1. O documento discute os contornos da proposta de reforma administrativa do governo Bolsonaro e questiona os mitos liberais frequentemente usados para justificar tais reformas.
2. Entre os mitos discutidos estão a ideia de que o estado é muito grande e ineficiente, que os gastos com pessoal estão descontrolados, e que as reformas propostas necessariamente levarão a mais crescimento e emprego.
3. O documento defende que é necessário avaliar o tamanho do estado levando em conta o projeto de desenvolvimento e sociedade
O documento analisa o "choque de gestão" do governo de Minas Gerais entre 2003-2010. Discute que apesar do discurso oficial de equilíbrio fiscal, houve redução nos gastos sociais e perdas de direitos dos servidores, enquanto a receita cresceu mais que a inflação. Questiona se há realmente mérito no "déficit zero" anunciado pelo governo.
Proposta das Centrais Sindicais para a reforma da Previdência SocialMarcelo Bancalero
Este documento apresenta a proposta das centrais sindicais brasileiras para reformar o sistema previdenciário do país. A proposta contém nove medidas para melhorar a arrecadação e gestão do sistema, como revisar desonerações fiscais e criar um programa de refinanciamento de dívidas. As centrais sindicais acreditam que o orçamento da previdência é superavitário e que as propostas do governo não devem restringir direitos dos trabalhadores.
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
1) O documento analisa a situação econômica brasileira sob o governo Temer, criticando a agenda neoliberal implementada.
2) A PEC 55, que estabelece um teto para gastos públicos por 20 anos, é vista como forma de subordinar o orçamento federal ao pagamento da dívida pública e cortar gastos sociais.
3) A política econômica de Temer é criticada por se concentrar apenas nos cortes de gastos sem estimular o crescimento ou investimentos.
Não à política econômica recessiva do governo michel temerFernando Alcoforado
1) O governo Michel Temer propôs uma PEC que limita o aumento dos gastos públicos à inflação, congelando os investimentos em saúde e educação. Isso reduzirá esses investimentos em relação ao PIB ao longo do tempo.
2) A proposta desconsidera as grandes necessidades de investimento nessas áreas no Brasil. Cortar esses gastos não resolverá a crise fiscal, que resulta principalmente dos juros da dívida pública.
3) É preciso estimular a economia com investimentos maciços em infraestrut
O documento discute a importância da Previdência Social no Brasil e os riscos da proposta de reforma do governo Temer. A Previdência beneficia 90 milhões de pessoas e protege a maioria dos idosos contra a pobreza. No entanto, a reforma pode reduzir os benefícios e retirar direitos, em nome de cortar gastos, prejudicando os mais vulneráveis.
O documento resume a situação política e econômica do Brasil após o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apresenta uma análise da crise que levou ao impeachment e discute os desafios do governo Michel Temer para recuperar a economia e a estabilidade política em meio a fortes divisões sociais e investigações de corrupção.
MP e TC: Contribuições Institucionais para a Sustentabilidade PrevidenciáriaRicardo Souza
Este documento discute o papel do Ministério da Previdência Social e dos tribunais de contas no desenvolvimento dos Regimes Próprios de Previdência Social no Brasil. Apresenta brevemente as reformas previdenciárias desde 1998 e discute questões atuais como mudanças demográficas, o bônus demográfico e a postura do Ministério da Previdência sobre novas reformas. Defende uma ação articulada entre esses atores para contribuir com a sustentabilidade previdenciária.
Nota Técnica do Dieese sobre o substitutivo da reforma da previdênciaMiguel Rosario
2PEC 6/2019: o substitutivo do relator da Comissão Especial O deputado Samuel Moreira, relator do Proposta de Emenda Constitucional nº 6/2019, da reforma da Previdência e Assistência, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, apresentou relatório em 13 de junho de 2019. Junto ao relatório, propôs um texto substitutivo que, embora conserve pontos importantes, altera substancialmente partes da proposta original encaminhada pelo poder Executivo - a partir daqui denominada PEC original. Esta Nota sintetiza e comenta algumas questões centrais do substitutivo comparando-as tanto com o texto inicial e com as atuais regras previdenciárias.
O documento analisa o "choque de gestão" do governo de Minas Gerais entre 2003-2010. Discute que apesar do discurso oficial de equilíbrio fiscal, houve redução nos gastos sociais e perdas de direitos dos servidores, enquanto a receita cresceu mais que a inflação. Questiona se há realmente mérito no "déficit zero" anunciado pelo governo.
Proposta das Centrais Sindicais para a reforma da Previdência SocialMarcelo Bancalero
Este documento apresenta a proposta das centrais sindicais brasileiras para reformar o sistema previdenciário do país. A proposta contém nove medidas para melhorar a arrecadação e gestão do sistema, como revisar desonerações fiscais e criar um programa de refinanciamento de dívidas. As centrais sindicais acreditam que o orçamento da previdência é superavitário e que as propostas do governo não devem restringir direitos dos trabalhadores.
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
1) O documento analisa a situação econômica brasileira sob o governo Temer, criticando a agenda neoliberal implementada.
2) A PEC 55, que estabelece um teto para gastos públicos por 20 anos, é vista como forma de subordinar o orçamento federal ao pagamento da dívida pública e cortar gastos sociais.
3) A política econômica de Temer é criticada por se concentrar apenas nos cortes de gastos sem estimular o crescimento ou investimentos.
Não à política econômica recessiva do governo michel temerFernando Alcoforado
1) O governo Michel Temer propôs uma PEC que limita o aumento dos gastos públicos à inflação, congelando os investimentos em saúde e educação. Isso reduzirá esses investimentos em relação ao PIB ao longo do tempo.
2) A proposta desconsidera as grandes necessidades de investimento nessas áreas no Brasil. Cortar esses gastos não resolverá a crise fiscal, que resulta principalmente dos juros da dívida pública.
3) É preciso estimular a economia com investimentos maciços em infraestrut
O documento discute a importância da Previdência Social no Brasil e os riscos da proposta de reforma do governo Temer. A Previdência beneficia 90 milhões de pessoas e protege a maioria dos idosos contra a pobreza. No entanto, a reforma pode reduzir os benefícios e retirar direitos, em nome de cortar gastos, prejudicando os mais vulneráveis.
O documento resume a situação política e econômica do Brasil após o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apresenta uma análise da crise que levou ao impeachment e discute os desafios do governo Michel Temer para recuperar a economia e a estabilidade política em meio a fortes divisões sociais e investigações de corrupção.
MP e TC: Contribuições Institucionais para a Sustentabilidade PrevidenciáriaRicardo Souza
Este documento discute o papel do Ministério da Previdência Social e dos tribunais de contas no desenvolvimento dos Regimes Próprios de Previdência Social no Brasil. Apresenta brevemente as reformas previdenciárias desde 1998 e discute questões atuais como mudanças demográficas, o bônus demográfico e a postura do Ministério da Previdência sobre novas reformas. Defende uma ação articulada entre esses atores para contribuir com a sustentabilidade previdenciária.
Nota Técnica do Dieese sobre o substitutivo da reforma da previdênciaMiguel Rosario
2PEC 6/2019: o substitutivo do relator da Comissão Especial O deputado Samuel Moreira, relator do Proposta de Emenda Constitucional nº 6/2019, da reforma da Previdência e Assistência, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, apresentou relatório em 13 de junho de 2019. Junto ao relatório, propôs um texto substitutivo que, embora conserve pontos importantes, altera substancialmente partes da proposta original encaminhada pelo poder Executivo - a partir daqui denominada PEC original. Esta Nota sintetiza e comenta algumas questões centrais do substitutivo comparando-as tanto com o texto inicial e com as atuais regras previdenciárias.
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temerFernando Alcoforado
O documento discute os riscos da política de ajuste fiscal do governo Michel Temer para a economia brasileira. Ele argumenta que o governo deveria aumentar os gastos públicos para estimular o crescimento, em vez de congelar os gastos com saúde e educação como planejado. O ajuste fiscal agravará a recessão e não resolverá o problema da dívida pública, que se deve principalmente aos juros pagos aos bancos. Uma Assembleia Constituinte poderia promover reformas para retomar o crescimento e acabar com
1. O documento propõe simplificar as relações econômicas entre o governo e o setor privado no Brasil, através da reforma tributária, previdenciária e burocrática.
2. Na tributação, propõe fundir os atuais impostos indiretos em um único Imposto sobre Consumo de 12%, e fundir os impostos de renda em um único Imposto de Renda de 17%.
3. Na previdência, propõe manter os atuais beneficiários e criar uma renda básica para idosos financiada
1) O documento apresenta um resumo histórico das políticas públicas de emprego, trabalho e renda no Brasil desde a década de 1960.
2) As primeiras políticas surgiram nessa época para lidar com o crescimento populacional e urbano, mas eram incipientes e descoordenadas.
3) Programas como FGTS, PIS/Pasep e Sine foram criados nas décadas seguintes, mas tiveram pouco impacto devido à falta de financiamento e integração.
A publicação desse mês aborda a intervenção militar no Rio de Janeiro, a criação do Ministério da Segurança, a crise migratória em Roraima, as novas perspectivas de financiamento de campanha (tema caro para o ano de 2018, sem trocadilhos), além de uma contribuição sobre cenário político internacional, a situação sul africana.
Este documento resume um relatório que analisa os cálculos oficiais do governo brasileiro sobre os impactos da reforma da previdência. Os autores encontraram indícios de falsificação ou incompetência nos cálculos, que manipulam os dados para inflar os custos atuais e exagerar as economias da reforma. Ao recalcular corretamente segundo a legislação, eles mostram que as aposentadorias por tempo de contribuição na verdade geram superávit, e a reforma prejudicará principalmente os trabalhadores mais pobres, aumentando a desigualdade
Carta do Sindicontas-PE contra a reforma da Previdência para parlamentaresJornal do Commercio
Este documento analisa os cálculos oficiais do Ministério da Economia sobre a reforma da previdência e encontra indícios de falsificação ou incompetência. Os cálculos manipulam os dados para inflar o custo atual e exagerar as economias da reforma. Ao refazer os cálculos corretamente, demonstra-se que as regras atuais geram superávit e não déficit, e que a reforma na verdade prejudicará os trabalhadores mais pobres e aumentará a desigualdade.
Leia a íntegra do substitutivo da PEC 241/2016 aprovada pela comissão na CâmaraPortal NE10
A proposta de emenda à Constituição (PEC 241/16) limita, por 20 anos, os gastos federais ao orçamento do ano anterior corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A proposta de emenda constitucional institui um Novo Regime Fiscal para a União, com duração de 20 anos, que limita o crescimento da despesa primária total a apenas a variação da inflação, objetivando reverter o desequilíbrio fiscal e restaurar a sustentabilidade das contas públicas.
O relatório analisa a constitucionalidade da proposta de emenda à constituição que reforma o sistema de previdência social. A reforma é necessária para equilibrar as contas públicas e viabilizar outros direitos constitucionais, como saúde e educação, que hoje recebem menos recursos devido ao alto custo da previdência. A Câmara dos Deputados protegeu grupos vulneráveis na reforma, e o Senado deve seguir este caminho de justiça social.
1. O documento apresenta o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2018 do governo brasileiro.
2. O orçamento total proposto é de R$3,6 trilhões, divididos entre Orçamento Fiscal, Orçamento da Seguridade Social e Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.
3. O documento explica o processo orçamentário no Brasil, com elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento, e traz as principais projeções econômicas e a meta de resultado primário
1) O documento discute a precariedade do financiamento da saúde pública no Brasil, com atrasos nos repasses federais e risco de colapso do sistema em 2016.
2) Há um acúmulo crescente de restos a pagar da União em saúde, que somem a mais de R$12 bilhões, em desacordo com a lei.
3) É necessária uma ação judicial para impedir que os recursos destinados à saúde sejam contabilizados como superávit primário, agravando o subfinanciamento.
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
O documento analisa a situação econômica do Brasil em 2017. Aponta que a crise brasileira vai além de uma crise econômica conjuntural e que o modelo político do país não apresenta mais saídas aceitáveis. Discute as reformas neoliberais implementadas desde os anos 1990 e seus resultados negativos. Também analisa as reformas da Previdência e Trabalhista propostas pelo governo Temer e seus possíveis impactos negativos.
O documento analisa a situação econômica do Brasil no primeiro trimestre de 2016. Apesar de a queda do PIB ter sido menor do que o esperado, os indicadores sugerem que a economia continua em recessão. O desemprego continua crescendo e não há sinais de que o consumo ou investimentos possam se recuperar em breve. Além disso, as políticas econômicas do governo Temer parecem estar focadas em ajustes fiscais recessivos em vez de estimular o crescimento.
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
O documento discute a política econômica do novo governo brasileiro e as reformas estruturais propostas. Apesar das expectativas de mudança, as primeiras medidas indicam continuidade da política neoliberal anterior, com cortes orçamentários, aumento de impostos e juros. Isso contraria as promessas de campanha e pode aprofundar a crise econômica e social no país.
A incompetência gerencial do governo Michel Temer teve início com a adoção do Projeto de Emenda Constitucional (PEC 241) que estabeleceu o teto para o gasto público e aprofundou a recessão inaugurada durante o governo Dilma Rousseff colocando uma barreira na retomada do desenvolvimento do Brasil. Esta incompetência se manifesta, sobretudo, na falta de soluções para o déficit público que vem se acumulando e para o crescimento descontrolado da dívida pública, em grande medida resultante dos déficits público crescentes. A retomada do crescimento econômico só poderá ocorrer no Brasil desde que ao lado da redução do déficit público e da dívida pública interna, haja, também, uma redução drástica das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro nacional, não apenas da taxa Selic, mas também das taxas de juros praticadas pelos bancos que evidenciam a escorcha ou espoliação praticada pelo sistema financeiro brasileiro contra as empresas e as pessoas físicas.
1. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi inicialmente criticada pela oposição, mas se tornou uma unanimidade após a oposição assumir o governo federal em 2003.
2. O autor argumenta que o governo atual vê a responsabilidade fiscal apenas como a geração de superávit primário, sem levar em conta outros aspectos importantes da LRF.
3. A implantação da LRF desacelerou nos últimos anos, com menos orientação aos governos, atrasos na divulgação de informações e interrupção de iniciativas de modernização da gest
"Reforma da Previdência", para o Sindicato dos Bancários em 21 06 2016 e para...Deputado Paulo Rubem - PDT
1. O documento discute a relação entre o déficit da previdência e o déficit público no Brasil, argumentando que a visão contábil é limitada e não leva em conta outros fatores importantes como políticas econômicas e emprego.
2. Também argumenta que a previdência faz parte da seguridade social e que, apesar de desafios, o sistema tem apresentado balanço positivo quando se considera todos os fatores.
3. Defende que políticas econômicas contracíclicas, como promoção de emprego formal, são mais e
1. A economia brasileira desacelerou entre 2011-2014 após um período de crescimento, em parte devido à política fiscal pró-cíclica que priorizou desonerações ao setor privado em vez de investimentos públicos.
2. A adoção de medidas de austeridade a partir de 2015, como cortes em gastos e aumento de juros, agravou a crise em vez de resolvê-la, gerando aumento da dívida e déficit.
3. O novo regime fiscal proposto pelo governo Temer pretende congelar
1) O documento discute a importância da unidade no PT gaúcho para as eleições de 2010, após um processo democrático de debates internos.
2) Detalha a história eleitoral no Rio Grande desde 1994, quando começou uma polarização entre campo democrático-popular e neoliberal. Explica como a vitória do PT em 1998 representou um projeto de desenvolvimento alternativo, mas enfrentou dificuldades em consolidar sua hegemonia.
3) Analisa os motivos da derrota do PT nas eleições de 2002 e a importância
1) O documento descreve a crise política, econômica e social no Brasil e a resposta errática do governo federal.
2) O PSB critica as propostas conservadoras do governo e defende medidas para estimular o desenvolvimento através de investimentos e geração de empregos.
3) O partido decidiu lançar candidaturas próprias nas eleições municipais de 2016 e presidenciais de 2018 para defender suas propostas.
O documento discute a proposta de reforma administrativa do governo Bolsonaro. Ele afirma que: 1) A reforma não tem como objetivo melhorar os serviços públicos, mas sim enfraquecer o estado e abrir espaço para privatizações. 2) A reforma atinge todos os servidores públicos, e não apenas os novos, como é alegado. 3) A reforma reduz direitos como a estabilidade no emprego para a maioria dos servidores.
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temerFernando Alcoforado
O documento discute os riscos da política de ajuste fiscal do governo Michel Temer para a economia brasileira. Ele argumenta que o governo deveria aumentar os gastos públicos para estimular o crescimento, em vez de congelar os gastos com saúde e educação como planejado. O ajuste fiscal agravará a recessão e não resolverá o problema da dívida pública, que se deve principalmente aos juros pagos aos bancos. Uma Assembleia Constituinte poderia promover reformas para retomar o crescimento e acabar com
1. O documento propõe simplificar as relações econômicas entre o governo e o setor privado no Brasil, através da reforma tributária, previdenciária e burocrática.
2. Na tributação, propõe fundir os atuais impostos indiretos em um único Imposto sobre Consumo de 12%, e fundir os impostos de renda em um único Imposto de Renda de 17%.
3. Na previdência, propõe manter os atuais beneficiários e criar uma renda básica para idosos financiada
1) O documento apresenta um resumo histórico das políticas públicas de emprego, trabalho e renda no Brasil desde a década de 1960.
2) As primeiras políticas surgiram nessa época para lidar com o crescimento populacional e urbano, mas eram incipientes e descoordenadas.
3) Programas como FGTS, PIS/Pasep e Sine foram criados nas décadas seguintes, mas tiveram pouco impacto devido à falta de financiamento e integração.
A publicação desse mês aborda a intervenção militar no Rio de Janeiro, a criação do Ministério da Segurança, a crise migratória em Roraima, as novas perspectivas de financiamento de campanha (tema caro para o ano de 2018, sem trocadilhos), além de uma contribuição sobre cenário político internacional, a situação sul africana.
Este documento resume um relatório que analisa os cálculos oficiais do governo brasileiro sobre os impactos da reforma da previdência. Os autores encontraram indícios de falsificação ou incompetência nos cálculos, que manipulam os dados para inflar os custos atuais e exagerar as economias da reforma. Ao recalcular corretamente segundo a legislação, eles mostram que as aposentadorias por tempo de contribuição na verdade geram superávit, e a reforma prejudicará principalmente os trabalhadores mais pobres, aumentando a desigualdade
Carta do Sindicontas-PE contra a reforma da Previdência para parlamentaresJornal do Commercio
Este documento analisa os cálculos oficiais do Ministério da Economia sobre a reforma da previdência e encontra indícios de falsificação ou incompetência. Os cálculos manipulam os dados para inflar o custo atual e exagerar as economias da reforma. Ao refazer os cálculos corretamente, demonstra-se que as regras atuais geram superávit e não déficit, e que a reforma na verdade prejudicará os trabalhadores mais pobres e aumentará a desigualdade.
Leia a íntegra do substitutivo da PEC 241/2016 aprovada pela comissão na CâmaraPortal NE10
A proposta de emenda à Constituição (PEC 241/16) limita, por 20 anos, os gastos federais ao orçamento do ano anterior corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A proposta de emenda constitucional institui um Novo Regime Fiscal para a União, com duração de 20 anos, que limita o crescimento da despesa primária total a apenas a variação da inflação, objetivando reverter o desequilíbrio fiscal e restaurar a sustentabilidade das contas públicas.
O relatório analisa a constitucionalidade da proposta de emenda à constituição que reforma o sistema de previdência social. A reforma é necessária para equilibrar as contas públicas e viabilizar outros direitos constitucionais, como saúde e educação, que hoje recebem menos recursos devido ao alto custo da previdência. A Câmara dos Deputados protegeu grupos vulneráveis na reforma, e o Senado deve seguir este caminho de justiça social.
1. O documento apresenta o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2018 do governo brasileiro.
2. O orçamento total proposto é de R$3,6 trilhões, divididos entre Orçamento Fiscal, Orçamento da Seguridade Social e Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.
3. O documento explica o processo orçamentário no Brasil, com elaboração, aprovação, execução e controle do orçamento, e traz as principais projeções econômicas e a meta de resultado primário
1) O documento discute a precariedade do financiamento da saúde pública no Brasil, com atrasos nos repasses federais e risco de colapso do sistema em 2016.
2) Há um acúmulo crescente de restos a pagar da União em saúde, que somem a mais de R$12 bilhões, em desacordo com a lei.
3) É necessária uma ação judicial para impedir que os recursos destinados à saúde sejam contabilizados como superávit primário, agravando o subfinanciamento.
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
O documento analisa a situação econômica do Brasil em 2017. Aponta que a crise brasileira vai além de uma crise econômica conjuntural e que o modelo político do país não apresenta mais saídas aceitáveis. Discute as reformas neoliberais implementadas desde os anos 1990 e seus resultados negativos. Também analisa as reformas da Previdência e Trabalhista propostas pelo governo Temer e seus possíveis impactos negativos.
O documento analisa a situação econômica do Brasil no primeiro trimestre de 2016. Apesar de a queda do PIB ter sido menor do que o esperado, os indicadores sugerem que a economia continua em recessão. O desemprego continua crescendo e não há sinais de que o consumo ou investimentos possam se recuperar em breve. Além disso, as políticas econômicas do governo Temer parecem estar focadas em ajustes fiscais recessivos em vez de estimular o crescimento.
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
O documento discute a política econômica do novo governo brasileiro e as reformas estruturais propostas. Apesar das expectativas de mudança, as primeiras medidas indicam continuidade da política neoliberal anterior, com cortes orçamentários, aumento de impostos e juros. Isso contraria as promessas de campanha e pode aprofundar a crise econômica e social no país.
A incompetência gerencial do governo Michel Temer teve início com a adoção do Projeto de Emenda Constitucional (PEC 241) que estabeleceu o teto para o gasto público e aprofundou a recessão inaugurada durante o governo Dilma Rousseff colocando uma barreira na retomada do desenvolvimento do Brasil. Esta incompetência se manifesta, sobretudo, na falta de soluções para o déficit público que vem se acumulando e para o crescimento descontrolado da dívida pública, em grande medida resultante dos déficits público crescentes. A retomada do crescimento econômico só poderá ocorrer no Brasil desde que ao lado da redução do déficit público e da dívida pública interna, haja, também, uma redução drástica das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro nacional, não apenas da taxa Selic, mas também das taxas de juros praticadas pelos bancos que evidenciam a escorcha ou espoliação praticada pelo sistema financeiro brasileiro contra as empresas e as pessoas físicas.
1. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi inicialmente criticada pela oposição, mas se tornou uma unanimidade após a oposição assumir o governo federal em 2003.
2. O autor argumenta que o governo atual vê a responsabilidade fiscal apenas como a geração de superávit primário, sem levar em conta outros aspectos importantes da LRF.
3. A implantação da LRF desacelerou nos últimos anos, com menos orientação aos governos, atrasos na divulgação de informações e interrupção de iniciativas de modernização da gest
"Reforma da Previdência", para o Sindicato dos Bancários em 21 06 2016 e para...Deputado Paulo Rubem - PDT
1. O documento discute a relação entre o déficit da previdência e o déficit público no Brasil, argumentando que a visão contábil é limitada e não leva em conta outros fatores importantes como políticas econômicas e emprego.
2. Também argumenta que a previdência faz parte da seguridade social e que, apesar de desafios, o sistema tem apresentado balanço positivo quando se considera todos os fatores.
3. Defende que políticas econômicas contracíclicas, como promoção de emprego formal, são mais e
1. A economia brasileira desacelerou entre 2011-2014 após um período de crescimento, em parte devido à política fiscal pró-cíclica que priorizou desonerações ao setor privado em vez de investimentos públicos.
2. A adoção de medidas de austeridade a partir de 2015, como cortes em gastos e aumento de juros, agravou a crise em vez de resolvê-la, gerando aumento da dívida e déficit.
3. O novo regime fiscal proposto pelo governo Temer pretende congelar
1) O documento discute a importância da unidade no PT gaúcho para as eleições de 2010, após um processo democrático de debates internos.
2) Detalha a história eleitoral no Rio Grande desde 1994, quando começou uma polarização entre campo democrático-popular e neoliberal. Explica como a vitória do PT em 1998 representou um projeto de desenvolvimento alternativo, mas enfrentou dificuldades em consolidar sua hegemonia.
3) Analisa os motivos da derrota do PT nas eleições de 2002 e a importância
1) O documento descreve a crise política, econômica e social no Brasil e a resposta errática do governo federal.
2) O PSB critica as propostas conservadoras do governo e defende medidas para estimular o desenvolvimento através de investimentos e geração de empregos.
3) O partido decidiu lançar candidaturas próprias nas eleições municipais de 2016 e presidenciais de 2018 para defender suas propostas.
O documento discute a proposta de reforma administrativa do governo Bolsonaro. Ele afirma que: 1) A reforma não tem como objetivo melhorar os serviços públicos, mas sim enfraquecer o estado e abrir espaço para privatizações. 2) A reforma atinge todos os servidores públicos, e não apenas os novos, como é alegado. 3) A reforma reduz direitos como a estabilidade no emprego para a maioria dos servidores.
O documento analisa o "choque de gestão" implementado pelo governo de Minas Gerais entre 2003-2010. Afirma que o aumento de receita do Estado foi maior do que a inflação no período, mas que houve redução dos gastos sociais e da folha de pagamento, especialmente para servidores do Executivo. Também destaca as perdas de direitos sofridas pelos servidores durante o governo, como congelamento salarial e fim de benefícios.
Este documento analisa os impactos sociais da política de austeridade fiscal no Brasil após a aprovação da Emenda Constitucional 95 de 2016. Apresenta como a austeridade compromete gastos sociais essenciais como saúde, educação e previdência social, aumentando a desigualdade e violando direitos. Descreve como a política fiscal contracionista tem promovido o desmonte de políticas públicas e permitido maior influência privada no Estado, revertendo avanços nas áreas de saúde, educação, moradia, agricultura e outros setores
Este documento apresenta os principais argumentos contra a desconstrução dos direitos trabalhistas no Brasil. Primeiramente, discute o significado histórico dos direitos trabalhistas como condição de cidadania e como o direito do trabalho surgiu para regular as relações entre trabalhadores e empregadores. Em seguida, analisa os fundamentos político-ideológicos e econômicos utilizados para justificar a reforma trabalhista, apontando que experiências anteriores mostraram que esses argumentos não se sustentam. Por fim, ressalta
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS PROVISÓRIAS 664 E 665 DE 30 DE DEZEMBRO DE 2014
Janeiro de 2015
No dia 30 de dezembro de 2014, o Governo Federal anunciou duas Medidas
Provisórias (MPs) - 664 e 665 – que estipulam uma série de alterações nas regras do
Seguro-Desemprego, Abono Salarial, Seguro-Defeso, Pensão por Morte, Auxílio-Doença
e Auxílio-Reclusão e devem causar impactos consideráveis sobre a vida de milhões de
brasileiros. O anúncio gerou desconforto às Centrais Sindicais, que elaboraram nota
conjunta1 condenando as Medidas e reivindicando sua revogação. Além das
discordâncias em relação ao conteúdo das MPs, as Centrais declararam
descontentamento pela ação do governo contrária ao compromisso assumido em não
tocar em direitos trabalhistas, bem como desagrado por não terem sido acionadas para
discutir os interesses dos trabalhadores que legitimamente representam. Cabe salientar que o Governo Federal justifica a adoção dessas Medidas no
contexto de ajuste das contas públicas, como parte integrante do esforço fiscal para 2015
de alcançar um superávit primário (economia para pagar juros da dívida) de 1,2% do PIB
(Produto Interno Bruto), alegando que poderão gerar uma economia de gasto de R$ 18
bilhões. Deve-se registrar, no entanto, que as várias medidas de apoio e benefícios ao
setor empresarial adotadas pelo próprio Governo nos últimos anos - como a redução de
alíquotas de IPI e desonerações, entre outras - representaram cerca de R$ 200 bilhões2 a
título de renúncia fiscal, ou seja, de recursos que o Tesouro Nacional deixou de receber.
Não há como justificar, portanto, que o ajuste se inicie exatamente pela parcela mais
vulnerável da população. Outro argumento do Governo para a implantação das MPs em questão é que essas
contribuiriam para o combate a fraudes e distorções na utilização dos benefícios ora
alterados. As Centrais Sindicais, que historicamente têm atuado no combate ao mau uso
de recursos públicos, reconhecem a necessidade de mais transparência e maior controle
social em sua gestão, mas consideram um equívoco que a correção dessas distorções se
dê através de ações que penalizem os trabalhadores, restringindo ou retirando direitos
conquistados.
O Governo Federal tem reiterado que essas medidas não extinguem direitos
trabalhistas. Todavia, as novas regras para a utilização dos benefícios restringem seu
alcance, excluindo milhões de pessoas da possibilidade de acessá-los.
RAF –RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL • 11 DE MARÇO DE 2019 • N° 261Miguel Rosario
- Informações demográficas indicam forte redução na taxa de natalidade e aumento da expectativa de vida no Brasil, colocando desafios para o financiamento da Previdência devido ao maior tempo de recebimento de benefícios. Isso exige revisão nas regras para garantir o pagamento das aposentadorias futuras.
- A queda na população economicamente ativa dificulta o financiamento dos regimes previdenciários, que opera sob o sistema de repartição.
- Dados internacionais mostram que a maioria dos países adota
O governo Michel Temer aprofunda o modelo neoliberal no Brasil com suas políticas de ajuste fiscal para assegurar o superávit primário que beneficia o sistema financeiro estabelecendo o teto para o gasto público por 20 anos que significa o congelamento de gastos com educação, saúde, infraestrutura, etc. comprometendo o desenvolvimento do País, de reforma da previdência social que, na prática, vai fazer com que os trabalhadores paguem para ter uma aposentadoria que não usufruirá em vida, uma reforma trabalhista que contempla a flexibilização das leis trabalhistas que vai beneficiar os patrões em detrimento dos trabalhadores e, finalmente, a privatização das empresas estatais e do serviço público em geral. Tudo isto está sendo feito com base no falso argumento de que é preciso criar as condições necessárias para promover o desenvolvimento do Brasil.
Aula 27 a previdência social sob a mira dos fundos de pensão (economia bras...petecoslides
Este capítulo discute como as leis da previdência social brasileira foram alteradas após a Constituição de 1988, aproximando os sistemas previdenciários dos trabalhadores do setor privado e servidores públicos e ampliando o papel dos fundos de pensão. As emendas constitucionais 20, 41 e 47 reduziram direitos dos trabalhadores do setor privado. A "reforma" visava introduzir a previdência complementar, unificar os sistemas e reduzir os benefícios previdenciários.
O governo Michel Temer é desastroso porque em 1 ano não promoveu a retomada do desenvolvimento econômico e social combatendo a recessão e o desemprego, além de retirar direitos sociais da população com a aprovação da reforma trabalhista e a tentativa de aprovar a Reforma da Previdência Social a todo o custo para atender as exigências do Consenso de Washington. Além disso, há o agravante de montar um governo cujos integrantes, inclusive Michel Temer, serem acusados de corrupção.
Após a devastação econômica, social e político-institucional promovida pelos governos do PT de Lula e Dilma Rousseff, qualquer novo governo efetivamente comprometido com o progresso do Brasil, que venha a exercer o poder após o impeachment de Dilma Rousseff, só terá condições de exercer com efetividade a governabilidade se realizar políticas públicas que atendam os interesses da grande maioria da nação brasileira. É importante destacar que governabilidade expressa a possibilidade do governo de uma nação realizar políticas públicas resultantes da convergência entre as várias instâncias do Estado nacional entre si e deste com a Sociedade Civil. A primeira medida a ser adotada pelo novo governo consistiria em montar um gabinete de crise composto por pessoas da mais alta competência e do mais alto gabarito e respeitabilidade ética e moral para obter o respeito da nação e assegurar a governabilidade. Para obter a confiança da população e exercer a governabilidade, o futuro governo terá que adotar medidas urgentes que contribuam para sustar o colapso do sistema econômico e do sistema político-institucional do Brasil.
1) O documento discute medidas para reerguer o Brasil após o impeachment de Dilma Rousseff, incluindo reduzir gastos públicos, auditoria da dívida, e reformas para aumentar investimentos e consumo.
2) Também propõe reformas políticas radicais como nova constituição e fim do senado para combater a corrupção.
3) Defende que só essas medidas podem evitar o colapso econômico e político do país.
Dieese nota tec 211 substitutivo da PEC 6/2019Paulo Souza
1) O relator manteve a desconstitucionalização das regras previdenciárias proposta no texto original, remetendo a definição de parâmetros como idade mínima e tempo de contribuição para leis complementares.
2) Foi mantida a proposta de segregação contábil do orçamento da Seguridade Social, mas o relator não incluiu a previdência dos servidores públicos federais nesse orçamento.
3) O relator suprimiu a proposta de criação de um regime de capitalização individual, retirando a possibilidade de privatização parcial da Previdência
O documento discute o plano plurianual do governo e a importância de sua boa execução para alcançar objetivos sociais como redução da desigualdade e inclusão social. Também ressalta o papel do marketing na divulgação dos planos e metas governamentais e a necessidade de fortalecimento do sistema público de saúde no Brasil.
Este documento apresenta o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado brasileiro, elaborado em 1995. O plano defende uma reforma da administração pública para torná-la mais eficiente e gerencial, descentralizada e focada nos resultados. O objetivo final é fortalecer o Estado para melhor prestar serviços públicos essenciais e implementar políticas sociais, promovendo o desenvolvimento sustentado do país.
Este documento apresenta diretrizes para candidaturas municipais comprometidas com a promoção da qualidade de vida da população. As diretrizes cobrem temas como saúde, educação, mobilidade, habitação e meio ambiente, além de emprego, direitos trabalhistas e democracia. O objetivo é eleger governos que defendam serviços públicos universais e de qualidade, e que combatam as políticas neoliberais do atual governo federal.
Desde a crise externa no final da década de 1990, a economia brasileira adota um conjunto de
políticas econômicas. Dentre essas medidas estava a meta de superávit primário como o
principal objetivo da política fiscal, que é utilizado até hoje, mesmo com a entrada do Partido
dos Trabalhadores (PT), oposição e crítico destas medidas. Este artigo tem por objetivo
cotejar as finanças públicas e analisar política fiscal durante dez anos do governo do PT (2003
a 2012), contestando o instrumental meta de superávit primário. Para tanto, foram utilizados
os dados oficiais do governo e o impacto fiscal (IF) a partir do princípio da demanda efetiva.
Diante do estudo, chegou-se a conclusão de este instrumental tornou-se mais um dogma do
que um instrumento racional de política econômica e de que o instrumental do IF é condizente
com políticas econômicas que tem como meta o desemprego reduzido.
A PEC 241/2016, também conhecida como PEC do teto de gastos, estabelece um limite anual para as despesas dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), Ministério Público e Defensoria Pública da União. Segundo o texto, o teto será válido por vinte anos a partir de 2017 e consiste no valor gasto no ano anterior corrigido pela inflação acumulada nos últimos doze meses, medida pelo IPCA. Dessa forma, a proposta congela os gastos públicos em termos reais, permitindo apenas o aumento equivalent
O documento discute a eficácia, eficiência e efetividade na administração pública brasileira. Analisa como esses conceitos estão presentes no contexto da administração pública e nas ciências da administração e jurídica. Também descreve a evolução do modelo burocrático para o gerencial na administração pública brasileira e como a Emenda Constitucional no 19 incorporou o princípio da eficiência.
O documento discute as medidas do governo para implementar o Pacto de Agressão, que visa destruir o sistema público de segurança social em Portugal. Especificamente, o documento descreve como as medidas reduzem os direitos dos trabalhadores e a sustentabilidade futura do sistema, e argumenta que o verdadeiro objetivo é privatizar parcial ou totalmente o sistema de pensões.
Semelhante a Reforma Administrativa do Governo Federal - Contornos, mitos e alternativas (20)
Reforma Administrativa do Governo Federal - Contornos, mitos e alternativas
1.
2. FRENTE PARLAMENTAR MISTA EM DEFESA DO SERVIÇO PÚBLICO
Reforma Administrativa do Governo Federal: contornos, mitos
e alternativas. / Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço
Público - 1ª ed - Brasília: FONACATE, 2019.
1. Serviço Público. 2. Política. 3. Estado. 4. Economia.
3. SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS
COLABORADORES
ORGANIZADORES: Bráulio Santiago
Cerqueira e José Celso Cardoso Jr.
COLABORADORES: Cleandro
Krause, Emílio Chernavsky, Eugênio
Santos, Félix Lopez, Fernando
Gaiger, Jorge Abrahão de Castro,
José Carlos dos Santos, Otávio
Ventura, Wilnês Henrique.
As opiniões aqui emitidas são de
responsabilidade dos autores e
colaboradores.
EDITORIAL
PROJETO GRÁFICO,
DIAGRAMAÇÃO, GRÁFICOS
E TABELAS: Lucivam Queiroz e
Marcelo Rubartelly
AGRADECIMENTOS: Humberto
Leite e Matheus Dutra
5. SUMÁRIO
1 Introdução 7
Contornos da Reforma Administrativa
Bolsonaro
2 Mitos liberais sobre o Estado
brasileiro 13
mito 1 O Estado é muito grande e a
máquina pública está inchada 14
mito 2 As despesas com pessoal
da União são muito altas e estão
descontroladas 23
mito 3 O Estado é intrinsecamente
ineficiente 27
mito 4 A estabilidade do
funcionalismo é um privilégio e é
absoluta 33
mito 5 O dinheiro do governo acabou 37
mito 6 As reformas da previdência,
administrativa e microeconômicas vão
recuperar a confiança dos investidores
privados, o crescimento e o emprego 42
3 Bases para um serviço público de
qualidade 48
4 Diretrizes para uma Reforma
Administrativa republicana e
democrática 57
6.
7. E
stá em curso o anúncio e desdobramento da
chamada Reforma Administrativa. Seu contexto
mais amplo remete à crise econômica-fiscal-
política-institucional pela qual passa o país desde
2015 e às tentativas de respostas dos governos que
se sucederam orientadas por:
A redução do tamanho/papel do Estado na
economia e na proteção social; e
B compressão do gasto público.
No discurso oficial, a melhoria do ambiente de
negócios e o ajuste fiscal resgatariam a confiança
e o investimento privado, nacional e estrangeiro,
recolocando a economia brasileira na trilha da
eficiência, produtividade e crescimento.1
Insensível aos efeitos reais de tal estratégia, dentre
os quais a estagnação econômica, o desemprego
elevado, o aumento da pobreza e a volta do país ao
mapa da fome, além dos próprios resultados fiscais
1 Esta ideia do ajuste fiscal expansionista ecoa na cartilha Uma Ponte
para o Futuro do MDB elaborada em 2015 e no Programa de Gover-
no do PSL vencedor das eleições presidenciais de 2018. Para uma
reatualização da ideia em um contexto em que já surgem dúvidas
sobre a viabilidade do teto de gastos, Por que o governo deve cor-
tar gastos para o Brasil crescer, de Marcos Lisboa, Marcos Mendes e
Marcelo Gazzano, Folha de São Paulo, 08/09/2019.
INTRODUÇÃO
Contornos da Reforma
Administrativa Bolsonaro
1
8. que não melhoram, a política econômica hoje dobra
a aposta na agenda de venda/entrega do patrimônio
público e de contenção do gasto e do investimento
social. Tudo, inclusive estatais lucrativas, está ou
será posto à venda. Já o teto de gastos primários
constitucional (juros e dívida excluídos) implantado
em 2017 por 20 anos, que desestrutura a máquina
pública e impede os investimentos sociais de
acompanharem o crescimento da população e das
receitas, deverá ser mantido a qualquer custo por
meio da quebra do piso das despesas obrigatórias2
.
A Reforma da Previdência, PEC 6/2019, centrada
na postergação da aposentação e na redução de
benefícios, que no Regime Geral alcançam em média
R$ 1.280,003
, responde a esta lógica. Isoladamente
o maior item de despesa do Governo Federal, a
previdência pública, como outras políticas sociais
previstas na Constituição de 1988, “não cabe mais no
orçamento”, de acordo com o discurso conservador. O
governo atual, aliás, com a proposta de capitalização,
pretendia privatizar a Seguridade Social, no que
foi impedido pelo Congresso. O achatamento dos
benefícios, no entanto, passou na Câmara e no
Senado.
E agora a Reforma Administrativa. Depois do Regime
Geral de Previdência Social, o segundo maior item de
gasto primário do Governo Federal são as despesas
2 Para críticas recentes à visão oficial da política fiscal orientada pela
austeridade ver Por que cortar gastos não é a solução para o Bra-
sil ter crescimento vigoroso de Esther Dweck, Fernando Maccari
Lara, Guilherme Mello, Julia Braga e Pedro Rossi, Folha de São Pau-
lo, 14/09/2019, e O dinheiro não acabou nem irá acabar, mas a de-
mocracia corre riscos de Bráulio Santiago Cerqueira, Congresso em
Foco, 08/09/2019.
3 Boletins Estatísticos da Previdência Social, vários números.
9. com pessoal e encargos, que englobam salários de
civis e militares dos três Poderes, incluindo ativos,
aposentados e pensionistas. Como frear ou reduzir
o gasto com pessoal, em torno de R$ 300 bilhões
anuais4
, se atualmente vigora a estabilidade no
funcionalismo e a irredutibilidade salarial? Esta é a
questão central a orientar as propostas de Reforma
Administrativa desde o início da crise e, em particular,
nos governos Temer e Bolsonaro.
Uma primeira parte da resposta é encontrada na
própria Reforma da Previdência (PEC 6/2019) que
atinge duramente os servidores civis federais do
Regime Próprio (RPPS). Primeiro com a elevação da
contribuição previdenciária, que na margem, para
maiores remunerações, chega a 22% do salário. Depois
com regras de transição que, em alguns casos, amplia
em 10 vezes o tempo faltante para se aposentar.
Finalmente, com o rebaixamento dos benefícios dos
que ingressaram entre 2004 e 2013 no serviço público.
Somando-se tudo, as perdas na aposentadoria futura
irão variar entre 10% e 50%5
. O curioso é que, como
veremos adiante, as necessidades de financiamento
do RPPS Civil Federal já foram equacionadas no médio
prazo pela introdução da Previdência Complementar
em 2013. Enquanto isso, as reservas remuneradas e
pensões militares, pela proposta do governo, passarão
por ajuste brando, mais do que compensado pelos
benefícios advindos de nova estrutura remuneratória a
ser implantada6
.
Já os detalhes específicos da Reforma Administrativa
ainda não são conhecidos – o Executivo promete
4 Resultado do Tesouro Nacional, set 2019
5 A reforma da previdência e os servidores, FONACATE, 2019.
6 PL de reestruturação das Forças Armadas, Governo Federal, 2019.
10. o envio ao Congresso de um pacote de medidas
sobre o tema. No entanto, suas linhas mestras
foram explicitadas em uma série de entrevistas de
autoridades, artigos de opinião, documentos oficiais
e até mesmo por meio de publicações de órgãos
multilaterais propagadores das reformas para o
mercado7
. Quatro eixos podem ser delineados:
i reduzir despesas com o funcionalismo
civil, o que envolve: adiamento por tempo
indefinido de concursos; priorização de
formas de contratação via terceirização e
contratos temporários (Decreto 9.507/2018);
rebaixamento dos salários de entrada com
alinhamento em relação ao setor privado;
revisão das tabelas de progressão no sentido
se estendê-las no tempo e impedir que todos
os servidores cheguem ao topo remuneratório;
possibilidade de redução forçada de jornada
com diminuição proporcional de salários (PEC
438/2018);
ii flexibilizar a estabilidade: nova regulamentação
da demissão por insuficiência de desempenho
(PLS 116/2017);
iii enxugar radicalmente o número de carreiras:
reduzir o número de carreiras do Executivo das
cerca de 310 atuais para 20 ou 30; centralizar
a gestão do RH ampliando a disciplina sobre a
força de trabalho; facilitar a mobilidade entre
órgãos;
7 Ver, por exemplo: i. MPDG, Transição de Governo 2018-2019; ii.
A Reforma do RH do Governo Federal, de Ana Carla Abrão Costa,
Armínio Fraga e Carlos Ari Sundfeld, Série Panorama Brasil, Oliver
Wyman, 2018; iii. Ofício Circular 2/2019 SGDP/ME.; iv. Gestão de
pessoas e folha de pagamentos no setor público brasileiro: o que os
dados dizem, Banco Mundial, 2019.
11. iv obstaculizar a organização e a atuação
sindical: proibição do desconto em folha da
contribuição voluntária sindical e associativa
dos servidores (MP 873/2019, que não
prosperou no Congresso, mas que ensejou
a apresentação do PL 3.814/2019 no mesmo
sentido); exigência de compensação do
ponto em caso de ausência motivada por
atividade sindical (Instrução Normativa 2 SGP/
MPDG/2018).
A nova orientação do RH do serviço público, afirma-
se, visa incrementar a produtividade por meio de
estímulos individuais à concorrência no interior da
máquina, e ao mesmo tempo combater supostos
privilégios, tais como a estabilidade no emprego.
Na prática, a Reforma Administrativa é condicionada
pela ideologia do Estado mínimo e pelas políticas
de austeridade centradas nos cortes de despesa
que dificultam a retomada dos investimentos e do
crescimento, desprotegem quem mais precisa dos
serviços públicos de saúde, educação e assistência,
e desorganizam, ao invés de aperfeiçoar, a
administração governamental.
(Des)informada por mitos, a profecia liberal parece
se confirmar: Estado e servidores não cuidam do que
fazem ou fazem mal o que se propõem. Oculta-se,
assim, a contribuição das próprias reformas liberais e
da austeridade para a desestruturação das políticas
públicas por elas combatidas.
12.
13. A
s respostas governamentais à crise brasileira
bem como as linhas mestras da Reforma
Administrativa se apoiam, implícita ou
explicitamente, em visão distorcida do Estado
brasileiro, da máquina pública e dos servidores.
É imperioso, por conseguinte, apresentar ao conjunto
da sociedade – que é quem usufrui serviços públicos
e se beneficia ou sofre com as falhas de desenho,
implementação e avaliação das políticas públicas –
informações e dados qualificados sobre o tamanho,
funcionamento e produção da máquina pública.
Na sequência, tratamos dos mitos mais frequentes
sobre o setor público e a economia que, das mais
variadas formas, orientam a Reforma Administrativa
em curso, quais sejam:
•• o Estado é muito grande e a máquina pública
está inchada;
•• as despesas com pessoal na União são muito
altas e estão descontroladas;
•• o Regime Próprio de Previdência dos Servidores
(RPPS) federal é insustentável;
•• o Estado é intrinsecamente ineficiente;
•• a estabilidade do funcionalismo é um privilégio
e é absoluta;
•• o dinheiro do governo acabou;
•• as reformas da previdência, administrativa e
microeconômicas vão recuperar a confiança
dos investidores privados, o crescimento e o
emprego.
MITOS LIBERAIS
SOBRE O ESTADO
BRASILEIRO
2
14. MEDIR E AVALIAR O TAMANHO DO ESTADO
requer, antes de tudo, considerar o projeto de
desenvolvimento pretendido e a sociedade e o país
que se almeja construir. Afinal, o Estado é grande em
relação a quê?
No séc. XIX e princípios do século XX, o Brasil era
uma economia primário-exportadora voltada à
produção de poucos produtos agrícolas e minerais
para os países industrializados. A população
concentrava-se no campo e a chamada “questão
social” era tratada como caso de polícia na
República Velha. Nessas condições, a tributação
concentrava-se sobre importações, não chegando
a 10% do PIB, e o principal corpo burocrático
no interior do Estado dizia respeito ao Exército.
Educação, saúde, assistência e previdência públicas
não compunham a agenda de governo.
Ao longo do processo de industrialização no século
XX, a estrutura produtiva se diversificou, o país
se urbanizou e o papel do Estado na economia e
sociedade se complexificou, seja na coordenação
dos investimentos, na provisão de infraestrutura,
na regulação do trabalho etc. Com avanços e
retrocessos, à consolidação das leis do trabalho em
pleno Estado Novo nos anos 1940, seguiram-se o
restabelecimento dos direitos civis e políticos entre
1945 e 1964, novo fechamento do regime entre
1964 e 1985, e finalmente a redemocratização daí
em diante.
O Estado é muito
grande e a máquina
pública está inchada
MITO 1
15. Foi somente com a volta da democracia e com a
Constituição Federal de 1988 que se incorporou
explícita e tardiamente entre os direitos fundamentais
brasileiros o conjunto dos direitos sociais, na linha dos
direitos de segunda geração consolidados nos países
europeus, EUA e Japão no pós-II Guerra Mundial.
Tomando por referência estes países, grosso
modo o núcleo da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), e mesmo em
meio ao declínio das políticas do Estado de Bem-Estar
Social praticadas nas décadas anteriores, o Estado
brasileiro tributa e emprega menos do que a média
internacional:
A em 2015, a carga tributária bruta no Brasil,
três níveis de governo, chegou a 35,6% do PIB
contra 42,4% da média da OCDE;
B enquanto isso, os empregados no setor
público brasileiro, novamente nos três níveis
da federação, somaram 12,1% da população
ocupada contra uma média de 21,3% na OCDE.
16. // GRÁFICO 1: ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA COMO % PIB –
PAÍSES SELECIONADOS X BRASIL EM 2015
56,0
55,4
55,2
53,0
51,9
51,5
49,6
48,0
47,8
47,3
45,2
45,2
44,5
44,5
44,4
43,3
42,4
42,0
41,2
40,7
39,8
39,7
38,5
38,4
38,2
38,0
37,5
37,2
35,6
35,3
34,9
34,4
34,0
33,9
33,6
33,1
33,1
24,5
19,8
DINAMARCA
FINLÂNDIA
SUÉCIA
ÁUSTRIA
GRÉCIA
PRT
HOLANDA
LUXEMBURGO
MÉDIA DA OCDE
REPÚBLICA TCHECA
GRÃ-BRETANHA
ESTÔNIA
POLÔNIA
ESPANHA
BRASIL
IRLANDA
ÁUSTRIA
CHILE
CORÉIA DO SUL
INDONÉSIA
MÉDIADAOCDE
Fonte: OCDE / Elaboração própria
17. Fonte: OCDE / Elaboração própria
// GRÁFICO 2: EMPREGADOS NO SETOR PÚBLICO COMO %
TOTAL DA OCUPAÇÃO – PAÍSES SELECIONADOS X BRASIL
EM 2015
DINAMARCA
NORUEGA
REPÚBLICA TCHECA
LÁTVIA
SUÉCIA
ESLOVÁQUIA
HUNGRIA
ESTÔNIA
LUXEMBURGO
POLÔNIA
IRLANDA
GRÃ-BRETANHA
ESLOVÊNIA
GRÉCIA
UCRÂNIA
BÉLGICA
MÉDIA DA OCDE
CANADÁ
FRANÇA
AUSTRÁLIA
ITÁLIA
ESPANHA
PORTUGAL
ALEMANHA
TURQUIA
NOVA ZELÂNDIA
BRASIL
MÉXICO
CHILE
JAPÃO
CORÉIA DO SUL
34,9
34,6
34,0
31,2
28,1
27,2
26,8
26,1
23,1
25,2
24,7
23,5
22,9
22,6
21,7
21,5
21,3
20,4
19,8
18,4
17,3
17,1
16,4
15,4
12,9
12,4
12,1
11,8
10,7
7,9
7,6
MÉDIADAOCDE
18. Em estudos publicados desde o início dos anos
2000 no Brasil, vários deles pelo IPEA e listados na
Plataforma Atlas do Estado Brasileiro8
, uma gama
atualizada de informações sobre pessoal empregado,
remunerações, diferenças territoriais e de gênero,
despesa global de pessoal no setor público, etc. para
os três níveis federativos e para os três poderes da
República, vem destacando alguns fatos empíricos
relevantes, tais como:
i O movimento de recomposição de pessoal
no setor público brasileiro, observado
desde o início dos anos 2000, não foi
explosivo e se mostrou apenas suficiente
para repor o mesmo estoque e percentual
de servidores ativos existentes em meados
da década de 1990. Seja sobre a população
residente, população em idade ativa ou
sobre a população ocupada, o crescimento
do percentual de servidores dos três entes
até 2018 é leve. Na verdade, ocorreu um
crescimento mais que proporcional do
emprego no setor privado do que no setor
público. No caso dos servidores federais ativos,
o quantitativo total em 2018 (655 mil) é
inferior ao quantitativo observado em 1991.
8 http://www.ipea.gov.br/atlasestado/
21. ii Ao longo deste período de recomposição de
pessoal na primeira década do século, houve,
em particular no Governo Federal, reforço de
carreiras em áreas estratégicas, tais como:
ensino técnico-profissionalizante e superior,
advocacia pública, arrecadação e finanças,
controle administrativo, planejamento e
regulação.
iii Do ponto de vista qualitativo, as evidências
indicam que o movimento recente de
recomposição de pessoal no setor público deve
trazer melhorias gradativas ao desempenho
institucional, uma vez que os novos servidores:
a foram selecionados por concurso
público e mais para atividades-fim, que
exigem nível superior de escolarização,
indicando a possibilidade de maiores
impactos sobre a produtividade
agregada do setor público;
b são, em média, como a população
brasileira, mais escolarizados do que no
passado;
c foram contratados predominantemente
com vinculação estatutária em
detrimento do padrão celetista ou de
outras formas de contratação precária,
o que os coloca sob direitos e deveres
comuns e estáveis, podendo com isso
gerar maior coesão e homogeneidade
no interior da administração, aspecto
essencial para cooperação no trabalho e
desempenho satisfatório a longo prazo.
22. Fonte: Atlas do Estado Brasileiro, Ipea. Elaboração própria
// GRÁFICO 5: TOTAL DE SERVIDORES FEDERAIS ATIVOS,
POR AGRUPAMENTOS DE CARREIRA (2004-2017)
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Social
Infraestrutura,
Desenvolvimento
e Pesquisa
Apoio Técnico
e Administrativo
Sem Classificação
Economia, finanças
e gestão
Jurídico e Policial
Regulação Auditoria,
Fiscalização e Controle
23. É LUGAR COMUM REFERIR-SE AOS GASTOS COM
servidores como o segundo maior item isolado de
despesas da União. A constatação, no entanto, é
indevida e descontextualizada.
Indevida porque trata igualmente e de forma
aglutinada servidores civis, militares, ativos,
aposentados e pensionistas, cujos quantitativos e
remunerações respondem a lógicas e trajetórias
distintas no tempo.
Ainda indevida porque nem sempre se toma o cuidado
de esclarecer tratar-se do segundo maior item da
despesa primária, isto é, desconsiderando-se o volume
de juros da dívida pública. Em 2018, incluindo-se os
juros, as despesas com pessoal caem para terceiro lugar
entre as maiores do Governo Central: Benefícios do
RGPS, R$ 586 bilhões; Juros Nominais, R$ 310 bilhões; e
Pessoal e Encargos Sociais, R$ 298 bilhões9
.
A descontextualização reside na apresentação do
número sem qualquer parâmetro de referência.
“Gasta-se cerca de R$ 300 bilhões com pessoal e
isto é muito”. Novamente cabe a pergunta: muito em
relação ao quê? Ou muito em relação a quem?
9 Resultado do Tesouro Nacional, set 2019
As despesas com pessoal
da União são muito altas
e estão descontroladas
MITO 2
25. Observando-se a trajetória do gasto global com
pessoal na União, chega-se à conclusão de que,
em relação ao passado, o gasto atual, medido em
proporção do PIB, está próximo da média histórica
sem apresentar tendência alguma à explosão ou
descontrole. Em 2018 as despesas com pessoal e
encargos na União, incluindo-se civis, militares, ativos,
aposentados e pensionistas, somaram 4,4% do PIB,
o mesmo percentual verificado duas décadas atrás e
menor do que a cifra alcançada em 2000, 2001, 2002,
2003, ou 2009. Diante das perdas reais acumuladas nas
remunerações do funcionalismo entre 2010 e 2015 e de
um menor ritmo de contratação, o percentual da folha
em relação ao PIB caiu para 3,8% em 2014, voltando a
subir no período recente em razão:
a do desempenho sofrível do PIB entre
2015 e 2018; e
b da recomposição parcial de
remunerações entre 2016 e 2019.
Tampouco se deduz dos dados analisados que os
gastos com pessoal ativo da União tenham saído
do controle. Também aí, em termos de participação
no PIB, essa rubrica permaneceu praticamente
constante ao longo da primeira década de 2000, em
um contexto de retomada do crescimento econômico
e também da arrecadação tributária. Mesmo depois
de 2014, já em um cenário de estagnação econômica
e perda de receitas, não houve explosão de gastos
com ativos relativamente ao PIB ou à receita corrente
líquida.
27. OUTRO LUGAR COMUM NA DISCUSSÃO SOBRE O
Estado brasileiro diz respeito à eficiência de suas
políticas, normalmente apresentada como muito
baixa, ou seja, entrega-se pouco à população
enquanto se arrecada muito e se desperdiça com a
máquina: “temos uma carga tributária sueca para
entregar serviços públicos de terceiro mundo”.
A afirmação seduz, especialmente quando nos
deparamos com as carências nas prestações de
serviços públicos no país, mas peca pelo oportunismo
e falsidade.
Em primeiro lugar, como visto no gráfico 1, a carga
tributária brasileira é 15 p.p. do PIB menor que
a sueca. Em segundo lugar, a renda per capita
brasileira, por paridade de poder de compra, equivale
a 30% da renda per capita sueca10
. Isto significa que,
com uma carga tributária 40% maior que a brasileira
e num país 3 vezes mais rico, o Estado na Suécia
conta com 4,5 vezes mais recursos por habitante
que o Estado brasileiro. Além disso, também vimos
que a proporção de servidores públicos no total da
ocupação no Brasil é bem inferior à média da OCDE,
enquanto que em nível federal o gasto com pessoal,
incluindo aposentados e pensionistas, não é explosivo
muito menos excessivo em relação à média dos
últimos 20 anos.
10 FMI, World Economic Outlook Database, abr 2019
O Estado é
intrinsecamente
ineficiente
MITO 4
28. Os problemas não param por aí. A simples
transposição das métricas de eficiência empresarial
para o setor público desconsidera as diferenças
qualitativas entre funções de natureza pública, cuja
índole é sócio-política, das motivações privadas, cuja
razão última é o lucro. Assim, no Estado, mais do
que fazer da melhor forma possível, o que está em
disputa é o próprio sentido de sua atuação.
De todo modo, como visto, temos hoje menos
servidores civis ativos federais do que em 1991
(gráfico 4). Somando-se os militares, o contingente
de servidores federais na ativa chegou a 1.174.945 em
2018 contra 912.739 em 1988, quando a Constituição
foi promulgada, um avanço de 28% vis a vis 45% de
crescimento populacional no período11
. Enquanto isso,
desde então, foram ampliadas a cobertura e o acesso
da população a inúmeras políticas públicas de âmbito
federal.
Por exemplo: a previdência pública, que contava com
18,9 milhões de beneficiários em 2002, passou para
30,3 milhões em 2018; o BPC saltou de 2,3 milhões
para 4,6 milhões no período; os procedimentos
ambulatoriais do SUS chegaram a 3,8 bilhões em 2013
contra 1,8 bilhão em 2002; as matrículas na educação
profissional de nível médio saltaram de 279 mil em
2002 para 1,8 milhão em 2018, e assim por diante.
11 IBGE
29. // QUADRO 1: BENEFÍCIOS E SERVIÇOS SOCIAIS PÚBLICOS
OFERTADOS
ASSISTÊNCIA SOCIAL 2002 2013 2018
Famílias beneficiárias do Bolsa Família 3,6 milhões
2003
14,1 milhões 13,9 milhões
Beneficiários do BPC e RMV 2,3 milhões 4,2 milhões 4,6 milhões
PREVIDÊNCIA 2002 2013 2018
Beneficiários do RGPS 18,9 milhões 27,0 milhões 30,3 milhões
TRABALHO E RENDA 2002 2013 2018
Beneficiários do Seguro Desemprego 4,8 milhões 8,6 milhões 6,2 milhões
Beneficiários do Abono Salarial 6,5 milhões
21,4 milhões
2012
22,4 milhões
SAÚDE 2002 2013
Procedimentos Ambulatoriais 1,9 bilhões 3,8 bilhões
Atendimentos na Atenção Básica 868 milhões 1.200 milhões
Atendimentos na Atenção Especializada 146 milhões 447 milhões
EDUCAÇÃO 2002 2013 2018
PNLD - Livros Didáticos Adquiridos 96 milhões
2005
133 milhões 144 milhões
Matrículas na Educação
Profissional de Nível Médio
279.143 749.675 1.791.806
Matrículas no Ensino Superior 1,1 milhão 1,9 milhão 2012
Prouni - Bolsas Ocupadas 95.612 2005 177.284 329.180 2016
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO 2002 2013 2018
Contratos realizados no Pronaf 0,9 milhão 2,2 milhões 1,7 milhão
Fonte: Ministério da Economia, Relatório Anual de Avaliação do PPA, vários anos.
30. Para essa expansão da prestação de serviços públicos
contribuíram o incremento do uso de tecnologias
inovadoras (TICs), o aumento da arrecadação no
período, seguido de reforço do orçamento e melhoria
da execução físico-financeira, a presença crescente
de recursos humanos mais escolarizados e mais
concentrados em áreas finalísticas da ação estatal e o
aperfeiçoamento da participação e do controle social
das políticas.
Em paralelo, a expansão das redes de infraestrutura
logística, de energia e comunicação contou
com apoio estatal seja diretamente, seja via
modernização de marcos regulatórios, parcerias,
concessões e crédito público. Insuficientes para a
resolução dos gargalos da área, os investimentos
em infraestrutura ainda assim adquirem eloquência
neste século quando observamos o salto da
movimentação de passageiros nos aeroportos
brasileiros, de 71 milhões em 2002 para 215 milhões
em 2018; ou da movimentação de carga nos portos,
de 529 milhões de toneladas para 1,1 bilhão no
mesmo intervalo; ou da capacidade instalada de
geração de energia, que variou de 82 mil MW em
2002 para 127 mil em 2013; ou do número de
escolas públicas urbanas com acesso à banda larga,
de 21 mil em 2002 para 62 mil em 2013.
Dessa discussão não se depreende que fazer mais
com menos não seja importante – como vimos,
aliás, em várias áreas faz-se mais atualmente do que
no passado com a mesma quantidade de servidores
públicos. Não obstante, a crise atual das políticas
públicas, em sua essência, não é de eficiência, que
sempre deve ser buscada, mas remonta à crise
econômica-fiscal-política-institucional porque passa
a sociedade brasileira desde 2015
31. // QUADRO 2: UTILIZAÇÃO DA REDE DE INFRAESTRUTURA
TRANSPORTES 2002 2013 2018
Movimentação de passageiros
nos aeroportos
71,2 milhões
2003
193,1 milhões 215,2 milhões
Frota de veículos
39 milhões
2004
82 milhões 101 milhões
Movimentação de carga nos
portos e Terminais (ton)
529 milhões 931 milhões 1.121 milhões
Carga transportada em ferrovias (tu) 389 mil 2006 463 mil 570 mil
ENERGIA 2002 2013
Número de unidades consumidoras
52,8 milhões
2003
74,6 milhões
COMUNICAÇÕES 2002 2013
Telefones móveis ativos 35 milhões 271 milhões
Telefones fixos ativos
38,7 milhões
2006
44,3 milhões
Assinantes de TV 3,5 milhões 18,0 milhões
Domicílios com acesso à internet 13% 2005 40%
Fonte: Ministério da Economia, Relatório Anual de Avaliação do PPA, vários anos
32. // QUADRO 3: AMPLIAÇÃO DA REDE DE INFRAESTRUTURA.
TRANSPORTES 2002 2013 2018
Extensão da malha rodoviária pavimentada
(km)
156,4 mil 202,6 mil 213,452 2017
Extensão concedida (km) 11,96 mil 2008 15,4 mil 20,7 mil
Extensão da malha ferroviária (km) 28,8 mil 2004 29,6 mil 30,5 2015
ENERGIA 2002 2013
Capacidade instalada de geração (MW) 82,5 mil 126,7 mil
Extensão de linhas de transmissão (km) 72,5 mil 116,8 mil
Capacidade de transformação (MVA) 166,2 mil 278,3 mil
COMUNICAÇÕES 2002 2013
Escolas públicas urbanas com banda
larga
21,3 mil 2008 62,5 mil
Fonte: Ministério da Economia, Relatório Anual de Avaliação do PPA, vários anos
33. O REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
civis (RJU) consiste em um conjunto de regras de
direito público que trata dos meios de acessibilidade
aos cargos públicos, da investidura em cargo efetivo
e em comissão, das nomeações para funções de
confiança, dos deveres e direitos dos servidores,
da promoção e respectivos critérios, do sistema
remuneratório, das penalidades e sua aplicação, do
processo administrativo e da aposentadoria.
A estabilidade do servidor no cargo para o qual
ingressou via concurso público é um direito fixado
no arranjo jurídico brasileiro. Um direito, uma
prerrogativa que busca a preservação no tempo das
próprias funções de Estado e a proteção do servidor
contra o arbítrio político indevido. A estabilidade visa
antes de tudo o interesse público12
.
De toda forma, nos regramentos existentes do RJU
já estão previstas possibilidades de avaliação e de
monitoramento da atividade do agente público,
além da aplicação de um amplo rol de sanções
administrativo-disciplinares, que podem culminar
com a expulsão de servidores estatutários da
administração pública federal.
A Lei nº 8.112/1990 define em seu art. 3º o
termo “cargo público”: trata-se do conjunto
de atribuições e responsabilidades previstas na
12 Ver seção 3 deste documento.
A estabilidade do
funcionalismo é um
privilégio e é absoluta
MITO 5
34. estrutura organizacional a que está circunscrito e
que devem ser observadas pelo servidor. As penas
administrativas previstas na mesma Lei nº 8.112/1990
são as seguintes: advertência; suspensão; demissão;
cassação de aposentadoria ou de disponibilidade;
e destituição de cargo em comissão ou de função
comissionada.
Por meio do Cadastro de Expulsões da Administração
Federal (CEAF), a Controladoria Geral da União (CGU)
organiza e disponibiliza dados mantidos desde 2004
sobre os servidores civis do Poder Executivo Federal,
que são considerados “expulsos”, ou seja, punidos com
demissão, destituição ou cassação de aposentadoria.
Entre 2003 e 2019 (dados consolidados até o mês
de julho) foram contabilizadas 7.588 punições
expulsivas aplicadas a servidores estatutários do
Poder Executivo Federal, cerca de 500 ao ano. 66%
dessas expulsões deveram-se a atos relacionados a
corrupção; 24% por abandono de cargo, inassiduidade
ou acumulação ilícita de cargos; os demais 10%
dividiram-se entre desídia (3%), participação em
gerência ou administração de empresas (1%) e ainda
outras razões e motivos variados (6%).
35. Fonte: CGU/Cadastro de Expulsões da Administração Federal (CEAF) //
Base: total de expulsados 7.588
// GRÁFICO 10: PUNIÇÕES EXPULSIVAS APLICADAS A
ESTATUTÁRIOS NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FEDERAL ENTRE 2003 E JUN/2019 (%)
ato relacionado
a corrupção
abandono,
inassiduidade
ou acumulação
de cargos
proceder de
forma desidiosa
participação em
gerência, administração
ou sociedade privada
outros
1%
3%
66%
6%
24%
36. Ademais, a Administração Pública Federal reúne um
outro abrangente leque de legislações adicionais
e auxiliares para questões relacionadas à ética,
à conduta e ao conflito de interesses no âmbito
público, tais como:
•• Lei nº 8.429/1992 - Lei de Improbidade
Administrativa;
•• Decreto nº 1.171/1994 - Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal;
•• Código de Conduta da Alta Administração
Federal, de 18/08/2000;
•• Decreto n° 6.029/2007 - Sistema de Gestão da
Ética do Poder Executivo;
•• Lei nº 12.813/2013 - Lei de Conflito de
Interesses.
Em suma, uma coisa é aperfeiçoar instrumentos
existentes de avaliação, ética, conduta, desempenho,
o que sempre é e será bem-vindo; outra bem
diferente, e que deve ser evitada, é sob os mantras
do ajuste fiscal a qualquer preço e da produtividade
sujeitar o servidor à demissão por subjetividade das
chefias e arbítrio dos governantes.
37. AS POLÍTICAS DE AUSTERIDADE TRATAM AS
finanças públicas e o orçamento público como sendo
similares às finanças domésticas e ao orçamento
familiar, de modo que ambos, setor público e
cidadão, devem operar segundo o preceito de
orçamento sempre equilibrado ou superavitário. Se
não agirem assim, governo e famílias, em algum
momento “o dinheiro acaba”.
Considerar que o orçamento público funciona como
o doméstico é uma abordagem não só simplista
como também equivocada, ao não considerar que o
governo, diferentemente de famílias e empresas, pode,
por exemplo, incrementar/reduzir suas receitas por
meio de alterações nos tributos. Ademais, não leva
em conta que uma parte dos gastos públicos retorna
para o governo sob a forma de impostos, e que estes
mesmos gastos, pelo volume e qualidade, podem
agir favoravelmente sobre a atividade econômica de
modo a ampliar a própria base arrecadatória. Famílias
e empresas, por fim, ao contrário do governo, não
emitem moeda e nem títulos públicos, bem como não
controlam a taxa de juros sobre suas dívidas, como faz
o Banco Central.
O dinheiro do
governo acabou
MITO 6
38. A equiparação entre o setor público e o indivíduo
é, portanto, falaciosa, mas sua consequência é
apresentar como inescapáveis as políticas que se
pretende defender, que em verdade de inevitáveis
não possuem nada.
Como pode o dinheiro do governo ter acabado se o
Tesouro conta em caixa com cerca de R$ 1,2 trilhão de
reais? O Governo Central, por seu turno, que inclui o
Banco Central, além de mais de R$ 1 trilhão em caixa,
ainda possui mais de US$ 380 bilhões em reservas
internacionais, o equivalente a outros R$ 1,5 trilhão em
direitos a receber da maior economia do mundo, os
EUA, ou seja, o Governo Central brasileiro é credor do
governo norte-americano.
39. Fonte: BCB
// GRÁFICO 11: CONTA ÚNICA DO GOVERNO FEDERAL
(SALDO MÉDIO EM 12 MESES, EM R$ BILHÕES)2014
2015
2016
2017
2018
2019
549
1.201
870
1.010
40. É importante fixar: as restrições ao gasto no Brasil,
um país que emite sua própria moeda e cujo governo
é credor internacional, são auto-impostas pela
legislação que sempre se pode alterar, como no caso
da LDO, que fixa a meta de primário anualmente,
ou do teto constitucional de gastos que precisará
ser flexibilizado sob pena de deixarmos de pagar
aposentadorias e paralisarmos completamente
a máquina, ou da chamada “regra de ouro” que,
a propósito, já foi alterada em 2019 para que o
“dinheiro não acabasse” para o Bolsa Família,
benefícios aos idosos e outras despesas correntes.
41. Fonte: BCB
// GRÁFICO 12:RESERVAS INTERNACIONAIS (US$ BILHÕES)
400
350
300
250
200
150
DEZ
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
AGO
ABR
DEZ
AGO
ABR
DEZ
AGO
ABR
DEZ
AGO
ABR
DEZ
AGO
ABR
AGO
190
261
336
379
386
42. O dinheiro do governo, portanto, não acabou
nem acabará, mas as regras fiscais brasileiras
excessivamente rígidas o impedem de gastar num
momento em que a economia, depois de 5 anos
de crise, ainda não logrou recuperar o nível de
renda de 2014.
DESDE A ECLOSÃO DA CRISE EM 2015, AS
reformas da previdência e administrativa centradas
na redução de despesas vêm sendo consideradas
fundamentais, ao lado da implantação do teto de
gastos, para reduzir despesas públicas, aumentar a
confiança do mercado na solvência da dívida pública,
reduzir juros, estimular o investimento privado
e restaurar o crescimento. A reforma trabalhista
aprovada em 2017, as privatizações, a abertura do
pré-sal a investidores estrangeiros e outras iniciativas
market friendly melhorariam o ambiente de negócios
reforçando a retomada da produção, da renda e do
emprego.
As reformas da
previdência, administrativa
e microeconômicas vão
recuperar a confiança dos
investidores privados, o
crescimento e o emprego
MITO 7
43. A proposição de uma relação positiva entre
austeridade nas finanças públicas, confiança dos
investidores e crescimento econômico não é exclusiva
da experiência brasileira recente. Boa parte da Europa
na sequência da crise do euro no início da década
implementou reformas orientadas para o mercado e
políticas contracionistas. A diferença em relação ao
Brasil é que por lá a austeridade foi imposta de fora
para dentro, uma vez que na união monetária os
países abrem mão da gestão da moeda e da dívida
tornando-se dependentes de decisões do bloco.
Por aqui, onde temos moeda própria e reservas
internacionais em abundância, caminhamos por
decisão própria na direção dos cortes de direitos
sociais e de despesas.
Em verdade, cada vez mais vão se avolumando
opiniões e evidências contrárias à ideia de que cortes
de despesas públicas num contexto recessivo gerem
recuperação13
. Na teoria, questiona-se, cortes de
gastos públicos em momentos depressivos podem
muito bem aprofundar a crise ao prejudicarem o
emprego, a renda das famílias e a demanda das
empresas. E as estatísticas disponíveis (ver quadro
4) mostram que, em geral, os países que seguiram
o receituário da austeridade cresceram menos e/
ou saíram mais tardiamente das situações de crise.
Já na direção oposta, países que adotaram políticas
econômicas que combinaram virtuosamente o gasto
público (gastos correntes e investimentos) com
incentivos corretos, segurança jurídica e perspectiva
econômica positiva, conseguiram mobilizar
complementarmente os investimentos privados no
sentido do crescimento mais elevado e sustentável.
13 No Brasil, ver “Economia para poucos: impactos sociais da austeri-
dade e alternativas para o Brasil”, Pedro Rossi, Esther Dweck e Ana
Luíza Matos de Oliveira (org.), São Paulo: Autonomia Literária, 2018
44. Fonte: Alesina e Ardagna (2010), apud “Economia política da Austeridade”, Pedro
Rossi, Esther Dweck e Flávio Arantes, 2018: 23. Elaboração própria
// QUADRO 4: RELAÇÃO ENTRE AJUSTE FISCAL
(CONTRACIONISTA X EXPANSIONISTA) E CRESCIMENTO
ECONÔMICO APÓS AJUSTE
AUSTERIDADE
CRESCIMENTO
econômicoapósajuste
Política fiscal
contracionista
retração, esterilização
do gasto real
Política fiscal
expansionista
expansão, reorientação
do gasto real
Noruega 1983
Irlanda 1987
Noruega 1979
Finlândia 2000
Grécia 2005, 2006
Finlândia 1973
Irlanda 2000
Noruega 1980
Grécia 1976
Irlanda 1976, 1988, 1989
Espanha 1986, 1987
Portugal 1986, 1988, 1995
Finlândia 1996, 1998
N. Zelândia 1993, 1994, 2000
Holanda 1996
Noruega 1996
Suécia 2004
45. No Brasil, os resultados da austeridade e redução
de direitos praticados desde 2015 não são nada
auspiciosos. À semiestagnação da economia brasileira
em curso, soma-se o aumento da desigualdade da
renda por 17 trimestres consecutivos14
e a iminente
volta do país ao mapa global da fome.
Como se vê no gráfico 13, apesar do índice de
confiança empresarial ter crescido no Brasil desde
o afastamento da presidente Dilma Roussef, da
aprovação da EC 95/2016 referente ao teto de gastos,
da reforma trabalhista e da eleição de Jair Bolsonaro
à Presidência, o fato concreto é que os índices
de atividade econômica e da produção industrial
permanecem estagnados desde então.
14 Escalada da Desigualdade, FGV, ago. 2019
46. Fonte: ICE/FGV, IBC-Br e PIA/IBGE
// GRÁFICO 13: ÍNDICE DE CONFIANÇA EMPRESARIAL, ÍNDICE
DE ATIVIDADE ECONÔMICA E PRODUÇÃO INDUSTRIAL
(SÉRIES COM AJUSTE SAZONAL)
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
ELEIÇÃO PRESIDENTE
JAIR BOLSONARO
90
80
70
60
AFASTAMENTO
PRESIDENTE
DILMA ROUSSEF
APROVAÇÃO
EC TETO DE
GASTOS
APROVAÇÃO
REFORMA
TRABALHISTA
2016
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
ATIVIDADE
ECONÔMICA
PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
2017 2018 2019
CONFIANÇA
EMPRESARIAL
47.
48. A Reforma Administrativa do Governo Federal,
como visto nas partes 1 e 2 deste documento:
a centra-se fundamentalmente na redução
do tamanho do Estado e na compressão
do gasto público, daí derivando as medidas
de congelamento/redução da remuneração,
avaliação do desempenho individual para
demissão de servidores, redução radical
do número de carreiras e cerceamento da
atividade sindical no serviço público; e
b carece de compreensão sistêmica sobre
os condicionantes e determinantes do
desempenho estatal no campo das políticas
públicas.
Em linha oposta, é necessário um contraponto de
índole republicano e democrático, voltado tanto
para um serviço público de qualidade como ao
próprio desenvolvimento nacional em suas múltiplas
dimensões (geopolítica, econômica, social, ambiental
e institucional).
BASES PARA UM
SERVIÇO PÚBLICO
DE QUALIDADE
3
49. 3.1 PONTO DE PARTIDA: A PRIORIZAÇÃO DA
PROVISÃO DE BENS E SERVIÇOS PÚBLICOS DE
QUALIDADE À POPULAÇÃO E O CUIDADO COM
AS ATIVIDADES TÍPICAS DE ESTADO
DE QUE É COMPOSTO O ESTADO? O QUE EXPLICA
sua formação e composição em termos de recursos
humanos, físicos, tecnológicos, normativos etc.? O
que explica as mudanças nas formas de atuação e
nas próprias áreas de atuação dos Estados modernos?
O que deve fazer o Estado?
Essas e outras questões não possuem respostas
simples nem muito menos únicas. Em termos gerais,
seria possível dizer que o “tamanho” do Estado, em
cada momento histórico e lugar específico, responde
a uma somatória ampla e contraditória de processos
sociopolíticos simultâneos, destinados a alinhar (e/
ou capacitar) o Estado às (e/ou como agente indutor
de) mudanças geopolíticas, econômicas, sociais e
ambientais.
Tomando-se a república e a democracia
simultaneamente como pontos de partida e ideais a
serem perseguidos, as políticas públicas, a estrutura
burocrática estatal e o corpo de servidores devem
refletir o interesse público a serviço do bem comum.
Nesse registro, torna-se imprescindível a existência
de contingentes de trabalhadores inseridos em
atividades relacionadas à provisão de bens e serviços
públicos à população em áreas que são, por sua
própria natureza, intensivas em pessoas, tais como:
saúde, educação, assistência social, segurança pública,
transporte público, dentre outras.
Além disso, a conformação de capacidades
estatais orientadas pelo interesse público requer a
consideração cuidadosa das áreas indelegáveis de
atuação do governo, ou seja, das atividades típicas de
Estado relacionadas ao desempenho das seguintes
funções discriminadas no quadro abaixo:
50. // QUADRO 5: FUNÇÕES TÍPICAS DO ESTADO
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
DOS ESTADOS NACIONAIS
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
DAS ECONOMIAS DE MERCADO
Monopólio da representação externa Soberania do território nacional
Monopólio do uso da violência Garantia da propriedade privada
Monopólio da formulação e
implementação das leis
Confiança na validade e
cumprimento dos contratos
Monopólio da emissão (poder de
senhoriagem) e gestão da moeda
Estabilidade do valor real e do
poder de compra da moeda
Monopólio da tributação
Regulação do conflito distributivo
e garantia de previsibilidade e
rentabilidade para o cálculo empresarial
Fonte: Elaboração própria
51. 3.2 FUNDAMENTOS DA OCUPAÇÃO NO SETOR
PÚBLICO
Tanto na Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) quanto na Constituição Federal Brasileira
(1988), o direito ao trabalho digno aparece como
elemento central e estruturante da sociedade. Neste
sentido, ao falarmos do emprego público, estamos
na realidade falando de parcela significativa de
postos de trabalho criados por decisão e demanda
da sociedade e do Estado com vistas tanto à gestão
dos monopólios estatais quanto à oferta de bens e
serviços públicos à população.
Historicamente, o emprego público nos Estados
Modernos, em oposição aos Estados absolutistas e
totalitários, apresenta quatro fundamentos presentes
em maior ou menor medida nos Estados Nacionais
contemporâneos, a saber:
1 estabilidade na ocupação, conquistada por
critérios impessoais e meritocráticos para a
proteção contra arbitrariedades cometidas pelo
Estado-empregador;
2 remuneração adequada e previsível ao longo
do ciclo laboral;
3 qualificação elevada e capacitação permanente
no âmbito das funções precípuas dos
respectivos cargos e organizações; e
4 cooperação interpessoal e intra/inter
organizacional como critério de atuação
e método primordial de trabalho no setor
público.
52. O reforço destes fundamentos deve constituir as
bases de uma Reforma Administrativa republicana e
democrática.
A estabilidade na ocupação remonta a uma
época na qual os Estados nacionais, ainda
em formação, precisaram, para sua própria
existência e perpetuação, transitar da situação
de recrutamento mercenário e esporádico para
uma situação de recrutamento, remuneração,
capacitação e cooperação impessoal/profissional.
Assim, o corpo funcional foi deixando de estar
submetido exclusivamente às ordens feudais e reais
para assumir, crescentemente, funções estatais
permanentes e previsíveis.
Na direção inversa, como visto, a Reforma
Administrativa do Governo Federal propõe a
flexibilidade quantitativa como norma geral, por
meio da possibilidade de contratações e demissões
rápidas e fáceis no setor público, inserindo os
princípios da rotatividade e da insegurança não
apenas junto aos servidores que pessoalmente
apostaram no emprego público como estratégia e
trajetória de realização profissional, mas sobretudo,
considerando-se também a política permanente de
austeridade, insegurança na própria sociedade (e no
mercado) quanto à provisão futura de bens e serviços
públicos necessários à sua manutenção e reprodução.
Permanência e previsibilidade, portanto, são duas
características fundamentais das políticas públicas e
da própria razão de existência e legitimação política
do Estado, algo que se beneficia da prática da
estabilidade e da proteção do corpo funcional estatal.
53. // QUADRO 6: REFORMA ADMINISTRATIVA REPUBLICANA E
DEMOCRÁTICA X REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO
FEDERAL
REFORMA REPUBLICANA E
DEMOCRÁTICA REFORMA DO GOVERNO FEDERAL
Estabilidade funcional e proteção
contra arbitrariedades.
Flexibilidade quantitativa por meio da
expansão das possibilidades de
demissão.
Remuneração adequada e previsível
ao longo do ciclo laboral.
Flexibilização remuneratória e redução
das despesas com funcionalismo.
Qualificação elevada e capacitação
permanente atrelada à progressão e
interesse público.
Responsabilização individual pela
capacitação e pela progressão funcional.
Cooperação interpessoal e intra/inter
organizacional como fundamento do
processo de trabalho no setor público.
Promoção da competição interpessoal
e da concorrência intra/inter
organizacional.
Liberdade de organização e
autonomia de atuação sindical
Obstaculização da organização
e da atuação sindical
Fonte: Elaboração própria.
54. Além dos fatores históricos mencionados, outra razão
para a estabilidade relativa dos servidores reside na
preocupação em se evitar o comando tirânico e o
patrimonialismo na administração em detrimento do
interesse público. Ou seja, a estabilidade funcional
dos servidores está atrelada à distinção entre público
e privado e à separação do administrador do político.
No caso brasileiro, a Constituição Federal de 1988
promoveu significativo avanço com o ingresso
exclusivo via concurso no serviço público, estabilidade
funcional, garantia de pluralidade de formações,
vocações e de preferências ideológicas dentro do
Estado, bem como proteção plena do exercício de
funções movidas pelo interesse público universal e sob
controle tanto estatal-burocrático (Lei nº 8.112/1990
e controles interno e externo) como controle social
direto por meio da Lei de Acesso a Informações (LAI),
entre outros mecanismos. À sociedade e à democracia
seguramente não interessam a fragilização desse
arcabouço.
As demais linhas mestras de uma reforma centrada
na republicanização e democratização do Estado
derivam das considerações anteriores.
A remuneração adequada e previsível no tempo é
condição de segurança financeira e emocional dos
servidores, fatores necessários a qualquer pessoa
inserida em uma relação de trabalho que apenas
existe e se realiza em função do Estado, em favor da
coletividade e em caráter permanente. Remuneração
adequada e previsível também para dificultar ao
máximo qualquer tipo de assédio moral, captura
externa, tentativa de extorsão ou outro tipo de
corrupção.
55. Por seu turno, a qualificação elevada desde o início da
carreira e o processo contínuo de capacitação pessoal
e organizacional se impõem no serviço público,
devido tanto à amplitude dos temas abarcados pelas
políticas públicas, como à sua complexidade em
contextos onde heterogeneidade e mudanças são
as normas. Ambas as exigências colocam grandes
desafios às políticas públicas de pessoal e sugerem
atrelamento de fases e tratamento orgânico dos
novos servidores desde a seleção por concurso,
passando por trilhas de capacitação e alocação
funcional que combinem as vocações e interesses
individuais com as exigências organizacionais de
profissionalização da função pública, além do
estabelecimento de critérios objetivos de avaliação e
desempenho tanto dos servidores quanto das chefias
e dos órgãos e repartições. A complexidade da gestão
de pessoal no serviço público, portanto, não se presta
ao simplismo da proposta governamental de reforma
do RH centrada na oferta de incentivos individuais,
induzindo o servidor a um processo de especialização
descontextualizado e a uma concorrência nefasta à
cooperação e ao interesse público.
Por fim, a cooperação interpessoal e intra/
inter organizacional emerge como corolário dos
fundamentos anteriores, colocando-se – ao invés da
competição – como critério substancial de atuação
da administração pública e método primordial
de gestão do trabalho no setor público. No setor
privado, a competição, disfarçada de cooperação,
é incentivada por meio de penalidades e estímulos
individuais pecuniários (mas não só) no ambiente
de trabalho, em função da facilidade relativa com
a qual se pode individualizar o cálculo privado da
produtividade, dos custos e ganhos monetários
por trabalhador. No setor público, ao contrário, a
operação de individualização das entregas (bens
e serviços) voltadas direta e indiretamente para
a coletividade é tarefa metodologicamente difícil,
ao mesmo tempo controversa, pelo fato de que a
função-objetivo do setor público não é gerar lucro,
mas sim valor social, cidadania e bem-estar para o
conjunto da população. Por esta e outras razões, a
cooperação (ao invés da competição) é que precisa
ser incentivada e valorizada no setor público.
56.
57. D
iante do exposto, e visando alargar o horizonte
de discussões e de proposições sobre o tema,
indicamos abaixo algumas diretrizes gerais para
uma Reforma Administrativa de índole republicana e
democrática, voltada para um serviço público efetivo
e de qualidade, condição sine qua non para o próprio
desenvolvimento nacional, soberano, includente e
sustentável.
•• Medidas para conferir mais e melhor
transparência dos processos decisórios
intragovernamentais e nas relações entre
entes estatais e privados, bem como sobre
resultados intermediários e finais dos atos
de governo e das políticas públicas de modo
geral. Este é um dos principais campos de
atuação republicana contra a visão moralista e
punitivista de combate à corrupção no país.
•• Medidas para democratização da gestão
pública: reforço dos princípios e mecanismos
ligados ao mérito, à transparência, à
autonomia, à mobilidade e à responsabilidade,
tanto em nível individual como organizacional.
•• Medidas para aperfeiçoamento cotidiano
da gestão pública: instauração e difusão de
novas tecnologias de informação, gestão
e comunicação intra e inter pessoais e
organizacionais no âmbito do setor público
e em suas relações com o mercado e a
sociedade.
DIRETRIZES PARA UMA
REFORMAADMINISTRATIVA
REPUBLICANA E
DEMOCRÁTICA
4
58. •• Medidas para estimular mais participação
social e melhor controle público sobre os
poderes da União (Executivo, Legislativo,
Judiciário) e Ministério Público, nos três níveis
da federação. O empoderamento social no
âmbito de conselhos e outras instâncias de
compartilhamento de poder no âmbito dos
três poderes constitucionais (e Ministério
Público) é condição fundamental para o
reequilíbrio de poder e valorização da esfera
pública no país.
•• Medidas de recuperação e ativação das
capacidades estatais de planejamento
governamental e de coordenação estratégica
dos investimentos e demais decisões das
empresas estatais. Neste particular, é preciso
compatibilizar a sustentabilidade empresarial
de longo prazo com a função social pública das
estatais, já que a eficiência microeconômica de
curto prazo não pode estar acima da eficácia
macroeconômica e da efetividade social no
médio e longo prazos.
•• Medidas de profissionalização e valorização da
ocupação no (e do) serviço público, tais que
uma verdadeira política de recursos humanos
para o setor público brasileiro – que leve em
consideração de modo articulado e orgânico
as etapas de seleção, capacitação, alocação,
remuneração, progressão e aposentação –
esteja ancorada e inspirada pelos valores e
princípios da república, da democracia e do
desenvolvimento nacional.
Uma refundação democrática do Estado deve ancorar
a Administração Pública em novas bases, assentadas
no aprofundamento permanente da soberania
popular, na defesa diuturna da vontade geral da
população, no combate sem tréguas às desigualdades
de toda ordem e na busca incessante pela formação
de uma opinião pública livre e plural.