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Noções básicas
• Farmacocinética:
–Processo biológico que leva a alterações –
no decorrer do tempo – na concentração
das drogas nos fluidos cerebrais e tecidos
corporais.
• Variáveis:
– Tempo para alcançar a concentração efetiva
– Duração do tempo em que essa concentração é
mantida
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Noções básicas
• Farmacodinâmica:
– Efeitos fisiológicos e bioquímicos das drogas:
• Efeitos específicos de cada droga
• Mecanismos de ação
• Relação entre concentração e efeitos
• Meia vida: o tempo necessário para a concentração
de uma droga diminuir pela metade. Isso é
importante para se definirem os intervalos de
administração.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Noções básicas
• Fatores que afetam a disponibilidade de uma droga:
– Absorção: 1a. passagem pelo fígado.
– Distribuição: líquidos; sistema cardiovascular, membros,
equilíbrio ácido-base, proporção.
– Metabolismo: a maioria das drogas é lipossolúvel,
condição necessária para absorção, distribuição e
disponibilidade nos receptores.
– Excreção: devem ser metabolizadas até que se tornem
hidrofílicas, pois o rim é o órgão mais importante na
tarefa de excretar as drogas.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Noções básicas
• Particularidades de alguns psicofármacos:
– Neurolépticos: eliminação dependente do fígado.
– ADT: metabolização extensa no fígado (por isso,
em crianças, as doses devem ser
proporcionalmente maiores do que em adultos).
– Psicoestimulantes (metilfenidato): meia vida
curta – doses plasmáticas menores quando o
intervalo for menor do que 4 horas.
– Benzodiazepínicos: meia vida maior em adultos.
– Lítio - íon hidrófilo: eliminação via renal.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Noções básicas
• Crianças e adolescentes requerem doses por
quilo maiores que adultos para alcançarem
níveis plasmáticos e efeitos terapêuticos
comparáveis.
• Entretanto, de acordo com a idade, há
diferenças na distribuição corporal das drogas
(alterações hormonais da adolescência, por
exemplo).
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Princípios gerais
1. O ideal científico da farmacoterapia é
“sempre usar o medicamento como
decorrente de um plano racional de
tratamento, em função de um dado
diagnóstico, após avaliação adequada.
2. De acordo com este ideal, o tratamento
deveria ser etiológico, o que nos coloca de
frente com a grande questão da Psiquiatria:
quais as causas últimas de grande parte das
doenças psiquiátricas?
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Princípios gerais
3. Às vezes, drogas semelhantes agem em doenças
diferentes:
• Os sintomas são semelhantes
• Os neurotransmissores são mais ou menos os mesmos
• A localização dos eventos cerebrais pode ser próxima
• As vias de transmissão confluem parcialmente
4. Muitas vezes, as mesmas drogas podem provocar
efeitos diferentes por mecanismos diferentes em
diferentes patologias. Ex.: imipramina, indicada
para depressão, enurese, TDAH, TOC.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Princípios gerais
5. Algumas drogas podem ser utilizadas para
sintomas-alvo em outras patologias, tais
como o Lítio:
– Mania (transtorno bipolar)
– Auto-agressividade em Transtorno de Conduta,
Retardo Mental e Transtorno Autístico.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Princípios para escolha da medicação:
1. Diagnóstico correto: o que nem sempre se
consegue, seja por imperícia, seja por semelhança
de sintomatologia, seja por critérios diagnósticos
pouco consistentes.
2. Sintomas-alvo: muitas vezes os sintomas são a
principal justificativa para uso da medicação, pois
interferem na vida do paciente, na sua relação
com o mundo e no seu desenvolvimento. Verificar
se os benefícios justificam os riscos.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Princípios para escolha da medicação:
3. Outras vezes, o fármaco está indicado em função
do diagnóstico e dos sintomas ao mesmo tempo
(ex.: antipsicóticos para Esquizofrenia e, ao
mesmo tempo, para alguns de seus sintomas:
alucinações, distúrbios do pensamento, etc).
4. Entretanto, deve-se ter cuidado em medicar
sintomas comuns a transtornos totalmente
diferentes (ex.: agitação em TDAH # agitação em
ansiedade.)
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Cuidados especiais ao medicar crianças e
adolescentes:
1. Fatores fisiológicos: crianças e adolescentes geralmente
necessitam de dosagens proporcionalmente maiores, em
comparação com adultos, para alcançarem níveis
sanguíneos e eficácia terapêutica:
– Metabolismo hepático mais rápido
– Velocidade de filtração glomerular mais rápida
– Alterações da famarcodinâmica dependentes da
idade:
– Hipótese: nível elevado dos hormônios sexuais.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Cuidados especiais ao medicar crianças e
adolescentes:
É necessário levar em conta os fatores cognitivos, psicológicos e
as experiências de vida de cada paciente:
– Avaliação psiquiátrica deve ser acurada, mas depende
da maturação neuro-psicológica do paciente. Muitas
informações dependem da capacidade do sujeito.
– Crianças menores ou adolescentes deprimidos, por
exemplo, têm dificuldade para referir-se a noções de
tempo, para descrever o humor basal ou a severidade
dos próprios sintomas. (Podemos recorrer a artifícios
como: imagens, referências a datas festivas,
acontecimentos marcantes da vida, etc.).
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Pré-requisitos para iniciar uma
psicofarmacoterapia
1. Avaliação psiquiátrica completa e, muitas vezes, avaliação
neuro-psicológica (testes).
2. Exames:
– Físico: temperatura, pressão arterial, freqüência
cardíaca e respiratória, peso, altura, teste de gravidez
em adolescentes que poderiam estar grávidas (alguns
medicamentos são contra-indicados ou oferecem risco
durante a gestação).
– Laboratoriais: hemograma, rotina de urina, dosagem de
eletrólitos, função hepática (dependendo da substância
a ser prescrita).
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Pré-requisitos para iniciar uma
psicofarmacoterapia
3. Exames especiais:
– Função tireoidiana: a função anormal da tireóide pode
agravar arritmias cardíacas causadas pelos ADT’s. O
Lítio pode causar hipotireoidismo com baixa de T3 e T4 e
aumento da recaptação do I131.
– Função renal: por exemplo, quando medicar com Lítio.
– ECG: antes de ADT e Lítio
– EEG: antes de ADT e Lítio, principalmente em pacientes
com história prévia de crises convulsivas e que estejam
em uso de anticonvulsivantes, bem como pacientes
submetidos a neurocirurgia ou que sofreram
traumatismo craniano.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Pré-requisitos para iniciar uma
psicofarmacoterapia
4. Conhecimento do comportamento habitual
(basal) da criança. Anamnese cuidadosa.
5. Discussão do tratamento com os pais ou
responsáveis, bem como com o paciente,
respeitando seus limites (idade, capacidade
cognitiva, etc.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Orientações sobre “plano de tratamento”
• Discutir com pais e crianças:
– Qual o medicamento e seus efeitos benéficos
– Quais os efeitos colaterais mais comuns
– Qual a duração do tratamento
– Obter consentimento informado
– Fazer boa aliança com o paciente e com o responsável
pela administração do medicamento
– Instruir sobre cuidados no manuseio e estocagem (p.ex.:
cuidados com pacientes em risco de suicídio)
– Relativizar a importância dos aspectos biológicos,
salientando as causalidades psicológicas, as
interferências do ambiente e dos relacionamentos.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Problemas de adesão ao tratamento na clínica
com crianças e adolescentes
1. Adesão mais complexa que nos adultos
2. Cuidar para que o remédio seja administrado
corretamente (os benefícios dependem da continuidade)
3. Considerar a possibilidade de resistência por parte dos
pais (muitas vezes, estes levam o filho à consulta por
pressão de parentes e professores)
4. Avaliar a interferência de fatores financeiros na aquisição
de medicamentos
5. Considerar os medos dos pacientes e suas fantasias de que
“se tomam remédios isso configura que são loucos”
6. Prevenir efeitos adversos (ex.: impregnação, náuseas, etc.)
7. Fornecer explicações compreensíveis sobre mecanismo de
ação, efeitos esperados, tempo de utilização, etc.
Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
Explicando a medicação para crianças e
adolescentes
• Respeitar a idade mental e capacidade de compreensão do
paciente
• Dar oportunidade ao paciente de participar ativamente do
próprio tratamento: responsabilização
• Reforçar as tendências à autonomia (adolescentes)
• Prever possíveis efeitos colaterais e garantir a pronta
intervenção (p.ex.: impregnação neuroléptica)
• Orientar sobre atividades a serem evitadas (dirigir veículos,
usar bebidas alcoólicas) e quais são liberadas (tomar
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Psicofármacos em Crianças e Adolescentes

  • 1. Noções básicas • Farmacocinética: –Processo biológico que leva a alterações – no decorrer do tempo – na concentração das drogas nos fluidos cerebrais e tecidos corporais. • Variáveis: – Tempo para alcançar a concentração efetiva – Duração do tempo em que essa concentração é mantida Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 2. Noções básicas • Farmacodinâmica: – Efeitos fisiológicos e bioquímicos das drogas: • Efeitos específicos de cada droga • Mecanismos de ação • Relação entre concentração e efeitos • Meia vida: o tempo necessário para a concentração de uma droga diminuir pela metade. Isso é importante para se definirem os intervalos de administração. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 3. Noções básicas • Fatores que afetam a disponibilidade de uma droga: – Absorção: 1a. passagem pelo fígado. – Distribuição: líquidos; sistema cardiovascular, membros, equilíbrio ácido-base, proporção. – Metabolismo: a maioria das drogas é lipossolúvel, condição necessária para absorção, distribuição e disponibilidade nos receptores. – Excreção: devem ser metabolizadas até que se tornem hidrofílicas, pois o rim é o órgão mais importante na tarefa de excretar as drogas. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 4. Noções básicas • Particularidades de alguns psicofármacos: – Neurolépticos: eliminação dependente do fígado. – ADT: metabolização extensa no fígado (por isso, em crianças, as doses devem ser proporcionalmente maiores do que em adultos). – Psicoestimulantes (metilfenidato): meia vida curta – doses plasmáticas menores quando o intervalo for menor do que 4 horas. – Benzodiazepínicos: meia vida maior em adultos. – Lítio - íon hidrófilo: eliminação via renal. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 5. Noções básicas • Crianças e adolescentes requerem doses por quilo maiores que adultos para alcançarem níveis plasmáticos e efeitos terapêuticos comparáveis. • Entretanto, de acordo com a idade, há diferenças na distribuição corporal das drogas (alterações hormonais da adolescência, por exemplo). Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 6. Princípios gerais 1. O ideal científico da farmacoterapia é “sempre usar o medicamento como decorrente de um plano racional de tratamento, em função de um dado diagnóstico, após avaliação adequada. 2. De acordo com este ideal, o tratamento deveria ser etiológico, o que nos coloca de frente com a grande questão da Psiquiatria: quais as causas últimas de grande parte das doenças psiquiátricas? Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 7. Princípios gerais 3. Às vezes, drogas semelhantes agem em doenças diferentes: • Os sintomas são semelhantes • Os neurotransmissores são mais ou menos os mesmos • A localização dos eventos cerebrais pode ser próxima • As vias de transmissão confluem parcialmente 4. Muitas vezes, as mesmas drogas podem provocar efeitos diferentes por mecanismos diferentes em diferentes patologias. Ex.: imipramina, indicada para depressão, enurese, TDAH, TOC. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 8. Princípios gerais 5. Algumas drogas podem ser utilizadas para sintomas-alvo em outras patologias, tais como o Lítio: – Mania (transtorno bipolar) – Auto-agressividade em Transtorno de Conduta, Retardo Mental e Transtorno Autístico. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 9. Princípios para escolha da medicação: 1. Diagnóstico correto: o que nem sempre se consegue, seja por imperícia, seja por semelhança de sintomatologia, seja por critérios diagnósticos pouco consistentes. 2. Sintomas-alvo: muitas vezes os sintomas são a principal justificativa para uso da medicação, pois interferem na vida do paciente, na sua relação com o mundo e no seu desenvolvimento. Verificar se os benefícios justificam os riscos. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 10. Princípios para escolha da medicação: 3. Outras vezes, o fármaco está indicado em função do diagnóstico e dos sintomas ao mesmo tempo (ex.: antipsicóticos para Esquizofrenia e, ao mesmo tempo, para alguns de seus sintomas: alucinações, distúrbios do pensamento, etc). 4. Entretanto, deve-se ter cuidado em medicar sintomas comuns a transtornos totalmente diferentes (ex.: agitação em TDAH # agitação em ansiedade.) Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 11. Cuidados especiais ao medicar crianças e adolescentes: 1. Fatores fisiológicos: crianças e adolescentes geralmente necessitam de dosagens proporcionalmente maiores, em comparação com adultos, para alcançarem níveis sanguíneos e eficácia terapêutica: – Metabolismo hepático mais rápido – Velocidade de filtração glomerular mais rápida – Alterações da famarcodinâmica dependentes da idade: – Hipótese: nível elevado dos hormônios sexuais. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 12. Cuidados especiais ao medicar crianças e adolescentes: É necessário levar em conta os fatores cognitivos, psicológicos e as experiências de vida de cada paciente: – Avaliação psiquiátrica deve ser acurada, mas depende da maturação neuro-psicológica do paciente. Muitas informações dependem da capacidade do sujeito. – Crianças menores ou adolescentes deprimidos, por exemplo, têm dificuldade para referir-se a noções de tempo, para descrever o humor basal ou a severidade dos próprios sintomas. (Podemos recorrer a artifícios como: imagens, referências a datas festivas, acontecimentos marcantes da vida, etc.). Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 13. Pré-requisitos para iniciar uma psicofarmacoterapia 1. Avaliação psiquiátrica completa e, muitas vezes, avaliação neuro-psicológica (testes). 2. Exames: – Físico: temperatura, pressão arterial, freqüência cardíaca e respiratória, peso, altura, teste de gravidez em adolescentes que poderiam estar grávidas (alguns medicamentos são contra-indicados ou oferecem risco durante a gestação). – Laboratoriais: hemograma, rotina de urina, dosagem de eletrólitos, função hepática (dependendo da substância a ser prescrita). Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 14. Pré-requisitos para iniciar uma psicofarmacoterapia 3. Exames especiais: – Função tireoidiana: a função anormal da tireóide pode agravar arritmias cardíacas causadas pelos ADT’s. O Lítio pode causar hipotireoidismo com baixa de T3 e T4 e aumento da recaptação do I131. – Função renal: por exemplo, quando medicar com Lítio. – ECG: antes de ADT e Lítio – EEG: antes de ADT e Lítio, principalmente em pacientes com história prévia de crises convulsivas e que estejam em uso de anticonvulsivantes, bem como pacientes submetidos a neurocirurgia ou que sofreram traumatismo craniano. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 15. Pré-requisitos para iniciar uma psicofarmacoterapia 4. Conhecimento do comportamento habitual (basal) da criança. Anamnese cuidadosa. 5. Discussão do tratamento com os pais ou responsáveis, bem como com o paciente, respeitando seus limites (idade, capacidade cognitiva, etc. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 16. Orientações sobre “plano de tratamento” • Discutir com pais e crianças: – Qual o medicamento e seus efeitos benéficos – Quais os efeitos colaterais mais comuns – Qual a duração do tratamento – Obter consentimento informado – Fazer boa aliança com o paciente e com o responsável pela administração do medicamento – Instruir sobre cuidados no manuseio e estocagem (p.ex.: cuidados com pacientes em risco de suicídio) – Relativizar a importância dos aspectos biológicos, salientando as causalidades psicológicas, as interferências do ambiente e dos relacionamentos. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 17. Problemas de adesão ao tratamento na clínica com crianças e adolescentes 1. Adesão mais complexa que nos adultos 2. Cuidar para que o remédio seja administrado corretamente (os benefícios dependem da continuidade) 3. Considerar a possibilidade de resistência por parte dos pais (muitas vezes, estes levam o filho à consulta por pressão de parentes e professores) 4. Avaliar a interferência de fatores financeiros na aquisição de medicamentos 5. Considerar os medos dos pacientes e suas fantasias de que “se tomam remédios isso configura que são loucos” 6. Prevenir efeitos adversos (ex.: impregnação, náuseas, etc.) 7. Fornecer explicações compreensíveis sobre mecanismo de ação, efeitos esperados, tempo de utilização, etc. Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria
  • 18. Explicando a medicação para crianças e adolescentes • Respeitar a idade mental e capacidade de compreensão do paciente • Dar oportunidade ao paciente de participar ativamente do próprio tratamento: responsabilização • Reforçar as tendências à autonomia (adolescentes) • Prever possíveis efeitos colaterais e garantir a pronta intervenção (p.ex.: impregnação neuroléptica) • Orientar sobre atividades a serem evitadas (dirigir veículos, usar bebidas alcoólicas) e quais são liberadas (tomar “refrigerantes”, jogar bola, estudar, etc.). • Estar atento à possibilidade de gravidez, nas adolescentes Dr. Cláudio Costa - Psiquiatria