate Jerimum
  • 26. 23 Fonte: Jornal Grande Bahia. Este equipamento possui um auditório, teatro de arena para 100 pessoas (Figura 14), galeria de arte, Museu Regional de Arte (MRA), biblioteca setorial e 14 salas de oficinas (dança, karatê, criação artística, música e teatro). Fonte: Blogspot Culturas. Figura 13 - Fachada do Centro Universitário de Cultura e Arte Figura 14 – Teatro de arena do Centro Universitário de Cultura e Arte.
  • 27. 24 Além dos ambientes citados, o CUCA possui um Teatro Universitário (Figura 15), com capacidade para 220 pessoas, que contempla eventos não só culturais, mas também artísticos e científicos, e conta com equipamentos como: palco italiano, camarins, coxias, bilheteria, entre outros. Fonte: Cuca Uefs. Por fim, analisando a localização e o histórico dos centros culturais em Feira de Santana, percebe-se que estes foram construídos há cerca de mais de 30 anos, e isso é claramente percebido através da própria arquitetura, que possui características de seu tempo. Portanto, a proposta do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande é trazer um aspecto arquitetônico contemporâneo, nas proximidades da área de expansão urbana de Feira de Santana, como uma forma de expressar e atender as transformações da cidade, da sociedade e da arquitetura, ao longo do tempo. Figura 15 - Teatro Universitário do CUCA.
  • 28. 25 2.2 PROJETOS DE REFERÊNCIA 2.2.1 Centro Cultural Porto Seguro O Centro Cultural Porto Seguro (Figura 16), localizado na cidade de São Paulo-SP, foi projetado no ano de 2016 pelo escritório “São Paulo Arquitetura” para a empresa de seguros “Porto Seguro”, e conta com uma área de 3.800m², apresentando uma configuração estética e funcional muito interessante. Figura 16 - Fachada do Centro Cultural Porto Seguro Fonte: Archdaily. O sistema construtivo presente no Centro Cultural Porto Seguro foi o concreto armado, técnica que influenciou bastante a Arquitetura Moderna, e neste projeto permitiu a criação das formas arrojadas pretendidas. A composição desta edificação foi considerada pelos autores do projeto como um “monólito puro em concreto aparente”. Além do uso deste material, há também o vidro e elementos em madeira (Figura 17). Uma fachada expõe linhas retas que resultam em reentrâncias e volumes inclinados, a outra, ventilada, com cobogós em concreto e elemento vazado em madeira, tornando a estética atraente.
  • 29. 26 Figura 17 - Composição da fachada do Centro Cultural Porto Seguro Fonte: Fabio Hargesheimer O projeto possui 04 níveis,02 no subsolo. Observando o pavimento térreo com foco na sua forma, nota-se a forte presença da inclinação das paredes e assimetria (Figura 18) que além de configurar uma estética interessante, orienta percursos, instiga a curiosidade, divide espaços, e ainda contribui para a acústica dos ambientes. Figura 18 - Planta Baixa Térrea do Centro Cultural Porto Seguro. Fonte: Archdaily.
  • 30. 27 Segundo Yuri Vital, arquiteto que integra a equipe de autoria deste projeto, um dos objetivos da concepção do Centro Cultural Porto Seguro era de não precisar intervir com revestimento acústico, mas utilizar da arquitetura, através disposição de paredes não paralelas, para que as ondas mecânicas da voz se dissipassem, perdendo força e evitando o efeito conhecido como eco. Quanto a iluminação, no subsolo e na área de exposição foram criadas aberturas para entrada de luz natural, que geram uma espécie de efeito surpresa, já que a fachada é um grande bloco de concreto. Isto foi projetado de forma que a luz incidisse diretamente no concreto (Figura 19), e não em alguma obra de arte, para que não a danificasse. Quanto a ventilação natural, a edificação mantém aberturas para as direções norte, sul e leste. Figura 19 - Solução de iluminação zenital na área de exposição. Fonte: Archdaily. Outro diferencial deste projeto de referência é a presença de uma rampa que cria um volume externo ao edifício (Figura 20), com a lateral envidraçada, proporcionando um contato visual diferente e uma pausa desejável para apreciar a natureza e o entorno.
  • 31. 28 Figura 20 - Rampa externa ao edifício do Centro Cultural Porto Seguro. Fonte: Archdaily. A área do CCPS é dividida em um bloco técnico (salas de aula, banheiros, administração) e um expositivo, para que funcionassem independentemente. O primeiro, com mobiliário já definido, tem formato ortogonal e possui elementos vazados de cobogó e madeira. Ademais, revela um gesto arquitetônico convidativo e acolhedor através de uma grande entrada desobstruída, com rampa. (Figura 21). Fonte: Galeria da Arquitetura. Figura 21 - Entrada do bloco técnico do Centro Cultural Porto Seguro.
  • 32. 29 Já o segundo bloco – expositivo – é o que possui formas geométricas inusitadas confeccionadas em concreto (Figura 16), pois o layout é flexível, podendo ser ajustado; existem grandes vazios para circulação e observação das obras de arte; além disso, possui pé direito duplo para possibilitar a inserção de obras maiores. Na Figura 22 percebe-se os níveis da edificação e a altura dos ambientes de exposição. Fonte: Archdaily. O programa deste centro é composto por muitos espaços flexíveis, que permitem diferentes usos: festivais, exposições (Figura 23), workshops, entre outros. Figura 23 - Exposição no Centro Cultural Porto Seguro. Fonte: Archdaily. Figura 22- Corte C: pé direito duplo na área de exposição.
  • 33. 30 Para além dos aspectos já citados, o Centro Cultural Porto Seguro desempenhou um papel social transformador na região em que se encontra, pois foi implantado no bairro Campos Elísios, que abrigava a elite paulista no ano de 1940, mas que com o desenvolvimento urbano ao longo do tempo, teve seus casarões abandonados, tornando-se uma área vazia perigosa, onde havia muito consumo de entorpecentes, chegando a ser chamada “Cracolândia”. A chegada do novo equipamento cultural melhorou o cenário urbano, ressaltando a potência da arquitetura enquanto agente de ressignificação de vivências. Diante de todas as decisões projetuais citadas e os benefícios funcionais trazidos por estas escolhas, algumas serão levadas em consideração para o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande. (Figura 24). Figura 24 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural Porto Seguro. Fonte: autoria própria.
  • 34. 31 2.2.2 Centro Cultural MÉCA Projetado pelo escritório Bjarke Ingels Group (BIG) no ano de 2019, o Centro Cultural Meca (Figura 25) possui área de 18.000m², e foi construído em Bourdeaux (França), nas margens do rio Garona. Figura 25 - Centro Cultural MECA e o rio Garona. Fonte: Archdaily Esta edificação chama atenção pela imponência do volume e por suas fenestrações inusitadas nas paredes das fachadas, projetadas para propor iluminação zenital (Figura 26). O grande vão gera uma espécie de “sala urbana”, gesto que integra o edifício ao espaço público, por meio de uma extensa rampa– demonstrando cuidado quanto a acessibilidade. Figura 26 - Fenestrações das paredes da fachada do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily
  • 35. 32 A setorização do MECA é bastante demarcada (Figura 27): existem três agências diferentes delimitadas: FRAC (arte contemporânea), ALCA (cinema, literatura e audiovisuais), OARA (artes cênicas), e um espaço público para o que os autores do projeto chamam de “sala urbana”. Figura 27 - Setorização do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily. A planta baixa do pavimento térreo (Figura 28) evidencia que as “pontas” triangulares do volume também foram aproveitadas, aliando função a estética. Ademais, são demonstrados os espaços de circulação amplos e acessíveis. Figura 28 - Planta Baixa do Pavimento térreo do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily.
  • 36. 33 Ainda no pavimento térreo, é possível perceber a presença de um elemento central, como uma espécie de arquibancada que cria um palco no centro do círculo para manifestações artísticas. Neste trecho, encontra-se mais uma vez a solução da iluminação zenital, esta bem marcada por pequenas aberturas, diagramadas de forma rítmica. (Figura 29) Figura 29 - Palco circular no pavimento térreo do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily. O corte longitudinal (Figura 30) revela os 06 diferentes níveis do edifício, contando com o terraço na sua parte mais alta – que oferece visão panorâmica da região. Os acessos acontecem através de escadas e elevadores. Figura 30 - Corte longitudinal do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily.
  • 37. 34 Quanto aos espaços presentes no Centro Cultural MÉCA, muitos são multifuncionais, podendo ser utilizados para: shows, peças teatrais, galerias de arte, instalações de arte, entre outros. O pé direito alto (Figura 31) de espaços de exposição possibilitam a instalação de obras de grande porte. Além disso, os espaços livres também contam como locais de exposição. Figura 31 - Sala de exposição do Centro Cultural MECA. Fonte: Archdaily. Neste projeto, a arquitetura expõe um gesto muito interessante: um portal e uma espécie de “plateia” para o rio Garanne, valorizando a sua presença. (Figura 32). No projeto do Centro Cultural Lagoa Grande, esta configuração funcionará com a mesma intenção: de emoldurar a paisagem do recurso natural e direcionar o olhar contemplativo para o mesmo. Figura 32 - Fachada do Centro Cultural MECA para o rio Garanne. Fonte: Archdaily
  • 38. 35 De acordo com o arquiteto que projetou este centro, “A MECA não só derrama suas atividades sobre o campo público e o ambiente urbano, mas também convida o público a passear entorno de, por, sob e sobre o novo portal cultural.” Ou seja, configura-se como um edifício pensado muito além das funções internas e predefinidas, mas cabe a liberdade de trânsito e uso do visitante. Diante das características exploradas, algumas serão levadas como referência para elaboração do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande. (Figura 33). Figura 33 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Centro Cultural MECA. Fonte: autoria própria.
  • 39. 36 2.2.3 Museu Cais do Sertão O Museu Cais do Sertão fica localizado em Recife. Este foi projetado no ano de 2018 pelo escritório “Brasil Arquitetos” e conta com 5.000m² de área. Possui uma arquitetura de forte inserção urbana, a beira mar, contando com uma marcante horizontalidade, criando uma espécie de “praça coberta” e varanda, que funciona como uma gentileza urbana. (Figura 34) Figura 34 - Fachada posterior do Museu Cais do Sertão. Fonte: Archdaily. O Museu conta com 04 níveis e a circulação se dá por meio de elevadores, rampas e escadas. No térreo, há um galpão permanente, hall, lojas, locais de espetáculo e um vão livre que totaliza 65 metros de extensão (Figura 35); o primeiro pavimento possui: biblioteca, exposições temporárias, auditório, terraço e sala multiuso; o segundo pavimento contempla administração, exposições temporárias, galeria e terraço. Por fim, o terceiro pavimento é voltado para área de alimentação. Figura 35 - Planta Baixa Térrea: horizontalidade do Museu Cais do Sertão Fonte: Archdaily.
  • 40. 37 De maneira geral, a multifuncionalidade do Museu Cais do Sertão se destaca. Segundo os arquitetos autores do projeto, “essa praça coberta poderá ter uma infinidade de usos, das festas abertas às feiras, dos shows ao nada fazer no desfrute de uma boa sombra ou vista para os arrecifes.” A estética da fachada é marcada pela presença de grandes cobogós criados exclusivamente para o museu (Figura 36), trazendo identidade e conferindo um caráter único para a edificação. Além do visual inédito e exclusivo, é percebida uma intenção projetual voltada a permeabilidade visual e a iluminação zenital. Figura 36 - Cobogós exclusivos do Museu Cais do Sertão. Fonte: Pinterest. O Museu Cais do Sertão se torna um marco paisagístico, pela sua forma e pelo local onde está inserido: à beira do mar, na ilha onde nasceu a cidade de Recife e assim está inserido no entorno de edificações e espaços tombados como patrimônio histórico nacional.
  • 41. 38 Este projeto destaca-se pela pretensão em reforçar os laços da cidade com suas águas, visto o quanto é importante valorizar a relação dos recursos naturais para beneficiar a paisagem urbana, o bem estar social e preservar a história da cidade. Além disso, os autores do projeto prezam por promover, através da arquitetura, uma experiência acolhedora, única, intelectual e afetiva – critérios estes muito importantes a serem aplicados no Centro Cultural Lagoa Grande. Por fim, o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande aplicará algumas das características citadas no Museu Cais do Sertão, conforme apontado na Figura 37. Figura 37 - Esquema gráfico de aspectos extraídos do projeto de referência: Museu Cais do Sertão. Fonte: autoria própria.
  • 43. 39 3 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE PESQUISA 3.1 LOCALIZAÇÃO O terreno escolhido para implantação do Centro Cultural Lagoa Grande encontra-se no bairro Caseb, situado na porção nordeste da cidade de Feira de Santana, nas proximidades do Anel de Contorno (Figura 38) - via expressa que atende o tráfego interurbano intenso. . Figura 38 - O terreno na escala da cidade. Fonte: Google, adaptado pela autora. Para melhor compreensão do trecho, o terreno foi indicado graficamente na escala da cidade (Figura 38), na escala do bairro Caseb – cuja delimitação faz fronteira com a importante Av. João Durval Carneiro. Este tipo de via proporciona melhor fluidez no tráfego, com circulação de transportes coletivos, conciliados com os tráfegos de passagem local - e na escala da Lagoa Grande, demonstrando sua proximidade a mesma e a Avenida de Contorno (Figura 39). O terreno está localizado na Rua Muriti, e foi delimitado a partir do vazio urbano existente na região de estudo pretendida.
  • 44. 40 Figura 39 - O terreno na escala do bairro Caseb (à esq.) e o terreno na escala do trecho em estudo (à dir.). Fonte: PMFS, adaptado pela autora. 3.2 BREVE HISTÓRICO DA ÁREA DE PESQUISA A região do bairro Caseb foi originalmente ocupada por um armazém do Governo da Bahia, por isso sua sigla significa: Companhia de Armazéns e Silos do Estado da Bahia. Nesses armazéns eram depositados insumos que ajudavam a população em tempos difíceis. Por terem funcionado como um regulador de mercado, não permitiam grandes aumentos de preços nos produtos. O Caseb está localizado próximo a Lagoa Grande (Figura 40). Esta foi responsável pelo abastecimento de água do município entre os anos de 1950 e 1970 e recebe este nome por ter sido uma das maiores lagoas no perímetro urbano nos anos 50 – período no qual se iniciaram as primeiras invasões em seu entorno.
  • 45. 41 Figura 40 - Vista da Lagoa Grande. Fonte: SECOM, Bahia. É importante citar que as transformações econômicas influenciaram diretamente na questão ambiental de Feira de Santana, isto porque, em 1960, a economia era baseada na agropecuária. Na década seguinte, em 1970, o cenário foi transformado devido ao surgimento da indústria, que atraiu o movimento migratório das pessoas de baixa renda. Estas, por não possuírem condições de adquirir moradia regular, passaram a ocupar áreas de mananciais hídricos, vivendo suscetíveis a alagamentos, inundações, e doenças. Em 1982, todas as bordas da Lagoa já se encontravam ocupadas. Então, parte da Lagoa Grande começava a ser aterrada pela população excluída dos benefícios urbanos, para ser habitada sem nenhum tipo de infraestrutura. Essa invasão ficou conhecida hoje como “Favela da Rocinha” (Figura 41), considerado o maior assentamento subnormal da cidade.
  • 46. 42 Figura 41 - Imagem aérea da Favela da Rocinha. Fonte: SEPLAN, 2018. No âmbito do histórico cultural da área em estudo, é importante sinalizar que o terreno do proposto Centro Cultural Lagoa Grande é vizinho a antiga sede de um clube cultural chamado “Euterpe Feirense”, criado no ano de 1921, sendo um dos mais antigos não só do município, mas do país. A Euterpe possuía bastante visibilidade, e buscava contratar artistas não só nacionais, como também internacionais. Um deles foi o famoso rei do baião, o pernambucano Luiz Gonzaga, que compareceu nos anos de 1953 e 1973, se apresentando no salão de festas do mesmo (Figura 42). Figura 42 - Luiz Gonzaga e seu conjunto se apresentando na Euterpe em 1953 Fonte: Blog Simas.
  • 47. 43 No ano de 2001 o edifício da Euterpe Feirense se encontrava em estado de degradação e possuía muitas dívidas. Por isso, foram realizados eventos no intuito de pagar as despesas e recuperar a instituição, buscando manter o funcionamento da escola de música existente e manter viva a Filarmônica. Estas filarmônicas conquistavam intensa participação na vida social, cultural e artística da cidade; estavam presentes em eventos como formaturas, inaugurações, casamentos, atos públicos, entre outros. Numa entrevista, um feirense chamado Marilton Carvalho lamenta o enfraquecimento das filarmônicas, declarando: “infelizmente ficaram mudas, seus trombones, cornetas, pratos, etc., não fazem a alegria de crianças, jovens e velhos que corriam para ver a banda passar.” Ou seja, assiste-se a um processo de modificações culturais a partir de então. O Clube promovia atividades em favor da cultura, da arte musical, reuniões desportivas e festas; possuía parque com piscinas e brinquedos aquáticos, área livre, e estacionamento. A Euterpe Feirense foi o símbolo da cultura da integração, no tempo em que as pessoas socializavam mais umas com as outras. Hoje, este espaço chama-se “Arena Jacaré” – fazendo menção aos jacarés presentes na Lagoa Grande- e possui equipamentos voltados ao esporte, ao lazer aquático (Figura 43), e campo de futebol. Figura 43 - Piscina da Arena Jacaré. Fonte: Google Imagens
  • 48. 44 3.3 CONDICIONANTES DO PROJETO 3.3.1 Condicionantes Legais O PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) de Feira de Santana mais recente é o de 2018. Ele apresenta diretrizes de orientação, controle e ordenamento do município de Feira de Santana e estabelece princípios relevantes, como por exemplo: o respeito a função social da cidade e da propriedade, equidade de inclusão social e territorial, sustentabilidade nos âmbitos social, ambiental e econômico. O Plano porém, não especifica princípios específicos para os bairro Caseb. Por fim, existem dados mapeadas, que indicam algumas informações sobre o mesmo: que possui predominância residencial, não pertence a ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), possui uma Via Expressa e pertence a Zona 02 – de acordo com o Mapa de Zoneamento Municipal de Feira de Santana (Figura 44). Figura 44 - Mapa de Zoneamento de Feira de Santana. Fonte: PMFS, adaptado pela autora.
  • 49. 45 A Lei 118 – LOUOS (Lei De Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo de Feira De Santana) estabelece índices de acordo com o uso do projeto em questão - Uso institucional- são esses: utilização (com valor de 3,5), de ocupação (0,60) e de permeabilidade (0,30). Além disso, expõe os recursos permitidos para a área do projeto do Centro Cultural: com recuo frontal de 3,00m – por se tratar de uma via local –, recuo lateral e de fundo de 1,50m ou podendo obedecer a fórmula 1,50+0,15(N-4), no qual “N” se refere ao número de pavimentos do edifício. Quanto ao gabarito de altura, não foram encontradas especificações para a região em questão. Já a Lei 3473, Código de Obras de Feira de Santana, possui um capítulo com diretrizes especificas para “Edificações para fins culturais e recreativos”, revelando parâmetros como: altura de pé direito, proporção necessária de itens de sanitário, quantidade, tipologia e dimensão de vagas de estacionamento, dimensão de áreas de circulação, entre outros. O Código Florestal em vigor a partir de 1989 determinava que a área de preservação permanente, onde não se pode construir, era de 30 metros a partir das margens das lagoas e cursos d’água estreitos (qualquer um com menos de 10 metros de largura). Só no ano de 1992 foi instituída a Lei 1612 do Código do Meio Ambiente de Feira de Santana. Daí então a Lagoa Grande foi classificada como ASRE (Áreas Sujeitas a Regimes Específicos) exigindo uma faixa de 50m no entorno da lagoa – e não 30m, como em 1989. Além disso, esta lei vedava qualquer obra que pudesse alterar a topografia, a beleza, e o pitoresco das características naturais existentes. Atualmente, a preservação do ecossistema está sendo (re)tratada no novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Feira de Santana (Lei 117) o qual reforça a desautorização de qualquer edificação que interfira nos aspectos naturais e diminui o valor de recuo de 50 para então 30 metros no entorno das lagoas. A Lei 327, de 2017, “dispõe sobre a criação e o uso de espaço edificado para acondicionamento de resíduos, Casa do Lixo, em Feira de Santana”. Ela estabelece que este ambiente deve estar confrontante a via pública, possuindo também acesso interno, sem poder estar geminada a lotes vizinhos – mantendo recuo de 3m. O dimensionamento da Casa de Lixo deve ter área para comportar resíduos de 3 dias. Existem diretrizes para imóveis residenciais, condomínios de lotes e imóveis
  • 50. 46 comerciais. Não foram identificadas diretrizes específicas para o tipo de edificação cultural, então, serão seguidos os parâmetros dos imóveis comerciais: “para cada metro quadrado de área construída do imóvel, a Casa do Lixo deverá possuir 0,006m² de área interna, com no mínimo de 3,5 m² de área interna, prevalecendo destas a maior;” Outras legislações extremamente relevantes que serão aplicadas no processo de projeto do Centro Cultural a fim de garantir segurança e acesso universal a edificação, serão a NBR 9077 que trata de “Saídas de Emergência em Edifícios” – dispondo de dimensões adequadas e proporcionais ao tamanho específico do projeto, equipamentos obrigatórios e a locação destes - e a NBR 9050 que aborda “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” – trazendo dimensões mínimas para garantir um uso apropriado dos espaços e circulações (Figura 45). Figura 45 - Largura para deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas. Fonte: NBR 9050.
  • 51. 47 Por fim, é interessante resumir (Tabela 1) os itens considerados mais relevantes para a elaboração do Centro Cultural Lagoa Grande. Tabela 1 - Itens relevantes para o projeto do Centro Cultural Lagoa Grande. LEI PARÂMETROS LOUOS Índices Urbanísticos - IO = 0,60; IU = 3,5; IP=0,30 LOUOS Recuo Frontal: 3,00m; Recuo Lateral e Fundo:1,5m. CÓD. DE OBRAS Sanitário Masculino: 1 vaso para cada 300 Espectadores e 1 mictório e 1 lavatório para cada 250 espectadores; CÓDIGO DE OBRAS Sanitário feminino: 1 vaso e 1 lavatório para cada 250 espectadoras. CÓDIGO DE OBRAS Pé direito mínimo de 2,80m CÓDIGO DE OBRAS Vagas de veículos: para PNE: 2%; para idosos: 3% - sobre o número total de vagas. CÓDIGO DE OBRAS Vagas com largura mínima de 2,30 por comprimento de 4,50m, respeitando o percentual mínimo de 30% do número de vagas com largura de 2,50m por 5,00 m. CÓDIGO FLORESTAL Edificação deve começar após recuo mínimo de 30,00m em relação a Lagoa Grande. CASA DO LIXO Recuo lateral de 3,00m CASA DO LIXO Área mínima de 3,50m² NBR 9050 Sanitário acessível: circulação interna com o giro de 360° (1,50m de diâmetro) NBR 9050 Portas acessíveis com abertura para fora, considerando o M.R. (módulo de referência, de 0,90m por 1,20m) NBR 9050 Assentos do auditório destinados a P.M.R. (pessoa com mobilidade reduzida) com espaço livre frontal de no mínimo 0,60 m, e assentos com dimensões apropriadas para P.O. (pessoa obesa). Fonte: autoria própria.
  • 52. 48 3.3.2 Condicionantes Físicos 3.3.2.1 Fisiografia O terreno em estudo possui formato triangular (Figura 46), conta com um ângulo reto, e os demais são ângulos de 50º e 39º, com uma área total de 6.138,00m². Em Feira de Santana, de maneira geral, o solo contém e explora areia, argila e pedras para construção que também são, industrialmente transformadas em de britas e pedras. Figura 46 - Terreno em estudo, lotes vizinhos, e suas dimensões. Fonte: autoria própria.
  • 53. 49 A hipsometria (Figura 47) é uma forma de representar graficamente as altitudes de uma determinada região. Seu mapa revela, através de escalas cromáticas, as altitudes, em relação ao nível do mar. No trecho em estudo, não há relevantes diferenças de cores, significando que não há muita variação de altitude. Figura 47 - Hipsometria do trecho em estudo. Fonte: GoSur, satellite-map. O terreno abrange 04 diferentes curvas de nível, partindo da curva de número 221 até a curva de número 224, possuindo um aclive de 4,00m, percebido no corte transversal (Figura 48). As grandes dimensões do terreno aliviam a porcentagem de inclinação, mas esta deve ser considerada no processo de implantação do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande.
  • 54. 50 Figura 48 - Curvas de nível e corte transversal. Fonte: autoria própria. Quanto a qualidade das águas da Lagoa Grande, estas já foram muito exploradas e degradadas – principalmente por serem subutilizados como depósito de resíduos, se tornando foco de doenças. Houve uma proposta de relocação da população para revitalização da Lagoa, e com isso, a lagoa começou a ser limpada e passaram a ser vistos jacarés do papo- amarelo dentro e fora d’água. No ano de 2009 foi publicada uma entrevista no site “Acorda Cidade” na qual o chefe de educação ambiental, João Dias, afirmou que os peixes da lagoa estavam morrendo devido ao alto índice de poluição.
  • 55. 51 Com relação a vegetação, o trecho em estudo explicita a presença maior de árvores nas regiões dos vazios urbanos; já o terreno em estudo possui pouca e pontual vegetação. 3.3.2.2 Qualificação da Estrutura Urbana De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o sistema viário urbano da cidade de Feira de Santana possui a seguinte hierarquia de vias: rodovias, expressa, arterial, coletora, marginal, de pedestres, exclusiva, ciclovias e ciclofaixas. A partir da compreensão do mapa de vias (Figura 49) percebe-se que na região do Caseb encontra-se a Via Expressa (Avenida Eduardo Fróes da Mota), que tem a função de atender aos grandes volumes de tráfego em percurso interurbano. Há também uma importante Via Arterial, a Av. João Durval, projetada para atender demandas de viagens urbanas com melhor fluidez e circulação dos transportes coletivos, conciliando os tráfegos de passagem local. A Rua Jundiaí é uma Via Coletora que recolhe e distribui o tráfego de todas as nucleações residenciais e/ou comerciais, de serviços e outros, efetuando a alimentação às vias arteriais. A Rua Muriti, lindeira ao terreno em estudo, é considerada uma Via Local, sem semáforos, cuja função é possibilitar acesso a casas e atividades do comércio, serviço, industrias, instituições, entre outras. As demais vias internas da região também são consideradas vias locais. Por fim, a ciclovia apresenta-se apenas no entorno imediato da Lagoa.
  • 56. 52 Figura 49 - Mapa de Vias do bairro Caseb. Fonte: PMFS, adaptado pela autora. Como citado no bairro em estudo – Caseb – foi encontrada apenas uma ciclovia (Figura 50), que circunda todo o perímetro da Lagoa Grande, mas não se conecta a nenhuma outra rota de ciclovia. Ou seja, a sua principal função está relacionada ao lazer e a contemplação do bem natural, e não ao transporte de fato, pois não possui outras vias direcionadas para tal.
  • 57. 53 Figura 50 - Ciclovia no entorno da Lagoa Grande Fonte: acervo pessoal. Sobre o uso do solo, (Figura 51), embora o terreno esteja numa zona predominantemente residencial, ao sair da visão macro, encontram-se alguns vazios urbanos, nas proximidades da direção sul de onde está o terreno. Figura 51 - Mapa de Uso do Solo no trecho do bairro Caseb. Fonte: autoria própria.
  • 58. 54 Percebendo que a predominância residencial está mais forte nas regiões mais internas e próximas as vias locais do bairro, é possível concluir que aproveita-se a existência de uma via expressa (Av. Eduardo Froes da Mota) para muitos usos destinados a serviços e comércio, em virtude do fluxo e visibilidade da região. (Figura 52). Figura 52 - Fachada de galpões voltados a serviço, na Avenida de Contorno, próximo a antiga Euterpe Feirense. Fonte: Google Maps. Com relação a pavimentação, a via adjacente ao terreno em estudo é a Rua Muriti, considerada via local, possui pavimentação em paralelepípedo (Figura 53). A outra via de acesso é a Av. Eduardo Fróes da Mota (Anel de Contorno), asfaltada, encontra- se constantemente movimentada, possui opções de retorno, e serve como ponto de passagem para veículos de várias partes da cidade e do país; porém não possui passarela nem faixa de pedestres.
  • 59. 55 Figura 53 - Rua Muriti: pavimentação com paralelepípedos. Fonte: Google Street View. Outras vias locais do bairro Caseb, como a Rua Ubuíra e a Rua Ubaitaba (Figura): não possuem pavimentação; as calçadas são irregulares e repletas de lixo. Figura 54 - Estado da Rua Ubaitaba, bairro Caseb. Fonte: Google Maps. Quando se trata de gabarito, considera-se que a cidade de Feira de Santana tem a horizontalidade ainda como uma forte característica. Ao observar a região da Lagoa Grande, percebe-se várias edificações residenciais do bairro, e a vista para alguns poucos prédios elevados da cidade. (Figura 55).
  • 60. 56 Figura 55 - Vista aérea das proximidades da Lagoa Grande. Fonte: Bahia Drones. Apesar da localização privilegiada e do fácil acesso fácil para o bairro, quando se trata da mobilidade urbana voltada ao transporte público, encontram-se carências. As linhas de ônibus que transitam pela cidade passam pelas avenidas principais (Figura 55), mas a maioria não passa pelas áreas do interior do bairro Caseb, ou seja, na maioria das vezes é preciso se deslocar até a Avenida João Durval ou Avenida Getúlio Vargas, para ter acesso ao transporte público. Figura 56 - Rotas das linhas de ônibus no bairro Caseb. Fonte: Google Maps, adaptado.
  • 61. 57 Os pontos de ônibus dentro do bairro não possuem abrigo e nem indicações de paradas. Foi encontrada apenas uma placa de indicação de Ponto de ônibus, nas proximidades da Lagoa grande (Figura 57), porém sem abrigo -indicando uma carência a ser suprida, afinal, o transporte público é uma solução de mobilidade que deve ser incentivada e qualificada a fim de aliviar o número de meios individuais de locomoção, já que estes, hoje, causam transtornos na fluidez da mobilidade e mais emissão de poluentes. Figura 57 - Ponto de ônibus próximo a Lagoa Grande. Fonte: acervo pessoal. No entorno do terreno não foram encontrados mobiliários. Já na região da Lagoa tem-se: equipamentos de ginástica, bancos de concreto, lixeiras, postes de iluminação, vasos com flores e parquinhos. O bairro em geral demonstra carência no que diz respeito a acessibilidade. As calçadas são irregulares, prejudicando o acesso, não possuem rampas nem pisos táteis. Já a região imediatamente envolta da Lagoa expõe pequenos sinais de acessibilidade, através de rampa e sua indicação (Figura 58) nas calçadas.
  • 62. 58 Figura 58 –Placa com indicação de rampa, próxima a Lagoa Grande. Fonte: acervo pessoal. Quanto a iluminação, a região da Lagoa possui postes de luz com dupla direção ao redor das áreas de convivência. Mas, mesmo com estes postes, a iluminação noturna se mostra insuficiente; algumas áreas ainda permanecem escuras. Embora isto crie um belo cenário (Figura 59), acaba causando sensação de insegurança para os visitantes. É importante projetar a iluminação pública pensando na qualidade do meio urbano enquanto local de usufruto e segurança da população, possibilitando o seu melhor aproveitamento independente do horário. Figura 59 - Vista noturna da Lagoa Grande. Fonte: Paulo Medford.
  • 63. 59 Aproximando a visão para a escala do terreno, fica clara a questão da infraestrutura pública na região em estudo. Na Figura 60, percebe-se a vegetação existente, a iluminação, equipamentos como quiosque, parque infantil, ciclovia e policiamento. Figura 60 - Mapa de equipamentos do entorno imediato. Fonte: autoria própria. O mapa de infraestrutura da Figura 61 indica o sentido do fluxo das principais vias. Na rua Muriti, onde está o terreno em estudo, há duas direções, favorecendo o acesso a edificação tanto pelo anel de contorno, quanto pelas vias locais dentro do bairro Caseb.
  • 64. 60 Figura 61 – Mapa de infraestrutura urbana: sentido de fluxos no entorno do terreno. Fonte: autoria própria. Analisando toda a realidade do Caseb, conclui-se que o bairro ainda é muito carente. Apenas a região próxima a Lagoa Grande sinaliza preocupações com acessibilidade, contemplando mais equipamentos e infraestrutura. Todavia, esta ainda precisa ser aprimorada para que atenda de maneira efetiva as necessidades do local.
  • 65. 61 3.3.3 Condicionantes Ambientais O terreno possui pouca área de vegetação, e isto é percebido claramente na visão aérea (Figura 22). Em contraponto, os lotes também considerados vazios urbanos, imediatamente vizinhos ao terreno, são os que mais possuem vegetação no trecho abordado. Figura 62 - Vista aérea para percepção da vegetação. (terreno em vermelho). Fonte: Google Maps. O estudo solar (Figura 63) é realizado para condicionar o estudo do projeto, pois nele consegue-se compreender cada período do ano de forma individual e como a incidência do sol pode atuar na edificação. No caso do Centro Cultural, a fachada principal do terreno tem maior incidência do sol poente, isto porque o programa dessa
  • 66. 62 edificação prevê, propositalmente, áreas para contemplação do pôr do sol. Todavia, os outros ambientes do programa, de permanência prolongada, devem ser protegidos desta insolação. Figura 63 - Estudo de incidência solar no terreno. Fonte: Analysis SOL-Ar, adaptado. Já o estudo das sombras projetadas foi desconsiderado neste trabalho pois: o lote vizinho ao sul não possui edificação, e o lote vizinho ao norte – Euterpe Feirense – possui apenas equipamentos aquáticos e quadra de futebol, que não influenciam nas sombras do terreno em estudo. Ao leste existe edificação, porem a distância dela para o terreno em estudo é menor que seu gabarito, e ao oeste está apenas a Lagoa Grande. O clima de Feira de Santana é tropical; possui longo e quente verão, inverno curto e considerado agradável. No gráfico (Figura 64) de temperaturas máximas e
  • 67. 63 mínimas média, a estação quente tem temperatura máxima média de 33ºC. A estação fresca conta com máxima diária média abaixo de 30ºC. Esses indicativos auxiliam no processo de distribuição de setores e atividades na edificação. Figura 64 - Gráfico de Temperaturas de Feira de Santana. Fonte: Weather Spark A cidade de Feira de Santana tem variação sazonal significativa quanto aos critérios de umidade e secura (Figura 65) – o que está diretamente relacionado ao nível de conforto térmico. Mas, diferente da temperatura, que apresenta alterações diariamente, a umidade tende a mudar de maneira mais lenta. Figura 65 - Níveis de conforto em umidade. Fonte: Weather Spark.
  • 68. 64 O gráfico indica a acumulação total média, em milímetros, de cada mês. Chove ao longo do ano inteiro na cidade (Figura 66), chamando a atenção para soluções arquitetônicas como beirais, que protegem a edificação da chuva. Figura 66 - Gráfico de chuva mensal média. Fonte: Weather Spark. Quanto aos ventos, durante o dia predominam os mais velozes, na direção sudeste; no período da noite, são frequentes não só na direção sudeste, mas também leste (Figura 67). Assim, podem ser definidas as aberturas da edificação de modo mais confortável, termicamente falando.
  • 69. 65 Figura 67 - Gráfico da Rosa dos ventos de Feira de Santana, em relação ao terreno do projeto. Fonte: Projetee, adaptado pela autora.
  • 70. 66 A NBR 15220 trata do “Desempenho térmico das edificações”, verificando uma série de propriedades, como: transmitância térmica, capacidade térmica, atraso térmico e fator solar dos elementos e componentes que compõem o edifício. A norma também traz diretrizes interessantes a serem aplicadas no projeto, estabelecidas a partir do Zoneamento Bioclimático Brasileiro que contempla oito zonas diferentes, e de acordo com o mapa que a Norma dispõe (Figura 68), Feira de Santana encontra- se na Zona 8. Figura 68 - Mapa de zoneamento bioclimático brasileiro. Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora.
  • 71. 67 A ventilação cruzada permanente aparece como estratégia de condicionamento térmico passivo no verão (Figura 69), que será aplicada nos ambientes do projeto do Centro Cultural. Figura 69 - Tabela das estratégias de condicionamento térmico. Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora. Também serão consideradas as estratégias que estão na Figura 70 :uso de vegetação para resfriamento evaporativo e o resfriamento artificial. Figura 70 - Estratégias de condicionamento térmico Fonte: NBR 15220, adaptado pela autora.
  • 72. 68 Conclui-se que todos os aspectos abordados nesse capítulo serão considerados no processo de projeto, de modo a proporcionar o máximo de coerência e conforto térmico através da forma e do funcionamento da arquitetura. O objetivo é conseguir aliar técnicas sem priorizar soluções mecânicas, mas aliar estas a soluções como iluminação zenital e ventilação natural no projeto arquitetônico. 3.3.4 Condicionantes Socioeconômicos Feira de Santana é uma cidade de nível médio metropolitana, e conta com uma população de 556.642 pessoas. Segundo o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, e uma estimativa de 624.107 pessoas no ano de 2022, ocupa o segundo lugar em população no Estado, ficando atrás somente da capital Salvador. O município ocupa uma posição privilegiada no cenário econômico, se comparado a outras regiões do estado da Bahia. É uma zona de transição, portal que separa o Litoral do Sertão. A dinâmica provocada pela integração regional tem contribuído para a melhoria do desempenho da economia de Feira de Santana e, de certa forma, a cidade fica pressionada a ampliar sua modernização, voltando-se para uma estrutura mais competitiva de produção e distribuição a nível nacional. Atualmente, o papel desta nova inserção tem gerado um conjunto de oportunidades para investimentos, possibilitando maior flexibilização de capital gerado na economia feirense, com destaque para o crescimento do PIB municipal, como indicador do potencial econômico do município. Em 2018, registrou um PIB total de R$ 13,1 bilhões, sendo o terceiro maior da Bahia. O comércio é o ponto forte da economia feirense, responsável por grande parte de seu produto interno bruto. A indústria vem em segundo lugar, contando com Polo CIS Tomba, próximo a BR 101; Polo CIS-BR 324, com acesso direto a capital do estado; e, mais recentemente, com a expansão da atividade industrial no município, surgiu um terceiro polo, que fica localizado na BR-116 norte, porém com suas
  • 73. 69 atividades pouco desenvolvidas. Além destes possui também diversas fábricas não somente nos polos, mas espalhados por diversos cantos da cidade. A indústria de Feira de Santana é bastante diversificada e se destaca na produção de diversos produtos como: alimentícios, material de transporte, materiais elétricos, mecânica, química, utensílios domésticos, vestuário, têxtil, móveis, máquinas e equipamentos, autopeças, bebidas, papel e papelão, e aeronáutico. A agricultura é responsável por uma pequena parcela da economia da cidade, visto que a população rural é pequena, entretanto produz uma quantidade significativa de produtos. A produção da cidade está voltada para o rebanho bovino, destacando- se dentre as cinco maiores do Brasil em volume de negócios, além da criação de asininos, equinos e coelhos, e também grande produtora de frangos, ovos e leite. O comércio e a prestação de serviços marcam presença no mercado informal, pois têm um importante papel para aglutinar parte da população. A informalidade está presente também quando nos afastamos do centro da cidade em direção às áreas periféricas. Nestas áreas existe disputa pelo território, tanto econômica como social. Uma vez que o Estado torna-se ausente, a atuação de variados grupos neste processo aumenta. E é exatamente por conta dessa negligência que surgem problemas e a consequência que aparece de imediato é a violência. Segundo Rios (2016, p. 20), “podemos inferir então que o abandono e a falta de intervenção do Estado fomentam os processos geradores de violência urbana. Percebe-se que há necessidade de se criarem novas oportunidades ou estratégias para melhorar a qualidade geral da vida da população, ressignificando a identidade desta comunidade, onde os processos interativos sociais se realizem de forma menos perversa e, consequentemente as mudanças ocorram.” Saindo da escala da cidade e partindo para uma análise voltada ao bairro Caseb, foram pesquisados alguns dados. A população conta, de acordo com o censo do IBGE de 2010, com 10.892 habitantes (Figura 71), sendo 54.7% mulheres. Segundo a CONDER (2007): as famílias são, em sua maioria, compostas por 4 a 5 membros; quanto a escolaridade, a maioria da população acima de 18 anos só possui o 1º grau completo; e quanto a PEA (População Economicamente Ativa), a maioria atua por conta própria ou emprego regular.
  • 74. 70 Figura 71 - População por bairros, no ano de 2010. Fonte: Araujo, 2014. Em 2007, as pesquisas realizadas pela CONDER (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia) acerca dos dados socioeconômicos do bairro Caseb revelaram que existiam 3.014 famílias no bairro, e que 44,39%, são formadas por mais de três membros. Quanto às responsabilidades e despesas com o orçamento doméstico, 75,51%, são chefiadas por homens, e 24,49% por mulheres. No quesito educacional, observa- se que entre a população maior de 18 anos somente 19,79% tem o segundo grau completo; os menores valores percentuais identificados correspondem ao acesso ao ensino superior, sendo que só 0,59% chegaram a concluí-lo.
  • 75. 71 A questão educacional é muito importante, pois influi diretamente nos desafios atuais para inserção no mercado de trabalho, que vem aumentando o grau de exigência de mão de obra, para níveis de instrução cada vez maiores. Uma vez que essa parcela de moradores tem pouca formação, sua renda é diretamente afetada. Analisando os dados referentes a este tópico, uma soma considerável de pessoas trabalha por conta própria, ou estão empregados sem carteira assinada, totalizando um valor de 61,11%. (Figura 72). Figura 72 - Gráfico da população economicamente ativa por situação de ocupação, na região do bairro Caseb. Fonte: adaptado pela autora. Com relação a moradia em condomínios fechados foram listados condomínios de apartamentos com mais de oito andares em Feira de Santana entre os anos de 1985 a 2019 (Figura 73). Constatou-se que foi construído, em 2001, o residencial “Recanto das Ilhas” no bairro Caseb e que seu valor médio de anúncio de venda era de R$400.000,00, direcionando o entendimento da percepção da realidade socioeconômica da região.
  • 76. 72 Figura 73 - Condomínios fechados ≥ 8 andares em Feira de Santana, entre 1985 a 2019. Fonte: Araujo, 2019 A classificação do perfil social baseado na média da renda familiar, pode ser: A, B1, B2, C1, C2, D ou E. A Figura 73 expõe que o condomínio do Recanto das Ilhas está no intervalo do estrato socioeconômico pertencente a C1 e B2. A partir desta informação, é possível concluir, na Figura 74 - que traz a estimativa da renda de acordo com cada estrato baseada o Critério Brasil, 2018- que a renda média domiciliar no bairro Caseb varia entre R$ 2.965,69 e R$5.365,19, revelando sua realidade econômica. Figura 74 - Renda média domiciliar de acordo com os estratos socioeconômicos.
  • 77. 73 Fonte: Araujo, 2019. Sabe-se que um dos fatores que justificam a seleção da localidade dos empreendimentos é o tipo de financiamento compatível para cada classe social. A variação do valor dos imóveis é proporcional à qualidade e à quantidade de benefícios agregados em cada empreendimento. Portanto, foram sendo criados novos espaços para diferentes classes sociais, diversificando as formas e a estrutura das áreas de expansão urbana. (Figura 68) Figura 75 - Distribuição de condomínios em Feira de Santana de 2000 a 2018. Fonte: Araujo, 2019.
  • 78. 74 Percebe-se que os primeiros condomínios foram surgindo em regiões que proporcionavam benefícios relacionados a presença de equipamentos urbanos, da oferta de bens e serviços e também a proximidade de espaços de lazer e consumo. Isso resultou na concorrência pelas áreas mais estimadas de Feira de Santana, ainda dentro do Anel de Contorno. De acordo com o raciocínio de que a presença de equipamentos urbanos é um quesito que favorece a escolha da localização de moradias, é possível inferir que a implantação do Condomínio Recanto das Ilhas em 2001, no bairro Caseb, tem relação com a presença do Shopping Boulevard, inaugurado em 1999. Isso corroborou para uma nova configuração do espaço, valorizando não só o setor residencial, mas o comercial da região, simbolizando modernidade. O Boulevard (Figura 76) é o maior e mais frequentado shopping da cidade de Feira de Santana. Ele tem área total de 30.275m² e possui uma arquitetura horizontal, que preza pelo uso racional de energia elétrica através do aproveitamento da luz natural durante o dia. Possui cerca de 160 lojas, e, após passar por uma reforma, hoje também conta com uma torre empresarial, agregando mais uma função ao seu programa. Configura-se na cidade como principal centro de serviços, gastronomia, compras, lazer e entretenimento e reforça a forte característica de polo comercial do município. Figura 76 - Shopping Boulevard
  • 79. 75 Fonte: boulevard feira Ainda em relação a economia, foi percebido que com a implantação do Shopping, surgiu a necessidade de mão de obra; assim, havia preferência em admitir funcionários que morassem próximos ao local, contemplando a população do bairro Caseb. A cidade de Feira de Santana cresce de forma diversa e intensa, impulsionada pela expansão comercial, economia diversificada ao longo do tempo, crescimento da população e pela facilidade de deslocamento – como no Caseb. Isto reforça que a atividade comercial é a principal potência econômica da cidade e que esta tem total influência na configuração espacial da mesma. 3.4 POTENCIALIDADE, FRAGILIDADES E DIRETRIZES; ENTREVISTAS. Dentre as fragilidades, pode-se destacar a falta de infraestrutura básica, como por exemplo: a inexistência de tratamento de esgoto sanitário em várias partes do bairro, presença de moradias precárias, em situação de risco – por se localizarem ainda em áreas impróprias para o assentamento humano-, a heterogeneidade econômica e habitacional no bairro, causando segregação socioespacial, transporte público insuficiente e insegurança. Quanto as potencialidades, tem-se: presença de uma via expressa que facilita o acesso ao bairro a partir de diversos pontos da cidade e proximidade a áreas de expansão. A existência de um dos maiores elementos hídricos preservados da cidade pode funcionar como um diferencial, um atrativo; um convite para que o indivíduo sinta vontade de permanecer na edificação para contemplar essa riqueza hídrica da cidade. Juntamente às fragilidades e potencialidades levantadas a partir do estudo bibliográfico, o questionário acerca do tema ratificou questões já levantadas, auxiliando assim na definição de um programa conciso para o edifício. É importante exibir a faixa etária das pessoas que responderam às perguntas: a maioria (53,3%) foi de adultos entre 19 e 30 anos, seguido por 26,7% de pessoas entre 30 e 45 anos,
  • 80. 76 13,3% de pessoas entre 45 e 60 anos, 6,7% de idosos e nenhum de jovens de até 18 anos. A insegurança, já constatada a partir dos estudos deste trabalho, também é percebida pelos entrevistados. Eles afirmaram unanimamente que não visitaram as proximidades da Lagoa Grande no período noturno; grande parte (42,9%) afirmou que o bairro Caseb é perigoso, enquanto outros (7,1%) apontaram que existem algumas regiões no bairro que passam uma sensação de mais segurança. Outra resposta presente no questionário foi relacionada a frequência de visitas a centros culturais, demonstrando pouco uso deste tipo de edificação, ressaltando a necessidade de ressignificar este espaço e torna-lo atraente. A Lagoa Grande pode funcionar como um atrativo. Na entrevista, inclusive, 40% das pessoas ainda não assistiram o impactante pôr do sol da região (Figura 77). Figura 77 - Questionário. Fonte: autoria própria.
  • 81. 77 Entretanto, quando perguntados sobre as opções de lazer prediletas (Figura 78), os entrevistados demonstraram interesse neste tipo de contemplação e revelaram outros itens que gostariam de usufruir no espaço do Centro Cultural Lagoa Grande, como por exemplo: lanchonete, sala de exposição e auditório para apresentações musicais/teatrais. Quanto aos esportes, estes poderão ser praticados nos espaços livres e multiusos da edificação cultural, porém, há uma preocupação em não criar algo tão específico para que não haja “competição” com a função do lote vizinho: Arena Jacaré – que já dispõe de piscinas para natação e quadras apropriadas. Figura 78 - Porcentagens resultantes sobre a questão das opções de lazer. Fonte: autoria própria. Por fim, as diretrizes relacionadas ao projeto giram em torno da criação de áreas que permitam múltiplos usos, atreladas a medidas que proporcionem conforto térmico, acessibilidade, segurança e bem estar, com o propósito de ressignificar as vivências voltadas ao centro cultural e a valorização da Lagoa (Figura 79).
  • 82. 78 Figura 79 - Pôr do sol na Lagoa Grande. Fonte: Chris Gomes. 3.5 CONCEITO Os Centros Culturais são espaços relevantes no cenário urbano, uma vez que permitem e estimulam a liberdade de expressão, promovem o convívio social e, além disso, contribuem para o aprimoramento do ambiente urbano. O conceito do projeto do Centro Cultural Lagoa Grande é a integração: entre a arquitetura, as pessoas, a cultura, e o ambiente natural. Para tal, a edificação transmite a arquitetura como um gesto convidativo, com vista privilegiada, e ambientes flexíveis para exposições e apresentações artísticas, salas para oficinas de música, pintura, dança, entre outros. 3.5.1 Partido Arquitetônico Partindo do conceito de Integração, o projeto arquitetônico é marcado por um amplo vão de abertura em sua fachada principal, emoldurando a paisagem, a fim de integrar visualmente a edificação com a natureza. O gesto arquitetônico é percebido através das paredes inclinadas da fachada principal em relação a rua, como uma forma de convite ao público, além do próprio passeio, que se integra a entrada da edificação, fortalecendo essa ideia.
  • 83. 79 Fonte: autoria própria. 3.6 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO  Setor Administrativo: engloba todos os ambientes relacionados a administração do Centro Cultural. Tabela 2 - Setor Administrativo: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDADE USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Recepção da Administração Funcionários 01 Cadeira, bancada, armário, computador 7,40m² Sala da Administração Funcionário e visitantes 03 Mesa, cadeiras, armário 13,00m² Sala de Descanso e Copa Funcionários 10 Sofás, poltronas, TV, Armário, pia, cadeiras, mesa 22,00m² Sala de Reunião Funcionários/ Visitantes 08 Mesa de reunião, cadeiras, televisão 14,00m² Sala de Espera Funcionários 06 Sofá, poltronas, mesa de centro, tapete 12,00m² TOTAL 68,40m² Figura 80 - Moodboard do partido arquitetônico.
  • 84. 80  Setor de Serviços: Este setor contempla os sanitários, vestiários e depósito de material de limpeza. Tabela 3 - Setor de Serviços: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDAD E USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Sanitário Feminino Visitantes 17 Bacia sanitária, pia 65,00m² Sanitário Masculino Visitantes 20 Bacia sanitária, mictório, pia 50,00m² Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária, pia, barras de apoio 03,50m² DML (Depósito de Material de Limpeza) Funcionários 01 Pia, armário 03,00m² Sanitário/Vestiári o Feminino Funcionários 04 Bacia sanitária, pia, chuveiro, armário 20,00m² Sanitário/Vestiári o Masculino Funcionários 04 Bacia sanitária, mictório, pia, chuveiro, armário 20,00m² Casa de Máquinas Funcionários - Subestação e gerador 40,00m² Hall de Medidores Funcionários - Medidores 4,00m² Casa de Lixo Funcionários - Reservatórios de Lixo 15,00m² Depósito Geral Funcionários - Armazenamento de cadeiras, aparelhos de som e demais itens 23,00m² TOTAL 243,50m²
  • 85. 81  Setor de Eventos: espaço destinado a auditório e espaços com layout flexível para apresentações de arte e exposições diversas. Tabela 4 - Setor de eventos: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDAD E USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Salão de Exposição Visitantes 200 Instalações de arte temporárias 330,00m² Deck para exposição externa Visitantes 20 Instalações de arte temporárias 87,00m² Auditório Visitantes 118 Poltronas, palco 170,00m² Cabine Técnica Funcionários 02 Aparelho de controle técnico, mesa, cadeira 20,00m² Recepção Funcionários 02 Bancada, cadeiras, computador 8,50m² Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária, pia, barras de apoio 4,00m² Sanitário Feminino Visitantes 05 Bacia sanitária, pia, trocador de fraldas 20,00m² Sanitário Masculino Visitantes 05 Bacia sanitária, mictório, pia, trocador de fraldas 20,00m² Depósito de Material de Limpeza (D.M.L.) Funcionários 01 Pia, armário 5,70m² TOTAL 665,20m²
  • 86. 82  Setor de Lazer e Multiuso: espaços abertos e/ou cobertos, com possibilidade de diversos usos, layout flexível e para lazer. Tabela 5 - Setor de Lazer: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDADE USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Praça 01 “Pôr do Sol” Visitantes ~250 Mesas, cadeiras 320,00m² Praça 02 Visitantes ~150 - 225,00m² Parque Infantil Visitantes ~30 Pergolado, Brinquedos (gangorra, gira- gira, casinha com escorregadeira) 98,00m² Deck Multiuso Visitantes ~50 Pergolado,bancos 102,00m² Sanitário PNE Visitantes 01 Bacia sanitária, pia, barras de apoio 03,50m² DML (Depósito de Material de Limpeza) Funcionários 01 Pia, armário 03,50m² Sanitário Feminino Funcionários 04 Bacia sanitária, pia,armário 20,00m² Sanitário Masculino Funcionários 04 Bacia sanitária, mictório, pia, armário 20,00m² TOTAL 792,00m²
  • 87. 83  Setor de Oficinas e Estudos: ambientes que proporcionam aulas e materiais de estudo, bem como espaços para leitura, com disponibilidade também de equipamentos eletrônicos. Tabela 6 - Setor de Oficinas e Estudos: Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDA DE USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Sala de Desenho/ Pintura Professores/ Visitantes 12 Mesas, cadeiras, quadro, pia, armário 20,00m² Sala de Dança Professores/ Visitantes 10 Barra, espelho, armário 40,00m² Sala de Música Professores/ Visitantes 32 Bateria, baixo, violão, microfone, piano, cadeiras, caixa de som 50,00m³ Midiateca Balconista/ Visitantes 50 Estantes, computadores, mesas, cadeiras, sofás, poltronas, redes 207,50m² Deck de Leitura Visitantes 15 Sofás 40,00m² TOTAL 357,50m²
  • 88. 84  Setor de Alimentação: ambientes voltados a comercialização de alimentos. Tabela 7 - Setor de Alimentação: Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QUANTIDA DE USUÁRIOS EQUIPAMENTOS ÁREA Lanchonete Funcionários/V isitantes 30 Mesas, cadeiras, balcão, banquetas, armários 50,00m² Cozinha de apoio Funcionários 02 Geladeira, micro- ondas, bancadas, armários e pias 10,00m² Casa de Gás Funcionários 01 Botijões de gás 1,5m² TOTAL 61,50m²  Setor de Estacionamento e Ponto de Ônibus: espaços destinados a vagas de carro, moto, e baia de ônibus. Tabela 8 - Setor de Estacionamento: Programa e Pré Dimensionamento. AMBIENTE TIPO DE USUÁRIO QTDD. EQUIPAMENTOS ÁREA Vagas de PNE Visitantes/Funcio nários 02 Placa de sinalização de vaga especial PNE 30,86m² Vagas de Idoso Visitantes/Funcio nários 03 Placa de sinalização de vaga especial do idoso 37,50m² Vagas de Moto Visitantes/Funcio nários 02 - 9,00m² Vagas de carro Visitantes/Funcio nários 29 - 362,50m² Baia de Ônibus Visitantes 01 - 90,00m² Abrigo - ponto de ônibus Visitantes 06 Bancos, lixeira 15,52m² TOTAL 545,38m²
  • 90. 85 4 DECISÕES PROJETUAIS 4.1 SETORIZAÇÃO A setorização é um recurso importante para a concepção do projeto arquitetônico, pois consegue dividir as funções da edificação e distribuí-las no terreno, de acordo com a necessidades e prioridades projetuais. Portanto, nos estudos iniciais do Centro Cultural Lagoa Grande foram organizados 07 setores, sendo eles: administrativo, eventos e exposição, serviço, alimentação, oficina e estudos, lazer e multiuso e estacionamento. (Figura 81) Figura 81 - Esquema gráfico de setorização inicial do Centro Cultural Lagoa Grande. Fonte: autoria própria.
  • 91. 86 Após o desenvolvimento de mais estudos, houveram modificações formais e da posição dos setores, afim aprimorar o projeto, prezando por manter a intenção visual aliada a função e ao conforto ambiental. (Figura 82) Figura 82 - Setorização final do Centro Cultural Lagoa Grande. Fonte: autoria própria. Embora alguns ajustes tenham sido realizados, percebe-se que algumas decisões permaneceram desde o início do projeto, como por exemplo: o estacionamento continua na fachada principal do projeto, devido ao fácil acesso, e principalmente para aproveitar a maior extensão do terreno. Outra decisão mantida foi a posição o setor de oficinas, que, por possuir ambientes de longa permanência, volta- se para a ventilação predominante.
  • 92. 87 4.2 FLUXOGRAMA O estudos dos fluxos permite a criação de uma hierarquia de espaços, acessos e circulações, facilitando a compreensão e o processo de projeto. Figura 83 - Fluxograma do Centro Cultural Lagoa Grande Fonte: autoria própria.
  • 94. 88 5 MEMORIAL DESCRITIVO 5.1 INTRODUÇÃO O Memorial Descritivo trata-se, basicamente, das informações da construção. Neste caso, contém dados sobre a elaboração do projeto arquitetônico de um centro cultural. A edificação conta com um terreno de área de 6.138,00m², localizado na cidade de Feira de Santana, no estado da Bahia – Brasil. De acordo com o programa de necessidades voltado a um público amplo e versátil, de diversas faixas etárias, o projeto foi desenvolvido em setores que visam atender todas as intenções contidas no projeto. 5.2 METODOLOGIA CONSTRUTIVA • Vedação: As paredes devem ser construídas com blocos de concreto. (Figura 84) Figura 84 - Bloco de concreto. Fonte: blocodeconcreto.net • Estrutura: A estrutura será em concreto protendido, para atender aos grandes vãos de exposição. Nos ambientes menores, será utilizado o concreto armado in loco. • Reservatórios: tanques de polietileno e os subterrâneos, em concreto.
  • 95. 89 • Portas: Todas as portas possuem especificação de dimensões e locação nas próprias plantas técnicas. Estas possuem acabamento em alumínio e vidro. • Forro: Maioria dos forros serão em gesso acartonado sob pintura na cor branco neve, com exceção da praça 01 (em madeira cumaru) e da midiateca. • Letreiro: Em PVC expandido, já que possui bom acabamento, pouca absorção de água e alta resistência a ventos fortes. • Cobertura: trechos com telha termoacústica (tipo sanduíche) (Figura 85) com inclinação de 8%, outros com laje impermeabilizada, e clarabóia com vidro (inclinação de 2%). Figura 85 - Representação de telha termoacústica. Fonte: termovale.
  • 96. 90 5.3 REVESTIMENTOS Os revestimentos que serão utilizados no piso dos ambientes internos terão características antiderrapantes com acabamento na cor cinza. Toda a área externa que contempla calçada e acesso a edificação, além das circulações entre blocos internos, será pavimentada com concreto intertravado. Há espaços também com decks em madeira tipo Cumaru, piso drenante e jardins, que serão compostos por grama tipo esmeralda. Nos ambientes de sala de música e auditório serão utilizados carpetes, devido ao conforto acústico que ele proporciona. Na sala de dança, há piso de madeira, para amortecer impactos Quanto as paredes da fachada dos blocos da edificação, haverá presença majoritária do concreto aparente, pinturas com efeito chapiscado na cor cinza (Crômio e Elefante, da Suvinil) e elementos em madeira cumaru.
  • 98. 91 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho térmico de edificações - Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro. 2003. CELESTINO, Paula Leilane de Oliveira. Requalificação Urbana: Entraves e Desafios através do bairro Lagoa Grande na cidade de Feira de Santana (2003- 2013). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. CENTRO Cultural MÉCA / BIG. ArchDaily, Brasil, 07 jul. 2019. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/920494/centro-cultural-meca-big . Acesso em: 18 set. 2022. CENTRO Cultural Porto Seguro / São Paulo Arquitetura. ArchDaily, Brasil, 02 mai. 2016. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural- center-sao-paulo-arquitetura . Acesso: 18 Set 2022. CLIMA e tempo médio o ano todo em Feira de Santana .Weather Spark .Disponível em: < https://pt.weatherspark.com/y/31060/Clima-caracter%C3%ADstico-em-Feira- de-Santana-Brasil-durante-o-ano#Figures-Temperature> Acesso: 21 set. 2022. CINQUENTA por cento das lagoas foram destruídas nos últimos 30 anos. Feira de Santana, 11 mai. 2022. Disponível em:< https://www.feiradesantana.ba.gov.br/servicos.asp?titulo=Cinquenta%20por%20cent o%20das%20lagoas%20foram%20destru%EDdas%20nos%20%FAltimos%2030%2 0anos&id=18&link=secom/noticias.asp&idn=27012 > Acesso em: 16 set. 2022. COLBERT participa de inauguração da Arena Jacaré, na Euterpe Feirense. Feira de Santana, 15 dez. 2019. Disponível em:< https://www.feiradesantana.ba.gov.br/servicos.asp?titulo=Cinquenta%20por%20cent o%20das%20lagoas%20foram%20destru%EDdas%20nos%20%FAltimos%2030%2 0anos&id=18&link=secom/noticias.asp&idn=27012 > Acesso em: 16 set. 2022.
  • 99. 92 CRUZ, Laiane. Devido ao alto índice de poluição, peixes morrem na Lagoa Grande em Feira de Santana. Acorda Cidade, Feira de Santana, 14 jan. 2019 .Disponível em: https://www.acordacidade.com.br/noticias/205461/devido-ao-alto-indice-de- poluicao-peixes-morrem-na-lagoa-grande-em-feira-de-santana.html . Acesso em: 18 set. 2022. FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº. 41, de 2009. Código do Meio Ambiente. Dispõe sobre ampliação e dá nova redação ao Código do Meio Ambiente de Feira de Santana. Lei 1612, conforme especifica. Feira de Santana: PMFS, 2009. FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 117, de 2018. Dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Territorial do Município de Feira de Santana – PDDU 2018 e dá outras providências. PMFS, 2018. FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 118, de 2018. Institui a Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo - LOUOS, na Área Urbana e de Expansão Urbana do Município de Feira de Santana e dá outras providências. PMFS, 2018 FEIRA DE SANTANA. Lei Complementar nº 119, de 2018. Institui o Código de Obras do Município de Feira de Santana e dá outras providências. PMFS, 2018. FILARMÔNICA Euterpe Feirense, um clube social as margens da Lagoa Grande. Blog da Feira, Bahia, 20 set. 2016. Disponível em: < http://blogdafeira.com.br/home/2016/09/20/filarmonica-euterpe-feirense-um-clube- social-as-margens-da-lagoa-grande/> Acesso em: 18 set. 2022. FILARMÔNICAS 25 de Maço, Vitória e Euterpe feirense fazem parte da história cultural de Feira de Santana. Jornal Grande Bahia, Bahia: 04 out. 2015. Disponível em: < http://www.jornalgrandebahia.com.br/2015/10/filarmonicas-25-de-marco- vitoria-e-euterpe-feirense-fazem-parte-da-historia-cultural-de-feira-de-santana/ >Acesso em: 18 set. 2022. MACHADO, Gustavo. Estudo dos impactos sociais e ambientais de processos de requalificação urbana: o caso da lagoa grande no município de Feira de Santana – Bahia. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Disponível em: http://civil.uefs.br/DOCUMENTOS/GUSTAVO%20LISBOA%20MACHADO.pdf Acesso em: 10 set. 2022.