1. Pra modi que?
(Crônica de um matuto mato-grossense)
Propostas para sala de aula
Língua Portuguesa. Gênero Crônica
-Pra modi que essa correria todu dia? Inté parece que’sse mundiu
ta doidiu.
-Pra modi que essa pricupação que’sse povo tem com um tar de
comprá comprá toda hora, como si o mundiu fossi acabá amanhã di
manhã?
-Pra modi que ficá trancadu dentro di casa como um prisidiário se
us ladrão tão tudo sorto lá fora vuano que nem urubu lá no arto do
céu?
-Pra modi que mudá toda hora um pedaço do corpo e tentá ficá
mais lindiu se as pessoa são obra bunita do Deus criadô?
-Pra modi que querê ser mio que os otrô se no finar, todo mundiu
vai pru mermo buraco quando virá difunto?
-Pra modi que todo esses trem de tecnologia, que quando nóis vê,
nóis tamu é mais longe e ao mermo tempo mais perto, e até as
máquina fala cá gente? Os ôtro mal faiz as coisa errada e todo
mundiu já sabe, é uma baita da fofocaiada só.
-Pra modi que comprá o mió carro se os otro carro também anda e
nos leva onde nóis qué?
-Pra modi que, achá que num precisa dus amigo, se na hora do
pirigo é ele que nos acode? E us farsos, num passa de traíra.
-Pra modi que, esse istressi todo se é mio vivê em paiz e soçegado
cum Deus e todo mundo? Nóis só deve é amá e respeitá.
-Pra modi que dizê que é cristão se na hora do vamu vê, num
mostra u amo de verdade, só sabi é vivê na farsidade?
-Pra modi que, dizê que nóis é paíz educado se a nossa educação
é uma das pió do mundiu e essis minino de hoji num sabe nem
mais lê e iscrevê direito.
-Pra modi que acreditá nus pulítico se nóis põe eles lá em cima e
eles nos arma farcatrua e nós roba por traiz e pur frente e dispois
nus bota lá em baixo?
-Pra modi que, existe justiça se quem manda mermo é quem tem
dinhêro? Mas ó, quem roba galinha fica preso numa selinha.
-Pra modi que nóis paga imposto se quando nóis precisa, nóis fica é
nu incosto. É um monte de minréis recolhido e nóis fica é
esquecido.
2. -Pra modi que, nóis qué um prano de saúde, se a saúde tá mais
morta que nóis tudo? Nóis tem fila di ispera inté nu funerár.
-Pra modi que as pessoa vão na igreja se fora delas, muntius agi
que nem gente ruim e dá inté vergonha di dizê que é crente?
-Pra modi que, respeitar us outro se nóis num é respeitado só
purque nóis é o que é ?
-Pra modi que si metê na vida dus otros se oçê num sabi nem cuidá
da sua?
-Pra modi que se pricupá cum jeito que iscrevi, se no finá todo
mundiu vai intendê o que tô falanu?
-Valei-me nosso Sinhô Jésus Cristo. Pra modi que tudo isso?
-É mio sentá num baquinho e toma meu teréré bem quietinho, cum
minha famíia du lado por que nu finar, nóis vive é bem dimais da
conta e num sei pra modi que si pricupar...desse jeito.
Perguntas reflexivas e discursivas sobre o texto.
1- O que o matuto quer dizer com a expressão “Pra modi que?
2- Quem é o matuto?
3- Qual a relação do matuto com o homem do dia a dia?
4- Que linguagem de falar e escrever o matuto usa?
5- Quais os assuntos pertinentes inseridos no texto?
6- Qual a preocupação central do matuto?
7- Onde e em que momento você se identifica com o matuto.
8- Enumere as palavras escritas de forma errada e procure
reescrevê-la na forma correta.
9- O que mudaria na crônica caso as palavras estivessem
escritas de forma certa?
10- Quais os conceitos de vida apresentados pelo matuto.
11- Quais os sistemas criticados pelo matuto?
12- Explique a expressão: Valei-me nosso Sinhô Jésus Cristo. Pra
modi que tudo isso?
13- Qual ensino que o matuto passa no final do texto para não
ficar tão preocupado com todas as coisas questionadas por
ele mesmo?
14- Existem figuras de linguagem na crônica? Identifique.
15- Será que a preocupação do matuto é só de um mato-
grossense?
Raimundo Soares de Andrade é coordenador da Escola Estadual Profª Eunice
Souza dos Santos em Rondonópolis-MT
Visite o Blog do autor:
http://prrsoaresamigodedeus.blogspot.com/