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GHARPURE,et. Al. Cryptosporidiosis Outbreaks - United States, 2009–2017. MMWR – Morbidity
and Mortality Weekly Report. v. 68, n. 25, p. 568–572, jun 2019.
ACriptosporidiose é uma doença causada pelo parasita Cryptosporidium, sendoque a principal etiologia
de surtos acontece por veiculação hídrica (ingestão de água recreativa contaminada ou água potável
contaminada), alimentos ou através do contato com pessoas ou animais infectados. Em pacientes com
boa saúde (imunocompetentes), a criptosporidiose pode causardiarreia de até 3 semanas,já empacientes
que possuem algum tipo de doença ou baixa imunidade (imunocomprometidos) pode levar à desnutrição
com risco de vida. Em Porto Rico, no período 2009-2017 houve um aumento do número anual de surtos
relatados: associados à água tratada para fins recreativos (14,3%), contato com gado (20,3%) e contato
com pessoasinfectadas em creche (19,7%). Neste período foram relatados 444 surtos de criptosporidiose
as autoridades de saúde pública de 40 estados totalizando 7465 casos da doença, 287 hospitalizações e
uma morte. Deste total 156 surtos (4232 casos e 183 internações) estavam associados a exposição de
água recreativa tratada (piscinas, parques aquáticos), 65 surtos (549 casos) no contato com gado
infectado, 57 surtos (418 casos) no contato com pessoas infectadas em creches,22 surtos associados a
alimentos não pasteurizados, 63 surtos o modo de transmissão era desconhecido e 2 surtos por
transmissão por contaminação ambiental. O pico sazonal de casos relatados ocorreu no verão, entre
julho e agosto, associados à água recreativa tratada e associados aos cuidados infantis. Uma pessoa
infectada pode excretar na água uma quantidade de Oocistos muito maiores do que a dose infecciosa
humana, e estes Oocistos podem sobreviver por mais de 7 dias e são extremamente tolerantes ao cloro.
As crianças pequenas de 1-4 anos têm habilidades limitadas para ir ao banheiro e muitas vezes ingerem
água em piscinas, e costumam frequentar vários espaços recreativos com água tratada em parques ou
plaugrounds aquáticos. Como forma de prevenção, caso a pessoa estiver com diarreia o CDC (Centers
for Disease Control and Prevention) recomenda não ir a creches e não nadar por mais 2 semanas após a
resolução da diarreia. Recomenda também a descontaminação por hipercloração em locais de recreação
públicos com tratamento de água no caso de surtos, e desinfecção de superfícies em creches utilizando
peróxido de hidrogênio. Em ambientes onde vivem ruminantes (gado, cabras,ovelhas) a contaminação
pelos Oocistos pode ser frequente. Observou-se que o pico sazonal em surtos associados ao contato com
o gado ocorreu na primavera, quando houve um maior número de partos, por isso é recomenda-se lavar
bem as mãos após entrar em contato direto ou indireto com ruminantes e, como medida adicional de
prevenção remover roupas e sapatos usados antes de entrar em outros ambientes para reduzir o risco de
contaminação cruzada. Outra recomendação é que crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas
imunocomprometidas não consumam produtos não pasteurizados devido ao risco de desenvolver
doenças graves. Contudo, o autor destaca que podem existir algumas limitações no estudo, ou seja, o
número real de surtos relatados pode estar subestimado e não representar a real magnitude dos casos.
Ressalta também que uma padronização dos requisitos entre as jurisdições, teria contribuído na
capacidade de detecção e investigação dos surtos relatados nos últimos anos. Reforça ainda a
necessidade de mais investigação, para verificar se realmente a metade deles ocorreu nos estados dos
Grandes Lagos (que foram os mais relatados). E ainda, destacou que apenas 67 relatórios de surtos de
NORS (Sistema Nacional de Notificação de Surtos) incluíram dados de caracterização molecular,
impedindo a análise do modo de transmissão por espécies e genótipos de Cryptosporidium. O autor
ressalta que,a implementação de medidas de prevençãomais eficazesé necessária para contero aumento
de surtos de criptosporidiose. Como a detecção do Cryptosporidium não é possível através dos testes
tradicionais (micoscopia e imunoensaios), novos estudos visando o avanço da caracterização molecular
de espéciese genótipos podem ajudar a otimizar os esforçospara prevenir a criptosporidiose, fornecendo
as particularidades de cada espécie e suas cadeias de transmissão. Atualmente 40 espécies de
Cryptosporidium foram identificadas, sendo que existem relatos de infecção em humanos de 17 espécies
e quatro genótipos. O sistema de vigilância molecular, CriptoNet foi desenvolvido pelos EUA e se
mostrou capaz de elucidar as cadeias de transmissão do Cryptosporidium na investigação de surtos
causados por águas recreativas tratadas e se mostra promissor também para atuar na investigação de
outras causas de surtos de criptosporidiose.
DUBEY, J. P. Surtos de toxoplasmose clínica em humanos: cinco décadas de experiência pessoal,
perspectivas e lições aprendidas. Parasites Vectors 14, 263 (2021). https://doi.org/10.1186/s13071-
021-04769-4.
Mesmo com cerca de 30% da humanidade infectada com o Toxoplasma gondii, raramente a
toxoplasmose clínica se desenvolve. Muitas pessoas não são diagnosticadas com a doença pois os
sintomas (quando presentes) são leves e parecidos com outras doenças, como gripe, doença de Lyne,
febre Q, alterações hematológicas e caxumba. Em um surto ocorrido e confirmado em 35 pessoas
associadas a um estábulo de equitação nos EUA, o diagnóstico de toxoplasmose foi omitido por 22 de
25 médicos. A transmissão pós-natal acontece pela ingestão de carne mal-passada, alimentos ou água
contaminada com oocistos excretados por gatos, mas não foram encontrados experimentos que visem
determinar qual causa mais gravidade da doença em humanos. Sendo que, os dados clínicos coletados
na ocorrência de surtos podem fornecer informações úteis sobre o estágio infeccioso, período de
incubação e espectro clínico. Mas existem vários casos documentados de toxoplasmose que ocorreram
pela inoculação acidental de taquizoítos em laboratório. Em animais de laboratório, os experimentos
demostraram que as infecções induzidas por oocistos causam doenças mais graves do que a ingestão de
cistos teciduais ou bradizoítos. A ingestão de carne infectada por oocistos era o único modo de
transmissão pós-natal conhecido de T. gondii até 1970. Desde então, muitos surtos de toxoplasmose
clínica vêm sendo relatados. Dentre os anos de 1960 e 1980, foram relatados 34 surtos, sendo que 16
surtos estavam associados a carne infectada, 15 surtos por oocistos e 2 pelo consumo de vegetais
contaminados. O autor do texto ressalta que esteve envolvido no estudo de muitos destes surtos e sugere
que a gravidade da toxoplasmose e os sintomas provavelmente não estão relacionados ao estágio
ingerido (oocistos versuscistos de tecido). A seguir apresenta uma pesquisa contendo os principais casos
resumidos nas últimas 5 décadas, a fim de avaliar o impacto clínico, social e econômico dos surtos.
Primeiramente, apresenta os surtos de toxoplasmose associados à ingestão de alimentos ou água
contaminados com oocistos. Em 1977, em um estábulo nos arredores de Atlanta Geórgia/EUA, 35 de
37 clientes tiveram toxoplasmose clínica. Apenas 3 pacientes foram diagnosticados corretamente com
os sintomas de toxoplasmose, sendo que 25 pacientes viram seus médicos independentemente. Pela
primeira vez foram documentados uma grande extensão de espectro clínico de sintomas pela equipe do
Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) que conduziu um extenso estudo de caso-controle.
Três mulheres estavam grávidas e uma delas teve um aborto induzido porque estava no primeiro
trimestre. Os 37 pacientes realizaram exame oftalmológico na época e não foram detectadas lesões
oculares, porém 4 anos depois uma paciente apresentou doença ocular possuindo um alto título de
anticorpos em ambos os testes de imunofluirescência IgG e IgM, indicando infecção aguda. A
investigação sugeriu que a contaminação por ingestão de oocistos aerossolizados durante a atividade de
equitação.
om relação à patogenicidade dos isolados de T. gondii ,um isolado de um dos gatos e o isolado do feto
humano foram altamente virulentos para camundongos Swiss Websternão consanguíneos; diluições dez
vezes maiores de T. gondii ,estimadas em conterum taquizoíta, um bradizoíta e um oocisto, foram letais
para os camundongos. Em outras palavras, todos os camundongos infectados morreram, independente
da dose [ 17 ]. Essesresultados indicaram que animais assintomáticos podem abrigar T. gondii virulento
de camundongo. Naquela época, não havia marcadores genéticos disponíveis e esses isolados não eram
criopreservados. Os resultados também indicaram que o momento da amostragem é importante em uma
investigação epidemiológica, pois resultados diferentes foram obtidos com as amostras 1 e 2.
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB
DISCIPLINA:Microbiologia Ambiental
PROFESSOR:Juliane A. G. Goulart
MESTRANDA:Daniele Büttenbender Borba Gehrke

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  • 1. GHARPURE,et. Al. Cryptosporidiosis Outbreaks - United States, 2009–2017. MMWR – Morbidity and Mortality Weekly Report. v. 68, n. 25, p. 568–572, jun 2019. ACriptosporidiose é uma doença causada pelo parasita Cryptosporidium, sendoque a principal etiologia de surtos acontece por veiculação hídrica (ingestão de água recreativa contaminada ou água potável contaminada), alimentos ou através do contato com pessoas ou animais infectados. Em pacientes com boa saúde (imunocompetentes), a criptosporidiose pode causardiarreia de até 3 semanas,já empacientes que possuem algum tipo de doença ou baixa imunidade (imunocomprometidos) pode levar à desnutrição com risco de vida. Em Porto Rico, no período 2009-2017 houve um aumento do número anual de surtos relatados: associados à água tratada para fins recreativos (14,3%), contato com gado (20,3%) e contato com pessoasinfectadas em creche (19,7%). Neste período foram relatados 444 surtos de criptosporidiose as autoridades de saúde pública de 40 estados totalizando 7465 casos da doença, 287 hospitalizações e uma morte. Deste total 156 surtos (4232 casos e 183 internações) estavam associados a exposição de água recreativa tratada (piscinas, parques aquáticos), 65 surtos (549 casos) no contato com gado infectado, 57 surtos (418 casos) no contato com pessoas infectadas em creches,22 surtos associados a alimentos não pasteurizados, 63 surtos o modo de transmissão era desconhecido e 2 surtos por transmissão por contaminação ambiental. O pico sazonal de casos relatados ocorreu no verão, entre julho e agosto, associados à água recreativa tratada e associados aos cuidados infantis. Uma pessoa infectada pode excretar na água uma quantidade de Oocistos muito maiores do que a dose infecciosa humana, e estes Oocistos podem sobreviver por mais de 7 dias e são extremamente tolerantes ao cloro. As crianças pequenas de 1-4 anos têm habilidades limitadas para ir ao banheiro e muitas vezes ingerem água em piscinas, e costumam frequentar vários espaços recreativos com água tratada em parques ou plaugrounds aquáticos. Como forma de prevenção, caso a pessoa estiver com diarreia o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) recomenda não ir a creches e não nadar por mais 2 semanas após a resolução da diarreia. Recomenda também a descontaminação por hipercloração em locais de recreação públicos com tratamento de água no caso de surtos, e desinfecção de superfícies em creches utilizando peróxido de hidrogênio. Em ambientes onde vivem ruminantes (gado, cabras,ovelhas) a contaminação pelos Oocistos pode ser frequente. Observou-se que o pico sazonal em surtos associados ao contato com o gado ocorreu na primavera, quando houve um maior número de partos, por isso é recomenda-se lavar bem as mãos após entrar em contato direto ou indireto com ruminantes e, como medida adicional de prevenção remover roupas e sapatos usados antes de entrar em outros ambientes para reduzir o risco de contaminação cruzada. Outra recomendação é que crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas imunocomprometidas não consumam produtos não pasteurizados devido ao risco de desenvolver doenças graves. Contudo, o autor destaca que podem existir algumas limitações no estudo, ou seja, o número real de surtos relatados pode estar subestimado e não representar a real magnitude dos casos. Ressalta também que uma padronização dos requisitos entre as jurisdições, teria contribuído na capacidade de detecção e investigação dos surtos relatados nos últimos anos. Reforça ainda a necessidade de mais investigação, para verificar se realmente a metade deles ocorreu nos estados dos Grandes Lagos (que foram os mais relatados). E ainda, destacou que apenas 67 relatórios de surtos de NORS (Sistema Nacional de Notificação de Surtos) incluíram dados de caracterização molecular, impedindo a análise do modo de transmissão por espécies e genótipos de Cryptosporidium. O autor ressalta que,a implementação de medidas de prevençãomais eficazesé necessária para contero aumento de surtos de criptosporidiose. Como a detecção do Cryptosporidium não é possível através dos testes tradicionais (micoscopia e imunoensaios), novos estudos visando o avanço da caracterização molecular de espéciese genótipos podem ajudar a otimizar os esforçospara prevenir a criptosporidiose, fornecendo as particularidades de cada espécie e suas cadeias de transmissão. Atualmente 40 espécies de Cryptosporidium foram identificadas, sendo que existem relatos de infecção em humanos de 17 espécies e quatro genótipos. O sistema de vigilância molecular, CriptoNet foi desenvolvido pelos EUA e se mostrou capaz de elucidar as cadeias de transmissão do Cryptosporidium na investigação de surtos
  • 2. causados por águas recreativas tratadas e se mostra promissor também para atuar na investigação de outras causas de surtos de criptosporidiose. DUBEY, J. P. Surtos de toxoplasmose clínica em humanos: cinco décadas de experiência pessoal, perspectivas e lições aprendidas. Parasites Vectors 14, 263 (2021). https://doi.org/10.1186/s13071- 021-04769-4. Mesmo com cerca de 30% da humanidade infectada com o Toxoplasma gondii, raramente a toxoplasmose clínica se desenvolve. Muitas pessoas não são diagnosticadas com a doença pois os sintomas (quando presentes) são leves e parecidos com outras doenças, como gripe, doença de Lyne, febre Q, alterações hematológicas e caxumba. Em um surto ocorrido e confirmado em 35 pessoas associadas a um estábulo de equitação nos EUA, o diagnóstico de toxoplasmose foi omitido por 22 de 25 médicos. A transmissão pós-natal acontece pela ingestão de carne mal-passada, alimentos ou água contaminada com oocistos excretados por gatos, mas não foram encontrados experimentos que visem determinar qual causa mais gravidade da doença em humanos. Sendo que, os dados clínicos coletados na ocorrência de surtos podem fornecer informações úteis sobre o estágio infeccioso, período de incubação e espectro clínico. Mas existem vários casos documentados de toxoplasmose que ocorreram pela inoculação acidental de taquizoítos em laboratório. Em animais de laboratório, os experimentos demostraram que as infecções induzidas por oocistos causam doenças mais graves do que a ingestão de cistos teciduais ou bradizoítos. A ingestão de carne infectada por oocistos era o único modo de transmissão pós-natal conhecido de T. gondii até 1970. Desde então, muitos surtos de toxoplasmose clínica vêm sendo relatados. Dentre os anos de 1960 e 1980, foram relatados 34 surtos, sendo que 16 surtos estavam associados a carne infectada, 15 surtos por oocistos e 2 pelo consumo de vegetais contaminados. O autor do texto ressalta que esteve envolvido no estudo de muitos destes surtos e sugere que a gravidade da toxoplasmose e os sintomas provavelmente não estão relacionados ao estágio ingerido (oocistos versuscistos de tecido). A seguir apresenta uma pesquisa contendo os principais casos resumidos nas últimas 5 décadas, a fim de avaliar o impacto clínico, social e econômico dos surtos. Primeiramente, apresenta os surtos de toxoplasmose associados à ingestão de alimentos ou água contaminados com oocistos. Em 1977, em um estábulo nos arredores de Atlanta Geórgia/EUA, 35 de 37 clientes tiveram toxoplasmose clínica. Apenas 3 pacientes foram diagnosticados corretamente com os sintomas de toxoplasmose, sendo que 25 pacientes viram seus médicos independentemente. Pela primeira vez foram documentados uma grande extensão de espectro clínico de sintomas pela equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) que conduziu um extenso estudo de caso-controle. Três mulheres estavam grávidas e uma delas teve um aborto induzido porque estava no primeiro trimestre. Os 37 pacientes realizaram exame oftalmológico na época e não foram detectadas lesões oculares, porém 4 anos depois uma paciente apresentou doença ocular possuindo um alto título de anticorpos em ambos os testes de imunofluirescência IgG e IgM, indicando infecção aguda. A investigação sugeriu que a contaminação por ingestão de oocistos aerossolizados durante a atividade de equitação.
  • 3. om relação à patogenicidade dos isolados de T. gondii ,um isolado de um dos gatos e o isolado do feto humano foram altamente virulentos para camundongos Swiss Websternão consanguíneos; diluições dez vezes maiores de T. gondii ,estimadas em conterum taquizoíta, um bradizoíta e um oocisto, foram letais para os camundongos. Em outras palavras, todos os camundongos infectados morreram, independente da dose [ 17 ]. Essesresultados indicaram que animais assintomáticos podem abrigar T. gondii virulento de camundongo. Naquela época, não havia marcadores genéticos disponíveis e esses isolados não eram criopreservados. Os resultados também indicaram que o momento da amostragem é importante em uma investigação epidemiológica, pois resultados diferentes foram obtidos com as amostras 1 e 2.
  • 4. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB DISCIPLINA:Microbiologia Ambiental PROFESSOR:Juliane A. G. Goulart MESTRANDA:Daniele Büttenbender Borba Gehrke