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ROBÔS E EMPREGOS NOS ESTADOS UNIDOS
Fernando Alcoforado*
O artigo Robôs, trabalhadores e salários de Jeff Jackson publicado em 29 de março de
2017 no website Writer Beat apresenta dúvidas sobre a possibilidade de a política do
presidente Donald Trump trazer de volta empregos de países no exterior com as
corporações retornando suas fábricas para fazer coisas na América novamente. Lança
dúvidas sobre a possibilidade de a antiga classe média voltar a trabalhar nas linhas de
montagem com bons salários, comprar carros, casas, televisores, geladeiras, Budweiser
e que tudo vai ficar bem com a América.
Jeff Jackson afirma que os trabalhos na América serão feitos por robôs que seriam
comprados do Japão e da Alemanha, que as fábricas só contratarão talvez um quarto dos
ex-funcionários que costumavam fazer os trabalhos, e os robôs farão o resto. O Japão e
a Alemanha farão os robôs. Jackson afirma que o número de horas necessárias para
produzir, digamos, um carro, será significativamente reduzido, e o que antes eram
considerados as "horas-homem" necessárias para produzir coisas cairá
significativamente.
Jeff Jackson afirma que os Estados Unidos estão atrás de outros países e pergunta em
quanto tempo serão capazes de fazer robôs para usar em fábricas americanas ainda está
para ser visto. O melhor cenário de Jeff Jackson: O governo oferece incentivos fiscais às
empresas que produzem robôs. Vendo que os robôs são o futuro, os produtores que
precisam dos robôs colaboram com as empresas de tecnologia existentes e criam novas
empresas especializadas que utilizam as habilidades de fabricação dos fabricantes e
tecnologia das empresas de tecnologia e coletivamente criam robôs.
Jeff Jackson afirma que as novas empresas decidem contratar imigrantes para ajudar a
produzir os robôs e terceirizar o resto. Mas a revolução do robô atingiu o segundo, ou
possivelmente a terceira fase. Esta mudança é demonstrada pela BlackRock, a potência
financeira, em março de 2017, que liberou sete de seus gestores de carteira, porque os
robôs escolhem ações melhor do que as pessoas. O trabalho de escolher ações para
carteiras, que exige uma grande quantidade de conhecimento financeiro, agora foi
substituído por um robô. Wall Street está se movendo na direção da robótica e, em
breve, todos os gênios financeiros que coletam centenas de milhões de dólares estarão
sem emprego. Os robôs vão criar mais e mais riqueza e as pessoas vão ganhar cada vez
menos. Os ricos ficarão mais ricos e os pobres ficarão mais pobres.
Tudo leva a crer que os robôs vão substituir os seres humanos no mercado de trabalho.
Segundo Brynjolfsson e McAfee, temos tecnologias que estão moldando o mundo para
o qual rumamos. A ameaça aos empregos atuais é bastante evidente. A consultoria
Boston Consulting Group prevê que, em 2025, até um quarto dos empregos seja
substituído por softwares ou robôs, enquanto que um estudo da Universidade de Oxford,
no Reino Unido, aponta que 35% dos atuais empregos no país correm o risco de serem
automatizados nas próximas duas décadas (Wakefield, Jane. Quais profissões estão
ameaçadas pelos robôs? Disponível no website
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150914_profissoes_robos_lgb>).
As profissões mais ameaçadas pelos robôs, segundo Wakefield, são os motoristas de
táxi, operários de fábrica, jornalistas, médicos, advogados, funcionários de escritório,
2
trabalhos de entrega de mercadorias, policiais, etc. Motoristas de táxi ao redor do
mundo estão ameaçados pelo Uber quanto motoristas em geral por fabricantes de
veículos que já estão fabricando unidades que dispensam a presença do motorista.
Operários de fábrica estão ameaçados porque as linhas de montagem estão sendo cada
vez mais automatizadas. A profissão de jornalista está ameaçada porque em futuro
próximo, reportagens não serão mais escritas por jornalistas e sim por softwares capazes
de coletar dados e transformá-los em textos minimamente compreensíveis. Os médicos
estão ameaçados porque alguns procedimentos médicos são feitos de forma mais rápida
por robôs que já estão ajudando médicos a realizarem cirurgias. Os funcionários de
escritório já estão sendo substituídos por máquinas inteligentes que realizam inúmeras
de suas tarefas. Os trabalhadores dedicados a entrega de mercadorias serão substituídos
por drones ou veículos sem motorista. Policiais e militares serão substituídos por robôs.
Acredita-se que os efeitos econômicos da Inteligência Artificial sobre os chamados
empregos humanos cognitivos (aqueles considerados anteriormente na era industrial
como “trabalho de escritório”) serão análogas aos efeitos da automação e robótica no
trabalho de fabricação industrial, em que os operários acabaram perdendo empregos
mesmo possuindo conhecimentos técnicos, muitas vezes especializados, perda esta que
impactou negativamente em seu status social e na sua capacidade de prover para suas
famílias. Com a mão-de-obra se tornando um fator menos importante na produção em
comparação ao capital intelectual e à capacidade de usá-lo para gerar valor, é possível
que a maioria dos cidadãos possa ter dificuldades em encontrar um trabalho no futuro
(Tibau, Marcelo. Inteligência Artificial e o mercado de trabalho. Disponível no website
<http://www.updateordie.com/2016/10/08/inteligencia-artificial-e-o-mercado-de-
trabalho/>).
Outro fato é evidente: os robôs muitas vezes custam menos que os seres humanos,
trabalham jornadas mais longas, e podem executar tarefas menos seguras. Especialistas
acreditam que a inteligência das máquinas se equiparará à de humanos até 2050, graças
a uma nova era na sua capacidade de aprendizado. Computadores já estão começando a
assimilar informações a partir de dados coletados, da mesma forma que crianças
aprendem com o mundo ao seu redor. Isso significa que estamos criando máquinas que
podem ensinar a si mesmas a participar de jogos de computador – e ser muito boas neles
– e também a se comunicar simulando a fala humana, como acontece com os
smartphones e seus sistemas de assistentes virtuais. Mas o que os seres humanos vão
fazer quando suas habilidades não tiverem mais utilidade? Para Martin Ford ─ autor do
livro Rise of the Robots ("Ascensão dos Robôs", em tradução livre), o mundo enfrentará
desemprego em massa e um colapso financeiro a menos que sejam implementadas
mudanças radicais, como a garantia de um salário mínimo (Wakefield, Jane.
Inteligência artificial: máquinas que pensam devem surgir 'até 2050'. Disponível no
website
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150916_inteligencia_artificial_maq
uinas_rb>.
Sobre o avanço tecnológico, cabe observar que Gordon Earl Moore, co-fundador da
Intel Corporation, uma das maiores empresas fabricantes de processadores do mundo,
escreveu em 1965, um artigo para a revista Electronic Magazine, que foi publicado no dia 19
de abril daquele mesmo ano no qual conjecturava a respeito da fantástica evolução da
tecnologia dali para frente. E foi nestas reflexões que fez uma das previsões mais certeiras
sobre a informática do último meio século. Moore afirmou que "A complexidade para
componentes com custos mínimos tem aumentado em uma taxa de aproximadamente um
3
fator de dois por ano. Certamente, em um curto prazo, pode-se esperar que esta taxa se
mantenha, se não aumentar. A longo prazo, a taxa de aumento é um pouco mais incerta,
embora não haja razões para se acreditar que ela não se manterá quase constante por pelo
menos 10 anos. Eu acredito que circuitos grandes como este poderão ser construídos em um
único componente (pastilha)".
Foi assim que surgiu a Lei de Moore que diz que o poder de processamento dos
computadores dobraria a cada 18 meses. Já se passaram 50 anos desde que Moore criou a
sua “lei”. E mesmo meio século depois ela continua firme e forte. É uma marca
impressionante, especialmente se tratando de evolução do hardware. Os supercomputadores
representam muito bem a evolução dos processadores da Lei de Moore. Vale frisar que a
Lei de Moore não engloba apenas os processadores domésticos, que usamos em nossos
computadores. Ela vale para todos os tipos de processadores em uso, desde calculadoras e
câmeras digitais até supercomputadores. A indústria de semicondutores, vendo que podiam
alcançar a meta que Moore havia falado em seu artigo, passou a investir pesado em pesquisa
e desenvolvimento, de forma que de fato eles conseguiram dobrar o número de transistores
nos processadores a cada 18 meses.
Tudo o que acaba de ser exposto coloca em xeque o propósito do governo Donald
Trump de trazer de volta os empregos aos Estados Unidos. O avanço tecnológico gerará
inevitavelmente três consequências: 1) a queda no consumo ou demanda geral de bens e
serviços devido ao aumento do desemprego e a redução do poder aquisitivo da
população trabalhadora; 2) o declínio da classe média com grandes implicações de
natureza política haja vista que ela atua como aliada da burguesia; e, 3) o
enfraquecimento da luta dos sindicatos em prol dos trabalhadores. As consequências
políticas do fim do emprego graças ao avanço tecnológico são bastante graves porque a
população precisa trabalhar para sobreviver. Esta situação poderá abrir caminho para o
advento de uma convulsão social de consequências imprevisíveis.
*Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do
Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social
(Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet
(http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.

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Robôs e empregos nos estados unidos

  • 1. 1 ROBÔS E EMPREGOS NOS ESTADOS UNIDOS Fernando Alcoforado* O artigo Robôs, trabalhadores e salários de Jeff Jackson publicado em 29 de março de 2017 no website Writer Beat apresenta dúvidas sobre a possibilidade de a política do presidente Donald Trump trazer de volta empregos de países no exterior com as corporações retornando suas fábricas para fazer coisas na América novamente. Lança dúvidas sobre a possibilidade de a antiga classe média voltar a trabalhar nas linhas de montagem com bons salários, comprar carros, casas, televisores, geladeiras, Budweiser e que tudo vai ficar bem com a América. Jeff Jackson afirma que os trabalhos na América serão feitos por robôs que seriam comprados do Japão e da Alemanha, que as fábricas só contratarão talvez um quarto dos ex-funcionários que costumavam fazer os trabalhos, e os robôs farão o resto. O Japão e a Alemanha farão os robôs. Jackson afirma que o número de horas necessárias para produzir, digamos, um carro, será significativamente reduzido, e o que antes eram considerados as "horas-homem" necessárias para produzir coisas cairá significativamente. Jeff Jackson afirma que os Estados Unidos estão atrás de outros países e pergunta em quanto tempo serão capazes de fazer robôs para usar em fábricas americanas ainda está para ser visto. O melhor cenário de Jeff Jackson: O governo oferece incentivos fiscais às empresas que produzem robôs. Vendo que os robôs são o futuro, os produtores que precisam dos robôs colaboram com as empresas de tecnologia existentes e criam novas empresas especializadas que utilizam as habilidades de fabricação dos fabricantes e tecnologia das empresas de tecnologia e coletivamente criam robôs. Jeff Jackson afirma que as novas empresas decidem contratar imigrantes para ajudar a produzir os robôs e terceirizar o resto. Mas a revolução do robô atingiu o segundo, ou possivelmente a terceira fase. Esta mudança é demonstrada pela BlackRock, a potência financeira, em março de 2017, que liberou sete de seus gestores de carteira, porque os robôs escolhem ações melhor do que as pessoas. O trabalho de escolher ações para carteiras, que exige uma grande quantidade de conhecimento financeiro, agora foi substituído por um robô. Wall Street está se movendo na direção da robótica e, em breve, todos os gênios financeiros que coletam centenas de milhões de dólares estarão sem emprego. Os robôs vão criar mais e mais riqueza e as pessoas vão ganhar cada vez menos. Os ricos ficarão mais ricos e os pobres ficarão mais pobres. Tudo leva a crer que os robôs vão substituir os seres humanos no mercado de trabalho. Segundo Brynjolfsson e McAfee, temos tecnologias que estão moldando o mundo para o qual rumamos. A ameaça aos empregos atuais é bastante evidente. A consultoria Boston Consulting Group prevê que, em 2025, até um quarto dos empregos seja substituído por softwares ou robôs, enquanto que um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, aponta que 35% dos atuais empregos no país correm o risco de serem automatizados nas próximas duas décadas (Wakefield, Jane. Quais profissões estão ameaçadas pelos robôs? Disponível no website <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150914_profissoes_robos_lgb>). As profissões mais ameaçadas pelos robôs, segundo Wakefield, são os motoristas de táxi, operários de fábrica, jornalistas, médicos, advogados, funcionários de escritório,
  • 2. 2 trabalhos de entrega de mercadorias, policiais, etc. Motoristas de táxi ao redor do mundo estão ameaçados pelo Uber quanto motoristas em geral por fabricantes de veículos que já estão fabricando unidades que dispensam a presença do motorista. Operários de fábrica estão ameaçados porque as linhas de montagem estão sendo cada vez mais automatizadas. A profissão de jornalista está ameaçada porque em futuro próximo, reportagens não serão mais escritas por jornalistas e sim por softwares capazes de coletar dados e transformá-los em textos minimamente compreensíveis. Os médicos estão ameaçados porque alguns procedimentos médicos são feitos de forma mais rápida por robôs que já estão ajudando médicos a realizarem cirurgias. Os funcionários de escritório já estão sendo substituídos por máquinas inteligentes que realizam inúmeras de suas tarefas. Os trabalhadores dedicados a entrega de mercadorias serão substituídos por drones ou veículos sem motorista. Policiais e militares serão substituídos por robôs. Acredita-se que os efeitos econômicos da Inteligência Artificial sobre os chamados empregos humanos cognitivos (aqueles considerados anteriormente na era industrial como “trabalho de escritório”) serão análogas aos efeitos da automação e robótica no trabalho de fabricação industrial, em que os operários acabaram perdendo empregos mesmo possuindo conhecimentos técnicos, muitas vezes especializados, perda esta que impactou negativamente em seu status social e na sua capacidade de prover para suas famílias. Com a mão-de-obra se tornando um fator menos importante na produção em comparação ao capital intelectual e à capacidade de usá-lo para gerar valor, é possível que a maioria dos cidadãos possa ter dificuldades em encontrar um trabalho no futuro (Tibau, Marcelo. Inteligência Artificial e o mercado de trabalho. Disponível no website <http://www.updateordie.com/2016/10/08/inteligencia-artificial-e-o-mercado-de- trabalho/>). Outro fato é evidente: os robôs muitas vezes custam menos que os seres humanos, trabalham jornadas mais longas, e podem executar tarefas menos seguras. Especialistas acreditam que a inteligência das máquinas se equiparará à de humanos até 2050, graças a uma nova era na sua capacidade de aprendizado. Computadores já estão começando a assimilar informações a partir de dados coletados, da mesma forma que crianças aprendem com o mundo ao seu redor. Isso significa que estamos criando máquinas que podem ensinar a si mesmas a participar de jogos de computador – e ser muito boas neles – e também a se comunicar simulando a fala humana, como acontece com os smartphones e seus sistemas de assistentes virtuais. Mas o que os seres humanos vão fazer quando suas habilidades não tiverem mais utilidade? Para Martin Ford ─ autor do livro Rise of the Robots ("Ascensão dos Robôs", em tradução livre), o mundo enfrentará desemprego em massa e um colapso financeiro a menos que sejam implementadas mudanças radicais, como a garantia de um salário mínimo (Wakefield, Jane. Inteligência artificial: máquinas que pensam devem surgir 'até 2050'. Disponível no website <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150916_inteligencia_artificial_maq uinas_rb>. Sobre o avanço tecnológico, cabe observar que Gordon Earl Moore, co-fundador da Intel Corporation, uma das maiores empresas fabricantes de processadores do mundo, escreveu em 1965, um artigo para a revista Electronic Magazine, que foi publicado no dia 19 de abril daquele mesmo ano no qual conjecturava a respeito da fantástica evolução da tecnologia dali para frente. E foi nestas reflexões que fez uma das previsões mais certeiras sobre a informática do último meio século. Moore afirmou que "A complexidade para componentes com custos mínimos tem aumentado em uma taxa de aproximadamente um
  • 3. 3 fator de dois por ano. Certamente, em um curto prazo, pode-se esperar que esta taxa se mantenha, se não aumentar. A longo prazo, a taxa de aumento é um pouco mais incerta, embora não haja razões para se acreditar que ela não se manterá quase constante por pelo menos 10 anos. Eu acredito que circuitos grandes como este poderão ser construídos em um único componente (pastilha)". Foi assim que surgiu a Lei de Moore que diz que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses. Já se passaram 50 anos desde que Moore criou a sua “lei”. E mesmo meio século depois ela continua firme e forte. É uma marca impressionante, especialmente se tratando de evolução do hardware. Os supercomputadores representam muito bem a evolução dos processadores da Lei de Moore. Vale frisar que a Lei de Moore não engloba apenas os processadores domésticos, que usamos em nossos computadores. Ela vale para todos os tipos de processadores em uso, desde calculadoras e câmeras digitais até supercomputadores. A indústria de semicondutores, vendo que podiam alcançar a meta que Moore havia falado em seu artigo, passou a investir pesado em pesquisa e desenvolvimento, de forma que de fato eles conseguiram dobrar o número de transistores nos processadores a cada 18 meses. Tudo o que acaba de ser exposto coloca em xeque o propósito do governo Donald Trump de trazer de volta os empregos aos Estados Unidos. O avanço tecnológico gerará inevitavelmente três consequências: 1) a queda no consumo ou demanda geral de bens e serviços devido ao aumento do desemprego e a redução do poder aquisitivo da população trabalhadora; 2) o declínio da classe média com grandes implicações de natureza política haja vista que ela atua como aliada da burguesia; e, 3) o enfraquecimento da luta dos sindicatos em prol dos trabalhadores. As consequências políticas do fim do emprego graças ao avanço tecnológico são bastante graves porque a população precisa trabalhar para sobreviver. Esta situação poderá abrir caminho para o advento de uma convulsão social de consequências imprevisíveis. *Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.