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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO
FACULDADE DE TECNOLOGIA DO CEUNSP
CURSO TECNOLÓGICO DE DESIGN DE MODA
PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA
LAUREN MUZZIN GRIGOLON
MELINA MUZZIN GRIGOLON
SALTO
2010
LAUREN MUZZIN GRIGOLON
MELINA MUZZIN GRIGOLON
PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA
Trabalho Apresentado para Requisito para a
Conclusão do Curso de Tecnologia em Design
de Moda do Instituto Superior de engenharia
Arquitetura e Design do CEUNSP sob
orientação do prof. Elga Buck
SALTO
2010
LAUREN MUZZIN GRIGOLON
MELINA MUZZIN GRIGOLON
PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA
Trabalho Apresentado para Requisito para a
Conclusão do Curso de Tecnologia em Design
de Moda do Instituto Superior de engenharia
Arquitetura e Design do CEUNSP sob
orientação do prof. Elga Buck
Salto, 17 de Novembro de 2010
Luciane Panisson
Professor Mestre
CEUNSP
Elga Buck
Professor Mestre
CEUNSP
Lilian Sayuri Kauvauti
Professor Especialista
CEUNSP
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todas as pessoas que
colaboraram diretamente ou
indiretamente para a realização desse
projeto.
RESUMO
O presente projeto pretende analisar o desenvolvimento do processo criativo
da obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari” e sua influência no
desenvolvimento de uma coleção de moda. Trata-se, portanto, de um estudo sobre a
gênese do processo de criação e a importância de analisarmos de perto os métodos
de desenvolvimento das idéias do autor. A importância dessa exploração está no
resgate de informações necessárias para compreender a obra tida como finalizada.
Estas pesquisas terão como base os estudos da crítica genética e as redes de
criação propostas pela autora Cecília Almeida Salles, com fundamentos gerados
pelas tramas de linguagem. Dentro dessa perspectiva de análise, serão colocadas
as influências exercidas por esse projeto cinematográfico na inspiração e
desenvolvimento de um projeto de moda. Em sumo, o projeto constitui em analisar
todo o processo de criação de uma obra com base nas tramas de linguagem e,
como esta obra pode gerar outras criações.
Palavras-chave: Processo criativo, tramas de linguagem, expressionismo, cinema,
moda.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi. ............................9 
Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci.............................................13 
Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso..........................................15 
Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang ...............................................16 
Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró........................................................17 
Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci..................................................................18 
Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari”.....................................................................20 
Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari” ..................................22 
Figura 9 - Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari..23 
Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena...............................23 
Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas.................................................................24 
Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard...................................................................25 
Figura 13 –Tabela de análise das Tramas de Linguagem.........................................................26 
Figura 14 – Caderno do artista .................................................................................................28 
Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores......................................................................28 
Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns ....29 
Figura 17 – Assimetria e recortes.............................................................................................30 
Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme ...........................................................30 
Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme................................................31 
Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário............31 
Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks..................................................32 
Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi..................38 
SUMÁRIO
 
1.  INTRODUÇÃO ..................................................................................................................7 
2.  O PROCESSO CRIATIVO.................................................................................................8 
2.1. O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE ................................8 
2.2. ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO........................................................................10 
2.3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA..........................................11 
2.3.1. Fundamentos Dos Estudos Genéticos ......................................................................11 
2.3.2. Redes De Criação .....................................................................................................14 
2.4. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR.
CALIGARI” DE ROBERT WIENE. ...................................................................................19 
2.4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão....................................................19 
2.4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE.................20 
2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio a Produção...........21 
2.5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE
MODA..................................................................................................................................27 
3.  CRIAÇÃO DA MARCA ..................................................................................................33 
3.1. CONCORRÊNCIA........................................................................................................33 
3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO.................................................................34 
3.2.1. Segmentação de Público Alvo..................................................................................34 
3.2.2. Segmentação Geográfica..........................................................................................34 
3.2.3. Segmentação Demográfica.......................................................................................34 
3.2.4.Perfil do Consumidor ................................................................................................35 
3.3. COMPOSTO DE MARKETING..................................................................................37 
3.3.1. Produto – Especificação de Produtos e Serviços......................................................37 
3.3.2. Preço – Estratégia de Precificação............................................................................37 
3.3.3. Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição............................................................37 
3.3.4. Promoção – Estratégia de Comunicação ..................................................................43 
3.3.5. Identidade Visual......................................................................................................43 
3.3.6. Meios de Comunicação ............................................................................................46 
3.3.7. Estratégia de Relacionamento ..................................................................................48 
4.  PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO.................................................................................49 
4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO..........................................................................49 
4.1.1. Mix de Produtos .......................................................................................................49 
4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons..............................................................................49 
4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção................................................................................50 
4.1.4. Conceito de Coleção.................................................................................................50 
4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO.........................................................50 
4.3. BRIEFING.....................................................................................................................51 
4.4. ELEMENTOS DE ESTILO ..........................................................................................52 
4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO..........................................................................53 
4.5.1. Cartela de Cores........................................................................................................53 
4.6. CARTELA DE MATERIAIS........................................................................................54 
4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES ................................................................................57 
5.  COLEÇÃO DESENVOLVIDA........................................................................................58 
5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO.................................................................................58 
5.2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS........................................................................59 
5.3. STYLIST .......................................................................................................................79 
5.4. DESFILE .......................................................................................................................80 
5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS ........................................................................82 
0
7
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o processo criativo está em destaque. Fala-se mais do
processo do que da obra, analisando todos os aspectos da gênese da
criação, o que levou a sua obra final e como essa influencia outros processos.
Considerando essa análise, a problemática é como estudar o processo
criativo de um filme e posteriormente aplicá-lo na criação de uma coleção de
moda?
Como hipóteses para esse desenvolvimento a análise do processo
criativo torna-se uma rede de pesquisas e inspiração para outros projetos,
sendo assim a obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari”, datada de
1920, do diretor Robert Wiene é uma rica fonte de inspiração devido ao seu
período histórico e influências expressionistas.
Esse projeto visa esclarecer o processo criativo ao todo, através dos
estudos do processo do filme em questão e suas influências como uma rede
de criação. Por isto, é importante analisar o processo criativo, aprofundando-
se na crítica de processo.
Para o desenvolvimento desse projeto é fundamental pesquisar as
origens e etapas do processo criativo, analisar os estudos genéticos e as
redes de criação, assim como a aplicação do processo no desenvolvimento
de um projeto cinematográfico, aplicando o conteúdo estudado para criar um
processo autoral de criação de uma coleção de moda.
Este projeto de trabalho de conclusão de curso consistirá em pesquisas
sobre processo criativo nas vertentes da crítica genética, redes de criação e,
ainda, o estudo aprofundado da gênese de criação de uma obra
cinematográfica.
8
2. O PROCESSO CRIATIVO
2.1 O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE
Desde o nascimento, a mente do ser humano é capaz de realizar inúmeras
sinapses e ligações, criando sensações e pensamentos infinitos. Nunca paramos de
pensar, projetar e organizar idéias. Temos aquilo que nos diferencia desde o
principio de todas as outras espécies vivas: a capacidade criativa. A partir do
entendimento do ser humano, a criatividade pode representar um papel positivo na
vida cotidiana, ajudando a resolver problemas das relações que se pode encontrar
na vida afetiva ou profissional (LUBART, 2007).
A criatividade permite um refinamento de idéias, para que através dessa,
outras idéias mais elaboradas passem a existir. Segundo o pesquisador Morris Stein
(1974, p.08), a criatividade é “um processo que resulta em algo novo, que será
aceito como útil ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum
ponto no tempo”. Apesar de não existir uma data exata para seu surgimento, ou uma
receita para a criatividade, sabe-se que a mente humana segue algumas etapas de
elaboração no processo criativo.
Vários aspectos colaboram para esse desenvolvimento: os aspectos externos,
ou seja, as influências exteriores que chegam a nós; os fatores genéticos, as
experiências pessoais anteriores e, principalmente, pelo forte instinto investigativo e
de curiosidade que as pessoas possuem dentro de si.
Acerca do conceito da criatividade, não se sabe ao certo sobre seu
nascimento. Por muitos anos, ela foi vista como algo místico, uma inspiração dada
por um ser divino. Na Grécia antiga, acreditava-se que a inspiração vinha das
chamadas Musas (Figura 1). Elas eram responsáveis pelas inspirações tanto
artísticas como científicas. Eram invocadas através de uma oração poéticas ou
poemas épicos. Todos os Homens que possuíam uma forte ligação com suas
Musas, inspiração nunca lhes faltavam.
9
Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi.
Fonte - http://www.mlahanas.de/Greeks/Mythology/Muse.html
Em outras culturas acreditava-se que a criatividade vinha através da
inspiração por espíritos. Nesse meio de pensamento, toda inspiração possui um foco
subjetivo, ou um agente inspirador. Com o surgimento de alguns filósofos, muito dos
antigos pensamentos foram questionados. Aristóteles foi o primeiro a desenvolver a
idéia que a inspiração não vem do ato divino e sim de uma cadeia de associações
mentais realizadas pelo ser humano. A partir então desse momento, a visão do
sobrenatural que circundava a criatividade começava a desaparecer
(NASCIMENTO, 2001).
Durante algum tempo, a criatividade foi vista como uma genialidade, o que
quer dizer que uma pessoa nascia com uma pré-disposição genética para associar
idéias se tornando assim um gênio criativo. A criatividade foi explicada como uma
habilidade inata ou hereditária. Após alguns estudos, foi constatado que não apenas
a genética é responsável pela criatividade do indivíduo, mas também outros fatores
interligados que levam ao seu desenvolvimento.
Freud, pai da psicanálise, surgiu com a idéia que “a criatividade não é apenas
uma forma consciente, também possui pulsões inconscientes” (FREUD apud
LUBART, 2007, p.13). Sua tese catarsis criadora1
retrata o inconsciente criativo, a
maneira de atingir indiretamente algo intangível apenas com a realidade consciente.
Anos mais tarde, em 1950, o psicólogo americano Guilford publicou em American
Psychologist Creativity, a hipótese que a criatividade requer múltiplas capacidades
1
Catarsis Criadora é a tese de Sigmund Freud que explica que a criatividade é uma forma de reduzir
tensão, onde o indivíduo cria para aliviar certos impulsos. Segundo o psicanalista, criatividade e
neurose têm a mesma fonte de origem, os conflitos do subconsciente.
10
intelectuais a ponto de facilitar a detecção de problemas, a capacidade de análise e
síntese, a fluidez e flexibilidade de pensamento (GUILFORD apud LUBART, 2007,
p.14).
Hoje já se sabe que a criatividade e o processo criativo vão além de tudo isso.
Envolvem um estudo de signos, fatores cognitivos, conativos, psicológicos e
externos. O processo criativo é uma sucessão de fatores e modelos a serem
seguidos que culminam nas criações originais, outras adaptadas.
2.2 ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO
Sabendo que a processo criativo é uma sucessão de pensamentos, uma
cadeia de idéias interligadas que resultam em criações originais ou adaptações,
pode-se dizer que esse processo passa por algumas etapas até sua finalização.
Partindo de que o processo criativo parte de um trabalho consciente, seguido por um
trabalho inconsciente, formalizou-se o primeiro modelo do processo criativo. Graham
Wallas no ano de 1926, na sua obra publicada A arte de Pensamento, descreve o
modelo clássico do processo. Esse modelo passa por quatro etapas: a fase de
preparação, a fase de incubação, a de iluminação e a de verificação (WALLAS apud
LUBART, 2007, p. 94).
Na primeira fase, o problema se concentra na mente do indivíduo o qual
explorará suas dimensões. É nessa etapa que as informações são coletadas e
analisadas sob o trabalho consciente. Já na fase de incubação, o problema é
internalizado, nada parece acontecer no mundo exterior; é a hora que o inconsciente
entra em ação. Após a fase em que o cérebro trabalhou inconscientemente, o
processo passa pelo que se denomina iluminação ou insight, é o momento da
“Eureka”; as idéias emergem do subconsciente e se manifestam na consciência.
Após o surgimento das idéias interessantes a serem aplicadas, haverá um
exame critico delas. Nessa última etapa, a de verificação, é quando as idéias são
verificadas, elaboradas para em seguida serem aplicadas. Do mesmo modo como
elas são aplicadas distintamente no processo também foi averiguado que elas
poderiam se sobrepor em algum momento para uma rápida solução ao problema.
Após o modelo clássico, sugiram muitas outras adaptações às quais vêm
sendo aplicadas até os dias de hoje. Alguns autores chegaram a criticar o modelo de
11
Wallas, pois segundo Lubart (2007, p. 98) “descreviam o processo criativo
como uma mistura dinâmica de diversos tipos de pensamentos que ocorrem de
modo recursivo ao longo do trabalho”.
Guilford, que realizou importantes pesquisas sobre criatividade, estabeleceu
subprocessos ao modelo, gerando dois tipos de produções, a convergente e a
divergente. Quando ocorre o pensamento convergente busca-se uma única e correta
solução para o problema, enquanto no pensamento divergente há uma geração de
múltiplas soluções para aquele mesmo problema.
Em 1992, Finke, Ward e Smith propuseram um novo modelo denominado
geneplore2
, em que a criatividade ocorre em duas fases: a primeira o indivíduo
constrói representações mentais, como estruturas pré-inventivas. Na segunda fase
essas estruturas são organizadas de modo a se chegar a idéias criativas. Ambas as
fases se associam para formar seqüências repetitivas que conduzem à criação
(T.WARD et al.,1995). A partir de então várias abordagens na pesquisa do processo
criativo relacionadas à analogia, estrutura de mapeamento e metáforas se
encontraram, surgindo com a nova concepção de combinação conceitual, a teoria da
cognição, e posteriormente dando espaço a crítica genética e o estudo das redes de
criação.
2. 3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA
2. 3.1 . Fundamentos Dos Estudos Genéticos
As abordagens das pesquisas sobre o processo criativo foram se
desenvolvendo ao longo dos anos. Surge então na década de noventa, uma reflexão
sobre a sistematização das características do processo de criação artística. Em
diálogo com a semiótica3
, a pesquisadora Cecília Almeida Salles4
apresenta os
2
Modelo sugerido por Finke, Ward e Smith em 1992 que significa gerar várias alternativas e
posteriormente testá-las, produzindo uma quantidade maior de variações e assim filtrar as melhores
para atingir o objetivo final.
3
Semiótica é o estudo dos signos, ou seja, investigações de todas as linguagens possíveis e suas
representações.
4
Cecília Almeida Salles é mestre e doutora em Lingüística Aplicada e Estudos de Línguas pela PUC-
SP. Também é coordenadora do Centro de Estudos de Crítica Genética.
12
estudos genéticos da criação, ou seja, sua gênese, onde tudo se inicia.
Os estudos de crítica genética nasceram na literatura, porém com
possibilidades de ser explorada em outras áreas. O objetivo dos estudos era
compreender o processo de elaboração da obra literária, encontradas nos
manuscritos e registros do autor. Posteriormente, esses estudos foram adaptados
por Salles entre outros para outros segmentos como a arte.
Os estudos realizados apresentam a criação como um processo. Este por sua
vez, vai se desenvolvendo através das características que vão lhe sendo conferidas.
O artista assim torna visível àquilo que está por existir, através de um movimento de
influências externas e internas, do consciente e inconsciente. (SALLES, 1998).
A criação assim deixa de seguir apenas um padrão dos modelos clássicos da
explicação do processo criativo. Torna-se um estudo aprofundado do pensamento
do criador, da gênese de suas idéias que ainda não se transformaram em obras;
uma combinação de todos os elementos já citados e estudados, indo além.
A crítica genética é definida, portanto, como um vocábulo criado para a
exploração do desenvolvimento da obra de arte desde sua concepção. Ela “pretende
oferecer uma nova possibilidade de abordagem para as obras de arte: observar seus
percursos de fabricação.” (SALLES, 1992, p.21). O surgimento deu-se em
decorrência de melhor entender todo o processo de criação de um artista, através
dos estudos de registros deixados por esse. O Homem buscou entender todo esse
processo, pois tem necessidade de buscar e saber a origem das coisas. Ele é por
natureza um crítico genético, “quer exatamente ver a criação artística por dentro”
(SALLES, 1992, p.33).
Analisa-se, deste modo, que a criação de uma obra de arte é resultante de
todo um processo. Salles (1992, p.25), diz que a obra não é, mas vai se tornando ao
longo de um processo que envolve uma rede complexa de acontecimentos. A crítica
genética enxerga além. Não está interessada apenas em estudar os manuscritos
literários, mas como a obra se liga a outras áreas, como roteiros, vídeos, maquetes.
Há necessidade por parte do artista de registrar todo e qualquer pensamento ao
longo da criação da obra. Ele retém possíveis informações que auxiliarão na
concretização e materialização de suas idéias. Esses documentos são a base de
pesquisa da critica genética, assim como todo processo dito como acabado (Salles,
1998).
Segundo Salles (1992), existem alguns materiais com os quais trabalham os
13
críticos. Primeiramente seriam os registros dos impulsos iniciais, de uma memória
distante, encontrados nas anotações em cadernos, diários ou correspondência
(Figura 2). Depois com a esquematização das idéias, de forma que as anotações
comecem a se concretizar, por exemplo, com usos de roteiros, planos e criação de
mapas. Logo a seguir os primeiros rascunhos e redações concretos da obra surgem,
gerando posteriormente a obra na forma original, as quais serão analisadas com o
resultado final entregue pelo artista. Esses documentos criados sempre contêm a
idéia de registro (SALLES, 1998, p.21).
Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci
Fonte - http://www.artknowledgenews.com/Speed_Art_Museum_Leonardo_Da_Vinci.html
Esses registros são analisados como se estivessem contando uma história.
São rastros deixados pelo artista ao longo do desenvolvimento de sua obra
vinculados com o pensamento criativo. O olhar se volta para a perspectiva de
processo. Este processo do artista está sempre sujeito a experimentação e
modificações, tornando-se um ato permanente, ou seja, segundo Salles (1997), “a
criação mostra-se como uma metamorfose contínua [...]. Um processo de constantes
transformações.”. É um gesto inacabado, designando-se para a compreensão que a
obra de um artista está em constante mutação. Isso compreende que há sempre
uma diferença entre aquilo que o artista concretizou para aquilo que ele teria
14
alcançado (SALLES, 1998, p.81). Toda obra pode ser analisada pela sua
complexidade de metamorfose.
Atualmente, a crítica genética está em expansão, explorando outro campo,
que leva a discussão do processo criador em outras manifestações artísticas,
estabelecendo um diálogo entre os artistas. Surgem das redes de criação e um olhar
mais longe através da critica de processo, que serão pontos analisados a seguir.
2. 3. 2 . Redes De Criação
O artista em seu processo de concebimento da obra desenvolve
documentos que possibilitam melhor compreensão e análise daquilo que está sendo
criado. Esses documentos levam a um movimento de processo, ou seja, a criação
artística é destaca por ser ativa, continua e flexível (SALLES, 2006, p.19). Tendo em
vista o processo como inacabado, a construção da obra de arte é um percurso em
permanente mobilidade. Esse percurso apresenta diversas tendências, que
conduzem a alterações, construções, desconstruções, adequações e possibilidades.
A possibilidade de todas essas ações leva a uma perspectiva não linear no tempo da
criação da obra, trazendo o conceito de rede.
Os registros dos artistas são essenciais para a investigação da obra e
quando adotado o modelo de rede é observado os elementos de interações, tendo
em vista uma ação geradora de novas possibilidades. Distancia-se assim da busca
da origem da obra analisada nos estudos genéticos e busca-se a noção de
conclusão (SALLES, 2006, p.26). Em seus estudos sobre as redes de criação,
Salles (2006, p. 27) afirma que “o crítico, ao estabelecer nexos a partir do material
estudado, procura refazer e compreender a rede do pensamento do artista”. Além de
saber como o processo se iniciou é importante saber também o que levou o artista
no decorrer do processo a colocar suas idéias daquela maneira. Serão analisadas,
portanto as tramas de pensamentos da obra, seus diálogos de linguagens
juntamente com as interações cognitivas.
As tramas de pensamento têm por objetivo analisar mais de perto as criações
em processo. É através das analises dos documentos oferecidos que
compreendemos as informações responsáveis pelo desenvolvimento do
pensamento em toda criação. São os diferentes processos de interações e
interconexões que constituem em redes a propriedade do pensamento e que levam
15
aos diálogos de linguagem enfatizando os desenhos e interações cognitivas
(SALLES, 2006).
O percurso do processo criador tende para uma linguagem a qual é feita de
palavras, imagens, sons, gestualidade, etc. Isso significa que o artista não faz o
registro da sua obra necessariamente na linguagem na qual se concretizará (Figura
3). “Percebemos que há uma estreita relação entre as tramas semióticas do
processo e o modo de desenvolvimento do pensamento de cada indivíduo”.
(SALLES, 2006, p.95). No percurso de criação, o indivíduo desenvolve seu próprio
meio de interligar imagens com palavras, como meio de estruturação da obra. Uma
das maneiras utilizadas é o uso de diagramas preparatórios, que surgem para
relacionar as idéias iniciais do projeto.
Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso.
Fonte - http://www.martinries.com/article2005DK.htm
Outras vezes o artista, principalmente na literatura e roteiros cinematográficos,
tem necessidade de criar uma cidade ficcional para visualizar aquilo que está sendo
formado ao longo do processo. O criador passa a conviver com limites criados por
ele mesmo, tendo o poder de modificá-los, afinal esse processo de criação origina
uma documentação de fantasia. Também no acompanhamento do percurso da
produção, uma maneira que o indivíduo encontra para expressar suas idéias é
representar visualmente aquilo que está sendo verbalizado (Figura 4).
16
Imagens invadem o texto para dar solidez à imaginação. Os desenhos são a
materialização da idéia como meio de fixar o que é essencial para que não perca ao
longo do processo.
Os desenhos da criação, portanto, são peças de uma rede de ações
bastante intricada e densa que leva o artista à construção de suas obras.
São desenhos de passagem, pois são transitórios; são geradores, pois têm
o poder de engendrar formas novas; são móveis, pois são responsáveis
pelo desenvolvimento da obra. São atraentes e convidam à pesquisa
porque falam do ato criador. (SALLES, 2006, p.117)
É a trama de linguagem que viabiliza o funcionamento do pensamento da
criação. Para o desenvolvimento desse pensamento colocados no papel é
necessário compreender o funcionamento das interações cognitivas5
nas tramas de
pensamento.
Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang
Fonte - http://homepage.mac.com/cirquefilm/vfxhistory/FIRSTS/HTML/firsts_schuftan.html
Mais importante que a descrição das ações do artista, são os procedimentos
geradores dessas ações. Esses procedimentos são vistos como facilitadores de
associações. São essas associações que são responsáveis pela estruturação e
desenvolvimento do pensamento criador presente nos vários documentos de
processo. Como meio de saber o que a obra ganha com essas associações, são
17
considerados alguns elementos associativos como: as expansões associativas, as
matrizes geradores, embriões ampliados, as dúvidas geradoras, os erros e acasos
construtores e as experimentações perceptivas impulsionadoras (SALLES,2006).
O primeiro elemento associativo a ser destacado são as expansões
associativas. Essas estão relacionadas a obra em desenvolvimento. É nesse
momento que há um percurso de ampliação das idéias. Tem-se inicialmente uma
idéia que é tomada como ponto de partida, como a causa. A partir daí são
imaginados os efeitos, que geram mais idéias, como em um jogo de associações. É
nesse ponto que o artista gera tomadas de decisões e alterações, expandindo suas
idéias.
Ainda acompanhando o desenvolvimento do pensamento de criação, há uma
necessidade de armazenamento de dados, e as formas como esses dados são
armazenados é o que damos o nome de matrizes geradoras. A capacidade gerativa
dessas matrizes está exatamente na operação de combinações (SALLES, 2006,
p.125). Essas combinações não estão restritas a um determinado processo. São as
matrizes que oferecem possibilidades, levam o artista a definir aquilo que ele deseja
da sua obra.
Seguindo ainda as idéias que propulsionam o artista a definição da sua obra,
regressamos aquelas primeiras idéias registradas. Essas idéias ainda na forma de
embriões agora no desenvolver do pensamento se ampliam. Os embriões ampliados
são potenciais geradores de idéias para a concretização do projeto. As imagens
antes rascunhadas começam a se materializar para a formação da obra (Figura 5).
Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró
Fonte - http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2008/miro/flashsite/index.html
5
Cognição é a aquisição de conhecimento e sua melhor adaptação ao meio. É o processo de
conhecimento daquilo que já está na nossa memória.
18
Outro procedimento relacionado ao desenvolvimento do pensamento criador
relaciona as experiências e as percepções que estas geram na mente do artista. A
experiência traz novas possibilidades e potencializa aquilo que já foi indagado no
processo. Então “o resultado da experiência perceptiva [...] é associado à
possibilidade de nova obra” (SALLES, 2006, p.128). O artista materializa a tendência
do olhar, do empirismo, impulsionando o desenvolvimento da sua obra. As
experiências pessoais e suas experimentações contribuem diretamente para o
enriquecimento do pensamento do criador.
Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci
Fonte - http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1158453/Hidden-self-portrait-Da-Vinci-discovered-
manuscript.html
Ainda impulsionado pelas experiências, o artista durante o processo dialoga
com situações que geram dúvidas. O trabalho que até ali era estável dá início a uma
série de questionamentos ao longo da expansão dos pensamentos. Essas são as
dúvidas geradoras. São muito importantes no processo, pois gera possibilidades de
respostas e a continuidade do pensamento. É, portanto fundamental esses
questionamentos por parte do artista.
No decorrer do processo, além do artista se deparar com inúmeras dúvidas
geradas, depara-se também com elementos que passam a divergir os pensamentos.
19
Surgem problemas que necessitam de solução. Com os problemas a necessidade
de experimentação se torna maior, abrindo portas para os erros e acasos. Sob um
ponto de vista, esses são responsáveis por desencadear um raciocínio novo para a
entrada de novas idéias. A continuidade do processo se dá devido às
indeterminações e dúvidas geradas pelo erro. O criador vai à busca de soluções,
expandindo sempre suas idéias. Acerca do acaso, inúmeras vezes os artistas não
sentem controle consciente sobre tal. Porém são os acasos que motivam novas
experiências, fazendo muitas vezes o artista mudar seu percurso de criação em
direção a obra final.Na análise da autora Cecília (2006, p.148) “ [...] aceitar a
intervenção do imprevisto implica que o artista poderia ter feito aquela obra de modo
diferente daquele que fez [...]”. Isso implica que muitas outras obras teriam sido
possíveis, dependendo das influências conscientes (SALLES, 2006).
Em resumo, todas as tramas de pensamento influenciam na critica de
processo da obra. São essenciais para entender o desenvolvimento do artista e seu
percurso criativo. Os desejos particulares e as tramas semióticas marcam cada
processo, tornando-o singular. As redes da criação são necessárias para entender a
organização de pensamento qualquer obra, de qualquer gênero. Para melhor
compreensão de todos esses elementos citados, será analisado o processo de
criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”, desde a análise
da época, o roteiro e sua produção final e, como esta obra influenciou na criação e
desenvolvimento de um projeto de Moda.
2. 4.. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR.
CALIGARI” DE ROBERT WIENE.
2. 4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão
O expressionismo surgiu às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O império
alemão caminhava sentido ao imperialismo, com a ascensão de Hitler ao poder,
gerando uma série de crises e revoluções, pois a sociedade exaltada eram os
militares, nobres e a burguesia. Em atitude contra a estética autoritária, surgem
artistas que se opunham a burguesia, culminando no movimento expressionista. O
expressionismo é a busca da subjetividade ao extremo; é a abstração da realidade.
20
Os artistas expressionistas se aproximavam a classe trabalhadora e aos
marginalizados da sociedade. Dividiu-se em três fases: o expressionismo precoce
(1910-14), o “alto-expressionismo” entre 1914 e 1918 e o “expressionismo tardio”
(1918-25). Esta última fase é onde aponta o expressionismo no cinema, que será o
tema em pauta (SILVA, 2006).
As primeiras pesquisas estéticas expressionistas no cinema ocorreram na
Dinamarca. Os cineastas abordavam a angústia e a loucura como tema. Mas é na
Alemanha em 1919 que há a elaboração de um filme estritamente expressionista,
com a produção do “O Gabinete do Dr. Caligari”. O filme transporta o telespectador à
instabilidade política do momento, onde se destacam figuras geométricas, deformes,
com personagens alucinadas. O expressionista busca o significado dos fatos e dos
objetos. O filme de Robert Wiene é a tradução dos sentimentos contraditórios que
envolveram a Alemanha após o termino da Primeira Guerra. É resultado da
perturbadora experiência dos roteiristas e dos tormentos psíquicos sofridos pelo ser
humano.
Outros filmes também se destacam no movimento como: Nosferatu de 1922,
do diretor F. W. Murnau e Metropolis (1927) de Fritz Lang.
2. 4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE
Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari”
Fonte - http://verdoux.wordpress.com/film-poster-the-silents/
21
Filme dirigido pelo diretor alemão Robert Wiene se passa em um vilarejo
fronteira com a Holanda. Um misterioso homem chega à cidade. Ele é conhecido
como Dr. Caligari e traz consigo Cesare, que estaria supostamente adormecido por
muitos anos. Hipnotizado por Caligari, Cesare torna-se um sonâmbulo capaz de
fazer previsões sobre o futuro.
Depois da primeira apresentação da dupla, uma série de assassinatos na
cidade faz com que as suspeitas se voltem para o sonâmbulo, mas o jovem Francis,
ao tentar salvar a namorada, descobre que o mandante dos crimes é o próprio
doutor, cujos poderes de manipulação levam Cesare a matar pessoas sem ter
consciência do que faz.
O final se revela em uma reviravolta, onde tudo não passou de um delírio do
estado psíquico do narrador da história, o personagem Francis.
2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio
a Produção
Considerado o filme que inaugurou o expressionismo no cinema, “O Gabinete
do Dr. Caligari” apontou uma nova relação entre filmes e arte gráfica, imagem e
narrativa. Sua concepção começou no ano de 1918 e sua produção foi finalizada em
1920, quando lançado para o público.
Para melhor compreender o processo de criação, com base nos estudos
genéticos, dessa importante obra cinematográfica analisaremos toda sua trajetória,
desde a ideação do roteiro, o planejamento da produção e o projeto tido como
finalizado. Todo esse percurso terá como base as tramas de linguagem que levaram
ao desenvolvimento do produto final.
A história da gênese de “O Gabinete do Dr. Caligari” tem uma atração
particular. Muitos foram os mitos criados em torno de sua produção. Poucos são os
documentos de criação que nos chegam hoje. Com a descoberta de roteiro original
pode-se compreender as idéias iniciais dos roteiristas e algumas modificações que o
filme sofreu ao longo do seu processo de criação (Figura 8).
22
Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari”
Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco.
Primeiramente, podemos dizer que as idéias iniciais para o filme foram dos
autores. Os roteiristas Hans Janowitz e Carl Mayer foram os responsáveis pelos
passos iniciais dessa obra. Foram eles que deram inicio aos primeiros documentos
do processo. Segundo Janowitz, quatro contribuições foram essenciais para a
concepção do seu trabalho: a atmosfera misteriosa de Praga, cidade onde cresceu;
o sentimento de presságio; a inspiração de um incidente testemunhado pelo autor, o
assassinato de uma moça em Hamburgo, num parque de diversões ao lado de
Holstenwall e finalmente, pela desconfiança do poder autoritário do Estado e do
serviço militar (ROBINSON, 2000).
Essas contribuições geraram idéias essenciais do projeto, como por exemplo,
a cidade fictícia criada para o filme se chamou Holstenwall. Ambos os autores
também viram juntos um espetáculo de variedades, que mostrava um homem
hipnotizado. Daí surge à idéia do personagem sonâmbulo Cesare. Somente após o
termino do rascunho do roteiro inicial que decidiram o nome do personagem
principal, Caligari, inspirado em um oficial italiano de um livro chamado “Cartas
desconhecidas de Stendhal”. Já a aparência física do personagem foi sugerida a
partir dos retratos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Figura 9) (ROBINSON,
2000).
23
Figura 9- Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari.
Fonte - http://www.abolitionist.com/arthur-schopenhauer.html
Pode-se dizer então que os autores, impulsionados pelas suas próprias
experiências, contribuíram para o desenvolvimento da obra. É o primeiro elemento
associativo dessa rede de criação. Após essas idéias geradoras, o primeiro roteiro é
organizado para ser produzido. Alguns desenhos são criados como ponto de partida
para representar personagens e cenários (Figura 10).
Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena.
Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco.
Para dar vida ao roteiro de Janowitz e Mayer, o diretor Robert Wiene assumiu
a direção do filme. A partir daí, o processo de criação passa a sofrer significantes
transformações. Temos então, partindo das tramas de linguagem, os erros e acasos
construtores.
24
No documento inicial temos ainda:
[...] a forma imprecisa dos nomes dos personagens. Caligari aparece como
Calligaris, embora o “s” tenha sido riscado em alguns casos, mas não em
todos; Cesare é Caesare; Alan é Allan (às vezes Alland); Franzis é Dr.
Francis [...] o arrombador ou vigarista, anônimo no filme, é identificado como
“Jakob Straat” ´[...] (ROBINSON, 2000, p.17).
O fato de o nome Caligari ter sido alterado em alguns casos no roteiro, leva
ao principio das dúvidas geradoras. Inicialmente não se tinha certeza dos nomes
finais dos personagens. No decorrer da produção do filme foi decidido então que
seriam Caligari, Cesare e Alan.
Inicialmente, os autores não tinham a intenção de criar um ambiente
expressionista. Isto veio ao acaso. Para criar esse ambiente, as cenas foram
rodadas exclusivamente em estúdio. O roteiro original sofre então outra modificação.
Para substituir a ambientação externa, e dar um ar expressionista ao filme, o cenário
foi inteiro criado e pintado em telas (Figura 11). No lugar de um verdadeiro parque
de diversões, por exemplo, citado inicialmente nas anotações dos roteiristas, foram
criados dois elementos giratórios simbolizando carrosséis. A inspiração das pinturas
disformes e representativas veio do Cubismo (Figuras 12).
Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas.
Fonte - http://marcelogoncalvesribeiro.blogspot.com/2009/11/pixilation-ideias-para-criacao-de.html.
25
Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard.
Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari.
Após analises e pesquisas acerca do filme e sua criação, podemos relacionar
o projeto em desenvolvimentos com características dos estudos genéticos e as
tramas de linguagem. A tabela a seguir divide os tópicos estudados e suas
referências encontradas no filme expressionista.
Registros dos Impulsos
Iniciais
- Anotações das idéias geraram o
primeiro roteiro do filme “O Gabinete
do Dr. Caligari”, com anotações dos
roteiristas Hans Janowitz e Carl
Mayer, que viria sofrer alterações ao
longo do processo.
Idéias Geradoras
- Observação do cotidiano e da
atmosfera da cidade de Praga.
- Interesse dos autores por
espetáculos de variedades, onde
observaram um hipnotizador, gerando
a idéia do personagem sonâmbulo
Cesare.
- Leitura do livro “Cartas
Desconhecidas de Stendhal” inspirou
os autores a nomear o personagem
Caligari, nome de um oficial italiano
26
do livro
- Aparência física do personagem foi
gerada a partir dos retratos do filósofo
alemão Arthur Schopenhauer.
Erros e Acasos Construtores
- Robert Wiene assume a direção do
filme, colocando suas idéias no
projeto, modificando o formato
original.
- Impossibilitados de gravar no
ambiente externo, modificam
novamente o roteiro original e criam
um cenário pintado em telas, que
posteriormente vem a ser um dos
pontos principais na estética
expressionista do filme.
Dúvidas Geradoras
- Inicialmente no roteiro original os
autores não tinham certeza dos
nomes dos personagens. Muitas
foram as tentativas notadas no roteiro
de alterar os nomes, até chegar na
identificação final dos personagens.
Figura 13 – Tabela de análise das Tramas de Linguagem
Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari.
27
2. 5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE
MODA
Assim como na estruturação do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” houve
diversas influências para chegar ao produto final, esse mesmo filme serve como
inspiração para diversos outros trabalhos, inclusive na moda. Todas as informações
sejam visuais, históricas, quando analisadas a fundo recriam um novo aspecto da
obra inicial.
O cinema sempre foi um grande difusor de idéias e grande fonte de inspiração
para estilistas. Muitas tendências são lançadas através dos figurinos de filmes. O
cinema não é mais apenas uma referência de moda e comportamento. Ele vende
sonhos, fantasias e passou a ser uma indústria vendedora de moda (KORNIS,
1992). Em uma coleção de moda, a inspiração pode vir em vários aspectos, seja no
figurino já existente ou nos elementos contidos no filme. A seguir analisaremos os
aspectos influentes na criação de uma coleção de moda com inspiração nos
elementos do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”.
O figurino do cinema de 1920 ainda não exercia grandes influências na moda.
Sendo assim, para o desenvolvimento da coleção de moda em questão foram
resgatadas as influências históricas da época, o cenário e a linguagem
cinematográfica a qual a obra estava inserida.
Inicialmente, a pesquisa sobre o filme foi fundamental para o entendimento
dos elementos cinematográficos presentes. Foram realizados estudos da gênese da
criação do filme e os elementos de inspiração da obra, já analisados nos tópicos
anteriores. Durante essa etapa foi elaborado o caderno do artista, contendo as
idéias iniciais, imagens do filme e pequenos rascunhos do que viria ser a coleção
(Figura 14). Essas observações anotadas se tornam essenciais para o
desenvolvimento do processo criativo, pois “são os diálogos das linguagens, com
atenção especial ao desenho e às interações cognitivas” (SALLES, 2006, p.95).
28
Figura 14– Caderno do artista
Fonte - Acervo pessoal
Por o filme ser datado do ano de 1920 e na época não existir coloração direta
nos filmes, apenas sobre os negativos, optou-se por trabalhar apenas com cores
presentes em filmes “preto e branco”. Assim, a tecnologia insuficiente da época
levou a criação de uma cartela de cores entre branco, preto e tons de cinza (figura
15), para reproduzir com mais fidelidade a ambientação do longa-metragem.
Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores
Fonte – Acervo Pessoal
As referências históricas também influenciaram no processo criativo. O longa-
metragem em seu roteiro inicial apresentou significantes interferências de um Estado
pós-guerra. Então, buscou-se integrar algumas referências militares de soldados da I
Guerra Mundial à coleção, utilizando como elementos de estilo abotoaduras e o
29
debrum6
nas peças (figura 16).
Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns
Fonte – http://cap.estevan.sk.ca/SSR/Photos/rooks/
Acervo Pessoal
Os cenários do filme e seu design levaram a desenvolver looks diferenciados,
assim como o estado emocional dos personagens exerceram influência sobre a
criação. Após análise de diversas cenas e da investigação a fundo da criação do
cenário expressionista do filme, são testadas as idéias de uma produção de looks
assimétricos e com recortes (Figura 17). Para obter o resultado desejado, foram
necessários tecidos leves, porém estruturados.
6
Debrum: tira de pano que se cose dobrada sobre um tecido.
30
Figura 17 – Assimetria e recortes
Fonte – Acervo Pessoal
Em muitas peças as linhas arquitetônicas dos cenários foram exploradas
como no exemplo das figuras 18 e 19. O contraste de luz e sombra também muito
comum nos filmes expressionistas é transferido para a coleção através de peças
inspiradas em uma cena do longa-metragem, como observado na figura 20. Primeiro
a imagem foi estudada, após isso um rascunho da primeira idéia do que viria ser o
look e por fim a peça finalizada.
Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme
Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco
31
Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme
Fonte – Acervo pessoal
Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário
Fonte – Acervo pessoal e cena do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”
Antes da obra final, o processo criativo passou por etapas de experimentação.
As idéias foram anotadas e rascunhadas no caderno do artista. Imagens invadiram o
texto e expandiram as informações já registradas anteriormente, e dúvidas
geradoras surgem para ampliar o processo (Figura 21).
32
Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks
Fonte – Acervo pessoal
Como considerações finais, o filme alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”
possui inúmeros elementos visuais e históricos que servem de inspiração para
outros artistas desenvolverem novas possibilidades. A criação dessa coleção de
moda se desenvolveu a partir de estudos sobre o processo criativo do longa-
metragem e assim, criou-se um processo de criação autoral. O registro das idéias
iniciais e o processo em desenvolvimento é muito importante para o artista e para
entender a obra final, pois assim são levado à comparação o que era inicialmente e
o trabalho finalizado.
33
3. CRIAÇÃO DA MARCA
A marca Belle Sorelle, que significa ’’Belas Irmãs ’’ em italiano, foi criada
pelas irmãs Lauren e Melina Muzzin após uma análise de mercado do público jovem
feminino que busca a diferenciação e qualidade na forma de se vestir, e baseado
nos concorrentes existentes, viu-se que ainda há uma fatia nesse mercado que
necessita ser suprida, sendo assim a marca Belle Sorelle visa satisfazer essa fatia
como também todo o público jovem feminino.
• Razão Social
Sorelle Muzzin ME
• Porte
Microempresa
• Conceito de Marca
Você diferente.
• Significado
Belle Sorelle são duas palavras em italiano que juntas significam ‘’Belas
Irmãs'’.
3.1. CONCORRÊNCIA
De acordo com a pesquisa de concorrência realizada, foram encontradas 3
possíveis marcas concorrentes: Gloria Coelho, UMA e Jeffersson Kulig, todas há
alguns anos no Mercado da Moda, oferecendo inovações e modernidade ,
valorizando a diferenciação.
Baseada nessa pesquisa, a marca Belle Sorelle, irá trazer ao seu público
produtos inovadores com exclusividade, conforto e de alta qualidade por um preço
acessível comparado aos concorrentes; como também visa atender localizações em
34
que as marcas concorrentes não alcançam , oferecendo seus produtos a todas as
mulheres que os desejam, e unido ao e-commerce, poderão adquirir os produtos da
Belle Sorelle com conforto sem precisar sair de casa, trazendo facilidade a compra,
segurança e qualidade por um valor justo, assim satisfazendo seu público, não
somente onde haverá a loja, como também todo o Brasil e internacionalmente.
3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO
A marca Belle Sorelle, atuará no segmento feminino, trazendo roupas
diferenciadas, atemporais e de qualidade por um preço acessível de acordo com a
concorrência, e contará com o serviço especial de e-commerce para atingir todo o
público desejado em qualquer localização.
3. 2.1.Segmentação de Público Alvo
O público alvo da marca Belle Sorelle são jovens mulheres, entre 20 a 35
anos e da classe B, que conta com uma renda acima de 9 salários mínimos.
3.2.2. Segmentação Geográfica
A marca Belle Sorelle atuará na Região de Campinas com seu ponto de venda
físico como também abrangerá os demais Estados nacionais e outros países devido
ao seu e-commerce.
3.2.3. Segmentação Demográfica
Com uma população de aproximadamente 1 milhão de habitantes, a cidade
de Campinas é a 10ª mais rica do Estado de São Paulo e 3ª mais populosa do
Estado, e juntamente com a capital São Paulo, formam o Complexo Metropolitano
35
Expandido, totalizando 75% dessa população.
Sua população consiste em 74% brancos, 18,4% pardos, 5,6% negros, 0,9%
amarelos e 0,2% indígenas e na sua maioria do sexo feminino, sendo a faixa etária
dos 20 a 35 anos a maior parte.
Considerada o 3º maior Pólo de Pesquisa e Desenvolvimento Brasileiro, tem
como principal atividade econômica a Indústria, possuindo mais de 10.000 empresas
de médio e grande porte, com 15,9% do setor de Vestuário, girando em torno de 680
empresas do ramo.
Com forte economia, Campinas apresenta uma infra-estrutura que
proporciona o desenvolvimento a toda área metropolitana.
Campinas também possui uma intensa vida cultural, com seus museus,
cinemas, bibliotecas e apresentações musicais.
Além de atender Campinas e Região, mulheres de todo o Brasil e de outros
países poderão ter acesso aos produtos Belle Sorelle através do E-Commerce,
sendo assim ampliando a comercialização e reconhecimento da marca.
3. 2.4.Perfil do Consumidor
Mulher jovem, entre 20 e 35 anos, da classe B, sua maioria reside em
grandes centros urbanos. Freqüentam museus, bienais, exposições e semanas de
moda. São conectadas às redes virtuais como Facebook, Orkut, Twitter e blogs. As
consumidoras da marca Belle Sorelle apreciam produtos contemporâneos e se
interessam pelo design. Possuem independência financeira e muitas trabalham na
área de comunicação e artes; outras têm a moda e o desejo de consumi-la como
hobbie. Gostam de viajar e conhecer outras culturas, apreciar outros sabores e
conhecer novas pessoas.
São mulheres que possuem consciência delas mesmas, cuidam do seu corpo
e bem-estar em primeiro lugar, e principalmente têm o desejo de serem exclusivas.
Assim, procuram locais que ofereçam serviços personalizados e diferenciados como
nossa empresa.
36
37
3.3. COMPOSTO DE MARKETING
3.3.1 Produto – Especificação de Produtos e Serviços
Produtos de vestuário para o público jovem feminino entre 20 a 35 anos, com
aspectos diferenciados do usual (modelagem, formas, tecidos etc.) e de alta
qualidade.
3.3.2 Preço – Estratégia de Precificação
De acordo com as pesquisas de Mercado e da concorrência realizadas, a
marca Belle Sorelle atuará com a seguinte precificação:
TABELA DE PRECIFICAÇÃO
Piso Teto
Blusas Básicas R$ 50 R$ 90
Blusas Fashion/Vanguarda R$ 100 R$200
Vestidos R$ 150 R$ 400
Saias R$ 80 R$ 120
Calças R$ 90 R$ 150
Casacos / Jaquetas R$ 150 R$ 300
3.3.3 Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição
Conforme citado anteriormente, a cidade escolhida para ponto de venda e
distribuição foi a cidade de Campinas, devida toda a infra-estrutura que a cidade
oferece e de sua importância para toda região, como também do grande potencial
do público almejado.
O Galleria Shopping, escolhido como ponto de venda da marca Belle Sorelle,
segundo a Revista On-line SIM, do site O Globo, ‘‘… é uma ilha de consumo e lazer
altamente qualificado. É um dos mais sofisticados shopping centers do País. ’’,
chegando a mais de 5.280.000 visitantes por ano, na sua maioria das classes A e B
conforme a tabela de pesquisa abaixo efetuada pelo Iguatemi Empresas de
38
Shoppings Centers S/A, grupo proprietária do shopping:
Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi
Fonte – www.iguatemicampinas.com.br
O shopping tem como conceito o Foco na Diferenciação, ajudando no
desenvolvimento de novas marcas e criando um forte relacionamento com diversos
tenants brasileiros e internacionais, além de oferecer alta qualidade dos seus
serviços aos clientes, e também possui um grande potencial de expansão para
melhor atendê-los.
Sendo assim, a localização ideal para a marca Belle Sorelle atender seus
clientes, com qualidade e eficiência, visando satisfazer a todos.
Além do ponto de venda no Galleria Shopping, haverá um E-Commerce, ou
seja, uma loja On-line para que todos os clientes, sejam do Brasil inteiro como de
outros países, tenham acesso aos produtos Belle Sorelle caso queiram adquirir-los.
O E-Commerce pode ser utilizado a qualquer hora do dia, e é um meio seguro
e confortável de se fazer compras, pois o cliente que não tem tempo de ir até a loja
39
ou aquele que está distante de uma pode efetuar qualquer compra sem sair de casa,
do trabalho ou de aonde quer que esteja, podendo avaliar e escolher o produto
desejado sem pressão durante o tempo que quiser e com formas fáceis e seguras
de pagamentos e entregas.
Possibilitando acesso irrestrito ao mercado mundial, o E-Commerce ajuda
extinguir barreiras entre tempo e distância, resulta em um aumento das vendas e na
agilidade de divulgação dos produtos, oferecendo também um serviço especializado
para o cliente.
40
PLANTA BAIXA DA LOJA
41
PLANTA 3D DA LOJA
42
Vitrine
43
3.3.4 Promoção – Estratégia de Comunicação
Como estratégia de Comunicação, a Belle Sorelle contará com anúncios em
revistas do seu público alvo, outdoors em locais estratégicos, propagandas on-line
em sites direcionados ao seu publico e também divulgações da marca em
renomados blogs de moda que são acessados por todo o mundo.
3.3.5 Identidade Visual
• Logotipo:
44
• Etiquetas / Tags:
Inverno 2011
45
• Sacolas e embalagens para presente
46
3. 3.6.Meios de Comunicação
• Site:
ENTRAR l ENTER
47
• E-STORE
VAZIO
BUSCAR
CHECKOUTEntrar Minha Conta Minha Lista de Desejosl l
Cód. do Produto: 5678
Selecione Tamanho
Vestido de sarja acetinada, com gola alta, meia manga
e com aplicacação de debrum.
48
3.3.7. Estratégia de Relacionamento
A Belle Sorelle coloca seus clientes em primeiro lugar com atendimentos e
serviços de primeira qualidade, sempre visando satisfazer o desejo do consumidor
para que ele sinta confiança na marca e volte a comprar, seja na loja atendido por
um dos nossos vendedores que estarão dispostos a dar toda atenção e consultoria
no momento da compra, como na loja on-line que o cliente poderá efetuar uma
compra rápida, segura e confortável.
Aquele cliente que for fiel à marca, ou seja, possuir uma assiduidade de
compras, tanto na loja quanto na loja on-line, fará parte do Clube Fidelidade Belle
Sorelle, onde ganhará brindes conforme a quantidade de compras e receberá
sempre convites para desfiles e coquetéis de lançamento. Na loja on-line, o cliente
se cadastrará somente uma vez, não sendo necessário o preenchimento de dados
toda vez que houver o acesso ao site, possibilitando um compra rápida; haverá
sistemas de segurança para que o cliente se sinta seguro para efetuar o pagamento
e também um sistema rápido de entrega da compra para que o cliente não espere
por muito tempo, tudo pelo menor valor de frete que se pode oferecer e até mesmo o
frete gratuito dependendo do valor da compra.
Os vendedores Belle Sorelle sempre serão encorajados a atender o cliente da
melhor maneira possível para que esse se sinta a vontade para comprar sem
dúvidas e haja confiança para voltar; todos os vendedores terão treinamento para
aprender a lidar com os clientes e ofereceremos também cursos de consultoria de
imagem e personal stylist para que os vendedores saibam analisar cada cliente e
suas necessidades, podendo-lhes dar um atendimento personalizado e exclusivo e
os deixando confiante no atendimento da marca.
Como estímulo para com os vendedores, todos receberão comissão das
vendas efetuadas, e aquele que ao chegar ao final do ano obtiver as maiores
vendas, ganhará um bônus.
Uma vez por mês será realizada uma confraternização de funcionários para
que haja uma união de todos, visando um melhor ambiente de trabalho para todos, e
assim um melhor atendimento ao cliente.
49
4. PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO
4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO
4.1.1. Mix de Produtos
4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons
MIX DE MODELOS
Mix da Coleção Total de
Modelos
Cores Tamanhos Total
Blusa 13 3 4 156
Vestido 7 3 4 84
Jaqueta 8 3 4 96
Saia 7 3 4 84
Calça 5 3 4 60
Total 40 480
MIX DE MODA
Básico Fashion Vanguarda
Blusa 9 4 0
Vestido 0 0 7
Jaqueta 0 3 5
Saia 0 3 4
Calça 0 0 5
Total 9 10 21
VARIEDADE TOPS E BOTTONS
Tops Bottons One - Piece Total
21 12 7 40
50
4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção
Como inspiração da coleção, a Belle Sorelle traz o filme ‘’O Gabinete do Dr.
Caligari’’, datado de 1920 pertencendo a Era do Expressionismo Alemão; seu
cenário com suas formas assimétricas e descontrutivas, suas cores com os
contrastes de luz e sombra e as influências do militarismo da época serviram de
inspiração para criação da Coleção.
4.1.4. Conceito de Coleção
“Laboratório de Moda”.
4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO
A coleção do outono/inverno 2011 da Belle Sorelle retorna no tempo do
cinema mudo. Os cenários estilizados e irregulares, as sombras evocativas e todo o
mistério do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” são temas de inspiração para as
peças.
As linhas retas e minimalistas e os recortes geométricos presentes nos looks
nos levam ao cenário expressionista da obra. Também as abotoaduras e os debruns
estrategicamente posicionados fazem uma modesta referência ao militarismo da
época.
Tecidos como a sarja e a lã estruturam os looks das saias e jaquetas. O
tecido tropical e o cetim charmusse, utilizados nos vestidos e calças, são leves
abrindo espaço para sobreposições. A malharia aparece nos tops com o sensitel, em
contraposição aos tecidos mais estruturados.
A cartela de cores predominantemente sóbria nos tons de cinza, branco e
preto, é a aposta para a estação. A arquitetura dos cenários juntamente com
contrastes de luz e sombra se encontra nas sobreposições de tons nos looks
monocromáticos recriando a paisagem abstrata.
Uma coleção entre o caminho da realidade e a ilusão, entre estar na luz ou nas
sombras.
Para a mulher que precisa tornar-se para entender-se
51
4.3. BRIEFING
52
4.4. ELEMENTOS DE ESTILO
Os elementos de estilo presentes na coleção são:
4 – Formas / Linhas Retas 5 – Assimetria
6 – Aplicações de Debruns
1 – Cores
2 – Aplicações de outro tecido
3 – Abotoaduras
53
4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO
4.5.1. Cartela de Cores
PANTONE BLACK C
PANTONE TRANS,
WHITE
PANTONE WARM
GRAY 5C
PANTONE WARM
GRAY 1C
PANTONE WARM
GRAY 10 C
PANTONE 421 C
PANTONE
COOL GRAY
11C
PANTONE WARM
GRAY 6C
PANTONE 7541
C
PANTONE COOL
GRAY 10 C
54
4.6. CARTELA DE MATERIAIS
CETINETE
100% POLIÉSTER
FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS
LINHO
70% RAMI
20% POLIÉSTER
10% POLIAMIDA
FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS
LÃ
70% ALGODÃO
30% ACRÍLICO
FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS
55
SARJA COM ELASTANO
97% ALGODÃO
3% ELASTANO
FORNCEDOR: TECIDOS MARIEL
CETIM CHARMUSSE
100% POLIÉSTER
FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL
ALGODÃO
100% ALGODÃO
FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL
TROPICAL
65% POLIÉSTER
35% VISCOSE
FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL
56
62% ALGODÃO
35% POLIÉSTER
3% ELASTANO
FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL
SENSITEL
97% POLIAMIDA
3% ELASTANO
FORNECEDOR: ADVANCE TÊXTIL
57
4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES
58
5. COLEÇÃO DESENVOLVIDA
5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO
59
5. 2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
5.3. STYLIST
Cabelo e Maquiagem
80
5.4. DESFILE
Cenário da Passarela
81
Trilha Sonora
Take a picture, what’s inside?
Ghost image in my mind
Neural pattern like a spider
Capillary to the centre
Hold still and press the button
Look through a glass onion
Following the X-ray eye
From the cortex to medula
Analyze EKG
Can you see a memory?
Register all my fears
On a flowchart dissapear
Leave my head demagnetized
Tell me wear the trauma lies
In the scan of pathogen
Or the shadow of my sin
82
5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS
Lauren Muzzin Grigolon
E-mail: lahgrigo@hotmail.com
Melina Muzzin Grigolon
E-mail: melgrigo@hotmail.com
83
Conclusão
Concluímos que a análise do processo criativo, desde sua gênese até a
finalização é de extrema importância para o entendimento de uma obra. O estudo do
processo de criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”
influenciou diretamente a criação de outras obras, inclusive na moda. Sendo assim,
a coleção criada a partir do filme também gera a possibilidade de influenciar outros
processos criativos, formando sempre uma rede de idéias e possibilidades de
criação.
84
REFERÊNCIAS
CÁNEPA, Laura. Uma revisão do filme O Gabinete do Dr. Caligari de Robert Wiene.
Revista AV, nº 5, 2005, jan-jun.
FREUD, Sigmund – Textos essenciais da Psicanálise: o inconsciente, os sonhos e a
vida pulsional. 3ªed. Mens Martins: Europa-America, 2001.
FINKE, R. , et al Finke, Ward, and Smith Creativity and the Mind: Discovering the
Genius Within. Perseus Publishing, 1995.
GUILFORD, J.P. (1967). The Nature of Human Intelligence. New York: McGraw-Hill.
http://2009.campinas.sp.gov.br/seplama/censo2000/wdom2000cps.htm. Acessado
em: 5 de setembro de 2010.
http://2009.campinas.sp.gov.br/seplama/publicacoes/planodiretor2006/tabelas/tab6.j
pg. Acessado em: 5 de setembro de 2010.
http://2009.campinas.sp.gov.br/seplan/censo2000/wpessoas2000cps.htm. Acessado
em: 5 de setembro de 2010.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Das_Kabinett_des_Doktor_Caligari_1920_Po
ster.jpg. Acessado em: 20 de setembro de 2010.
http://homepage.mac.com/cirquefilm/vfxhistory/FIRSTS/HTML/firsts_schuftan.html.
Acessado em: 10 de setembro de 2010.
http://verdoux.wordpress.com/film-poster-the-silents/. Acessado em: 10 de setembro
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http://www.apoioti.com.br/ecommerce_vantagens2.html. Acessado em: 10 de
setembro de 2010.
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http://www.artknowledgenews.com/Speed_Art_Museum_Leonardo_Da_Vinci.html.
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http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/plano-diretor-2006/doc/
tr_demogr.pdf. Acessado em: 5 de setembro de 2010.
http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1158453/Hidden-self-portrait-Da-
Vinci-discovered-manuscript.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010.
http://www.dalera.com/cache/imagens/XPQnHCP8s7885Bu21XzJtmwZKU.pdf.
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http://www.educacional.com.br/vidainteligente/clickdigital02/e-commerce.asp.
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KORNIS, Mônica Almeida. História e Cinema: um debate metodológico. Estudos
Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 237-250.
86
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MARINS, Alfredo, 2009. Disponível em: <http://www.lucianopires.com.br/idealbb
/viewasp?topicID=12420> . Acessado em: 22 de Abril de 2010.
NASCIMENTO, Zylpha Barros Carvalho do, 2001. Disponível em: <http://www.puc-
rio.br/parcerias/sbp/pdf/23-zylpha.pdf > . Acessado em: 22 de Abril de 2010
ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco.
SÁ, Ângelo de. A verdade. Disponível em: <http://vocacaosoberana.blogspot.com/
2010/06/verdade.html>. Acessado em: 10 outubro de 2010.
SALLES, Cecília Almeida. Redes de Criação Construção da obra de arte. São Paulo:
Editora Horizonte, 2006
SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São
Paulo: Annablume, 1998.
SALLES, Cecilia Almeida.Crítica Genética. Uma introdução. São Paulo: EDUC,1992.
SALLES, Cecília Almeida. Gesto Inacabado. Revista Principios.ed. 45. p.62, p. 63,
p.64, p.65, p.66, p.67, p.68,p. 69. mai/jun/jul.
SILVA, Michel. O cinema expressionista alemão. Revista Urutágua. Ed.10.
agos/set/out/nov/dez.
SANTAELLA, L. (1983). O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense

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  • 1. CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO FACULDADE DE TECNOLOGIA DO CEUNSP CURSO TECNOLÓGICO DE DESIGN DE MODA PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON SALTO 2010
  • 2. LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA Trabalho Apresentado para Requisito para a Conclusão do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Instituto Superior de engenharia Arquitetura e Design do CEUNSP sob orientação do prof. Elga Buck SALTO 2010
  • 3. LAUREN MUZZIN GRIGOLON MELINA MUZZIN GRIGOLON PROCESSO CRIATIVO: DO CINEMA PARA MODA Trabalho Apresentado para Requisito para a Conclusão do Curso de Tecnologia em Design de Moda do Instituto Superior de engenharia Arquitetura e Design do CEUNSP sob orientação do prof. Elga Buck Salto, 17 de Novembro de 2010 Luciane Panisson Professor Mestre CEUNSP Elga Buck Professor Mestre CEUNSP Lilian Sayuri Kauvauti Professor Especialista CEUNSP
  • 4. AGRADECIMENTOS Agradecemos a todas as pessoas que colaboraram diretamente ou indiretamente para a realização desse projeto.
  • 5. RESUMO O presente projeto pretende analisar o desenvolvimento do processo criativo da obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari” e sua influência no desenvolvimento de uma coleção de moda. Trata-se, portanto, de um estudo sobre a gênese do processo de criação e a importância de analisarmos de perto os métodos de desenvolvimento das idéias do autor. A importância dessa exploração está no resgate de informações necessárias para compreender a obra tida como finalizada. Estas pesquisas terão como base os estudos da crítica genética e as redes de criação propostas pela autora Cecília Almeida Salles, com fundamentos gerados pelas tramas de linguagem. Dentro dessa perspectiva de análise, serão colocadas as influências exercidas por esse projeto cinematográfico na inspiração e desenvolvimento de um projeto de moda. Em sumo, o projeto constitui em analisar todo o processo de criação de uma obra com base nas tramas de linguagem e, como esta obra pode gerar outras criações. Palavras-chave: Processo criativo, tramas de linguagem, expressionismo, cinema, moda.
  • 6. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi. ............................9  Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci.............................................13  Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso..........................................15  Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang ...............................................16  Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró........................................................17  Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci..................................................................18  Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari”.....................................................................20  Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari” ..................................22  Figura 9 - Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari..23  Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena...............................23  Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas.................................................................24  Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard...................................................................25  Figura 13 –Tabela de análise das Tramas de Linguagem.........................................................26  Figura 14 – Caderno do artista .................................................................................................28  Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores......................................................................28  Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns ....29  Figura 17 – Assimetria e recortes.............................................................................................30  Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme ...........................................................30  Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme................................................31  Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário............31  Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks..................................................32  Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi..................38 
  • 7. SUMÁRIO   1.  INTRODUÇÃO ..................................................................................................................7  2.  O PROCESSO CRIATIVO.................................................................................................8  2.1. O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE ................................8  2.2. ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO........................................................................10  2.3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA..........................................11  2.3.1. Fundamentos Dos Estudos Genéticos ......................................................................11  2.3.2. Redes De Criação .....................................................................................................14  2.4. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE. ...................................................................................19  2.4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão....................................................19  2.4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE.................20  2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio a Produção...........21  2.5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA..................................................................................................................................27  3.  CRIAÇÃO DA MARCA ..................................................................................................33  3.1. CONCORRÊNCIA........................................................................................................33  3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO.................................................................34  3.2.1. Segmentação de Público Alvo..................................................................................34  3.2.2. Segmentação Geográfica..........................................................................................34  3.2.3. Segmentação Demográfica.......................................................................................34  3.2.4.Perfil do Consumidor ................................................................................................35  3.3. COMPOSTO DE MARKETING..................................................................................37  3.3.1. Produto – Especificação de Produtos e Serviços......................................................37  3.3.2. Preço – Estratégia de Precificação............................................................................37  3.3.3. Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição............................................................37  3.3.4. Promoção – Estratégia de Comunicação ..................................................................43  3.3.5. Identidade Visual......................................................................................................43  3.3.6. Meios de Comunicação ............................................................................................46  3.3.7. Estratégia de Relacionamento ..................................................................................48  4.  PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO.................................................................................49  4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO..........................................................................49  4.1.1. Mix de Produtos .......................................................................................................49  4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons..............................................................................49  4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção................................................................................50  4.1.4. Conceito de Coleção.................................................................................................50  4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO.........................................................50  4.3. BRIEFING.....................................................................................................................51  4.4. ELEMENTOS DE ESTILO ..........................................................................................52  4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO..........................................................................53  4.5.1. Cartela de Cores........................................................................................................53  4.6. CARTELA DE MATERIAIS........................................................................................54  4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES ................................................................................57  5.  COLEÇÃO DESENVOLVIDA........................................................................................58  5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO.................................................................................58  5.2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS........................................................................59  5.3. STYLIST .......................................................................................................................79  5.4. DESFILE .......................................................................................................................80  5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS ........................................................................82 
  • 8.
  • 9. 0
  • 10. 7 1. INTRODUÇÃO Atualmente, o processo criativo está em destaque. Fala-se mais do processo do que da obra, analisando todos os aspectos da gênese da criação, o que levou a sua obra final e como essa influencia outros processos. Considerando essa análise, a problemática é como estudar o processo criativo de um filme e posteriormente aplicá-lo na criação de uma coleção de moda? Como hipóteses para esse desenvolvimento a análise do processo criativo torna-se uma rede de pesquisas e inspiração para outros projetos, sendo assim a obra cinematográfica “O Gabinete do Dr. Caligari”, datada de 1920, do diretor Robert Wiene é uma rica fonte de inspiração devido ao seu período histórico e influências expressionistas. Esse projeto visa esclarecer o processo criativo ao todo, através dos estudos do processo do filme em questão e suas influências como uma rede de criação. Por isto, é importante analisar o processo criativo, aprofundando- se na crítica de processo. Para o desenvolvimento desse projeto é fundamental pesquisar as origens e etapas do processo criativo, analisar os estudos genéticos e as redes de criação, assim como a aplicação do processo no desenvolvimento de um projeto cinematográfico, aplicando o conteúdo estudado para criar um processo autoral de criação de uma coleção de moda. Este projeto de trabalho de conclusão de curso consistirá em pesquisas sobre processo criativo nas vertentes da crítica genética, redes de criação e, ainda, o estudo aprofundado da gênese de criação de uma obra cinematográfica.
  • 11. 8 2. O PROCESSO CRIATIVO 2.1 O PROCESSO CRIATIVO E A ORIGEM DA CRIATIVIDADE Desde o nascimento, a mente do ser humano é capaz de realizar inúmeras sinapses e ligações, criando sensações e pensamentos infinitos. Nunca paramos de pensar, projetar e organizar idéias. Temos aquilo que nos diferencia desde o principio de todas as outras espécies vivas: a capacidade criativa. A partir do entendimento do ser humano, a criatividade pode representar um papel positivo na vida cotidiana, ajudando a resolver problemas das relações que se pode encontrar na vida afetiva ou profissional (LUBART, 2007). A criatividade permite um refinamento de idéias, para que através dessa, outras idéias mais elaboradas passem a existir. Segundo o pesquisador Morris Stein (1974, p.08), a criatividade é “um processo que resulta em algo novo, que será aceito como útil ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo”. Apesar de não existir uma data exata para seu surgimento, ou uma receita para a criatividade, sabe-se que a mente humana segue algumas etapas de elaboração no processo criativo. Vários aspectos colaboram para esse desenvolvimento: os aspectos externos, ou seja, as influências exteriores que chegam a nós; os fatores genéticos, as experiências pessoais anteriores e, principalmente, pelo forte instinto investigativo e de curiosidade que as pessoas possuem dentro de si. Acerca do conceito da criatividade, não se sabe ao certo sobre seu nascimento. Por muitos anos, ela foi vista como algo místico, uma inspiração dada por um ser divino. Na Grécia antiga, acreditava-se que a inspiração vinha das chamadas Musas (Figura 1). Elas eram responsáveis pelas inspirações tanto artísticas como científicas. Eram invocadas através de uma oração poéticas ou poemas épicos. Todos os Homens que possuíam uma forte ligação com suas Musas, inspiração nunca lhes faltavam.
  • 12. 9 Figura 1 - Musas da inspiração dançam com Apolo, de Baldassare Peruzzi. Fonte - http://www.mlahanas.de/Greeks/Mythology/Muse.html Em outras culturas acreditava-se que a criatividade vinha através da inspiração por espíritos. Nesse meio de pensamento, toda inspiração possui um foco subjetivo, ou um agente inspirador. Com o surgimento de alguns filósofos, muito dos antigos pensamentos foram questionados. Aristóteles foi o primeiro a desenvolver a idéia que a inspiração não vem do ato divino e sim de uma cadeia de associações mentais realizadas pelo ser humano. A partir então desse momento, a visão do sobrenatural que circundava a criatividade começava a desaparecer (NASCIMENTO, 2001). Durante algum tempo, a criatividade foi vista como uma genialidade, o que quer dizer que uma pessoa nascia com uma pré-disposição genética para associar idéias se tornando assim um gênio criativo. A criatividade foi explicada como uma habilidade inata ou hereditária. Após alguns estudos, foi constatado que não apenas a genética é responsável pela criatividade do indivíduo, mas também outros fatores interligados que levam ao seu desenvolvimento. Freud, pai da psicanálise, surgiu com a idéia que “a criatividade não é apenas uma forma consciente, também possui pulsões inconscientes” (FREUD apud LUBART, 2007, p.13). Sua tese catarsis criadora1 retrata o inconsciente criativo, a maneira de atingir indiretamente algo intangível apenas com a realidade consciente. Anos mais tarde, em 1950, o psicólogo americano Guilford publicou em American Psychologist Creativity, a hipótese que a criatividade requer múltiplas capacidades 1 Catarsis Criadora é a tese de Sigmund Freud que explica que a criatividade é uma forma de reduzir tensão, onde o indivíduo cria para aliviar certos impulsos. Segundo o psicanalista, criatividade e neurose têm a mesma fonte de origem, os conflitos do subconsciente.
  • 13. 10 intelectuais a ponto de facilitar a detecção de problemas, a capacidade de análise e síntese, a fluidez e flexibilidade de pensamento (GUILFORD apud LUBART, 2007, p.14). Hoje já se sabe que a criatividade e o processo criativo vão além de tudo isso. Envolvem um estudo de signos, fatores cognitivos, conativos, psicológicos e externos. O processo criativo é uma sucessão de fatores e modelos a serem seguidos que culminam nas criações originais, outras adaptadas. 2.2 ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO Sabendo que a processo criativo é uma sucessão de pensamentos, uma cadeia de idéias interligadas que resultam em criações originais ou adaptações, pode-se dizer que esse processo passa por algumas etapas até sua finalização. Partindo de que o processo criativo parte de um trabalho consciente, seguido por um trabalho inconsciente, formalizou-se o primeiro modelo do processo criativo. Graham Wallas no ano de 1926, na sua obra publicada A arte de Pensamento, descreve o modelo clássico do processo. Esse modelo passa por quatro etapas: a fase de preparação, a fase de incubação, a de iluminação e a de verificação (WALLAS apud LUBART, 2007, p. 94). Na primeira fase, o problema se concentra na mente do indivíduo o qual explorará suas dimensões. É nessa etapa que as informações são coletadas e analisadas sob o trabalho consciente. Já na fase de incubação, o problema é internalizado, nada parece acontecer no mundo exterior; é a hora que o inconsciente entra em ação. Após a fase em que o cérebro trabalhou inconscientemente, o processo passa pelo que se denomina iluminação ou insight, é o momento da “Eureka”; as idéias emergem do subconsciente e se manifestam na consciência. Após o surgimento das idéias interessantes a serem aplicadas, haverá um exame critico delas. Nessa última etapa, a de verificação, é quando as idéias são verificadas, elaboradas para em seguida serem aplicadas. Do mesmo modo como elas são aplicadas distintamente no processo também foi averiguado que elas poderiam se sobrepor em algum momento para uma rápida solução ao problema. Após o modelo clássico, sugiram muitas outras adaptações às quais vêm sendo aplicadas até os dias de hoje. Alguns autores chegaram a criticar o modelo de
  • 14. 11 Wallas, pois segundo Lubart (2007, p. 98) “descreviam o processo criativo como uma mistura dinâmica de diversos tipos de pensamentos que ocorrem de modo recursivo ao longo do trabalho”. Guilford, que realizou importantes pesquisas sobre criatividade, estabeleceu subprocessos ao modelo, gerando dois tipos de produções, a convergente e a divergente. Quando ocorre o pensamento convergente busca-se uma única e correta solução para o problema, enquanto no pensamento divergente há uma geração de múltiplas soluções para aquele mesmo problema. Em 1992, Finke, Ward e Smith propuseram um novo modelo denominado geneplore2 , em que a criatividade ocorre em duas fases: a primeira o indivíduo constrói representações mentais, como estruturas pré-inventivas. Na segunda fase essas estruturas são organizadas de modo a se chegar a idéias criativas. Ambas as fases se associam para formar seqüências repetitivas que conduzem à criação (T.WARD et al.,1995). A partir de então várias abordagens na pesquisa do processo criativo relacionadas à analogia, estrutura de mapeamento e metáforas se encontraram, surgindo com a nova concepção de combinação conceitual, a teoria da cognição, e posteriormente dando espaço a crítica genética e o estudo das redes de criação. 2. 3. ESTUDOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA 2. 3.1 . Fundamentos Dos Estudos Genéticos As abordagens das pesquisas sobre o processo criativo foram se desenvolvendo ao longo dos anos. Surge então na década de noventa, uma reflexão sobre a sistematização das características do processo de criação artística. Em diálogo com a semiótica3 , a pesquisadora Cecília Almeida Salles4 apresenta os 2 Modelo sugerido por Finke, Ward e Smith em 1992 que significa gerar várias alternativas e posteriormente testá-las, produzindo uma quantidade maior de variações e assim filtrar as melhores para atingir o objetivo final. 3 Semiótica é o estudo dos signos, ou seja, investigações de todas as linguagens possíveis e suas representações. 4 Cecília Almeida Salles é mestre e doutora em Lingüística Aplicada e Estudos de Línguas pela PUC- SP. Também é coordenadora do Centro de Estudos de Crítica Genética.
  • 15. 12 estudos genéticos da criação, ou seja, sua gênese, onde tudo se inicia. Os estudos de crítica genética nasceram na literatura, porém com possibilidades de ser explorada em outras áreas. O objetivo dos estudos era compreender o processo de elaboração da obra literária, encontradas nos manuscritos e registros do autor. Posteriormente, esses estudos foram adaptados por Salles entre outros para outros segmentos como a arte. Os estudos realizados apresentam a criação como um processo. Este por sua vez, vai se desenvolvendo através das características que vão lhe sendo conferidas. O artista assim torna visível àquilo que está por existir, através de um movimento de influências externas e internas, do consciente e inconsciente. (SALLES, 1998). A criação assim deixa de seguir apenas um padrão dos modelos clássicos da explicação do processo criativo. Torna-se um estudo aprofundado do pensamento do criador, da gênese de suas idéias que ainda não se transformaram em obras; uma combinação de todos os elementos já citados e estudados, indo além. A crítica genética é definida, portanto, como um vocábulo criado para a exploração do desenvolvimento da obra de arte desde sua concepção. Ela “pretende oferecer uma nova possibilidade de abordagem para as obras de arte: observar seus percursos de fabricação.” (SALLES, 1992, p.21). O surgimento deu-se em decorrência de melhor entender todo o processo de criação de um artista, através dos estudos de registros deixados por esse. O Homem buscou entender todo esse processo, pois tem necessidade de buscar e saber a origem das coisas. Ele é por natureza um crítico genético, “quer exatamente ver a criação artística por dentro” (SALLES, 1992, p.33). Analisa-se, deste modo, que a criação de uma obra de arte é resultante de todo um processo. Salles (1992, p.25), diz que a obra não é, mas vai se tornando ao longo de um processo que envolve uma rede complexa de acontecimentos. A crítica genética enxerga além. Não está interessada apenas em estudar os manuscritos literários, mas como a obra se liga a outras áreas, como roteiros, vídeos, maquetes. Há necessidade por parte do artista de registrar todo e qualquer pensamento ao longo da criação da obra. Ele retém possíveis informações que auxiliarão na concretização e materialização de suas idéias. Esses documentos são a base de pesquisa da critica genética, assim como todo processo dito como acabado (Salles, 1998). Segundo Salles (1992), existem alguns materiais com os quais trabalham os
  • 16. 13 críticos. Primeiramente seriam os registros dos impulsos iniciais, de uma memória distante, encontrados nas anotações em cadernos, diários ou correspondência (Figura 2). Depois com a esquematização das idéias, de forma que as anotações comecem a se concretizar, por exemplo, com usos de roteiros, planos e criação de mapas. Logo a seguir os primeiros rascunhos e redações concretos da obra surgem, gerando posteriormente a obra na forma original, as quais serão analisadas com o resultado final entregue pelo artista. Esses documentos criados sempre contêm a idéia de registro (SALLES, 1998, p.21). Figura 2 - Caderno de registros de obras de Leonardo da Vinci Fonte - http://www.artknowledgenews.com/Speed_Art_Museum_Leonardo_Da_Vinci.html Esses registros são analisados como se estivessem contando uma história. São rastros deixados pelo artista ao longo do desenvolvimento de sua obra vinculados com o pensamento criativo. O olhar se volta para a perspectiva de processo. Este processo do artista está sempre sujeito a experimentação e modificações, tornando-se um ato permanente, ou seja, segundo Salles (1997), “a criação mostra-se como uma metamorfose contínua [...]. Um processo de constantes transformações.”. É um gesto inacabado, designando-se para a compreensão que a obra de um artista está em constante mutação. Isso compreende que há sempre uma diferença entre aquilo que o artista concretizou para aquilo que ele teria
  • 17. 14 alcançado (SALLES, 1998, p.81). Toda obra pode ser analisada pela sua complexidade de metamorfose. Atualmente, a crítica genética está em expansão, explorando outro campo, que leva a discussão do processo criador em outras manifestações artísticas, estabelecendo um diálogo entre os artistas. Surgem das redes de criação e um olhar mais longe através da critica de processo, que serão pontos analisados a seguir. 2. 3. 2 . Redes De Criação O artista em seu processo de concebimento da obra desenvolve documentos que possibilitam melhor compreensão e análise daquilo que está sendo criado. Esses documentos levam a um movimento de processo, ou seja, a criação artística é destaca por ser ativa, continua e flexível (SALLES, 2006, p.19). Tendo em vista o processo como inacabado, a construção da obra de arte é um percurso em permanente mobilidade. Esse percurso apresenta diversas tendências, que conduzem a alterações, construções, desconstruções, adequações e possibilidades. A possibilidade de todas essas ações leva a uma perspectiva não linear no tempo da criação da obra, trazendo o conceito de rede. Os registros dos artistas são essenciais para a investigação da obra e quando adotado o modelo de rede é observado os elementos de interações, tendo em vista uma ação geradora de novas possibilidades. Distancia-se assim da busca da origem da obra analisada nos estudos genéticos e busca-se a noção de conclusão (SALLES, 2006, p.26). Em seus estudos sobre as redes de criação, Salles (2006, p. 27) afirma que “o crítico, ao estabelecer nexos a partir do material estudado, procura refazer e compreender a rede do pensamento do artista”. Além de saber como o processo se iniciou é importante saber também o que levou o artista no decorrer do processo a colocar suas idéias daquela maneira. Serão analisadas, portanto as tramas de pensamentos da obra, seus diálogos de linguagens juntamente com as interações cognitivas. As tramas de pensamento têm por objetivo analisar mais de perto as criações em processo. É através das analises dos documentos oferecidos que compreendemos as informações responsáveis pelo desenvolvimento do pensamento em toda criação. São os diferentes processos de interações e interconexões que constituem em redes a propriedade do pensamento e que levam
  • 18. 15 aos diálogos de linguagem enfatizando os desenhos e interações cognitivas (SALLES, 2006). O percurso do processo criador tende para uma linguagem a qual é feita de palavras, imagens, sons, gestualidade, etc. Isso significa que o artista não faz o registro da sua obra necessariamente na linguagem na qual se concretizará (Figura 3). “Percebemos que há uma estreita relação entre as tramas semióticas do processo e o modo de desenvolvimento do pensamento de cada indivíduo”. (SALLES, 2006, p.95). No percurso de criação, o indivíduo desenvolve seu próprio meio de interligar imagens com palavras, como meio de estruturação da obra. Uma das maneiras utilizadas é o uso de diagramas preparatórios, que surgem para relacionar as idéias iniciais do projeto. Figura 3- Estudo de composição para Guernica, de Pablo Picasso. Fonte - http://www.martinries.com/article2005DK.htm Outras vezes o artista, principalmente na literatura e roteiros cinematográficos, tem necessidade de criar uma cidade ficcional para visualizar aquilo que está sendo formado ao longo do processo. O criador passa a conviver com limites criados por ele mesmo, tendo o poder de modificá-los, afinal esse processo de criação origina uma documentação de fantasia. Também no acompanhamento do percurso da produção, uma maneira que o indivíduo encontra para expressar suas idéias é representar visualmente aquilo que está sendo verbalizado (Figura 4).
  • 19. 16 Imagens invadem o texto para dar solidez à imaginação. Os desenhos são a materialização da idéia como meio de fixar o que é essencial para que não perca ao longo do processo. Os desenhos da criação, portanto, são peças de uma rede de ações bastante intricada e densa que leva o artista à construção de suas obras. São desenhos de passagem, pois são transitórios; são geradores, pois têm o poder de engendrar formas novas; são móveis, pois são responsáveis pelo desenvolvimento da obra. São atraentes e convidam à pesquisa porque falam do ato criador. (SALLES, 2006, p.117) É a trama de linguagem que viabiliza o funcionamento do pensamento da criação. Para o desenvolvimento desse pensamento colocados no papel é necessário compreender o funcionamento das interações cognitivas5 nas tramas de pensamento. Figura 4 - Roteiro original do filme Metropolis, de Fritz Lang Fonte - http://homepage.mac.com/cirquefilm/vfxhistory/FIRSTS/HTML/firsts_schuftan.html Mais importante que a descrição das ações do artista, são os procedimentos geradores dessas ações. Esses procedimentos são vistos como facilitadores de associações. São essas associações que são responsáveis pela estruturação e desenvolvimento do pensamento criador presente nos vários documentos de processo. Como meio de saber o que a obra ganha com essas associações, são
  • 20. 17 considerados alguns elementos associativos como: as expansões associativas, as matrizes geradores, embriões ampliados, as dúvidas geradoras, os erros e acasos construtores e as experimentações perceptivas impulsionadoras (SALLES,2006). O primeiro elemento associativo a ser destacado são as expansões associativas. Essas estão relacionadas a obra em desenvolvimento. É nesse momento que há um percurso de ampliação das idéias. Tem-se inicialmente uma idéia que é tomada como ponto de partida, como a causa. A partir daí são imaginados os efeitos, que geram mais idéias, como em um jogo de associações. É nesse ponto que o artista gera tomadas de decisões e alterações, expandindo suas idéias. Ainda acompanhando o desenvolvimento do pensamento de criação, há uma necessidade de armazenamento de dados, e as formas como esses dados são armazenados é o que damos o nome de matrizes geradoras. A capacidade gerativa dessas matrizes está exatamente na operação de combinações (SALLES, 2006, p.125). Essas combinações não estão restritas a um determinado processo. São as matrizes que oferecem possibilidades, levam o artista a definir aquilo que ele deseja da sua obra. Seguindo ainda as idéias que propulsionam o artista a definição da sua obra, regressamos aquelas primeiras idéias registradas. Essas idéias ainda na forma de embriões agora no desenvolver do pensamento se ampliam. Os embriões ampliados são potenciais geradores de idéias para a concretização do projeto. As imagens antes rascunhadas começam a se materializar para a formação da obra (Figura 5). Figura 5 - Estudos de colagem e obra finalizada de Miró Fonte - http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2008/miro/flashsite/index.html 5 Cognição é a aquisição de conhecimento e sua melhor adaptação ao meio. É o processo de conhecimento daquilo que já está na nossa memória.
  • 21. 18 Outro procedimento relacionado ao desenvolvimento do pensamento criador relaciona as experiências e as percepções que estas geram na mente do artista. A experiência traz novas possibilidades e potencializa aquilo que já foi indagado no processo. Então “o resultado da experiência perceptiva [...] é associado à possibilidade de nova obra” (SALLES, 2006, p.128). O artista materializa a tendência do olhar, do empirismo, impulsionando o desenvolvimento da sua obra. As experiências pessoais e suas experimentações contribuem diretamente para o enriquecimento do pensamento do criador. Figura 6 - Notas de estudos de Leonardo Da Vinci Fonte - http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1158453/Hidden-self-portrait-Da-Vinci-discovered- manuscript.html Ainda impulsionado pelas experiências, o artista durante o processo dialoga com situações que geram dúvidas. O trabalho que até ali era estável dá início a uma série de questionamentos ao longo da expansão dos pensamentos. Essas são as dúvidas geradoras. São muito importantes no processo, pois gera possibilidades de respostas e a continuidade do pensamento. É, portanto fundamental esses questionamentos por parte do artista. No decorrer do processo, além do artista se deparar com inúmeras dúvidas geradas, depara-se também com elementos que passam a divergir os pensamentos.
  • 22. 19 Surgem problemas que necessitam de solução. Com os problemas a necessidade de experimentação se torna maior, abrindo portas para os erros e acasos. Sob um ponto de vista, esses são responsáveis por desencadear um raciocínio novo para a entrada de novas idéias. A continuidade do processo se dá devido às indeterminações e dúvidas geradas pelo erro. O criador vai à busca de soluções, expandindo sempre suas idéias. Acerca do acaso, inúmeras vezes os artistas não sentem controle consciente sobre tal. Porém são os acasos que motivam novas experiências, fazendo muitas vezes o artista mudar seu percurso de criação em direção a obra final.Na análise da autora Cecília (2006, p.148) “ [...] aceitar a intervenção do imprevisto implica que o artista poderia ter feito aquela obra de modo diferente daquele que fez [...]”. Isso implica que muitas outras obras teriam sido possíveis, dependendo das influências conscientes (SALLES, 2006). Em resumo, todas as tramas de pensamento influenciam na critica de processo da obra. São essenciais para entender o desenvolvimento do artista e seu percurso criativo. Os desejos particulares e as tramas semióticas marcam cada processo, tornando-o singular. As redes da criação são necessárias para entender a organização de pensamento qualquer obra, de qualquer gênero. Para melhor compreensão de todos esses elementos citados, será analisado o processo de criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari”, desde a análise da época, o roteiro e sua produção final e, como esta obra influenciou na criação e desenvolvimento de um projeto de Moda. 2. 4.. ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO FILME “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE. 2. 4.1. Uma Breve História Do Expressionismo Alemão O expressionismo surgiu às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O império alemão caminhava sentido ao imperialismo, com a ascensão de Hitler ao poder, gerando uma série de crises e revoluções, pois a sociedade exaltada eram os militares, nobres e a burguesia. Em atitude contra a estética autoritária, surgem artistas que se opunham a burguesia, culminando no movimento expressionista. O expressionismo é a busca da subjetividade ao extremo; é a abstração da realidade.
  • 23. 20 Os artistas expressionistas se aproximavam a classe trabalhadora e aos marginalizados da sociedade. Dividiu-se em três fases: o expressionismo precoce (1910-14), o “alto-expressionismo” entre 1914 e 1918 e o “expressionismo tardio” (1918-25). Esta última fase é onde aponta o expressionismo no cinema, que será o tema em pauta (SILVA, 2006). As primeiras pesquisas estéticas expressionistas no cinema ocorreram na Dinamarca. Os cineastas abordavam a angústia e a loucura como tema. Mas é na Alemanha em 1919 que há a elaboração de um filme estritamente expressionista, com a produção do “O Gabinete do Dr. Caligari”. O filme transporta o telespectador à instabilidade política do momento, onde se destacam figuras geométricas, deformes, com personagens alucinadas. O expressionista busca o significado dos fatos e dos objetos. O filme de Robert Wiene é a tradução dos sentimentos contraditórios que envolveram a Alemanha após o termino da Primeira Guerra. É resultado da perturbadora experiência dos roteiristas e dos tormentos psíquicos sofridos pelo ser humano. Outros filmes também se destacam no movimento como: Nosferatu de 1922, do diretor F. W. Murnau e Metropolis (1927) de Fritz Lang. 2. 4.2. Sinopse: “O GABINETE DO DR. CALIGARI” DE ROBERT WIENE Figura 7 - Pôster “Das Cabinet des Dr. Caligari” Fonte - http://verdoux.wordpress.com/film-poster-the-silents/
  • 24. 21 Filme dirigido pelo diretor alemão Robert Wiene se passa em um vilarejo fronteira com a Holanda. Um misterioso homem chega à cidade. Ele é conhecido como Dr. Caligari e traz consigo Cesare, que estaria supostamente adormecido por muitos anos. Hipnotizado por Caligari, Cesare torna-se um sonâmbulo capaz de fazer previsões sobre o futuro. Depois da primeira apresentação da dupla, uma série de assassinatos na cidade faz com que as suspeitas se voltem para o sonâmbulo, mas o jovem Francis, ao tentar salvar a namorada, descobre que o mandante dos crimes é o próprio doutor, cujos poderes de manipulação levam Cesare a matar pessoas sem ter consciência do que faz. O final se revela em uma reviravolta, onde tudo não passou de um delírio do estado psíquico do narrador da história, o personagem Francis. 2.4.3. O Processo De Criação e as Tramas de Linguagem do Roterio a Produção Considerado o filme que inaugurou o expressionismo no cinema, “O Gabinete do Dr. Caligari” apontou uma nova relação entre filmes e arte gráfica, imagem e narrativa. Sua concepção começou no ano de 1918 e sua produção foi finalizada em 1920, quando lançado para o público. Para melhor compreender o processo de criação, com base nos estudos genéticos, dessa importante obra cinematográfica analisaremos toda sua trajetória, desde a ideação do roteiro, o planejamento da produção e o projeto tido como finalizado. Todo esse percurso terá como base as tramas de linguagem que levaram ao desenvolvimento do produto final. A história da gênese de “O Gabinete do Dr. Caligari” tem uma atração particular. Muitos foram os mitos criados em torno de sua produção. Poucos são os documentos de criação que nos chegam hoje. Com a descoberta de roteiro original pode-se compreender as idéias iniciais dos roteiristas e algumas modificações que o filme sofreu ao longo do seu processo de criação (Figura 8).
  • 25. 22 Figura 8 - Página do primeiro roteiro de “O Gabinete do Dr. Caligari” Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco. Primeiramente, podemos dizer que as idéias iniciais para o filme foram dos autores. Os roteiristas Hans Janowitz e Carl Mayer foram os responsáveis pelos passos iniciais dessa obra. Foram eles que deram inicio aos primeiros documentos do processo. Segundo Janowitz, quatro contribuições foram essenciais para a concepção do seu trabalho: a atmosfera misteriosa de Praga, cidade onde cresceu; o sentimento de presságio; a inspiração de um incidente testemunhado pelo autor, o assassinato de uma moça em Hamburgo, num parque de diversões ao lado de Holstenwall e finalmente, pela desconfiança do poder autoritário do Estado e do serviço militar (ROBINSON, 2000). Essas contribuições geraram idéias essenciais do projeto, como por exemplo, a cidade fictícia criada para o filme se chamou Holstenwall. Ambos os autores também viram juntos um espetáculo de variedades, que mostrava um homem hipnotizado. Daí surge à idéia do personagem sonâmbulo Cesare. Somente após o termino do rascunho do roteiro inicial que decidiram o nome do personagem principal, Caligari, inspirado em um oficial italiano de um livro chamado “Cartas desconhecidas de Stendhal”. Já a aparência física do personagem foi sugerida a partir dos retratos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (Figura 9) (ROBINSON, 2000).
  • 26. 23 Figura 9- Filósofo alemão Arthur Schopenhauer, a inspiração para o personagem Caligari. Fonte - http://www.abolitionist.com/arthur-schopenhauer.html Pode-se dizer então que os autores, impulsionados pelas suas próprias experiências, contribuíram para o desenvolvimento da obra. É o primeiro elemento associativo dessa rede de criação. Após essas idéias geradoras, o primeiro roteiro é organizado para ser produzido. Alguns desenhos são criados como ponto de partida para representar personagens e cenários (Figura 10). Figura 10 - Capa do roteiro inicial do filme com o desenho de uma cena. Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco. Para dar vida ao roteiro de Janowitz e Mayer, o diretor Robert Wiene assumiu a direção do filme. A partir daí, o processo de criação passa a sofrer significantes transformações. Temos então, partindo das tramas de linguagem, os erros e acasos construtores.
  • 27. 24 No documento inicial temos ainda: [...] a forma imprecisa dos nomes dos personagens. Caligari aparece como Calligaris, embora o “s” tenha sido riscado em alguns casos, mas não em todos; Cesare é Caesare; Alan é Allan (às vezes Alland); Franzis é Dr. Francis [...] o arrombador ou vigarista, anônimo no filme, é identificado como “Jakob Straat” ´[...] (ROBINSON, 2000, p.17). O fato de o nome Caligari ter sido alterado em alguns casos no roteiro, leva ao principio das dúvidas geradoras. Inicialmente não se tinha certeza dos nomes finais dos personagens. No decorrer da produção do filme foi decidido então que seriam Caligari, Cesare e Alan. Inicialmente, os autores não tinham a intenção de criar um ambiente expressionista. Isto veio ao acaso. Para criar esse ambiente, as cenas foram rodadas exclusivamente em estúdio. O roteiro original sofre então outra modificação. Para substituir a ambientação externa, e dar um ar expressionista ao filme, o cenário foi inteiro criado e pintado em telas (Figura 11). No lugar de um verdadeiro parque de diversões, por exemplo, citado inicialmente nas anotações dos roteiristas, foram criados dois elementos giratórios simbolizando carrosséis. A inspiração das pinturas disformes e representativas veio do Cubismo (Figuras 12). Figura 11 - Montagem do cenário pintado em telas. Fonte - http://marcelogoncalvesribeiro.blogspot.com/2009/11/pixilation-ideias-para-criacao-de.html.
  • 28. 25 Figura 12 - Cena produzida a partir do storyboard. Fonte - ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Após analises e pesquisas acerca do filme e sua criação, podemos relacionar o projeto em desenvolvimentos com características dos estudos genéticos e as tramas de linguagem. A tabela a seguir divide os tópicos estudados e suas referências encontradas no filme expressionista. Registros dos Impulsos Iniciais - Anotações das idéias geraram o primeiro roteiro do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”, com anotações dos roteiristas Hans Janowitz e Carl Mayer, que viria sofrer alterações ao longo do processo. Idéias Geradoras - Observação do cotidiano e da atmosfera da cidade de Praga. - Interesse dos autores por espetáculos de variedades, onde observaram um hipnotizador, gerando a idéia do personagem sonâmbulo Cesare. - Leitura do livro “Cartas Desconhecidas de Stendhal” inspirou os autores a nomear o personagem Caligari, nome de um oficial italiano
  • 29. 26 do livro - Aparência física do personagem foi gerada a partir dos retratos do filósofo alemão Arthur Schopenhauer. Erros e Acasos Construtores - Robert Wiene assume a direção do filme, colocando suas idéias no projeto, modificando o formato original. - Impossibilitados de gravar no ambiente externo, modificam novamente o roteiro original e criam um cenário pintado em telas, que posteriormente vem a ser um dos pontos principais na estética expressionista do filme. Dúvidas Geradoras - Inicialmente no roteiro original os autores não tinham certeza dos nomes dos personagens. Muitas foram as tentativas notadas no roteiro de alterar os nomes, até chegar na identificação final dos personagens. Figura 13 – Tabela de análise das Tramas de Linguagem Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari.
  • 30. 27 2. 5. AS INFLUÊNCIAS DE CALIGARI NA CRIAÇÃO DE UMA COLEÇÃO DE MODA Assim como na estruturação do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” houve diversas influências para chegar ao produto final, esse mesmo filme serve como inspiração para diversos outros trabalhos, inclusive na moda. Todas as informações sejam visuais, históricas, quando analisadas a fundo recriam um novo aspecto da obra inicial. O cinema sempre foi um grande difusor de idéias e grande fonte de inspiração para estilistas. Muitas tendências são lançadas através dos figurinos de filmes. O cinema não é mais apenas uma referência de moda e comportamento. Ele vende sonhos, fantasias e passou a ser uma indústria vendedora de moda (KORNIS, 1992). Em uma coleção de moda, a inspiração pode vir em vários aspectos, seja no figurino já existente ou nos elementos contidos no filme. A seguir analisaremos os aspectos influentes na criação de uma coleção de moda com inspiração nos elementos do filme “O Gabinete do Dr. Caligari”. O figurino do cinema de 1920 ainda não exercia grandes influências na moda. Sendo assim, para o desenvolvimento da coleção de moda em questão foram resgatadas as influências históricas da época, o cenário e a linguagem cinematográfica a qual a obra estava inserida. Inicialmente, a pesquisa sobre o filme foi fundamental para o entendimento dos elementos cinematográficos presentes. Foram realizados estudos da gênese da criação do filme e os elementos de inspiração da obra, já analisados nos tópicos anteriores. Durante essa etapa foi elaborado o caderno do artista, contendo as idéias iniciais, imagens do filme e pequenos rascunhos do que viria ser a coleção (Figura 14). Essas observações anotadas se tornam essenciais para o desenvolvimento do processo criativo, pois “são os diálogos das linguagens, com atenção especial ao desenho e às interações cognitivas” (SALLES, 2006, p.95).
  • 31. 28 Figura 14– Caderno do artista Fonte - Acervo pessoal Por o filme ser datado do ano de 1920 e na época não existir coloração direta nos filmes, apenas sobre os negativos, optou-se por trabalhar apenas com cores presentes em filmes “preto e branco”. Assim, a tecnologia insuficiente da época levou a criação de uma cartela de cores entre branco, preto e tons de cinza (figura 15), para reproduzir com mais fidelidade a ambientação do longa-metragem. Figura 15 - Caderno do artista: estudo das cores Fonte – Acervo Pessoal As referências históricas também influenciaram no processo criativo. O longa- metragem em seu roteiro inicial apresentou significantes interferências de um Estado pós-guerra. Então, buscou-se integrar algumas referências militares de soldados da I Guerra Mundial à coleção, utilizando como elementos de estilo abotoaduras e o
  • 32. 29 debrum6 nas peças (figura 16). Figura 16 – Elementos da coleção com inspiração no militarismo: abotoaduras e debruns Fonte – http://cap.estevan.sk.ca/SSR/Photos/rooks/ Acervo Pessoal Os cenários do filme e seu design levaram a desenvolver looks diferenciados, assim como o estado emocional dos personagens exerceram influência sobre a criação. Após análise de diversas cenas e da investigação a fundo da criação do cenário expressionista do filme, são testadas as idéias de uma produção de looks assimétricos e com recortes (Figura 17). Para obter o resultado desejado, foram necessários tecidos leves, porém estruturados. 6 Debrum: tira de pano que se cose dobrada sobre um tecido.
  • 33. 30 Figura 17 – Assimetria e recortes Fonte – Acervo Pessoal Em muitas peças as linhas arquitetônicas dos cenários foram exploradas como no exemplo das figuras 18 e 19. O contraste de luz e sombra também muito comum nos filmes expressionistas é transferido para a coleção através de peças inspiradas em uma cena do longa-metragem, como observado na figura 20. Primeiro a imagem foi estudada, após isso um rascunho da primeira idéia do que viria ser o look e por fim a peça finalizada. Figura 18 – Linhas arquitetônicas em cenário do filme Fonte – ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco
  • 34. 31 Figura 19 – Look inspirado nas linhas arquitetônicas do filme Fonte – Acervo pessoal Figura 20 – Estudo escadaria referência de luz e sombra e look inspirado no cenário Fonte – Acervo pessoal e cena do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” Antes da obra final, o processo criativo passou por etapas de experimentação. As idéias foram anotadas e rascunhadas no caderno do artista. Imagens invadiram o texto e expandiram as informações já registradas anteriormente, e dúvidas geradoras surgem para ampliar o processo (Figura 21).
  • 35. 32 Figura 21 – Caderno do artista: primeiros esboços dos looks Fonte – Acervo pessoal Como considerações finais, o filme alemão “O Gabinete do Dr. Caligari” possui inúmeros elementos visuais e históricos que servem de inspiração para outros artistas desenvolverem novas possibilidades. A criação dessa coleção de moda se desenvolveu a partir de estudos sobre o processo criativo do longa- metragem e assim, criou-se um processo de criação autoral. O registro das idéias iniciais e o processo em desenvolvimento é muito importante para o artista e para entender a obra final, pois assim são levado à comparação o que era inicialmente e o trabalho finalizado.
  • 36. 33 3. CRIAÇÃO DA MARCA A marca Belle Sorelle, que significa ’’Belas Irmãs ’’ em italiano, foi criada pelas irmãs Lauren e Melina Muzzin após uma análise de mercado do público jovem feminino que busca a diferenciação e qualidade na forma de se vestir, e baseado nos concorrentes existentes, viu-se que ainda há uma fatia nesse mercado que necessita ser suprida, sendo assim a marca Belle Sorelle visa satisfazer essa fatia como também todo o público jovem feminino. • Razão Social Sorelle Muzzin ME • Porte Microempresa • Conceito de Marca Você diferente. • Significado Belle Sorelle são duas palavras em italiano que juntas significam ‘’Belas Irmãs'’. 3.1. CONCORRÊNCIA De acordo com a pesquisa de concorrência realizada, foram encontradas 3 possíveis marcas concorrentes: Gloria Coelho, UMA e Jeffersson Kulig, todas há alguns anos no Mercado da Moda, oferecendo inovações e modernidade , valorizando a diferenciação. Baseada nessa pesquisa, a marca Belle Sorelle, irá trazer ao seu público produtos inovadores com exclusividade, conforto e de alta qualidade por um preço acessível comparado aos concorrentes; como também visa atender localizações em
  • 37. 34 que as marcas concorrentes não alcançam , oferecendo seus produtos a todas as mulheres que os desejam, e unido ao e-commerce, poderão adquirir os produtos da Belle Sorelle com conforto sem precisar sair de casa, trazendo facilidade a compra, segurança e qualidade por um valor justo, assim satisfazendo seu público, não somente onde haverá a loja, como também todo o Brasil e internacionalmente. 3.2. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO A marca Belle Sorelle, atuará no segmento feminino, trazendo roupas diferenciadas, atemporais e de qualidade por um preço acessível de acordo com a concorrência, e contará com o serviço especial de e-commerce para atingir todo o público desejado em qualquer localização. 3. 2.1.Segmentação de Público Alvo O público alvo da marca Belle Sorelle são jovens mulheres, entre 20 a 35 anos e da classe B, que conta com uma renda acima de 9 salários mínimos. 3.2.2. Segmentação Geográfica A marca Belle Sorelle atuará na Região de Campinas com seu ponto de venda físico como também abrangerá os demais Estados nacionais e outros países devido ao seu e-commerce. 3.2.3. Segmentação Demográfica Com uma população de aproximadamente 1 milhão de habitantes, a cidade de Campinas é a 10ª mais rica do Estado de São Paulo e 3ª mais populosa do Estado, e juntamente com a capital São Paulo, formam o Complexo Metropolitano
  • 38. 35 Expandido, totalizando 75% dessa população. Sua população consiste em 74% brancos, 18,4% pardos, 5,6% negros, 0,9% amarelos e 0,2% indígenas e na sua maioria do sexo feminino, sendo a faixa etária dos 20 a 35 anos a maior parte. Considerada o 3º maior Pólo de Pesquisa e Desenvolvimento Brasileiro, tem como principal atividade econômica a Indústria, possuindo mais de 10.000 empresas de médio e grande porte, com 15,9% do setor de Vestuário, girando em torno de 680 empresas do ramo. Com forte economia, Campinas apresenta uma infra-estrutura que proporciona o desenvolvimento a toda área metropolitana. Campinas também possui uma intensa vida cultural, com seus museus, cinemas, bibliotecas e apresentações musicais. Além de atender Campinas e Região, mulheres de todo o Brasil e de outros países poderão ter acesso aos produtos Belle Sorelle através do E-Commerce, sendo assim ampliando a comercialização e reconhecimento da marca. 3. 2.4.Perfil do Consumidor Mulher jovem, entre 20 e 35 anos, da classe B, sua maioria reside em grandes centros urbanos. Freqüentam museus, bienais, exposições e semanas de moda. São conectadas às redes virtuais como Facebook, Orkut, Twitter e blogs. As consumidoras da marca Belle Sorelle apreciam produtos contemporâneos e se interessam pelo design. Possuem independência financeira e muitas trabalham na área de comunicação e artes; outras têm a moda e o desejo de consumi-la como hobbie. Gostam de viajar e conhecer outras culturas, apreciar outros sabores e conhecer novas pessoas. São mulheres que possuem consciência delas mesmas, cuidam do seu corpo e bem-estar em primeiro lugar, e principalmente têm o desejo de serem exclusivas. Assim, procuram locais que ofereçam serviços personalizados e diferenciados como nossa empresa.
  • 39. 36
  • 40. 37 3.3. COMPOSTO DE MARKETING 3.3.1 Produto – Especificação de Produtos e Serviços Produtos de vestuário para o público jovem feminino entre 20 a 35 anos, com aspectos diferenciados do usual (modelagem, formas, tecidos etc.) e de alta qualidade. 3.3.2 Preço – Estratégia de Precificação De acordo com as pesquisas de Mercado e da concorrência realizadas, a marca Belle Sorelle atuará com a seguinte precificação: TABELA DE PRECIFICAÇÃO Piso Teto Blusas Básicas R$ 50 R$ 90 Blusas Fashion/Vanguarda R$ 100 R$200 Vestidos R$ 150 R$ 400 Saias R$ 80 R$ 120 Calças R$ 90 R$ 150 Casacos / Jaquetas R$ 150 R$ 300 3.3.3 Praça – Estratégia de Vendas e Distribuição Conforme citado anteriormente, a cidade escolhida para ponto de venda e distribuição foi a cidade de Campinas, devida toda a infra-estrutura que a cidade oferece e de sua importância para toda região, como também do grande potencial do público almejado. O Galleria Shopping, escolhido como ponto de venda da marca Belle Sorelle, segundo a Revista On-line SIM, do site O Globo, ‘‘… é uma ilha de consumo e lazer altamente qualificado. É um dos mais sofisticados shopping centers do País. ’’, chegando a mais de 5.280.000 visitantes por ano, na sua maioria das classes A e B conforme a tabela de pesquisa abaixo efetuada pelo Iguatemi Empresas de
  • 41. 38 Shoppings Centers S/A, grupo proprietária do shopping: Figura 22 - Tabela de Índice de Classes Econômicas clientes do Grupo Iguatemi Fonte – www.iguatemicampinas.com.br O shopping tem como conceito o Foco na Diferenciação, ajudando no desenvolvimento de novas marcas e criando um forte relacionamento com diversos tenants brasileiros e internacionais, além de oferecer alta qualidade dos seus serviços aos clientes, e também possui um grande potencial de expansão para melhor atendê-los. Sendo assim, a localização ideal para a marca Belle Sorelle atender seus clientes, com qualidade e eficiência, visando satisfazer a todos. Além do ponto de venda no Galleria Shopping, haverá um E-Commerce, ou seja, uma loja On-line para que todos os clientes, sejam do Brasil inteiro como de outros países, tenham acesso aos produtos Belle Sorelle caso queiram adquirir-los. O E-Commerce pode ser utilizado a qualquer hora do dia, e é um meio seguro e confortável de se fazer compras, pois o cliente que não tem tempo de ir até a loja
  • 42. 39 ou aquele que está distante de uma pode efetuar qualquer compra sem sair de casa, do trabalho ou de aonde quer que esteja, podendo avaliar e escolher o produto desejado sem pressão durante o tempo que quiser e com formas fáceis e seguras de pagamentos e entregas. Possibilitando acesso irrestrito ao mercado mundial, o E-Commerce ajuda extinguir barreiras entre tempo e distância, resulta em um aumento das vendas e na agilidade de divulgação dos produtos, oferecendo também um serviço especializado para o cliente.
  • 46. 43 3.3.4 Promoção – Estratégia de Comunicação Como estratégia de Comunicação, a Belle Sorelle contará com anúncios em revistas do seu público alvo, outdoors em locais estratégicos, propagandas on-line em sites direcionados ao seu publico e também divulgações da marca em renomados blogs de moda que são acessados por todo o mundo. 3.3.5 Identidade Visual • Logotipo:
  • 47. 44 • Etiquetas / Tags: Inverno 2011
  • 48. 45 • Sacolas e embalagens para presente
  • 49. 46 3. 3.6.Meios de Comunicação • Site: ENTRAR l ENTER
  • 50. 47 • E-STORE VAZIO BUSCAR CHECKOUTEntrar Minha Conta Minha Lista de Desejosl l Cód. do Produto: 5678 Selecione Tamanho Vestido de sarja acetinada, com gola alta, meia manga e com aplicacação de debrum.
  • 51. 48 3.3.7. Estratégia de Relacionamento A Belle Sorelle coloca seus clientes em primeiro lugar com atendimentos e serviços de primeira qualidade, sempre visando satisfazer o desejo do consumidor para que ele sinta confiança na marca e volte a comprar, seja na loja atendido por um dos nossos vendedores que estarão dispostos a dar toda atenção e consultoria no momento da compra, como na loja on-line que o cliente poderá efetuar uma compra rápida, segura e confortável. Aquele cliente que for fiel à marca, ou seja, possuir uma assiduidade de compras, tanto na loja quanto na loja on-line, fará parte do Clube Fidelidade Belle Sorelle, onde ganhará brindes conforme a quantidade de compras e receberá sempre convites para desfiles e coquetéis de lançamento. Na loja on-line, o cliente se cadastrará somente uma vez, não sendo necessário o preenchimento de dados toda vez que houver o acesso ao site, possibilitando um compra rápida; haverá sistemas de segurança para que o cliente se sinta seguro para efetuar o pagamento e também um sistema rápido de entrega da compra para que o cliente não espere por muito tempo, tudo pelo menor valor de frete que se pode oferecer e até mesmo o frete gratuito dependendo do valor da compra. Os vendedores Belle Sorelle sempre serão encorajados a atender o cliente da melhor maneira possível para que esse se sinta a vontade para comprar sem dúvidas e haja confiança para voltar; todos os vendedores terão treinamento para aprender a lidar com os clientes e ofereceremos também cursos de consultoria de imagem e personal stylist para que os vendedores saibam analisar cada cliente e suas necessidades, podendo-lhes dar um atendimento personalizado e exclusivo e os deixando confiante no atendimento da marca. Como estímulo para com os vendedores, todos receberão comissão das vendas efetuadas, e aquele que ao chegar ao final do ano obtiver as maiores vendas, ganhará um bônus. Uma vez por mês será realizada uma confraternização de funcionários para que haja uma união de todos, visando um melhor ambiente de trabalho para todos, e assim um melhor atendimento ao cliente.
  • 52. 49 4. PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO 4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO 4.1.1. Mix de Produtos 4.1.2. Variedades entre Tops e Bottons MIX DE MODELOS Mix da Coleção Total de Modelos Cores Tamanhos Total Blusa 13 3 4 156 Vestido 7 3 4 84 Jaqueta 8 3 4 96 Saia 7 3 4 84 Calça 5 3 4 60 Total 40 480 MIX DE MODA Básico Fashion Vanguarda Blusa 9 4 0 Vestido 0 0 7 Jaqueta 0 3 5 Saia 0 3 4 Calça 0 0 5 Total 9 10 21 VARIEDADE TOPS E BOTTONS Tops Bottons One - Piece Total 21 12 7 40
  • 53. 50 4.1.3. Tema de Inspiração da Coleção Como inspiração da coleção, a Belle Sorelle traz o filme ‘’O Gabinete do Dr. Caligari’’, datado de 1920 pertencendo a Era do Expressionismo Alemão; seu cenário com suas formas assimétricas e descontrutivas, suas cores com os contrastes de luz e sombra e as influências do militarismo da época serviram de inspiração para criação da Coleção. 4.1.4. Conceito de Coleção “Laboratório de Moda”. 4.2. TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE COLEÇÃO A coleção do outono/inverno 2011 da Belle Sorelle retorna no tempo do cinema mudo. Os cenários estilizados e irregulares, as sombras evocativas e todo o mistério do filme “O Gabinete do Dr. Caligari” são temas de inspiração para as peças. As linhas retas e minimalistas e os recortes geométricos presentes nos looks nos levam ao cenário expressionista da obra. Também as abotoaduras e os debruns estrategicamente posicionados fazem uma modesta referência ao militarismo da época. Tecidos como a sarja e a lã estruturam os looks das saias e jaquetas. O tecido tropical e o cetim charmusse, utilizados nos vestidos e calças, são leves abrindo espaço para sobreposições. A malharia aparece nos tops com o sensitel, em contraposição aos tecidos mais estruturados. A cartela de cores predominantemente sóbria nos tons de cinza, branco e preto, é a aposta para a estação. A arquitetura dos cenários juntamente com contrastes de luz e sombra se encontra nas sobreposições de tons nos looks monocromáticos recriando a paisagem abstrata. Uma coleção entre o caminho da realidade e a ilusão, entre estar na luz ou nas sombras. Para a mulher que precisa tornar-se para entender-se
  • 55. 52 4.4. ELEMENTOS DE ESTILO Os elementos de estilo presentes na coleção são: 4 – Formas / Linhas Retas 5 – Assimetria 6 – Aplicações de Debruns 1 – Cores 2 – Aplicações de outro tecido 3 – Abotoaduras
  • 56. 53 4.5. SISTEMATIZAÇÃO DA COLEÇÃO 4.5.1. Cartela de Cores PANTONE BLACK C PANTONE TRANS, WHITE PANTONE WARM GRAY 5C PANTONE WARM GRAY 1C PANTONE WARM GRAY 10 C PANTONE 421 C PANTONE COOL GRAY 11C PANTONE WARM GRAY 6C PANTONE 7541 C PANTONE COOL GRAY 10 C
  • 57. 54 4.6. CARTELA DE MATERIAIS CETINETE 100% POLIÉSTER FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS LINHO 70% RAMI 20% POLIÉSTER 10% POLIAMIDA FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS LÃ 70% ALGODÃO 30% ACRÍLICO FORNECEDOR: EXCIM TECIDOS
  • 58. 55 SARJA COM ELASTANO 97% ALGODÃO 3% ELASTANO FORNCEDOR: TECIDOS MARIEL CETIM CHARMUSSE 100% POLIÉSTER FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL ALGODÃO 100% ALGODÃO FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL TROPICAL 65% POLIÉSTER 35% VISCOSE FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL
  • 59. 56 62% ALGODÃO 35% POLIÉSTER 3% ELASTANO FORNECEDOR: TECIDOS MARIEL SENSITEL 97% POLIAMIDA 3% ELASTANO FORNECEDOR: ADVANCE TÊXTIL
  • 60. 57 4.7. CARTELA DE COMBINAÇÕES
  • 61. 58 5. COLEÇÃO DESENVOLVIDA 5.1. PLANO GERAL DA COLEÇÃO
  • 62. 59 5. 2. CROQUIS E DESENHOS TECNICOS
  • 63. 60
  • 64. 61
  • 65. 62
  • 66. 63
  • 67. 64
  • 68. 65
  • 69. 66
  • 70. 67
  • 71. 68
  • 72. 69
  • 73. 70
  • 74. 71
  • 75. 72
  • 76. 73
  • 77. 74
  • 78. 75
  • 79. 76
  • 80. 77
  • 81. 78
  • 84. 81 Trilha Sonora Take a picture, what’s inside? Ghost image in my mind Neural pattern like a spider Capillary to the centre Hold still and press the button Look through a glass onion Following the X-ray eye From the cortex to medula Analyze EKG Can you see a memory? Register all my fears On a flowchart dissapear Leave my head demagnetized Tell me wear the trauma lies In the scan of pathogen Or the shadow of my sin
  • 85. 82 5.5. CONTATOS E AGRADECIMENTOS Lauren Muzzin Grigolon E-mail: lahgrigo@hotmail.com Melina Muzzin Grigolon E-mail: melgrigo@hotmail.com
  • 86. 83 Conclusão Concluímos que a análise do processo criativo, desde sua gênese até a finalização é de extrema importância para o entendimento de uma obra. O estudo do processo de criação do filme expressionista alemão “O Gabinete do Dr. Caligari” influenciou diretamente a criação de outras obras, inclusive na moda. Sendo assim, a coleção criada a partir do filme também gera a possibilidade de influenciar outros processos criativos, formando sempre uma rede de idéias e possibilidades de criação.
  • 87. 84 REFERÊNCIAS CÁNEPA, Laura. Uma revisão do filme O Gabinete do Dr. Caligari de Robert Wiene. Revista AV, nº 5, 2005, jan-jun. FREUD, Sigmund – Textos essenciais da Psicanálise: o inconsciente, os sonhos e a vida pulsional. 3ªed. Mens Martins: Europa-America, 2001. FINKE, R. , et al Finke, Ward, and Smith Creativity and the Mind: Discovering the Genius Within. Perseus Publishing, 1995. GUILFORD, J.P. (1967). The Nature of Human Intelligence. New York: McGraw-Hill. http://2009.campinas.sp.gov.br/seplama/censo2000/wdom2000cps.htm. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://2009.campinas.sp.gov.br/seplama/publicacoes/planodiretor2006/tabelas/tab6.j pg. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://2009.campinas.sp.gov.br/seplan/censo2000/wpessoas2000cps.htm. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Das_Kabinett_des_Doktor_Caligari_1920_Po ster.jpg. Acessado em: 20 de setembro de 2010. http://homepage.mac.com/cirquefilm/vfxhistory/FIRSTS/HTML/firsts_schuftan.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://verdoux.wordpress.com/film-poster-the-silents/. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.apoioti.com.br/ecommerce_vantagens2.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010.
  • 88. 85 http://www.artknowledgenews.com/Speed_Art_Museum_Leonardo_Da_Vinci.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/plano-diretor-2006/doc/ tr_demogr.pdf. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://www.dailymail.co.uk/news/worldnews/article-1158453/Hidden-self-portrait-Da- Vinci-discovered-manuscript.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.dalera.com/cache/imagens/XPQnHCP8s7885Bu21XzJtmwZKU.pdf. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.educacional.com.br/vidainteligente/clickdigital02/e-commerce.asp. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://www.indaiatubaonline.com.br/campinas.htm. Acessado em: 5 de setembro de 2010. http://www.martinries.com/article2005DK.htm. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.mlahanas.de/Greeks/Mythology/Muse.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010. http://www.moma.org/interactives/exhibitions/2008/miro/flashsite/index.html. Acessado em: 10 de setembro de 2010. KORNIS, Mônica Almeida. História e Cinema: um debate metodológico. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 237-250.
  • 89. 86 LUBART, Todd. Psicologia da criatividade. Porto Alegre: Artmed, 2007. 192 p. MARINS, Alfredo, 2009. Disponível em: <http://www.lucianopires.com.br/idealbb /viewasp?topicID=12420> . Acessado em: 22 de Abril de 2010. NASCIMENTO, Zylpha Barros Carvalho do, 2001. Disponível em: <http://www.puc- rio.br/parcerias/sbp/pdf/23-zylpha.pdf > . Acessado em: 22 de Abril de 2010 ROBINSON, David. 2000. O gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco. SÁ, Ângelo de. A verdade. Disponível em: <http://vocacaosoberana.blogspot.com/ 2010/06/verdade.html>. Acessado em: 10 outubro de 2010. SALLES, Cecília Almeida. Redes de Criação Construção da obra de arte. São Paulo: Editora Horizonte, 2006 SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São Paulo: Annablume, 1998. SALLES, Cecilia Almeida.Crítica Genética. Uma introdução. São Paulo: EDUC,1992. SALLES, Cecília Almeida. Gesto Inacabado. Revista Principios.ed. 45. p.62, p. 63, p.64, p.65, p.66, p.67, p.68,p. 69. mai/jun/jul. SILVA, Michel. O cinema expressionista alemão. Revista Urutágua. Ed.10. agos/set/out/nov/dez. SANTAELLA, L. (1983). O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense