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“TCC”
Trabalho de Conclusão de Curso
Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva
no Campus da Pontifícia Universidade Católica:
um estudo de caso.
Pós Graduação Executiva em Meio Ambiente
10 Março de 2010 / 25 de Março de 2011
25ª Turma
Coordenador: Márcio S. S. Almeida
Marianna Carvalho Martins de Albergaria
2
COPPE/UFRJ
Trabalho de Conclusão de Curso
Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva
no Campus da Pontifícia Universidade Católica:
um estudo de caso.
Marianna Carvalho Martins de Albergaria
3
Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva
no campus da Pontifícia Universidade Católica:
um estudo de caso.
Marianna Carvalho Martins de Albergaria
Aprovado por:
_________________________________________
Prof. Márcio S. S. Almeida, Ph.D.
_________________________________________
Prof. Suzana Kahn Ribeiro, D.sc.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO
MBE/COPPE/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM
MBE – POS GRADUAÇÃO EXECUTIVA EM MEIO
AMBIENTE.
4
Á minha mãe e ao meu futuro marido.
5
Agradecimentos
A Deus por todas as oportunidades que já tive na vida e por me proteger em todos
os momentos.
À minha mãe, não apenas pelo patrocínio, mas, também, pelo apoio e
compreensão à minha vontade nos estudos e por me ajudar todas as vezes que preciso.
À toda equipe do NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio
e da Prefeitura do Campus. Sem eles, este trabalho não seria possível!
Aos meus três irmãos, que enchem minha vida de alegria e risadas, Luiz Raphael,
Felipe e Olavo. Aos demais integrantes da minha “grande” família, Maria da Glória, Paulo,
José Luiz, Glória Maria, Cristina, Renata, Pedro Henrique, Arthur, Aline, Fernanda, Alila,
Adisa, pelo apoio em todos os momentos.
Aos meus amigos do MBE – Pós Graduação executiva em Meio Ambiente que
estiveram comigo ao longo desses meses de convívio, amizade, sofrimento e diversão; em
especial Tais Laureano e Carolina Leal.
Ao Dr. Waldiney Mello pelas sugestões e discussões do presente projeto. E por
fazer parte da minha vida.
E a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho.
6
"A lata do lixo é, na verdade, o resumo da vida diurna de cada família.
É ela quem diz nas espinhas de peixes e nas cascas de ovos os pratos que houve à mesa.É
ela quem informa se, lá dentro da sala de jantar,
se toma vinho ou cerveja, água mineral ou água de torneira.
É ela que denuncia, com pedaços de jornal,
as tendências política ou sociais do dono da casa e,
com as caixas vazias, os remédios que tomam e,
consequentemente, a saúde dos moradores do prédio.
Cada lata de lixo é, em suma, a crônica doméstica de uma família,
deixada à noite à porta da rua".
(Cães da Meia Noite, Humberto de Campos, 1934)
7
Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva no campus da
Pontifícia Universidade Católica: um estudo de caso.
Marianna Carvalho Martins de Albergaria
Julho 2011
Com o avanço da urbaniza ção dos países em desenvolvimento, fato no qual o
Brasil se insere, é possível verificar o incessante aumento da produção de lixo. Para
minimizar os riscos potenciais da destinação de todo o lixo que é produzido, toma-se algumas
atitudes conhecidas com redução e reciclagem desses resíduos. A Coleta Seletiva mostra-se
como instrumento para a redução de resíduos encaminhados aos Aterros e a seleção de
resíduos passíveis de reciclagem.
A implementação de estratégias locais de gerenciamento de resíduos sólidos
contempla a participação de agentes sociais, incluindo as instituições de ensino.
Baseado nos dados do Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus e nas metas
trazidas pela Agenda Ambiental da PUC–Rio através do Convênio com o Grupo Santander
Universidades, conseguiu-se pôr em execução o Projeto de Coleta Seletiva. Foi necessário
discutir sua viabilidade, implementação, continuidade e multiplicação com diversos
departamentos, incluindo o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambienta – NIMA, o
Departamento de Engenharia Civil, Departamento de Arquitetura, Departamento de Design,
Departamento de Comunicação e a Prefeitura do Campus.
É preciso ressaltar que o processo de implantação da coleta seletiva é muito mais
do que a instalação de coletores adequados, fazendo-se necessário o planejamento e a
supervisão das diversas ações e etapas que deverão compor o Projeto. Com o aumento
gradativo da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento de ações de conscientização
da comunidade acadêmica, espera-se perceber um aumento considerável na quantidade de
material seletivo coletado no Campus da PUC-Rio.
8
Lista de Ilustrações
Figura 1 – Gráfico de Caracterização Gravimétrica do Lixo....................................................15
Figura 2 – Mapa do Campus mostrando o primeiro local onde serão implantadas as novas
lixeiras.......................................................................................................................................16
Figura 3 - Lixeiras já existentes no campus da PUC-Rio, que foram aproveitadas..................20
Figura 4 - Exemplo de lixeira removida por estar em local indevido, de acordo com as
diretrizes de Segurança no Trabalho.........................................................................................21
Figura 5 - Novas lixeiras adquiridas.........................................................................................21
Figura 6 – Imagem do Protótipo de Lixeira para o térreo do Ed. Amizade..............................22
Figura 7 - Sistema de adesivos e placas utilizados nas novas lixeiras do Projeto Coleta
Seletiva no Campus...................................................................................................................23
Figura 8 - Fotografias mostrando diferentes tipos de lixo inapropriados descartados nas
lixeiras.......................................................................................................................................24
Figura 9 – Gráfico de quantidade total de papel vendido no ano de 2011................................25
Figura10 – Gráfico de quantidade (kg) de tipos de papel vendidos em 2011...........................25
9
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Peso Específico do Lixo do Campus da PUC-Rio..................................................14
Tabela 2 – Mídias Internas da PUC-Rio e quantidade de veiculação.......................................38
10
Lista de Siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técncicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
NBR - Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente
ONU – Organização das Nações Unidas
PUC-RJ- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
COPPE/UFRJ
11
Sumário
Introdução....................................................................................................................................12
Objetivos...............................................................................................................................16
Desenvolvimento..........................................................................................................................18
Criação da Agenda Ambiental..............................................................................................18
Implementação do Projeto de Coleta Seletiva da PUC-Rio .................................................22
Viabilização Financeira ........................................................................................................28
Instalação de Novos Equipamentos......................................................................................30
Comunicação Visual.............................................................................................................32
Resultados Preliminares .......................................................................................................33
Campanhas de Conscientização............................................................................................35
Divulgação............................................................................................................................37
Conclusão .....................................................................................................................................40
Referencias bibliográficas...........................................................................................................42
12
Introdução
Nosso país chegou ao início do séc. XXI com uma população estimada de 170
milhões de habitantes e taxa de crescimento demográfico em torno de 1,4% ao ano. População
esta que vem se concentrando nas áreas urbanas devido a fatores como a migração interna,
mecanização da agricultura, processos de industrialização, busca de oportunidade de emprego
e qualidade de vida (GOMES, 2009).
Com a progressiva urbanização dos países em desenvolvimento, fenômeno no
qual o Brasil se insere, pode-se verificar o crescente aumento da produção de lixo e o
acentuado problema em relação à disposição, destinação e tratamento desses resíduos sólidos
(GOMES, 2009).
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR
10004:2004, elaborada pela Comissão Temporária de Resíduos Sólidos, os resíduos sólidos
são classificados por suas características. Assim são considerados os resíduos em estado
sólido e semi-sólido, aqueles relativos ao resultado do conjunto de atos realizados em ações
de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços ou, ainda, de
varrição (GOMES, 2009).
“A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do processo ou
atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a comparação
destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio
ambiente é conhecido.
A segregação dos resíduos na fonte geradora e a identificação da sua origem
são partes integrantes dos laudos de classificação, onde a descrição de matérias-primas,
de insumos e do processo no qual o resíduo foi gerado devem ser explicitados. A
identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser
estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu
origem”.
13
Ainda estão inclusas nesta classificação os lodos gerados em equipamentos e
instalações para controle de poluição, lodos oriundos dos sistemas de tratamento de água e
líquidos inadequados para serem despejados nas redes públicas de esgoto ou corpos de água,
bem como líquidos que exijam estratégias inviáveis do ponto de vista técnico-econômico,
mesmo em face dos avanços tecnológicos disponíveis.
Os princípios básicos que propõem minimizar os riscos potenciais, gerados pela
destinação dos resíduos sólidos, norteiam-se na redução, reutilização e reciclagem desses
resíduos, principalmente nos centros urbanos, áreas densamente povoadas que,
freqüentemente, concentram graves problemas relacionados à disposição do lixo no solo, por
exemplo. E, além disso, a necessidade iminente de estabelecer técnicas e políticas públicas
que diminuam a quantidade desses resíduos dispostos no solo.
Primeiramente, o planejamento de tais estratégias deve considerar sua viabilidade
em múltiplos aspectos, como sugerido por BRINGHENTI (2004).
“1- Coleta Seletiva com Resgate de Cidadania - com foco principal no
aspecto social, deixando no segundo plano princípios técnicos e econômicos;
2 – Coleta Seletiva como Estratégia de Marketing - onde o foco é a
divulgação da entidade que promove o programa. Nesse caso, princípios técnicos e
econômicos dos gerenciamentos podem ficar em segundo plano.
3 – Coleta Seletiva como Instrumento de Gerenciamento Integrado de
Resíduos - visão que pressupõe o envolvimento da sociedade e a integração da coleta a um
sistema amplo onde todos os resíduos são trabalhados de forma integrada.”
Bringhenti (2004) avalia que, na prática, a maioria das estratégias adotadas para
os programas de coleta seletiva desenvolvidos no país adota os enfoques 1 e 2, o que, segundo
a mesma, “dificulta, e até pode comprometer, o alcance da sustentabilidade desses
programas”.
14
Os custos para a implementação de uma estratégia que adote o enfoque 3 (i.e.
coleta seletiva como instrumento de gerenciamento integrado de resíduos), concorrem
diretamente com a necessidade de adequar o planejamento e sua execução, considerando a
utilização de técnicas apropriadas de manejo, integradas a conceitos interdisciplinares de
Engenharia Sanitária, Economia, Administração e Biologia (BRINGHENTI, 2004).
Os princípios básicos citados são freqüentemente utilizados para sensibilizar o
público consumidor de bens para que este concentre seu capital em produtos que contemplem
o uso de embalagens retornáveis, reutilizáveis e recicláveis.
Em contrapartida, essa ação é uma grande aliada no equacionamento dos
problemas ligados aos resíduos, pois retira os materiais recicláveis da rota tradicional de
descarte e possibilita seu retorno ao processo produtivo, gerando benefícios ao ambiente.
Contudo, principalmente nos grandes centros urbanos, a sensibilização do
consumidor encontra barreiras político-econômicas, barreiras estas que tornam maior o tempo
gasto na implementação de estratégias de redução, reutilização e reciclagem de resíduos
sólidos.
De acordo com dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010,
publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais –
ABRELPE a geração de resíduos sólidos, no Brasil, novamente registrou um crescimento
expressivo de 2009 para 2010, superando a taxa de crescimento populacional urbano que foi
de cerca de 1% no período.
Segundo a ABRELPE, embora tenha havido uma discreta evolução, em termos
percentuais, na destinação final adequada de resíduos sólidos no ano de 2010, comparando
com o ano de 2009 – 56,8%, em 2009; 57,6%, em 2010 –, a quantidade de resíduos sólidos
destinados inadequadamente cresceu e quase 23 milhões de toneladas de resíduos sólidos
15
seguiram para os lixões ou aterros controlados, trazendo consideráveis danos ao meio
ambiente no país.
A necessidade iminente de selecionar e planejar estratégias que viabilizem o
gerenciamento e destinação dos resíduos sólidos se justifica, entre muitos fatores, pelo risco
potencial que estes resíduos representam à saúde pública e ao ambiente.
Os resíduos lançados a céu aberto acarretam problemas de saúde pública, como a
proliferação de vetores de doenças, geração de maus odores, poluição do solo e das águas
superficiais e subterrâneas através do chorume, líquido de cor preta, mal cheirosa e de elevado
potencial poluidor produzido pela matéria orgânica contida no lixo (FIGUEIREDO,1998).
Um dos instrumentos mais eficientes de gestão ambiental para estes problemas,
aplicado em muitos países, é o da coleta seletiva. Este instrumento gestor objetiva a
recuperação de materiais recicláveis (BRINGHENTI, 2004).
Conforme demonstrado pelas pesquisas desenvolvidas no Brasil, em 2002, pelo
Compromisso Empresarial com a Reciclagem (CEMPRE), cerca de 5.661 municípios utilizam
programas de coleta seletiva, com cerca de 192 experiências implantadas em funcionamento.
Entretanto, há outra parcela importante da população brasileira que encontra-se associada a
atividades informais de coleta seletiva.
Ao contrário do que intuitivamente se poderiam acreditar, os custos dos
programas de coleta seletiva não são cobertos pelos custos das vendas dos produtos, o que se
observa em todo o mundo. O custo líquido do processo de coleta seletiva por tonelada é maior
que o custo do simples aterramento do resíduo. Conseqüentemente, a decisão de adotar um
determinado programa de coleta é uma questão mais de gestão de resíduos do que de
gerenciamento, cabendo à comunidade investir mais ou menos na valorização dos resíduos e
da cidadania, fazendo um balanço entre sua possibilidade financeira e os benefícios do ponto
de vista de sustentabilidade e cidadania (TENÓRIO & ESPINOSA, OP.CIT.).
16
Gomes (2009) sugere que a temática envolvendo os resíduos sólidos e suas
vertentes de disposição, apresentam condições favoráveis que colaboram para promover
estratégias de conscientização quanto ao estabelecimento de políticas publicas, objetivando
promover certas mudanças de hábitos nos cidadãos. O processo de conscientização é,
freqüentemente, longo e exige a implementação de múltiplas técnicas que viabilizem
estabelecer vínculos entre a atividade humana e o ambiente. Tais vínculos devem contemplar
também as diferenças socioculturais e, ainda, político-econômicas. Esta conexão gera uma
identificação entre as atividades humanas e suas conseqüências para o meio ambiente,
possibilitando a conscientização quanto á necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar os
resíduos originados em tais atividades.
A implementação de estratégias locais de gerenciamento de resíduos sólidos
contempla a participação local de certos agentes sociais, que inclui instituições de ensino em
todo o mundo. Por seu caráter educacional e de pesquisa, tais instituições constituem um
agente importante de criação, pesquisa, inovação e multiplicação de técnicas e de agentes
ligados ao manejo de resíduos sólidos.
Embasada nesta filosofia e na busca de alternativas sustentáveis, a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro vive, atualmente, a implementação do Projeto de
Coleta Seletiva, como previsto em sua Agenda Ambiental.
Objetivos
O presente estudo objetiva:
1- Demonstrar experiências adquiridas com a instalação de um Projeto de Coleta
Seletiva no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro;
2- Apresentar os resultados preliminares obtidos junto à comunidade acadêmica
com este projeto;
17
3- Detalhar os aspectos mais importantes para seu planejamento, viabilidade e
implementação;
4- Apresentar a importância deste projeto.
18
Desenvolvimento
Criação da Agenda Ambiental
Em 2007, a Organização das Nações Unidas, por intermédio de seu Secretario
Geral, Ban Ki-Moon, promoveu o Colóquio Global de Reitores de Universidades. Realizado
na Universidade de Nova York, o encontro teve como objetivo principal reunir reitores de
universidades de todo o mundo para integrar um comitê assessor para discutir sobre mudanças
climáticas. Entre os 28 reitores de universidades, estava representada a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) pelo então, Pe. Jesus Hortal Sanchez, e o
professor Fernando Walcacer, Vice-diretor do NIMA e professor do Departamento de Direito
da Universidade.
No encontro internacional, representantes de diversas Universidades discutiram
sobre as estratégias necessárias que poderiam ser realizadas dentro e fora de seus respectivos
Campi, as quais seriam voltadas a sustentabilidade. A partir deste encontro, a PUC-Rio
iniciava seu compromisso objetivando tornar-se uma Universidade Sustentável, assim como
outras instituições de reconhecimento internacional. Tal compromisso exigiria planejamento
constante e inúmeros cuidados na implementação de projetos viáveis que possibilitassem a
realização plena deste objetivo em longo prazo, tornando-se uma referencia em uma das
maiores metrópoles do Brasil (e.g. Rio de Janeiro), que vivencia problemas em relação ao
meio ambiente sob diversos aspectos.
Apos o Colóquio Global de Reitores das Universidades, a PUC-Rio iniciou suas
ações solicitando que os departamentos mais envolvidos nas questões ambientais se
reunissem para constituir um planejamento pautado na responsabilidade social e ambiental.
(começando dentro da própria Universidade). Tal planejamento objetivou implementar
estratégias que a tornassem, a longo prazo, uma Universidade Sustentável de referencia. A
19
reunião de diversos departamentos evidenciava o caráter interdisciplinar, promovendo o
engajamento da comunidade Universidade como um todo. Uma Comissão de Sustentabilidade
foi criada pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) da PUC-Rio, e diversas
reuniões foram realizadas para discutir dados técnicos e propostas referentes a materiais e
resíduos, água, energia, biodiversidade e educação ambiental.
Em 2009, essas discussões transformaram-se em metas claras. Criou-se, então, a
Agenda Ambiental da PUC-Rio. Trata-se da primeira iniciativa realizada por uma
Universidade brasileira a reunir um plano de metas que contempla a visão de sustentabilidade
a partir de um grupo multidisciplinar, a Comissão de Sustentabilidade, envolvendo toda a
comunidade acadêmica, composta por alunos, professores, funcionários e colaboradores.
Dessa forma, o plano de metas teria a abrangência de diversos saberes, pontos de
vista técnicos, culturais e socioeconômicos, aumentando as chances de atingir seus objetivos
em promover uma Universidade sustentável, contemplando propostas que tornassem possíveis
o envolvimento, desses vários setores da comunidade acadêmica e ampliando as
possibilidades de conscientização e engajamento.
A Agenda Ambiental é composta por diretrizes e metas a serem aplicadas em
curto, médio e longo prazos. Por conseguinte, já em 2010, apenas cerca de três anos após a
realização do encontro promovido pela ONU, as diretrizes e metas foram levadas a todos os
alunos da PUC-Rio por intermédio da divulgação de centenas de cópias da Agenda
Ambiental.
O Reitor Pe. Jesus Hortal Sànchez S.J. divulgou, em seu discurso perante a
Assembléia Universitária, em dezembro de 2009, à comunidade acadêmica, e através do
Jornal da PUC em 2010, que o documento seria “uma agenda a ser cumprida”.
Recentemente, o novo Reitor Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J. afirmou no Jornal
da PUC sua intenção de colocar em prática as medidas de curto prazo até o final de 2011,
20
assegurando seu desejo em considerar a Agenda Ambiental como uma meta institucional,
incluindo-a, ainda, como parte das comemorações dos 70 anos da Universidade em 2010.
A Agenda Ambiental busca a implementação de uma série de atitudes coletivas
dentro do campus, que visem alcançar a sustentabilidade em múltiplos aspectos (e.g.
atmosfera, energia, biodiversidade, água, materiais, resíduos e educação ambiental), os quais
constituem a base deste projeto maior.
O primeiro resultado da Agenda Ambiental surgiu em 2010: o Green Metric
World University Ranking, promovido pela Universidade da Indonésia, classificou a PUC-
Rio em 55º lugar entre as Universidades que estão cumprindo metas de ações que visem
alcançar a sustentabilidade.
Tal órgão avaliou, através de dados enviados por 95 Universidades, a efetividade
das respectivas ações das instituições de ensino superior do mundo, diante dos problemas
ambientais. A PUC-Rio foi a única representante do Rio de Janeiro. Apenas outras duas
universidades brasileiras participaram, sendo elas a Universidade de São Paulo (25º lugar) e a
Universidade Federal de São Paulo (63º lugar).
Do tema Resíduos da Agenda Ambiental constam as seguintes diretrizes e metas:
Diretrizes
Tornar o reuso e a reciclagem de materiais uma prática cotidiana dentro da
Universidade.
Estimular articulações com a comunidade do entorno para que os excedentes
de nutrientes e matéria reciclada possam ser utilizados pela população circunvizinha.
Estimular a pesquisa em tecnologias de reciclagem e reaproveitamento de
resíduos.
21
Assumir as responsabilidades socioambientais por todos os resíduos
descartados na Universidade.
Metas
CURTO PRAZO
Mapear os fluxos de dados de descarte dos resíduos.
Estimular a coleta seletiva de resíduos descartáveis.
Promover campanhas de conscientização que possam contribuir para
modificar, progressivamente, os padrões vigentes de consumo.
Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que estimulem a coleta
seletiva e a reciclagem dos resíduos na Universidade.
MÉDIO PRAZO
Implantar um programa de reciclagem e reuso de computadores no Campus.
Implantar um centro de reciclagem na Universidade.
Implantar um sistema de coleta seletiva de lixo na Universidade.
Implantar sistemas de gestão sustentável de resíduos sólidos – piloto.
Monitorar os fluxos de dados de descarte de resíduos.
Promover o estabelecimento de normas e estratégias para os restaurantes e
lanchonetes, no que diz respeito ao descarte de materiais no Campus.
Implantar programas de treinamento para funcionários que manejem
diretamente com os resíduos que serão reutilizados ou reciclados.
Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que definam estratégias
de descarte consciente na universidade.
Desenvolver projetos de pesquisas sobre reciclagem e reuso.
22
LONGO PRAZO
Reutilizar ou reciclar todos os resíduos produzidos no Campus.
Promover parcerias com as comunidades do vale da Gávea, organizando
sistemas de cogestão para os processos de reciclagem de resíduos produzidos.
Garantir espaços para o fluxo, armazenamento e reciclagem dos resíduos
descartados na Universidade.
Implantar sistemas de gestão sustentável de resíduos sólidos no Campus.
Implementação do Projeto de Coleta Seletiva da PUC-Rio
Como etapa inicial para o gerenciamento do Projeto de Resíduos Sólidos da PUC-Rio,
optou-se por analisar o Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus da PUC–Rio realizado
por Gomes (2009).
Do diagnóstico consta o plano de amostragem de resíduos sólidos para o Campus da
PUC-Rio, cujo objetivo é construir uma amostra representativa que apresente as mesmas
características de sua massa total e dados importantes para a análise do resíduo.
Na metodologia levou-se em conta fatores limitantes como: tamanho da amostra,
recursos disponíveis, mão-de-obra treinada e prazo determinado para conclusão do trabalho.
A Prefeitura do Campus e a Empresa Sodexo firmaram um contrato para que uma parcela
considerável do lixo, de cada turno, fosse depositada em uma caçamba separada – não
podendo ser compactado – para que no dia seguinte, pela manhã, fosse possível fazer a
amostragem, como sugerido por Gomes (2009).
Dos dados analisados acerca dos resíduos sólidos, os mais importantes para o Projeto
são: o peso específico do lixo total, taxa de geração per capita e caracterização gravimétrica,
incluindo a porcentagem de cada material encontrado na amostragem. O cálculo do peso
23
específico obtido é importante, pois, segundo Gomes (2009), este determina o peso do lixo
em função do volume por ele ocupado, influenciando, assim, no sistema de gerenciamento do
lixo e no dimensionamento de instalações e equipamentos.
Ainda de acordo com Gomes (2009) o cálculo da taxa de geração per capita indica a
quantidade de lixo gerada por habitante num determinado período de tempo. Por referir-se aos
volumes coletados e à população atendida, também é fundamental para o planejamento do
sistema de gerenciamento do lixo, bem como no dimensionamento de instalações e de
equipamentos.
A composição ou caracterização gravimétrica constitui-se na determinação da
porcentagem (em peso) de cada material que compõe uma amostra de resíduos.
Schneider et al. (2002) acreditam que a caracterização de resíduos urbanos, se
sistemática e continuada, permite avaliar as variações na composição dos resíduos em função
de aspectos culturais e climáticos, mas, sobretudo, possibilita o planejamento do
gerenciamento dos resíduos e de estratégias de educação ambiental.
Do mesmo modo, para Pessin et al. (2006), diagnosticar a composição dos resíduos
gerados de maneira gravimétrica é importante para sua gestão, permitindo que esta seja
realizada de forma correta e ambientalmente segura.
Os resultados obtidos pelo Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus da PUC-
Rio em 2009 (Gomes):
Para determinar o peso específico dos resíduos do Campus foi essencial pesar os
contêineres preenchidos com o lixo do quartamento e diminuir a tara de cada um, para, a
princípio, estipular o peso do resíduo conforme demonstrado na Tabela 1.
24
Tabela 1 – Peso Específico do Lixo do Campus da PUC-Rio
Peso dos Resíduos sólidos da PUC-Rio
Contêiner Peso (kg) Tara (kg) Peso do resíduo (kg)
1 32,8 14,700 18,100
2 36,3 14,400 21,900
3 35,1 14,200 20,900
4 33,2 14,200 19,000
Em seguida, o peso específico é calculado:
Peso específico = 79,900kg / 0,225m³
Peso específico = 0,36t/m³ (9)
Por sua vez, para definir a taxa de geração per capita do Campus da PUC-Rio e a
quantidade de lixo gerada foi essencial medir o volume de lixo coletado e encaminhado à
disposição final – quantitativo calculado através da pesquisa de campo –, além da população
usuária atual, para calcular uma estimativa.
Logo, tem-se o valor de 5.556,745 kg que corresponde ao volume diário de lixo
coletado e 18.700 pessoas (hab.), que representa o número de geradores em potencial da PUC-
Rio estimado pela Prefeitura do Campus.
Com isso calcula-se:
Geração per capita = 5.556,745 kg / 18.700hab. = 0,297 kg/hab.
O componente papel corresponde a 34% da totalidade dos resíduos da PUC-Rio, e
o papelão 3%. É sabido que parte do papel dos Departamentos é direcionada à reciclagem,
porém esse ato ainda não é uma constante e abrange somente poucas áreas dentro da
Universidade. Contudo, esse material ainda é direcionado ao lixo juntamente com o grande
volume de papel coletado nos sanitários.
25
As embalagens plásticas representaram 8% (figura 1) do total dos resíduos
analisados. O plástico fino representa 7% dos componentes do lixo na análise da PUCRio.
O alumínio, material completamente reciclável, correspondeu à porcentagem
ínfima de 1% do material analisado. Isto se dá devido à grande procura deste material para
revenda, já que seu valor no mercado da reciclagem é o mais alto dentre os materiais com essa
propriedade.
Figura 1 – Gráfico de Caracterização Gravimétrica do Lixo.
Através desse diagnóstico, a Consultora Técnica do Projeto de Coleta Seletiva,
conseguiu calcular os volumes de lixo gerados e o tamanho que as novas lixeiras deveriam
ter, dependendo de onde estarão. O Campus foi divido em áreas (figura 2), ficou resolvido
que essa primeira parte do projeto deveria contemplar toda área II, onde estão localizados: o
Edifício Amizade com as Alas Kennedy e Frings, a Vila dos Diretórios, Casa 209 do Serviço
26
Social, Casa do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), Guaritas, Lanchonetes Fastway e
Japaway e Bandejão.
Figura 2 – Mapa do Campus mostrando o primeiro local onde serão implantadas as novas
lixeiras.
Baseado nos dados citados acima e nas metas trazidas pela Agenda Ambiental da
PUC–Rio através do Convênio com o Grupo Santander Universidades, conseguiu-se pôr em
execução o Projeto de Coleta Seletiva. A Campanha de Papel, lançada durante a XVI Semana
de Meio Ambiente, realizada em Junho de 2010, foi incorporada ao Projeto e passou a ser
supervisionada pela Equipe do Projeto a partir de Janeiro de 2011. Algumas lixeiras já
existentes no Campus, também foram reaproveitadas.
ÁÁRREEAA II
ÁÁRREEAA IIII
ÁÁRREEAA IIIIII
ÁÁRREEAA IIVV
DDEEPPÓÓSSIITTOO
27
O Projeto tem como objetivos gerais alcançar metas da Agenda Ambiental,
implementar um sistema de coleta seletiva de lixo no Campus e a destinar de forma correta os
resíduos coletados.
E apresenta, como objetivos específicos:
1– Continuar a coleta de papel, através da Campanha da Reciclagem do Papel.
Aumentar a quantidade de papel coletado e destinado corretamente.
2– Coletar todo tipo de plástico passível de reciclagem (Exemplos: Sacos, sacolas,
Copos e Garrafas). Fazer a separação primária de tampas e garrafas e dar a destinação correta
aos materiais.
3– Coletar alguns tipos de metais encontrados no Campus, como: Latas, arames e fios.
4– Incentivar a separação do lixo através de cartazes e campanhas em mídias internas
da Universidade.
5– Treinar funcionários que manejem diretamente os resíduos.
Com o correto funcionamento do Projeto de Coleta Seletiva e a cooperação de toda a
comunidade PUC, como funcionários, professores e, principalmente, alunos, algumas metas
de curto prazo e de médio prazo da Agenda Ambiental serão alcançadas, sendo elas:
CURTO PRAZO
Estimular a coleta seletiva de resíduos descartáveis.
Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que estimulem a coleta
seletiva e a reciclagem dos resíduos na Universidade.
MÉDIO PRAZO
Implantar um sistema de coleta seletiva de lixo na Universidade.
28
Implantar programas de treinamento para funcionários que manejem
diretamente os resíduos que serão reutilizados ou reciclados.
Para melhor gerenciar as atividades do Projeto, optou-se por seguir essas metas ao
longo deste trabalho, colaborando na viabilização em equipe do Projeto de Coleta Seletiva na
PUC-Rio.
Foi necessário discutir sua viabilidade, implementação, continuidade e multiplicação
com diversos departamentos, incluindo o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambienta – NIMA,
o Departamento de Engenharia Civil, Departamento de Arquitetura, Departamento de Design,
Departamento de Comunicação e a Prefeitura do Campus.
Viabilização Financeira
A implementação e manutenção de projetos relacionados ao destino e manejo
de resíduos sólidos requer, em diversos casos, a existência de um financiamento contínuo que
permita atingir não apenas metas de curto prazo, mas também de médio e, especialmente,
longo prazo.
Dessa forma, fez parte do planejamento de gerenciamento atrair um agente de
fomento interessado no Projeto de Coleta Seletiva na Universidade.
Foi importante para o Projeto formular um orçamento viável tanto para sua
implementação e gerenciamento, quanto para a instituição interessada em subsidiá-lo.
Ao realizar o planejamento, foram observados alguns aspectos do orçamento, como recursos
humanos para realização do Projeto com êxito, bem como os materiais necessários à execução
do Projeto.
A decisão de adotar o Projeto de Coleta Seletiva e a questão da gestão de resíduo
foi levada a efeito, sempre pensando em levar a comunidade acadêmica a investir mais ou
29
menos na valorização dos resíduos e da cidadania, e a fazer um balanço entre sua
possibilidade financeira e os benefícios do ponto de vista de sustentabilidade e cidadania
(Tenório & Espinosa, op.cit.).
Desta forma, o Projeto Coleta Seletiva da PUC-Rio, integrante do Projeto
Agenda Ambiental em Ação, foi contemplado pelo Grupo Santander Universidades por meio
da Divisão Global Santander Universidades com um convênio de colaboração acadêmica.
Após considerar o orçamento, a viabilidade do Projeto e a forma de
gerenciamento, proposto pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio, o
Grupo Santander Universidades apoiou a iniciativa e passou a oferecer meios para fomentar
as ações e os projetos de aprimoramento de técnicas, ensino e pesquisa junto a comunidade
acadêmica para a execução do Projeto de Coleta Seletiva.
O reitor da PUC, Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J. e o diretor geral do Santander
Universidades Brasil, Jamil Hannouche, assinaram, em 20 de junho, o documento que selou o
acordo entre as instituições, lembrando que a PUC já tem um histórico ambiental no
currículo.
A realização do Projeto de Coleta Seletiva torna a Universidade pioneira na
construção de uma Agenda Ambiental no Brasil, seguindo os parâmetros propostos pela
Agenda 21, um dos compromissos firmados na Conferência Mundial do Meio Ambiente, em
1992, a ECO 92, em prol do desenvolvimento sustentável (Cavalcanti, 2000).
A participação do Grupo Santander Universidades tornou-se primordial para
estimular a busca de soluções sustentáveis, criativas, interdisciplinares, viáveis e aplicáveis
aos processos de implantação do Projeto Coleta Seletiva.
Segundo o orçamento sugerido - e, posteriormente implementado - os custos em
recursos humanos perfazem 48% do total; sendo 52% do orçamento destinado aos materiais
necessários à realização do Projeto.
30
Instalação de Novos Equipamentos
O Campus possuía três conjuntos de lixeiras seletivas que não eram utilizadas. Na
verdade, os transeuntes não se empenhavam na seletividade do material e os funcionários da
limpeza misturavam todo o material. Portanto, essas lixeiras não tinham nenhum objetivo.
As lixeiras foram retiradas dos locais onde se encontravam e foram
reaproveitadas, depois de realocadas. Um conjunto de lixeiras foi direcionado à Estação de
Educação Ambiental (figura 3) e as outras duas foram para o Centro de Biologia Graziela
Maciel Barroso.
Figura 3 - Lixeiras já existentes no campus da PUC-Rio, que foram aproveitadas.
Lixeiras que já existiam no campus foram removidas, pois não contemplavam a
seletividade de material e algumas estavam dispostas em locais inapropriados de acordo com
as normas de Segurança no Trabalho (figura 4).
31
Figura 4 - Exemplo de lixeira removida por estar em local indevido, de acordo com as diretrizes de Segurança no
Trabalho.
Novas lixeiras foram adquiridas (figura 5). Este material é inovador no
Campus, e se adéqua ao Projeto de Coleta Seletiva em todos os seus aspectos. As cores
obedecem ao padrão universal e as tampas possuem aberturas específicas para cada tipo
material. Deve-se observar que são muito utilizadas atualmente.
Figura 5 - Novas lixeiras adquiridas.
Para o térreo do Ed. Amizade foi necessário projetar uma estrutura (figura 6) para
fixar as lixeiras, já que no local há muita incidência de ventos.
32
Figura 6 – Imagem do Protótipo de Lixeira para o térreo do Ed. Amizade.
Comunicação Visual
Optou-se por utilizar adesivos nas próprias lixeiras para informar quais são os
materiais passives de reciclagem do Campus.
Nas estruturas encontradas do Pilotis (térreo) do Edifício Amizade cartazes
(figura 7) também foram presos em cima das lixeiras, para facilitar a leitura do transeunte.
33
Figura 7 - Sistema de adesivos e placas utilizados nas novas lixeiras do Projeto Coleta Seletiva no Campus da
Resultados Preliminares
Um dos problemas mais observados no início da implementação da Coleta
Seletiva no Campus da PUC-Rio foi o descarte de certos tipos de resíduos em locais errados.
Observou-se que vários tipos de resíduos foram e são, em muitos casos, misturados a outros
erroneamente em lixeiras inapropriadas (figura 8).
O fenômeno foi detectado em relatórios freqüentes do Núcleo Interdisciplinar de
Meio Ambiente. A principal estratégia utilizada para procurar resolver o problema está sendo
conscientizar a comunidade acadêmica, promovendo palestras informativas e treinamentos,
iniciando um processo de identificação da comunidade acadêmica e seu importante papel para
o sucesso do Projeto, e, por extensão, da Agenda Ambiental da PUC-Rio.
34
Figura 8 - Fotografias mostrando diferentes tipos de lixo inapropriados descartados nas lixeiras.
Através do contínuo acompanhamento da Campanha do Papel, que ainda é
gerenciada pela Prefeitura o Campus, mas também, supervisionada pela equipe do projeto de
Coelta seletiva. Pode-se ter uma estatística da quantidade de papel que é gerada em todos os
departamentos e conseqüentemente destinada a correta destinação. Todo esse material é
vendido para a Empresa Aparas Prainhas e o lucro é revertido para a própria Prefeitura, que
realizada doações de cestas básicas mo fim do ano, entre outras atividades.
A quantidade de papel (figura 9 e 10) mostrou-se invariável. Acredita-se que com
a melhor divulgação do projeto, a quantia tem de a aumentar.
35
Figura 9 – Gráfico de quantidade total de papel vendido no ano de 2011.
Figura10 – Gráfico de quantidade (kg) de tipos de papel vendidos em 2011.
Campanhas de Conscientização
Inicialmente, foram realizados treinamentos e palestras voltados à comunidade
acadêmica.
36
Duas palestras específicas sobre o Projeto de Coleta Seletiva aconteceram durante
a XVII Semana de Meio Ambiente da PUC. A primeira ministrada pelo Professor Tácio de
Campos, no dia 06 de Junho. A segunda ministrada pela Consultora Técnica do projeto
Patrícia Gomes e pela Gerente Operacional, Marianna Albergaria, executora do Projeto, no
dia 09 de Junho. Desta forma, alunos, funcionários e professores puderam entender melhor o
projeto.
O primeiro treinamento, levado a efeito pela Gerente Operacional do Projeto,
Marianna Albergaria, especifico para funcionários aconteceu no dia 04 de Julho, com a
participação de sessenta funcionários, representantes de Departamentos e Unidades da PUC-
Rio.
Nestes eventos, ocorreram palestras informativas sobre o compromisso da PUC-
Rio com as metas da Agenda Ambiental e a importância do engajamento de toda a
comunidade acadêmica no sentido de tornar a Universidade uma referência em
sustentabilidade.
O treinamento possui diversas etapas, e ainda encontra-se no início de sua
implementação.
Nos treinamentos realizados junto aos funcionários, procurou-se destacar a
importância da participação individual e coletiva no processo da coleta seletiva para o correto
funcionamento e continuidade do Projeto. Com isso, busca-se incentivar a seletividade do lixo
dentro dos Departamentos, fazendo com que os funcionários se transformem em
multiplicadores dentro dos Departamentos em que atuam.
Além disso, ressaltou-se os materiais passíveis de reciclagem, e apontou-se falhas
na seletividade, exemplificando com fotos de materiais erroneamente encontrados em lixeiras
inadequadas, sempre sublinhando que o processo de implantação da coleta seletiva deve ser
muito mais do que a mera instalação de coletores adequados, mas, uma ação efetiva, que
37
necessita de planejamento constante e mudança da postura do ser humano frente à geração
dos resíduos. Ou seja, um processo de reeducação, de mudança de cultura.
Com isso, esperamos o aumento gradativo da área de abrangência do projeto e o
desenvolvimento de ações de conscientização da comunidade acadêmica, o que tornará
possível perceber o aumento na quantidade de material coletado no campus da PUC-Rio.
Os dados presentes no estudo foram utilizados para apresentar, durante os
treinamentos e palestras, a quantidade de lixo gerada no campus da PUC-Rio, a quantidade
reduzida esperada e os materiais passíveis de reciclagem encontrados dentro do campus.
Também, foram abordados os materiais que não podem ser reciclados e sua destinação e
tratamento adequados, além dos passos futuros do Projeto.
Divulgação
A forma de divulgação do Projeto utilizou camisas, panfletos explicativos, mídia
interna da PUC e mídia eletrônica. A divulgação alcançou um vasto público durante a
realização de eventos no Campus, como a XVII Semana de Meio Ambiente, quando utilizou-
se o método de estêncil limpo para incentivar a reciclagem. O evento mostrou-se uma ótima
oportunidade para a divulgação do Projeto de Coleta Seletiva no Campus.
Um protótipo de lixeira interativa foi desenvolvido por alunos do segundo período
do Curso de Desenho Industrial, e exposto no evento. O Núcleo Interdisciplinar de Meio
Ambiente viabilizou uma exposição de fotos dos lixos depositados na Baía de Guanabara,
idealizadas também por alunos do Segundo Período do Curso de Desenho Industrial.
A divulgação através de Mídias Internas da PUC é imprescindível por conseguir
atingir um grande número de pessoas, como pode ser visto na tabela 2.
38
Tabela 2 – Mídias Internas da PUC-Rio e quantidade de veiculação
Tipo de Mídia Quantidade
Aprox. 3.500 exemplares por
quinzena. Público: comunidade PUC,
ex-alunos e frequentadores da Igreja
do Sagrado Coração de Jesus.
6 mil exemplares por semana
público: comunidade PUC
- 5 monitores de LCD de 42”
- funciona das 7h às 23h
- conteúdo produzido pelo Projeto
Comunicar.
39
Assessoria de Comunicação
da PUC-Rio
Divulgação da campanha nas mídias
institucional e externa da campanha.
Clipping das reportagens sobre a
campanha veiculadas na mídia.
Marcação e acompanhamento de
entrevistas com os promotores da
campanha.
Departamento de Comunicação
Site com conteúdo de jornal, rádio e
televisão com atualização diária.
- 4 programas exibidos no canal 11
da NET
O Estação Pilh@ conta com 10
canais de entrevistas, fotos, músicas,
charges, jogos e trívias. Divulga as
produções científico-culturais da
Universidade e fatos externos de
interesse acadêmico.
Programa Rrevista Jovem
(veiculação semanal, aos sábados,
13h, na Rádio Catedral, 106,7 FM)
40
Conclusão
As atividades que começaram com a implantação de um conjunto de coletores
seletivos em um dos blocos de grande circulação ainda estão em fase de implantação.
Pretendemos, ao final de 2011, alcançar 100% de abrangência do Campus.
Contudo, é preciso ressaltar que o processo de implantação da coleta seletiva é
muito mais do que a instalação de coletores adequados, fazendo-se necessário o planejamento
e a supervisão das diversas ações e etapas que deverão compor o Projeto.
Com o aumento gradativo da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento
de ações de conscientização da comunidade acadêmica, espera-se perceber um aumento
considerável na quantidade de material seletivo coletado no campus da PUC-Rio.
Espera-se, com as ações de treinamento, conscientização e educação ambiental e a
colaboração da comunidade acadêmica, um aumento significativo nessa quantidade de
material.
O acompanhamento e fortalecimento do projeto são realizados por parte do NIMA
– Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio e por alunos do Curso Técnico em
Meio Ambiente do Colégio Pedro II, estagiários desta entidade, que monitoram os espaços
destinados à Coleta Seletiva.
As principais atividades desempenhadas por esses alunos têm como objetivos
principais observar o estado dos equipamentos, o volume e os tipos de materiais colocados
nos depósitos; prestando esclarecimentos sobre a dinâmica do Projeto como um todo.
Desta forma, o presente estudo de caso visa analisar a contribuição do Núcleo
Interdisciplinar de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro na
sensibilização da comunidade universitária e da população em geral quanto à redução e
reciclagem dos resíduos gerados, promovendo o Projeto Coleta Seletiva no Campus e
estudando as formas de reduzir, reaproveitar e reciclar esses resíduos, visto que os problemas
41
relacionados aos resíduos sólidos, especificamente os relativos à geração e ao destino final
constituem, sem dúvida alguma, um dos grandes desafios a serem equacionados pelas
sociedades modernas.
Sendo assim, pode-se afirmar que a implantação do Projeto Coleta Seletiva
implica, além de promover o correto tratamento dos resíduos sólidos produzidos pela
comunidade acadêmica, em um processo de reeducação, de mudança de cultura, de
comportamento, ética, hábitos e atitudes com relação às questões ambientais.
42
Referencias bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS PÚBLICAS E RESÍDUOS ESPECIAIS
- ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2009. Disponível em
http://www.abrelpe.org.br/panorama_2010.php. Acessado em 10 de fevereiro
de 2011.
BRINGHENTI, J. Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Urbanos: Aspectos
Operacionais e da Participação Da População, 2004.
COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM/INSTITUTO DE
PESQUISAS TECNOLÓGICAS – CEMPRE/IPT. Lixo Municipal: Manual de
Gerenciamento Integrado. 2a
edição. São Paulo. 2000.
GOMES, P.G. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos do Campus da PUC-Rio, 2009.
75p.
MATTEI, G.; ESCOSTEGUY, P.A.V. Composição, gravimétrica de resíduos sólidos
aterrados. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, 2007, 12 (3), p. 247-251.
PESSIN, N.; DE CONTO, S.M.; TELH, M.; CADORE, J.; ROVATTI, D.; ELÓI-BOFF,
R.
Composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos: estudo de caso - município
de Canela - RS. In: Congresso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y
Ambiental, 2006. 30.
SCHNEIDER, V.E.; PANAROTTO,C.T.; REGINATO, P.A.. Evolução da geração de
resíduos sólidos no Município de Bento Gonçalves, R.S.- no período de 1993 a
2001. In: Federación Méxicana de Ingenieria Sanitaria y Ciencias Ambientales;
AIDIS. Gestión inteligente de los recursos naturales: desarrollo y salud. México,
D.F, 2002: p. 1-5.

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Implantação de Coleta Seletiva na PUC-Rio

  • 1. “TCC” Trabalho de Conclusão de Curso Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva no Campus da Pontifícia Universidade Católica: um estudo de caso. Pós Graduação Executiva em Meio Ambiente 10 Março de 2010 / 25 de Março de 2011 25ª Turma Coordenador: Márcio S. S. Almeida Marianna Carvalho Martins de Albergaria
  • 2. 2 COPPE/UFRJ Trabalho de Conclusão de Curso Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva no Campus da Pontifícia Universidade Católica: um estudo de caso. Marianna Carvalho Martins de Albergaria
  • 3. 3 Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva no campus da Pontifícia Universidade Católica: um estudo de caso. Marianna Carvalho Martins de Albergaria Aprovado por: _________________________________________ Prof. Márcio S. S. Almeida, Ph.D. _________________________________________ Prof. Suzana Kahn Ribeiro, D.sc. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO MBE/COPPE/UFRJ COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBE – POS GRADUAÇÃO EXECUTIVA EM MEIO AMBIENTE.
  • 4. 4 Á minha mãe e ao meu futuro marido.
  • 5. 5 Agradecimentos A Deus por todas as oportunidades que já tive na vida e por me proteger em todos os momentos. À minha mãe, não apenas pelo patrocínio, mas, também, pelo apoio e compreensão à minha vontade nos estudos e por me ajudar todas as vezes que preciso. À toda equipe do NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio e da Prefeitura do Campus. Sem eles, este trabalho não seria possível! Aos meus três irmãos, que enchem minha vida de alegria e risadas, Luiz Raphael, Felipe e Olavo. Aos demais integrantes da minha “grande” família, Maria da Glória, Paulo, José Luiz, Glória Maria, Cristina, Renata, Pedro Henrique, Arthur, Aline, Fernanda, Alila, Adisa, pelo apoio em todos os momentos. Aos meus amigos do MBE – Pós Graduação executiva em Meio Ambiente que estiveram comigo ao longo desses meses de convívio, amizade, sofrimento e diversão; em especial Tais Laureano e Carolina Leal. Ao Dr. Waldiney Mello pelas sugestões e discussões do presente projeto. E por fazer parte da minha vida. E a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
  • 6. 6 "A lata do lixo é, na verdade, o resumo da vida diurna de cada família. É ela quem diz nas espinhas de peixes e nas cascas de ovos os pratos que houve à mesa.É ela quem informa se, lá dentro da sala de jantar, se toma vinho ou cerveja, água mineral ou água de torneira. É ela que denuncia, com pedaços de jornal, as tendências política ou sociais do dono da casa e, com as caixas vazias, os remédios que tomam e, consequentemente, a saúde dos moradores do prédio. Cada lata de lixo é, em suma, a crônica doméstica de uma família, deixada à noite à porta da rua". (Cães da Meia Noite, Humberto de Campos, 1934)
  • 7. 7 Implantação de um Sistema de Coleta Seletiva no campus da Pontifícia Universidade Católica: um estudo de caso. Marianna Carvalho Martins de Albergaria Julho 2011 Com o avanço da urbaniza ção dos países em desenvolvimento, fato no qual o Brasil se insere, é possível verificar o incessante aumento da produção de lixo. Para minimizar os riscos potenciais da destinação de todo o lixo que é produzido, toma-se algumas atitudes conhecidas com redução e reciclagem desses resíduos. A Coleta Seletiva mostra-se como instrumento para a redução de resíduos encaminhados aos Aterros e a seleção de resíduos passíveis de reciclagem. A implementação de estratégias locais de gerenciamento de resíduos sólidos contempla a participação de agentes sociais, incluindo as instituições de ensino. Baseado nos dados do Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus e nas metas trazidas pela Agenda Ambiental da PUC–Rio através do Convênio com o Grupo Santander Universidades, conseguiu-se pôr em execução o Projeto de Coleta Seletiva. Foi necessário discutir sua viabilidade, implementação, continuidade e multiplicação com diversos departamentos, incluindo o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambienta – NIMA, o Departamento de Engenharia Civil, Departamento de Arquitetura, Departamento de Design, Departamento de Comunicação e a Prefeitura do Campus. É preciso ressaltar que o processo de implantação da coleta seletiva é muito mais do que a instalação de coletores adequados, fazendo-se necessário o planejamento e a supervisão das diversas ações e etapas que deverão compor o Projeto. Com o aumento gradativo da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento de ações de conscientização da comunidade acadêmica, espera-se perceber um aumento considerável na quantidade de material seletivo coletado no Campus da PUC-Rio.
  • 8. 8 Lista de Ilustrações Figura 1 – Gráfico de Caracterização Gravimétrica do Lixo....................................................15 Figura 2 – Mapa do Campus mostrando o primeiro local onde serão implantadas as novas lixeiras.......................................................................................................................................16 Figura 3 - Lixeiras já existentes no campus da PUC-Rio, que foram aproveitadas..................20 Figura 4 - Exemplo de lixeira removida por estar em local indevido, de acordo com as diretrizes de Segurança no Trabalho.........................................................................................21 Figura 5 - Novas lixeiras adquiridas.........................................................................................21 Figura 6 – Imagem do Protótipo de Lixeira para o térreo do Ed. Amizade..............................22 Figura 7 - Sistema de adesivos e placas utilizados nas novas lixeiras do Projeto Coleta Seletiva no Campus...................................................................................................................23 Figura 8 - Fotografias mostrando diferentes tipos de lixo inapropriados descartados nas lixeiras.......................................................................................................................................24 Figura 9 – Gráfico de quantidade total de papel vendido no ano de 2011................................25 Figura10 – Gráfico de quantidade (kg) de tipos de papel vendidos em 2011...........................25
  • 9. 9 Lista de Tabelas Tabela 1 – Peso Específico do Lixo do Campus da PUC-Rio..................................................14 Tabela 2 – Mídias Internas da PUC-Rio e quantidade de veiculação.......................................38
  • 10. 10 Lista de Siglas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técncicas ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem NBR - Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente ONU – Organização das Nações Unidas PUC-RJ- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro COPPE/UFRJ
  • 11. 11 Sumário Introdução....................................................................................................................................12 Objetivos...............................................................................................................................16 Desenvolvimento..........................................................................................................................18 Criação da Agenda Ambiental..............................................................................................18 Implementação do Projeto de Coleta Seletiva da PUC-Rio .................................................22 Viabilização Financeira ........................................................................................................28 Instalação de Novos Equipamentos......................................................................................30 Comunicação Visual.............................................................................................................32 Resultados Preliminares .......................................................................................................33 Campanhas de Conscientização............................................................................................35 Divulgação............................................................................................................................37 Conclusão .....................................................................................................................................40 Referencias bibliográficas...........................................................................................................42
  • 12. 12 Introdução Nosso país chegou ao início do séc. XXI com uma população estimada de 170 milhões de habitantes e taxa de crescimento demográfico em torno de 1,4% ao ano. População esta que vem se concentrando nas áreas urbanas devido a fatores como a migração interna, mecanização da agricultura, processos de industrialização, busca de oportunidade de emprego e qualidade de vida (GOMES, 2009). Com a progressiva urbanização dos países em desenvolvimento, fenômeno no qual o Brasil se insere, pode-se verificar o crescente aumento da produção de lixo e o acentuado problema em relação à disposição, destinação e tratamento desses resíduos sólidos (GOMES, 2009). Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR 10004:2004, elaborada pela Comissão Temporária de Resíduos Sólidos, os resíduos sólidos são classificados por suas características. Assim são considerados os resíduos em estado sólido e semi-sólido, aqueles relativos ao resultado do conjunto de atos realizados em ações de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços ou, ainda, de varrição (GOMES, 2009). “A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A segregação dos resíduos na fonte geradora e a identificação da sua origem são partes integrantes dos laudos de classificação, onde a descrição de matérias-primas, de insumos e do processo no qual o resíduo foi gerado devem ser explicitados. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que lhe deu origem”.
  • 13. 13 Ainda estão inclusas nesta classificação os lodos gerados em equipamentos e instalações para controle de poluição, lodos oriundos dos sistemas de tratamento de água e líquidos inadequados para serem despejados nas redes públicas de esgoto ou corpos de água, bem como líquidos que exijam estratégias inviáveis do ponto de vista técnico-econômico, mesmo em face dos avanços tecnológicos disponíveis. Os princípios básicos que propõem minimizar os riscos potenciais, gerados pela destinação dos resíduos sólidos, norteiam-se na redução, reutilização e reciclagem desses resíduos, principalmente nos centros urbanos, áreas densamente povoadas que, freqüentemente, concentram graves problemas relacionados à disposição do lixo no solo, por exemplo. E, além disso, a necessidade iminente de estabelecer técnicas e políticas públicas que diminuam a quantidade desses resíduos dispostos no solo. Primeiramente, o planejamento de tais estratégias deve considerar sua viabilidade em múltiplos aspectos, como sugerido por BRINGHENTI (2004). “1- Coleta Seletiva com Resgate de Cidadania - com foco principal no aspecto social, deixando no segundo plano princípios técnicos e econômicos; 2 – Coleta Seletiva como Estratégia de Marketing - onde o foco é a divulgação da entidade que promove o programa. Nesse caso, princípios técnicos e econômicos dos gerenciamentos podem ficar em segundo plano. 3 – Coleta Seletiva como Instrumento de Gerenciamento Integrado de Resíduos - visão que pressupõe o envolvimento da sociedade e a integração da coleta a um sistema amplo onde todos os resíduos são trabalhados de forma integrada.” Bringhenti (2004) avalia que, na prática, a maioria das estratégias adotadas para os programas de coleta seletiva desenvolvidos no país adota os enfoques 1 e 2, o que, segundo a mesma, “dificulta, e até pode comprometer, o alcance da sustentabilidade desses programas”.
  • 14. 14 Os custos para a implementação de uma estratégia que adote o enfoque 3 (i.e. coleta seletiva como instrumento de gerenciamento integrado de resíduos), concorrem diretamente com a necessidade de adequar o planejamento e sua execução, considerando a utilização de técnicas apropriadas de manejo, integradas a conceitos interdisciplinares de Engenharia Sanitária, Economia, Administração e Biologia (BRINGHENTI, 2004). Os princípios básicos citados são freqüentemente utilizados para sensibilizar o público consumidor de bens para que este concentre seu capital em produtos que contemplem o uso de embalagens retornáveis, reutilizáveis e recicláveis. Em contrapartida, essa ação é uma grande aliada no equacionamento dos problemas ligados aos resíduos, pois retira os materiais recicláveis da rota tradicional de descarte e possibilita seu retorno ao processo produtivo, gerando benefícios ao ambiente. Contudo, principalmente nos grandes centros urbanos, a sensibilização do consumidor encontra barreiras político-econômicas, barreiras estas que tornam maior o tempo gasto na implementação de estratégias de redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos. De acordo com dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010, publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE a geração de resíduos sólidos, no Brasil, novamente registrou um crescimento expressivo de 2009 para 2010, superando a taxa de crescimento populacional urbano que foi de cerca de 1% no período. Segundo a ABRELPE, embora tenha havido uma discreta evolução, em termos percentuais, na destinação final adequada de resíduos sólidos no ano de 2010, comparando com o ano de 2009 – 56,8%, em 2009; 57,6%, em 2010 –, a quantidade de resíduos sólidos destinados inadequadamente cresceu e quase 23 milhões de toneladas de resíduos sólidos
  • 15. 15 seguiram para os lixões ou aterros controlados, trazendo consideráveis danos ao meio ambiente no país. A necessidade iminente de selecionar e planejar estratégias que viabilizem o gerenciamento e destinação dos resíduos sólidos se justifica, entre muitos fatores, pelo risco potencial que estes resíduos representam à saúde pública e ao ambiente. Os resíduos lançados a céu aberto acarretam problemas de saúde pública, como a proliferação de vetores de doenças, geração de maus odores, poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume, líquido de cor preta, mal cheirosa e de elevado potencial poluidor produzido pela matéria orgânica contida no lixo (FIGUEIREDO,1998). Um dos instrumentos mais eficientes de gestão ambiental para estes problemas, aplicado em muitos países, é o da coleta seletiva. Este instrumento gestor objetiva a recuperação de materiais recicláveis (BRINGHENTI, 2004). Conforme demonstrado pelas pesquisas desenvolvidas no Brasil, em 2002, pelo Compromisso Empresarial com a Reciclagem (CEMPRE), cerca de 5.661 municípios utilizam programas de coleta seletiva, com cerca de 192 experiências implantadas em funcionamento. Entretanto, há outra parcela importante da população brasileira que encontra-se associada a atividades informais de coleta seletiva. Ao contrário do que intuitivamente se poderiam acreditar, os custos dos programas de coleta seletiva não são cobertos pelos custos das vendas dos produtos, o que se observa em todo o mundo. O custo líquido do processo de coleta seletiva por tonelada é maior que o custo do simples aterramento do resíduo. Conseqüentemente, a decisão de adotar um determinado programa de coleta é uma questão mais de gestão de resíduos do que de gerenciamento, cabendo à comunidade investir mais ou menos na valorização dos resíduos e da cidadania, fazendo um balanço entre sua possibilidade financeira e os benefícios do ponto de vista de sustentabilidade e cidadania (TENÓRIO & ESPINOSA, OP.CIT.).
  • 16. 16 Gomes (2009) sugere que a temática envolvendo os resíduos sólidos e suas vertentes de disposição, apresentam condições favoráveis que colaboram para promover estratégias de conscientização quanto ao estabelecimento de políticas publicas, objetivando promover certas mudanças de hábitos nos cidadãos. O processo de conscientização é, freqüentemente, longo e exige a implementação de múltiplas técnicas que viabilizem estabelecer vínculos entre a atividade humana e o ambiente. Tais vínculos devem contemplar também as diferenças socioculturais e, ainda, político-econômicas. Esta conexão gera uma identificação entre as atividades humanas e suas conseqüências para o meio ambiente, possibilitando a conscientização quanto á necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos originados em tais atividades. A implementação de estratégias locais de gerenciamento de resíduos sólidos contempla a participação local de certos agentes sociais, que inclui instituições de ensino em todo o mundo. Por seu caráter educacional e de pesquisa, tais instituições constituem um agente importante de criação, pesquisa, inovação e multiplicação de técnicas e de agentes ligados ao manejo de resíduos sólidos. Embasada nesta filosofia e na busca de alternativas sustentáveis, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro vive, atualmente, a implementação do Projeto de Coleta Seletiva, como previsto em sua Agenda Ambiental. Objetivos O presente estudo objetiva: 1- Demonstrar experiências adquiridas com a instalação de um Projeto de Coleta Seletiva no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; 2- Apresentar os resultados preliminares obtidos junto à comunidade acadêmica com este projeto;
  • 17. 17 3- Detalhar os aspectos mais importantes para seu planejamento, viabilidade e implementação; 4- Apresentar a importância deste projeto.
  • 18. 18 Desenvolvimento Criação da Agenda Ambiental Em 2007, a Organização das Nações Unidas, por intermédio de seu Secretario Geral, Ban Ki-Moon, promoveu o Colóquio Global de Reitores de Universidades. Realizado na Universidade de Nova York, o encontro teve como objetivo principal reunir reitores de universidades de todo o mundo para integrar um comitê assessor para discutir sobre mudanças climáticas. Entre os 28 reitores de universidades, estava representada a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) pelo então, Pe. Jesus Hortal Sanchez, e o professor Fernando Walcacer, Vice-diretor do NIMA e professor do Departamento de Direito da Universidade. No encontro internacional, representantes de diversas Universidades discutiram sobre as estratégias necessárias que poderiam ser realizadas dentro e fora de seus respectivos Campi, as quais seriam voltadas a sustentabilidade. A partir deste encontro, a PUC-Rio iniciava seu compromisso objetivando tornar-se uma Universidade Sustentável, assim como outras instituições de reconhecimento internacional. Tal compromisso exigiria planejamento constante e inúmeros cuidados na implementação de projetos viáveis que possibilitassem a realização plena deste objetivo em longo prazo, tornando-se uma referencia em uma das maiores metrópoles do Brasil (e.g. Rio de Janeiro), que vivencia problemas em relação ao meio ambiente sob diversos aspectos. Apos o Colóquio Global de Reitores das Universidades, a PUC-Rio iniciou suas ações solicitando que os departamentos mais envolvidos nas questões ambientais se reunissem para constituir um planejamento pautado na responsabilidade social e ambiental. (começando dentro da própria Universidade). Tal planejamento objetivou implementar estratégias que a tornassem, a longo prazo, uma Universidade Sustentável de referencia. A
  • 19. 19 reunião de diversos departamentos evidenciava o caráter interdisciplinar, promovendo o engajamento da comunidade Universidade como um todo. Uma Comissão de Sustentabilidade foi criada pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) da PUC-Rio, e diversas reuniões foram realizadas para discutir dados técnicos e propostas referentes a materiais e resíduos, água, energia, biodiversidade e educação ambiental. Em 2009, essas discussões transformaram-se em metas claras. Criou-se, então, a Agenda Ambiental da PUC-Rio. Trata-se da primeira iniciativa realizada por uma Universidade brasileira a reunir um plano de metas que contempla a visão de sustentabilidade a partir de um grupo multidisciplinar, a Comissão de Sustentabilidade, envolvendo toda a comunidade acadêmica, composta por alunos, professores, funcionários e colaboradores. Dessa forma, o plano de metas teria a abrangência de diversos saberes, pontos de vista técnicos, culturais e socioeconômicos, aumentando as chances de atingir seus objetivos em promover uma Universidade sustentável, contemplando propostas que tornassem possíveis o envolvimento, desses vários setores da comunidade acadêmica e ampliando as possibilidades de conscientização e engajamento. A Agenda Ambiental é composta por diretrizes e metas a serem aplicadas em curto, médio e longo prazos. Por conseguinte, já em 2010, apenas cerca de três anos após a realização do encontro promovido pela ONU, as diretrizes e metas foram levadas a todos os alunos da PUC-Rio por intermédio da divulgação de centenas de cópias da Agenda Ambiental. O Reitor Pe. Jesus Hortal Sànchez S.J. divulgou, em seu discurso perante a Assembléia Universitária, em dezembro de 2009, à comunidade acadêmica, e através do Jornal da PUC em 2010, que o documento seria “uma agenda a ser cumprida”. Recentemente, o novo Reitor Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J. afirmou no Jornal da PUC sua intenção de colocar em prática as medidas de curto prazo até o final de 2011,
  • 20. 20 assegurando seu desejo em considerar a Agenda Ambiental como uma meta institucional, incluindo-a, ainda, como parte das comemorações dos 70 anos da Universidade em 2010. A Agenda Ambiental busca a implementação de uma série de atitudes coletivas dentro do campus, que visem alcançar a sustentabilidade em múltiplos aspectos (e.g. atmosfera, energia, biodiversidade, água, materiais, resíduos e educação ambiental), os quais constituem a base deste projeto maior. O primeiro resultado da Agenda Ambiental surgiu em 2010: o Green Metric World University Ranking, promovido pela Universidade da Indonésia, classificou a PUC- Rio em 55º lugar entre as Universidades que estão cumprindo metas de ações que visem alcançar a sustentabilidade. Tal órgão avaliou, através de dados enviados por 95 Universidades, a efetividade das respectivas ações das instituições de ensino superior do mundo, diante dos problemas ambientais. A PUC-Rio foi a única representante do Rio de Janeiro. Apenas outras duas universidades brasileiras participaram, sendo elas a Universidade de São Paulo (25º lugar) e a Universidade Federal de São Paulo (63º lugar). Do tema Resíduos da Agenda Ambiental constam as seguintes diretrizes e metas: Diretrizes Tornar o reuso e a reciclagem de materiais uma prática cotidiana dentro da Universidade. Estimular articulações com a comunidade do entorno para que os excedentes de nutrientes e matéria reciclada possam ser utilizados pela população circunvizinha. Estimular a pesquisa em tecnologias de reciclagem e reaproveitamento de resíduos.
  • 21. 21 Assumir as responsabilidades socioambientais por todos os resíduos descartados na Universidade. Metas CURTO PRAZO Mapear os fluxos de dados de descarte dos resíduos. Estimular a coleta seletiva de resíduos descartáveis. Promover campanhas de conscientização que possam contribuir para modificar, progressivamente, os padrões vigentes de consumo. Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que estimulem a coleta seletiva e a reciclagem dos resíduos na Universidade. MÉDIO PRAZO Implantar um programa de reciclagem e reuso de computadores no Campus. Implantar um centro de reciclagem na Universidade. Implantar um sistema de coleta seletiva de lixo na Universidade. Implantar sistemas de gestão sustentável de resíduos sólidos – piloto. Monitorar os fluxos de dados de descarte de resíduos. Promover o estabelecimento de normas e estratégias para os restaurantes e lanchonetes, no que diz respeito ao descarte de materiais no Campus. Implantar programas de treinamento para funcionários que manejem diretamente com os resíduos que serão reutilizados ou reciclados. Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que definam estratégias de descarte consciente na universidade. Desenvolver projetos de pesquisas sobre reciclagem e reuso.
  • 22. 22 LONGO PRAZO Reutilizar ou reciclar todos os resíduos produzidos no Campus. Promover parcerias com as comunidades do vale da Gávea, organizando sistemas de cogestão para os processos de reciclagem de resíduos produzidos. Garantir espaços para o fluxo, armazenamento e reciclagem dos resíduos descartados na Universidade. Implantar sistemas de gestão sustentável de resíduos sólidos no Campus. Implementação do Projeto de Coleta Seletiva da PUC-Rio Como etapa inicial para o gerenciamento do Projeto de Resíduos Sólidos da PUC-Rio, optou-se por analisar o Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus da PUC–Rio realizado por Gomes (2009). Do diagnóstico consta o plano de amostragem de resíduos sólidos para o Campus da PUC-Rio, cujo objetivo é construir uma amostra representativa que apresente as mesmas características de sua massa total e dados importantes para a análise do resíduo. Na metodologia levou-se em conta fatores limitantes como: tamanho da amostra, recursos disponíveis, mão-de-obra treinada e prazo determinado para conclusão do trabalho. A Prefeitura do Campus e a Empresa Sodexo firmaram um contrato para que uma parcela considerável do lixo, de cada turno, fosse depositada em uma caçamba separada – não podendo ser compactado – para que no dia seguinte, pela manhã, fosse possível fazer a amostragem, como sugerido por Gomes (2009). Dos dados analisados acerca dos resíduos sólidos, os mais importantes para o Projeto são: o peso específico do lixo total, taxa de geração per capita e caracterização gravimétrica, incluindo a porcentagem de cada material encontrado na amostragem. O cálculo do peso
  • 23. 23 específico obtido é importante, pois, segundo Gomes (2009), este determina o peso do lixo em função do volume por ele ocupado, influenciando, assim, no sistema de gerenciamento do lixo e no dimensionamento de instalações e equipamentos. Ainda de acordo com Gomes (2009) o cálculo da taxa de geração per capita indica a quantidade de lixo gerada por habitante num determinado período de tempo. Por referir-se aos volumes coletados e à população atendida, também é fundamental para o planejamento do sistema de gerenciamento do lixo, bem como no dimensionamento de instalações e de equipamentos. A composição ou caracterização gravimétrica constitui-se na determinação da porcentagem (em peso) de cada material que compõe uma amostra de resíduos. Schneider et al. (2002) acreditam que a caracterização de resíduos urbanos, se sistemática e continuada, permite avaliar as variações na composição dos resíduos em função de aspectos culturais e climáticos, mas, sobretudo, possibilita o planejamento do gerenciamento dos resíduos e de estratégias de educação ambiental. Do mesmo modo, para Pessin et al. (2006), diagnosticar a composição dos resíduos gerados de maneira gravimétrica é importante para sua gestão, permitindo que esta seja realizada de forma correta e ambientalmente segura. Os resultados obtidos pelo Diagnóstico de Resíduos Sólidos do Campus da PUC- Rio em 2009 (Gomes): Para determinar o peso específico dos resíduos do Campus foi essencial pesar os contêineres preenchidos com o lixo do quartamento e diminuir a tara de cada um, para, a princípio, estipular o peso do resíduo conforme demonstrado na Tabela 1.
  • 24. 24 Tabela 1 – Peso Específico do Lixo do Campus da PUC-Rio Peso dos Resíduos sólidos da PUC-Rio Contêiner Peso (kg) Tara (kg) Peso do resíduo (kg) 1 32,8 14,700 18,100 2 36,3 14,400 21,900 3 35,1 14,200 20,900 4 33,2 14,200 19,000 Em seguida, o peso específico é calculado: Peso específico = 79,900kg / 0,225m³ Peso específico = 0,36t/m³ (9) Por sua vez, para definir a taxa de geração per capita do Campus da PUC-Rio e a quantidade de lixo gerada foi essencial medir o volume de lixo coletado e encaminhado à disposição final – quantitativo calculado através da pesquisa de campo –, além da população usuária atual, para calcular uma estimativa. Logo, tem-se o valor de 5.556,745 kg que corresponde ao volume diário de lixo coletado e 18.700 pessoas (hab.), que representa o número de geradores em potencial da PUC- Rio estimado pela Prefeitura do Campus. Com isso calcula-se: Geração per capita = 5.556,745 kg / 18.700hab. = 0,297 kg/hab. O componente papel corresponde a 34% da totalidade dos resíduos da PUC-Rio, e o papelão 3%. É sabido que parte do papel dos Departamentos é direcionada à reciclagem, porém esse ato ainda não é uma constante e abrange somente poucas áreas dentro da Universidade. Contudo, esse material ainda é direcionado ao lixo juntamente com o grande volume de papel coletado nos sanitários.
  • 25. 25 As embalagens plásticas representaram 8% (figura 1) do total dos resíduos analisados. O plástico fino representa 7% dos componentes do lixo na análise da PUCRio. O alumínio, material completamente reciclável, correspondeu à porcentagem ínfima de 1% do material analisado. Isto se dá devido à grande procura deste material para revenda, já que seu valor no mercado da reciclagem é o mais alto dentre os materiais com essa propriedade. Figura 1 – Gráfico de Caracterização Gravimétrica do Lixo. Através desse diagnóstico, a Consultora Técnica do Projeto de Coleta Seletiva, conseguiu calcular os volumes de lixo gerados e o tamanho que as novas lixeiras deveriam ter, dependendo de onde estarão. O Campus foi divido em áreas (figura 2), ficou resolvido que essa primeira parte do projeto deveria contemplar toda área II, onde estão localizados: o Edifício Amizade com as Alas Kennedy e Frings, a Vila dos Diretórios, Casa 209 do Serviço
  • 26. 26 Social, Casa do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), Guaritas, Lanchonetes Fastway e Japaway e Bandejão. Figura 2 – Mapa do Campus mostrando o primeiro local onde serão implantadas as novas lixeiras. Baseado nos dados citados acima e nas metas trazidas pela Agenda Ambiental da PUC–Rio através do Convênio com o Grupo Santander Universidades, conseguiu-se pôr em execução o Projeto de Coleta Seletiva. A Campanha de Papel, lançada durante a XVI Semana de Meio Ambiente, realizada em Junho de 2010, foi incorporada ao Projeto e passou a ser supervisionada pela Equipe do Projeto a partir de Janeiro de 2011. Algumas lixeiras já existentes no Campus, também foram reaproveitadas. ÁÁRREEAA II ÁÁRREEAA IIII ÁÁRREEAA IIIIII ÁÁRREEAA IIVV DDEEPPÓÓSSIITTOO
  • 27. 27 O Projeto tem como objetivos gerais alcançar metas da Agenda Ambiental, implementar um sistema de coleta seletiva de lixo no Campus e a destinar de forma correta os resíduos coletados. E apresenta, como objetivos específicos: 1– Continuar a coleta de papel, através da Campanha da Reciclagem do Papel. Aumentar a quantidade de papel coletado e destinado corretamente. 2– Coletar todo tipo de plástico passível de reciclagem (Exemplos: Sacos, sacolas, Copos e Garrafas). Fazer a separação primária de tampas e garrafas e dar a destinação correta aos materiais. 3– Coletar alguns tipos de metais encontrados no Campus, como: Latas, arames e fios. 4– Incentivar a separação do lixo através de cartazes e campanhas em mídias internas da Universidade. 5– Treinar funcionários que manejem diretamente os resíduos. Com o correto funcionamento do Projeto de Coleta Seletiva e a cooperação de toda a comunidade PUC, como funcionários, professores e, principalmente, alunos, algumas metas de curto prazo e de médio prazo da Agenda Ambiental serão alcançadas, sendo elas: CURTO PRAZO Estimular a coleta seletiva de resíduos descartáveis. Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que estimulem a coleta seletiva e a reciclagem dos resíduos na Universidade. MÉDIO PRAZO Implantar um sistema de coleta seletiva de lixo na Universidade.
  • 28. 28 Implantar programas de treinamento para funcionários que manejem diretamente os resíduos que serão reutilizados ou reciclados. Para melhor gerenciar as atividades do Projeto, optou-se por seguir essas metas ao longo deste trabalho, colaborando na viabilização em equipe do Projeto de Coleta Seletiva na PUC-Rio. Foi necessário discutir sua viabilidade, implementação, continuidade e multiplicação com diversos departamentos, incluindo o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambienta – NIMA, o Departamento de Engenharia Civil, Departamento de Arquitetura, Departamento de Design, Departamento de Comunicação e a Prefeitura do Campus. Viabilização Financeira A implementação e manutenção de projetos relacionados ao destino e manejo de resíduos sólidos requer, em diversos casos, a existência de um financiamento contínuo que permita atingir não apenas metas de curto prazo, mas também de médio e, especialmente, longo prazo. Dessa forma, fez parte do planejamento de gerenciamento atrair um agente de fomento interessado no Projeto de Coleta Seletiva na Universidade. Foi importante para o Projeto formular um orçamento viável tanto para sua implementação e gerenciamento, quanto para a instituição interessada em subsidiá-lo. Ao realizar o planejamento, foram observados alguns aspectos do orçamento, como recursos humanos para realização do Projeto com êxito, bem como os materiais necessários à execução do Projeto. A decisão de adotar o Projeto de Coleta Seletiva e a questão da gestão de resíduo foi levada a efeito, sempre pensando em levar a comunidade acadêmica a investir mais ou
  • 29. 29 menos na valorização dos resíduos e da cidadania, e a fazer um balanço entre sua possibilidade financeira e os benefícios do ponto de vista de sustentabilidade e cidadania (Tenório & Espinosa, op.cit.). Desta forma, o Projeto Coleta Seletiva da PUC-Rio, integrante do Projeto Agenda Ambiental em Ação, foi contemplado pelo Grupo Santander Universidades por meio da Divisão Global Santander Universidades com um convênio de colaboração acadêmica. Após considerar o orçamento, a viabilidade do Projeto e a forma de gerenciamento, proposto pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio, o Grupo Santander Universidades apoiou a iniciativa e passou a oferecer meios para fomentar as ações e os projetos de aprimoramento de técnicas, ensino e pesquisa junto a comunidade acadêmica para a execução do Projeto de Coleta Seletiva. O reitor da PUC, Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J. e o diretor geral do Santander Universidades Brasil, Jamil Hannouche, assinaram, em 20 de junho, o documento que selou o acordo entre as instituições, lembrando que a PUC já tem um histórico ambiental no currículo. A realização do Projeto de Coleta Seletiva torna a Universidade pioneira na construção de uma Agenda Ambiental no Brasil, seguindo os parâmetros propostos pela Agenda 21, um dos compromissos firmados na Conferência Mundial do Meio Ambiente, em 1992, a ECO 92, em prol do desenvolvimento sustentável (Cavalcanti, 2000). A participação do Grupo Santander Universidades tornou-se primordial para estimular a busca de soluções sustentáveis, criativas, interdisciplinares, viáveis e aplicáveis aos processos de implantação do Projeto Coleta Seletiva. Segundo o orçamento sugerido - e, posteriormente implementado - os custos em recursos humanos perfazem 48% do total; sendo 52% do orçamento destinado aos materiais necessários à realização do Projeto.
  • 30. 30 Instalação de Novos Equipamentos O Campus possuía três conjuntos de lixeiras seletivas que não eram utilizadas. Na verdade, os transeuntes não se empenhavam na seletividade do material e os funcionários da limpeza misturavam todo o material. Portanto, essas lixeiras não tinham nenhum objetivo. As lixeiras foram retiradas dos locais onde se encontravam e foram reaproveitadas, depois de realocadas. Um conjunto de lixeiras foi direcionado à Estação de Educação Ambiental (figura 3) e as outras duas foram para o Centro de Biologia Graziela Maciel Barroso. Figura 3 - Lixeiras já existentes no campus da PUC-Rio, que foram aproveitadas. Lixeiras que já existiam no campus foram removidas, pois não contemplavam a seletividade de material e algumas estavam dispostas em locais inapropriados de acordo com as normas de Segurança no Trabalho (figura 4).
  • 31. 31 Figura 4 - Exemplo de lixeira removida por estar em local indevido, de acordo com as diretrizes de Segurança no Trabalho. Novas lixeiras foram adquiridas (figura 5). Este material é inovador no Campus, e se adéqua ao Projeto de Coleta Seletiva em todos os seus aspectos. As cores obedecem ao padrão universal e as tampas possuem aberturas específicas para cada tipo material. Deve-se observar que são muito utilizadas atualmente. Figura 5 - Novas lixeiras adquiridas. Para o térreo do Ed. Amizade foi necessário projetar uma estrutura (figura 6) para fixar as lixeiras, já que no local há muita incidência de ventos.
  • 32. 32 Figura 6 – Imagem do Protótipo de Lixeira para o térreo do Ed. Amizade. Comunicação Visual Optou-se por utilizar adesivos nas próprias lixeiras para informar quais são os materiais passives de reciclagem do Campus. Nas estruturas encontradas do Pilotis (térreo) do Edifício Amizade cartazes (figura 7) também foram presos em cima das lixeiras, para facilitar a leitura do transeunte.
  • 33. 33 Figura 7 - Sistema de adesivos e placas utilizados nas novas lixeiras do Projeto Coleta Seletiva no Campus da Resultados Preliminares Um dos problemas mais observados no início da implementação da Coleta Seletiva no Campus da PUC-Rio foi o descarte de certos tipos de resíduos em locais errados. Observou-se que vários tipos de resíduos foram e são, em muitos casos, misturados a outros erroneamente em lixeiras inapropriadas (figura 8). O fenômeno foi detectado em relatórios freqüentes do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente. A principal estratégia utilizada para procurar resolver o problema está sendo conscientizar a comunidade acadêmica, promovendo palestras informativas e treinamentos, iniciando um processo de identificação da comunidade acadêmica e seu importante papel para o sucesso do Projeto, e, por extensão, da Agenda Ambiental da PUC-Rio.
  • 34. 34 Figura 8 - Fotografias mostrando diferentes tipos de lixo inapropriados descartados nas lixeiras. Através do contínuo acompanhamento da Campanha do Papel, que ainda é gerenciada pela Prefeitura o Campus, mas também, supervisionada pela equipe do projeto de Coelta seletiva. Pode-se ter uma estatística da quantidade de papel que é gerada em todos os departamentos e conseqüentemente destinada a correta destinação. Todo esse material é vendido para a Empresa Aparas Prainhas e o lucro é revertido para a própria Prefeitura, que realizada doações de cestas básicas mo fim do ano, entre outras atividades. A quantidade de papel (figura 9 e 10) mostrou-se invariável. Acredita-se que com a melhor divulgação do projeto, a quantia tem de a aumentar.
  • 35. 35 Figura 9 – Gráfico de quantidade total de papel vendido no ano de 2011. Figura10 – Gráfico de quantidade (kg) de tipos de papel vendidos em 2011. Campanhas de Conscientização Inicialmente, foram realizados treinamentos e palestras voltados à comunidade acadêmica.
  • 36. 36 Duas palestras específicas sobre o Projeto de Coleta Seletiva aconteceram durante a XVII Semana de Meio Ambiente da PUC. A primeira ministrada pelo Professor Tácio de Campos, no dia 06 de Junho. A segunda ministrada pela Consultora Técnica do projeto Patrícia Gomes e pela Gerente Operacional, Marianna Albergaria, executora do Projeto, no dia 09 de Junho. Desta forma, alunos, funcionários e professores puderam entender melhor o projeto. O primeiro treinamento, levado a efeito pela Gerente Operacional do Projeto, Marianna Albergaria, especifico para funcionários aconteceu no dia 04 de Julho, com a participação de sessenta funcionários, representantes de Departamentos e Unidades da PUC- Rio. Nestes eventos, ocorreram palestras informativas sobre o compromisso da PUC- Rio com as metas da Agenda Ambiental e a importância do engajamento de toda a comunidade acadêmica no sentido de tornar a Universidade uma referência em sustentabilidade. O treinamento possui diversas etapas, e ainda encontra-se no início de sua implementação. Nos treinamentos realizados junto aos funcionários, procurou-se destacar a importância da participação individual e coletiva no processo da coleta seletiva para o correto funcionamento e continuidade do Projeto. Com isso, busca-se incentivar a seletividade do lixo dentro dos Departamentos, fazendo com que os funcionários se transformem em multiplicadores dentro dos Departamentos em que atuam. Além disso, ressaltou-se os materiais passíveis de reciclagem, e apontou-se falhas na seletividade, exemplificando com fotos de materiais erroneamente encontrados em lixeiras inadequadas, sempre sublinhando que o processo de implantação da coleta seletiva deve ser muito mais do que a mera instalação de coletores adequados, mas, uma ação efetiva, que
  • 37. 37 necessita de planejamento constante e mudança da postura do ser humano frente à geração dos resíduos. Ou seja, um processo de reeducação, de mudança de cultura. Com isso, esperamos o aumento gradativo da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento de ações de conscientização da comunidade acadêmica, o que tornará possível perceber o aumento na quantidade de material coletado no campus da PUC-Rio. Os dados presentes no estudo foram utilizados para apresentar, durante os treinamentos e palestras, a quantidade de lixo gerada no campus da PUC-Rio, a quantidade reduzida esperada e os materiais passíveis de reciclagem encontrados dentro do campus. Também, foram abordados os materiais que não podem ser reciclados e sua destinação e tratamento adequados, além dos passos futuros do Projeto. Divulgação A forma de divulgação do Projeto utilizou camisas, panfletos explicativos, mídia interna da PUC e mídia eletrônica. A divulgação alcançou um vasto público durante a realização de eventos no Campus, como a XVII Semana de Meio Ambiente, quando utilizou- se o método de estêncil limpo para incentivar a reciclagem. O evento mostrou-se uma ótima oportunidade para a divulgação do Projeto de Coleta Seletiva no Campus. Um protótipo de lixeira interativa foi desenvolvido por alunos do segundo período do Curso de Desenho Industrial, e exposto no evento. O Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente viabilizou uma exposição de fotos dos lixos depositados na Baía de Guanabara, idealizadas também por alunos do Segundo Período do Curso de Desenho Industrial. A divulgação através de Mídias Internas da PUC é imprescindível por conseguir atingir um grande número de pessoas, como pode ser visto na tabela 2.
  • 38. 38 Tabela 2 – Mídias Internas da PUC-Rio e quantidade de veiculação Tipo de Mídia Quantidade Aprox. 3.500 exemplares por quinzena. Público: comunidade PUC, ex-alunos e frequentadores da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. 6 mil exemplares por semana público: comunidade PUC - 5 monitores de LCD de 42” - funciona das 7h às 23h - conteúdo produzido pelo Projeto Comunicar.
  • 39. 39 Assessoria de Comunicação da PUC-Rio Divulgação da campanha nas mídias institucional e externa da campanha. Clipping das reportagens sobre a campanha veiculadas na mídia. Marcação e acompanhamento de entrevistas com os promotores da campanha. Departamento de Comunicação Site com conteúdo de jornal, rádio e televisão com atualização diária. - 4 programas exibidos no canal 11 da NET O Estação Pilh@ conta com 10 canais de entrevistas, fotos, músicas, charges, jogos e trívias. Divulga as produções científico-culturais da Universidade e fatos externos de interesse acadêmico. Programa Rrevista Jovem (veiculação semanal, aos sábados, 13h, na Rádio Catedral, 106,7 FM)
  • 40. 40 Conclusão As atividades que começaram com a implantação de um conjunto de coletores seletivos em um dos blocos de grande circulação ainda estão em fase de implantação. Pretendemos, ao final de 2011, alcançar 100% de abrangência do Campus. Contudo, é preciso ressaltar que o processo de implantação da coleta seletiva é muito mais do que a instalação de coletores adequados, fazendo-se necessário o planejamento e a supervisão das diversas ações e etapas que deverão compor o Projeto. Com o aumento gradativo da área de abrangência do projeto e o desenvolvimento de ações de conscientização da comunidade acadêmica, espera-se perceber um aumento considerável na quantidade de material seletivo coletado no campus da PUC-Rio. Espera-se, com as ações de treinamento, conscientização e educação ambiental e a colaboração da comunidade acadêmica, um aumento significativo nessa quantidade de material. O acompanhamento e fortalecimento do projeto são realizados por parte do NIMA – Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC-Rio e por alunos do Curso Técnico em Meio Ambiente do Colégio Pedro II, estagiários desta entidade, que monitoram os espaços destinados à Coleta Seletiva. As principais atividades desempenhadas por esses alunos têm como objetivos principais observar o estado dos equipamentos, o volume e os tipos de materiais colocados nos depósitos; prestando esclarecimentos sobre a dinâmica do Projeto como um todo. Desta forma, o presente estudo de caso visa analisar a contribuição do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro na sensibilização da comunidade universitária e da população em geral quanto à redução e reciclagem dos resíduos gerados, promovendo o Projeto Coleta Seletiva no Campus e estudando as formas de reduzir, reaproveitar e reciclar esses resíduos, visto que os problemas
  • 41. 41 relacionados aos resíduos sólidos, especificamente os relativos à geração e ao destino final constituem, sem dúvida alguma, um dos grandes desafios a serem equacionados pelas sociedades modernas. Sendo assim, pode-se afirmar que a implantação do Projeto Coleta Seletiva implica, além de promover o correto tratamento dos resíduos sólidos produzidos pela comunidade acadêmica, em um processo de reeducação, de mudança de cultura, de comportamento, ética, hábitos e atitudes com relação às questões ambientais.
  • 42. 42 Referencias bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS PÚBLICAS E RESÍDUOS ESPECIAIS - ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2009. Disponível em http://www.abrelpe.org.br/panorama_2010.php. Acessado em 10 de fevereiro de 2011. BRINGHENTI, J. Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Urbanos: Aspectos Operacionais e da Participação Da População, 2004. COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM/INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – CEMPRE/IPT. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. 2a edição. São Paulo. 2000. GOMES, P.G. Diagnóstico dos Resíduos Sólidos do Campus da PUC-Rio, 2009. 75p. MATTEI, G.; ESCOSTEGUY, P.A.V. Composição, gravimétrica de resíduos sólidos aterrados. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, 2007, 12 (3), p. 247-251. PESSIN, N.; DE CONTO, S.M.; TELH, M.; CADORE, J.; ROVATTI, D.; ELÓI-BOFF, R. Composição gravimétrica de resíduos sólidos urbanos: estudo de caso - município de Canela - RS. In: Congresso Interamericano de Ingeniería Sanitaria y Ambiental, 2006. 30. SCHNEIDER, V.E.; PANAROTTO,C.T.; REGINATO, P.A.. Evolução da geração de resíduos sólidos no Município de Bento Gonçalves, R.S.- no período de 1993 a 2001. In: Federación Méxicana de Ingenieria Sanitaria y Ciencias Ambientales; AIDIS. Gestión inteligente de los recursos naturales: desarrollo y salud. México, D.F, 2002: p. 1-5.