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ESCOLA ZANGFU-FU DE ACUPUNTURA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil
Janete de Andrade Lemos Guimarães Santana
ORIENTADOR:
Prof. Especialista Cleto Emiliano Pinho
Rio de Janeiro/RJ
2019
ESCOLA ZANGFU-FU DE ACUPUNTURA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil
針灸實踐權在巴西
Zhēnjiǔ shíjiàn quán Zài bāxī
Apresentação de monografia à Escola Zang-
Fu de Acupuntura como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em
Acupuntura.
Por Janete de Andrade Lemos Guimarães
Santana
Rio de Janeiro/RJ
2019
Janete de Andrade Lemos Guimarães Santana
O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil
Monografia apresentada ao Programa de Pós-
Graduação da Escola de Acupuntura Zang Fu
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Especialista em Acupuntura.
Aprovado em:.............../.................../....................
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Especialista em Acupuntura Coordenador Allan pontes
________________________________________________
Prof. Especialista em Acupuntura Cleto Emiliano Pinho
__________________________________________________
Prof. Responsável Técnica ABNT Celso Albuquerque
針灸是世界遺產。
尊重和保留他們的假設是人類的責任。
安德拉德
Zhēnjiǔ shì shìjiè yíchǎn. Zūnzhòng hé bǎoliú
tāmen de jiǎshè shì rénlèi de zérèn.
A Acupuntura é um patrimônio mundial.
Respeitar e preservar seus postulados é dever
da humanidade.
“A Acupuntura não é um exercício da medicina ocidental.
Não existe lei federal prevendo que a Acupuntura é uma atividade privativa de médico.”
(art. 22, XVI, da CF/88).STJ. 6ª Turma. RHC 66.641-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/03/2016
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a algumas pessoas especiais, mesmo que estas não saibam a
importância dentro da minha formação. As que caminharam comigo em dois anos longos de
estudos na pós-graduação pela Escola de Acupuntura Zang Fu, até que eu chegasse à fase final,
qual representa em outros parâmetros, somente o começo. Assim, os meus preciosos
conhecimentos na área da Acupuntura Tradicional, devem-se ao Professor Allan Pontes, diretor-
responsável pela Escola Zang Fu, pelo fato de este projeto ter saído dos seus planos e
transformado na grande estrutura direcionada exclusivamente para os ensinamentos da Medicina
Tradicional Chinesa, como a Acupuntura e cursos extras. Lugar em que passei a ter contato com
outros diversos professores e acupunturistas experientes, com o incentivo em buscar cada vez mais
o conhecimento alicerçado na base da terapia oriental. Compartilho hoje com cada um esta preciosa
transferência, não só teórica, como a parte prática. Inclusive aos Professores próximos, como
Regina, Elcimar, Ricardo, Marcelo, Zeferino, Martha, Alex e Fábio Borges, este último
ultrapassando a dedicação com os alunos, estendendo-se na parte que inclui a experiência clínica,
na fase das preciosas horas de Estágio Supervisionado. Cada atendimento com um procedimento
único, pois como este deixa bem claro: “pessoas são individuais, e, inclusive suas desarmonias”.
Desta forma, desde o momento em que me matriculei e fiz parte do corpo discente da “Zang Fu”,
passei também a carregar esta responsabilidade. Para cada excelente trabalho realizado, estará ali
estampado o carimbo da Escola que me formou vinculado aos meus conhecimentos e prática.
Quero aproveitar para dedicar da mesma forma, todo o corpo administrativo, a secretária Grasiele
Mofato, que se encarregava em repassar as aulas aos alunos e chamar a nossa atenção quando
faltava algum de nossos documentos. Através destas experiências é que pude observar com a nova
missão abraçada, a entrega e seriedade que eu tinha em levar a imagem da Escola para o mundo
profissional. Quanto aos professores distantes, os quais não pertencem diretamente ao corpo da
escola, mas muito contribuem para a formação de seus alunos, como o Professor Celso
Albuquerque, responsável pela parte técnica do TCC, assim como o Especialista Cleto Emiliano
Pinho, meu orientador, que, com toda a sua experiência faz questão absoluta de aprimorar quem
está sob sua égide. Com sua extrema sabedoria e prática cotidiana, demonstra a cada instante a
profunda importância que possui o verdadeiro conhecimento vinculado à prática. Seguindo suas
orientações e com todo o arcabouço acima citado, tenho certeza que farei o meu melhor. Contudo,
durante o curso carreguei comigo tamanha seriedade, dediquei tantas horas de estudos contínuos,
principalmente pós-curso, sustentando tudo o que cada um deles me propôs: “Transformar-me a
cada dia em uma experiente terapeuta na prática da Acupuntura”. Desta forma, diante de cada
paciente, tenho a responsabilidade e a obrigação em honrá-los. Sincera gratidão a todos.
RESUMO
A Acupuntura é uma das práticas terapêuticas milenar oriental, que nasceu das
tradições chinesas e vem sendo adotada em todo o mundo, inclusive no ocidente como
importante e eficiente terapia, com o objetivo em corrigir as desarmonias energéticas através da
inserção de agulhas em pontos específicos. Por ser tratar de uma terapia reflexa, pode e deve
ser realizada pelo Acupunturista, o qual foi formado para observar quais os fatores estão
gerando tais desequilíbrios energéticos no paciente. Contudo, o fator mais relevante é que a
Acupuntura não visa curar doenças, em sua visão oriental, trabalha com as energias do
organismo e estas quando reestruturadas, contribuem consequentemente na cura de variadas
enfermidades. No entanto, em vista de seus excelentes e comprovados resultados, atribuídos à
ação dos Acupunturistas, desde a sua vinda para o Brasil, a mesma tem sido o alvo de uma
disputa entre os profissionais da medicina ocidental pela sua exclusividade, qual, ao longo dos
anos vem se caracterizando em uma conduta sem fundamentos plausíveis, em vista que, quem
tem a função em exercê-la, independente de sua área, é o Acupunturista - profissional apto para
agir na prática terapêutica com autonomia, sendo este, técnico ou especialista em Acupuntura
por formação e experiências comprovadas, obedecendo pura e unicamente aos métodos da
Medicina Tradicional Chinesa, objetivando retomar a harmonização energética , que acaba por
promover a saúde psico-orgânica dos pacientes. Desta forma, este trabalho visa demonstrar as
diferenças básicas entre as duas terapias, oriental e ocidental. E analisar através de pesquisas
literárias, experimentos e resultados já estabelecidos, como a Acupuntura, desde sua origem,
vem sendo muito bem exercida pelo Acupunturista, melhorando a qualidade de vida das
pessoas. E de forma efetiva, vem se tornando um valioso e importante método de tratamento,
agindo em todos os tempos, inclusive, nas desarmonias geradas pelo estilo de vida do século
atual.
PALAVRAS-CHAVE: Terapia, energia, acupuntura, medicina chinesa, fisiologia energética
ABSTRACT
Acupuncture, being one of the therapeutic practices inspired by Oriental medical traditions,
Objective treatment of energy disharmonies effectively through the manipulation of needles at
specific points, the Acupuncts, which are located In energy channels that permeate the physical
body. For being a reflex therapy, it can and should be performed by Acupuncturist, which was
formed to diagnose factors of energetic and not only physical imbalances, in which the stimulus
of an area acts on others, Seeking to restore such equilibrium. This specialty of traditional
Chinese medicine is not intended to cure diseases. This has been adopted throughout the world,
including in the West as an important and efficient therapeutic practice, and, because it has as
its fundamental objective the energetic balance, thus occur the cure of various diseases. Since
its coming to the West, acupuncture has been the target of a dispute between medical
professionals and acupuncturists, the latter, able to act in therapeutic practice, as technicians or
specialists for training and proven experiences. Over the years this dispute has been
characterizing a struggle without plausible foundations on the part of the Federal Council of
Medicine, which tries to argue that acupuncture is directly related to the medical area and that
outside of this can be committed serious errors by putting Patients ' health at risk. Since the
origin of its practice, there have never been any reports in which acupuncture brought some
type of impairment in the treatment of patients who use it as therapy, on the contrary, has been
showing an efficient technique in which the acupuncturist, being this, Medical or not, through
energetic prognoses, by means of traditional Chinese medicine methods resume the energetic,
physiological and psycho-organic harmonization of patients. Thus, this work is approached
through literary researches, experiments and proven results, such as acupuncture exercised by
acupuncturist, acts in the organism improving the quality of life and effectively, has become a
valuable and Important means of treating energy patterns in improving the health of all times,
including the disharmonies generated by the lifestyle of the current century.
Key-words: acupuncture, therapy, energies, Chinese medicine, energy physiology
Índice de Figuras e Tabelas:
Fig,1: Agulhas de “Pedras Bian”, durante a Idade da Pedra..............................................................................
Fig.2: Documento milenar encontrado na China descrevendo a Medicina Chinesa .......................................
Fig.3 :O símbolo TAO na polaridade do Yin 陰 e do Yang 陽/novoequilibrio.com.br ................................
Fig.4: Padrões de desarmonias entre Yin e Yang/ Https.:imagemgoogleenergiasyin-yang ............................
Fig.5: Qi – representando o rarefeito e fluídico como vapor e denso e material como o grão de arroz ...........
Fig.6: https://yinpoderamento.wordpress.com/2018/03/15/substancias-fundamentais/ ...................................
Fig.7: Funções e mecanismo de ação do Qi e suas variações. AdaptadoimagensGoogle.com, 2019...............
Fig.8: Substâncias Fundamentais e suas transformações-httpssubstanciasfundamentais/slidshare.com...........
Fig.9.: Meridianos e Colaterais/Zang Fu Sistema de órgãos e Visceras J. Ross ...............................................
Fig. 10: ;Distribuição das zonas cutâneas correspondentes aos doze canais de energia...................................
Fig.:11;Canal energético e seus respectivos acupontos.....................................................................................
Fig.:12-Estrutura da agulha de Acupuntura/ArtedeInserir-Yamamura1992. ...................................................
Fig.:13- Modelos e marcas de agulhas descartáveis utilizadas pelos Acupunturistas/: ...................................
Fig.:14-Tecnicas de manipulação das agulhas de Acupuntura/yamamura1992 ...........................................
Fig.:15 Acupontos e seus respectivos canais de Energia-
https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura ................................
Fig.:16: Estímulos Nociceptivos pela ação da punção da agulha no acuponto/Imagem adaptada por
J.Andrade.google.com.br, Chan1984.................................................................................................................
Fig.17: Mecanismo de ação e propagação em resposta neuronal envolvendo receptores. ...............................
Fig.18: Ação do efeito de Tonificação através da inserção da agulha no Organismo (Acupuntura) ................
Fig.: 19-Mecanismos de modulação periférica e nociceptiva. Através de mecanismos de inibição lateral .....
Fig.20: A acupuntura e a eletroapuntura têm capacidade de bloquear a transmissão dos sinais dolorosos.......
Fig. :21- Janete de Andrade-Aluna de Pós-graduação: Especialista em Acupuntura Tradicional Chinesa/......
Fig.:22.: Metabolismo na formação de ATP (Adenosina Trifosfato) e a distinção na Formação de Qi...........
Fig.:23- Energia vibracional do organismo humano relação entre Yin-Yang -slidshare.com.............................
Fig.:24; exemplo de Ficha de Anamnese utilizada na Acupuntura/.....................................................................
Fig.25: Semiologia da Língua -https:/ /MLB-815919641-mapa-diagnostico-lingua-acupuntura-mtc..............
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Fig.: 26 a -Medição do Pulso por Acupunturista/Imagem retirada do Google. b Variações do Pulso...............
Fig. :27 Pulsologia Chinesa-https://robsonmorada.com.br/artigo/diagnostico-na-medicina-chinesa....................
Fig.:28 (1;2;3;4); Imagens retiradas da internet:/googleimagens/Massage-Relaxation-Wormwood-....................
Fig.:29 Modelo do aparelho eletroestimulador utilizado na Eletroacupuntura.....................................................
Fig.:30 Sistema de mecanismo de Nociceção, com presença de nocirreceptores sensoriais ................................
Fig.:31-Nervos aferentes e eferentes estimulados pela açao da acupuntura, conduzindo estímulos......................
Fig.:32 Mecanismo de Nocicepção pela inserção das Agulhas na pele, reflexo cutâneo-visceral/-.......................
Fig.:33 A consciência dos órgãos- Zang Fu/Sistema energético de órgãos e vísceras- Fisiologia.........................
Fig.:34 Horário do Ciclo Energético, atentando para o horário de maior Pico Energético de cada Zang Fu........
Fig.: 35 Teoria doa 5 Elementos./HiCks e Mole- Ciclo de geração e Dominância entre os Elementos................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................
1.1 Ênfase na Energia..........................................................................................
1.2 O que é a Acupuntura Tradicional Chinesa......................................................
1.3 Origem da Acupuntura Tradicional Chinesa...................................................
2 AS ENERGIAS YIN/YANG ........................................................................................
2.1 Yin e Yang e a Física das Energias..................................................................
3 O QI...............................................................................................................................
3.1 As Variações do Qi...........................................................................................
3.2 Canais de Energia (Jing Luo)............................................................................
3.3 A Ação das Agulhas e Acupontos....................................................................
4 ACUPUNTURA, UNIFICANDO ENERGIA E MATÉRIA........................................
4.1 Adaptações Ocidentais sem Alterar a Base da Acupuntura.............................
4.2 Reconhecendo a Energia que Compõe o Organismo.........................................
4.3 Corpos Energéticos............................................................................................
5 ZANG FU - SISTEMA FLUÍDICO E FÍSICO.............................................................
5.1 Ciclos Energéticos.............................................................................................
6 O DIAGNÓSTICO NA ACUPUNTURA.....................................................................
6.1 Anamnése.........................................................................................................
6.2 Língua..............................................................................................................
6.3 Pulsologia Chinesa...........................................................................................
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7 PRINCIPAIS TÉCNICAS QUE AUXILIAM NA ACUPUNTURA..........................
7.1 Moxabustão-O Calor Nos Efeitos das Agulhas..............................................
7.2 Eletroacupuntura-Ampliando os Efeitos das Agulhas....................................
8 O TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA.................................................................
9 O OLHAR DA ACUPUNTURA SOBRE AS SÍNDROMES...................................
9.1 Os Cinco Elementos e a Acupuntura...............................................................
10 O QUE A CIÊNCIA AINDA NÃO CONSEGUE EXPLICAR................................
11 A ACUPUNTURA NO OCIDENTE....................................................................
12 A FORMAÇÃO DO ACUPUNTURISTA.................................................................
12.1 Cursos Livres e Especialidade em Acupuntura .............................................
13 O DIREITO AO EXERCÍCIO E À PRÁTICA DA ACUPUNTURA NO BRASIL.
13.1 Os Problemas da Regulamentação.................................................................
14 CONCLUSÃO............................................................................................................
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................
16 ANEXOS.....................................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Rasquilha (2015) descreve que, tanto no ramo da Filosofia, quanto das Ciências, as
informações não surgem somente do contato de “nossa alma” com o mundo das teorias, mas da
experiência sensível. Corroborando, Confúcio, filósofo chinês -"Mestre Kong” (551 a.C. – 479
a.C.) qual manifestava seus pensamentos acerca do conhecimento, traçava afirmativas como,
“se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; se queres conhecer o
futuro, examina o presente que é a causa”. Da mesma forma, no ocidente, Aristóteles, filósofo
grego (384-322 a.C.) já designava que, "nada está no intelecto sem antes ter passado pelos
sentidos". Isso significa que não se pode ter uma ideia formada das coisas sem a ter observado
diretamente ou a vivenciado como experiência. O filósofo e matemático René Descartes (1596
– 1650), em seu “Tratado do Mundo”, admitiu que “as considerações devem partir do mais
simples para o mais complexo”; e, “o processo deve ser revisto do começo ao fim para que
nada importante seja omitido”. Segundo os filósofos, sem relevar tais reflexões, as teorias
somente preencheriam nosso intelecto, se não fossem pelas informações que os sentidos nos
trazem sobre estas. Contudo, segundo o autor embasado nestes parâmetros, nossa razão não é
apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a
capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é e o
que ela tem de essencial. Em outras palavras, para defender e expor as causas justificáveis do
objeto de defesa faz-se necessário um conhecimento essencial daquilo a que se defende. Tanto
a parte filosófica quanto a científica devem fazer parte do conhecimento de forma em geral,
mas a que tudo indica, a própria ciência que tenta explicar os fatos à luz da razão, modifica vez
ou outra seus parâmetros, ratificando-os e/ou retificando-os diante de novas descobertas.
A causa mor deste trabalho é discutir sobre o direito ao exercício e à prática da
Acupuntura no Brasil, embasado em conhecimento sobre o que é e como age a Acupuntura; e
em fatores, justificativas e experiências sobre a prática do Acupunturista, profissional apto a
exercê-la da melhor forma. E a partir desta premissa demonstrar fatores relevantes que tanto
distinguem as duas terapias, tanto a oriental quanto a ocidental, ainda que ambas tenham como
mesmo objetivo, a saúde do paciente.
13
1.1 A Ênfase na Energia
Para Wen (1985) os conhecimentos da Acupuntura foram transmitidos de geração em
geração. A partir disto, a maior parte de sua terminologia não se enquadra dentro da
nomenclatura moderna, o que restringe sua plena aceitação nos meios científicos. Contudo,
pesquisas recentes demonstram que as antigas fórmulas e princípios da Acupuntura não foram
ainda superados. Desse modo, aqueles que a praticam devem se compenetrar de sua
importância, estudar profundamente seus ensinamentos e diretrizes, pois, somente os
assimilando, poderão os estudiosos e praticantes contribuir para a evolução dessa antiga arte
de curar. O autor relata que, após muitos anos de estudo e prática em Acupuntura, no tocante
aos padrões de desarmonias energéticas, está absolutamente convencido não só de sua eficácia
em termos de tratamento, como também do valor da teoria que lhe serve de base. Em suma,
embora ainda não se saiba exatamente quais são as propriedades necessárias para entender de
que forma se dá a complexidade que envolve a inserção da agulha nos meridianos de energia,
é possível identificar no tratamento, a sua eficácia. Para ele, mesmo sendo milenar, a
Acupuntura é uma ciência dinâmica, viva e, por isso mesmo, deve ser aberta às pesquisas,
sem esquecer que a sua raiz primária, encontra-se no texto clássico da antiquíssima tradição
chinesa. Assim, é imprescindível que todos que se dediquem a essa área de conhecimento,
reportem e respeitem a sua base, conhecendo-a, estudando-a, analisando-a e tendo-a como
quadro de referência, os quais incluem todos os seus feitos.
1.2 O que é a Acupuntura Tradicional Chinesa
De acordo com Leal (2017), a Acupuntura é uma das terapias mais antigas da história
da humanidade. Destina-se de um ramo da medicina chinesa tradicional que consiste em
introduzir agulhas metálicas em pontos precisos do corpo do paciente, para tratar as
desarmonias energéticas que geram diferentes síndromes psicológicas e físicas, e/ou provocar
efeito analgésico, assim como anestésico. Para o Especialista em Acupuntura, é imprescindível
focar nas desarmonias energéticas no decorrer de todo o conteúdo estudado e praticado na
Acupuntura. Este ressalta que, compreendendo principalmente a teoria de base e sua fisiologia
energética, consegue-se literalmente, realizar a prática oriental com conhecimentos de causa.
Argumenta que a aplicação de agulhas de Acupuntura sobre a pele possui o objetivo de liberar
o fluxo de Qi pelo corpo, forma de energia que, segundo os Acupunturistas, é essencial para o
pleno funcionamento do organismo e da vida como um todo. Sua ação energética se dá desde a
14
avaliação do paciente e tem seu pico na inserção das agulhas. Para Leal, o tratamento possui
como objetivo, liberar os meridianos de Qi do corpo para que haja livre fluxo deste,
estimulando o organismo ao auto-reparo. Para ele, em vista disto, as sessões de Acupuntura são
capazes de trazer alívio quase de imediato para os pacientes. Desta forma, conclui que, sem
modificar a base, tais benefícios que a Acupuntura traz, vêm se repetido desde sua origem há
milhares de anos e continuará posteriormente, seguindo seus preceitos.
Segundo Medeiros (2017), explicar o que é a Acupuntura e o trabalho que esta realiza
é algo complexo na linguagem ocidental, porém, o básico é que, a Acupuntura é uma técnica de
tratamento milenar, qual surgiu remotamente no Oriente, desde a idade da pedra, e que consiste
no estímulo de pontos em determinados locais na superfície da pele e em profundidades
variáveis. No qual, visa desbloquear e harmonizar o fluxo de energia (Qi) e Sangue (Xue) que
circulam no organismo. Sendo o Yin e o Yang, a base desta complexa Filosofia Chinesa, numa
co-relação incessante do homem, com a Natureza e o meio que está inserido.
1.3 Origem da Acupuntura Tradicional Chinesa
Para Chen et al (2014), a tradução do termo Acupuntura em chinês é Chen-Chui,
sendo Chen (agulha) e Chui (fogo). No ocidente, o significado da palavra é derivado do latim
acus (agulhas) e pungere (punção), ou seja, o “ato de puncionar”. A prática visa alcançar,
dentro das possibilidades de cada indivíduo, o equilíbrio energético do organismo, e que, o
desequilíbrio desta energia inclui o excesso, a deficiência, a estagnação e as irregularidades.
Desta forma, consequentemente a Acupuntura trata as síndromes causadas por estes
desequilíbrios, com a inserção e manipulação de agulhas, e, que para ampliar os efeitos
terapêuticos pode-se utilizar concomitantemente outras técnicas, como Moxabustão por
exemplo, para a aplicação de calor através da queima da erva Arthemisia vulgaris,
principalmente em circunstâncias que demonstrem quadros por deficiência energética de Yang.
Segundo este, está relacionado com o desequilíbrio entre o Yin e Yang, ou seja, quando a
energia Yin sobressai em alternância à energia Yang, as duas polaridades que permeiam e
interiorizam no organismo, as quais serão elucidamente expostas neste estudo, mais adiante.
Sussmann (2006) descreve que desde a dinastia Ming, (1368 - 1644), é que se deu o
período de consolidação do conhecimento médico chinês e, consequentemente, da Acupuntura.
15
Para o autor, na antiguidade, mais especificamente na Pré-História, eram utilizadas agulhas,
feitas de espinha, lascas de pedras ou de bambu, para tratar diversos tipos de sintomatologias,
as chamadas “Pedras Bian” (Fig.:1), durante a Idade da Pedra (3000 anos a.C.). Estas agulhas
eram inseridas no organismo, em pontos específicos, sendo que, as mesmas promoviam um
reequilíbrio geral do organismo. Algumas dessas pedras foram encontradas em ruínas chinesas,
datadas entre 10.000 e 4.000 a.C. E em achados datados da Dinastia Shang (1.000 a.C.), já
existiam agulhas de bronze. O Nei Jing, ou “O Clássico de Medicina Interna do Imperador
Amarelo”, que teria reinado de 2.697 a.C. a 2.597 a.C, é um dos textos mais antigos da história
chinesa que surgiu do registro das conversas entre o imperador Huang Di e os seus ministros.
Sendo até os tempos atuais, um dos livros fundamentais da medicina tradicional chinesa, em
que estão descritos aspectos anatômicos, fisiológicos, diagnósticos e terapêuticos das síndromes
energéticas.
Fig,1: Agulhas de “Pedras Bian”, durante a Idade da Pedra (3.000 anos a.C.) e agulhas de ouro encontradas no túmulo de Han Liu
Shang (113 a.C).
Sussmann (2006) corrobora e acrescenta que a Acupuntura começou seu
desenvolvimento documentado na era da Dinastia Zhou, de 1027 a.C. a 221 a.C. (Fig.2).
Naquele período, a medicina chinesa tornou-se uma medicina mais evoluída, com
embasamento filosófico, porém mantendo os conceitos da terapia oriental antiga, o que a
concerne uma característica oriental, em que, o conhecimento antigo não é desprezado, sendo
armazenado para referência. Acrescenta ser a Acupuntura, uma prática terapêutica
multiprofissional baseada no conhecimento resultante das observações de experiências da
Medicina Tradicional Chinesa exercida há milhares de anos, qual vem sendo comprovada até a
atualidade.
16
Fig.2: Documento milenar encontrado na China descrevendo a Medicina Chinesa na era da Dinastia Zhou, de 1027 a.C. a 221 a.C.
https://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_acupuntura
2 AS ENERGIAS - YIN (陰) /YANG (陽)
De acordo com Auteroche & Navailh (1992), Yin e Yang (Fig.:3) é o par naturalmente
bipolar reunindo duas partes opostas que se encontra em tudo no universo, em relação
recíproca, coexistindo assim em cada fenômeno. Todas as transformações energéticas e
materiais são produzidas pela interação entre esses dois princípios antitéticos. Desta forma,
ambos participam do processo de produção, desenvolvimento e inclusive de destruição ou
extinção. Jamais se separam. A tudo essas energias permeiam, sendo que, não existe Yin sem
Yang e vice-versa. Inclusive, nem Yin e nem Yang absolutos, em vista da característica em
transmutarem e/ou transformarem-se em seu oposto bipolar. O Yin está dentro do Yang e vice-
versa, em completo ciclo e dinamismo energético, assim como suas variações de estados, dos
mais voláteis, aos mais densos. Porém, se um prevalece sobre o outro, desse desequilíbrio
sobrevém as doenças. Em um corpo saudável, os dois aspectos coexistem de forma harmônica,
favorecendo um determinado equilíbrio dinâmico. No organismo, estes são as bases primárias
de todas as uniões dos Zang Fu (Tabela 1).
17
Tabela 1: Característica de Padrões de Desarmonia entre Yin-Yang/https: ichingesade-120404051416-phpapp01.pdf
De La Vallée (1997) descreve sobre o processo de mutação da natureza, em relação às
trocas entre Yin e Yang quais se manifestam pelo movimento de contração e descida,
denominado turvo, e de expansão e elevação, conhecido como claro (Tab.:1). Relata que, o
fluxo dos fluídos e dos sopros no organismo humano se desenvolve mediante o modelo do Céu
e da Terra, em que tudo que se move para o alto e para as zonas externas do corpo o faz por
causa de sua natureza Yang, leve e cheia de vivacidade; e tudo que se concentra no interior ou
se move para baixo, como os precipitados da digestão, o fará por causa de sua natureza Yin,
mais pesada e espessa pela riqueza da vitalidade. O turvo representa as essências que se fixam
nos órgãos, e o claro a sutileza da vida que permite os movimentos voltados para o exterior.
Carballo (2007) e Mann (1998) declaram que, na Medicina Tradicional Chinesa, a
manutenção da vida humana se dá graças à nutrição contínua por meio dos sopros provenientes
da natureza e da reserva estabelecida desde a sua origem. Relatam que a reserva do Qì ancestral
(宗氣) se dá desde a concepção do ser, como herança de seus antecessores, e está estocado
entre os rins. Já o Qì nutritivo (勇氣) é constantemente adquirido em parte pela alimentação,
pois os alimentos são condensações provenientes dos vegetais que são Yin e dos animais que
são Yang, e em parte pela respiração, em que é absorvido o Qì não condensado mediante a
inalação do oxigênio liberado pelos vegetais.
18
Yin (陰) /Yang (陽)
陰陽
Fig.:.3 :O símbolo TAO na polaridade do Yin 陰 e do Yang 陽/novoequilibrio.com.br ver_topico.php? ipo=20&
od=248&w=1680)
Para Ross (2003), o conceito Yin-Yang é a base da Medicina Chinesa. E que, tal teoria
enuncia que a atividade fisiológica do corpo humano é o resultado da manutenção de uma
relação harmoniosa "da unidade dos contrários" dos dois princípios. A partir disso, a atividade
fisiológica que resulta da ação da energia Yang produz sem parar a essência Yin e vice-versa.
Pois, dentro de cada um, está contida a semente do outro (Fig.:3).
Para maciocia (1994), em relação à transmutação, esta mudança não acontece a esmo,
somente em determinados estágios de desenvolvimento e sob duas condições essenciais. A
primeira se refere em condições internas, e a segunda, devido às causas externas. Ou seja, a
mudança somente acontece quando as condições internas/externas forem apropriadas, e.g, a
transformação do calor em frio e frio em calor, em caso de Yin e Yang extremos. Segundo o
autor, tal fato ocorre devido os quatro principais aspectos que relacionam Yin-Yang, como a
oposição, qual nunca é absoluta e sim relativa, pois nada é totalmente Yin ou totalmente Yang,
e embora tudo contenha as duas polaridades, contudo, nunca em proporção meio-a-meio. Isto
se dá pelo fato de pertencerem a um equilíbrio dinâmico, qual tem a característica de ser
totalmente variável, obedecendo e atendendo a interação das circunstâncias internas e externas.
A saúde se estabelece diante deste dinamismo, em que Yin-Yang tende a variar em pequenas
escalas a fim de equilibrarem-se. Enquanto que, as variações de superposições entre um e outro
é que geram os desequilíbrios, com seus respectivos padrões de desarmonias; enquanto que, a
interdependência simboliza que o Yin não existe sem Yang e vice-versa; e em relação ao
consumo mútuo, apesar de estarem num estado constante de equilíbrio dinâmico, mantidos por
ajustes contínuos, há circunstâncias em que, se o Yin se apresenta em excesso, provocando uma
19
baixa no equilíbrio Yang, tornando-o deficiente. Em outras palavras, o excesso de Yin consome
o Yang, e o contrário também é verdadeiro (Fig.:4).
Fig.:4 Padrões de desarmonias entre Yin e Yang/ Https.:imagemgoogleenergiasyin-yang
Auteroche & Navailh (1992) esclarecem que é sempre pela oposição que um dos dois
aspectos Yin-Yang, tem um efeito de condicionamento sobre o outro. Caso a troca não seja
equivalente, ou seja, se Yin e Yang não estiverem mais equilibrados e se separam, a atividade
vital do homem é detida, como elucida no texto a seguir:
(…) Do infinitamente grande ao infinitamente
pequeno, tudo é energia. Por milênios, a argumentação da
MTC, que é influenciada pela filosofia Taoísta, apoia-se em
uma concepção milenar do universo, baseada na energia, e
que tem sido defendida pela física moderna. Na qual vê a
doença como a quebra dessa harmonia energética, sendo o
Yin e o Yang duas expressões desta Energia Fundamental.
(AUTEROCHE & NAVAILH, O diagnóstico da Medicina
Chinesa 1992, p.16)
Yamamura (2003) descreve que, no contexto da MTC, a constituição do ser humano é
baseada em matéria (palpável), e de energia (Qi), sendo este, mais sutil e dinâmico. Quando em
um resultado de equilíbrio quase perfeito desta energia que transita pelo corpo através dos
canais energéticos (Jing Luo-经络), o indivíduo goza de sua máxima saúde física e mental.
Sabendo-se que, é a união desses dois elementos, ‘Energia e Matéria’ de forma harmoniosa
responsável por este feito, a saúde. De certo, que em estados muito avançados de desarmonias
como uma lesão nas artérias, ou um choque traumático de proporção extrema, como ocorre em
20
acidentes, em casos como estes, a medicina Ocidental deve se ocupar dos primeiros cuidados.
Mas no que diz respeito à ajuda em reestabelecer a saúde ou acelerar o processo de cura, nada
se faz sem o reparo entre Yin-Yang.
De acordo com Yamamoto (2011), a aplicação do Yin-Yang na Medicina Chinesa diz
respeito a toda fisiologia, patologia e diagnóstico de tratamento. Os quais podem ser reduzidos
em sua teoria básica e fundamental. E que cada modalidade de tratamento se enfoca em uma
das quatro estratégias como, tonificar o Yang, tonificar o Yin; eliminar (sedar) o excesso de
Yang ; eliminar (sedar) o excesso de Yin. Segundo o autor, a compreensão da aplicação da
teoria Yin-Yang é de suprema importância na prática. Sem este fundamento, não há medicina
chinesa.
Para o Maciocia (1992), os princípios de Yin-Yang devem ser aplicados no disgnóstico
do paciente, obedecendo ao caráter de suas manifestações clinicas (Quadro1).
Quadro:1 . Manifestações Clinicas entre Yin-Yang/Adaptado da obra Fundamentos da Medicina Chinesa, giovanimaciocia.pdf
Medeiros (2017) conclui ainda, que na Natureza, a energia Yang representa
características do sol, dia, céu homem, verão calor. No organismo, representa a superfície
externa, região dorsal, as vísceras energéticas; e como características das doenças o quente,
secura, hiperatividade, a fase aguda. Enquanto que a característica Yin se correlaciona na
natureza com o oposto do Yang, como a lua, a noite, a terra, mulher, inverno, frio; e no
organismo representa região mais profunda, os órgãos, o sistema sanguíneo e os líquidos
orgânicos; assim como característica das doenças como lentidão, fraqueza, frio, umidade e a
cronicidade. O Acupunturista ao reconhecer tais padrões, trata corretamente suas deficiências e
excessos.
21
2.1 Yin e Yang e a Física das Energias
Corral (2011) sustenta que, em base científica, a elucidação da energia não se difere da
explicação milenar que diz respeito ao comportamento de Yin-Yang. A natureza corpuscular da
luz (energia) corresponderia o que a tradição Oriental define como Yin; desta forma, a natureza
ondulatória da luz corresponderia com a natureza do Yang; e a conjunção da onda-partícula,
constituiria em união o que basicamente se define como o Tao. Assim, ao seguir o sentido do
movimento do Tao, podemos descrever o aspecto da partícula corpuscular; e em determinado
momento, a luz começa a se comportar com uma onda. A natureza da luz é unitária, mas se
manifesta de maneira dual. Para o autor, a luz se manifesta em diferentes formas, movimentos,
mudanças, pois desta maneira, assim como o Tao, transforma, muta e transmuta. Isto é, a
energia de forma geral, caracteriza-se basicamente em cinco níveis: movimento, mudança,
transformação, mutação e transmutação. Acontecendo o mesmo, como nos elementos
periódicos que ao mudar sua estrutura eletrônica se transformam, da energia ao átomo, do
átomo à matéria. Baseado nesta concepção genérica, o protótipo da visão do oriental, o que é
definido como energia, tem diferentes categorias no ser até se tornar um organismo completo.
Mann (1998) afirma que, toda manifestação no mundo visível é uma reprodução de
um efeito e de uma imagem em um mundo energético, atuando em conjuntura com o material.
No qual, ocorre entre dois polos, representados pelos pensamentos-emoções, que correspondem
ao mundo suprassensível da atividade mental, e pelo sensorial, que corresponde ao toque, a
experiência, ao mundo concreto dos acontecimentos visíveis. A síntese dessas manifestações é
simbolizada no homem, sob o eixo de união entre Yin-Yang, formando-se assim a interação
Taoísta primordial. Isto inclusive, explicaria a natureza fluídica dos Zang fu.
Ping & Songhai (2008), reforçam que para entender a filosofia da Acupuntura, faz-se
necessário adquirir a simplicidade da visão chinesa daquela época, em que não haviam
explicações científicas para compreender a ação de como os chineses inseriam suas agulhas em
pontos especiais com o objetivo de dirigir e desbloquear a energia. Segundo eles, a energia
vital, presente em todas as partes, circula no organismo através de condutos chamados Chings,
(Meridianos/Jing Luo). A explicação decorria baseada nos meridianos que, ao percorrerem a
superfície do corpo ao longo dos membros, do tronco e da cabeça; em sua trajetória livre,
extinguia o mal que habitava tal corpo. A energia, dirigida mediante a punção dos pontos se
mostrava sob dois aspectos distintos, opostos entre si, mas, na realidade, complementares: Yin e
22
Yang. Em que o Yin é matéria e o Yang a energia mediante os gradientes. Sendo assim, a saúde
e a doença, segundo os chineses, fazem parte deste equilíbrio ou a falta deste. Portanto, curar
uma enfermidade significa restabelecer o equilíbrio energético alterado.
3 O QI
Ping & Songhai (2008) depõem que os mecanismos de ação da Acupuntura estão
intimamente relacionados com a origem de nosso corpo energético e de nossa forma física. No
contexto da embriologia energética e subsequentemente da embriologia morfológica, a energia
se incorpora à matéria para que, juntas, promovam a atividade da matéria, que pode manifestar-
se no nível energético constituindo as atividades orgânicas, e também no nível da matéria,
produzindo diferentes substâncias, como Sangue (Xue), por exemplo. Descreve que, ainda que
o ocidental vê o Qi apenas como energia e, Xue como matéria. E, com uma visão mais profunda
no postulado Chinês, o oriental entende o Qi em seus aspectos em gradientes dos mais
materiais aos mais densos, assim como possui em seus aspectos os mais fluidos e os mais
voláteis. E da mesma forma o Xue (sangue), o Jing (essência), o Shen (espírito), O Jin Ye
(líquidos orgânicos), os quais apresentam variados aspectos de intercomunicação contínua,
assim como o Yin e o Yang. Os autores descrevem que, a complexidade do Qi com suas vastas
variações, se torna quase impossível traduzi-los em palavras. Há uma interação entre energia e
matéria na concepção da MTC, que dificulta o entendimento racionalista ocidental, no ocidente
há uma preponderância de tudo ser visto de forma separada, tendo a necessidade de se basear
em fórmulas matemáticas, capazes de serem resolvidas para se alcançar créditos. Já para a
MTC, Energia e Matéria não são vista como separadas, mas sim como dois extremos de algo
contínuo. Seu simbolismo indica que o Qi possui características tanto materiais quanto
imateriais (Fig.:5)
Fig.5: Qi – representando o rarefeito e fluídico como vapor e denso e material como o grão de arroz/ Weiger.1985
23
3.1 As Variações do Qi
Medeiros (2017) relata que o Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente
sobre os níveis físico e espiritual, definindo-o assim como um estado constante de fluxo
energético nos mais variáveis estados de agregação. Enquanto a Medicina Ocidental baseia-se
na estrutura física, a MTC se embasa e se aprofunda no estudo e conhecimento da circulação
energética, como o Qi, Xue (sangue), Jing (essência ou energia ancestral), Shen (espírito,
consciência, mente) e os mais densos Jin Ye (líquidos orgânicos), em profunda relação às
funções e inter-relações entre os órgãos e vísceras. Desta forma, as substâncias ditas vitais ou
fundamentais são consideradas pela MTC como ciclo de interação constante entre a função do
corpo e da mente.
Pelos parâmetros da Medicina Tradicional Chinesa, existem várias formas de energia
(variações do Qi) que atuam constantemente em nosso organismo desempenhando diversas
funções. Estas são conhecidas como as polaridades Yin Qi e Yang Qi, sendo estas subdivisões
do Qi. O Yuan Qi, também conhecido como Qi Original ou Energia Ancestral e é o fundamento
de todas as energias Yin- Yang do organismo. O Yuan Qi é a Essência (Jing) em forma de Qi,
derivado do Jing Pré-Celestial e este, por sua vez, é gerado no momento da fecundação com a
função em nutrir o feto durante toda a gravidez, dependente da nutrição fornecida pelo Rim
(Shen) da mãe. É o Jing Pré-Celestial quem determina a constituição básica de cada pessoa,
fazendo com que cada ser tenha a sua própria individualidade. Este circula pelos meridianos
despertando a atividade funcional de todos os sistemas. Ele é o elemento essencial que mantém
a vida do corpo. Encontra-se estocado de base entre os dois Rins, no Ming Men (espaço
considerado pela MTC como porta da vida ou portão da vitalidade que é a raiz da Essência
Original; é a moradia da água e do fogo), na altura entre a segunda e terceira vértebras
lombares, na região do ponto VG4. Sem Ming Men o Yang Qi dos cinco órgãos não pode se
desenvolver. O Yuan Qi ou Energia Pré-Celestial, não pode ser renovada e depende do Jing
Pós-Celestial, ou seja, do Qi dos Alimentos para ser preservada ou poupada, durante a vida do
indivíduo (Fig.:6). Desde o nascimento do ser, esta energia é utilizada pelo próprio organismo
à medida que se necessita, e sua extinção representa a morte física do indivíduo, pois diferente
do Qi dos alimentos, o Qi Pré-Celestial não pode ser reposto. (DIAS, Ricardo, AULA DE
SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS-Escola de Acupuntura Zang Fu/Pós-graduação, 2018).
24
Fig.6: https://yinpoderamento.wordpress.com/2018/03/15/substancias-fundamentais/
De acordo com Yamamura (1993), todos os canais de energia têm a função precípua
de circular o Qi (Energia) e o Xue (Sangue). A Energia Nutritiva, o Yong Qi formada à custa da
essência dos alimentos, circula sem cessar "dentro" dos Canais de Energia Principais,
percorrendo-os em uma sequência.
Ross (2003) e Auteroche et al (2000) declaram que, o Qi dos Alimentos ou Jing Pós-
Celestial, é a energia que provém da digestão e da assimilação dos alimentos feita pelo Baço
(Pi) e Estômago (Wei) após o nascimento, representando o primeiro estágio de transformação
do alimento em Qi. Que ao ser consumido e absorvido pelo organismo, é decomposto no
sistema digestivo, ainda em matérias densa, sendo posteriormente transformado em mais volátil
pelo Baço (Pi) em Qi dos alimentos, porém de forma ainda não utilizável pelo organismo. Em
que posteriormente, o Qi dos alimentos toma dois caminhos, um se dá ao entrar o alimento, este
se direciona de forma volátil para o Pulmão (Fei), onde combinado com o ar respirado forma o
Qi Torácico ou Zong Qi . O segundo caminho, também chega ao Pulmão (Fei) e alcança o
Coração (Xin), onde é transformado em Sangue (Xue). Essa transformação é auxiliada pelo Qi
do Rim (Shen) ou pelo Qi Original (Fig.:7)
25
Fig.7: Funções e mecanismo de ação do Qi e suas variações. AdaptadoimagensGoogle.com por J de Andrade, 2019
Para os autores, a Energia Respiratória, ou Qi puro ou Qi do ar, é a energia obtida
através da respiração. Assim, o Qi do ar ao combinar com o Qi do Alimento, forma o Qi
Torácico ou Zong Qi ou Qi Essencial. O Qi Torácico é uma das formas mais refinadas de Qi
em relação ao Qi dos Alimentos, sendo utilizada pelo organismo a fim de nutrir o Pulmão (Fei)
e o Coração (Xin), promovendo neles as funções de controlar o Qi, a respiração o Sangue (Xue)
e os vasos sanguíneos respectivamente (Fig.:7). Controla também a voz e a fala, sob o
comando do Coração (Xin) e Pulmão (Fei). Contudo, o Qi Torácico se acumula na garganta e
influencia a voz e a fala, em vista disto, um Qi Torácico debilitado pode provocar
impedimento na fala e fraqueza na voz. Da mesma forma, promove a circulação sanguínea para
as extremidades. Este auxilia o Coração (Xin) e o Pulmão (Fei) a empurrarem o Sangue (Xue)
para os membros, especialmente as mãos. Quando o Qi Torácico se encontra debilitado, os
membros, inclusive as extremidades ficam frias. Por ser o Qi Torácico o regente da energia do
tórax, ele sofre também influências de emoções como a tristeza e o lamento que debilitam o
Pulmão (Fei). Nestes casos, tal condição é logo percebida pelo acupunturista tomando as
posições distais à esquerda do pulso do paciente que correspondem ao Coração (Xin) e direita
ao Pulmão (Fei), analisando que estarão fracas e/ou vazias.
:
Ross (1985) relata que o Qi Verdadeiro ou Zhen Qi, é o último estágio de
transformação e refinamento do Qi que vai circular nos meridianos e nutrir os sistemas. O Qi
Torácico é transformado em Qi Verdadeiro (Zhen Qi), que através da ação catalítica do Qi
Original (Yuan Qi). Assim, o Qi Verdadeiro assume duas formas distintas, uma como Qi
Nutritivo (Ying Qi) e o Qi Defensivo (Wei Qi). O autor descreve que o Qi Nutritivo (Ying Qi)
está intimamente relacionado com o Sangue (Xue) e flui com este para os vasos sanguíneos,
assim como para os meridianos para nutrir os sistemas internos e todo o organismo (Fig.:8).
Ele é ativado sempre que um ponto é estimulado.
26
Fig.8: Substâncias Fundamentais e suas transformações-httpssubstanciasfundamentais/slidshare.com
O autor elucida que em relação ao Qi Defensivo ou Wei Qi, sendo a energia protetora
ou "energia de defesa". Possui características Yang em relação ao Qi Nutritivo (Yin). Formado
a partir da parte impura dos alimentos, o Wei Qi é mais denso e não pode circular nos
meridianos, sendo então direcionado para a parte externa do corpo, circulando sob a pele, entre
os músculos (Tendinomusculares) e difundindo-se para o tórax e abdome. Enquanto que o Qi
Nutritivo, que é formado pela parte mais refinada do Qi dos alimentos, circula internamente nos
vasos e meridianos. Para o autor, é função do Pulmão (Fei) regular a circulação do Qi
Defensivo para a pele, assim como controlar a abertura e fechamento dos poros. Desta forma, a
debilidade do Qi do Pulmão (Fei) pode levar à debilidade do Qi Defensivo, ficando o indivíduo
vulnerável a frequentes resfriados. É ainda o Pulmão (Fei) quem distribui os Fluidos Corpóreos
ou Líquidos orgânicos (Jin Ye) para a pele e músculos. O Jin Ye (líquidos orgânicos), sendo o
Jin a parte mais leve, circula na superfície do corpo junto do Wei Qi, e possui a função de nutrir
e umedecer a pele, músculos, ligamentos e tendões. E Ye a parte mais pesada, circula
internamente, nos vasos, seguindo o Ying Qi, em que a função é de nutrir e umedecer os Zang-
Fu (órgãos e vísceras), ossos, medula, articulações.
Auteroche & Navailh (1992) assim como Maciocia (2010), constatam que a Energia
Perversa (Xie Qi) é qualquer energia nociva que, ao atravessar a barreira da pele, mucosas e por
fim, o Wei Qi, venha a provocar desequilíbrio entre o Yin e o Yang. A partir desta deficiência,
qualquer agente externo ou interno pode vir a ser o causador de outras desarmonias em um
mecanismo de defesa orgânica já previamente em desequilíbrio.
Para Ross (1994) a Energia Mental é a própria manifestação da consciência. Esta
energia é regida pelo Coração (Xin). Este é a morada do Espírito (Shen), e depende do
27
funcionamento equilibrado de todos os órgãos e vísceras para que se mantenha saudável. De
acordo com o autor, em um processo cíclico, uma boa saúde depende de uma boa atitude
mental (“Shen” neste caso, também é conhecido como Espírito-mente, além de designar na
MTC o nome do órgão Rim). Shen (Espírito) representa pensamento ou consciência. Este
determina o sono e o estado mental do indivíduo e reside no coração (Xin).
Maciocia (1997) elucida sobre Jing (essência), em que esta determina as fases de
crescimento, desenvolvimento, reprodução e também concepção e gravidez. Pode ser
encontrado em três contextos diferentes, em Jing Pré-celestial (origina o Qi, Xue, Yin e Yang do
corpo), Jing Pós-celestial e o Jing do Rim (Shen); considera que, em relação ao Sangue (Xue) a
maior parte deste, deriva do Qi dos Alimentos produzidos pelo Baço (Pi). Segundo Ross, o
Sangue (Xue) é uma forma densa de Qi que flui para todo o organismo, nutrindo todo o corpo e
não permitindo que os tecidos corpóreos sequem. E é a base material para a consciência. Se o
Sangue (Xue) for deficiente a mente será inquieta e infeliz e “flutuará” perturbando o sono.
Assim como as desarmonias que envolvem o Xue, como estase, anemia entre outras causam
sérios problemas de saúde, podendo até mesmo levar ao óbito senão reparados energética e
fisicamente.
3.2 Canais de Energia (Jing Luo)
Para Ross (1985), Jing Luo é a denominação genérica de Jing Mai e Luo Mai. Jing
Mai é o tronco principal, com vasos distribuídos na profundidade e de trajeto de circulação.
Luo Mai são vasos ramificados que circulam nas partes mais superficiais e apresentam
caminhos em diversos sentidos, cruzam-se entre si, reunindo os tecidos e órgãos formando um
sistema único. O autor elucida que, os meridianos apresentam trajetos definidos marcados por
pontos cutâneos sensíveis sendo condutores de Qi (energia Yin e Yang) e Sangue (Xue),
conectando os Sistemas de órgãos e Vísceras (Zang Fu), membros e articulações, parte superior
com a inferior e a superfície com a profundidade.
28
Fig.9.: Meridianos e Colaterais/Zang Fu Sistema de órgãos e Visceras J. Ross
Ross (2003), descreve que Jing Luo (Fig.:9) é uma rede de canais de energia que se
distribui por debaixo da superfície da pele, e o seu trajeto acompanha estruturas do sistema
circulatório, linfático, muscular e nervoso. Esta rede de canais e seus colaterais se conectam
entre si nestes e são transportadas as transformações da matéria básica pela (Qi) por todas as
partes do corpo. O sistema de meridianos unifica o organismo, conectando os órgãos internos
com o corpo externo e mantendo harmonia e equilíbrio. Existem diferentes tipos de meridianos,
os principais estão diretamente associados aos 12 órgãos e vísceras. Para melhor compreensão,
acompanhando o quadro acima, Jing, são sistemas de canais, e, Luo de colaterais, quais se
dividem em Jing Mai, quais são os doze canais principais. Desses doze, seis são de
características Yin e, seis são características Yang. Sendo três nas mãos (Shou) e três nos pés
(Zu), de cada um dos seis para cada característica Yin-Yang, como os Yin: Tai Yin (Pulmão),
Shao Yin (Coração) e Jue Yi (Pericárdio); e os de característica yang como, Tai Yang (Intestino
Delgado), Shao Yang Triplo aquecedor) e Yang Ming (Intestino Grosso). Da mesma forma
ocorre nos meridianos dos pés com as características Yin, como Tai Yin (Baço-Pâncreas), Shao
Yin (Rim) e Jue Yi (Fígado); e os de característica yang como, Tai Yang (Bexiga), Shao Yang
(Vesícula Biliar) e Yang Ming (Estômago). Para formar o canal unitário, basta unir o Tai Yin da
mão com o Tai Yin do pé, como por exemplo, formando o canal unitário Pulmão e Baço-
Pâncreas e assim por diante, em uma relação entre alto-baixo no organismo.
29
Fig.: 10 ;Distribuição das zonas cutâneas correspondentes aos doze canais de energia/Yamamura-ArtedeInserir(1993)
Segundo Maciocia (2003), os doze Canais de Energia Principais, quando estão nos
membros, situam-se entre os músculos ou entre estes e os ossos e constituem em relação à pele,
um canal de energia profundo. Para manter a relação Interior /Exterior, é necessário a presença
de canais superficiais que correspondem aos Canais de Energia Secundários
Tendinomusculares e Luo Longitudinais. I.é., além dos doze canais de conexão, há ainda os
doze canais Longitudinais, doze canais Longitudinais especiais, quatro Tendíneos-muscular,
doze Profundos e Distintos, doze canais maravilhosos, oito Função de nutrição, Função de
defesa, Transporte de energia ancestral.
Ross (1994) descreve, que pelos Fundamentos da MTC, o fluxo energético desses
canais é definido pelas energias Yin-Yang que, ao percorrerem os meridianos, obedecem a uma
ordem e sentido específico. Tal fluxo vai do tronco para as mãos, das mãos para cabeça, da
cabeça para os pés, dos pés para o tronco (e novamente para as mãos). Movimentando o Qi e
Xue. Os doze meridianos regulares são distribuídos pelo interior e exterior do corpo (Tab.:2). O
Qi e o Sangue circulam por eles numa determinada ordem chamada de grande circulação de
energia. Esta ordem se dá pelos canais Yin, quais representam os órgãos (Zang) e pelos canais
yang, seus acoplados, que representam as vísceras (Fu).
30
Tabela 2: Jing Luo- Meridianos Yin- Yang/Janete de Andrade
Canais Yin (Órgãos) Canais Yang (Vísceras)
Pulmão (FEI) /11 pontos bilaterais Intestino Grosso (DACHANG)/20 pontos
bilaterais
Baço-Pâncreas (PI)/21 pontos bilaterais Estômago (WEI)/45 pontos bilaterais
Coração (XIN)/09 pontos bilaterais Intestino Delgado (XIAOCHANG) /19 pontos
bilaterais
Fígado (GAN)/14 pontos bilaterais Vesícula Biliar (DAN)/44pontos bilaterais
Rim ( SHEN)/27 pontos bilaterais Bexiga (PANGGUANG)/67 pontos bilaterais
Pericárdio ou Circulação-sexo (XINBAO)//09
pontos bilaterais
Sanjiao ou Triplo Aquecedor (SANJIAO)/23
pontos bilaterais
Lima (2017) enfatiza que a importância em observar o percurso de cada canal de
energia, serve inclusive para diagnóstico na fisiologia energética, como por exemplo, o canal
do Pulmão (P/FEI), que se inicia no tórax, na região subclavicular, percorre o braço e o
antebraço pela face anterior e termina no polegar; o canal do Instestino Grosso
(IG/DACHANG) inicia-se na ponta do dedo indicador, percorre a mão, o antebraço o braço, o
ombro, o pescoço, a face e termina junto à asa do nariz; o canal do Estômago (E/WEI), dá-se
início na face, cabeça, desce para o pescoço, o tórax e o abdome, introduz-se no membro
inferior, desce pela frente da perna e termina na extremidade do segundo dedo do pé; canal do
coração (C/XIN), nasce no oco axilar, passa à face interna do braço, segue pelo antebraço, cruza
o punho por sua parte mais interna e vai terminar na extremidade do dedo mínimo; o cana do
Intestino Delgado (ID/XIAOCHANG), começa na extremidade do dedo mínimo, continua pelo
braço interno da mão, do antebraço e cruza o ombro e a espádua em zigue-zague, entra no
pescoço e chega à face, vindo a terminar no pavilhão auricular; o canal da Bexiga
(B/PANGGUANG) é o mais extenso de todos, dá-se início no ângulo interno do olho, sobe pela
fronte, cruza o crânio de diante para trás por fora da linha mediana, desce pela nuca e a percorre
de cima para baixo perto da linha mediana. Ao chegar à proximidade do cóccix desaparece da
superfície para reaparecer na parte alta da escápula e segue um curso paralelo com a linha
anterior. Entra no membro inferior que percorre por sua face posterior e depois por sua face
externa ao chegar à panturrilha e termina na extremidade do quinto metacarpo; enquanto que, o
canal do Rim (R/SHEN), nasce na planta do pé, sobe pela face interna do mesmo, face interna
31
da perna e da coxa, percorre o abdome e o tórax, próximo da linha mediana e termina sob a
clavícula; o canal da Vesícula Biliar (VB/DAN) nasce no ângulo externo do olho, percorre o
crânio, descrevendo uma série complexa de curvas, alcança ao ombro, continua pela face lateral
do tórax e desce pelo membro inferior, percorrendo-o por sua face externa para terminar na
extremidade do 4º metacarpo; o canal do Fígado (F/GAN), nasce na extremidade do halux,
segue por seu bordo interno, continua pela face interna da perna e da coxa, ganha o abdome e
termina no 6º espaço intercostal; o canal do Pericárdio ou Circulação/Sexo (CS/XINBAO),
nasce no tórax, por fora do mamilo, introduz-se no membro superior que percorre por sua face
interna e termina na extremidade do dedo médio; e o canal Triplo aquecedor (TA/SANJIAO),
nasce na extremidade do dedo anular, sobe pelo dorso da mão, antebraço e face póstero-externa
do braço, ganha o ombro, a nuca, contorna o pavilhão da orelha e termina no fim da
sobrancelha. (LIMA, Alexander; Prof. Especialista AULA DE CANAIS E COLATERAIS,
ESCOLA DE ACUPUNTURA ZANG FU - 2017).
De acordo com Ross (1994), a circulação de energia por entre os diversos canais pode
sofrer interferência por fatores externos, que poderão ocasionar estagnação ou bloqueio dessa
energia e do sangue gerando processos dolorosos ou mau funcionamento dos órgãos. O Autor
esclarece que na MTC, Mai indica o sistema de vias pelo qual as substâncias, principalmente o
Qi e o Xue, são distribuídas pelo corpo. O Mai move de acordo com o Qi. E Xue se move de
acordo com Mai Qi
Os canais extraordinários ou meridianos extraordinários são os vasos maravilhosos.
Estes são em número de oito com suas respectivas características Yin ou Yang, como Du mai
(Vaso governador-VG/Yang), Ren Mai (Vaso concepção-VC/Yin), Chong Mai (Yin), Vaso
penetrador Dai Mai (Yang), Vaso da cintura (Yin), Qiao Mai (Vaso yin do calcanhar), Yang Qiao
Mai (Vaso yang do calcanhar ),Yin Wei Mai (vaso yin de conexão), Yang Wei Mai (vaso yang
de conexão). Estes se apresentam como via extra de passagem de energia VG e VC. E são os
responsáveis pela organização da formação do embrião, sendo o VG (yang) responsável pelo
desenvolvimento do ectoderma; e o VC (yin) responsável pelo desenvolvimento do endoderma.
Ambos formam a pequena circulação e possuem pontos de abertura específicos. O Vaso
Governador (VG) possui 28 pontos, característica Yang, nasce na ponta do cóccix, e seguindo a
linha mediana posterior do corpo, sobe pela região sacra, lombar, torácica, cervical, ganha o
crânio, desce pela face e termina na gengiva, entre os dois incisivos médios superiores. Seus
pontos de abertura são ID3 e B62. Exerce influência sobre todos os meridianos Yang. Sua
principal ação é nutrir a coluna e o cérebro, fortalecer a função renal para sintomas de tontura e
32
memória debilitada, para tratamento de casos crônicos de lombalgia, fortalecimento da região
dorsal e possui a ação em expelir vento interior nos casos de tontura, AVC, convulsões e
epilepsia; já o vaso concepção (VC), possui 24 pontos com energia Yin, nasce no períneo,
próximo ao orifício do ânus, dirige-se para frente, sobe, seguindo a linha mediana anterior, pelo
abdome e o tórax, ganha o pescoço e termina na face, por cima do queixo. Seus pontos de
abertura são P7 e R6, e influenciam todos os meridianos Yin, sendo muito importantes para os
sistemas reprodutivos. Nas mulheres, regulariza a menstruação, fertilidade, gravidez, parto e
menopausa. E em casos de infertilidade ajuda a promover o suprimento de sangue para o útero
e trata disfunções mestruais. (Lima, Alexander- Prof. Especialista em Acupuntura/aula de
canais e colaterais, ESCOLA DE ACUPUNTURA ZANG FU, 2018).
De acordo com a antiga teoria chinesa os pontos de Acupuntura se situam ao longo de
um sistema “invisível” de meridianos que atravessam todos os tecidos do corpo por onde corre
uma energia “invisível”, nutritiva denominada Qi (lê-se T’chi), geralmente é interpretado como
sopro, energia, força vital, o qual, para poder realizar as diferentes funções a ele atribuídas
dentro do organismo humano, com diversificações e adaptações para o metabolismo e
vitalidade do organismo, embora siga se manifestando sob seus dois aspectos principais, um de
característica yang e outro de característica yin (CORRAL, 2006, p. 25; KIDSON, 2006, p. 48).
Fig.:11;Canal energético e seus respectivos
acupontos/https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura
Gerber (1996), descreve que o Qi chega aos órgãos mais profundos, levando-lhes um
alimento vital de natureza energética sutil. Para o autor, a busca por explicações científicas aos
feitos que a acupuntura traz como terapia em variadas patologias, principalmente no tratamento
da dor, tem levado a comunidade científica a elaborar diversificados experimentos, e todos
comprovando sua eficácia.
Ding (1996) associa que os principais pontos de tratamento da acupuntura sistêmica
(acupontos) são aqueles que apresentam propriedades especiais curativas. Assegura que estes
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não existem isoladamente, mas dentro dos doze canais regulares (Jing Luo) e dos oito canais
extras. Ao longo e fora dos canais de energia, localiza-se cerca de mil pontos chineses que
quando estimulados podem tonificar ou sedar determinados órgãos e vísceras ou meridianos.
Segundo o autor, entre esses pontos, alguns possuem função específica e importante,
denominados pontos de comando e divididos em várias categorias, sendo as mais importantes
os pontos de Tonificação; Pontos de Sedação; doze Pontos Yuan (Fonte); quinze pontos Lo
(Conexão) ou saída de Qi; doze pontos de Assentimento Dorsal (Shu); doze Pontos de
Assentimento Ventral (Mu) e dezesseis Pontos de Alarme ou Fissura (Xi); pontos dos Cinco
Shu Antigos (Jin, Ying, Shu, Jing e Ho/He), quais são 66 pontos determinados pelos Cinco
Elementos, muito importantes para o equilíbrio da energia nos meridianos. Além destas
categorias, há ainda muitos outros pontos importantes classificados em pontos fora do
meridiano, pontos de reunião e pontos especiais. Além dos doze meridianos ordinários ou
regulares e dos meridianos, Vaso concepção (Ren-Mai) e Vaso Governador (Du-Mai),
possuindo cada um, seu próprio ponto Lo. Tendo ainda, o meridiano do Baço-Pancreas (BP)
um ponto Lo extra, o Grande Lo, com um total de quinze pontos Lo (Aula de Canais e
Colaterais- Prof. Especialista Alexander Lima, 2018, Escola de Acupuntura Zang Fu)
Para Ross (2003), a circulação de energia por entre os diversos canais pode sofrer
interferência por fatores externos, que poderão ocasionar estagnação ou bloqueio dessa energia
e do sangue gerando processos dolorosos ou mau funcionamento dos órgãos.
Barros et al (2011) levantam uma observação importante no que se refere ao
tratamento na MTC, caso o organismo não esteja funcionando bem, certamente, o terapeuta há
de buscar os fatores energéticos que ainda o impeçam em desempenhar com harmonia suas
variadas funções.
Para proporcionar a volta da homeostase saudável,
esta só se institui com a mudança de vibração da informação dos
campos energéticos envolvidos. A “autorreparação” é um
processo natural das funções do organismo que tenta
biologicamente preservar suas funções. E através da inserção de
agulhas, amplia o processo para o equilíbrio energético de cada
Zang Fu (sistema de órgão e vísceras) envolvido na patologia,
até que se atinja a cura ou contribua para uma melhor qualidade
de vida do paciente (Barros et al - O ensino das práticas integrativas e
complementares: experiências e percepções. São Paulo: Hucitec 2011).
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Os autores declaram que, na área que envolve a Acupuntura e seus comprovados
efeitos terapêuticos, a ciência vem buscando através de realizações de experimento a certeza
em que, “trabalhar” a cura apenas na parte material (fisiológica e bioquímica) é insuficiente.
Pois os melhores resultados são obtidos ao tentar reparar o equilíbrio dos campos energéticos
envolvidos neste processo.
O uso prescrito de medicação química pode suprimir
sintomas, mas, no nível vibracional e energético da informação,
o indivíduo continua doente e pode voltar a apresentar os
mesmos sintomas anteriores ou, até mesmo, outros sintomas em
outros tecidos que, segundo a visão linear atual, não terão nexo
causal com os primeiros e serão tratados de outra forma química,
geralmente por outro especialista, distanciando-se cada vez mais
da raiz onde surgiu o problema (Barros et al -O ensino das práticas
integrativas e complementares: experiências e percepções. São Paulo:
Hucitec 2011)
Auteroche & Navailh (1992) defendem que a MTC sempre leva em conta toda e
qualquer informação do indivíduo até que esgotem as dificuldades que conduzem à raiz. Ou
seja, o “porquê” do adoecimento. Anteriormente manifestado a princípio em seu corpo
energético e, posteriormente em diversos sistemas, até gerar uma impossibilidade vital. Caso
não haja um tratamento adequado embasado em diagnósticos eficientes, poderá comprometer
seriamente a saúde do paciente. Eg., uma dismenorréia, hipertensão, síndrome do climatério e
diabetes, todas podem surgir em variadas fases da vida, mas todas analisadas como fatores de
desequilíbrio(s) energético(s). Para o autor, não se seria aconselhável tratar doentes crônicos,
apenas embasados na química (Fármacos). Segundo ele, esta é uma das razões leva aos
pacientes a buscarem o tratamento pela Acupuntura. E que, infelizmente, muitos adotam tal
terapia, quando a doença já se encontra em estado bem avançado. E que, por falta de
conhecimento e orientação, deixam de procurá-la, inclusive, como prevenção.
Para Tesser & Barros (2008), à medida que a concepção dualista do processo saúde e
doença limita o adoecimento a problemas da máquina humana, como sendo passíveis de
resolução pela biotecnologia químico-cirúrgica por intermédio da incorporação de alta
tecnologia e medicalização, criam-se barreiras para realizações do processo de fundamental
importância como a anamnese e exame clínico da língua e pulsologia, que vão interferir
positivamente na relação do terapeuta com o paciente. Esse cuidado interventor puramente
farmacológicorealizado no Ocidente, retira a autonomia do sujeito (paciente) no processo de
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construção da saúde e promove sua dependência pela atuação do profissional e pelo uso de
medicamentos.
Livramento (2007) ressalta a importância em compreender a energia que circula no
organismo, trabalhada na Acupuntura. Há um campo energético com informações que
conduzem a homeostase do sistema, que está relacionada à homeostase induzida pela Natureza
e suas leis da eletrodinâmica quântica. Um sistema vivo em equilíbrio energético é aquele que
responde adequadamente às forças da Natureza, no qual o homem está conectado em sua
essência informacional. O dia, a noite, o sol, a lua, o movimento das águas, as estações do ano,
tudo interfere na eletrodinâmica quântica inerente à homeostase orgânica. O meio, as emoções,
a alimentação e a constituição hereditária do indivíduo geram informações que podem
fortalecer ou fragilizar os mecanismos que contribuem para o equilíbrio dinâmico destas
energias, desta forma, a Medicina Chinesa torna-se imprescindível em um evento deparado
frente ao desequilíbrio destas, podendo afetar a saúde se não reparado, pois, somente pela
mudança da informação intrínseca, torna-se capaz de obter verdadeiramente a cura. Demonstra
ainda o autor em suas explicações que, o fato de um organismo humano possuir em média 10
trilhões de células e cada célula com seu metabolismo, quais distribuem sua força para o
organismo, se este indivíduo hoje, já apresente comprometimento de um determinado tecido
adoecido, muitas vezes estará pior daqui a alguns anos, mesmo que seu organismo
provavelmente tenha trocado muitos de seus átomos, células, tecidos e, teoricamente, as novas
substâncias. Para ele, apesar de toda esta troca, no qual a medicina chinesa diz que na mulher se
dá a cada sete anos de vida e no homem a cada oito anos, caso a informação vibracional
continue a mesma inadequada, não haverá a cura, e a patologia poderá continuar evoluindo
devido suas próprias desarmonias, agravadas pelos fatores externos e internos, mesmo que toda
a matéria prima seja mudada.
3.3 A Ação das Agulhas e Acupontos.
De acordo com Martins & Garcia (2003), as agulhas de acupuntura são feitas de
material variados, existindo agulhas de ouro e prata. Seu diâmetro, em média é comparado ao
do fio de cabelo humano. Estas são inseridas em determinadas regiões do corpo chamados
acupontos e nunca aleatoriamente. Com a indução em regiões locais, principalmente em caso
de dor. São as agulhas, o principal instrumento de trabalho dos acupunturistas, utilizadas para
estimulação dos pontos de Acupuntura. Atualmente, as agulhas são de aço inoxidável, mas no
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passado, vários outros materiais foram utilizados, como lasca de pedra, bambu, ferro, ouro,
platina, espinhos, entre outros.
Fig.:12-Estrutura da agulha de Acupuntura/ArtedeInserir-Yamamura1992.
Para Yamamura (2004) a agulha de Acupuntura é composta de um cabo, geralmente,
feito de material metálico, como cobre ou de alumínio ou aço inoxidável. Grande parte destas
possuem seus cabos envoltos por fio metálico, conferindo-lhe efeito solenóide, qual aumenta o
potencial elétrico. Já o corpo da agulha preferencialmente, deve ser feito de material diferente,
por exemplo, aço inoxidável ou prata, ouro, ferro, alumínio, a fim de induzir a formação de
diferença de potencial elétrico entre o cabo e a ponta da agulha. A maioria das agulhas de
acupuntura possui o mesmo material, tanto no cabo quanto em seu corpo incluindo a ponta.
Estas devem ser descartáveis para um único uso, para que não haja risco de contaminação.
Para Sussmann (2010), em relação ao número de agulhas, a quantidade deve obedecer
às necessidades dos acupontos trabalhados pelo acupunturista, segundo o diagnóstico. No
entanto, o terapeuta utiliza o menor número possível de agulhas, tendo em mãos o diagnostico
preciso.
Fig.:13- Modelos e marcas de agulhas descartáveis utilizadas pelos Acupunturistas/:
https://www.google.com.br/search?q=agulha+e+mandril+MTC&client=opera&source
37
Existem vários tipos e modelos de agulhas, as quais também se utilizam em diferentes
técnicas (Fig,: 13). As curtas (Ting), são usadas para o rosto, cabeça e extremidades; as médias,
para tronco membros; as triangulares, para promover a sangria dos pontos; as longas, para o
tratamento de quadros crônicos e de doenças instaladas profundamente (doenças Yin) que
necessitem de maior estímulo (Fig.:14). Ou em regiões com músculos mais densos, como nas
dores ciáticas.
Fig.:14-Tecnicas de manipulação das agulhas de Acupuntura/yamamura1992
Para Yamamura (1993), os métodos de tratamento das síndromes podem ser por
dispersão para se conseguir três efeitos, como fazer transpirar para a remoção da energia
perversa na parte superior do corpo, por exemplo, o frio; e por efeito de purgação (fazer
vomitar, fazer dissolver as massas); resfriar ou refrescar. Todavia, a tonificação tem a função
tonificar ou aquecer. E para se obter a harmonização, insere-se a agulha de forma neutra.
Sussmann (2010) pontua que o acupunturista antes de iniciar a prática terapêutica, se
ocupa em orientar ao paciente o tipo de tratamento a ser efetivado e qual a posição mais
cômoda e adequada, para facilitar o acesso aos pontos de acupuntura selecionados. É
importante que o paciente relaxe, para melhor circulação de energia. Este não deve estar
alcoolizado nem ter-se alimentado em excesso; para as mulheres grávidas, não se deve utilizar
os pontos que estimulem peristaltismo (contrações musculares) durante a gestação como a
dispersão do IG-4 associada à tonificação do BP-6, assim como do F-3 e os pontos de
acupuntura situados nos dedos, ou situados sobre o útero gravídico. Os pacientes sob efeito de
fortes emoções (ansioso, angustiado, irritado) ou cansados (com taquicardia, taquipnéia) devem
ser acalmados, relaxados e repousar antes de se iniciar a sessão de Acupuntura.
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Para Maciocia (2003), no decorrer do processo do adoecimento, há influências de
vários fatores, como externos (alimentação, meio ambiente), ancestrais (passados de pais para
filhos) e emocionais pela vivência do dia-adia que podem levar ao desequilíbrio energético,
sendo assim necessário, uma avaliação detalhada do paciente para que seja possível traçar os
objetivos do tratamento e as melhores técnicas a serem utilizadas. Selecionado o tratamento e
pontos, orienta-se ao paciente sobre a importância da frequência às sessões de Acupuntura, pois
todo e qualquer tratamento possui resultados na continuidade até que se efetive a cura ou a
melhoria da qualidade de vida do indivíduo. Por exemplo, um paciente com doença crônica,
fica impossibilitado em alcançar bons resultados caso não haja continuidade no trtamento,
como em qualquer terapia, tanto na ocidental como na oriental.
Os pontos de Acupuntura são locais onde o Yin e Yang (Qi) se concentram em maior
quantidade. Quando estimulados corretamente tendem a equilibrar o meridiano como um todo,
sendo que este equilíbrio também se reflete em outros meridianos nas ligações complexas que
há entre eles. A estimulação desses pontos permite a ativação ou sedação da energia que circula
ao longo do seu respectivo canal. (Nozabielli et al -NOZABIELI, A. J. L.; FREGONESI, C. E.
P. T.; FREGONESI, D. A.- Correlação dos canais de acupuntura com a neuroanatomia e a
neurofisiologia. Arquivo de Ciências da Saúde Unipar, 2000).
Alguns estudiosos, inclusive os acupunturistas, tentam explicar os efeitos da
Acupuntura através de seu mecanismo de ação. Isto se dá devido as constantes dúvidas dos
pacientes em relação à sua eficácia adquirida pelo tratamento, e a pergunta mais frequente se
embasa na dúvida de forma geral, “se na ponta da agulha possui algum remédio”. Isso faz da
Acupuntura uma terapia complexa, que, para os acupunturistas entenderem, o meio mais fácil
se dá pela Fisiologia Energética. Porém repassar para o paciente ocidental, é um desafio. Para
isto, a análise científica da terapia oriental segue basicamente duas direções, uma é o estudo
dos mecanismos de ação da Acupuntura e a outra se refere à sua eficácia terapêutica, com o
cuidado para não alterar o sentido filosófico da Terapia Oriental (VIANNA, Regina; Prof.
Especialista/Escola de Acupuntura Zang Fu- Aula de Eletroacupuntura. Pós-graduação, 2018)
Conforme Chiang et al (1973), demonstraram algumas barreiras nos canais de energia
em que o efeito da Acupuntura é bloqueado através dos nervos, ao constatarem que o estímulo
acupuntural não surtia efeito quando aplicado em área bloqueada por anestésico local. Para
Levine et al (1976) a acupuntura aplicada em áreas de pele acometidas por Neuralgia pós-
herpética não se mostrou eficaz. Isto demonstra o fato de áreas com cicatrizes profundas e
tatuagem serem de difícil acesso às respostas mediante a inserção das agulhas nestes
39
respectivos locais. Embora o efeito analgésico das neuralgias tenha sido obtido puncionando-se
áreas à distância (chamados pontos distais).
Para Wang & Duhamel (1996) os chineses, ao longo destes milhares de anos,
descreveram cerca centenas de pontos de acupuntura, dos quais 365 (Fig.:15) foram
classificados em catorze grupos principais. Todavia, foram localizados dentre essas centenas,
309 pontos sobre terminações nervosas e 286 pontos localizados sobre os principais vasos
sanguíneos, rodeados pelos Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos. Todos os
pontos que pertencem a um dos grupos são ligados por uma linha imaginária na superfície do
corpo denominada meridiano. Os doze meridianos principais controlam o pulmão, o intestino
grosso, o estômago, o baço, o coração, o intestino delgado, a bexiga, o rim, o pericárdio, o
Triplo-aquecedor (TA), a vesícula e o fígado. Existem também dois meridianos localizados no
centro do corpo, um que passa pela frente e outro pelas costas. Todos os pontos de acupuntura
ao longo destes meridianos afetam aos órgãos mencionados, mas não necessariamente da
mesma maneira.
Fig.:15 Acupontos e seus respectivos canais de Energia-
https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura
Inada (2007) complementa que o estímulo da agulha de acupuntura, por atingir áreas
do encéfalo mais elevadas, como o Hipotálamo e a Hipófise, promove o equilíbrio do
funcionamento destes centros. Como a Hipófise é uma Glândula, conhecida na MTC como
glândula “Mãe”, a que possui a função de coordenar o metabolismo de diversas outras
glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre estes órgãos, afeta o funcionamento das
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glândulas supra renais, tireóide, ovariana, testicular, e assim, tem ação terapêutica sobre a
hipertensão arterial, tensão pré-menstrual, disfunções da libido, e outras patologias. Segundo
este, a prática da Acupuntura ao longo destes milhares de anos varia de extrema complexidade
para ser compreendido e aceito pelo mundo científico atual, sem antes entender seus preceitos e
efeitos mediante fato.
Para Maciocia (2010), os chineses tradicionais, enxergavam o organismo formado de
matéria e energia. E para estes, todas as doenças seriam consequentes a algum distúrbio da
circulação desta, associada ao meio de vida, é que o interesse maior nos tratamentos efetuados.
O objetivo da acupuntura chinesa é favorecer, através dos estímulos produzidos pelas agulhas,
que o organismo crie condições internas para retorno de seu equilíbrio e alivio de suas
desordens, sem o emprego da ingestão de drogas. Isto traz outras vantagens como a ausência de
efeitos colaterais. A eficácia e a eficiência dos resultados é complementada por uma sequência
de orientações importantes, como a alimentação, o tipo e a hora em que deve ser ingerida, a
prática de exercícios como o tai chi chuan e Qigong, que visam facilitar a circulação da energia
pelo corpo. Ou até mesmo hábitos de vida com exercícios e alimentação ocidentais saudáveis.
De acordo com Ross (1985), os acupontos de diversas partes do corpo humano têm
características anatômicas diferentes. Contudo, são capazes de se tornar sensíveis, levemente
doloridos ou até muito doloridos quando expostos a um distúrbio patológico. Estes são
sensíveis e se desenvolvem gradualmente quando a homeostase declina. Portanto, são definidos
como homeostáticos, e se desenvolvem simetricamente no corpo humano porque a distribuição
dos nervos periféricos é bilateralmente simétrica.
Para Marques Filho (2009), os estímulos nocivos das mais variadas origens (internos,
externos ou mistos), ao agredirem uma parte do organismo, determinam o processo de
estagnação da energia levando à formação de desarmonia entre Yin e Yang. Essa desarmonia
propiciará o aparecimento de alteração nas polaridades positivas (yang) e negativas (yin)
daquele local. Tal alteração de cargas elétricas estimulará os receptores de dor presentes no
local e estes, por sua vez, vão determinar um estímulo que, de forma aferente, atingirá os
centros cerebrais, responsáveis por perceber a dor, por substâncias localizadas no córtex
cerebral. Para o autor, um dos modelos que tenta explicar tal mecanismo é Modelo da
Comporta descrito por Mezalck e Wall (1965). Tal experimento afirma que a transmissão
sináptica da informação nociceptiva pode ser regulada, como por uma comporta na ponta dorsal
da medula, pela atividade de outras vias. Especificamente, a atividade de grandes fibras
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aferentes somatossensoriais (fibras táteis) ativaria um interneurônio na substância cinzenta da
medula espinhal, que por sua vez causaria inibição pré-sináptica das fibras aferentes
nociceptivas de menor calibre, responsáveis pela dor. A atividade do neurônio de segunda
ordem da via nociceptiva poderia ser, portanto, modificada pela atividade de outras vias
somatossensoriais. Isto explica o fato de pequena dor cutânea poder ser abolida esfregando-se a
área da pele afetada, isto é, o ato de esfregar ativa as grandes fibras aferentes somatossensoriais
que inibem a transmissão das fibras aferentes nociceptivas (Fig.:16). Contudo, apesar da parte
bioquímica relevante, o experimento não explica e nem descreve o fator primordial, de como
se dá a ação das agulhas ao desbloquearem a circulação de energia no canal afetado efetivando
a melhora ou cura da disfunção, já que os fármacos agiriam de forma similar somente nas
funções neuroquímicas, apesar dos efeitos colaterais que estes últimos proporcionam.
a b c
Fig.:16: Estímulos Nociceptivos pela ação da punção da agulha no acuponto/Imagem adaptada por J.Andrade.google.com.br,
Chan1984.
a. O estímulo nociceptivo através da inserção da agulha na derme provoca diminuta lesão tecidual com liberação de potásio (K) e síntese de
substâncias como prostaglandinas (PG) e bradicinina (BK). A PG aumenta a sensibilidade das terminações nervosas para BK e outras
substâncias.
b. A ativação indireta de aferentes faz com que o potencial de ação gerado pelo estímulo não apenas se dirige ao SNC como também
"lateralmente" alcance outras terminações axonais. Estas liberam substância P (SP), a qual ao alcançar vasos produz vasodilatação e edema. A
SP também alcança plaquetas (P) e mastócitos (M), os quais como resposta liberam serotonina (S) e histamina (H) respectivamente,
aumentando as alterações químicas locais. Estas alterações químicas aumentam a chamada "cascata de citocinas", com a liberação tecidual de
interleucinas, prostaglandinas, ciclooxigenase, etc. Esta "sopa" inflamatória diminui o limiar de disparo de receptores locais, os quais apenas
disparam nessas condições de inflamação (receptores silenciosos ou polimodais de alto limiar (PMAL,). Dessa forma, mesmo terminado o
estímulo desencadeante da dor, esta continua devido à hipernocicepção induzindo ação inflamatória simulada, resultando na ação de
neurotransmissores específicos locais, agindo na região afetada e em níveis dos canais de energia.
c. Terminações nervosas próximas são atingidas (sensibilização periférica), disparando por sua vez novos potenciais de ação. Assim, a área
inicialmente afetada pelo estímulo fica maior e mais sensível (hiperemia e alodínia) após dez minutos pela a ação da inserção.
Livramento (2007) descreve que, em relação ao modelo bioelétrico revelou que as
áreas cutâneas onde se situam os acupontos, assim como a trajetória dos canais energéticos,
estas apresentam maior condutividade elétrica. Tais propriedades, por um lado, dariam maior
42
objetividade da existência dos pontos e meridianos da Acupuntura, e, por outro, resultavam em
aplicações práticas, como a eletroacupuntura. Já no modelo Neuroquímico, os estudos da
aferência sensorial na estimulação por acupuntura investigou as fibras aferentes responsáveis
pela sensação característica desta estimulação, chamada de deqi ou hibiki. Estes estudos
indicaram a participação das fibras aferentes musculares tipo II e III, assim como uma via
medular ascendente, já que a ação da acupuntura não é apenas segmentar, identificando
também sua localização na lateral da medula (Fig.:16). No entanto, apesar de estes mecanismos
evidenciarem algumas das propriedades terapêuticas da acupuntura, estão longe de substanciar
muitos dos resultados obtidos pela Acupuntura.
Irnich & Beyer (2002), constatam que, a agulha ao ser inserida no ponto do canal de
energia, cápsula articular e inserções tendinosas, causa estimulação dos receptores neurológicos
periféricos sensitivos nas terminações nervosas livres Tais terminações são compostas
predominantemente por fibras A", na pele e por fibras tipo II-III no músculo, que se interligam,
formando uma rede que vai ser responsável pela propagação do estímulo nervoso aos vasos
sanguíneos e células imunitárias locais (Fig.:17).
Fig.17: Mecanismo de ação e propagação em resposta neuronal envolvendo receptores e fibras em diferentes níveis, em resposta à
inserção de agulhas na derme em pontos específicos (acupontos) pela acupuntura.
Para Barros (2012), estes receptores periféricos vão propagar o estímulo à rede de
neurônios locais originando o reflexo axonal. Tal reflexo, que ocorre sem a necessidade de um
centro de integração da medula, induzindo um aumento do aporte sanguíneo local, devido à
liberação de várias substâncias vasoativas como a substância P, bradicininas, CGRP
(polipeptídeo relacionado com o gene da calcitonina), VIP (peptídeo intestinal vasoativo),
histamina, serotonina, NGF (Fator de crescimento neural), VGF (fator de crescimento
vascular), entre outros. Estas substâncias atuam localmente na pele e músculo promovendo a
43
cicatrização, ou vasodilatação, ou por neogênese de vasos sanguíneos, o que justifica o calor e a
hiperemia com a inserção de agulhas. Associada a estas alterações dermatológicas, pode
ocorrer a parestesia, prurido ou uma sensação de peso, resultantes da estimulação das fibras
tipo II-III do músculo (deqi). A nível local há ainda liberação de opióides como a beta-
endorfina que potenciam a analgesia local, atuando ao nível dos receptores periféricos
sensitivos e bloqueando assim, a nocicepção(Fig.:17). Mas que muito ainda carece de
elucidações plausíveis dos campos energéticos ajustados e sua atuação no organismo. Para ele,
a parte neuroquímica é só consequencial quando trabalhada as energias, que é a parte causal.
Zhang et al (2010) definem que, na China por centenas de anos, o trajeto dos
meridianos já teria sido detectado pela observação de um fenômeno chamado de “sensação
propagada”. Hoje se reconhece que tais substâncias envolvidas são liberadas pelas células
inflamatórias locais (conhecidas como granulócitos), através de um tipo de ativação do sistema
imune estimulados pela Acupuntura. Mais recentemente, nas últimas décadas, estudos de
resistência elétrica da pele tem demonstrado existirem variações significativas em pontos
localizados que parecem corresponder aos pontos clássicos de Acupuntura. Para eles,
manipulando os “canais de energia”, através da prática da acupuntura, pode-se reorganizar o
fluxo da circulação energética quando ela se encontra perturbada, a fim de deixá-la fluir de
forma harmônica e assim restituir a saúde e fortalecer o organismo. A dificuldade está em
entender como este processo funciona ao inserir uma agulha, ou seja, como esta energia é
ativada a corrigir aos desequilíbrios energéticos do indivíduo (Fig,:18), seja este humano ou
animal. Ou até mesmo um vegetal.
44
Fig.18: Ação do efeito de Tonificação através da inserção da agulha no Organismo (Acupuntura) em uma paciente com
Deficiência de Yang. Eg.: o ponto (IG4- Hegu), pertecente ao meridiano do Intestino Grosso, no intervalo de 1 minuto/Imagem montada por
Janete de Andrade, correlacionando um vídeo Termografia https://www.youtube.com/watch?v=OROOdTujAQ
Zhang (2005) descreve mais detalhadamente que, o ponto de acupuntura é definido
como um ponto da pele que possui aproximadamente um diâmetro de 0,1 a 5 cm de
profundidade, com uma resistência elétrica reduzida, proporcionando a característica de
sensibilidade espontânea ao receber um estímulo. Através desta resistência mínima, se
caracteriza como uma área de condutividade elétrica amplamente aumentada em comparação às
áreas da pele ao redor. Estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, vasos,
nervos e septos intramusculares, na ligação musculotendínea, nos locais de maior diâmetro do
músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele. As agulhas ao serem
inseridas, atuam liberando substâncias neurotransmissoras entre outras, como as endorfinas,
que têm como função eliminar boa parte das dores orgânicas; as serotoninas, que proporcionam
a sensação de prazer e bem estar e as encefalinas, que possuem a ação calmante básica. Ao
inserir-se a agulha, a resposta inicial experimentada é chamada de “De Qi”. Isto ocorre devido
o resultado da excitação de fibra sensitiva primária terminal dentro do músculo, enviando
mensagem ao corno posterior da medula espinhal. Alcançando assim o hipotálamo, induzindo a
liberação de hormônio adrenocorticotropicóide, que finalmente promove como consequência da
reação, a liberação de glicocorticóide. Potente antinflamatório natural. Para o autor, a agulha ao
atuar para o equilíbrio do Yin e Yang, sinaliza ao organismo na produção de substâncias que o
leve a auto reparar as partes afetadas.
Fig.: 19-Mecanismos de modulação periférica e nociceptiva. Através de mecanismos de inibição lateral por parte
de uma fibra A beta. E via de inibição central através da substância cinzenta periaquedutal e núcleo magno da rafe./
http://www.anatomiafacial.com/neuroanatomia-da-dor.11.html
45
Tafarel & Freitas (2009) elucidam nos mesmos parâmetros que, a introdução da agulha
em pontos específicos dos meridianos energéticos geraria um estímulo nas terminações
nervosas, a nível dos músculos, que conecta o sistema nervoso central, propiciando respostas
terapêuticas (Fig.:19). Por este motivo é que a ação da acupuntura age em primeiro plano em
níveis energéticos e posteriormente em níveis fisiológicos, morfológicos e principalmente em
níveis emocionais. Para o autor, a entrada da agulha na pele provoca uma microinflamação que
aciona a produção natural dessas substâncias. Ao serem inseridas, produzem resposta em
relação à hipófise, por exemplo, quando estimuladas, têm a ação de liberar tais substâncias que
beneficiem o organismo. Todo este arsenal bioquímico faz com que a acupuntura tenha
inclusive efeitos analgésicos, tanto locais (segmentais) quanto distantes do local da introdução
das agulhas (não segmentais), uma vez que há liberação de neurotransmissores na corrente
sanguínea. Com a liberação destes, há um bloqueio da propagação dos estímulos dolorosos,
impedindo sua percepção pelo cérebro, o que resulta em um importante processo de analgesia.
Desta forma, a resposta do organismo é mais rápida, diminuindo a intensidade dos sintomas, e
muitas vezes, fazendo-os até desaparecer.
Para Santos & Martelette (2004), um ponto de acupuntura ao ser puncionado, decorre
a sensação de parestesia (sensações cutâneas através dos nervos sensoriais) ou calor. Desta
forma, a Acupuntura atua com eficácia no controle da dor ativando as vias opióides e seus
respectivos receptores. Tal prática amplia a atividade do sistema que modula a dor por
hiperestimulação das terminações nervosas de fibras mielínicas A- δ, responsáveis pela
condução do estímulo aos centros medulares, encefálicos e eixo hipotálamo-hipofisário
(Fig.:20). Na medula espinhal, a modulação dos estímulos nociceptivos se dá por inibição pré-
sináptica, devido a liberação de hormônios como cortisol e endorfinas, promovendo a
analgesia.
Fig.20: A acupuntura e a eletroapuntura têm capacidade de bloquear a transmissão dos sinais dolorosos ativando o sistema
inibitório descendente da dor do mesmo mielótomo (grupo muscular inervado por um único segmento espinal)/imagemThomson 2013.
46
De acordo com Schoen (2001), a base da teoria do portão da dor está relacionada com
os impulsos de condução rápida de fibras aferentes, transmitindo informação não dolorosa
sobre a pressão, toque e vibração à substância gelatinosa no qual se realizam a sinapse
inibitória bloqueando a transmissão da informação dolorosa antes dos impulsos das fibras
lentas chegarem à substância gelatinosa, através da liberação de substância como GABA
(Fig.20).
Para Auteroche & Navailh (1992) as teorias e bases fisiológicas da dor e ação da
acupuntura, indicam que, através da estimulação sensorial cutânea, como a inserção de uma
agulha, pode provocar reações e reflexos funcionais aos músculos, aos vasos sanguíneos e aos
ligamentos que recebem a inervação sensorial ou motora. O reflexo de contração muscular,
hiperalgesia, dor e a manifestação autonôma associada com hiperatividade simpática e
parassimpática, são localizadas em áreas distantes e podem envolver um dermátomo,
elucidando a eficácia dos pontos distais. Tal fato explica como um ponto como o B 67 (Zhiyin)
situado na ponta do dedo mínimo do pé (5º metatarso), possa agir com eficácia tratamento de
dor de cabeça (o ponto controla a rebelião do Qi na cabeça entre outras ações).
Livramento (2007) declara que, em sua prática cotidiana na Medicina Tradicional
Chinesa, mesmo que, para a maioria não seja fácil compreender o conceito da física moderna,
deve-se estar aberto aos conhecimentos de que a ciência existe por detrás da Acupuntura, no
tocante a parte neuroquímica. Este explica que, a parte energética só poderia ser esclarecida se
postulada nas ciências da Física Quântica. Na Física clássica qual vivenciamos dia-a-dia, não se
alcança ainda esta observação para explanar o comportamento energético que a tudo permeia.
Na clássica, num campo físico, cada ponto está associado a um valor numérico que está ligado
à intensidade naquele dado momento, obedecendo assim a uma direção e a um sentido, no qual
pode-se tecer uma função matemática. Tais vetores expressam a propriedade do campo em cada
ponto do espaço. Já em um campo quântico (Física das Energias), em que a explicação da
energia torna-se mais suscetível, a partícula carregada está cercada de uma nuvem de fótons
(energia- quanta de luz) com outras partículas, mas nenhuma delas com seu auto-estado
definido. Segundo ele, baseado nas leis da física quântica, tais ondas podem se tornar
partículas e as partículas em ondas. Isto descreve, inclusive o estado comportamental do Yin e
do Yang da estrutura eletrodinâmica quântica das transformações. Esses fótons podem decair e
transformarem-se em outras partículas, quais também serão absorvidas e emitidas pelo campo.
Tal fundamento se revela quando os físicos dizem que existe uma troca de informações
circulando no campo como uma força atuante. A estrutura do campo quântico é formada pela
47
soma de probabilidades de efeitos diferentes. Esta teoria está apoiada por complexas fórmulas
matemáticas, mas a priori fica clara a compreensão que existe um campo energético em todo o
universo, inclusive em todo organismo e que este pode ser alterado conforme a prática definida.
A isto, a MTC dá o nome de fluxo energético de cada indivíduo.
4 ACUPUNTURA, UNIFICANDO ENERGIA E MATÉRIA
Para Ross (1994), a Acupuntura vai além da inserção de agulhas, apesar destas
induzirem através da prática, importantes efeitos analgésicos, relaxantes muscular, anti-
inflamatórios, imunorreguladores, em busca de harmonizar as energias Yin e Yang, ela
transforma as substâncias fluídicas que compõem o organismo. Portanto é declarada a Terapia
das energias e suas manifestações. O autor acrescenta que, os princípios teóricos fundamentais
que a partir dos quais as doenças são entendidas, classificadas e tratadas, são os mesmos que
servem para entender, classificar e lidar com as coisas do mundo, da natureza, do espaço e do
tempo. Tal fato não pode ser confundido por referências e interferências da terapia científica
ocidental, decerto que, o empirismo deve estar totalmente alinhado com a intuição e análise do
acupunturista, para que não se reduza a Acupuntura a um simples ato mecânico.
Granet (1968) descreve que a Acupuntura é uma terapia que enfatiza o somatório de
energias que compõem o organismo, em que as suas técnicas terapêuticas são um conjunto de
saberes e procedimentos culturalmente Orientais e dos quais não pode ser dissociada.
Sussmann (2010) sustenta igualmente que, além das agulhas, que estão relacionadas
diretamente à prática da Acupuntura, a Medicina Tradicional utiliza outras técnicas como,
moxabustão, ventosa, ervas (fitoterapia), massagens (Tui na/Qigong), exercícios físicos (Tai
Chi Chuan), auriculoterapia, dietas alimentares (Diatética Chinesa), quais se baseiam todos em
princípios energéticos para incentivar o equilíbrio do organismo; além de prescrever normas
higiênicas de conduta. Sendo assim, a sua lógica se embasou desde o início, em toda a vida
social da China, no período em que foi desenvolvida, incluindo o calendário agrícola, as festas
coletivas, os princípios de comportamento social, as regras de etiqueta no trato, a religião, a
música, a arquitetura, etc. Preceitos que não se devem ser alterados, mas sim adaptados a cada
cultura.
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Tcc ACUPUNTURA Especialização

  • 1. ESCOLA ZANGFU-FU DE ACUPUNTURA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil Janete de Andrade Lemos Guimarães Santana ORIENTADOR: Prof. Especialista Cleto Emiliano Pinho Rio de Janeiro/RJ 2019
  • 2. ESCOLA ZANGFU-FU DE ACUPUNTURA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil 針灸實踐權在巴西 Zhēnjiǔ shíjiàn quán Zài bāxī Apresentação de monografia à Escola Zang- Fu de Acupuntura como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Acupuntura. Por Janete de Andrade Lemos Guimarães Santana Rio de Janeiro/RJ 2019
  • 3. Janete de Andrade Lemos Guimarães Santana O Direito ao Exercício e à Prática da Acupuntura no Brasil Monografia apresentada ao Programa de Pós- Graduação da Escola de Acupuntura Zang Fu como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Acupuntura. Aprovado em:.............../.................../.................... BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Prof. Especialista em Acupuntura Coordenador Allan pontes ________________________________________________ Prof. Especialista em Acupuntura Cleto Emiliano Pinho __________________________________________________ Prof. Responsável Técnica ABNT Celso Albuquerque
  • 4. 針灸是世界遺產。 尊重和保留他們的假設是人類的責任。 安德拉德 Zhēnjiǔ shì shìjiè yíchǎn. Zūnzhòng hé bǎoliú tāmen de jiǎshè shì rénlèi de zérèn. A Acupuntura é um patrimônio mundial. Respeitar e preservar seus postulados é dever da humanidade. “A Acupuntura não é um exercício da medicina ocidental. Não existe lei federal prevendo que a Acupuntura é uma atividade privativa de médico.” (art. 22, XVI, da CF/88).STJ. 6ª Turma. RHC 66.641-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/03/2016
  • 5. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a algumas pessoas especiais, mesmo que estas não saibam a importância dentro da minha formação. As que caminharam comigo em dois anos longos de estudos na pós-graduação pela Escola de Acupuntura Zang Fu, até que eu chegasse à fase final, qual representa em outros parâmetros, somente o começo. Assim, os meus preciosos conhecimentos na área da Acupuntura Tradicional, devem-se ao Professor Allan Pontes, diretor- responsável pela Escola Zang Fu, pelo fato de este projeto ter saído dos seus planos e transformado na grande estrutura direcionada exclusivamente para os ensinamentos da Medicina Tradicional Chinesa, como a Acupuntura e cursos extras. Lugar em que passei a ter contato com outros diversos professores e acupunturistas experientes, com o incentivo em buscar cada vez mais o conhecimento alicerçado na base da terapia oriental. Compartilho hoje com cada um esta preciosa transferência, não só teórica, como a parte prática. Inclusive aos Professores próximos, como Regina, Elcimar, Ricardo, Marcelo, Zeferino, Martha, Alex e Fábio Borges, este último ultrapassando a dedicação com os alunos, estendendo-se na parte que inclui a experiência clínica, na fase das preciosas horas de Estágio Supervisionado. Cada atendimento com um procedimento único, pois como este deixa bem claro: “pessoas são individuais, e, inclusive suas desarmonias”. Desta forma, desde o momento em que me matriculei e fiz parte do corpo discente da “Zang Fu”, passei também a carregar esta responsabilidade. Para cada excelente trabalho realizado, estará ali estampado o carimbo da Escola que me formou vinculado aos meus conhecimentos e prática. Quero aproveitar para dedicar da mesma forma, todo o corpo administrativo, a secretária Grasiele Mofato, que se encarregava em repassar as aulas aos alunos e chamar a nossa atenção quando faltava algum de nossos documentos. Através destas experiências é que pude observar com a nova missão abraçada, a entrega e seriedade que eu tinha em levar a imagem da Escola para o mundo profissional. Quanto aos professores distantes, os quais não pertencem diretamente ao corpo da escola, mas muito contribuem para a formação de seus alunos, como o Professor Celso Albuquerque, responsável pela parte técnica do TCC, assim como o Especialista Cleto Emiliano Pinho, meu orientador, que, com toda a sua experiência faz questão absoluta de aprimorar quem está sob sua égide. Com sua extrema sabedoria e prática cotidiana, demonstra a cada instante a profunda importância que possui o verdadeiro conhecimento vinculado à prática. Seguindo suas orientações e com todo o arcabouço acima citado, tenho certeza que farei o meu melhor. Contudo, durante o curso carreguei comigo tamanha seriedade, dediquei tantas horas de estudos contínuos, principalmente pós-curso, sustentando tudo o que cada um deles me propôs: “Transformar-me a cada dia em uma experiente terapeuta na prática da Acupuntura”. Desta forma, diante de cada paciente, tenho a responsabilidade e a obrigação em honrá-los. Sincera gratidão a todos.
  • 6. RESUMO A Acupuntura é uma das práticas terapêuticas milenar oriental, que nasceu das tradições chinesas e vem sendo adotada em todo o mundo, inclusive no ocidente como importante e eficiente terapia, com o objetivo em corrigir as desarmonias energéticas através da inserção de agulhas em pontos específicos. Por ser tratar de uma terapia reflexa, pode e deve ser realizada pelo Acupunturista, o qual foi formado para observar quais os fatores estão gerando tais desequilíbrios energéticos no paciente. Contudo, o fator mais relevante é que a Acupuntura não visa curar doenças, em sua visão oriental, trabalha com as energias do organismo e estas quando reestruturadas, contribuem consequentemente na cura de variadas enfermidades. No entanto, em vista de seus excelentes e comprovados resultados, atribuídos à ação dos Acupunturistas, desde a sua vinda para o Brasil, a mesma tem sido o alvo de uma disputa entre os profissionais da medicina ocidental pela sua exclusividade, qual, ao longo dos anos vem se caracterizando em uma conduta sem fundamentos plausíveis, em vista que, quem tem a função em exercê-la, independente de sua área, é o Acupunturista - profissional apto para agir na prática terapêutica com autonomia, sendo este, técnico ou especialista em Acupuntura por formação e experiências comprovadas, obedecendo pura e unicamente aos métodos da Medicina Tradicional Chinesa, objetivando retomar a harmonização energética , que acaba por promover a saúde psico-orgânica dos pacientes. Desta forma, este trabalho visa demonstrar as diferenças básicas entre as duas terapias, oriental e ocidental. E analisar através de pesquisas literárias, experimentos e resultados já estabelecidos, como a Acupuntura, desde sua origem, vem sendo muito bem exercida pelo Acupunturista, melhorando a qualidade de vida das pessoas. E de forma efetiva, vem se tornando um valioso e importante método de tratamento, agindo em todos os tempos, inclusive, nas desarmonias geradas pelo estilo de vida do século atual. PALAVRAS-CHAVE: Terapia, energia, acupuntura, medicina chinesa, fisiologia energética
  • 7. ABSTRACT Acupuncture, being one of the therapeutic practices inspired by Oriental medical traditions, Objective treatment of energy disharmonies effectively through the manipulation of needles at specific points, the Acupuncts, which are located In energy channels that permeate the physical body. For being a reflex therapy, it can and should be performed by Acupuncturist, which was formed to diagnose factors of energetic and not only physical imbalances, in which the stimulus of an area acts on others, Seeking to restore such equilibrium. This specialty of traditional Chinese medicine is not intended to cure diseases. This has been adopted throughout the world, including in the West as an important and efficient therapeutic practice, and, because it has as its fundamental objective the energetic balance, thus occur the cure of various diseases. Since its coming to the West, acupuncture has been the target of a dispute between medical professionals and acupuncturists, the latter, able to act in therapeutic practice, as technicians or specialists for training and proven experiences. Over the years this dispute has been characterizing a struggle without plausible foundations on the part of the Federal Council of Medicine, which tries to argue that acupuncture is directly related to the medical area and that outside of this can be committed serious errors by putting Patients ' health at risk. Since the origin of its practice, there have never been any reports in which acupuncture brought some type of impairment in the treatment of patients who use it as therapy, on the contrary, has been showing an efficient technique in which the acupuncturist, being this, Medical or not, through energetic prognoses, by means of traditional Chinese medicine methods resume the energetic, physiological and psycho-organic harmonization of patients. Thus, this work is approached through literary researches, experiments and proven results, such as acupuncture exercised by acupuncturist, acts in the organism improving the quality of life and effectively, has become a valuable and Important means of treating energy patterns in improving the health of all times, including the disharmonies generated by the lifestyle of the current century. Key-words: acupuncture, therapy, energies, Chinese medicine, energy physiology
  • 8. Índice de Figuras e Tabelas: Fig,1: Agulhas de “Pedras Bian”, durante a Idade da Pedra.............................................................................. Fig.2: Documento milenar encontrado na China descrevendo a Medicina Chinesa ....................................... Fig.3 :O símbolo TAO na polaridade do Yin 陰 e do Yang 陽/novoequilibrio.com.br ................................ Fig.4: Padrões de desarmonias entre Yin e Yang/ Https.:imagemgoogleenergiasyin-yang ............................ Fig.5: Qi – representando o rarefeito e fluídico como vapor e denso e material como o grão de arroz ........... Fig.6: https://yinpoderamento.wordpress.com/2018/03/15/substancias-fundamentais/ ................................... Fig.7: Funções e mecanismo de ação do Qi e suas variações. AdaptadoimagensGoogle.com, 2019............... Fig.8: Substâncias Fundamentais e suas transformações-httpssubstanciasfundamentais/slidshare.com........... Fig.9.: Meridianos e Colaterais/Zang Fu Sistema de órgãos e Visceras J. Ross ............................................... Fig. 10: ;Distribuição das zonas cutâneas correspondentes aos doze canais de energia................................... Fig.:11;Canal energético e seus respectivos acupontos..................................................................................... Fig.:12-Estrutura da agulha de Acupuntura/ArtedeInserir-Yamamura1992. ................................................... Fig.:13- Modelos e marcas de agulhas descartáveis utilizadas pelos Acupunturistas/: ................................... Fig.:14-Tecnicas de manipulação das agulhas de Acupuntura/yamamura1992 ........................................... Fig.:15 Acupontos e seus respectivos canais de Energia- https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura ................................ Fig.:16: Estímulos Nociceptivos pela ação da punção da agulha no acuponto/Imagem adaptada por J.Andrade.google.com.br, Chan1984................................................................................................................. Fig.17: Mecanismo de ação e propagação em resposta neuronal envolvendo receptores. ............................... Fig.18: Ação do efeito de Tonificação através da inserção da agulha no Organismo (Acupuntura) ................ Fig.: 19-Mecanismos de modulação periférica e nociceptiva. Através de mecanismos de inibição lateral ..... Fig.20: A acupuntura e a eletroapuntura têm capacidade de bloquear a transmissão dos sinais dolorosos....... Fig. :21- Janete de Andrade-Aluna de Pós-graduação: Especialista em Acupuntura Tradicional Chinesa/...... Fig.:22.: Metabolismo na formação de ATP (Adenosina Trifosfato) e a distinção na Formação de Qi........... Fig.:23- Energia vibracional do organismo humano relação entre Yin-Yang -slidshare.com............................. Fig.:24; exemplo de Ficha de Anamnese utilizada na Acupuntura/..................................................................... Fig.25: Semiologia da Língua -https:/ /MLB-815919641-mapa-diagnostico-lingua-acupuntura-mtc.............. 15 15 18 19 22 24 24 26 27 28 32 36 36 37 39 41 42 44 46 46 51 56 60 63 64
  • 9. Fig.: 26 a -Medição do Pulso por Acupunturista/Imagem retirada do Google. b Variações do Pulso............... Fig. :27 Pulsologia Chinesa-https://robsonmorada.com.br/artigo/diagnostico-na-medicina-chinesa.................... Fig.:28 (1;2;3;4); Imagens retiradas da internet:/googleimagens/Massage-Relaxation-Wormwood-.................... Fig.:29 Modelo do aparelho eletroestimulador utilizado na Eletroacupuntura..................................................... Fig.:30 Sistema de mecanismo de Nociceção, com presença de nocirreceptores sensoriais ................................ Fig.:31-Nervos aferentes e eferentes estimulados pela açao da acupuntura, conduzindo estímulos...................... Fig.:32 Mecanismo de Nocicepção pela inserção das Agulhas na pele, reflexo cutâneo-visceral/-....................... Fig.:33 A consciência dos órgãos- Zang Fu/Sistema energético de órgãos e vísceras- Fisiologia......................... Fig.:34 Horário do Ciclo Energético, atentando para o horário de maior Pico Energético de cada Zang Fu........ Fig.: 35 Teoria doa 5 Elementos./HiCks e Mole- Ciclo de geração e Dominância entre os Elementos................ 66 68 71 73 74 74 76 79 81 86
  • 10. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1.1 Ênfase na Energia.......................................................................................... 1.2 O que é a Acupuntura Tradicional Chinesa...................................................... 1.3 Origem da Acupuntura Tradicional Chinesa................................................... 2 AS ENERGIAS YIN/YANG ........................................................................................ 2.1 Yin e Yang e a Física das Energias.................................................................. 3 O QI............................................................................................................................... 3.1 As Variações do Qi........................................................................................... 3.2 Canais de Energia (Jing Luo)............................................................................ 3.3 A Ação das Agulhas e Acupontos.................................................................... 4 ACUPUNTURA, UNIFICANDO ENERGIA E MATÉRIA........................................ 4.1 Adaptações Ocidentais sem Alterar a Base da Acupuntura............................. 4.2 Reconhecendo a Energia que Compõe o Organismo......................................... 4.3 Corpos Energéticos............................................................................................ 5 ZANG FU - SISTEMA FLUÍDICO E FÍSICO............................................................. 5.1 Ciclos Energéticos............................................................................................. 6 O DIAGNÓSTICO NA ACUPUNTURA..................................................................... 6.1 Anamnése......................................................................................................... 6.2 Língua.............................................................................................................. 6.3 Pulsologia Chinesa........................................................................................... 11 12 12 13 15 20 21 22 26 34 46 49 53 54 57 59 60 61 62 64
  • 11. 7 PRINCIPAIS TÉCNICAS QUE AUXILIAM NA ACUPUNTURA.......................... 7.1 Moxabustão-O Calor Nos Efeitos das Agulhas.............................................. 7.2 Eletroacupuntura-Ampliando os Efeitos das Agulhas.................................... 8 O TRATAMENTO PELA ACUPUNTURA................................................................. 9 O OLHAR DA ACUPUNTURA SOBRE AS SÍNDROMES................................... 9.1 Os Cinco Elementos e a Acupuntura............................................................... 10 O QUE A CIÊNCIA AINDA NÃO CONSEGUE EXPLICAR................................ 11 A ACUPUNTURA NO OCIDENTE.................................................................... 12 A FORMAÇÃO DO ACUPUNTURISTA................................................................. 12.1 Cursos Livres e Especialidade em Acupuntura ............................................. 13 O DIREITO AO EXERCÍCIO E À PRÁTICA DA ACUPUNTURA NO BRASIL. 13.1 Os Problemas da Regulamentação................................................................. 14 CONCLUSÃO............................................................................................................ 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 16 ANEXOS..................................................................................................................... 68 68 70 76 77 80 82 85 88 89 92 99 101 104 111
  • 12. 12 1 INTRODUÇÃO Rasquilha (2015) descreve que, tanto no ramo da Filosofia, quanto das Ciências, as informações não surgem somente do contato de “nossa alma” com o mundo das teorias, mas da experiência sensível. Corroborando, Confúcio, filósofo chinês -"Mestre Kong” (551 a.C. – 479 a.C.) qual manifestava seus pensamentos acerca do conhecimento, traçava afirmativas como, “se queres conhecer o passado, examina o presente que é o resultado; se queres conhecer o futuro, examina o presente que é a causa”. Da mesma forma, no ocidente, Aristóteles, filósofo grego (384-322 a.C.) já designava que, "nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos". Isso significa que não se pode ter uma ideia formada das coisas sem a ter observado diretamente ou a vivenciado como experiência. O filósofo e matemático René Descartes (1596 – 1650), em seu “Tratado do Mundo”, admitiu que “as considerações devem partir do mais simples para o mais complexo”; e, “o processo deve ser revisto do começo ao fim para que nada importante seja omitido”. Segundo os filósofos, sem relevar tais reflexões, as teorias somente preencheriam nosso intelecto, se não fossem pelas informações que os sentidos nos trazem sobre estas. Contudo, segundo o autor embasado nestes parâmetros, nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é e o que ela tem de essencial. Em outras palavras, para defender e expor as causas justificáveis do objeto de defesa faz-se necessário um conhecimento essencial daquilo a que se defende. Tanto a parte filosófica quanto a científica devem fazer parte do conhecimento de forma em geral, mas a que tudo indica, a própria ciência que tenta explicar os fatos à luz da razão, modifica vez ou outra seus parâmetros, ratificando-os e/ou retificando-os diante de novas descobertas. A causa mor deste trabalho é discutir sobre o direito ao exercício e à prática da Acupuntura no Brasil, embasado em conhecimento sobre o que é e como age a Acupuntura; e em fatores, justificativas e experiências sobre a prática do Acupunturista, profissional apto a exercê-la da melhor forma. E a partir desta premissa demonstrar fatores relevantes que tanto distinguem as duas terapias, tanto a oriental quanto a ocidental, ainda que ambas tenham como mesmo objetivo, a saúde do paciente.
  • 13. 13 1.1 A Ênfase na Energia Para Wen (1985) os conhecimentos da Acupuntura foram transmitidos de geração em geração. A partir disto, a maior parte de sua terminologia não se enquadra dentro da nomenclatura moderna, o que restringe sua plena aceitação nos meios científicos. Contudo, pesquisas recentes demonstram que as antigas fórmulas e princípios da Acupuntura não foram ainda superados. Desse modo, aqueles que a praticam devem se compenetrar de sua importância, estudar profundamente seus ensinamentos e diretrizes, pois, somente os assimilando, poderão os estudiosos e praticantes contribuir para a evolução dessa antiga arte de curar. O autor relata que, após muitos anos de estudo e prática em Acupuntura, no tocante aos padrões de desarmonias energéticas, está absolutamente convencido não só de sua eficácia em termos de tratamento, como também do valor da teoria que lhe serve de base. Em suma, embora ainda não se saiba exatamente quais são as propriedades necessárias para entender de que forma se dá a complexidade que envolve a inserção da agulha nos meridianos de energia, é possível identificar no tratamento, a sua eficácia. Para ele, mesmo sendo milenar, a Acupuntura é uma ciência dinâmica, viva e, por isso mesmo, deve ser aberta às pesquisas, sem esquecer que a sua raiz primária, encontra-se no texto clássico da antiquíssima tradição chinesa. Assim, é imprescindível que todos que se dediquem a essa área de conhecimento, reportem e respeitem a sua base, conhecendo-a, estudando-a, analisando-a e tendo-a como quadro de referência, os quais incluem todos os seus feitos. 1.2 O que é a Acupuntura Tradicional Chinesa De acordo com Leal (2017), a Acupuntura é uma das terapias mais antigas da história da humanidade. Destina-se de um ramo da medicina chinesa tradicional que consiste em introduzir agulhas metálicas em pontos precisos do corpo do paciente, para tratar as desarmonias energéticas que geram diferentes síndromes psicológicas e físicas, e/ou provocar efeito analgésico, assim como anestésico. Para o Especialista em Acupuntura, é imprescindível focar nas desarmonias energéticas no decorrer de todo o conteúdo estudado e praticado na Acupuntura. Este ressalta que, compreendendo principalmente a teoria de base e sua fisiologia energética, consegue-se literalmente, realizar a prática oriental com conhecimentos de causa. Argumenta que a aplicação de agulhas de Acupuntura sobre a pele possui o objetivo de liberar o fluxo de Qi pelo corpo, forma de energia que, segundo os Acupunturistas, é essencial para o pleno funcionamento do organismo e da vida como um todo. Sua ação energética se dá desde a
  • 14. 14 avaliação do paciente e tem seu pico na inserção das agulhas. Para Leal, o tratamento possui como objetivo, liberar os meridianos de Qi do corpo para que haja livre fluxo deste, estimulando o organismo ao auto-reparo. Para ele, em vista disto, as sessões de Acupuntura são capazes de trazer alívio quase de imediato para os pacientes. Desta forma, conclui que, sem modificar a base, tais benefícios que a Acupuntura traz, vêm se repetido desde sua origem há milhares de anos e continuará posteriormente, seguindo seus preceitos. Segundo Medeiros (2017), explicar o que é a Acupuntura e o trabalho que esta realiza é algo complexo na linguagem ocidental, porém, o básico é que, a Acupuntura é uma técnica de tratamento milenar, qual surgiu remotamente no Oriente, desde a idade da pedra, e que consiste no estímulo de pontos em determinados locais na superfície da pele e em profundidades variáveis. No qual, visa desbloquear e harmonizar o fluxo de energia (Qi) e Sangue (Xue) que circulam no organismo. Sendo o Yin e o Yang, a base desta complexa Filosofia Chinesa, numa co-relação incessante do homem, com a Natureza e o meio que está inserido. 1.3 Origem da Acupuntura Tradicional Chinesa Para Chen et al (2014), a tradução do termo Acupuntura em chinês é Chen-Chui, sendo Chen (agulha) e Chui (fogo). No ocidente, o significado da palavra é derivado do latim acus (agulhas) e pungere (punção), ou seja, o “ato de puncionar”. A prática visa alcançar, dentro das possibilidades de cada indivíduo, o equilíbrio energético do organismo, e que, o desequilíbrio desta energia inclui o excesso, a deficiência, a estagnação e as irregularidades. Desta forma, consequentemente a Acupuntura trata as síndromes causadas por estes desequilíbrios, com a inserção e manipulação de agulhas, e, que para ampliar os efeitos terapêuticos pode-se utilizar concomitantemente outras técnicas, como Moxabustão por exemplo, para a aplicação de calor através da queima da erva Arthemisia vulgaris, principalmente em circunstâncias que demonstrem quadros por deficiência energética de Yang. Segundo este, está relacionado com o desequilíbrio entre o Yin e Yang, ou seja, quando a energia Yin sobressai em alternância à energia Yang, as duas polaridades que permeiam e interiorizam no organismo, as quais serão elucidamente expostas neste estudo, mais adiante. Sussmann (2006) descreve que desde a dinastia Ming, (1368 - 1644), é que se deu o período de consolidação do conhecimento médico chinês e, consequentemente, da Acupuntura.
  • 15. 15 Para o autor, na antiguidade, mais especificamente na Pré-História, eram utilizadas agulhas, feitas de espinha, lascas de pedras ou de bambu, para tratar diversos tipos de sintomatologias, as chamadas “Pedras Bian” (Fig.:1), durante a Idade da Pedra (3000 anos a.C.). Estas agulhas eram inseridas no organismo, em pontos específicos, sendo que, as mesmas promoviam um reequilíbrio geral do organismo. Algumas dessas pedras foram encontradas em ruínas chinesas, datadas entre 10.000 e 4.000 a.C. E em achados datados da Dinastia Shang (1.000 a.C.), já existiam agulhas de bronze. O Nei Jing, ou “O Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo”, que teria reinado de 2.697 a.C. a 2.597 a.C, é um dos textos mais antigos da história chinesa que surgiu do registro das conversas entre o imperador Huang Di e os seus ministros. Sendo até os tempos atuais, um dos livros fundamentais da medicina tradicional chinesa, em que estão descritos aspectos anatômicos, fisiológicos, diagnósticos e terapêuticos das síndromes energéticas. Fig,1: Agulhas de “Pedras Bian”, durante a Idade da Pedra (3.000 anos a.C.) e agulhas de ouro encontradas no túmulo de Han Liu Shang (113 a.C). Sussmann (2006) corrobora e acrescenta que a Acupuntura começou seu desenvolvimento documentado na era da Dinastia Zhou, de 1027 a.C. a 221 a.C. (Fig.2). Naquele período, a medicina chinesa tornou-se uma medicina mais evoluída, com embasamento filosófico, porém mantendo os conceitos da terapia oriental antiga, o que a concerne uma característica oriental, em que, o conhecimento antigo não é desprezado, sendo armazenado para referência. Acrescenta ser a Acupuntura, uma prática terapêutica multiprofissional baseada no conhecimento resultante das observações de experiências da Medicina Tradicional Chinesa exercida há milhares de anos, qual vem sendo comprovada até a atualidade.
  • 16. 16 Fig.2: Documento milenar encontrado na China descrevendo a Medicina Chinesa na era da Dinastia Zhou, de 1027 a.C. a 221 a.C. https://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_acupuntura 2 AS ENERGIAS - YIN (陰) /YANG (陽) De acordo com Auteroche & Navailh (1992), Yin e Yang (Fig.:3) é o par naturalmente bipolar reunindo duas partes opostas que se encontra em tudo no universo, em relação recíproca, coexistindo assim em cada fenômeno. Todas as transformações energéticas e materiais são produzidas pela interação entre esses dois princípios antitéticos. Desta forma, ambos participam do processo de produção, desenvolvimento e inclusive de destruição ou extinção. Jamais se separam. A tudo essas energias permeiam, sendo que, não existe Yin sem Yang e vice-versa. Inclusive, nem Yin e nem Yang absolutos, em vista da característica em transmutarem e/ou transformarem-se em seu oposto bipolar. O Yin está dentro do Yang e vice- versa, em completo ciclo e dinamismo energético, assim como suas variações de estados, dos mais voláteis, aos mais densos. Porém, se um prevalece sobre o outro, desse desequilíbrio sobrevém as doenças. Em um corpo saudável, os dois aspectos coexistem de forma harmônica, favorecendo um determinado equilíbrio dinâmico. No organismo, estes são as bases primárias de todas as uniões dos Zang Fu (Tabela 1).
  • 17. 17 Tabela 1: Característica de Padrões de Desarmonia entre Yin-Yang/https: ichingesade-120404051416-phpapp01.pdf De La Vallée (1997) descreve sobre o processo de mutação da natureza, em relação às trocas entre Yin e Yang quais se manifestam pelo movimento de contração e descida, denominado turvo, e de expansão e elevação, conhecido como claro (Tab.:1). Relata que, o fluxo dos fluídos e dos sopros no organismo humano se desenvolve mediante o modelo do Céu e da Terra, em que tudo que se move para o alto e para as zonas externas do corpo o faz por causa de sua natureza Yang, leve e cheia de vivacidade; e tudo que se concentra no interior ou se move para baixo, como os precipitados da digestão, o fará por causa de sua natureza Yin, mais pesada e espessa pela riqueza da vitalidade. O turvo representa as essências que se fixam nos órgãos, e o claro a sutileza da vida que permite os movimentos voltados para o exterior. Carballo (2007) e Mann (1998) declaram que, na Medicina Tradicional Chinesa, a manutenção da vida humana se dá graças à nutrição contínua por meio dos sopros provenientes da natureza e da reserva estabelecida desde a sua origem. Relatam que a reserva do Qì ancestral (宗氣) se dá desde a concepção do ser, como herança de seus antecessores, e está estocado entre os rins. Já o Qì nutritivo (勇氣) é constantemente adquirido em parte pela alimentação, pois os alimentos são condensações provenientes dos vegetais que são Yin e dos animais que são Yang, e em parte pela respiração, em que é absorvido o Qì não condensado mediante a inalação do oxigênio liberado pelos vegetais.
  • 18. 18 Yin (陰) /Yang (陽) 陰陽 Fig.:.3 :O símbolo TAO na polaridade do Yin 陰 e do Yang 陽/novoequilibrio.com.br ver_topico.php? ipo=20& od=248&w=1680) Para Ross (2003), o conceito Yin-Yang é a base da Medicina Chinesa. E que, tal teoria enuncia que a atividade fisiológica do corpo humano é o resultado da manutenção de uma relação harmoniosa "da unidade dos contrários" dos dois princípios. A partir disso, a atividade fisiológica que resulta da ação da energia Yang produz sem parar a essência Yin e vice-versa. Pois, dentro de cada um, está contida a semente do outro (Fig.:3). Para maciocia (1994), em relação à transmutação, esta mudança não acontece a esmo, somente em determinados estágios de desenvolvimento e sob duas condições essenciais. A primeira se refere em condições internas, e a segunda, devido às causas externas. Ou seja, a mudança somente acontece quando as condições internas/externas forem apropriadas, e.g, a transformação do calor em frio e frio em calor, em caso de Yin e Yang extremos. Segundo o autor, tal fato ocorre devido os quatro principais aspectos que relacionam Yin-Yang, como a oposição, qual nunca é absoluta e sim relativa, pois nada é totalmente Yin ou totalmente Yang, e embora tudo contenha as duas polaridades, contudo, nunca em proporção meio-a-meio. Isto se dá pelo fato de pertencerem a um equilíbrio dinâmico, qual tem a característica de ser totalmente variável, obedecendo e atendendo a interação das circunstâncias internas e externas. A saúde se estabelece diante deste dinamismo, em que Yin-Yang tende a variar em pequenas escalas a fim de equilibrarem-se. Enquanto que, as variações de superposições entre um e outro é que geram os desequilíbrios, com seus respectivos padrões de desarmonias; enquanto que, a interdependência simboliza que o Yin não existe sem Yang e vice-versa; e em relação ao consumo mútuo, apesar de estarem num estado constante de equilíbrio dinâmico, mantidos por ajustes contínuos, há circunstâncias em que, se o Yin se apresenta em excesso, provocando uma
  • 19. 19 baixa no equilíbrio Yang, tornando-o deficiente. Em outras palavras, o excesso de Yin consome o Yang, e o contrário também é verdadeiro (Fig.:4). Fig.:4 Padrões de desarmonias entre Yin e Yang/ Https.:imagemgoogleenergiasyin-yang Auteroche & Navailh (1992) esclarecem que é sempre pela oposição que um dos dois aspectos Yin-Yang, tem um efeito de condicionamento sobre o outro. Caso a troca não seja equivalente, ou seja, se Yin e Yang não estiverem mais equilibrados e se separam, a atividade vital do homem é detida, como elucida no texto a seguir: (…) Do infinitamente grande ao infinitamente pequeno, tudo é energia. Por milênios, a argumentação da MTC, que é influenciada pela filosofia Taoísta, apoia-se em uma concepção milenar do universo, baseada na energia, e que tem sido defendida pela física moderna. Na qual vê a doença como a quebra dessa harmonia energética, sendo o Yin e o Yang duas expressões desta Energia Fundamental. (AUTEROCHE & NAVAILH, O diagnóstico da Medicina Chinesa 1992, p.16) Yamamura (2003) descreve que, no contexto da MTC, a constituição do ser humano é baseada em matéria (palpável), e de energia (Qi), sendo este, mais sutil e dinâmico. Quando em um resultado de equilíbrio quase perfeito desta energia que transita pelo corpo através dos canais energéticos (Jing Luo-经络), o indivíduo goza de sua máxima saúde física e mental. Sabendo-se que, é a união desses dois elementos, ‘Energia e Matéria’ de forma harmoniosa responsável por este feito, a saúde. De certo, que em estados muito avançados de desarmonias como uma lesão nas artérias, ou um choque traumático de proporção extrema, como ocorre em
  • 20. 20 acidentes, em casos como estes, a medicina Ocidental deve se ocupar dos primeiros cuidados. Mas no que diz respeito à ajuda em reestabelecer a saúde ou acelerar o processo de cura, nada se faz sem o reparo entre Yin-Yang. De acordo com Yamamoto (2011), a aplicação do Yin-Yang na Medicina Chinesa diz respeito a toda fisiologia, patologia e diagnóstico de tratamento. Os quais podem ser reduzidos em sua teoria básica e fundamental. E que cada modalidade de tratamento se enfoca em uma das quatro estratégias como, tonificar o Yang, tonificar o Yin; eliminar (sedar) o excesso de Yang ; eliminar (sedar) o excesso de Yin. Segundo o autor, a compreensão da aplicação da teoria Yin-Yang é de suprema importância na prática. Sem este fundamento, não há medicina chinesa. Para o Maciocia (1992), os princípios de Yin-Yang devem ser aplicados no disgnóstico do paciente, obedecendo ao caráter de suas manifestações clinicas (Quadro1). Quadro:1 . Manifestações Clinicas entre Yin-Yang/Adaptado da obra Fundamentos da Medicina Chinesa, giovanimaciocia.pdf Medeiros (2017) conclui ainda, que na Natureza, a energia Yang representa características do sol, dia, céu homem, verão calor. No organismo, representa a superfície externa, região dorsal, as vísceras energéticas; e como características das doenças o quente, secura, hiperatividade, a fase aguda. Enquanto que a característica Yin se correlaciona na natureza com o oposto do Yang, como a lua, a noite, a terra, mulher, inverno, frio; e no organismo representa região mais profunda, os órgãos, o sistema sanguíneo e os líquidos orgânicos; assim como característica das doenças como lentidão, fraqueza, frio, umidade e a cronicidade. O Acupunturista ao reconhecer tais padrões, trata corretamente suas deficiências e excessos.
  • 21. 21 2.1 Yin e Yang e a Física das Energias Corral (2011) sustenta que, em base científica, a elucidação da energia não se difere da explicação milenar que diz respeito ao comportamento de Yin-Yang. A natureza corpuscular da luz (energia) corresponderia o que a tradição Oriental define como Yin; desta forma, a natureza ondulatória da luz corresponderia com a natureza do Yang; e a conjunção da onda-partícula, constituiria em união o que basicamente se define como o Tao. Assim, ao seguir o sentido do movimento do Tao, podemos descrever o aspecto da partícula corpuscular; e em determinado momento, a luz começa a se comportar com uma onda. A natureza da luz é unitária, mas se manifesta de maneira dual. Para o autor, a luz se manifesta em diferentes formas, movimentos, mudanças, pois desta maneira, assim como o Tao, transforma, muta e transmuta. Isto é, a energia de forma geral, caracteriza-se basicamente em cinco níveis: movimento, mudança, transformação, mutação e transmutação. Acontecendo o mesmo, como nos elementos periódicos que ao mudar sua estrutura eletrônica se transformam, da energia ao átomo, do átomo à matéria. Baseado nesta concepção genérica, o protótipo da visão do oriental, o que é definido como energia, tem diferentes categorias no ser até se tornar um organismo completo. Mann (1998) afirma que, toda manifestação no mundo visível é uma reprodução de um efeito e de uma imagem em um mundo energético, atuando em conjuntura com o material. No qual, ocorre entre dois polos, representados pelos pensamentos-emoções, que correspondem ao mundo suprassensível da atividade mental, e pelo sensorial, que corresponde ao toque, a experiência, ao mundo concreto dos acontecimentos visíveis. A síntese dessas manifestações é simbolizada no homem, sob o eixo de união entre Yin-Yang, formando-se assim a interação Taoísta primordial. Isto inclusive, explicaria a natureza fluídica dos Zang fu. Ping & Songhai (2008), reforçam que para entender a filosofia da Acupuntura, faz-se necessário adquirir a simplicidade da visão chinesa daquela época, em que não haviam explicações científicas para compreender a ação de como os chineses inseriam suas agulhas em pontos especiais com o objetivo de dirigir e desbloquear a energia. Segundo eles, a energia vital, presente em todas as partes, circula no organismo através de condutos chamados Chings, (Meridianos/Jing Luo). A explicação decorria baseada nos meridianos que, ao percorrerem a superfície do corpo ao longo dos membros, do tronco e da cabeça; em sua trajetória livre, extinguia o mal que habitava tal corpo. A energia, dirigida mediante a punção dos pontos se mostrava sob dois aspectos distintos, opostos entre si, mas, na realidade, complementares: Yin e
  • 22. 22 Yang. Em que o Yin é matéria e o Yang a energia mediante os gradientes. Sendo assim, a saúde e a doença, segundo os chineses, fazem parte deste equilíbrio ou a falta deste. Portanto, curar uma enfermidade significa restabelecer o equilíbrio energético alterado. 3 O QI Ping & Songhai (2008) depõem que os mecanismos de ação da Acupuntura estão intimamente relacionados com a origem de nosso corpo energético e de nossa forma física. No contexto da embriologia energética e subsequentemente da embriologia morfológica, a energia se incorpora à matéria para que, juntas, promovam a atividade da matéria, que pode manifestar- se no nível energético constituindo as atividades orgânicas, e também no nível da matéria, produzindo diferentes substâncias, como Sangue (Xue), por exemplo. Descreve que, ainda que o ocidental vê o Qi apenas como energia e, Xue como matéria. E, com uma visão mais profunda no postulado Chinês, o oriental entende o Qi em seus aspectos em gradientes dos mais materiais aos mais densos, assim como possui em seus aspectos os mais fluidos e os mais voláteis. E da mesma forma o Xue (sangue), o Jing (essência), o Shen (espírito), O Jin Ye (líquidos orgânicos), os quais apresentam variados aspectos de intercomunicação contínua, assim como o Yin e o Yang. Os autores descrevem que, a complexidade do Qi com suas vastas variações, se torna quase impossível traduzi-los em palavras. Há uma interação entre energia e matéria na concepção da MTC, que dificulta o entendimento racionalista ocidental, no ocidente há uma preponderância de tudo ser visto de forma separada, tendo a necessidade de se basear em fórmulas matemáticas, capazes de serem resolvidas para se alcançar créditos. Já para a MTC, Energia e Matéria não são vista como separadas, mas sim como dois extremos de algo contínuo. Seu simbolismo indica que o Qi possui características tanto materiais quanto imateriais (Fig.:5) Fig.5: Qi – representando o rarefeito e fluídico como vapor e denso e material como o grão de arroz/ Weiger.1985
  • 23. 23 3.1 As Variações do Qi Medeiros (2017) relata que o Qi é uma energia que se manifesta simultaneamente sobre os níveis físico e espiritual, definindo-o assim como um estado constante de fluxo energético nos mais variáveis estados de agregação. Enquanto a Medicina Ocidental baseia-se na estrutura física, a MTC se embasa e se aprofunda no estudo e conhecimento da circulação energética, como o Qi, Xue (sangue), Jing (essência ou energia ancestral), Shen (espírito, consciência, mente) e os mais densos Jin Ye (líquidos orgânicos), em profunda relação às funções e inter-relações entre os órgãos e vísceras. Desta forma, as substâncias ditas vitais ou fundamentais são consideradas pela MTC como ciclo de interação constante entre a função do corpo e da mente. Pelos parâmetros da Medicina Tradicional Chinesa, existem várias formas de energia (variações do Qi) que atuam constantemente em nosso organismo desempenhando diversas funções. Estas são conhecidas como as polaridades Yin Qi e Yang Qi, sendo estas subdivisões do Qi. O Yuan Qi, também conhecido como Qi Original ou Energia Ancestral e é o fundamento de todas as energias Yin- Yang do organismo. O Yuan Qi é a Essência (Jing) em forma de Qi, derivado do Jing Pré-Celestial e este, por sua vez, é gerado no momento da fecundação com a função em nutrir o feto durante toda a gravidez, dependente da nutrição fornecida pelo Rim (Shen) da mãe. É o Jing Pré-Celestial quem determina a constituição básica de cada pessoa, fazendo com que cada ser tenha a sua própria individualidade. Este circula pelos meridianos despertando a atividade funcional de todos os sistemas. Ele é o elemento essencial que mantém a vida do corpo. Encontra-se estocado de base entre os dois Rins, no Ming Men (espaço considerado pela MTC como porta da vida ou portão da vitalidade que é a raiz da Essência Original; é a moradia da água e do fogo), na altura entre a segunda e terceira vértebras lombares, na região do ponto VG4. Sem Ming Men o Yang Qi dos cinco órgãos não pode se desenvolver. O Yuan Qi ou Energia Pré-Celestial, não pode ser renovada e depende do Jing Pós-Celestial, ou seja, do Qi dos Alimentos para ser preservada ou poupada, durante a vida do indivíduo (Fig.:6). Desde o nascimento do ser, esta energia é utilizada pelo próprio organismo à medida que se necessita, e sua extinção representa a morte física do indivíduo, pois diferente do Qi dos alimentos, o Qi Pré-Celestial não pode ser reposto. (DIAS, Ricardo, AULA DE SUBSTÂNCIAS FUNDAMENTAIS-Escola de Acupuntura Zang Fu/Pós-graduação, 2018).
  • 24. 24 Fig.6: https://yinpoderamento.wordpress.com/2018/03/15/substancias-fundamentais/ De acordo com Yamamura (1993), todos os canais de energia têm a função precípua de circular o Qi (Energia) e o Xue (Sangue). A Energia Nutritiva, o Yong Qi formada à custa da essência dos alimentos, circula sem cessar "dentro" dos Canais de Energia Principais, percorrendo-os em uma sequência. Ross (2003) e Auteroche et al (2000) declaram que, o Qi dos Alimentos ou Jing Pós- Celestial, é a energia que provém da digestão e da assimilação dos alimentos feita pelo Baço (Pi) e Estômago (Wei) após o nascimento, representando o primeiro estágio de transformação do alimento em Qi. Que ao ser consumido e absorvido pelo organismo, é decomposto no sistema digestivo, ainda em matérias densa, sendo posteriormente transformado em mais volátil pelo Baço (Pi) em Qi dos alimentos, porém de forma ainda não utilizável pelo organismo. Em que posteriormente, o Qi dos alimentos toma dois caminhos, um se dá ao entrar o alimento, este se direciona de forma volátil para o Pulmão (Fei), onde combinado com o ar respirado forma o Qi Torácico ou Zong Qi . O segundo caminho, também chega ao Pulmão (Fei) e alcança o Coração (Xin), onde é transformado em Sangue (Xue). Essa transformação é auxiliada pelo Qi do Rim (Shen) ou pelo Qi Original (Fig.:7)
  • 25. 25 Fig.7: Funções e mecanismo de ação do Qi e suas variações. AdaptadoimagensGoogle.com por J de Andrade, 2019 Para os autores, a Energia Respiratória, ou Qi puro ou Qi do ar, é a energia obtida através da respiração. Assim, o Qi do ar ao combinar com o Qi do Alimento, forma o Qi Torácico ou Zong Qi ou Qi Essencial. O Qi Torácico é uma das formas mais refinadas de Qi em relação ao Qi dos Alimentos, sendo utilizada pelo organismo a fim de nutrir o Pulmão (Fei) e o Coração (Xin), promovendo neles as funções de controlar o Qi, a respiração o Sangue (Xue) e os vasos sanguíneos respectivamente (Fig.:7). Controla também a voz e a fala, sob o comando do Coração (Xin) e Pulmão (Fei). Contudo, o Qi Torácico se acumula na garganta e influencia a voz e a fala, em vista disto, um Qi Torácico debilitado pode provocar impedimento na fala e fraqueza na voz. Da mesma forma, promove a circulação sanguínea para as extremidades. Este auxilia o Coração (Xin) e o Pulmão (Fei) a empurrarem o Sangue (Xue) para os membros, especialmente as mãos. Quando o Qi Torácico se encontra debilitado, os membros, inclusive as extremidades ficam frias. Por ser o Qi Torácico o regente da energia do tórax, ele sofre também influências de emoções como a tristeza e o lamento que debilitam o Pulmão (Fei). Nestes casos, tal condição é logo percebida pelo acupunturista tomando as posições distais à esquerda do pulso do paciente que correspondem ao Coração (Xin) e direita ao Pulmão (Fei), analisando que estarão fracas e/ou vazias. : Ross (1985) relata que o Qi Verdadeiro ou Zhen Qi, é o último estágio de transformação e refinamento do Qi que vai circular nos meridianos e nutrir os sistemas. O Qi Torácico é transformado em Qi Verdadeiro (Zhen Qi), que através da ação catalítica do Qi Original (Yuan Qi). Assim, o Qi Verdadeiro assume duas formas distintas, uma como Qi Nutritivo (Ying Qi) e o Qi Defensivo (Wei Qi). O autor descreve que o Qi Nutritivo (Ying Qi) está intimamente relacionado com o Sangue (Xue) e flui com este para os vasos sanguíneos, assim como para os meridianos para nutrir os sistemas internos e todo o organismo (Fig.:8). Ele é ativado sempre que um ponto é estimulado.
  • 26. 26 Fig.8: Substâncias Fundamentais e suas transformações-httpssubstanciasfundamentais/slidshare.com O autor elucida que em relação ao Qi Defensivo ou Wei Qi, sendo a energia protetora ou "energia de defesa". Possui características Yang em relação ao Qi Nutritivo (Yin). Formado a partir da parte impura dos alimentos, o Wei Qi é mais denso e não pode circular nos meridianos, sendo então direcionado para a parte externa do corpo, circulando sob a pele, entre os músculos (Tendinomusculares) e difundindo-se para o tórax e abdome. Enquanto que o Qi Nutritivo, que é formado pela parte mais refinada do Qi dos alimentos, circula internamente nos vasos e meridianos. Para o autor, é função do Pulmão (Fei) regular a circulação do Qi Defensivo para a pele, assim como controlar a abertura e fechamento dos poros. Desta forma, a debilidade do Qi do Pulmão (Fei) pode levar à debilidade do Qi Defensivo, ficando o indivíduo vulnerável a frequentes resfriados. É ainda o Pulmão (Fei) quem distribui os Fluidos Corpóreos ou Líquidos orgânicos (Jin Ye) para a pele e músculos. O Jin Ye (líquidos orgânicos), sendo o Jin a parte mais leve, circula na superfície do corpo junto do Wei Qi, e possui a função de nutrir e umedecer a pele, músculos, ligamentos e tendões. E Ye a parte mais pesada, circula internamente, nos vasos, seguindo o Ying Qi, em que a função é de nutrir e umedecer os Zang- Fu (órgãos e vísceras), ossos, medula, articulações. Auteroche & Navailh (1992) assim como Maciocia (2010), constatam que a Energia Perversa (Xie Qi) é qualquer energia nociva que, ao atravessar a barreira da pele, mucosas e por fim, o Wei Qi, venha a provocar desequilíbrio entre o Yin e o Yang. A partir desta deficiência, qualquer agente externo ou interno pode vir a ser o causador de outras desarmonias em um mecanismo de defesa orgânica já previamente em desequilíbrio. Para Ross (1994) a Energia Mental é a própria manifestação da consciência. Esta energia é regida pelo Coração (Xin). Este é a morada do Espírito (Shen), e depende do
  • 27. 27 funcionamento equilibrado de todos os órgãos e vísceras para que se mantenha saudável. De acordo com o autor, em um processo cíclico, uma boa saúde depende de uma boa atitude mental (“Shen” neste caso, também é conhecido como Espírito-mente, além de designar na MTC o nome do órgão Rim). Shen (Espírito) representa pensamento ou consciência. Este determina o sono e o estado mental do indivíduo e reside no coração (Xin). Maciocia (1997) elucida sobre Jing (essência), em que esta determina as fases de crescimento, desenvolvimento, reprodução e também concepção e gravidez. Pode ser encontrado em três contextos diferentes, em Jing Pré-celestial (origina o Qi, Xue, Yin e Yang do corpo), Jing Pós-celestial e o Jing do Rim (Shen); considera que, em relação ao Sangue (Xue) a maior parte deste, deriva do Qi dos Alimentos produzidos pelo Baço (Pi). Segundo Ross, o Sangue (Xue) é uma forma densa de Qi que flui para todo o organismo, nutrindo todo o corpo e não permitindo que os tecidos corpóreos sequem. E é a base material para a consciência. Se o Sangue (Xue) for deficiente a mente será inquieta e infeliz e “flutuará” perturbando o sono. Assim como as desarmonias que envolvem o Xue, como estase, anemia entre outras causam sérios problemas de saúde, podendo até mesmo levar ao óbito senão reparados energética e fisicamente. 3.2 Canais de Energia (Jing Luo) Para Ross (1985), Jing Luo é a denominação genérica de Jing Mai e Luo Mai. Jing Mai é o tronco principal, com vasos distribuídos na profundidade e de trajeto de circulação. Luo Mai são vasos ramificados que circulam nas partes mais superficiais e apresentam caminhos em diversos sentidos, cruzam-se entre si, reunindo os tecidos e órgãos formando um sistema único. O autor elucida que, os meridianos apresentam trajetos definidos marcados por pontos cutâneos sensíveis sendo condutores de Qi (energia Yin e Yang) e Sangue (Xue), conectando os Sistemas de órgãos e Vísceras (Zang Fu), membros e articulações, parte superior com a inferior e a superfície com a profundidade.
  • 28. 28 Fig.9.: Meridianos e Colaterais/Zang Fu Sistema de órgãos e Visceras J. Ross Ross (2003), descreve que Jing Luo (Fig.:9) é uma rede de canais de energia que se distribui por debaixo da superfície da pele, e o seu trajeto acompanha estruturas do sistema circulatório, linfático, muscular e nervoso. Esta rede de canais e seus colaterais se conectam entre si nestes e são transportadas as transformações da matéria básica pela (Qi) por todas as partes do corpo. O sistema de meridianos unifica o organismo, conectando os órgãos internos com o corpo externo e mantendo harmonia e equilíbrio. Existem diferentes tipos de meridianos, os principais estão diretamente associados aos 12 órgãos e vísceras. Para melhor compreensão, acompanhando o quadro acima, Jing, são sistemas de canais, e, Luo de colaterais, quais se dividem em Jing Mai, quais são os doze canais principais. Desses doze, seis são de características Yin e, seis são características Yang. Sendo três nas mãos (Shou) e três nos pés (Zu), de cada um dos seis para cada característica Yin-Yang, como os Yin: Tai Yin (Pulmão), Shao Yin (Coração) e Jue Yi (Pericárdio); e os de característica yang como, Tai Yang (Intestino Delgado), Shao Yang Triplo aquecedor) e Yang Ming (Intestino Grosso). Da mesma forma ocorre nos meridianos dos pés com as características Yin, como Tai Yin (Baço-Pâncreas), Shao Yin (Rim) e Jue Yi (Fígado); e os de característica yang como, Tai Yang (Bexiga), Shao Yang (Vesícula Biliar) e Yang Ming (Estômago). Para formar o canal unitário, basta unir o Tai Yin da mão com o Tai Yin do pé, como por exemplo, formando o canal unitário Pulmão e Baço- Pâncreas e assim por diante, em uma relação entre alto-baixo no organismo.
  • 29. 29 Fig.: 10 ;Distribuição das zonas cutâneas correspondentes aos doze canais de energia/Yamamura-ArtedeInserir(1993) Segundo Maciocia (2003), os doze Canais de Energia Principais, quando estão nos membros, situam-se entre os músculos ou entre estes e os ossos e constituem em relação à pele, um canal de energia profundo. Para manter a relação Interior /Exterior, é necessário a presença de canais superficiais que correspondem aos Canais de Energia Secundários Tendinomusculares e Luo Longitudinais. I.é., além dos doze canais de conexão, há ainda os doze canais Longitudinais, doze canais Longitudinais especiais, quatro Tendíneos-muscular, doze Profundos e Distintos, doze canais maravilhosos, oito Função de nutrição, Função de defesa, Transporte de energia ancestral. Ross (1994) descreve, que pelos Fundamentos da MTC, o fluxo energético desses canais é definido pelas energias Yin-Yang que, ao percorrerem os meridianos, obedecem a uma ordem e sentido específico. Tal fluxo vai do tronco para as mãos, das mãos para cabeça, da cabeça para os pés, dos pés para o tronco (e novamente para as mãos). Movimentando o Qi e Xue. Os doze meridianos regulares são distribuídos pelo interior e exterior do corpo (Tab.:2). O Qi e o Sangue circulam por eles numa determinada ordem chamada de grande circulação de energia. Esta ordem se dá pelos canais Yin, quais representam os órgãos (Zang) e pelos canais yang, seus acoplados, que representam as vísceras (Fu).
  • 30. 30 Tabela 2: Jing Luo- Meridianos Yin- Yang/Janete de Andrade Canais Yin (Órgãos) Canais Yang (Vísceras) Pulmão (FEI) /11 pontos bilaterais Intestino Grosso (DACHANG)/20 pontos bilaterais Baço-Pâncreas (PI)/21 pontos bilaterais Estômago (WEI)/45 pontos bilaterais Coração (XIN)/09 pontos bilaterais Intestino Delgado (XIAOCHANG) /19 pontos bilaterais Fígado (GAN)/14 pontos bilaterais Vesícula Biliar (DAN)/44pontos bilaterais Rim ( SHEN)/27 pontos bilaterais Bexiga (PANGGUANG)/67 pontos bilaterais Pericárdio ou Circulação-sexo (XINBAO)//09 pontos bilaterais Sanjiao ou Triplo Aquecedor (SANJIAO)/23 pontos bilaterais Lima (2017) enfatiza que a importância em observar o percurso de cada canal de energia, serve inclusive para diagnóstico na fisiologia energética, como por exemplo, o canal do Pulmão (P/FEI), que se inicia no tórax, na região subclavicular, percorre o braço e o antebraço pela face anterior e termina no polegar; o canal do Instestino Grosso (IG/DACHANG) inicia-se na ponta do dedo indicador, percorre a mão, o antebraço o braço, o ombro, o pescoço, a face e termina junto à asa do nariz; o canal do Estômago (E/WEI), dá-se início na face, cabeça, desce para o pescoço, o tórax e o abdome, introduz-se no membro inferior, desce pela frente da perna e termina na extremidade do segundo dedo do pé; canal do coração (C/XIN), nasce no oco axilar, passa à face interna do braço, segue pelo antebraço, cruza o punho por sua parte mais interna e vai terminar na extremidade do dedo mínimo; o cana do Intestino Delgado (ID/XIAOCHANG), começa na extremidade do dedo mínimo, continua pelo braço interno da mão, do antebraço e cruza o ombro e a espádua em zigue-zague, entra no pescoço e chega à face, vindo a terminar no pavilhão auricular; o canal da Bexiga (B/PANGGUANG) é o mais extenso de todos, dá-se início no ângulo interno do olho, sobe pela fronte, cruza o crânio de diante para trás por fora da linha mediana, desce pela nuca e a percorre de cima para baixo perto da linha mediana. Ao chegar à proximidade do cóccix desaparece da superfície para reaparecer na parte alta da escápula e segue um curso paralelo com a linha anterior. Entra no membro inferior que percorre por sua face posterior e depois por sua face externa ao chegar à panturrilha e termina na extremidade do quinto metacarpo; enquanto que, o canal do Rim (R/SHEN), nasce na planta do pé, sobe pela face interna do mesmo, face interna
  • 31. 31 da perna e da coxa, percorre o abdome e o tórax, próximo da linha mediana e termina sob a clavícula; o canal da Vesícula Biliar (VB/DAN) nasce no ângulo externo do olho, percorre o crânio, descrevendo uma série complexa de curvas, alcança ao ombro, continua pela face lateral do tórax e desce pelo membro inferior, percorrendo-o por sua face externa para terminar na extremidade do 4º metacarpo; o canal do Fígado (F/GAN), nasce na extremidade do halux, segue por seu bordo interno, continua pela face interna da perna e da coxa, ganha o abdome e termina no 6º espaço intercostal; o canal do Pericárdio ou Circulação/Sexo (CS/XINBAO), nasce no tórax, por fora do mamilo, introduz-se no membro superior que percorre por sua face interna e termina na extremidade do dedo médio; e o canal Triplo aquecedor (TA/SANJIAO), nasce na extremidade do dedo anular, sobe pelo dorso da mão, antebraço e face póstero-externa do braço, ganha o ombro, a nuca, contorna o pavilhão da orelha e termina no fim da sobrancelha. (LIMA, Alexander; Prof. Especialista AULA DE CANAIS E COLATERAIS, ESCOLA DE ACUPUNTURA ZANG FU - 2017). De acordo com Ross (1994), a circulação de energia por entre os diversos canais pode sofrer interferência por fatores externos, que poderão ocasionar estagnação ou bloqueio dessa energia e do sangue gerando processos dolorosos ou mau funcionamento dos órgãos. O Autor esclarece que na MTC, Mai indica o sistema de vias pelo qual as substâncias, principalmente o Qi e o Xue, são distribuídas pelo corpo. O Mai move de acordo com o Qi. E Xue se move de acordo com Mai Qi Os canais extraordinários ou meridianos extraordinários são os vasos maravilhosos. Estes são em número de oito com suas respectivas características Yin ou Yang, como Du mai (Vaso governador-VG/Yang), Ren Mai (Vaso concepção-VC/Yin), Chong Mai (Yin), Vaso penetrador Dai Mai (Yang), Vaso da cintura (Yin), Qiao Mai (Vaso yin do calcanhar), Yang Qiao Mai (Vaso yang do calcanhar ),Yin Wei Mai (vaso yin de conexão), Yang Wei Mai (vaso yang de conexão). Estes se apresentam como via extra de passagem de energia VG e VC. E são os responsáveis pela organização da formação do embrião, sendo o VG (yang) responsável pelo desenvolvimento do ectoderma; e o VC (yin) responsável pelo desenvolvimento do endoderma. Ambos formam a pequena circulação e possuem pontos de abertura específicos. O Vaso Governador (VG) possui 28 pontos, característica Yang, nasce na ponta do cóccix, e seguindo a linha mediana posterior do corpo, sobe pela região sacra, lombar, torácica, cervical, ganha o crânio, desce pela face e termina na gengiva, entre os dois incisivos médios superiores. Seus pontos de abertura são ID3 e B62. Exerce influência sobre todos os meridianos Yang. Sua principal ação é nutrir a coluna e o cérebro, fortalecer a função renal para sintomas de tontura e
  • 32. 32 memória debilitada, para tratamento de casos crônicos de lombalgia, fortalecimento da região dorsal e possui a ação em expelir vento interior nos casos de tontura, AVC, convulsões e epilepsia; já o vaso concepção (VC), possui 24 pontos com energia Yin, nasce no períneo, próximo ao orifício do ânus, dirige-se para frente, sobe, seguindo a linha mediana anterior, pelo abdome e o tórax, ganha o pescoço e termina na face, por cima do queixo. Seus pontos de abertura são P7 e R6, e influenciam todos os meridianos Yin, sendo muito importantes para os sistemas reprodutivos. Nas mulheres, regulariza a menstruação, fertilidade, gravidez, parto e menopausa. E em casos de infertilidade ajuda a promover o suprimento de sangue para o útero e trata disfunções mestruais. (Lima, Alexander- Prof. Especialista em Acupuntura/aula de canais e colaterais, ESCOLA DE ACUPUNTURA ZANG FU, 2018). De acordo com a antiga teoria chinesa os pontos de Acupuntura se situam ao longo de um sistema “invisível” de meridianos que atravessam todos os tecidos do corpo por onde corre uma energia “invisível”, nutritiva denominada Qi (lê-se T’chi), geralmente é interpretado como sopro, energia, força vital, o qual, para poder realizar as diferentes funções a ele atribuídas dentro do organismo humano, com diversificações e adaptações para o metabolismo e vitalidade do organismo, embora siga se manifestando sob seus dois aspectos principais, um de característica yang e outro de característica yin (CORRAL, 2006, p. 25; KIDSON, 2006, p. 48). Fig.:11;Canal energético e seus respectivos acupontos/https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura Gerber (1996), descreve que o Qi chega aos órgãos mais profundos, levando-lhes um alimento vital de natureza energética sutil. Para o autor, a busca por explicações científicas aos feitos que a acupuntura traz como terapia em variadas patologias, principalmente no tratamento da dor, tem levado a comunidade científica a elaborar diversificados experimentos, e todos comprovando sua eficácia. Ding (1996) associa que os principais pontos de tratamento da acupuntura sistêmica (acupontos) são aqueles que apresentam propriedades especiais curativas. Assegura que estes
  • 33. 33 não existem isoladamente, mas dentro dos doze canais regulares (Jing Luo) e dos oito canais extras. Ao longo e fora dos canais de energia, localiza-se cerca de mil pontos chineses que quando estimulados podem tonificar ou sedar determinados órgãos e vísceras ou meridianos. Segundo o autor, entre esses pontos, alguns possuem função específica e importante, denominados pontos de comando e divididos em várias categorias, sendo as mais importantes os pontos de Tonificação; Pontos de Sedação; doze Pontos Yuan (Fonte); quinze pontos Lo (Conexão) ou saída de Qi; doze pontos de Assentimento Dorsal (Shu); doze Pontos de Assentimento Ventral (Mu) e dezesseis Pontos de Alarme ou Fissura (Xi); pontos dos Cinco Shu Antigos (Jin, Ying, Shu, Jing e Ho/He), quais são 66 pontos determinados pelos Cinco Elementos, muito importantes para o equilíbrio da energia nos meridianos. Além destas categorias, há ainda muitos outros pontos importantes classificados em pontos fora do meridiano, pontos de reunião e pontos especiais. Além dos doze meridianos ordinários ou regulares e dos meridianos, Vaso concepção (Ren-Mai) e Vaso Governador (Du-Mai), possuindo cada um, seu próprio ponto Lo. Tendo ainda, o meridiano do Baço-Pancreas (BP) um ponto Lo extra, o Grande Lo, com um total de quinze pontos Lo (Aula de Canais e Colaterais- Prof. Especialista Alexander Lima, 2018, Escola de Acupuntura Zang Fu) Para Ross (2003), a circulação de energia por entre os diversos canais pode sofrer interferência por fatores externos, que poderão ocasionar estagnação ou bloqueio dessa energia e do sangue gerando processos dolorosos ou mau funcionamento dos órgãos. Barros et al (2011) levantam uma observação importante no que se refere ao tratamento na MTC, caso o organismo não esteja funcionando bem, certamente, o terapeuta há de buscar os fatores energéticos que ainda o impeçam em desempenhar com harmonia suas variadas funções. Para proporcionar a volta da homeostase saudável, esta só se institui com a mudança de vibração da informação dos campos energéticos envolvidos. A “autorreparação” é um processo natural das funções do organismo que tenta biologicamente preservar suas funções. E através da inserção de agulhas, amplia o processo para o equilíbrio energético de cada Zang Fu (sistema de órgão e vísceras) envolvido na patologia, até que se atinja a cura ou contribua para uma melhor qualidade de vida do paciente (Barros et al - O ensino das práticas integrativas e complementares: experiências e percepções. São Paulo: Hucitec 2011).
  • 34. 34 Os autores declaram que, na área que envolve a Acupuntura e seus comprovados efeitos terapêuticos, a ciência vem buscando através de realizações de experimento a certeza em que, “trabalhar” a cura apenas na parte material (fisiológica e bioquímica) é insuficiente. Pois os melhores resultados são obtidos ao tentar reparar o equilíbrio dos campos energéticos envolvidos neste processo. O uso prescrito de medicação química pode suprimir sintomas, mas, no nível vibracional e energético da informação, o indivíduo continua doente e pode voltar a apresentar os mesmos sintomas anteriores ou, até mesmo, outros sintomas em outros tecidos que, segundo a visão linear atual, não terão nexo causal com os primeiros e serão tratados de outra forma química, geralmente por outro especialista, distanciando-se cada vez mais da raiz onde surgiu o problema (Barros et al -O ensino das práticas integrativas e complementares: experiências e percepções. São Paulo: Hucitec 2011) Auteroche & Navailh (1992) defendem que a MTC sempre leva em conta toda e qualquer informação do indivíduo até que esgotem as dificuldades que conduzem à raiz. Ou seja, o “porquê” do adoecimento. Anteriormente manifestado a princípio em seu corpo energético e, posteriormente em diversos sistemas, até gerar uma impossibilidade vital. Caso não haja um tratamento adequado embasado em diagnósticos eficientes, poderá comprometer seriamente a saúde do paciente. Eg., uma dismenorréia, hipertensão, síndrome do climatério e diabetes, todas podem surgir em variadas fases da vida, mas todas analisadas como fatores de desequilíbrio(s) energético(s). Para o autor, não se seria aconselhável tratar doentes crônicos, apenas embasados na química (Fármacos). Segundo ele, esta é uma das razões leva aos pacientes a buscarem o tratamento pela Acupuntura. E que, infelizmente, muitos adotam tal terapia, quando a doença já se encontra em estado bem avançado. E que, por falta de conhecimento e orientação, deixam de procurá-la, inclusive, como prevenção. Para Tesser & Barros (2008), à medida que a concepção dualista do processo saúde e doença limita o adoecimento a problemas da máquina humana, como sendo passíveis de resolução pela biotecnologia químico-cirúrgica por intermédio da incorporação de alta tecnologia e medicalização, criam-se barreiras para realizações do processo de fundamental importância como a anamnese e exame clínico da língua e pulsologia, que vão interferir positivamente na relação do terapeuta com o paciente. Esse cuidado interventor puramente farmacológicorealizado no Ocidente, retira a autonomia do sujeito (paciente) no processo de
  • 35. 35 construção da saúde e promove sua dependência pela atuação do profissional e pelo uso de medicamentos. Livramento (2007) ressalta a importância em compreender a energia que circula no organismo, trabalhada na Acupuntura. Há um campo energético com informações que conduzem a homeostase do sistema, que está relacionada à homeostase induzida pela Natureza e suas leis da eletrodinâmica quântica. Um sistema vivo em equilíbrio energético é aquele que responde adequadamente às forças da Natureza, no qual o homem está conectado em sua essência informacional. O dia, a noite, o sol, a lua, o movimento das águas, as estações do ano, tudo interfere na eletrodinâmica quântica inerente à homeostase orgânica. O meio, as emoções, a alimentação e a constituição hereditária do indivíduo geram informações que podem fortalecer ou fragilizar os mecanismos que contribuem para o equilíbrio dinâmico destas energias, desta forma, a Medicina Chinesa torna-se imprescindível em um evento deparado frente ao desequilíbrio destas, podendo afetar a saúde se não reparado, pois, somente pela mudança da informação intrínseca, torna-se capaz de obter verdadeiramente a cura. Demonstra ainda o autor em suas explicações que, o fato de um organismo humano possuir em média 10 trilhões de células e cada célula com seu metabolismo, quais distribuem sua força para o organismo, se este indivíduo hoje, já apresente comprometimento de um determinado tecido adoecido, muitas vezes estará pior daqui a alguns anos, mesmo que seu organismo provavelmente tenha trocado muitos de seus átomos, células, tecidos e, teoricamente, as novas substâncias. Para ele, apesar de toda esta troca, no qual a medicina chinesa diz que na mulher se dá a cada sete anos de vida e no homem a cada oito anos, caso a informação vibracional continue a mesma inadequada, não haverá a cura, e a patologia poderá continuar evoluindo devido suas próprias desarmonias, agravadas pelos fatores externos e internos, mesmo que toda a matéria prima seja mudada. 3.3 A Ação das Agulhas e Acupontos. De acordo com Martins & Garcia (2003), as agulhas de acupuntura são feitas de material variados, existindo agulhas de ouro e prata. Seu diâmetro, em média é comparado ao do fio de cabelo humano. Estas são inseridas em determinadas regiões do corpo chamados acupontos e nunca aleatoriamente. Com a indução em regiões locais, principalmente em caso de dor. São as agulhas, o principal instrumento de trabalho dos acupunturistas, utilizadas para estimulação dos pontos de Acupuntura. Atualmente, as agulhas são de aço inoxidável, mas no
  • 36. 36 passado, vários outros materiais foram utilizados, como lasca de pedra, bambu, ferro, ouro, platina, espinhos, entre outros. Fig.:12-Estrutura da agulha de Acupuntura/ArtedeInserir-Yamamura1992. Para Yamamura (2004) a agulha de Acupuntura é composta de um cabo, geralmente, feito de material metálico, como cobre ou de alumínio ou aço inoxidável. Grande parte destas possuem seus cabos envoltos por fio metálico, conferindo-lhe efeito solenóide, qual aumenta o potencial elétrico. Já o corpo da agulha preferencialmente, deve ser feito de material diferente, por exemplo, aço inoxidável ou prata, ouro, ferro, alumínio, a fim de induzir a formação de diferença de potencial elétrico entre o cabo e a ponta da agulha. A maioria das agulhas de acupuntura possui o mesmo material, tanto no cabo quanto em seu corpo incluindo a ponta. Estas devem ser descartáveis para um único uso, para que não haja risco de contaminação. Para Sussmann (2010), em relação ao número de agulhas, a quantidade deve obedecer às necessidades dos acupontos trabalhados pelo acupunturista, segundo o diagnóstico. No entanto, o terapeuta utiliza o menor número possível de agulhas, tendo em mãos o diagnostico preciso. Fig.:13- Modelos e marcas de agulhas descartáveis utilizadas pelos Acupunturistas/: https://www.google.com.br/search?q=agulha+e+mandril+MTC&client=opera&source
  • 37. 37 Existem vários tipos e modelos de agulhas, as quais também se utilizam em diferentes técnicas (Fig,: 13). As curtas (Ting), são usadas para o rosto, cabeça e extremidades; as médias, para tronco membros; as triangulares, para promover a sangria dos pontos; as longas, para o tratamento de quadros crônicos e de doenças instaladas profundamente (doenças Yin) que necessitem de maior estímulo (Fig.:14). Ou em regiões com músculos mais densos, como nas dores ciáticas. Fig.:14-Tecnicas de manipulação das agulhas de Acupuntura/yamamura1992 Para Yamamura (1993), os métodos de tratamento das síndromes podem ser por dispersão para se conseguir três efeitos, como fazer transpirar para a remoção da energia perversa na parte superior do corpo, por exemplo, o frio; e por efeito de purgação (fazer vomitar, fazer dissolver as massas); resfriar ou refrescar. Todavia, a tonificação tem a função tonificar ou aquecer. E para se obter a harmonização, insere-se a agulha de forma neutra. Sussmann (2010) pontua que o acupunturista antes de iniciar a prática terapêutica, se ocupa em orientar ao paciente o tipo de tratamento a ser efetivado e qual a posição mais cômoda e adequada, para facilitar o acesso aos pontos de acupuntura selecionados. É importante que o paciente relaxe, para melhor circulação de energia. Este não deve estar alcoolizado nem ter-se alimentado em excesso; para as mulheres grávidas, não se deve utilizar os pontos que estimulem peristaltismo (contrações musculares) durante a gestação como a dispersão do IG-4 associada à tonificação do BP-6, assim como do F-3 e os pontos de acupuntura situados nos dedos, ou situados sobre o útero gravídico. Os pacientes sob efeito de fortes emoções (ansioso, angustiado, irritado) ou cansados (com taquicardia, taquipnéia) devem ser acalmados, relaxados e repousar antes de se iniciar a sessão de Acupuntura.
  • 38. 38 Para Maciocia (2003), no decorrer do processo do adoecimento, há influências de vários fatores, como externos (alimentação, meio ambiente), ancestrais (passados de pais para filhos) e emocionais pela vivência do dia-adia que podem levar ao desequilíbrio energético, sendo assim necessário, uma avaliação detalhada do paciente para que seja possível traçar os objetivos do tratamento e as melhores técnicas a serem utilizadas. Selecionado o tratamento e pontos, orienta-se ao paciente sobre a importância da frequência às sessões de Acupuntura, pois todo e qualquer tratamento possui resultados na continuidade até que se efetive a cura ou a melhoria da qualidade de vida do indivíduo. Por exemplo, um paciente com doença crônica, fica impossibilitado em alcançar bons resultados caso não haja continuidade no trtamento, como em qualquer terapia, tanto na ocidental como na oriental. Os pontos de Acupuntura são locais onde o Yin e Yang (Qi) se concentram em maior quantidade. Quando estimulados corretamente tendem a equilibrar o meridiano como um todo, sendo que este equilíbrio também se reflete em outros meridianos nas ligações complexas que há entre eles. A estimulação desses pontos permite a ativação ou sedação da energia que circula ao longo do seu respectivo canal. (Nozabielli et al -NOZABIELI, A. J. L.; FREGONESI, C. E. P. T.; FREGONESI, D. A.- Correlação dos canais de acupuntura com a neuroanatomia e a neurofisiologia. Arquivo de Ciências da Saúde Unipar, 2000). Alguns estudiosos, inclusive os acupunturistas, tentam explicar os efeitos da Acupuntura através de seu mecanismo de ação. Isto se dá devido as constantes dúvidas dos pacientes em relação à sua eficácia adquirida pelo tratamento, e a pergunta mais frequente se embasa na dúvida de forma geral, “se na ponta da agulha possui algum remédio”. Isso faz da Acupuntura uma terapia complexa, que, para os acupunturistas entenderem, o meio mais fácil se dá pela Fisiologia Energética. Porém repassar para o paciente ocidental, é um desafio. Para isto, a análise científica da terapia oriental segue basicamente duas direções, uma é o estudo dos mecanismos de ação da Acupuntura e a outra se refere à sua eficácia terapêutica, com o cuidado para não alterar o sentido filosófico da Terapia Oriental (VIANNA, Regina; Prof. Especialista/Escola de Acupuntura Zang Fu- Aula de Eletroacupuntura. Pós-graduação, 2018) Conforme Chiang et al (1973), demonstraram algumas barreiras nos canais de energia em que o efeito da Acupuntura é bloqueado através dos nervos, ao constatarem que o estímulo acupuntural não surtia efeito quando aplicado em área bloqueada por anestésico local. Para Levine et al (1976) a acupuntura aplicada em áreas de pele acometidas por Neuralgia pós- herpética não se mostrou eficaz. Isto demonstra o fato de áreas com cicatrizes profundas e tatuagem serem de difícil acesso às respostas mediante a inserção das agulhas nestes
  • 39. 39 respectivos locais. Embora o efeito analgésico das neuralgias tenha sido obtido puncionando-se áreas à distância (chamados pontos distais). Para Wang & Duhamel (1996) os chineses, ao longo destes milhares de anos, descreveram cerca centenas de pontos de acupuntura, dos quais 365 (Fig.:15) foram classificados em catorze grupos principais. Todavia, foram localizados dentre essas centenas, 309 pontos sobre terminações nervosas e 286 pontos localizados sobre os principais vasos sanguíneos, rodeados pelos Nervi vasorum, a inervação própria dos vasos sanguíneos. Todos os pontos que pertencem a um dos grupos são ligados por uma linha imaginária na superfície do corpo denominada meridiano. Os doze meridianos principais controlam o pulmão, o intestino grosso, o estômago, o baço, o coração, o intestino delgado, a bexiga, o rim, o pericárdio, o Triplo-aquecedor (TA), a vesícula e o fígado. Existem também dois meridianos localizados no centro do corpo, um que passa pela frente e outro pelas costas. Todos os pontos de acupuntura ao longo destes meridianos afetam aos órgãos mencionados, mas não necessariamente da mesma maneira. Fig.:15 Acupontos e seus respectivos canais de Energia- https://acupuntura.blogspot.com/search/label/Como%20funciona%20a%20Acupuntura Inada (2007) complementa que o estímulo da agulha de acupuntura, por atingir áreas do encéfalo mais elevadas, como o Hipotálamo e a Hipófise, promove o equilíbrio do funcionamento destes centros. Como a Hipófise é uma Glândula, conhecida na MTC como glândula “Mãe”, a que possui a função de coordenar o metabolismo de diversas outras glândulas do corpo, o efeito da Acupuntura sobre estes órgãos, afeta o funcionamento das
  • 40. 40 glândulas supra renais, tireóide, ovariana, testicular, e assim, tem ação terapêutica sobre a hipertensão arterial, tensão pré-menstrual, disfunções da libido, e outras patologias. Segundo este, a prática da Acupuntura ao longo destes milhares de anos varia de extrema complexidade para ser compreendido e aceito pelo mundo científico atual, sem antes entender seus preceitos e efeitos mediante fato. Para Maciocia (2010), os chineses tradicionais, enxergavam o organismo formado de matéria e energia. E para estes, todas as doenças seriam consequentes a algum distúrbio da circulação desta, associada ao meio de vida, é que o interesse maior nos tratamentos efetuados. O objetivo da acupuntura chinesa é favorecer, através dos estímulos produzidos pelas agulhas, que o organismo crie condições internas para retorno de seu equilíbrio e alivio de suas desordens, sem o emprego da ingestão de drogas. Isto traz outras vantagens como a ausência de efeitos colaterais. A eficácia e a eficiência dos resultados é complementada por uma sequência de orientações importantes, como a alimentação, o tipo e a hora em que deve ser ingerida, a prática de exercícios como o tai chi chuan e Qigong, que visam facilitar a circulação da energia pelo corpo. Ou até mesmo hábitos de vida com exercícios e alimentação ocidentais saudáveis. De acordo com Ross (1985), os acupontos de diversas partes do corpo humano têm características anatômicas diferentes. Contudo, são capazes de se tornar sensíveis, levemente doloridos ou até muito doloridos quando expostos a um distúrbio patológico. Estes são sensíveis e se desenvolvem gradualmente quando a homeostase declina. Portanto, são definidos como homeostáticos, e se desenvolvem simetricamente no corpo humano porque a distribuição dos nervos periféricos é bilateralmente simétrica. Para Marques Filho (2009), os estímulos nocivos das mais variadas origens (internos, externos ou mistos), ao agredirem uma parte do organismo, determinam o processo de estagnação da energia levando à formação de desarmonia entre Yin e Yang. Essa desarmonia propiciará o aparecimento de alteração nas polaridades positivas (yang) e negativas (yin) daquele local. Tal alteração de cargas elétricas estimulará os receptores de dor presentes no local e estes, por sua vez, vão determinar um estímulo que, de forma aferente, atingirá os centros cerebrais, responsáveis por perceber a dor, por substâncias localizadas no córtex cerebral. Para o autor, um dos modelos que tenta explicar tal mecanismo é Modelo da Comporta descrito por Mezalck e Wall (1965). Tal experimento afirma que a transmissão sináptica da informação nociceptiva pode ser regulada, como por uma comporta na ponta dorsal da medula, pela atividade de outras vias. Especificamente, a atividade de grandes fibras
  • 41. 41 aferentes somatossensoriais (fibras táteis) ativaria um interneurônio na substância cinzenta da medula espinhal, que por sua vez causaria inibição pré-sináptica das fibras aferentes nociceptivas de menor calibre, responsáveis pela dor. A atividade do neurônio de segunda ordem da via nociceptiva poderia ser, portanto, modificada pela atividade de outras vias somatossensoriais. Isto explica o fato de pequena dor cutânea poder ser abolida esfregando-se a área da pele afetada, isto é, o ato de esfregar ativa as grandes fibras aferentes somatossensoriais que inibem a transmissão das fibras aferentes nociceptivas (Fig.:16). Contudo, apesar da parte bioquímica relevante, o experimento não explica e nem descreve o fator primordial, de como se dá a ação das agulhas ao desbloquearem a circulação de energia no canal afetado efetivando a melhora ou cura da disfunção, já que os fármacos agiriam de forma similar somente nas funções neuroquímicas, apesar dos efeitos colaterais que estes últimos proporcionam. a b c Fig.:16: Estímulos Nociceptivos pela ação da punção da agulha no acuponto/Imagem adaptada por J.Andrade.google.com.br, Chan1984. a. O estímulo nociceptivo através da inserção da agulha na derme provoca diminuta lesão tecidual com liberação de potásio (K) e síntese de substâncias como prostaglandinas (PG) e bradicinina (BK). A PG aumenta a sensibilidade das terminações nervosas para BK e outras substâncias. b. A ativação indireta de aferentes faz com que o potencial de ação gerado pelo estímulo não apenas se dirige ao SNC como também "lateralmente" alcance outras terminações axonais. Estas liberam substância P (SP), a qual ao alcançar vasos produz vasodilatação e edema. A SP também alcança plaquetas (P) e mastócitos (M), os quais como resposta liberam serotonina (S) e histamina (H) respectivamente, aumentando as alterações químicas locais. Estas alterações químicas aumentam a chamada "cascata de citocinas", com a liberação tecidual de interleucinas, prostaglandinas, ciclooxigenase, etc. Esta "sopa" inflamatória diminui o limiar de disparo de receptores locais, os quais apenas disparam nessas condições de inflamação (receptores silenciosos ou polimodais de alto limiar (PMAL,). Dessa forma, mesmo terminado o estímulo desencadeante da dor, esta continua devido à hipernocicepção induzindo ação inflamatória simulada, resultando na ação de neurotransmissores específicos locais, agindo na região afetada e em níveis dos canais de energia. c. Terminações nervosas próximas são atingidas (sensibilização periférica), disparando por sua vez novos potenciais de ação. Assim, a área inicialmente afetada pelo estímulo fica maior e mais sensível (hiperemia e alodínia) após dez minutos pela a ação da inserção. Livramento (2007) descreve que, em relação ao modelo bioelétrico revelou que as áreas cutâneas onde se situam os acupontos, assim como a trajetória dos canais energéticos, estas apresentam maior condutividade elétrica. Tais propriedades, por um lado, dariam maior
  • 42. 42 objetividade da existência dos pontos e meridianos da Acupuntura, e, por outro, resultavam em aplicações práticas, como a eletroacupuntura. Já no modelo Neuroquímico, os estudos da aferência sensorial na estimulação por acupuntura investigou as fibras aferentes responsáveis pela sensação característica desta estimulação, chamada de deqi ou hibiki. Estes estudos indicaram a participação das fibras aferentes musculares tipo II e III, assim como uma via medular ascendente, já que a ação da acupuntura não é apenas segmentar, identificando também sua localização na lateral da medula (Fig.:16). No entanto, apesar de estes mecanismos evidenciarem algumas das propriedades terapêuticas da acupuntura, estão longe de substanciar muitos dos resultados obtidos pela Acupuntura. Irnich & Beyer (2002), constatam que, a agulha ao ser inserida no ponto do canal de energia, cápsula articular e inserções tendinosas, causa estimulação dos receptores neurológicos periféricos sensitivos nas terminações nervosas livres Tais terminações são compostas predominantemente por fibras A", na pele e por fibras tipo II-III no músculo, que se interligam, formando uma rede que vai ser responsável pela propagação do estímulo nervoso aos vasos sanguíneos e células imunitárias locais (Fig.:17). Fig.17: Mecanismo de ação e propagação em resposta neuronal envolvendo receptores e fibras em diferentes níveis, em resposta à inserção de agulhas na derme em pontos específicos (acupontos) pela acupuntura. Para Barros (2012), estes receptores periféricos vão propagar o estímulo à rede de neurônios locais originando o reflexo axonal. Tal reflexo, que ocorre sem a necessidade de um centro de integração da medula, induzindo um aumento do aporte sanguíneo local, devido à liberação de várias substâncias vasoativas como a substância P, bradicininas, CGRP (polipeptídeo relacionado com o gene da calcitonina), VIP (peptídeo intestinal vasoativo), histamina, serotonina, NGF (Fator de crescimento neural), VGF (fator de crescimento vascular), entre outros. Estas substâncias atuam localmente na pele e músculo promovendo a
  • 43. 43 cicatrização, ou vasodilatação, ou por neogênese de vasos sanguíneos, o que justifica o calor e a hiperemia com a inserção de agulhas. Associada a estas alterações dermatológicas, pode ocorrer a parestesia, prurido ou uma sensação de peso, resultantes da estimulação das fibras tipo II-III do músculo (deqi). A nível local há ainda liberação de opióides como a beta- endorfina que potenciam a analgesia local, atuando ao nível dos receptores periféricos sensitivos e bloqueando assim, a nocicepção(Fig.:17). Mas que muito ainda carece de elucidações plausíveis dos campos energéticos ajustados e sua atuação no organismo. Para ele, a parte neuroquímica é só consequencial quando trabalhada as energias, que é a parte causal. Zhang et al (2010) definem que, na China por centenas de anos, o trajeto dos meridianos já teria sido detectado pela observação de um fenômeno chamado de “sensação propagada”. Hoje se reconhece que tais substâncias envolvidas são liberadas pelas células inflamatórias locais (conhecidas como granulócitos), através de um tipo de ativação do sistema imune estimulados pela Acupuntura. Mais recentemente, nas últimas décadas, estudos de resistência elétrica da pele tem demonstrado existirem variações significativas em pontos localizados que parecem corresponder aos pontos clássicos de Acupuntura. Para eles, manipulando os “canais de energia”, através da prática da acupuntura, pode-se reorganizar o fluxo da circulação energética quando ela se encontra perturbada, a fim de deixá-la fluir de forma harmônica e assim restituir a saúde e fortalecer o organismo. A dificuldade está em entender como este processo funciona ao inserir uma agulha, ou seja, como esta energia é ativada a corrigir aos desequilíbrios energéticos do indivíduo (Fig,:18), seja este humano ou animal. Ou até mesmo um vegetal.
  • 44. 44 Fig.18: Ação do efeito de Tonificação através da inserção da agulha no Organismo (Acupuntura) em uma paciente com Deficiência de Yang. Eg.: o ponto (IG4- Hegu), pertecente ao meridiano do Intestino Grosso, no intervalo de 1 minuto/Imagem montada por Janete de Andrade, correlacionando um vídeo Termografia https://www.youtube.com/watch?v=OROOdTujAQ Zhang (2005) descreve mais detalhadamente que, o ponto de acupuntura é definido como um ponto da pele que possui aproximadamente um diâmetro de 0,1 a 5 cm de profundidade, com uma resistência elétrica reduzida, proporcionando a característica de sensibilidade espontânea ao receber um estímulo. Através desta resistência mínima, se caracteriza como uma área de condutividade elétrica amplamente aumentada em comparação às áreas da pele ao redor. Estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, vasos, nervos e septos intramusculares, na ligação musculotendínea, nos locais de maior diâmetro do músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele. As agulhas ao serem inseridas, atuam liberando substâncias neurotransmissoras entre outras, como as endorfinas, que têm como função eliminar boa parte das dores orgânicas; as serotoninas, que proporcionam a sensação de prazer e bem estar e as encefalinas, que possuem a ação calmante básica. Ao inserir-se a agulha, a resposta inicial experimentada é chamada de “De Qi”. Isto ocorre devido o resultado da excitação de fibra sensitiva primária terminal dentro do músculo, enviando mensagem ao corno posterior da medula espinhal. Alcançando assim o hipotálamo, induzindo a liberação de hormônio adrenocorticotropicóide, que finalmente promove como consequência da reação, a liberação de glicocorticóide. Potente antinflamatório natural. Para o autor, a agulha ao atuar para o equilíbrio do Yin e Yang, sinaliza ao organismo na produção de substâncias que o leve a auto reparar as partes afetadas. Fig.: 19-Mecanismos de modulação periférica e nociceptiva. Através de mecanismos de inibição lateral por parte de uma fibra A beta. E via de inibição central através da substância cinzenta periaquedutal e núcleo magno da rafe./ http://www.anatomiafacial.com/neuroanatomia-da-dor.11.html
  • 45. 45 Tafarel & Freitas (2009) elucidam nos mesmos parâmetros que, a introdução da agulha em pontos específicos dos meridianos energéticos geraria um estímulo nas terminações nervosas, a nível dos músculos, que conecta o sistema nervoso central, propiciando respostas terapêuticas (Fig.:19). Por este motivo é que a ação da acupuntura age em primeiro plano em níveis energéticos e posteriormente em níveis fisiológicos, morfológicos e principalmente em níveis emocionais. Para o autor, a entrada da agulha na pele provoca uma microinflamação que aciona a produção natural dessas substâncias. Ao serem inseridas, produzem resposta em relação à hipófise, por exemplo, quando estimuladas, têm a ação de liberar tais substâncias que beneficiem o organismo. Todo este arsenal bioquímico faz com que a acupuntura tenha inclusive efeitos analgésicos, tanto locais (segmentais) quanto distantes do local da introdução das agulhas (não segmentais), uma vez que há liberação de neurotransmissores na corrente sanguínea. Com a liberação destes, há um bloqueio da propagação dos estímulos dolorosos, impedindo sua percepção pelo cérebro, o que resulta em um importante processo de analgesia. Desta forma, a resposta do organismo é mais rápida, diminuindo a intensidade dos sintomas, e muitas vezes, fazendo-os até desaparecer. Para Santos & Martelette (2004), um ponto de acupuntura ao ser puncionado, decorre a sensação de parestesia (sensações cutâneas através dos nervos sensoriais) ou calor. Desta forma, a Acupuntura atua com eficácia no controle da dor ativando as vias opióides e seus respectivos receptores. Tal prática amplia a atividade do sistema que modula a dor por hiperestimulação das terminações nervosas de fibras mielínicas A- δ, responsáveis pela condução do estímulo aos centros medulares, encefálicos e eixo hipotálamo-hipofisário (Fig.:20). Na medula espinhal, a modulação dos estímulos nociceptivos se dá por inibição pré- sináptica, devido a liberação de hormônios como cortisol e endorfinas, promovendo a analgesia. Fig.20: A acupuntura e a eletroapuntura têm capacidade de bloquear a transmissão dos sinais dolorosos ativando o sistema inibitório descendente da dor do mesmo mielótomo (grupo muscular inervado por um único segmento espinal)/imagemThomson 2013.
  • 46. 46 De acordo com Schoen (2001), a base da teoria do portão da dor está relacionada com os impulsos de condução rápida de fibras aferentes, transmitindo informação não dolorosa sobre a pressão, toque e vibração à substância gelatinosa no qual se realizam a sinapse inibitória bloqueando a transmissão da informação dolorosa antes dos impulsos das fibras lentas chegarem à substância gelatinosa, através da liberação de substância como GABA (Fig.20). Para Auteroche & Navailh (1992) as teorias e bases fisiológicas da dor e ação da acupuntura, indicam que, através da estimulação sensorial cutânea, como a inserção de uma agulha, pode provocar reações e reflexos funcionais aos músculos, aos vasos sanguíneos e aos ligamentos que recebem a inervação sensorial ou motora. O reflexo de contração muscular, hiperalgesia, dor e a manifestação autonôma associada com hiperatividade simpática e parassimpática, são localizadas em áreas distantes e podem envolver um dermátomo, elucidando a eficácia dos pontos distais. Tal fato explica como um ponto como o B 67 (Zhiyin) situado na ponta do dedo mínimo do pé (5º metatarso), possa agir com eficácia tratamento de dor de cabeça (o ponto controla a rebelião do Qi na cabeça entre outras ações). Livramento (2007) declara que, em sua prática cotidiana na Medicina Tradicional Chinesa, mesmo que, para a maioria não seja fácil compreender o conceito da física moderna, deve-se estar aberto aos conhecimentos de que a ciência existe por detrás da Acupuntura, no tocante a parte neuroquímica. Este explica que, a parte energética só poderia ser esclarecida se postulada nas ciências da Física Quântica. Na Física clássica qual vivenciamos dia-a-dia, não se alcança ainda esta observação para explanar o comportamento energético que a tudo permeia. Na clássica, num campo físico, cada ponto está associado a um valor numérico que está ligado à intensidade naquele dado momento, obedecendo assim a uma direção e a um sentido, no qual pode-se tecer uma função matemática. Tais vetores expressam a propriedade do campo em cada ponto do espaço. Já em um campo quântico (Física das Energias), em que a explicação da energia torna-se mais suscetível, a partícula carregada está cercada de uma nuvem de fótons (energia- quanta de luz) com outras partículas, mas nenhuma delas com seu auto-estado definido. Segundo ele, baseado nas leis da física quântica, tais ondas podem se tornar partículas e as partículas em ondas. Isto descreve, inclusive o estado comportamental do Yin e do Yang da estrutura eletrodinâmica quântica das transformações. Esses fótons podem decair e transformarem-se em outras partículas, quais também serão absorvidas e emitidas pelo campo. Tal fundamento se revela quando os físicos dizem que existe uma troca de informações circulando no campo como uma força atuante. A estrutura do campo quântico é formada pela
  • 47. 47 soma de probabilidades de efeitos diferentes. Esta teoria está apoiada por complexas fórmulas matemáticas, mas a priori fica clara a compreensão que existe um campo energético em todo o universo, inclusive em todo organismo e que este pode ser alterado conforme a prática definida. A isto, a MTC dá o nome de fluxo energético de cada indivíduo. 4 ACUPUNTURA, UNIFICANDO ENERGIA E MATÉRIA Para Ross (1994), a Acupuntura vai além da inserção de agulhas, apesar destas induzirem através da prática, importantes efeitos analgésicos, relaxantes muscular, anti- inflamatórios, imunorreguladores, em busca de harmonizar as energias Yin e Yang, ela transforma as substâncias fluídicas que compõem o organismo. Portanto é declarada a Terapia das energias e suas manifestações. O autor acrescenta que, os princípios teóricos fundamentais que a partir dos quais as doenças são entendidas, classificadas e tratadas, são os mesmos que servem para entender, classificar e lidar com as coisas do mundo, da natureza, do espaço e do tempo. Tal fato não pode ser confundido por referências e interferências da terapia científica ocidental, decerto que, o empirismo deve estar totalmente alinhado com a intuição e análise do acupunturista, para que não se reduza a Acupuntura a um simples ato mecânico. Granet (1968) descreve que a Acupuntura é uma terapia que enfatiza o somatório de energias que compõem o organismo, em que as suas técnicas terapêuticas são um conjunto de saberes e procedimentos culturalmente Orientais e dos quais não pode ser dissociada. Sussmann (2010) sustenta igualmente que, além das agulhas, que estão relacionadas diretamente à prática da Acupuntura, a Medicina Tradicional utiliza outras técnicas como, moxabustão, ventosa, ervas (fitoterapia), massagens (Tui na/Qigong), exercícios físicos (Tai Chi Chuan), auriculoterapia, dietas alimentares (Diatética Chinesa), quais se baseiam todos em princípios energéticos para incentivar o equilíbrio do organismo; além de prescrever normas higiênicas de conduta. Sendo assim, a sua lógica se embasou desde o início, em toda a vida social da China, no período em que foi desenvolvida, incluindo o calendário agrícola, as festas coletivas, os princípios de comportamento social, as regras de etiqueta no trato, a religião, a música, a arquitetura, etc. Preceitos que não se devem ser alterados, mas sim adaptados a cada cultura.