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69Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Classificação ecológica das espécies arbóreas
CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS
Ecological classification of arboreal species
Maria de Nazaré Martins Maciel*
Luciano Farinha Watzlawick **
Emerson Roberto Schoeninger***
Fabio Minoru Yamaji****
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento sobre as classificações ecológicas de espécie
arbóreas. Uma breve abordagem foi sintetizada sobre o processo de dinâmica sucessional em floresta tropical
e dos principais elementos que caracterizam esse processo. Também foi mostrado a existência da grande
diversidade de classificações das espécies em grupos ecológicos.
Palavras-chave: Sucessão, Grupos ecológicos, Clímax.
Abstract
The present work had as objective to effect a survey on the ecological classifications of tree species. Thus,
a brief explanation was made about succession dynamics process of tropical forest and about main elements
that characterize this process. Also the existence of the great diversity of classifications of the species in
ecological groups was shown.
Keywords: Succession, Ecological groups, Climax.
* Pesquisadora do Departamento de Ciências Florestais, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, e-mail: nmaciel@ig.com.br .
** Professor Substituto, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná, e-mail: luciano_farinha@uol.com.br
*** Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, e-mail: emer@floresta.ufpr.br
****Doutorando,ProgramadePós-GraduaçãoemEngenhariaFlorestal,UniversidadeFederaldoParaná,e-mail:fmyamaji@floresta.ufpr.br
70 Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
Introdução
A grande biomassa lenhosa que constitui
as florestas tropicais nativas é um recurso natural,
cujo aproveitamento, em bases sustentáveis, ainda
desafia a ciência florestal, porque representa um
ecossistema complexo, cujo equilíbrio pode ser
facilmente rompido se houver uma perturbação
tão intensa, a ponto de causar modificações
irreversíveis.
Deve-se considerar que as florestas tropi-
cais nativas podem ser manejadas para a produ-
ção de madeira, para fins industriais e energéticos
específicos, para a produção de serviços e benefí-
cios diretos e indiretos, e para a produção de ou-
tras matérias-primas e produtos não-madeireiros.
Entretanto, os vários sistemas silviculturais, aplica-
dos ao manejo da floresta tropical, que objetivam
o rendimento sustentável, ainda exigem conheci-
mentos básicos sobre a dinâmica de crescimento e
recomposição da floresta nativa original, para que
possam ser aplicados com sucesso, sem compro-
meter a estabilidade e a sustentabilidade desse
recurso e dos elementos essenciais à vida na terra.
Para que se possa promover o aproveita-
mento sustentável das florestas tropicais, é neces-
sário conhecer como elas renovam seus recursos,
os processos de dinâmica da regeneração natural
e seu potencial qualitativo e quantitativo.
Existe consenso que os processos de di-
nâmica de sucessão natural das florestas tropicais
dependem, fundamentalmente, da formação de
clareiras por morte ou queda natural de árvores.
Portanto, qualquer que seja o sistema de manejo
que se pretende desenvolver para esse tipo de flo-
resta, ele deverá, forçosamente, levar em conside-
ração o processo de dinâmica de sucessão natural
em clareiras. Assim, com base na literatura dispo-
nível, elaborou-se o presente trabalho, objetivando
o estudo das diferentes classificações ecológicas
de espécies arbóreas em resposta aos distúrbios
naturais ou intervenções antrópicas na floresta tro-
pical.
A classificação ecológica de espécies
arbóreas
As espécies de plantas tropicais têm sido
classificadas de diversas maneiras quanto ao seu
comportamento na dinâmica de sucessão. A dinâ-
mica sucessional na floresta, como um todo, pode
ser representada por um processo continuo de
abertura-recobrimento-fechamento-abertura de cla-
reiras (BARTON, 1984). Para efeito didático, en-
tretanto, considera-se que este processo se inicia
com a abertura de uma clareira, que é uma
descontinuidade, de tamanhos variados, que se
projeta do dossel até o solo da floresta, provocada
principalmente pela queda de um galho de uma
ou várias árvores.
Conceito
Para que se possa ter um maior entendi-
mento do processo dinâmico da sucessão natural
nas clareiras, é necessário que se apresente uma
definição prévia dos elementos que o caracteri-
zam.
Sucessão: Segundo Dajoz (1983), as su-
cessões podem ser primárias ou secundárias. A
sucessão primária corresponde ao estabelecimen-
to dos seres em um meio, onde ainda não haviam
povoado, mas no qual foram eliminados, por vári-
os motivos, os seres ali anteriormente viventes.
Gomes-Pompa (1972) define sucessão secundária
como as mudanças que se verificam nos
ecossistemas, após a destruição parcial de uma
comunidade, podendo ocorrer em uma pequena
área de floresta nativa, após a queda de uma árvo-
re, ou em vários hectares de uma cultura abando-
nada.
Para Richards (1952), esse processo é re-
presentado pela progressiva mudança na compo-
sição florística da floresta, desde as espécies se-
cundárias (pioneiras) até as espécies primárias (clí-
max).
Tracey (1985) define sucessão secundá-
ria como o processo que envolve várias combina-
ções de estádios florísticos pioneiros, secundários
iniciais e secundários tardios, antes que um está-
dio maduro da floresta seja restituído.
Clareira: O conceito de clareira “gap” é
bastante variado na literatura. Oldeman (1978) uti-
liza o termo “chablis” para designar tanto a queda
de uma árvore como a perturbação que lhe é as-
sociada.
Bazzaz; Pickett (1980) definem clareira
como brechas no dossel da floresta, cujas condi-
ções ambientais diferem daquelas do dossel fe-
71
chado e cujos recursos, particularmente luz, dei-
xam de ser controlados pelos indivíduos do dossel
dominante.
Para Almeida (1989), clareira é toda a área
de floresta com dossel descontínuo, aberto pela
queda de galhos de uma ou mais árvores, limitada
pela copa das árvores marginais.
A definição apresentada por Bazzaz;
Pickett (1980) parece ser a mais consistente, pois
além de caracterizar a clareira como uma abertura
em formas geométricas -“brechas”, dá idéia do
caráter funcional desse espaço no processo
sucessional.
As clareiras como matrizes de sucessão
Segundo Whitmore (1978), uma floresta
é um mosaico de manchas em diferentes estádios
de maturidade, cujo ciclo de crescimento inicia com
uma clareira. O autor acrescenta que, para muitas
espécies, um dos principais fatores que regulam a
estrutura da população é a chance de ocorrência
de uma clareira sobre as plântulas, a qual lhes
permita crescer. Mesmo buracos no dossel, que
permitam não mais de 40 minutos diários de inso-
lação, podem estimular o crescimento de plântulas
no solo da floresta (SCHULZ, 1960). Em relação a
floresta tropical amazônica, Uhl; Murphy (1981)
mencionam a existência de um banco de plântulas
e mudas por longos períodos, à espera de um dis-
túrbio que favoreça seu crescimento. Sem isso,
todas as plântulas, exceto aquelas espécies do sub-
bosque, que gastam toda a sua vida em densa som-
bra, eventualmente morrerão (WHITMORE, 1978).
Esse autor divide o processo sucessional em três
fases:
Fase de clareira – compreende o início
da recomposição florestal, com grande número de
plântulas provenientes da germinação de semen-
tes já existentes no solo ou que chegam de fora,
após a abertura da clareira ou da regeneração
preestabelecida no sub-bosque (WHITMORE, 1984;
HUBBELL; FÖSTER, 1986, citados por ALMEIDA,
1989).
Fase de edificação – inclui indivíduos
delgados (varas) em intenso crescimento em altu-
ra. Nessa fase, ocorrem fortes competições entre
os indivíduos e morte de certas espécies pionei-
ras, alternadas com períodos de homeostase, con-
forme Hallé et al. (1978), citados por Almeida
(1989).
Fase madura – a maioria dos indivíduos
chega à fase reprodutiva, estando a floresta em
equilíbrio dinâmico e a biomassa tendendo a se
estabilizar na capacidade produtiva do ecossistema
(clímax). Nesta fase, há predomínio do crescimen-
to diamétrico, com a expansão lateral das copas
(WHITMORE, 1984; BROKAW, 1985 citado por
ALMEIDA, 1989).
Ainda, segundo Whitmore (1978), essas
fases são abstrações, e não entidades separadas.
Efetivamente, no desenvolvimento da sucessão em
uma clareira existe um gradiente contínuo, cuja
característica instantânea é determinada, principal-
mente, pela idade da clareira, mas que pode ser
influenciada por fatores como a composição
florística inicial da comunidade e eventos biológi-
cos (frutificação e dispersão) e físicos (queda de
novas árvores), após a abertura inicial. Na fase de
clareira, as mudas não excedem 2,70m; na fase de
edificação, não existem grandes árvores; e na fase
madura, todos os tamanhos estão misturados (UHL
e MURPHY, 1981).
Para Barton (1984), as clareiras represen-
tam o principal fator de coexistência de muitas
espécies de árvores nas florestas tropicais. Além
disso, quando a floresta envelhece, sua
suscetibilidade aos distúrbios muda. Árvores ve-
lhas são, freqüentemente, mais propensas a ruptu-
ras ou tombamentos, originando grandes clarei-
ras. Assim, em florestas velhas, espécies pioneiras
e de grandes clareiras podem novamente aumen-
tar em número ou densidade.
Características das clareiras
De acordo com Whitmore (1978), as cla-
reiras são formadas por um rompimento na estru-
tura do dossel da floresta. Isso pode ser causado
pela queda de uma ou várias árvores, que caem
pela ação de fatores, como ventos fortes, tempo-
rais e raios. Segundo Whitmore (1978) e Bazzaz e
Picket (1980), a queda pode, ainda, ser provocada
por grandes distúrbios naturais, como ciclones e
terremotos. Orians (1982) sugere, também, como
fatores que determinam a formação de clareiras, a
predominância de raízes superficiais e o grande
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Classificação ecológica das espécies arbóreas
72
número de cipós e epífitas que crescem sobre a
copa das árvores, aumentando significativamente
o peso que deve ser suportado pelas raízes.
Tamanho: Segundo Whitmore (1978), as
mais diminutas clareiras são formadas pela morte
lenta de uma árvore, cuja copa e fuste caem verti-
calmente em pedaços. Clareiras também podem
ser formadas pela queda de várias árvores,
entrelaçadas por cipós (ORIANS, 1982), ou pelo
chamado efeito dominó, em que uma árvore ao
cair, derruba outras. Dessa forma, existe uma am-
plitude muito grande de tamanhos de clareiras,
embora a maior freqüência esteja nas classes de
tamanho menores que 100 m˝, como demonstra
Brokaw (1982).
Diferentes espécies são bem sucedidas em
clareiras de diferentes tamanhos, significando que
o tamanho da clareira influencia fortemente a com-
posição florística e a distribuição espacial das es-
pécies na floresta (WHITMORE, 1978; SILVA, 1989).
Quanto maior a clareira, mais diferente o
microclima dentro dela, em relação ao da floresta
não perturbada (WHITMORE, 1978). Portanto, se-
gundo Hartshorn (1978), o tamanho da clareira
pode determinar quais espécies colonizam ou não
uma clareira, porque ele causa importantes mu-
danças no microclima e na competição de raízes,
competição esta que pode diminuir temporaria-
mente no centro da clareira. Segundo Bazzaz e
Picket (1980), pequenas clareiras favorecem o cres-
cimento de regeneração avançada, como é o caso
de plântulas e mudas já estabelecidas antes da for-
mação da clareira. Por outro lado, em clareiras
muito grandes, esses indivíduos podem crescer
pouco ou mesmo morrer em virtude de alta carga
de radiação solar (WHITMORE, 1978).
Ambiente Físico : Segundo Bazzaz e
Picket (1980), clareiras são ambientes heterogêne-
os, com um complexo gradiente que se estende
do centro delas até às condições inalteradas sob o
dossel.
Para Whitmore (1978), as principais dife-
renças entre o ambiente na clareira e sob o dossel
fechado são um aumento na luz e mudanças na
sua qualidade, aumento em temperatura e um dé-
ficit de saturação. Há, também, um aumento nos
nutrientes quando as plantas mortas são decom-
postas. Essas mudanças no meio físico alteram o
meio biológico, pois mudas estabelecidas morrem
por causa de sua sensibilidade à luz, plantas de
espécie pioneiras aparecem e outras têm uma
maximização de crescimento (VIEIRA e HIGUCHI,
1990).
Divisão das espécies em grupos ecológicos
A vegetação de um local é formada por
um componente real e por um componente poten-
cial. O primeiro é representado por indivíduos de
espécies presentes e o segundo, por sementes e
propágulos existentes no solo. O banco de semen-
tes conserva-se no solo, sem germinar, em razão
de fatores bióticos (inibidores químicos, período de
latência, atividades de microorganismos, etc.) e de
fatores abióticos (luz, temperatura, umidade, etc.).
Esse banco de sementes, assim como sua viabilida-
de e latência, condiciona o potencial florístico
(HASPER et al., 1965), que é formado por espécies
de etapas sucessionais anteriores e espécies que não
tinham estado presentes na área e que fazem parte
do potencial, graças à sua capacidade de dispersão.
GOMEZ-POMPA et al. (1972) observaram que gran-
de proporção de espécie, secundárias, está na for-
ma de sementes no solo florestal.
As plantas secundárias são heliófilas, de
rápido crescimento, possuem sementes de grande
viabilidade e têm mecanismo de dispersão muito
eficiente, aparecendo, logo em seguida, às per-
turbações no ambiente (SMITH, 1966, citado por
Gomez-Pompa et al. 1976). Além disso, produzem
maior quantidade de sementes (HARTSHORN,
1978).
O recurso principal na determinação do
comportamento das espécies, na dinâmica de su-
cessão, é a luz. Baseado nisso, têm surgido diver-
sas classificações de grupos ecológicas de espéci-
es arbóreas tropicais.
Whitmore (1984) reconhece quatro gru-
pos de espécies relativos à demanda por clareiras:
• Espécies que se estabelecem e crescem
sob dossel fechado;
• Espécies que se estabelecem e crescem
sob dossel fechado, mas que se beneficiam das
clareiras;
• Espécies que se estabelecem e crescem
sob dossel fechado, mas que requerem clareiras
para amadurecer e se reproduzir; e
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
73
• Espécies que se estabelecem, crescem
e se reproduzem somente em clareiras.
Entretanto, o autor reconhece que estes
são apenas pontos no amplo gradiente de condi-
ções, demandado pelas espécies e que cada espé-
cie pode ser única em suas exigências.
Já Swaine e Hall (1983) classificaram as
espécies em três categorias:
• Espécies pioneiras pequenas, que re-
querem uma clareira para germinação e estabele-
cimento. São de vida relativamente curta e rara-
mente atingem 30 metros de altura;
• Espécies pioneiras grandes, que reque-
rem uma clareira para germinar e estabelecimen-
to. São capazes de exceder 30 metros de altura e
persistem até formar o dossel da floresta madura;
• Espécies primárias, capazes de germi-
nar e se estabelecer pelo menos em luz difusa,
persistindo até formar o dossel da floresta madu-
ra.
Por outro lado, Viana (1989) apresentou
uma classificação em que constam quatro catego-
rias:
• Heliófilas, cujas sementes requerem cla-
reiras para germinar, e as plântulas não sobrevi-
vem sob sombra;
• Oportunistas de clareiras, cujas semen-
tes não precisam de clareiras para germinar, e as
plântulas sobrevivem apenas na sombra;
• Tolerantes à sombra, cujas sementes
germinam à sombra e as plântulas crescem só até
o estádio pré-reprodutivo; e
• Reprodutoras em sombra, cujas semen-
tes germinam à sombra reproduzindo-se nela e os
indivíduos reproduzidos vivem nesta condição.
Finegam (1992) classificou as espécies flo-
restais em quatro grupos ecológicos:
Espécies heliófilas efêmeras, cujas carac-
terísticas principais são:
• Rápida colonização e ocupação de áre-
as abertas;
• Produção de grande quantidade de se-
mentes em idade precoce;
• Sementes com capacidade de mante-
rem-se viáveis por longo tempo no solo da flores-
ta;
• Alta capacidade fotossintética sob luz
direta;
• Rápido crescimento;
• Madeira leve e de pouca resistência;
• Regeneram e completam o seu ciclo da
vida somente em áreas abertas, relativamente ex-
tensas;
• Ciclo de vida curto, variando entre 10-
15 anos, podendo chegar a 35-40 em condições
favoráveis.
Dentre as principais espécies deste gru-
po estão: Cecropia spp., Heliocarpus sp. e Trema
sp.
Espécies heliófilas duráveis, cujas carac-
terísticas ecológicas principais são:
• Dominam o povoamento depois que
as efêmeras desaparecem, e permanecem por muito
tempo;
• Capacidade fotossintética intermediá-
ria sob luz direta;
• Rápido crescimento, com incrementos
diamétricos de até 2 – 3 cm ano;
• Madeira moderadamente leve a mode-
radamente pesada.
• Reprodução precoce em condições fa-
voráveis;
• Sementes variam em tamanho, entre
pequenas e médias, com disseminação feita prin-
cipalmente pelo vento e com menor durabilidade
no banco de sementes;
• As plântulas podem sobreviver até por
um ano ou mais à sombra e respondem positiva-
mente quando se abre o dossel;
• São capazes de se estabelecer em cla-
reiras relativamente pequenas dentro da floresta
primária, das quais as heliófilas efêmeras são ex-
cluídas.
Dentre as principais espécies deste gru-
po encontra-se: Cedrela odorata, Ceiba pentandra,
Swietenia sp., Eucaliptus deglupta, Gmelina
arbórea, Pinus caribaea, além de gêneros Qualea
e Vochysia.
Espécies esciófitas parciais
Estas espécies toleram a sombra nas eta-
pas iniciais de seu desenvolvimento, porém, re-
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Classificação ecológica das espécies arbóreas
74
querem um elevado grau de iluminação para pas-
sar pelas etapas intermediárias até a maturidade,
aumentando o seu crescimento se ocorrer uma
abertura no dossel, ou seja, toleram sombra, mas
não a requerem.
Neste grupo, encontram-se as espécies:
Carapa guianensis, Lecythis spp., Pentaclethra
macroloba, além do gênero Virola.
Espécies esciófitas totais
Este grupo representa uma proporção
muito reduzida da flora arbórea tropical. São es-
pécies que requerem sombra e não têm a capaci-
dade de aumentar significativamente seu cresci-
mento com a abertura do dossel. Seu aparato
fotossintético se satura a níveis relativamente bai-
xos de iluminação. Neste grupo, encontram-se as
espécies: Minquartia guianensis e as espécies do
gênero Pouteria.
Denslow (1980) identifica três grandes
grupos na sucessão. O primeiro formado por es-
pecialistas de grandes clareiras, cujas sementes
germinam somente sob condições de alta tempe-
ratura e/ou luminosidade, com plântulas totalmente
intolerantes à sombra. As espécies, do segundo e
terceiro grupo, têm germinação de sementes e o
estabelecimento de plântulas sob a sombra e cons-
tituem as especialistas de sub-bosque,
correspondendo, de certo modo, às secundárias e
às clímaces. Enquanto as plântulas das espécies
de pequenas clareiras exigem abertura do dossel
para crescerem, as de sub-bosque necessitam da
clareira.
Swaine e Whitmore (1988) definem dois
grupos ecológicos de espécies em floresta tropical
úmida:
Espécies pioneiras:
• Espécies cujas sementes só germinam
em clareiras, em dossel completamente aberto,
recebendo radiação direta em pelo menos parte
do dia. Entre as espécies deste grupo encontram-
se: Solanum spp., Cecropia spp., Goupia glabra,
Laetia procera, Cedrela odorata, Eucalyptus
deglupta.
Espécies não pioneiras ou clímaces:
• Espécies cujas sementes podem germi-
nar sob sombra. As plântulas são encontradas sob
o dossel, mas podem também ser encontradas em
ambientes abertos. Fazem parte deste grupo as
espécies Courati spp., Vochysia máxima,
Eschweilera spp., Minquara guianensis e
Coussarea spp.
Whitmore (1990) mostrou a classificação
pioneira/clímax com base em 16 características das
espécies tropicais (Tabela 1).
Para Rollet (1978) a análise da distribui-
ção diamétrica de uma espécie dá uma informa-
ção preliminar do caráter dessa espécie, com rela-
ção à luz. Espécies tolerantes são aquelas com dis-
tribuição diamétrica na forma exponencial negati-
va (j invertido). Espécies com distribuição errática,
com ausência de indivíduos nas classes menores
são chamadas de pioneiras, fortemente heliófilas.
Espécies com comportamentos intermediários en-
tre esses extremos são chamadas de oportunistas,
podendo ser de grande ou de pequenas clareiras,
conforme sejam mais ou menos heliófilas.
Budowski (1965) com base em vinte e
uma características das espécies que compõe o
ecossistema de florestas tropicais propôs classificá-
las em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias
tardias e clímaces (tabela 2). As espécies pioneiras
teriam um papel de recobrir rapidamente o solo;
as clímaces cresceriam à sombra das pioneiras; e
as secundárias necessitariam de um estímulo para
crescer ou de um tutoramento.
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
75
TABELA 1 – Características contrastantes de dois grupos ecológicos de espécies tropicais
Table 1- Specific characteristics of two ecological groups of tropical species
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Classificação ecológica das espécies arbóreas
Sinônimos Intolerantes, demandantes de luz,
pioneiras, espécies secundárias.
Tolerantes, resistentes a sombra,
clímax, espécies primárias.
Sementes Abundantes, pequenas, produção contínua
durante todo o ano
Pouco abundantes, grande produção anual
Dispersão Vento ou animais, por distâncias
consideráveis
Diversas, inclusive gravidade, às vezes
somente no local
Dormência Quase sempre presente, nunca recalcitrante Quase sempre ausente, quase sempre
recalcitrante
Banco de sementes Presente Ausente
Crescimento em altura Rápido Lento
Madeira Geralmente clara, baixa densidade, sem sílica Normalmente escura, alta densidade, às
vezes com sílica
Crescimento Indeterminado Determinado
Bifurcação Alta Baixa
Folhas Vida curta Vida longa
Raízes Superficiais Algumas profundas
Taxa de mortalidade/raiz Baixa Alta
Taxa fotossintética Alta Baixa
Toxidade química Baixa Alta
Susceptibilidade às
folhas predação
Alta Baixa
Distribuição geográfica Ampla Geralmente restrita
Plasticidade fenotípica Alta Baixa
Fonte: Whitmore (1990)
76
TABELA 2 - Características dos componentes arbóreos do estágio geral em florestas tropicais
Table 2 - Characteristics of tree components of the general canopy in tropical forests
Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003.
Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
Pioneiras Secundárias iniciais Secundárias tardias Clímaces
Idades das
comunidades
estudadas (ano)
1-3 5-15 20-50 Acima de 100
Altura (m) 5-8 12-20 20-30 30-45
N.º de espécies
madeireiras
1-5 1-10 30-60 Acima de 100
Composição florística Euphorbiacea,
Cecropia, Ochroma,
Trema
Cecropia, Ochroma,
Trema, Heliocarpus
Misturada predominando
Meliaceae, Bombacaceae e
Tiliaceae
Misturada
Distribuição natural Muito ampla Muito ampla Ampla Restrita
Número de estratos Um, muito denso Dois, bem
diferenciados
Três, facilitando a
diferenciação com o tempo
Quatro a
cinco, difícil
de diferenciar
Dossel Homogêneo, denso Ramos verticulados,
copas finas e
horizontais
Heterogêneo Formas das
copas muito
variáveis
Estrato inferior Denso, emaranhado Denso, muito
herbáceos
Relativamente raro Raros, com
espécies
tolerantes
Crescimento Muitorápido Muitorápido Rápido, outros lentos Lento ou
muito lento
Longevidade Muito curta, abaixo
de 10 anos
Curta de 10-25 anos Normalmente entre 40-100
anos
Muito longa
de 100 a 1000
anos
Tolerância à sombra Muito intolerante Muito intolerante Tolerante no estágio juvenil,
depois intolerante
Tolerante,
exceto no
estágio adulto
Regeneração Muitorara Praticamente ausente Ausente ou abundante, com
grande mortalidade nos
primeiros anos
Abundante
Disseminação de
sementes
Pássaros, morcegos e
vento
Pássaros, morcego e
vento
Principalmente pelo vento Gravidade,
pássaros,
roedorese
mamíferos
Madeirae fuste Muito leve, pequeno
diâmetro
Muitoleve, diâmetro
abaixo de 60 cm
Leve a mediamente pesadas,
às vezes,fustes muitos
grossos
Pesados,
fustes grossos
Tamanho das
sementes
Pequenas Pequenas Pequenas a médias Grandes
Viabilidade de
sementes
Longa, latente no
solo sempre verdes
Longa, latente no
solo
Curta à media Curta
Folhas Sempre verdes Sempreverdes Muitas decíduas Sempre verdes
Epífitas Ausente Poucos Muitoem número, pouco em
espécies
Muitas
espécies e
formas de
vida
Cipós Abundante,
herbáceos
Abundantes,
herbáceos
Abundantes, alguns
compridos
Abundantes,
compridos
Arbustos Muitos, mas poucas
espécies
Relativamente
abundantes, mas
poucas espécies
Poucos Pouco em
número, mas
muito em
espécie.
Gramíneas Abundante Abundante ou rara Rara Rara
Fonte: Budowski (1965).
77
Conclusão
O estudo da classificação ecológica, de
espécies arbóreas, deu condições de ampliação de
conhecimentos sobre o complexo processo de
sucessão natural em florestas tropicais, permitindo
concluir que:
• Processo sucessional em florestas tro-
picais úmidas depende, fundamentalmente, da for-
mação de clareiras, o que torna mais intensa a
chegada de luz até o solo da floresta;
• A luz que chega no interior da clareira
depende de sua forma, tamanho e localização e a
grande diversidade da floresta tropical é conseqü-
ência da adaptação das espécies a esse gradiente
de condições luminosas;
• As classificações ecológicas feitas pe-
los diversos autores representam uma simplifica-
ção muito grande dentro do amplo gradiente de
comportamento das espécies de florestas tropicais,
portanto, não é possível adotá-las como padrão;
• O conhecimento da dinâmica
sucessional dessas florestas é fundamental na so-
lução de problemas, como a manutenção da ri-
queza de espécies e o desenvolvimento de siste-
mas silviculturais, visando seu manejo sustentável.
Referências
ALMEIDA, S. S. Clareiras naturais na Amazônia
Central: abundância, distribuição, estrutura e
aspectos da colonização vegetal. Manaus, INPA,
1989. 125 p.
BARTON, A. M. Neotropical pioneer and shade -
tolerant tree species: do they partition tree fall
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Sucessão ecológica

  • 1. 69Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Classificação ecológica das espécies arbóreas CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DAS ESPÉCIES ARBÓREAS Ecological classification of arboreal species Maria de Nazaré Martins Maciel* Luciano Farinha Watzlawick ** Emerson Roberto Schoeninger*** Fabio Minoru Yamaji**** Resumo O presente trabalho teve como objetivo efetuar um levantamento sobre as classificações ecológicas de espécie arbóreas. Uma breve abordagem foi sintetizada sobre o processo de dinâmica sucessional em floresta tropical e dos principais elementos que caracterizam esse processo. Também foi mostrado a existência da grande diversidade de classificações das espécies em grupos ecológicos. Palavras-chave: Sucessão, Grupos ecológicos, Clímax. Abstract The present work had as objective to effect a survey on the ecological classifications of tree species. Thus, a brief explanation was made about succession dynamics process of tropical forest and about main elements that characterize this process. Also the existence of the great diversity of classifications of the species in ecological groups was shown. Keywords: Succession, Ecological groups, Climax. * Pesquisadora do Departamento de Ciências Florestais, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, e-mail: nmaciel@ig.com.br . ** Professor Substituto, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná, e-mail: luciano_farinha@uol.com.br *** Doutorando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná, e-mail: emer@floresta.ufpr.br ****Doutorando,ProgramadePós-GraduaçãoemEngenhariaFlorestal,UniversidadeFederaldoParaná,e-mail:fmyamaji@floresta.ufpr.br
  • 2. 70 Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Maria de Nazaré Martins Maciel et al. Introdução A grande biomassa lenhosa que constitui as florestas tropicais nativas é um recurso natural, cujo aproveitamento, em bases sustentáveis, ainda desafia a ciência florestal, porque representa um ecossistema complexo, cujo equilíbrio pode ser facilmente rompido se houver uma perturbação tão intensa, a ponto de causar modificações irreversíveis. Deve-se considerar que as florestas tropi- cais nativas podem ser manejadas para a produ- ção de madeira, para fins industriais e energéticos específicos, para a produção de serviços e benefí- cios diretos e indiretos, e para a produção de ou- tras matérias-primas e produtos não-madeireiros. Entretanto, os vários sistemas silviculturais, aplica- dos ao manejo da floresta tropical, que objetivam o rendimento sustentável, ainda exigem conheci- mentos básicos sobre a dinâmica de crescimento e recomposição da floresta nativa original, para que possam ser aplicados com sucesso, sem compro- meter a estabilidade e a sustentabilidade desse recurso e dos elementos essenciais à vida na terra. Para que se possa promover o aproveita- mento sustentável das florestas tropicais, é neces- sário conhecer como elas renovam seus recursos, os processos de dinâmica da regeneração natural e seu potencial qualitativo e quantitativo. Existe consenso que os processos de di- nâmica de sucessão natural das florestas tropicais dependem, fundamentalmente, da formação de clareiras por morte ou queda natural de árvores. Portanto, qualquer que seja o sistema de manejo que se pretende desenvolver para esse tipo de flo- resta, ele deverá, forçosamente, levar em conside- ração o processo de dinâmica de sucessão natural em clareiras. Assim, com base na literatura dispo- nível, elaborou-se o presente trabalho, objetivando o estudo das diferentes classificações ecológicas de espécies arbóreas em resposta aos distúrbios naturais ou intervenções antrópicas na floresta tro- pical. A classificação ecológica de espécies arbóreas As espécies de plantas tropicais têm sido classificadas de diversas maneiras quanto ao seu comportamento na dinâmica de sucessão. A dinâ- mica sucessional na floresta, como um todo, pode ser representada por um processo continuo de abertura-recobrimento-fechamento-abertura de cla- reiras (BARTON, 1984). Para efeito didático, en- tretanto, considera-se que este processo se inicia com a abertura de uma clareira, que é uma descontinuidade, de tamanhos variados, que se projeta do dossel até o solo da floresta, provocada principalmente pela queda de um galho de uma ou várias árvores. Conceito Para que se possa ter um maior entendi- mento do processo dinâmico da sucessão natural nas clareiras, é necessário que se apresente uma definição prévia dos elementos que o caracteri- zam. Sucessão: Segundo Dajoz (1983), as su- cessões podem ser primárias ou secundárias. A sucessão primária corresponde ao estabelecimen- to dos seres em um meio, onde ainda não haviam povoado, mas no qual foram eliminados, por vári- os motivos, os seres ali anteriormente viventes. Gomes-Pompa (1972) define sucessão secundária como as mudanças que se verificam nos ecossistemas, após a destruição parcial de uma comunidade, podendo ocorrer em uma pequena área de floresta nativa, após a queda de uma árvo- re, ou em vários hectares de uma cultura abando- nada. Para Richards (1952), esse processo é re- presentado pela progressiva mudança na compo- sição florística da floresta, desde as espécies se- cundárias (pioneiras) até as espécies primárias (clí- max). Tracey (1985) define sucessão secundá- ria como o processo que envolve várias combina- ções de estádios florísticos pioneiros, secundários iniciais e secundários tardios, antes que um está- dio maduro da floresta seja restituído. Clareira: O conceito de clareira “gap” é bastante variado na literatura. Oldeman (1978) uti- liza o termo “chablis” para designar tanto a queda de uma árvore como a perturbação que lhe é as- sociada. Bazzaz; Pickett (1980) definem clareira como brechas no dossel da floresta, cujas condi- ções ambientais diferem daquelas do dossel fe-
  • 3. 71 chado e cujos recursos, particularmente luz, dei- xam de ser controlados pelos indivíduos do dossel dominante. Para Almeida (1989), clareira é toda a área de floresta com dossel descontínuo, aberto pela queda de galhos de uma ou mais árvores, limitada pela copa das árvores marginais. A definição apresentada por Bazzaz; Pickett (1980) parece ser a mais consistente, pois além de caracterizar a clareira como uma abertura em formas geométricas -“brechas”, dá idéia do caráter funcional desse espaço no processo sucessional. As clareiras como matrizes de sucessão Segundo Whitmore (1978), uma floresta é um mosaico de manchas em diferentes estádios de maturidade, cujo ciclo de crescimento inicia com uma clareira. O autor acrescenta que, para muitas espécies, um dos principais fatores que regulam a estrutura da população é a chance de ocorrência de uma clareira sobre as plântulas, a qual lhes permita crescer. Mesmo buracos no dossel, que permitam não mais de 40 minutos diários de inso- lação, podem estimular o crescimento de plântulas no solo da floresta (SCHULZ, 1960). Em relação a floresta tropical amazônica, Uhl; Murphy (1981) mencionam a existência de um banco de plântulas e mudas por longos períodos, à espera de um dis- túrbio que favoreça seu crescimento. Sem isso, todas as plântulas, exceto aquelas espécies do sub- bosque, que gastam toda a sua vida em densa som- bra, eventualmente morrerão (WHITMORE, 1978). Esse autor divide o processo sucessional em três fases: Fase de clareira – compreende o início da recomposição florestal, com grande número de plântulas provenientes da germinação de semen- tes já existentes no solo ou que chegam de fora, após a abertura da clareira ou da regeneração preestabelecida no sub-bosque (WHITMORE, 1984; HUBBELL; FÖSTER, 1986, citados por ALMEIDA, 1989). Fase de edificação – inclui indivíduos delgados (varas) em intenso crescimento em altu- ra. Nessa fase, ocorrem fortes competições entre os indivíduos e morte de certas espécies pionei- ras, alternadas com períodos de homeostase, con- forme Hallé et al. (1978), citados por Almeida (1989). Fase madura – a maioria dos indivíduos chega à fase reprodutiva, estando a floresta em equilíbrio dinâmico e a biomassa tendendo a se estabilizar na capacidade produtiva do ecossistema (clímax). Nesta fase, há predomínio do crescimen- to diamétrico, com a expansão lateral das copas (WHITMORE, 1984; BROKAW, 1985 citado por ALMEIDA, 1989). Ainda, segundo Whitmore (1978), essas fases são abstrações, e não entidades separadas. Efetivamente, no desenvolvimento da sucessão em uma clareira existe um gradiente contínuo, cuja característica instantânea é determinada, principal- mente, pela idade da clareira, mas que pode ser influenciada por fatores como a composição florística inicial da comunidade e eventos biológi- cos (frutificação e dispersão) e físicos (queda de novas árvores), após a abertura inicial. Na fase de clareira, as mudas não excedem 2,70m; na fase de edificação, não existem grandes árvores; e na fase madura, todos os tamanhos estão misturados (UHL e MURPHY, 1981). Para Barton (1984), as clareiras represen- tam o principal fator de coexistência de muitas espécies de árvores nas florestas tropicais. Além disso, quando a floresta envelhece, sua suscetibilidade aos distúrbios muda. Árvores ve- lhas são, freqüentemente, mais propensas a ruptu- ras ou tombamentos, originando grandes clarei- ras. Assim, em florestas velhas, espécies pioneiras e de grandes clareiras podem novamente aumen- tar em número ou densidade. Características das clareiras De acordo com Whitmore (1978), as cla- reiras são formadas por um rompimento na estru- tura do dossel da floresta. Isso pode ser causado pela queda de uma ou várias árvores, que caem pela ação de fatores, como ventos fortes, tempo- rais e raios. Segundo Whitmore (1978) e Bazzaz e Picket (1980), a queda pode, ainda, ser provocada por grandes distúrbios naturais, como ciclones e terremotos. Orians (1982) sugere, também, como fatores que determinam a formação de clareiras, a predominância de raízes superficiais e o grande Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Classificação ecológica das espécies arbóreas
  • 4. 72 número de cipós e epífitas que crescem sobre a copa das árvores, aumentando significativamente o peso que deve ser suportado pelas raízes. Tamanho: Segundo Whitmore (1978), as mais diminutas clareiras são formadas pela morte lenta de uma árvore, cuja copa e fuste caem verti- calmente em pedaços. Clareiras também podem ser formadas pela queda de várias árvores, entrelaçadas por cipós (ORIANS, 1982), ou pelo chamado efeito dominó, em que uma árvore ao cair, derruba outras. Dessa forma, existe uma am- plitude muito grande de tamanhos de clareiras, embora a maior freqüência esteja nas classes de tamanho menores que 100 m˝, como demonstra Brokaw (1982). Diferentes espécies são bem sucedidas em clareiras de diferentes tamanhos, significando que o tamanho da clareira influencia fortemente a com- posição florística e a distribuição espacial das es- pécies na floresta (WHITMORE, 1978; SILVA, 1989). Quanto maior a clareira, mais diferente o microclima dentro dela, em relação ao da floresta não perturbada (WHITMORE, 1978). Portanto, se- gundo Hartshorn (1978), o tamanho da clareira pode determinar quais espécies colonizam ou não uma clareira, porque ele causa importantes mu- danças no microclima e na competição de raízes, competição esta que pode diminuir temporaria- mente no centro da clareira. Segundo Bazzaz e Picket (1980), pequenas clareiras favorecem o cres- cimento de regeneração avançada, como é o caso de plântulas e mudas já estabelecidas antes da for- mação da clareira. Por outro lado, em clareiras muito grandes, esses indivíduos podem crescer pouco ou mesmo morrer em virtude de alta carga de radiação solar (WHITMORE, 1978). Ambiente Físico : Segundo Bazzaz e Picket (1980), clareiras são ambientes heterogêne- os, com um complexo gradiente que se estende do centro delas até às condições inalteradas sob o dossel. Para Whitmore (1978), as principais dife- renças entre o ambiente na clareira e sob o dossel fechado são um aumento na luz e mudanças na sua qualidade, aumento em temperatura e um dé- ficit de saturação. Há, também, um aumento nos nutrientes quando as plantas mortas são decom- postas. Essas mudanças no meio físico alteram o meio biológico, pois mudas estabelecidas morrem por causa de sua sensibilidade à luz, plantas de espécie pioneiras aparecem e outras têm uma maximização de crescimento (VIEIRA e HIGUCHI, 1990). Divisão das espécies em grupos ecológicos A vegetação de um local é formada por um componente real e por um componente poten- cial. O primeiro é representado por indivíduos de espécies presentes e o segundo, por sementes e propágulos existentes no solo. O banco de semen- tes conserva-se no solo, sem germinar, em razão de fatores bióticos (inibidores químicos, período de latência, atividades de microorganismos, etc.) e de fatores abióticos (luz, temperatura, umidade, etc.). Esse banco de sementes, assim como sua viabilida- de e latência, condiciona o potencial florístico (HASPER et al., 1965), que é formado por espécies de etapas sucessionais anteriores e espécies que não tinham estado presentes na área e que fazem parte do potencial, graças à sua capacidade de dispersão. GOMEZ-POMPA et al. (1972) observaram que gran- de proporção de espécie, secundárias, está na for- ma de sementes no solo florestal. As plantas secundárias são heliófilas, de rápido crescimento, possuem sementes de grande viabilidade e têm mecanismo de dispersão muito eficiente, aparecendo, logo em seguida, às per- turbações no ambiente (SMITH, 1966, citado por Gomez-Pompa et al. 1976). Além disso, produzem maior quantidade de sementes (HARTSHORN, 1978). O recurso principal na determinação do comportamento das espécies, na dinâmica de su- cessão, é a luz. Baseado nisso, têm surgido diver- sas classificações de grupos ecológicas de espéci- es arbóreas tropicais. Whitmore (1984) reconhece quatro gru- pos de espécies relativos à demanda por clareiras: • Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado; • Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado, mas que se beneficiam das clareiras; • Espécies que se estabelecem e crescem sob dossel fechado, mas que requerem clareiras para amadurecer e se reproduzir; e Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
  • 5. 73 • Espécies que se estabelecem, crescem e se reproduzem somente em clareiras. Entretanto, o autor reconhece que estes são apenas pontos no amplo gradiente de condi- ções, demandado pelas espécies e que cada espé- cie pode ser única em suas exigências. Já Swaine e Hall (1983) classificaram as espécies em três categorias: • Espécies pioneiras pequenas, que re- querem uma clareira para germinação e estabele- cimento. São de vida relativamente curta e rara- mente atingem 30 metros de altura; • Espécies pioneiras grandes, que reque- rem uma clareira para germinar e estabelecimen- to. São capazes de exceder 30 metros de altura e persistem até formar o dossel da floresta madura; • Espécies primárias, capazes de germi- nar e se estabelecer pelo menos em luz difusa, persistindo até formar o dossel da floresta madu- ra. Por outro lado, Viana (1989) apresentou uma classificação em que constam quatro catego- rias: • Heliófilas, cujas sementes requerem cla- reiras para germinar, e as plântulas não sobrevi- vem sob sombra; • Oportunistas de clareiras, cujas semen- tes não precisam de clareiras para germinar, e as plântulas sobrevivem apenas na sombra; • Tolerantes à sombra, cujas sementes germinam à sombra e as plântulas crescem só até o estádio pré-reprodutivo; e • Reprodutoras em sombra, cujas semen- tes germinam à sombra reproduzindo-se nela e os indivíduos reproduzidos vivem nesta condição. Finegam (1992) classificou as espécies flo- restais em quatro grupos ecológicos: Espécies heliófilas efêmeras, cujas carac- terísticas principais são: • Rápida colonização e ocupação de áre- as abertas; • Produção de grande quantidade de se- mentes em idade precoce; • Sementes com capacidade de mante- rem-se viáveis por longo tempo no solo da flores- ta; • Alta capacidade fotossintética sob luz direta; • Rápido crescimento; • Madeira leve e de pouca resistência; • Regeneram e completam o seu ciclo da vida somente em áreas abertas, relativamente ex- tensas; • Ciclo de vida curto, variando entre 10- 15 anos, podendo chegar a 35-40 em condições favoráveis. Dentre as principais espécies deste gru- po estão: Cecropia spp., Heliocarpus sp. e Trema sp. Espécies heliófilas duráveis, cujas carac- terísticas ecológicas principais são: • Dominam o povoamento depois que as efêmeras desaparecem, e permanecem por muito tempo; • Capacidade fotossintética intermediá- ria sob luz direta; • Rápido crescimento, com incrementos diamétricos de até 2 – 3 cm ano; • Madeira moderadamente leve a mode- radamente pesada. • Reprodução precoce em condições fa- voráveis; • Sementes variam em tamanho, entre pequenas e médias, com disseminação feita prin- cipalmente pelo vento e com menor durabilidade no banco de sementes; • As plântulas podem sobreviver até por um ano ou mais à sombra e respondem positiva- mente quando se abre o dossel; • São capazes de se estabelecer em cla- reiras relativamente pequenas dentro da floresta primária, das quais as heliófilas efêmeras são ex- cluídas. Dentre as principais espécies deste gru- po encontra-se: Cedrela odorata, Ceiba pentandra, Swietenia sp., Eucaliptus deglupta, Gmelina arbórea, Pinus caribaea, além de gêneros Qualea e Vochysia. Espécies esciófitas parciais Estas espécies toleram a sombra nas eta- pas iniciais de seu desenvolvimento, porém, re- Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Classificação ecológica das espécies arbóreas
  • 6. 74 querem um elevado grau de iluminação para pas- sar pelas etapas intermediárias até a maturidade, aumentando o seu crescimento se ocorrer uma abertura no dossel, ou seja, toleram sombra, mas não a requerem. Neste grupo, encontram-se as espécies: Carapa guianensis, Lecythis spp., Pentaclethra macroloba, além do gênero Virola. Espécies esciófitas totais Este grupo representa uma proporção muito reduzida da flora arbórea tropical. São es- pécies que requerem sombra e não têm a capaci- dade de aumentar significativamente seu cresci- mento com a abertura do dossel. Seu aparato fotossintético se satura a níveis relativamente bai- xos de iluminação. Neste grupo, encontram-se as espécies: Minquartia guianensis e as espécies do gênero Pouteria. Denslow (1980) identifica três grandes grupos na sucessão. O primeiro formado por es- pecialistas de grandes clareiras, cujas sementes germinam somente sob condições de alta tempe- ratura e/ou luminosidade, com plântulas totalmente intolerantes à sombra. As espécies, do segundo e terceiro grupo, têm germinação de sementes e o estabelecimento de plântulas sob a sombra e cons- tituem as especialistas de sub-bosque, correspondendo, de certo modo, às secundárias e às clímaces. Enquanto as plântulas das espécies de pequenas clareiras exigem abertura do dossel para crescerem, as de sub-bosque necessitam da clareira. Swaine e Whitmore (1988) definem dois grupos ecológicos de espécies em floresta tropical úmida: Espécies pioneiras: • Espécies cujas sementes só germinam em clareiras, em dossel completamente aberto, recebendo radiação direta em pelo menos parte do dia. Entre as espécies deste grupo encontram- se: Solanum spp., Cecropia spp., Goupia glabra, Laetia procera, Cedrela odorata, Eucalyptus deglupta. Espécies não pioneiras ou clímaces: • Espécies cujas sementes podem germi- nar sob sombra. As plântulas são encontradas sob o dossel, mas podem também ser encontradas em ambientes abertos. Fazem parte deste grupo as espécies Courati spp., Vochysia máxima, Eschweilera spp., Minquara guianensis e Coussarea spp. Whitmore (1990) mostrou a classificação pioneira/clímax com base em 16 características das espécies tropicais (Tabela 1). Para Rollet (1978) a análise da distribui- ção diamétrica de uma espécie dá uma informa- ção preliminar do caráter dessa espécie, com rela- ção à luz. Espécies tolerantes são aquelas com dis- tribuição diamétrica na forma exponencial negati- va (j invertido). Espécies com distribuição errática, com ausência de indivíduos nas classes menores são chamadas de pioneiras, fortemente heliófilas. Espécies com comportamentos intermediários en- tre esses extremos são chamadas de oportunistas, podendo ser de grande ou de pequenas clareiras, conforme sejam mais ou menos heliófilas. Budowski (1965) com base em vinte e uma características das espécies que compõe o ecossistema de florestas tropicais propôs classificá- las em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímaces (tabela 2). As espécies pioneiras teriam um papel de recobrir rapidamente o solo; as clímaces cresceriam à sombra das pioneiras; e as secundárias necessitariam de um estímulo para crescer ou de um tutoramento. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Maria de Nazaré Martins Maciel et al.
  • 7. 75 TABELA 1 – Características contrastantes de dois grupos ecológicos de espécies tropicais Table 1- Specific characteristics of two ecological groups of tropical species Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Classificação ecológica das espécies arbóreas Sinônimos Intolerantes, demandantes de luz, pioneiras, espécies secundárias. Tolerantes, resistentes a sombra, clímax, espécies primárias. Sementes Abundantes, pequenas, produção contínua durante todo o ano Pouco abundantes, grande produção anual Dispersão Vento ou animais, por distâncias consideráveis Diversas, inclusive gravidade, às vezes somente no local Dormência Quase sempre presente, nunca recalcitrante Quase sempre ausente, quase sempre recalcitrante Banco de sementes Presente Ausente Crescimento em altura Rápido Lento Madeira Geralmente clara, baixa densidade, sem sílica Normalmente escura, alta densidade, às vezes com sílica Crescimento Indeterminado Determinado Bifurcação Alta Baixa Folhas Vida curta Vida longa Raízes Superficiais Algumas profundas Taxa de mortalidade/raiz Baixa Alta Taxa fotossintética Alta Baixa Toxidade química Baixa Alta Susceptibilidade às folhas predação Alta Baixa Distribuição geográfica Ampla Geralmente restrita Plasticidade fenotípica Alta Baixa Fonte: Whitmore (1990)
  • 8. 76 TABELA 2 - Características dos componentes arbóreos do estágio geral em florestas tropicais Table 2 - Characteristics of tree components of the general canopy in tropical forests Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Maria de Nazaré Martins Maciel et al. Pioneiras Secundárias iniciais Secundárias tardias Clímaces Idades das comunidades estudadas (ano) 1-3 5-15 20-50 Acima de 100 Altura (m) 5-8 12-20 20-30 30-45 N.º de espécies madeireiras 1-5 1-10 30-60 Acima de 100 Composição florística Euphorbiacea, Cecropia, Ochroma, Trema Cecropia, Ochroma, Trema, Heliocarpus Misturada predominando Meliaceae, Bombacaceae e Tiliaceae Misturada Distribuição natural Muito ampla Muito ampla Ampla Restrita Número de estratos Um, muito denso Dois, bem diferenciados Três, facilitando a diferenciação com o tempo Quatro a cinco, difícil de diferenciar Dossel Homogêneo, denso Ramos verticulados, copas finas e horizontais Heterogêneo Formas das copas muito variáveis Estrato inferior Denso, emaranhado Denso, muito herbáceos Relativamente raro Raros, com espécies tolerantes Crescimento Muitorápido Muitorápido Rápido, outros lentos Lento ou muito lento Longevidade Muito curta, abaixo de 10 anos Curta de 10-25 anos Normalmente entre 40-100 anos Muito longa de 100 a 1000 anos Tolerância à sombra Muito intolerante Muito intolerante Tolerante no estágio juvenil, depois intolerante Tolerante, exceto no estágio adulto Regeneração Muitorara Praticamente ausente Ausente ou abundante, com grande mortalidade nos primeiros anos Abundante Disseminação de sementes Pássaros, morcegos e vento Pássaros, morcego e vento Principalmente pelo vento Gravidade, pássaros, roedorese mamíferos Madeirae fuste Muito leve, pequeno diâmetro Muitoleve, diâmetro abaixo de 60 cm Leve a mediamente pesadas, às vezes,fustes muitos grossos Pesados, fustes grossos Tamanho das sementes Pequenas Pequenas Pequenas a médias Grandes Viabilidade de sementes Longa, latente no solo sempre verdes Longa, latente no solo Curta à media Curta Folhas Sempre verdes Sempreverdes Muitas decíduas Sempre verdes Epífitas Ausente Poucos Muitoem número, pouco em espécies Muitas espécies e formas de vida Cipós Abundante, herbáceos Abundantes, herbáceos Abundantes, alguns compridos Abundantes, compridos Arbustos Muitos, mas poucas espécies Relativamente abundantes, mas poucas espécies Poucos Pouco em número, mas muito em espécie. Gramíneas Abundante Abundante ou rara Rara Rara Fonte: Budowski (1965).
  • 9. 77 Conclusão O estudo da classificação ecológica, de espécies arbóreas, deu condições de ampliação de conhecimentos sobre o complexo processo de sucessão natural em florestas tropicais, permitindo concluir que: • Processo sucessional em florestas tro- picais úmidas depende, fundamentalmente, da for- mação de clareiras, o que torna mais intensa a chegada de luz até o solo da floresta; • A luz que chega no interior da clareira depende de sua forma, tamanho e localização e a grande diversidade da floresta tropical é conseqü- ência da adaptação das espécies a esse gradiente de condições luminosas; • As classificações ecológicas feitas pe- los diversos autores representam uma simplifica- ção muito grande dentro do amplo gradiente de comportamento das espécies de florestas tropicais, portanto, não é possível adotá-las como padrão; • O conhecimento da dinâmica sucessional dessas florestas é fundamental na so- lução de problemas, como a manutenção da ri- queza de espécies e o desenvolvimento de siste- mas silviculturais, visando seu manejo sustentável. Referências ALMEIDA, S. S. Clareiras naturais na Amazônia Central: abundância, distribuição, estrutura e aspectos da colonização vegetal. Manaus, INPA, 1989. 125 p. BARTON, A. M. Neotropical pioneer and shade - tolerant tree species: do they partition tree fall gaps?. Tropical Ecology, (25) :196-202, 1984. BAZZAZ, E’. A. Dynamics of wet tropical forest and their species strategies. In: MEDINA, MOONEY; VASQUES-YANES.C. Physiological ecology of plants of the wet tropics. The Hague, 1984. p.233-243. BAZZAZ, E. A.; PICKETT, S. T. A. Physiological ecology of tropical succession: A comparative review. Ann. Rev. Ecol. Syst., (11) 287—310, 1980. BROKAW, N. V. L. Definition of tree fall gap and its effect on measures of forest dynamics. Biotropica, 14(12): 158-60, 1982. BUDOWSKI, G. N. Distribution of tropical American rain forest species in the light of succession processes. Turrialba, 15 (1) 40-2, 1965. DAJOZ, R. Ecologia geral. Rio de Janeiro, Vozes, 1983. 472p. DENSLOW, J. W. Gap partitioning among tropical rain forest trees. Biotropica, 12: 47-55, 1980. FINEGAN, B. Bases ecológicas de la silvicultura y la agroforesteria. Turrialba - Costa Rica, Centro Agronômico Tropical de Investigacion y Ensenanza - CATIE, 1992. 153 p. GOMEZ-POMPA, A.; VASQIJES-YANES, C.; AMO RODRIGUE3, 3.; CERVERA, A. B. Investigaciones sobre la regeneración de las selvas altas en Veracruz, Mexico. Mexico, Continental, 1976. 676 p. GOMEZ-POMPA, A.; VASQIJES, C., GIJEVARA, 3. The tropical rain forest: a non-renewable resource. Science, (177) :762—5, 1972. HARTSHORN, C. Tree falls and tropical forest dynamics. In: TOMLINSON, Z. Tropical trees as living systems. London, Cambridge Univ. Press., 1978. p. 617-638. HASPER, J. L., WILLIAMS, T.J., SAGAR, G. R. The behavior of seeds in the soil. The heterogeneity off soil surfaces and its role in determining the establishment of plants from seeds. J. Ecology, (53) :273-86, 1965. OLDEMAN, R. A. A. Architecture and energy exchange of dicotyledoneous trees in forest. In: TOMLINSON, Z. Tropical trees as living systems. London, Cambridge Univ. Press., 1978. p.535-60 ORIANS, G. E. The influence of tree-falls in tropical forests in tree species richness. Tropical Ecology, 23 (2): 255-79, 1982. PICKETT, S.T.A. Differential adaptation off tropical trees species to canopy gaps and its role in community dynamics. Tropical Ecology, 24 (1) :68- 84, 1983. RICEARDS, P. LV. The tropical rain forest. Cambridge, Cambridge Univ. Press, 1952. 450 p. ROLLET, B. Arquitetura e crescimento das flo- restas tropicais. s.1., s.ed., 1978. 30p. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Classificação ecológica das espécies arbóreas
  • 10. 78 SCHULZ, J. P. Ecological studies on rain forest inNorthernSurinam.Amsterdam,NorthHolland, 1960. 267 p. SILVA, J. N. M. ThebehavioroftheTropicalRain Forest of the Brazilian Amazon after logging. Oxford, Oxford University, 1989. 325 p. SWAINE, M. D.; EALL, J.B. Early succession on cleared forest land in Ghana. J. Ecology, (71) : 601—27, 1983. SWAINE, M. IX ; LVEITMORE, T. C. On definition of ecological species groups in tropical rain forests. Vegetation, (75) 81-86, 1988. TRACEY, J. G. A note on rain forest regeneration. In: SHEPI-ERD, Richter. Managing the tropical forest. s. l., Australian National University, 1985. p. 2258. TURNER, 1. N. Tree seedling growth and survival in a Malaysian rain forest. Biotropica, 22(2): 146-54, 1990. UHL, C.; MURPEY, P. G. Composition, structure, and regeneration of a tierra firme forest in the Amazon basin off Venezuela. Tropical Ecology, 22(2): 219-37, 1981. VIANA, V. M. Seed dispersal and gap regenerationoftropicaltreespecies.Cambridge- Massachusetts, Harvard University, 1989. 270 p. Tese de Doutorado. VIEIRA, G.; HIGUCHI, N. Efeito do tamanho de clareira na regeneração natural em floresta mecani- camente explorada na Amazônia Brasileira. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6. 1990. Resumos. Campos do Jordão, 1990. p. 22-27. WHITMORE, T. C. Gaps in the forest canopy. In: TOMLINSON,Zimmerman.Tropicaltreesasliving systems. London, Cambridge Univ. Press, 1978. p. 639-55. WHITMORE, T. C. Tropical Rain Forest of the Far East. 2 ed. Oxford, Oxford University Press, 1984. 352 p. WHITMORE, T. C. Tropical Rain Forest dynamics and its implications for management. In: GOMES- POMPA, A.; WHITMORE,T. C.; HADLEY, M. Rain forest regeneration and management. Paris, UNESCO and The Part Eenon Publishing Group, 1990. p.67-89. Recebido 20/4/2002 Aprovado 12/2/2003 Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.2, p. 69-78, abr./jun. 2003. Maria de Nazaré Martins Maciel et al.