SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 13
ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO
ACADÊMICO
O fichamento detalhado
A ficha de estrutura expositiva (I)
■ A ficha de estrutura expositiva busca fixar como as posições defendidas no
texto em questão são construídas e justificadas por meio de uma sequência de
operações lógico-conceituais.
■ Para que isso seja possível, é preciso reconstituir o movimento expositivo
que sustenta as posições apresentadas no texto.
■ Isso permite desfazer a aparência de arbitrariedade ou gratuidade de algumas
posições quando se lê de forma fragmentada, com ênfase naquilo que é
familiar ou que chama a atenção.
■ Trata-se de uma remissão “daquilo que o texto defende” à própria
articulação expositiva do texto.
A ficha de estrutura expositiva (II)
■ O esforço de compreensão da articulação expositiva supõe uma
suspensão metódica do julgamento acerca da verdade ou da
falsidade das teses à luz do conhecimento atual ou do senso
comum aceitável.
■ Isso é tanto mais importante quanto mais recuada no tempo
estiver a obra em questão.
■ A construção das fichas de estrutura expositiva visa assegurar o
respeito à complexidade inerente do texto, sem reduzi-lo a
grandes esquemas interpretativos.
Estratégias de reconhecimento da
estrutura argumentativa
■ A ficha de estrutura expositiva buscará reconstituir o movimento
argumentativo do texto, que é composto de diversas tarefas lógico-
conceituais progressivamente ordenadas. A ficha buscará capturar
quais são essas tarefas e sua concatenação.
■ Para tanto, é útil distinguir entre dois níveis de operatividade do
discurso:
■ Nível locutório: diz respeito ao proferimento linguístico significativo
acerca de algo.
■ Nível ilocutório: Diz respeito ao tipo de ação ou de tarefa cumprida
relativamente
O fichamento detalhado
■ Nas fichas expressas, o leitor se limita a distinguir e a nomear a grandes partes expositivas do
texto, podendo acrescentar um pequeno resumo do conteúdo correspondente.
■ A tarefa do fichamento detalhado é distinguir as tarefas ou operações argumentativas no
interior das partes expositivas.
■ Espera-se adquirir com essa técnica um entendimento rigoroso dos passos lógicos da
exposição em seu detalhe, algo que não é necessariamente capturado pela ficha expressa, que
se limita a dar um título geral para cada parte.
■ A exibição da estrutura detalhada das tarefas ou operações argumentativas pressupõe a
divisão da estrutura do texto em seus grandes blocos pela divisão dos parágrafos. Mas isso
não significa que se deva necessariamente escrever uma ficha expressa para então escrever a
ficha detalhada.
■ Se a leitora/o leitor decide de antemão propor um fichamento detalhado, então não precisa
passar pela ficha expressa, mas deve simplesmente incorporar a tarefa principal da análise
expressa (dividir as grandes partes do texto) na análise detalhada e escrever somente a ficha
detalhada da estrutura expositiva
Como construir a ficha detalhada de
análise estrutural?
■ A exibição das operações argumentativas ou tarefas ilocutórias internas às partes
expositivas por vezes demanda a releitura atenta de diversos trechos.
■ Sugere-se, então, que uma vez proposta uma divisão provisória das grandes
partes, analise-se cada parte buscando formular as suboperações ali vigentes.
■ A releitura dos trechos para o fichamento detalhado busca ser exaustiva, isto é, o
leitor deve ser capaz de incluir todas as frases do texto em alguma função
determinada.
■ Isso é importante porque uma das principais fontes de incompreensão de um
texto é a não entender qual é o papel que uma ou outra frase cumpre no todo do
parágrafo. Ao reunir as frases em blocos ou tarefas, o fichamento detalhado
permite isolar com clareza os trechos considerados difíceis.
Exemplo:
Texto Tarefas
ilocutórias
Há duas coisas igualmente notáveis no projeto cartesiano; de um lado, sua
ambição e grandiosidade e, de outro, a modéstia que Descartes emprega para
formulá-lo. O projeto não é nada menos que a reconstrução do saber, com tudo
o que isso implica de crítica e recusa da tradição cultural e dos procedimentos
filosóficos da Escolástica. A modéstia está na insistência com que Descartes o
coloca como um caso de desenvolvimento pessoal de reflexão sobre a ciência e
a metafísica que poderia eventualmente indicar a outros um certo caminho do
filosofar.
Certamente há alguma coisa de prudência nessa acentuação do caráter
estritamente pessoal da nova filosofia; Descartes não deseja que o alcance de
uma polêmica mais intensa perturbe o próprio processo de elaboração de sua
filosofia. Mas não deixa de ser curioso o fato de que o filósofo pretenda que um
projeto extremamente revolucionário do ponto de vista filosófico não cause em
torno de si um significativo abalo do ponto de vista cultural. Quando lemos, por
exemplo, o início do Discurso do método, não é sem alguma surpresa que
verificamos que, ali, a proclamação do alcance limitado do projeto cartesiano
está ao lado da enunciação implícita daquilo que o filósofo verdadeiramente
Exemplo: Silva, F.L. Descartes, a metafísica da
modernidade, São Paulo: Moderna, 2005. pp. 26-27
Texto Tarefas
ilocutórias
Há duas coisas igualmente notáveis no projeto cartesiano; de um lado, sua
ambição e grandiosidade e, de outro, a modéstia que Descartes emprega para
formulá-lo. O projeto não é nada menos que a reconstrução do saber, com tudo
o que isso implica de crítica e recusa da tradição cultural e dos procedimentos
filosóficos da Escolástica. A modéstia está na insistência com que Descartes o
coloca como um caso de desenvolvimento pessoal de reflexão sobre a ciência e
a metafísica que poderia eventualmente indicar a outros um certo caminho do
filosofar.
Certamente há alguma coisa de prudência nessa acentuação do caráter
estritamente pessoal da nova filosofia; Descartes não deseja que o alcance de
uma polêmica mais intensa perturbe o próprio processo de elaboração de sua
filosofia. Mas não deixa de ser curioso o fato de que o filósofo pretenda que um
projeto extremamente revolucionário do ponto de vista filosófico não cause em
torno de si um significativo abalo do ponto de vista cultural. Quando lemos, por
exemplo, o início do Discurso do método, não é sem alguma surpresa que
verificamos que, ali, a proclamação do alcance limitado do projeto cartesiano
está ao lado da enunciação implícita daquilo que o filósofo verdadeiramente
Constata uma
tensão entre dois
aspectos do projeto
cartesiano.
Descreve os dois
aspectos.
Avalia se essa
tensão decorre de
uma prudência
Contata que não se
pode atribui-la
somente à
prudência.
Texto Tarefas
ilocutórias
O Discurso do método contém, no seu início, duas afirmações que, se ligadas,
permitem-nos compreender o projeto cartesiano no âmbito do método. A primeira
é a frase famosa que abre o Discurso e que nos diz que o bom senso é a coisa mais
bem partilhada do mundo, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que,
mesmo aqueles que se mostram difíceis de contentar em outras coisas, não
desejam tê-lo maior do que já o têm. A segunda afirmação, que se segue ao
comentário dessa primeira no qual o bom senso é identificado, entre outras
coisas, como a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, é uma retificação
do que foi expresso no início. Informa-nos que não é suficiente ter o espírito bom,
o principal é aplicá-lo bem. Assim, desde as primeiras frases do Discurso do
método ficamos alertados de que a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso,
a que chamamos bom senso, embora seja aquilo que os homens parecem possuir
em grau suficiente, necessita contudo estar vinculada a determinadas condições
de aplicação, para que o espírito exerça com êxito a sua função de descobrir o
verdadeiro. O bom senso, ainda que repartido em grau suficiente por todos os
homens, na exata medida em que todos são racionais, não garante por si só a
identificação da verdade. É necessário que a razão seja bem conduzida, e essa
condução se dá por meio de regras que permitem atingir a evidência. Por isso, é
primeiramente a título de uma experiência pessoal que Descartes falará dos frutos
do método e de como tais frutos são obtidos independentemente da erudição ou
de dons particulares de memória e argúcia. Descartes valoriza a tal ponto o
método que atribui a ele a capacidade de remediar em grande parte, senão
Texto Tarefas
ilocutórias
O Discurso do método contém, no seu início, duas afirmações que, se ligadas,
permitem-nos compreender o projeto cartesiano no âmbito do método. A primeira
é a frase famosa que abre o Discurso e que nos diz que o bom senso é a coisa mais
bem partilhada do mundo, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que,
mesmo aqueles que se mostram difíceis de contentar em outras coisas, não
desejam tê-lo maior do que já o têm. A segunda afirmação, que se segue ao
comentário dessa primeira no qual o bom senso é identificado, entre outras
coisas, como a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, é uma retificação
do que foi expresso no início. Informa-nos que não é suficiente ter o espírito bom,
o principal é aplicá-lo bem. Assim, desde as primeiras frases do Discurso do
método ficamos alertados de que a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso,
a que chamamos bom senso, embora seja aquilo que os homens parecem possuir
em grau suficiente, necessita contudo estar vinculada a determinadas condições
de aplicação, para que o espírito exerça com êxito a sua função de descobrir o
verdadeiro. O bom senso, ainda que repartido em grau suficiente por todos os
homens, na exata medida em que todos são racionais, não garante por si só a
identificação da verdade. É necessário que a razão seja bem conduzida, e essa
condução se dá por meio de regras que permitem atingir a evidência. Por isso, é
primeiramente a título de uma experiência pessoal que Descartes falará dos frutos
do método e de como tais frutos são obtidos independentemente da erudição ou
de dons particulares de memória e argúcia. Descartes valoriza a tal ponto o
método que atribui a ele a capacidade de remediar em grande parte, senão
Descreve as
duas afirmações
que abrem o
D.M.
Esclarece a
relação entre o
bom senso e a
boa condução da
razão.
Destaca a
importância da
exposição do
método como
experiência
pessoal
Exemplo de ficha detalhada
■ §§1-2: Introdução: o autor apresenta e descreve uma tensão no interior do
projeto cartesiano.
– §1
a. Constata uma tensão entre dois aspectos do projeto cartesiano.
b. Descreve os dois aspectos.
– §2
a. Avalia se essa tensão decorre de uma prudência
b. Constata que não se pode atribui-la somente à prudência.
■ §3: Avalia como Descartes elabora o projeto de um método.
a. Descreve as duas afirmações que abrem o D.M.
b. Esclarece a relação entre o bom senso e a boa condução da razão.
c. Destaca a importância da exposição do método como experiência pessoal
■ §4-6: [...]
a. [...]
b. [...]
■ Como se vê, o caráter detalhado da ficha se mostra na reconstrução das
operações internas a cada parte do texto. Em vez de um curto resumo, busca-se
nomear as diferentes funções ou operações de cada trecho, ligadas ao conteúdo
correspondente.
■ É importante enfatizar que, muitas vezes, a reconstrução do conteúdo exige que
se resuma ou mesmo que se interprete minimamente as frases correspondentes no
texto.
■ Uma das grandes utilidades da ficha é esquematizar a exposição do texto, isto é,
retomá-la em seus aspectos estruturais não óbvios, explicitando esses aspectos o
mais sucintamente possível. As fichas permitem ao leitor ganhar rapidamente a
noção de como o texto é montado.
■ Esse nível de fichamento já envolve, portanto, uma interpretação aprofundada do
texto lido. Fazer essa espécie de fichamento não é uma mera repetição daquilo
que o texto diz, mas sim uma reconstituição das operações lógicas envolvidas.
Vantagens da ficha detalhada:
■ Com a ficha detalhada, busca-se reinserir na estrutura lógica interna ao
texto as teses propostas no curso da exposição. Atenta-se, por
conseguinte, menos “àquilo que o autor diz ou defende” e mais aos
passos lógico-argumentativos que justificam suas afirmações. Evita-se,
dessa maneira, destacar arbitrariamente certas afirmações da estrutura
textual que busca torná-la aceitáveis.
■ Para desvelar a estrutura expositiva, deve-se refazer as operações vigentes
no texto. Entender o que o autor propõe leva, desde então, a aprender a
retomar as operações explicitadas, o que contribui para densificar
globalmente repertório cognitivo do leitor.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a OTA - O fichamento detalhado.pptxxxxxxxx

Como escrever texto_científico
Como escrever texto_científicoComo escrever texto_científico
Como escrever texto_científico
matemagico10lula
 
O pensamento cartesiano descartes e suas contribuições.pptx pronto
O pensamento cartesiano  descartes e suas contribuições.pptx prontoO pensamento cartesiano  descartes e suas contribuições.pptx pronto
O pensamento cartesiano descartes e suas contribuições.pptx pronto
Suelen Alexandre
 
Roteiro para elaboração de projetos (1).ppt
Roteiro para elaboração de projetos (1).pptRoteiro para elaboração de projetos (1).ppt
Roteiro para elaboração de projetos (1).ppt
EDIMILSONDEJESUSSANT1
 
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.pptRoteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
IedaRosanaKollingWie
 
Leitura de textos científicos ii
Leitura de textos científicos iiLeitura de textos científicos ii
Leitura de textos científicos ii
Adriano Medeiros
 
Manual de investigação em ciências sociais
Manual de investigação em ciências sociaisManual de investigação em ciências sociais
Manual de investigação em ciências sociais
Viviane Grimm
 

Semelhante a OTA - O fichamento detalhado.pptxxxxxxxx (20)

Manual de investigação
Manual de investigaçãoManual de investigação
Manual de investigação
 
PARTE 1- 1 - 153.pdf
PARTE 1- 1 - 153.pdfPARTE 1- 1 - 153.pdf
PARTE 1- 1 - 153.pdf
 
Ementario - Técnicas de Leitura e Normas da ABNT.pdf
Ementario - Técnicas de Leitura e Normas da ABNT.pdfEmentario - Técnicas de Leitura e Normas da ABNT.pdf
Ementario - Técnicas de Leitura e Normas da ABNT.pdf
 
Topico_Frasal_(2).pdf
Topico_Frasal_(2).pdfTopico_Frasal_(2).pdf
Topico_Frasal_(2).pdf
 
2 características da dissertação 9º ano 2009
2 características da dissertação    9º ano 20092 características da dissertação    9º ano 2009
2 características da dissertação 9º ano 2009
 
Como escrever texto_científico
Como escrever texto_científicoComo escrever texto_científico
Como escrever texto_científico
 
O projeto de descartes – versão 1
O projeto de descartes – versão 1O projeto de descartes – versão 1
O projeto de descartes – versão 1
 
O pensamento cartesiano descartes e suas contribuições.pptx pronto
O pensamento cartesiano  descartes e suas contribuições.pptx prontoO pensamento cartesiano  descartes e suas contribuições.pptx pronto
O pensamento cartesiano descartes e suas contribuições.pptx pronto
 
Boaventura
BoaventuraBoaventura
Boaventura
 
Roteiro para elaboração de projetos.ppt
Roteiro para elaboração de projetos.pptRoteiro para elaboração de projetos.ppt
Roteiro para elaboração de projetos.ppt
 
Roteiro para elaboração de projetos (1).ppt
Roteiro para elaboração de projetos (1).pptRoteiro para elaboração de projetos (1).ppt
Roteiro para elaboração de projetos (1).ppt
 
Roteiro para elaboração de projeto de pesquisa
Roteiro para elaboração de projeto de pesquisaRoteiro para elaboração de projeto de pesquisa
Roteiro para elaboração de projeto de pesquisa
 
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.pptRoteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
Roteiro para efffffffff elaboração de projetos.ppt
 
Livro (e-book): Análise de Discurso: estudos de estados de corpora
Livro (e-book): Análise de Discurso: estudos de estados de corporaLivro (e-book): Análise de Discurso: estudos de estados de corpora
Livro (e-book): Análise de Discurso: estudos de estados de corpora
 
Leitura de textos científicos ii
Leitura de textos científicos iiLeitura de textos científicos ii
Leitura de textos científicos ii
 
RESENHA Do artesanato intelectual
RESENHA Do artesanato intelectualRESENHA Do artesanato intelectual
RESENHA Do artesanato intelectual
 
50600067 rene-descartes-regras-para-a-direcao-do-espirito
50600067 rene-descartes-regras-para-a-direcao-do-espirito50600067 rene-descartes-regras-para-a-direcao-do-espirito
50600067 rene-descartes-regras-para-a-direcao-do-espirito
 
Manual de investigação em ciências sociais
Manual de investigação em ciências sociaisManual de investigação em ciências sociais
Manual de investigação em ciências sociais
 
O cogito cartesiano
O cogito cartesianoO cogito cartesiano
O cogito cartesiano
 
Como se faz uma tese
Como se faz uma teseComo se faz uma tese
Como se faz uma tese
 

Mais de NadsonAlexandreVasco

Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxcccccccAula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
NadsonAlexandreVasco
 
Polimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
Polimeros Clodoaldo.pptttttttttttttttttttPolimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
Polimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
NadsonAlexandreVasco
 
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
NadsonAlexandreVasco
 
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptxAPRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
NadsonAlexandreVasco
 
Apresentação Recadastramento (11111).pdf
Apresentação Recadastramento (11111).pdfApresentação Recadastramento (11111).pdf
Apresentação Recadastramento (11111).pdf
NadsonAlexandreVasco
 
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdfApresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
NadsonAlexandreVasco
 
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdfResultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
NadsonAlexandreVasco
 

Mais de NadsonAlexandreVasco (8)

Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxcccccccAula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
Aula1_Temperatura.pptxxxxxxxxxxxxxccccccc
 
Polimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
Polimeros Clodoaldo.pptttttttttttttttttttPolimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
Polimeros Clodoaldo.ppttttttttttttttttttt
 
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
1º aula.pptttttttttttttttttttttttttttttt
 
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptxAPRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
APRESENTAÇÃO PROGRAMA PROFESSOR MENTOR.pptx
 
Apresentação Recadastramento (11111).pdf
Apresentação Recadastramento (11111).pdfApresentação Recadastramento (11111).pdf
Apresentação Recadastramento (11111).pdf
 
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdfApresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
Apresentação de Slides Corporativo Preto e Branco_20231005_122832_0000.pdf
 
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdfResultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
Resultado Final - Exceto Cursos Campus Maceio - Retificado em 29.01.2024.pdf
 
TV & Film Treatment Deck Presentation in Black and White Red Dark & Serious S...
TV & Film Treatment Deck Presentation in Black and White Red Dark & Serious S...TV & Film Treatment Deck Presentation in Black and White Red Dark & Serious S...
TV & Film Treatment Deck Presentation in Black and White Red Dark & Serious S...
 

Último

SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
NarlaAquino
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
LeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
FabianeMartins35
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
marlene54545
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
LeloIurk1
 

Último (20)

SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffffSSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
SSE_BQ_Matematica_4A_SR.pdfffffffffffffffffffffffffffffffffff
 
praticas experimentais 1 ano ensino médio
praticas experimentais 1 ano ensino médiopraticas experimentais 1 ano ensino médio
praticas experimentais 1 ano ensino médio
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
19- Pedagogia (60 mapas mentais) - Amostra.pdf
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 

OTA - O fichamento detalhado.pptxxxxxxxx

  • 2. A ficha de estrutura expositiva (I) ■ A ficha de estrutura expositiva busca fixar como as posições defendidas no texto em questão são construídas e justificadas por meio de uma sequência de operações lógico-conceituais. ■ Para que isso seja possível, é preciso reconstituir o movimento expositivo que sustenta as posições apresentadas no texto. ■ Isso permite desfazer a aparência de arbitrariedade ou gratuidade de algumas posições quando se lê de forma fragmentada, com ênfase naquilo que é familiar ou que chama a atenção. ■ Trata-se de uma remissão “daquilo que o texto defende” à própria articulação expositiva do texto.
  • 3. A ficha de estrutura expositiva (II) ■ O esforço de compreensão da articulação expositiva supõe uma suspensão metódica do julgamento acerca da verdade ou da falsidade das teses à luz do conhecimento atual ou do senso comum aceitável. ■ Isso é tanto mais importante quanto mais recuada no tempo estiver a obra em questão. ■ A construção das fichas de estrutura expositiva visa assegurar o respeito à complexidade inerente do texto, sem reduzi-lo a grandes esquemas interpretativos.
  • 4. Estratégias de reconhecimento da estrutura argumentativa ■ A ficha de estrutura expositiva buscará reconstituir o movimento argumentativo do texto, que é composto de diversas tarefas lógico- conceituais progressivamente ordenadas. A ficha buscará capturar quais são essas tarefas e sua concatenação. ■ Para tanto, é útil distinguir entre dois níveis de operatividade do discurso: ■ Nível locutório: diz respeito ao proferimento linguístico significativo acerca de algo. ■ Nível ilocutório: Diz respeito ao tipo de ação ou de tarefa cumprida relativamente
  • 5. O fichamento detalhado ■ Nas fichas expressas, o leitor se limita a distinguir e a nomear a grandes partes expositivas do texto, podendo acrescentar um pequeno resumo do conteúdo correspondente. ■ A tarefa do fichamento detalhado é distinguir as tarefas ou operações argumentativas no interior das partes expositivas. ■ Espera-se adquirir com essa técnica um entendimento rigoroso dos passos lógicos da exposição em seu detalhe, algo que não é necessariamente capturado pela ficha expressa, que se limita a dar um título geral para cada parte. ■ A exibição da estrutura detalhada das tarefas ou operações argumentativas pressupõe a divisão da estrutura do texto em seus grandes blocos pela divisão dos parágrafos. Mas isso não significa que se deva necessariamente escrever uma ficha expressa para então escrever a ficha detalhada. ■ Se a leitora/o leitor decide de antemão propor um fichamento detalhado, então não precisa passar pela ficha expressa, mas deve simplesmente incorporar a tarefa principal da análise expressa (dividir as grandes partes do texto) na análise detalhada e escrever somente a ficha detalhada da estrutura expositiva
  • 6. Como construir a ficha detalhada de análise estrutural? ■ A exibição das operações argumentativas ou tarefas ilocutórias internas às partes expositivas por vezes demanda a releitura atenta de diversos trechos. ■ Sugere-se, então, que uma vez proposta uma divisão provisória das grandes partes, analise-se cada parte buscando formular as suboperações ali vigentes. ■ A releitura dos trechos para o fichamento detalhado busca ser exaustiva, isto é, o leitor deve ser capaz de incluir todas as frases do texto em alguma função determinada. ■ Isso é importante porque uma das principais fontes de incompreensão de um texto é a não entender qual é o papel que uma ou outra frase cumpre no todo do parágrafo. Ao reunir as frases em blocos ou tarefas, o fichamento detalhado permite isolar com clareza os trechos considerados difíceis.
  • 7. Exemplo: Texto Tarefas ilocutórias Há duas coisas igualmente notáveis no projeto cartesiano; de um lado, sua ambição e grandiosidade e, de outro, a modéstia que Descartes emprega para formulá-lo. O projeto não é nada menos que a reconstrução do saber, com tudo o que isso implica de crítica e recusa da tradição cultural e dos procedimentos filosóficos da Escolástica. A modéstia está na insistência com que Descartes o coloca como um caso de desenvolvimento pessoal de reflexão sobre a ciência e a metafísica que poderia eventualmente indicar a outros um certo caminho do filosofar. Certamente há alguma coisa de prudência nessa acentuação do caráter estritamente pessoal da nova filosofia; Descartes não deseja que o alcance de uma polêmica mais intensa perturbe o próprio processo de elaboração de sua filosofia. Mas não deixa de ser curioso o fato de que o filósofo pretenda que um projeto extremamente revolucionário do ponto de vista filosófico não cause em torno de si um significativo abalo do ponto de vista cultural. Quando lemos, por exemplo, o início do Discurso do método, não é sem alguma surpresa que verificamos que, ali, a proclamação do alcance limitado do projeto cartesiano está ao lado da enunciação implícita daquilo que o filósofo verdadeiramente
  • 8. Exemplo: Silva, F.L. Descartes, a metafísica da modernidade, São Paulo: Moderna, 2005. pp. 26-27 Texto Tarefas ilocutórias Há duas coisas igualmente notáveis no projeto cartesiano; de um lado, sua ambição e grandiosidade e, de outro, a modéstia que Descartes emprega para formulá-lo. O projeto não é nada menos que a reconstrução do saber, com tudo o que isso implica de crítica e recusa da tradição cultural e dos procedimentos filosóficos da Escolástica. A modéstia está na insistência com que Descartes o coloca como um caso de desenvolvimento pessoal de reflexão sobre a ciência e a metafísica que poderia eventualmente indicar a outros um certo caminho do filosofar. Certamente há alguma coisa de prudência nessa acentuação do caráter estritamente pessoal da nova filosofia; Descartes não deseja que o alcance de uma polêmica mais intensa perturbe o próprio processo de elaboração de sua filosofia. Mas não deixa de ser curioso o fato de que o filósofo pretenda que um projeto extremamente revolucionário do ponto de vista filosófico não cause em torno de si um significativo abalo do ponto de vista cultural. Quando lemos, por exemplo, o início do Discurso do método, não é sem alguma surpresa que verificamos que, ali, a proclamação do alcance limitado do projeto cartesiano está ao lado da enunciação implícita daquilo que o filósofo verdadeiramente Constata uma tensão entre dois aspectos do projeto cartesiano. Descreve os dois aspectos. Avalia se essa tensão decorre de uma prudência Contata que não se pode atribui-la somente à prudência.
  • 9. Texto Tarefas ilocutórias O Discurso do método contém, no seu início, duas afirmações que, se ligadas, permitem-nos compreender o projeto cartesiano no âmbito do método. A primeira é a frase famosa que abre o Discurso e que nos diz que o bom senso é a coisa mais bem partilhada do mundo, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que se mostram difíceis de contentar em outras coisas, não desejam tê-lo maior do que já o têm. A segunda afirmação, que se segue ao comentário dessa primeira no qual o bom senso é identificado, entre outras coisas, como a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, é uma retificação do que foi expresso no início. Informa-nos que não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. Assim, desde as primeiras frases do Discurso do método ficamos alertados de que a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, a que chamamos bom senso, embora seja aquilo que os homens parecem possuir em grau suficiente, necessita contudo estar vinculada a determinadas condições de aplicação, para que o espírito exerça com êxito a sua função de descobrir o verdadeiro. O bom senso, ainda que repartido em grau suficiente por todos os homens, na exata medida em que todos são racionais, não garante por si só a identificação da verdade. É necessário que a razão seja bem conduzida, e essa condução se dá por meio de regras que permitem atingir a evidência. Por isso, é primeiramente a título de uma experiência pessoal que Descartes falará dos frutos do método e de como tais frutos são obtidos independentemente da erudição ou de dons particulares de memória e argúcia. Descartes valoriza a tal ponto o método que atribui a ele a capacidade de remediar em grande parte, senão
  • 10. Texto Tarefas ilocutórias O Discurso do método contém, no seu início, duas afirmações que, se ligadas, permitem-nos compreender o projeto cartesiano no âmbito do método. A primeira é a frase famosa que abre o Discurso e que nos diz que o bom senso é a coisa mais bem partilhada do mundo, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que se mostram difíceis de contentar em outras coisas, não desejam tê-lo maior do que já o têm. A segunda afirmação, que se segue ao comentário dessa primeira no qual o bom senso é identificado, entre outras coisas, como a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, é uma retificação do que foi expresso no início. Informa-nos que não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplicá-lo bem. Assim, desde as primeiras frases do Discurso do método ficamos alertados de que a capacidade de distinguir o verdadeiro do falso, a que chamamos bom senso, embora seja aquilo que os homens parecem possuir em grau suficiente, necessita contudo estar vinculada a determinadas condições de aplicação, para que o espírito exerça com êxito a sua função de descobrir o verdadeiro. O bom senso, ainda que repartido em grau suficiente por todos os homens, na exata medida em que todos são racionais, não garante por si só a identificação da verdade. É necessário que a razão seja bem conduzida, e essa condução se dá por meio de regras que permitem atingir a evidência. Por isso, é primeiramente a título de uma experiência pessoal que Descartes falará dos frutos do método e de como tais frutos são obtidos independentemente da erudição ou de dons particulares de memória e argúcia. Descartes valoriza a tal ponto o método que atribui a ele a capacidade de remediar em grande parte, senão Descreve as duas afirmações que abrem o D.M. Esclarece a relação entre o bom senso e a boa condução da razão. Destaca a importância da exposição do método como experiência pessoal
  • 11. Exemplo de ficha detalhada ■ §§1-2: Introdução: o autor apresenta e descreve uma tensão no interior do projeto cartesiano. – §1 a. Constata uma tensão entre dois aspectos do projeto cartesiano. b. Descreve os dois aspectos. – §2 a. Avalia se essa tensão decorre de uma prudência b. Constata que não se pode atribui-la somente à prudência. ■ §3: Avalia como Descartes elabora o projeto de um método. a. Descreve as duas afirmações que abrem o D.M. b. Esclarece a relação entre o bom senso e a boa condução da razão. c. Destaca a importância da exposição do método como experiência pessoal ■ §4-6: [...] a. [...] b. [...]
  • 12. ■ Como se vê, o caráter detalhado da ficha se mostra na reconstrução das operações internas a cada parte do texto. Em vez de um curto resumo, busca-se nomear as diferentes funções ou operações de cada trecho, ligadas ao conteúdo correspondente. ■ É importante enfatizar que, muitas vezes, a reconstrução do conteúdo exige que se resuma ou mesmo que se interprete minimamente as frases correspondentes no texto. ■ Uma das grandes utilidades da ficha é esquematizar a exposição do texto, isto é, retomá-la em seus aspectos estruturais não óbvios, explicitando esses aspectos o mais sucintamente possível. As fichas permitem ao leitor ganhar rapidamente a noção de como o texto é montado. ■ Esse nível de fichamento já envolve, portanto, uma interpretação aprofundada do texto lido. Fazer essa espécie de fichamento não é uma mera repetição daquilo que o texto diz, mas sim uma reconstituição das operações lógicas envolvidas.
  • 13. Vantagens da ficha detalhada: ■ Com a ficha detalhada, busca-se reinserir na estrutura lógica interna ao texto as teses propostas no curso da exposição. Atenta-se, por conseguinte, menos “àquilo que o autor diz ou defende” e mais aos passos lógico-argumentativos que justificam suas afirmações. Evita-se, dessa maneira, destacar arbitrariamente certas afirmações da estrutura textual que busca torná-la aceitáveis. ■ Para desvelar a estrutura expositiva, deve-se refazer as operações vigentes no texto. Entender o que o autor propõe leva, desde então, a aprender a retomar as operações explicitadas, o que contribui para densificar globalmente repertório cognitivo do leitor.