1) O relatório descreve a peça teatral "Roberto Zucco" de Bernard-Marie Koltès, montada no espaço cênico Satyros em 2011.
2) A peça coloca a plateia no centro da ação, fazendo com que se sintam parte da cena.
3) O personagem principal Roberto Zucco é retratado de forma complexa, sem explicações clichês para seus atos, representando a confusão do ser humano consigo mesmo.
Projeto do espetáculo Para Ler aos Trinta, que estreou na edição de 2014 do Festival de Teatro de Curitiba.
Ficha técnica
Direção: Nina Rosa Sá
Elenco: Kelly Eshima, Uyara Torrente
Cenografia: Marja Calafange
Assistente de Cenografia: María A. Revelo-Imery
Dramaturgia: Lígia Souza Oliveira
Figurino: Kelly Eshima, Uyara Torrente
Iluminador: Ana Luiza Pires
Produção: Siciane Geruntho
Sonoplastia: Thiago Chaves
Still: Marja Calafange
DançA SacríLega Por Fanny Jem Wong TraduçãO Livre De Romeu FagundesFANNY JEM WONG MIÑÁN
TRADUÇÃO LIVRE DE ROMEU FAGUNDES
DANÇA SACRÍLEGA
Tu, o eco surdo de meus cantos
meu amor, meu espelho, meu outro eu
claro e escuro, ruinoso pesadelo
desolando-me os sonhos.
Tu, em cada conexão de meu cérebro
o fogo que me calcina as veias
dança sacrílega de minhas mãos.
E que mais se eu queira matar-te não posso
pois germinas a cada instante em minhas entranhas
e floresces soberba rompendo entre escombros
para assim te elevares até o cimo dos pinherais
Tu, eterna maldição, vertigem, tormento e delírio
único,verdadeiro , somente meu e eterno
porque nasce e morre entre vômitos negros
Tu, minha odiada e bem amada poesia.
JEM WONG
Projeto do espetáculo Para Ler aos Trinta, que estreou na edição de 2014 do Festival de Teatro de Curitiba.
Ficha técnica
Direção: Nina Rosa Sá
Elenco: Kelly Eshima, Uyara Torrente
Cenografia: Marja Calafange
Assistente de Cenografia: María A. Revelo-Imery
Dramaturgia: Lígia Souza Oliveira
Figurino: Kelly Eshima, Uyara Torrente
Iluminador: Ana Luiza Pires
Produção: Siciane Geruntho
Sonoplastia: Thiago Chaves
Still: Marja Calafange
DançA SacríLega Por Fanny Jem Wong TraduçãO Livre De Romeu FagundesFANNY JEM WONG MIÑÁN
TRADUÇÃO LIVRE DE ROMEU FAGUNDES
DANÇA SACRÍLEGA
Tu, o eco surdo de meus cantos
meu amor, meu espelho, meu outro eu
claro e escuro, ruinoso pesadelo
desolando-me os sonhos.
Tu, em cada conexão de meu cérebro
o fogo que me calcina as veias
dança sacrílega de minhas mãos.
E que mais se eu queira matar-te não posso
pois germinas a cada instante em minhas entranhas
e floresces soberba rompendo entre escombros
para assim te elevares até o cimo dos pinherais
Tu, eterna maldição, vertigem, tormento e delírio
único,verdadeiro , somente meu e eterno
porque nasce e morre entre vômitos negros
Tu, minha odiada e bem amada poesia.
JEM WONG
Crítica ao livro «Reflexões à Boca de Cena / Onstage Reflections» de João Ric...Madga Silva
Ensaio literário sobre o livro bilingue «Reflexões à Boca de Cena / Onstage Reflections» de João Ricardo Lopes, publicado em 2011.
Autoria de César Augusto Freitas
"Este livro começou como uma ideia simples
— desvendar o outro lado dos filmes para todos
nós, no escuro da plateia — e evoluiu
para uma sequência de fascinantes contatos
com pessoas de todo o Brasil, por meio de
cursos e palestras, muitos deles realizados
sob os auspícios da Casa do Saber do Rio de
Janeiro e São Paulo. Como afirmo no início
de cada um desses encontros, a proposta não
é formar cineastas ou teóricos — existem
muitos e bons cursos e livros dedicados a
essa tarefa — mas sim, formar plateias informadas,
críticas, mais bem-habilitadas a
compreender o que veem e a escolher do que
gostam."
Reveillon e o desvio do peixe no fluxo contínuo do aquário – uma família, um ...Adélia Nicolete
Comparação entre as peças teatrais "Reveillon", de autoria de Flávio Márcio e "O desvio do peixe no fluxo contínuo do aquário", de Evill Rebouças, acrescidas algumas semelhanças e diferenças entre os modos de produção e o contexto em que foram criadas as obras, distantes quatro décadas no tempo.
capítulo do livro Paisagens plurais: artes visuais e transversalidades, de Madalena Zacara e Lívia Marques . Editora Universitária da EFEPE, publicado em 2012
Crítica ao livro «Reflexões à Boca de Cena / Onstage Reflections» de João Ric...Madga Silva
Ensaio literário sobre o livro bilingue «Reflexões à Boca de Cena / Onstage Reflections» de João Ricardo Lopes, publicado em 2011.
Autoria de César Augusto Freitas
"Este livro começou como uma ideia simples
— desvendar o outro lado dos filmes para todos
nós, no escuro da plateia — e evoluiu
para uma sequência de fascinantes contatos
com pessoas de todo o Brasil, por meio de
cursos e palestras, muitos deles realizados
sob os auspícios da Casa do Saber do Rio de
Janeiro e São Paulo. Como afirmo no início
de cada um desses encontros, a proposta não
é formar cineastas ou teóricos — existem
muitos e bons cursos e livros dedicados a
essa tarefa — mas sim, formar plateias informadas,
críticas, mais bem-habilitadas a
compreender o que veem e a escolher do que
gostam."
Reveillon e o desvio do peixe no fluxo contínuo do aquário – uma família, um ...Adélia Nicolete
Comparação entre as peças teatrais "Reveillon", de autoria de Flávio Márcio e "O desvio do peixe no fluxo contínuo do aquário", de Evill Rebouças, acrescidas algumas semelhanças e diferenças entre os modos de produção e o contexto em que foram criadas as obras, distantes quatro décadas no tempo.
capítulo do livro Paisagens plurais: artes visuais e transversalidades, de Madalena Zacara e Lívia Marques . Editora Universitária da EFEPE, publicado em 2012
1. Plínio de Paula Simões Filho – Relatório de curso de teatro.
Teatro-Escola Macunaíma. Aula de Teoria PA2
Relatório da peça Roberto Zucco de Bernard-Marie Koltès
Em Alumbramento seria talvez a palavra mais cabível com o desenrolar da peça
assim que a platéia se sente de certa maneira jogada, ou melhor, atirada junto dos
atores que com precisão atuam de maneira brilhante.
Se outrora Bertolt Brecht quando desenvolveu a denominada quarta parede,
certamente pensava que dramaturgos futuros, não o reproduzissem fielmente, mas
desenvolvessem este conceito, e na arte contemporânea, o teatro não ficando de fora,
o desdobramento de um conceito é muito além do pensamento subjetivo de um grupo,
de um ator, ou do próprio dramaturgo, e sim, com a platéia sendo arrastadas as cenas
que se desenvolvem, de certa maneira se interagindo. Ficamos quase que
exclusivamente no epicentro de um tremor ou no olho dum furacão quando na primeira
cena com os alarmes, os gritos, Roberto Zucco fugindo pelo telhado, por meio das
arquibancadas-móveis, todos estão vendo-se no meio de tudo, no centro do cenário,
por que ora cá as cenas são na direita, na esquerda, na frente ou atrás, ou ora lá, aos
lados diagonais com os personagens encurralados no canto angular duma parede,
sufocados pela assistência e seu existencialismo.
Entrementes este seria um ponto irrelevante se não fosse as excelentes atuações
de todo o elenco em exclusividade o ganhador do prêmio Shell Rodolfo García
Vázquez na direção da peça. Temos cenários que se desdobram, cores que se
misturam, cacófatos que nos transtornam, sombras opacas que dialogam com o
telespectador sempre quando alguém perde a virgindade por detrás de cortinas ou
apenas indo-se embora com a sombra ficando sua imagem tatuada nas paredes para
dizer um último adeus antes desvanecer-se. Sem falar nas misturas de linguagens
utilizadas na peça como o auxilio de um vídeo, uma gravação de aspecto tosco
propositalmente usado para nos mostrar como são as imagens contemporâneas. As
maquiagens, em especifico de cor branca na face dos personas, uma representação
pálida da vida humana. O que se torna mais vivo quando personagens brilham em
comunhão ou mesmo em suas circunstâncias presentes, talvez o maior ápice de
comunhão na peça é justamente a última cena em que vários personagens estão
sentados ao chão e Zucco no alto duma escada antes de apagar a luz pela última vez,
ali as falas são quase como uma orquestra muito bem afinada e entrosada, são
disparadas com palavras ambíguas num desenrolar trágico; já as circunstâncias estão
nítidas quando em momentos a família da garota que perde a virgindade e foge de
2. casa em busca do protagonista, os dos que trabalham na prostituição e a espetacular
cena do parque, todos demonstram o quão bem são profissionais, sobretudo atores
criativos.
O texto da peça não poderia ser mais contemporâneo, mais vivo e presente em
sociedades como a nossa, em que o sensacionalismo torna a tragédia humana num
verdadeiro espetáculo, amalgamado por nossa extinta Ética, nesta sociedade em que
é mais importante julgar, ou mesmo atirar a pedra antes mesmo de se terminaram as
investigações deste crime ou o julgamento daquele caso, e o personagem Zucco,
quase uma releitura de Sartre e uma visão dostoievskiana, que se desencontra, não
tem mais aquelas explicações clichês para explicar que o serial killer matou porque
tivera apanhado na infância, fora abusado sexualmente ou tem alguma patologia,
Zucco não se explica, vivencia cada momento em cada cena da peça, como se fosse
o algo mais além, daquele que ainda está há se encontrar com não sabe o que, um
ensaio desta vida que perdemo-nos, vivemos arquétipos e prisões invisíveis de nós
mesmo, pois Zucco é apenas aquele que estrangula, aperta o gatilho duma arma, só
que a medida que se interage com os personagens ou mesmo com a platéia, ele nos
prova, por intermédio da excelente atuação, que quão como todos nós podemos ser
idênticos a este personagem, que mais seria uma metáfora de nossas vidas nestas
sociedades sobrecarregadas por informações e, mesmo assim tão dócil, honesto
consigo mesmo e numa das cenas por obséquio ajuda um senhor de idade numa
situação verossímil a ele. Eis ai o ser humano, uma confusão de si próprio.
Peça montada no espaço cênico Satyros no ano de 2011.