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* Há, no Brasil, uma grande confusão entre os termos Indústria e Setor. Nos textos que apresento, estes podem ser,
grosso modo, tomados como sinônimos.
Reflexão Estratégica (1)
A qualidade das Estratégias é o primeiro ponto a ser considerado para que
tenhamos sucesso ao executá-las. A bem–sucedida Reflexão Estratégica
conduz à elaboração de Estratégias consistentes e realmente capazes de
conduzir as organizações a seus objetivos.
Segundo Michael Porter, em seu livro Vantagem Competitiva, “A estratégia
competitiva é a busca de uma posição competitiva favorável...” “... visa a
estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que
determinam a concorrência na indústria.”, neste sentido, os objetivos das
estratégias competitivas das diversas organizações orientadas ao mercado
serão, em regra, similares, restando ao desenho das estratégias o papel de
distinção entre as empresas.
O primeiro movimento é a delimitação da Indústria*, arena fundamental onde
ocorre a concorrência. Porter, de maneira superficial em Estratégia
Competitiva, apresenta a definição de indústria como “grupo de empresas
fabricantes de produtos que são substitutos bastante aproximados entre si.” e,
em seguida, acrescenta que “na prática, há, com frequência, um alto grau de
controvérsias com relação à definição [de indústria] apropriada”. O essencial é
não transformarmos esse primeiro passo em uma interminável discussão
acadêmica, pois seu valor está em mover o raciocínio do campo abstrato e
subjetivo para o real. Como resultado deste passo, teremos definido nosso
campo de análise estratégica como, por exemplo, a Indústria do Turismo na
região Norte de Minas ou a Indústria da Alimentação Fora do Lar na região
Metropolitana de Belo Horizonte.
Em seguida, a Reflexão Estratégica demanda a análise cuidadosa dos
componentes do Macroambiente. Acrescento dois itens à descrição feita por
Hunger e Wheelen em Gestão Estratégica – princípios e práticas, perfazendo,
assim, o acróstico PASTEL, cujas letras representam os elementos de análise
Política; Ambiental; Social; Tecnológica; Econômica e Legal. Fica clara, agora,
a necessidade de inicialmente delimitar da indústria, haja vista que os temas
ambientais, por exemplo, concernentes ao Setor de Comércio serão diferentes
dos da Produção Agrícola e que a legislação (normas e regulamentos) da
Indústria Farmacêutica, por sua complexidade, irão requerer muito mais
atenção que a da Indústria do Vestuário.
A Análise PASTEL deve considerar não apenas o momento atual, mas
também, e principalmente, suas tendências, pois as Estratégias Competitivas
orientarão a empresa para o melhor posicionamento no futuro. Essa parte irá
abastecer a Gestão de Riscos Estratégicos, que cuidarei em outra
oportunidade.
Cabe, novamente, destacar a importância da delimitação inicial da Indústria
que será objeto de análise. Ao buscarmos informações e opiniões
especializadas sobre o Macroambiente, as principais fontes estão organizadas
como pesquisas setoriais, com dados brutos disponíveis em entidades oficiais,
como o IBGE, ou informações produzidas e apresentadas por representantes
dos setores, como sindicatos. Assim, a delimitação inicial da Indústria refina o
olhar analítico sobre os elementos que compõem o Macroambiente e favorece
a coleta e análise de dados e informações.
Em seguida, outra “camada” deverá ser analisada: a das Forças que
determinam a Intensidade da Concorrência na Indústria. Porter as enumera
como:
1. Poder de negociação dos Compradores;
2. Rivalidade entre as Empresas existentes;
3. Poder de negociação dos Fornecedores;
4. Ameaça de Novos Entrantes; e
5. Ameaça de Produtos Substitutos.
Porter afirma que “a chave para o desenvolvimento de uma estratégia é
pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de cada força.” e
apresenta 35 fontes possíveis que determinam a intensidade das cinco forças
listadas acima.
Em meu próximo texto, irei sumarizar as fontes que determinam a intensidade
das forças competitivas e aprofundarei as reflexões sobre aquelas que
considero serem as duas principais forças: o Poder de negociação dos
Compradores e a Rivalidade entre as Empresas existentes.

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  • 2. A Análise PASTEL deve considerar não apenas o momento atual, mas também, e principalmente, suas tendências, pois as Estratégias Competitivas orientarão a empresa para o melhor posicionamento no futuro. Essa parte irá abastecer a Gestão de Riscos Estratégicos, que cuidarei em outra oportunidade. Cabe, novamente, destacar a importância da delimitação inicial da Indústria que será objeto de análise. Ao buscarmos informações e opiniões especializadas sobre o Macroambiente, as principais fontes estão organizadas como pesquisas setoriais, com dados brutos disponíveis em entidades oficiais, como o IBGE, ou informações produzidas e apresentadas por representantes dos setores, como sindicatos. Assim, a delimitação inicial da Indústria refina o olhar analítico sobre os elementos que compõem o Macroambiente e favorece a coleta e análise de dados e informações. Em seguida, outra “camada” deverá ser analisada: a das Forças que determinam a Intensidade da Concorrência na Indústria. Porter as enumera como: 1. Poder de negociação dos Compradores; 2. Rivalidade entre as Empresas existentes; 3. Poder de negociação dos Fornecedores; 4. Ameaça de Novos Entrantes; e 5. Ameaça de Produtos Substitutos. Porter afirma que “a chave para o desenvolvimento de uma estratégia é pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes de cada força.” e apresenta 35 fontes possíveis que determinam a intensidade das cinco forças listadas acima. Em meu próximo texto, irei sumarizar as fontes que determinam a intensidade das forças competitivas e aprofundarei as reflexões sobre aquelas que considero serem as duas principais forças: o Poder de negociação dos Compradores e a Rivalidade entre as Empresas existentes.