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Luxo+
GRIFE FRANCESA UNE MODA,
decoração e artes plásticas
MERCADO AAAEM ALTA,
luminárias requintadas e
arquitetos que são pintores
COBRIMOS CASA COR SP,
Casa Cor SC e Mostra Black
ANOXV | 2013
R$ 12,90
www.casaemercado.com.br
ISSN1519-1087
arquitetura•interiores•design
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Luxo
86 luxo
comportamento ++
Por: Carlos Hummig divulgação
Se sensibilidade artística é um predicado que todo arquiteto deve
ter, a paquera com outras artes é inevitável. Se estimulada, vira
CASA&mercado conversou com arquitetos que também atuam
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exposição individual. “Comecei a pintar aos treze anos.
Aos 17 estava na IX Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Ser artista e arquiteto não é fácil, pois a arquitetura toma
muito tempo e exige dedicação. Em 50 anos, pintei mais
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projetado , bastante trabalho!”, assinala o pr sional.
“Em Outro Lugar” é uma fototransparência a partir de
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87luxo
Eduardo Schamó
O argentino se formou em Buenos Aires em
arquitetura e, no ano seguinte, em 1987, se radicou
no Brasil. Atuante como arquiteto em diversos
projetos, como um centro comercial no Canadá,
um shopping center na Colômbia e os escritórios
do Google que a Athié-Wohnrath assinou (ele fazia
parte daequipe) em parceria com Guto Requena,
em São Paulo, Eduardo também já participou de
diversas exposições artísticas, coletivas e individuais.
Na pintura, trabalha com o lúdico e a criatividade
em elementos geométricos que criam verdadeiros
de os visuais. Nas esculturas, brinca com a ironia
em termos de leve e pesado. “A formação em
arquitetura me deu um rigor técnico e um domínio
do espaço que me ajudounas artes plásticas,
tanto na materialização da obra em si, como no
domínio do espaço expositivo. Ao mesmo tempo,
a formação de artista me propiciou noções de
composição e equilíbrio, detrabalho com volumetria
e cor que o arquiteto não recebe”, a rma o
pr sional. Na foto, o objeto de madeira e ferro de
98 x 38 cm que ele batizou como “A Testemunha”.
Maria Lúcia Mendes Gobbi
A catarinense fundou seu escritório de arquitetura em 1980. São mais de 33 anos de trabalhos com projetos de
interiores, residenciais, comerciais, corporativos e hoteleiros, além dos paisagísticos. Desde 2002 investe nas artes
plásticas, mais es camente na pintura. Após alguns cursos e muitas pinceladas, Maria foi convidada a realizar
sua primeira exposição individual, há seis anos, e nunca mais parou. “Na arquitetura, trabalho como intérprete dos
desejos do cliente. O foco está no que o outro quer. Quando comecei a estudar artes plásticas, sentia um vazio
interior, precisava liberar aquiloque eu queria, as minhas intuições, e isso causou uma grande mudança em mim,
inclusive no meu trabalho como arquiteta. Hoje, busco qualidade, acima de tudo, com foco na sustentabilidade
genuína”, assinala a pr ssional. Uma das suas mostras revelou a Coleção Indígena, de onde provém a tela
“Coragem no Olhar”.
88 luxo
Chico Mazzoni
O soteropolitano fezo caminho inverso de
muitos de seus colegas de prancheta, pois
começou a se dedicar aos pincéis e só
depois à arquitetura; nal, tinha apenas 13
anos quando expôs seu primeiro quadro.
Após se formar arquiteto, fez mestrado na
Itália e lecionou na Faculdade de Arquitetura
da Bahia (UFBA), ena Universidade de
Salvador (Unifacs). Como artista plástico,
foi autor de doze exposições individuais.
“Durante muito tempo relutei em admitir
esta fusão entre as minhas duas aptidões.
Achava que uma não deveria i uenciar a
outra. Foi a partir da preparação da minha
exposição individual que me dei conta de
que elas não seseparam por decreto e
então deixei queesta fusão transparecesse
com clareza. Naverdade, uma só faz
acrescentar à outra, em vários sentidos, e
o que está no nosso inconsciente sempre
vem à tona, mais cedo ou mais tarde”, opina
Chico. Em sua última exposição individual,
“Cidades Invisíveis”, ele usa seu olhar
de arquiteto para reproduzir o visual das
cidades. O resultadosão suas impressões
e sentimentos que elas despertam em um
visual atual, singular e gurativo. A tela “Céu”
é em tinta acrílica sobre tela em baixo relevo
e mede 100 x 100 cm.
Alexandre de Nadal
Durante o dia, o gaúcho foca seu trabalho na arquitetura
industrial, mas à noite e aos nais de semana são os pincéis
que entram na dança. “Sempre gostei de desenhar e o curso
de artes visuais surgiu em minha vida como algo natural. Isso
me ajudou a abrir a mente e a soltar a criatividade na minha
pro ssão de arquiteto”, assinala. Alexandre faz uma comparação
interessante entre os dois ofícios. “Na arquitetura, a criatividade
é o ponto inicial de um projeto, mas ela precisa atender às
necessidades e desejos do cliente, além de todo um aporte de
desenho técnico para virar realidade. Na arte, a vantagem é que
a ideia é o ponto inicial e muitas vezes o próprio m; não há a
obrigação do objeto atender a normas, ou mesmo às leis da
física”. Na tinta acrílica, o artista pintou “John Lennon”
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  • 2. 86 luxo comportamento ++ Por: Carlos Hummig divulgação Se sensibilidade artística é um predicado que todo arquiteto deve ter, a paquera com outras artes é inevitável. Se estimulada, vira CASA&mercado conversou com arquitetos que também atuam Edo Rocha Fazia dez anos que o arquiteto, famoso pelos projetos corporativos, não expunha obras de sua autoria. Telas, esculturas e transparências criadas por ele entre os anos 1967 e 2013 foram reunidas recentemente em uma exposição individual. “Comecei a pintar aos treze anos. Aos 17 estava na IX Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Ser artista e arquiteto não é fácil, pois a arquitetura toma muito tempo e exige dedicação. Em 50 anos, pintei mais de 600 quadros e em 40 anos de arquitetur is de 900 projetos e mais de 10 milhões de metros quadrados projetado , bastante trabalho!”, assinala o pr sional. “Em Outro Lugar” é uma fototransparência a partir de desenhos originais que mede 110 x 110 cm.
  • 3. 87luxo Eduardo Schamó O argentino se formou em Buenos Aires em arquitetura e, no ano seguinte, em 1987, se radicou no Brasil. Atuante como arquiteto em diversos projetos, como um centro comercial no Canadá, um shopping center na Colômbia e os escritórios do Google que a Athié-Wohnrath assinou (ele fazia parte daequipe) em parceria com Guto Requena, em São Paulo, Eduardo também já participou de diversas exposições artísticas, coletivas e individuais. Na pintura, trabalha com o lúdico e a criatividade em elementos geométricos que criam verdadeiros de os visuais. Nas esculturas, brinca com a ironia em termos de leve e pesado. “A formação em arquitetura me deu um rigor técnico e um domínio do espaço que me ajudounas artes plásticas, tanto na materialização da obra em si, como no domínio do espaço expositivo. Ao mesmo tempo, a formação de artista me propiciou noções de composição e equilíbrio, detrabalho com volumetria e cor que o arquiteto não recebe”, a rma o pr sional. Na foto, o objeto de madeira e ferro de 98 x 38 cm que ele batizou como “A Testemunha”. Maria Lúcia Mendes Gobbi A catarinense fundou seu escritório de arquitetura em 1980. São mais de 33 anos de trabalhos com projetos de interiores, residenciais, comerciais, corporativos e hoteleiros, além dos paisagísticos. Desde 2002 investe nas artes plásticas, mais es camente na pintura. Após alguns cursos e muitas pinceladas, Maria foi convidada a realizar sua primeira exposição individual, há seis anos, e nunca mais parou. “Na arquitetura, trabalho como intérprete dos desejos do cliente. O foco está no que o outro quer. Quando comecei a estudar artes plásticas, sentia um vazio interior, precisava liberar aquiloque eu queria, as minhas intuições, e isso causou uma grande mudança em mim, inclusive no meu trabalho como arquiteta. Hoje, busco qualidade, acima de tudo, com foco na sustentabilidade genuína”, assinala a pr ssional. Uma das suas mostras revelou a Coleção Indígena, de onde provém a tela “Coragem no Olhar”.
  • 4. 88 luxo Chico Mazzoni O soteropolitano fezo caminho inverso de muitos de seus colegas de prancheta, pois começou a se dedicar aos pincéis e só depois à arquitetura; nal, tinha apenas 13 anos quando expôs seu primeiro quadro. Após se formar arquiteto, fez mestrado na Itália e lecionou na Faculdade de Arquitetura da Bahia (UFBA), ena Universidade de Salvador (Unifacs). Como artista plástico, foi autor de doze exposições individuais. “Durante muito tempo relutei em admitir esta fusão entre as minhas duas aptidões. Achava que uma não deveria i uenciar a outra. Foi a partir da preparação da minha exposição individual que me dei conta de que elas não seseparam por decreto e então deixei queesta fusão transparecesse com clareza. Naverdade, uma só faz acrescentar à outra, em vários sentidos, e o que está no nosso inconsciente sempre vem à tona, mais cedo ou mais tarde”, opina Chico. Em sua última exposição individual, “Cidades Invisíveis”, ele usa seu olhar de arquiteto para reproduzir o visual das cidades. O resultadosão suas impressões e sentimentos que elas despertam em um visual atual, singular e gurativo. A tela “Céu” é em tinta acrílica sobre tela em baixo relevo e mede 100 x 100 cm. Alexandre de Nadal Durante o dia, o gaúcho foca seu trabalho na arquitetura industrial, mas à noite e aos nais de semana são os pincéis que entram na dança. “Sempre gostei de desenhar e o curso de artes visuais surgiu em minha vida como algo natural. Isso me ajudou a abrir a mente e a soltar a criatividade na minha pro ssão de arquiteto”, assinala. Alexandre faz uma comparação interessante entre os dois ofícios. “Na arquitetura, a criatividade é o ponto inicial de um projeto, mas ela precisa atender às necessidades e desejos do cliente, além de todo um aporte de desenho técnico para virar realidade. Na arte, a vantagem é que a ideia é o ponto inicial e muitas vezes o próprio m; não há a obrigação do objeto atender a normas, ou mesmo às leis da física”. Na tinta acrílica, o artista pintou “John Lennon” em tela de 1,50 x 1,20 m.