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PRODUÇÃO DE MUDAS
DE FRUTEIRAS
Dr. Pérsio Sandir D’Oliveira
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Ano de fundação: 1973.
Equipe: 225 profissionais.
Fruteiras pesquisadas: abacaxi, acerola,
banana, citros, mamão, manga, maracujá e o
gênero Spondias (umbu, umbu-cajá...).
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Casas de vegetação na unidade de Cruz das Almas.
Foto: Pérsio D’Oliveira
1. INTRODUÇÃO
Instrução Normativa n.o 24 (16/12/2005):
regulamenta a produção, comercialização e
utilização de mudas no Brasil (Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Inscrição do viveiro no RENASEM (Registro
Nacional de Sementes e Mudas) é
obrigatória.
1. INTRODUÇÃO
 Viveiro: área convenientemente demarcada
e tecnicamente adequada para a produção e
manutenção de mudas (MAPA, 2005).
 Muda: material de propagação vegetal de
qualquer gênero, espécie ou cultivar,
proveniente de reprodução sexuada ou
assexuada, e que tenha a finalidade
específica de plantio (MAPA, 2005).
1. INTRODUÇÃO
 Muda certificada: muda que tenha sido
submetida ao processo de certificação,
proveniente de planta básica ou de planta
matriz (MAPA, 2005).
 Muda para uso próprio: muda produzida
por usuário, com a finalidade de plantio em
área de sua propriedade ou de que detenha
a posse, sendo vedada sua comercialização
(MAPA, 2005).
1. INTRODUÇÃO
 Borbulha ou gema: porção da casca de
planta, com ou sem parte de lenho, que
contenha uma gema passível de reproduzir
a planta original (MAPA, 2005).
 Borbulheira: conjunto de plantas de uma
mesma espécie ou cultivar, proveniente de
planta básica, planta matriz ou muda
certificada, destinado a fornecer borbulhas
(MAPA, 2005).
1. INTRODUÇÃO
 Aclimatação: processo de adaptação
gradual de uma muda às condições
ambientais (MAPA, 2005).
 Unidade de propagação in vitro: local
destinado à propagação vegetativa visando
à produção de mudas a partir de cultura de
tecido (MAPA, 2005).
2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM
VIVEIROS
 Quanto à duração, os viveiros podem ser
classificados em (GÓES, 2006):
 permanentes: são aqueles cujas instalações
são maiores e melhor planejadas, permitindo
a produção contínua de mudas.
2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM
VIVEIROS
temporários: são aqueles destinados à
produção de mudas em um determinado
período, próximo ao local de plantio, em
áreas de difícil acesso, utilizando-se de
materiais rústicos.
2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM
VIVEIROS
 Quanto à estrutura, os viveiros podem ser
(GÓES, 2006):
 ao ar livre;
 rústico suspenso;
 de palha;
 ripado;
 metálico;
 de madeira/aramado e sombrite.
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.1. Escolha do local
 facilidade de acesso;
 disponibilidade de água;
 energia elétrica;
 boas condições de drenagem;
 incidência de ventos/insolação;
 instalações adequadas.
2.2. Forma de propagação
 sexuada (sementes);
 assexuada (estaquia, enxertia, mergulhia,
brotos e micropropagação).
2.2.1. Propagação sexuada
 É feita através das sementes das espécies
selecionadas. A semeadura pode ser feita de
forma direta ou indireta.
 Semeadura direta: as sementes são
semeadas diretamente no local definitivo.
2.2.1. Propagação sexuada
Semeadura indireta: as sementes são
semeadas em sementeiras ou pré
germinadores, que podem ser leitos de
areia, vermiculita, pó de rocha ou outros
materiais, isentos de patógenos e
quimicamente inertes.
2.2.2. Propagação assexuada
Estaquia: consiste na indução do
enraizamento adventício de segmentos
destacados da planta mãe, os quais,
submetidos a condições favoráveis, resultam
em uma muda.
 Estaca: qualquer segmento da planta mãe
com, pelo menos, uma gema vegetativa,
capaz de originar uma nova planta.
2.2.2. Propagação assexuada
A estaquia pode ser usada na produção de
mudas de acerola, amora e maracujá, entre
outras.
 As estacas podem ser lenhosas (coletadas
no inverno, altamente lignificadas), semi-
lenhosas (coletadas no final do verão e
início do outono) e herbáceas (coletadas na
primavera/verão).
2.2.2. Propagação assexuada
Enxertia: consiste em unir os tecidos de
duas plantas, o enxerto (garfo ou cavaleiro)
e o porta-enxerto (cavalo).
 Em geral, o enxerto é uma cultivar que
apresenta produtividade, enquanto o porta-
enxerto apresenta resistência a doenças.
 Utilizada na produção de mudas de citros,
acerola, manga e maracujá, entre outras.
2.2.2. Propagação assexuada
Mergulhia: processo no qual a muda só é
destacada da planta-mãe após a formação
de seu próprio sistema radicular.
Processo caro e trabalhoso, usado
comercialmente para produção de porta-
enxertos de macieira, pereira e marmeleiro.
Pode ser de dois tipos: aérea ou no solo.
2.2.2. Propagação assexuada
Aérea (alporquia): consiste em envolver
parte do ramo com solo, ou outro substrato
correspondente, contido em vaso ou
plástico, até que ocorram boas condições
para o enraizamento.
Usada quando não se pode levar o ramo ao
solo.
2.2.2. Propagação assexuada
No solo: consiste em curvar um ramo,
cobrindo uma parte do mesmo com solo e
deixando sua extremidade descoberta, em
posição vertical.
Existem variantes do método, como no caso
em que a extremidade do ramo fica coberta
com solo; e a contínua chinesa, onde o ramo
é curvado e coberto em sua maior extensão,
somente a extremidade fica fora do solo.
2.2.2. Propagação assexuada
Brotos: no caso do abacaxi, as mudas
podem ser: coroa (brotação do ápice do
fruto), filhote (brotação do pedúnculo),
filhote-rebentão (brotação da região de
inserção do pedúnculo no caule ou talo) e
rebentão (brotação do caule).
2.2.2. Propagação assexuada
Coroa: pouco disponível, é menos vigorosa,
de ciclo mais longo, mais sujeita a
podridões, porém mais uniforme em
tamanho e peso, gerando também plantas
de porte e desenvolvimento mais uniformes.
2.2.2. Propagação assexuada
Filhote: muda de vigor e ciclo
intermediários, menos uniforme que as
coroas, porém mais que os rebentões, de
fácil colheita e grande disponibilidade.
 É o caso da cultivar ‘Pérola’, a mais
plantada no Brasil.
2.2.2. Propagação assexuada
Filhote-rebentão: muda de menos
expressão, pois é de produção limitada, com
características intermediárias entre filhote e
rebentão.
 Pode ser usada indistintamente com os dois
tipos de mudas (filhote e rebentão).
2.2.2. Propagação assexuada
Rebentão: muda de maior vigor, ciclo mais
curto, colheita mais difícil e menor
uniformidade em tamanho e peso.
 Sua disponibilidade é baixa em ‘Pérola’,
sendo mais usada em ‘Smooth Cayenne’. É
mais suscetível à ocorrência de
florescimento natural precoce.
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.2.2. Propagação assexuada
A banana também pode ser propagada por
brotos laterais, que geralmente são obtidos
a partir de touceiras previamente escolhidas.
Os brotos (filhos) devem ser retirados da
touceira somente depois da colheita do
cacho, para evitar tombamento e outros
problemas.
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.2.2. Propagação assexuada
Micropropagação: tecnologia de produção
de mudas em meio artificial, sob condições
assépticas, a partir de pequenos propágulos.
Em fruteiras, utilizam-se ápices caulinares,
microestacas, embriões e calos celulares,
entre outras.
2.2.2. Propagação assexuada
Fases da micropropagação:
• preparação;
• início do cultivo;
• multiplicação;
• alongamento do caule e indução de
enraizamento;
• aclimatação.
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.3. Recipientes
Tubetes: recipientes, geralmente de
formato cilíndrico, feitos de plástico ou de
material biodegradável.
Disponíveis em vários tamanhos, o mais
comum é o de 14,5 cm x 3,5 cm (existem
maiores, como os tubetes “Jumbo” para
mudas de espécies arbóreas).
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.3. Recipientes
Sacos plásticos: recipientes de paredes
finas, mais baratos que os tubetes,
disponíveis em vários tamanhos (mais
comuns 10 x 25 cm e 18 x 30 cm).
Embora de menor custo, estão sendo
substituídos pelos tubetes, pois requerem
mais mão de obra e sua disposição final
preocupa os ambientalistas.
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.4. Substratos
 Substrato: meio em que se desenvolvem
as raízes das mudas das plantas.
 Função: suporte mecânico para o sistema
radicular, fornecimento de água e de
nutrientes para a muda.
2.4. Substratos
Exemplos de componentes de substratos:
 areia;
 solo;
 pó de rocha;
 casca de arroz carbonizada;
 composto vegetal;
 vermiculita.
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
Foto: Pérsio D’Oliveira
2.5. Irrigação
 Etapa fundamental no processo de
produção de mudas, em viveiros pequenos
pode ser feita com mangueira/regador.
 Em grandes viveiros comerciais, podem ser
usados aspersores.
 Deve-se ter cuidado com a qualidade da
água a ser utilizada.
2.6. Mão de obra
 Componente que eleva os custos de um
viveiro, enfrenta ainda o agravante de que
nem sempre é de boa qualidade.
 Etapas que exigem mão de obra incluem:
preparo de substrato, preenchimento de
recipientes, controle fitossanitário e
monitoramento diário do viveiro.
2.7. Controle fitossanitário
 A ocorrência de pragas em viveiro de
mudas pode prejudicar sua lucratividade, e
até resultar em multa ou fechamento.
 Todo material usado no viveiro deve ser
inspecionado regularmente, bem como as
plantas matrizes, para garantir a sanidade
do material.
2.7. Controle fitossanitário
 Ainda no viveiro, o excesso de água de
irrigação pode propiciar o aparecimento de
damping off, entre outros problemas.
Pragas (insetos, microrganismos e plantas
daninhas) podem ser propagados por mudas
contaminadas, prejudicando a sobrevivência
da planta e a produtividade.
2.8. Sombreamento
 A muda produzida no viveiro ainda não está
pronta para o plantio no local definitivo.
 Assim, ela deve passar por um processo de
aclimatação, envolvendo o manejo de
sombra, antes de ir para o campo.
2.8. Sombreamento
 Em viveiros pequenos, folhas de coqueiros
e palmeiras podem servir como sombra.
 Em viveiros comerciais, de porte grande,
existe a opção de utilizar telas plásticas,
com diferentes graus de sombra (Sombrite
ou similar).
Foto: Pérsio D’Oliveira
3. CONCLUSÃO
Escolha de plantas matrizes sadias.
Escolha do método de propagação mais
adequado para a espécie.
Controle fitossanitário rigoroso.
Estar atento às exigências do mercado.
Cumprir a regulamentação do MAPA.
E-mail: persio.oliveira@embrapa.br
Foto: Pérsio D’Oliveira

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  • 2. Embrapa Mandioca e Fruticultura Ano de fundação: 1973. Equipe: 225 profissionais. Fruteiras pesquisadas: abacaxi, acerola, banana, citros, mamão, manga, maracujá e o gênero Spondias (umbu, umbu-cajá...).
  • 3. Embrapa Mandioca e Fruticultura Casas de vegetação na unidade de Cruz das Almas. Foto: Pérsio D’Oliveira
  • 4. 1. INTRODUÇÃO Instrução Normativa n.o 24 (16/12/2005): regulamenta a produção, comercialização e utilização de mudas no Brasil (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Inscrição do viveiro no RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas) é obrigatória.
  • 5. 1. INTRODUÇÃO  Viveiro: área convenientemente demarcada e tecnicamente adequada para a produção e manutenção de mudas (MAPA, 2005).  Muda: material de propagação vegetal de qualquer gênero, espécie ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, e que tenha a finalidade específica de plantio (MAPA, 2005).
  • 6. 1. INTRODUÇÃO  Muda certificada: muda que tenha sido submetida ao processo de certificação, proveniente de planta básica ou de planta matriz (MAPA, 2005).  Muda para uso próprio: muda produzida por usuário, com a finalidade de plantio em área de sua propriedade ou de que detenha a posse, sendo vedada sua comercialização (MAPA, 2005).
  • 7. 1. INTRODUÇÃO  Borbulha ou gema: porção da casca de planta, com ou sem parte de lenho, que contenha uma gema passível de reproduzir a planta original (MAPA, 2005).  Borbulheira: conjunto de plantas de uma mesma espécie ou cultivar, proveniente de planta básica, planta matriz ou muda certificada, destinado a fornecer borbulhas (MAPA, 2005).
  • 8. 1. INTRODUÇÃO  Aclimatação: processo de adaptação gradual de uma muda às condições ambientais (MAPA, 2005).  Unidade de propagação in vitro: local destinado à propagação vegetativa visando à produção de mudas a partir de cultura de tecido (MAPA, 2005).
  • 9. 2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS  Quanto à duração, os viveiros podem ser classificados em (GÓES, 2006):  permanentes: são aqueles cujas instalações são maiores e melhor planejadas, permitindo a produção contínua de mudas.
  • 10. 2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS temporários: são aqueles destinados à produção de mudas em um determinado período, próximo ao local de plantio, em áreas de difícil acesso, utilizando-se de materiais rústicos.
  • 11. 2. PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIROS  Quanto à estrutura, os viveiros podem ser (GÓES, 2006):  ao ar livre;  rústico suspenso;  de palha;  ripado;  metálico;  de madeira/aramado e sombrite.
  • 17. 2.1. Escolha do local  facilidade de acesso;  disponibilidade de água;  energia elétrica;  boas condições de drenagem;  incidência de ventos/insolação;  instalações adequadas.
  • 18. 2.2. Forma de propagação  sexuada (sementes);  assexuada (estaquia, enxertia, mergulhia, brotos e micropropagação).
  • 19. 2.2.1. Propagação sexuada  É feita através das sementes das espécies selecionadas. A semeadura pode ser feita de forma direta ou indireta.  Semeadura direta: as sementes são semeadas diretamente no local definitivo.
  • 20. 2.2.1. Propagação sexuada Semeadura indireta: as sementes são semeadas em sementeiras ou pré germinadores, que podem ser leitos de areia, vermiculita, pó de rocha ou outros materiais, isentos de patógenos e quimicamente inertes.
  • 21. 2.2.2. Propagação assexuada Estaquia: consiste na indução do enraizamento adventício de segmentos destacados da planta mãe, os quais, submetidos a condições favoráveis, resultam em uma muda.  Estaca: qualquer segmento da planta mãe com, pelo menos, uma gema vegetativa, capaz de originar uma nova planta.
  • 22. 2.2.2. Propagação assexuada A estaquia pode ser usada na produção de mudas de acerola, amora e maracujá, entre outras.  As estacas podem ser lenhosas (coletadas no inverno, altamente lignificadas), semi- lenhosas (coletadas no final do verão e início do outono) e herbáceas (coletadas na primavera/verão).
  • 23. 2.2.2. Propagação assexuada Enxertia: consiste em unir os tecidos de duas plantas, o enxerto (garfo ou cavaleiro) e o porta-enxerto (cavalo).  Em geral, o enxerto é uma cultivar que apresenta produtividade, enquanto o porta- enxerto apresenta resistência a doenças.  Utilizada na produção de mudas de citros, acerola, manga e maracujá, entre outras.
  • 24. 2.2.2. Propagação assexuada Mergulhia: processo no qual a muda só é destacada da planta-mãe após a formação de seu próprio sistema radicular. Processo caro e trabalhoso, usado comercialmente para produção de porta- enxertos de macieira, pereira e marmeleiro. Pode ser de dois tipos: aérea ou no solo.
  • 25. 2.2.2. Propagação assexuada Aérea (alporquia): consiste em envolver parte do ramo com solo, ou outro substrato correspondente, contido em vaso ou plástico, até que ocorram boas condições para o enraizamento. Usada quando não se pode levar o ramo ao solo.
  • 26. 2.2.2. Propagação assexuada No solo: consiste em curvar um ramo, cobrindo uma parte do mesmo com solo e deixando sua extremidade descoberta, em posição vertical. Existem variantes do método, como no caso em que a extremidade do ramo fica coberta com solo; e a contínua chinesa, onde o ramo é curvado e coberto em sua maior extensão, somente a extremidade fica fora do solo.
  • 27. 2.2.2. Propagação assexuada Brotos: no caso do abacaxi, as mudas podem ser: coroa (brotação do ápice do fruto), filhote (brotação do pedúnculo), filhote-rebentão (brotação da região de inserção do pedúnculo no caule ou talo) e rebentão (brotação do caule).
  • 28. 2.2.2. Propagação assexuada Coroa: pouco disponível, é menos vigorosa, de ciclo mais longo, mais sujeita a podridões, porém mais uniforme em tamanho e peso, gerando também plantas de porte e desenvolvimento mais uniformes.
  • 29. 2.2.2. Propagação assexuada Filhote: muda de vigor e ciclo intermediários, menos uniforme que as coroas, porém mais que os rebentões, de fácil colheita e grande disponibilidade.  É o caso da cultivar ‘Pérola’, a mais plantada no Brasil.
  • 30. 2.2.2. Propagação assexuada Filhote-rebentão: muda de menos expressão, pois é de produção limitada, com características intermediárias entre filhote e rebentão.  Pode ser usada indistintamente com os dois tipos de mudas (filhote e rebentão).
  • 31. 2.2.2. Propagação assexuada Rebentão: muda de maior vigor, ciclo mais curto, colheita mais difícil e menor uniformidade em tamanho e peso.  Sua disponibilidade é baixa em ‘Pérola’, sendo mais usada em ‘Smooth Cayenne’. É mais suscetível à ocorrência de florescimento natural precoce.
  • 35. 2.2.2. Propagação assexuada A banana também pode ser propagada por brotos laterais, que geralmente são obtidos a partir de touceiras previamente escolhidas. Os brotos (filhos) devem ser retirados da touceira somente depois da colheita do cacho, para evitar tombamento e outros problemas.
  • 37. 2.2.2. Propagação assexuada Micropropagação: tecnologia de produção de mudas em meio artificial, sob condições assépticas, a partir de pequenos propágulos. Em fruteiras, utilizam-se ápices caulinares, microestacas, embriões e calos celulares, entre outras.
  • 38. 2.2.2. Propagação assexuada Fases da micropropagação: • preparação; • início do cultivo; • multiplicação; • alongamento do caule e indução de enraizamento; • aclimatação.
  • 40. 2.3. Recipientes Tubetes: recipientes, geralmente de formato cilíndrico, feitos de plástico ou de material biodegradável. Disponíveis em vários tamanhos, o mais comum é o de 14,5 cm x 3,5 cm (existem maiores, como os tubetes “Jumbo” para mudas de espécies arbóreas).
  • 45. 2.3. Recipientes Sacos plásticos: recipientes de paredes finas, mais baratos que os tubetes, disponíveis em vários tamanhos (mais comuns 10 x 25 cm e 18 x 30 cm). Embora de menor custo, estão sendo substituídos pelos tubetes, pois requerem mais mão de obra e sua disposição final preocupa os ambientalistas.
  • 48. 2.4. Substratos  Substrato: meio em que se desenvolvem as raízes das mudas das plantas.  Função: suporte mecânico para o sistema radicular, fornecimento de água e de nutrientes para a muda.
  • 49. 2.4. Substratos Exemplos de componentes de substratos:  areia;  solo;  pó de rocha;  casca de arroz carbonizada;  composto vegetal;  vermiculita.
  • 54. 2.5. Irrigação  Etapa fundamental no processo de produção de mudas, em viveiros pequenos pode ser feita com mangueira/regador.  Em grandes viveiros comerciais, podem ser usados aspersores.  Deve-se ter cuidado com a qualidade da água a ser utilizada.
  • 55. 2.6. Mão de obra  Componente que eleva os custos de um viveiro, enfrenta ainda o agravante de que nem sempre é de boa qualidade.  Etapas que exigem mão de obra incluem: preparo de substrato, preenchimento de recipientes, controle fitossanitário e monitoramento diário do viveiro.
  • 56. 2.7. Controle fitossanitário  A ocorrência de pragas em viveiro de mudas pode prejudicar sua lucratividade, e até resultar em multa ou fechamento.  Todo material usado no viveiro deve ser inspecionado regularmente, bem como as plantas matrizes, para garantir a sanidade do material.
  • 57. 2.7. Controle fitossanitário  Ainda no viveiro, o excesso de água de irrigação pode propiciar o aparecimento de damping off, entre outros problemas. Pragas (insetos, microrganismos e plantas daninhas) podem ser propagados por mudas contaminadas, prejudicando a sobrevivência da planta e a produtividade.
  • 58. 2.8. Sombreamento  A muda produzida no viveiro ainda não está pronta para o plantio no local definitivo.  Assim, ela deve passar por um processo de aclimatação, envolvendo o manejo de sombra, antes de ir para o campo.
  • 59. 2.8. Sombreamento  Em viveiros pequenos, folhas de coqueiros e palmeiras podem servir como sombra.  Em viveiros comerciais, de porte grande, existe a opção de utilizar telas plásticas, com diferentes graus de sombra (Sombrite ou similar).
  • 61. 3. CONCLUSÃO Escolha de plantas matrizes sadias. Escolha do método de propagação mais adequado para a espécie. Controle fitossanitário rigoroso. Estar atento às exigências do mercado. Cumprir a regulamentação do MAPA.