1) O documento discute as revoluções industriais e a revolução tecnológica atual ameaçando o emprego e o capitalismo.
2) Previsões de Udo Gollub indicam que a inteligência artificial e automação irão destruir muitos empregos nas próximas décadas.
3) Isso pode levar ao colapso do capitalismo, requerendo um novo sistema econômico que concilie progresso científico e fim do trabalho.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Avanço tecnológico ameaça o emprego e o capitalismo
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AVANÇO TECNOLÓGICO AMEAÇA O EMPREGO E O CAPITALISMO
Fernando Alcoforado*
A 1ª Revolução Industrial, também chamada “era do carvão e do ferro”, ocorreu na
Inglaterra, no século XVIII (1780-1830). A Inglaterra foi o primeiro país a desencadear
esta revolução. Embora tenha causado mudanças não só na indústria, mas também na
agricultura, pecuária, comércio, etc., as mais profundas se deram nos meios de
produção. Foi introduzida a prática mecânica, com máquinas a vapor e a carvão, o
trabalho assalariado, e a sociedade deixou de ser rural para ser urbana. A 2ª Revolução
Industrial, que ficou conhecida como a “era do aço e da eletricidade”, ocorreu no
período de 1860 a 1900. Ao contrário da 1ª Revolução Industrial países como
Alemanha, França, Rússia, Itália e Estados Unidos também se industrializaram. O
emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do
petróleo, a invenção do motor a explosão e o desenvolvimento de produtos químicos
foram as principais inovações desse período. A indústria automobilística assume grande
importância nesse período. O sistema de técnica e de trabalho desse período é o fordista,
termo que se refere ao empresário Ford, sistema que se tornou o paradigma de regulação
técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial até a década de 1970.
A 3ª Revolução Industrial tem início na década de 1970 do século XX. As atividades
tornam-se mais criativas, exigem elevada qualificação da mão de obra e têm horário
flexível. Foi uma revolução técnico científica desenvolvida pelos engenheiros da
Toyota, indústria automobilística japonesa, que aboliu a função de trabalhadores
profissionais especializados para torná-los especialistas multifuncionais. A organização
do trabalho sofre uma profunda reestruturação. Dela resulta um sistema de trabalho
polivalente, flexível, integrado em equipe, menos hierárquico. Após a década de 1970
ocorreu a Revolução Informacional ou Pós-industrial. É errôneo denominar 4ª
Revolução Industrial ao que vem acontecendo após a 3ª Revolução Industrial porque as
mudanças que estão ocorrendo não têm apenas a indústria como seu espaço de
aplicação. Estas mudanças estão presentes em toda a sociedade que pode ser
denominada de pós-industrial. A Sociedade pós-industrial é o nome proposto por Daniel
Bell, sociólogo norte-americano e professor emérito da Universidade Harvard, para
uma economia que passou por amplas mudanças após o processo de industrialização.
A Sociedade pós-industrial é marcada por um rápido crescimento do setor de serviços,
ao contrário da sociedade industrial, e um rápido aumento da tecnologia da informação
tendo o conhecimento e a criatividade como as matérias primas cruciais de tais
economias. É por isto que a era Pós-industrial é conhecida também como a era da
Informação e do Conhecimento. Após a década de 1970, passou a existir, portanto, um
tipo de sociedade que já não era baseada na produção agrícola, nem na indústria, mas na
produção de informação, serviços, símbolos (semiótica) e estética. A sociedade pós-
industrial se diferencia muito da sociedade industrial e isso se percebe claramente no
setor de serviços, que absorve hoje cerca de 60% da mão de obra total, mais do que a
indústria e a agricultura juntas, pois o trabalho intelectual é muito mais frequente do que
o trabalho manual e a criatividade e mais importante do que a simples execução de
tarefas especialmente nos países economicamente mais desenvolvidos.
Udo Gollub, CEO e fundador da empresa Sprachenlemen24 de Munique, fez
conferência em Messe Berlin na Universidade da Singularidade quando apresentou
previsões tecnológicas disponíveis no website
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<https://www.facebook.com/udo.gollub/posts/10207978845381135>, que se forem
confirmadas reforçarão a Revolução Informacional ou Pós-industrial que vivenciamos.
Em síntese, Udo Gollub afirma que: 1) o software irá destroçar a maioria das
atividades tradicionais nos próximos 5-10 anos como o UBER vem fazendo com o
serviço de táxis; 2) a Inteligência Artificial como a WATSON, da IBM, poderá oferecer
aconselhamento jurídico (por enquanto em assuntos mais ou menos básicos) dentro de
segundos, com 90% de exatidão se comparado com os 70% de exatidão quando feito
por humanos; 3) em 2030, os computadores se tornarão mais inteligentes do que os
humanos; 4) em 2018, os primeiros veículos serão dirigidos automaticamente; 5) ao
redor de 2020, a indústria automobilística tradicional começará a ser demolida e a
maioria das empresas fabricantes de carros poderá falir porque as companhias
tecnológicas (Tesla, Apple, Google) adotarão a tática revolucionária construindo um
computador sobre rodas; 6) carros elétricos se tornarão dominantes até 2020; e, 7) o
preço da energia solar vai cair de tal forma que todas as mineradoras de carvão cessarão
suas atividades ao redor de 2025.
Udo Gollub acrescenta que: 8) haverá impacto sobre a área da saúde porque teremos
companhias que irão construir um aparelho médico (chamado Tricorder na série Star
Trek) que trabalha com o seu telefone, fazendo o escaneamento da sua retina, testa a sua
amostra de sangue e analisa a sua respiração (bafômetro). Ele analisará 54 bio-
marcadores que identificarão praticamente qualquer doença; 9) o preço da impressora
3D mais barata caiu de US$ 18.000 para US$ 400 em 10 anos e se tornou 100 vezes
mais rápida; 10) 70-80% dos empregos desaparecerão nos próximos 20 anos; 11) até
2020, haverá aplicativo chamado “moodies” (estados de humor) que já é capaz de dizer
em que estado de humor a pessoa está e pode saber se a pessoa está mentindo pelas suas
expressões faciais; 12) o BITCOIN (dinheiro virtual) pode se tornar dominante em 2020
e poderá até mesmo tornar-se moeda-reserva padrão; 13) ao redor de 2036, as pessoas
poderão viver bem mais do que 100 anos; e, 14) até 2020, 70% de todos os humanos
terão um smartphone.
Um fato é evidente: a sociedade vive, mais do que nunca, sob os auspícios e domínios
da ciência e da tecnologia. A propaganda que se faz da ciência e da tecnologia é tão
intensa que uma parcela significativa das pessoas acredita que elas só trazem apenas
benefícios para a sociedade. Para o homem, a tecnologia torna a vida mais fácil, mais
limpa e mais longa. O homem cultiva uma relação de dependência crescente em
relação à ciência e à tecnologia na era contemporânea. É um comportamento habitual
de grande parte da sociedade considerar a ciência e a tecnologia como libertadoras da
humanidade dos fardos do trabalho e das ameaças representadas pelas forças da
natureza. Somando a tudo isso, existe a visão generalizada de que o progresso
científico-tecnológico traz não apenas o avanço do conhecimento, mas também como
uma melhoria real, inexorável e efetiva em todos os aspectos da vida humana.
A ciência não é vista apenas como libertadora, mas também como desumanizadora e
escravizadora da vida humana. O crescimento descontrolado da tecnologia tem
contribuído para destruir as fontes vitais de nossa humanidade ao criar uma cultura
sem uma base moral. A tecnologia tem conformado nossas vidas porque estamos à
mercê de sistemas interconectados e, o que é grave, porque estamos submissos à sua
autoridade, moldando-nos ao seu funcionamento. A onipresença da tecnologia no
mundo atual, aliada à sua maior complexidade, dá lugar a uma situação bastante
problemática.
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Tudo isto que acaba de ser relatado com base nas previsões de Udo Gollub impactará
negativamente sobre o mundo do trabalho porque poderá levar ao fim do emprego e a
consequente queda na demanda colocando, também, em xeque o capitalismo como
sistema mundial. Isto significa dizer que o avanço científico e tecnológico poderá levar
o sistema econômico atual ao colapso apontando a necessidade da invenção de um novo
sistema econômico. Não será certamente no capitalismo que o mundo poderá conciliar
as maravilhas da ciência e da tecnologia com o fim do emprego. Outro sistema
econômico terá que ser inventado no qual a ciência e a tecnologia atuarão como
libertadoras da humanidade dos fardos do trabalho.
*Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do
Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social
(Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet
(http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: falcoforado@uol.com.br.