Trabalho feito por Paola Grass sobre a fotografa Tina Owens. Pesquisa realizada para a disciplina de Fotografia Ambiental e Científica do Curso Superior de Tecnologia da Faculdade ULBRA.
1. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
CST em Fotografia
Resenha-técnica do livro
“A Cópia” – Ansel Adams
Paola Grass de Medeiros
Laboratório em Preto e Branco
Professor Fernando Pires
2014/2
2. Visualização e imagem expressiva
Ansel Adams no primeiro capítulo do livro “A Cópia” explica como o
processo de ampliação é flexível. Quando revelamos um negativo devemos ter
muito controle sobre o que estamos fazendo, pois só temos uma chance, já na
revelação da cópia, até chegarmos a “fine print” (cópia ideal), iremos produzir
quantas cópias quisermos. Tomamos o negativo como ponto de partida, mas
ao revelarmos uma cópia o que devemos fazer é revela-la como sentimos que
ela deve ser revelada, levando em conta o sentimento e sensações que
tivemos ao fazer a exposição. A “cópia ideal” é diferente para cada fotógrafo.
Ela só será ideal se o fotógrafo definir que ela é. Devemos prestar atenção às
formas, cores, contrastes e apurar nosso olhar, pois isso também influência na
realização de uma cópia.
Projeto do laboratório e equipamento
O fotógrafo irá projetar seu laboratório de acordo com as necessidades e
condições, tanto financeiras quanto físicas. Independente disso, algumas
orientações devem ser seguidas. O laboratório deve ser divido em dois: área
seca, onde ocorre a ampliação, cópia de contato e tudo que não deve ter
contato com químicos, e área molhada. Na área molhada, existe uma bancada
com uma pia, as bandejas com os químicos (revelador, interruptor e fixador),
uma bandeja com água e uma área de lavagem e armazenamento de cópias. É
indicado que o ampliador vertical esteja posicionado em frente ao revelador, na
área seca, por uma questão de praticidade e que o teto seja alto, para
proporcionar uma boa ventilação. Prateleiras ajudam na organização do
material de trabalho, tanto na área seca quanto na área molhada.
- Filmes, negativos e papéis devem ser guardados do lado de fora do
laboratório.
Sala de Trabalho
Na sala de trabalho encontraremos equipamento para secar cópias,
guilhotina, densitômetros e uma mesa com capacidade para acomodar o corte,
3. a montagem, o corte de moldura, retoques... Além disso, a sala deve possuir
um sistema elétrico adequado, ser bem iluminada e bem ventilada.
Ampliadores
Na hora de escolher o ampliador, o fotógrafo deve levar em conta as
suas necessidades e ter consciência de que ele é um dos seus equipamentos
mais importantes. As seguintes características devem ser analisadas:
Tamanho: deve-se escolher o ampliador adequado ao maior negativo
que o fotógrafo pretende revelar.
Capacidade: escolher um ampliador que tenha pelo menos uma gaveta
acima do negativo para colocar os filtros para cópia colorida é indicado para
aquelas fotógrafos que revelam ou pretendem revelar em cores.
Estrutura: o ampliador deve ser rígido e forte, pois qualquer batida pode
fazer com que ele se mova, tirando a nitidez da cópia.
Um ampliador possui o porta-negativo, que são duas peças metálicas
planas (limpas) com uma abertura do tamanho da imagem. É importante
também alinhar o ampliador para que ele fique posicionado corretamente.
Luz do ampliador
As luzes de tungstênio são mais comuns e servem para pequenos
negativos, porém, existem outras opções como lâmpadas de vapor de mercúrio
de luz fria. Existem dois tipos de luz do ampliador:
Ampliador de condensador: luz dirigida, pontual. Utiliza uma lâmpada
pequena, porém muito brilhante com lentes condensadoras especiais. A
imagem ampliada tem nitidez e contraste máximos e também revela os defeitos
físicos e os grãos do negativo.
Ampliador de difusão: luz fria. Proporciona uma luz difusa e suave.
Lentes de ampliação
4. A lente de ampliação não é a mesma que a lente da câmera. Ela deve
ter campo plano, ou seja, focar uniformemente um objeto plano (negativo) em
uma superfície plana (papel fotográfico). É importante que ela tenha correção
de cor e que não apresente aberrações significativas.
Luzes de Segurança
Encontram-se no mercado uma variedade de filtros para luzes de segurança,
como modelos de plástico até lâmpadas extremamente poderosas.
Independente do filtro, ele deve ser usado com uma lâmpada de 15W e
posicionado a pelo menos 1,5m do papel fotográfico. Uma lâmpada mais forte
do que a que foi recomendado causa velatura e pode danificar a própria luz de
segurança. É importante que as luzes de segurança estejam posicionadas em
locais estratégicos:
- perto do ampliador de maneira que sua sombra ou a sombra do ampliador
não seja projetada no marginador;
- próximo a pia;
- diretamente sobre o revelador, porém ligada a um interruptor próprio para que
possa ser desligada, evitando assim possíveis velaturas quando o tempo de
revelação for longo.
Outros equipamentos de ampliação e revelação da cópia
Marginador, focalizador de grão, timer, exposímetro para ampliadores,
bandejas, prensa de montagem a seco, guilhotina, densitômetro de reflexão,
processadores estabilizadores de papel, medidor de ph, escovas antiestáticas,
lanterna recoberta por um filtro de segurança, termômetro, provetas, garrafas,
luvas, jaleco, toalha, pinças e caderno.
Materiais para cópias
Assim como outros materiais, existe uma variedade de papéis fotográficos no
mercado, cabe ao fotógrafo escolher aquele que lhe agrada e que lhe
proporciona a cópia ideal.
5. Papéis fotográficos
DOP: developing-out-paper – papéis de revelação;
POP: printing-out-paper – papéis de impressão.
O papel considerado por Ansel Adams no livro “A Cópia” é o DOP.
Características dos papéis fotográficos
Os papéis fotográficos possuem uma emulsão de haleto de prata sobre um
suporte de papel branco. Os mais indicados são os de fibra pela sua qualidade
e os RC recebem uma camada de polietileno que evita que eles fiquem
encharcados pelos químicos, porém, essa camada tende a rachar e se
deteriorar com o tempo.
Camadas do papel de fibra:
- Base;
- Camada de barita pigmentada;
- haletos de prata em emulsão gelatinosa;
- cobertura gelatinosa.
Camadas do papel RC:
- resina;
- base;
- resina pigmentada;
- haletos de prata em emulsão gelatinosa;
- camada gelatinosa.
Superfície
- Imagens brilhantes são obtidas em papel de superfície lisa e polida que
alcança refletância acima de 1:100;
6. - Imagens opacas são obtidas em papel que possui menos brilho, alcançando
densidade de reflexão de cerca de 1:25.
Cor da Imagem
A cor da imagem é uma propriedade da combinação de emulsão com papel.
Não existe uma cor de base universal, ela varia de fabricante com fabricante.
Aqui cor não tem relação com imagens coloridas, mas sim a tons quentes e
frios.
Defeitos do papel
Até mesmo os melhores papéis fotográficos estão sujeitos a defeitos que
podem aparecer cedo ou tarde demais. Os defeitos são: depressões e
arranhões, cantos quebrados, ondulações, buracos, bolhas, superfície áspera,
defeitos de emulsão, linhas de abrasão, velatura.
Químicos
Devemos estar com todos os materiais limpos e em ordem, então, preparamos
as soluções químicas. Depois de prontas, iniciamos os banhos:
Revelador (DEKTOL): o revelador é um químico que merece muita atenção e
cuidado redobrado. Nele, os haletos de prata se transformam em prata preta
metálica e a imagem se torna visível. Tempo de banho: 1’30”.
Interruptor (ácido acético): interrompe a ação do revelador diminuindo o ph e
previne que manchas sejam causadas no fixador. Tempo de banho: 30”.
Fixador (tiosulfato de sódio): remove os haletos de prata que não foram
transformados em prata preta metálica e fixa a imagem no papel fotográfico.
Tempo de Banho: 5’
Alguns cuidados devem ser tomados durante o processo de ampliação:
- Agitar constantemente as bacias durante todos os banhos;
- Ao trocar o papel fotográfico de banho, deixar escorrer bem o químico dela e
nunca misturar as pinças;
7. - Lavar as mãos se elas entrarem em contato com algum dos químicos;
- A temperatura dos químicos deve estar o mais próximo dos 20 ºC.
Depois dos químicos, o papel fotográfico deve ir para a lavagem em água
corrente filtrada e depois para a secagem. A temperatura da água na lavagem
deve ser entre 18ºC e 22ºC, pois se a água estiver muito fria o banho se
torna ineficiente, se estiver muito quente a emulsão pode ser danificada.
Provas e cópias de trabalho: ampliação e revelação básicas
Avaliação do Negativo
O negativo é o ponto de partida para a elaboração de uma cópia, a partir dele
teremos uma ideia daquilo que desejamos como a cópia ideal. Começamos
analisando as sombras e depois as áreas de média e alta densidade.
Provas e cópias de contato
Como expor uma prova
O primeiro teste pode ser feito em um pequeno pedaço de papel, define-se o
tempo e dispara-se a luz. Quando for realizar a cópia, deve-se colocar o papel
fotográfico com a emulsão virada para cima e o negativo em cima, com a
emulsão virada para baixo.
Ampliação
Se limpa todo o ampliador, o marginador e o negativo escolhido. Coloca-se o
negativo no porta-negativo com a emulsão virada para baixo e faz-se o foco.
Certifica-se que a imagem está bem posicionada no papel fotográfico, desliga
as luzes brancas, liga as luzes de segurança e dispara a luz do ampliador.
Alguns problemas podem acontecer no ampliador, como a intensidade da luz
estar muito forte ou fraca, vibrações e reflexões.
Processamento da cópia de teste
8. Ocorre da mesma maneira que as outras, mesmo tempo, mesma forma de
agitar.
Avaliação da cópia de teste
Observa-se os tons, o contraste, a exposição, o posicionamento, tempo de
exposição, marcas de pó...
Provas
Até chegarmos à cópia ideal realizamos diversas provas. Primeiro fazemos
uma série de várias exposições, depois fazemos a segunda cópia teste com
exposição mais próxima daquilo que desejamos como resultado final e, se
necessário, fazemos a terceira para ajustar a exposição. Assim, pegamos um
papel fotográfico inteiro, realizamos a primeira prova direta e analisamos os
tons.
- Quando analisamos a cópia molhada, iremos ver uma imagem brilhosa,
porém, ao vermos seca, ela irá parecer “chapada”. Ansel Adams recomenda
fazer duas cópias e analisar uma molhada e a outra seca, comparando as
duas.
Cópia ideal: controle de tons
Cortes e bordas
As proporções originais e as bordas devem ser pensadas pelo fotógrafo antes
da cópia ser feita, já no ato de fotografar. Ansel Adams sugere que sejam feitas
provas simplesmente para experimentar o corte.
Escala de exposição e os graus de papel
É preciso descobrir um papel que produza uma prova razoável do negativo,
depois outras medidas para obter a cópia ideal devem ser tomadas. É indicado:
Negativo bem exposto – papel normal;
Negativos mais contrastados – papel suave;
Negativos com menos contrastes – papel mais duro.
9. O controle de contrastes de tons pode ser obtido com:
- Mudança de exposição
- Mudança no revelador
- Mudança no tempo de revelação
- Aumento e diminuição localizados de exposição
- Intensificação
Revelação Fatorial
A revelação fatorial serve para obter um controle sutil de uma área importante
da fotografia. A área de emergência deve ser de um cinza-médio ou um pouco
mais escuro.
Diminuição e aumento localizados de exposição
O método de diminuição (doding) e aumento (burning) serve para alterar a
exposição de uma área especifica da foto, sem alterar o geral. Para fazer, é
necessário pedaço de cartolina ou outros objetos.
Doding- bloqueamos a luz de áreas selecionadas.
Burning- bloqueamos a luz do resto da fotografia, deixando apenas a área
selecionada exposta.
Cópia Ideal (resumo)
Ao avaliar uma cópia, leva-se em conta:
- As altas-luzes estão nítidas e claras, de modo que transmite uma sensação
de substância e textura sem parecer insípidas e chapadas?
- Os tons das sombras são luminosos e pouco pesados?
- Há textura e substância na cópia seca em todas as áreas onde você desejava
que houvesse?
- A cópia transmite uma impressão de luz?
10. Arquivamento
Uma foto em preto-e-branco pode durar séculos quando é bem tratada e
armazenada, porém, não existe um método exato para o armazenamento de
fotografias e alguns problemas ainda não foram solucionados. Um dos fatores
que mais contribui para a deterioração de uma imagem está relacionado ao
fixador, pois quando a imagem não é fixada corretamente podem sobrar
vestígios de haletos de prata na emulsão, provocando descoloração.
Acabamento, montagem, conservação e exibição
Para definirmos essas questões, devemos levar em conta todo o processo de
revelação e ter mente que a maneira como armazenamos e manuseamos a
cópia influência na durabilidade da imagem.
- É importante rotular e identificar as fotografias
- A maneira de expor é importante. Estudar o local da exibição ajuda a tomar as
decisões corretas.
- Evite luz de janela. Ansel Adams indica luz natural + lâmpada de tungstênio.
Retoque e Raspagem
Existem duas formas de esconder pequenas manchas e sinais:
Retoque: utiliza-se corante ou pigmento para corrigir pintas brancas e linhas ou
na cópia ou no negativo.
Raspagem: usa-se uma lâmina de ponta levemente arredonda e bem afiada.
Arranha-se a superfície com suavidade, segurando a lamina
perpendicularmente à superfície da cópia. É um trabalho que exige paciência,
atenção e cuidado.
Nos capítulos seguintes, Ansel Adams explica sobre como fazer cópias
especiais (grandes tiragens, cópias muito grandes e cópias para reprodução) e
ensina sobre fórmulas químicas e teste de lavagem da cópia.