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O príncipe dos 
COMUNISTAS 
É um dos militantes mais antigos do PÇP É uma espécie rara de capitalista 
E uma estirpe raríssima de comunista É as duas coisas É da casta comunista 
que na ditadura transportava o Avante e a propaganda subversiva na mala 
do seu Jaguar topo de gama Pensando bem é isso que ele é um comunista 
topo de gama que viaja de Bentley na imensidão do proletariado 
Até o seu nome mistura dois mundos César Príncipe 
TEXTO DE LUÍS PEDRO CABRAL FOTOGRAFIAS DE RUI DUARTE SILVA 
Década de 80 O Partido Comu 
nista Português convocara uma 
jornada de luta no Terreiro do 
Paço Pela hora de almoço as ruas 
estavam cheias de pessoas que 
escorriam de camionetas vin 
das de todos os pontos do país A 
meio da tarde eram já uma massa 
densa preparando os adereços da 
contestação afinando as vozes à 
cadência de discursos exultantes 
ampliados ao megafone Havia 
tensão no ar agitação frenética 
A dispersão congregava se desor 
denadamente E a manif atingia 
o seu grau ideal de ebulição A voz 
uníssona da imensa classe ope 
rária preparava se para marchar 
mais uma vez contra o poder con 
tra as elites os ricos os explorado 
res o capital 
Eis que irrompe por entre a 
multidão um imponente Rolls Roy 
ce que tinha a bordo um indivíduo 
com uma certa pose aristocrática 
impecavelmente vestido embora 
casual abrindo descaradamente 
caminho com as janelas escancara 
das Se naquele momento aterrasse 
no Terreiro do Paço uma nave es 
pacial de fabrico soviético causa 
ria menos espanto Muitos dos que 
ali estavam já tinham visto multa 
coisa mas nunca um Rolls Royce 
tão nobre exemplar do imaginário 
coletivo símbolo de tudo contra o 
que eles lutavam 
Foi necessário algum tempo 
para se digerir esta visão do apoca 
lipse proletário a abrir alas no povo 
como um fecho éclair O condutor 
acenava e sorria Pedia licença bu 
zinando ao de leve Que extrava 
gância vinha a ser esta A utopia 
tinha descido à terra para provocar 
a malta Ninguém sabia O povo é 
sereno mas não convém exagerar 
Na verdade só o espanto 
Expresso 
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Revista
mantinha aquele cenário intac 
to Mas a reação não tardou De 
repente a populaça fechou se 
sobre o Rolls Royce como se o 
quisesse rasurar Uns erguiam a 
voz outros começavam a testar 
os amortecedores do carro E o 
condutor avançando cada vez 
mais devagar começou a ver a 
vida a andar para trás 
Por entre a multidão chegou 
um dirigente do partido que disse 
Eh pá é o camarada Príncipe É o 
camarada Príncipe Era o cama 
rada César Príncipe militante de 
base desde que o PCP é partido 
comunista desde que nasceu 
camarada vinOha do Porto 
Atrasou se um bocado porque 
parou para almoçar Não chegou a 
tempo de evitar esta entrada que 
por momentos parecia ser trágica 
mas acabou triunfal De geração 
espontânea começou a entoar se 
Assim se vê a força do PC Assim 
se vê a força do PC 
Senhoras e senhores César 
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Informação Geral 
Príncipe um comunista etnográfi 
co que passeia descontraidamen 
te por entre estratos envergan 
do todos os clichés da burguesia 
transformou se num histórico do 
Partido Comunista Português sen 
do dele uma antítese aparente Ou 
apenas a prova de que as aparên 
cias iludem 
A LUTA CONTINUA 
Entre um apelido que se transfor 
mou em título imperial e um títu 
lo real transformado em apelido 
o seu nome de batismo encerra 
desde logo uma contradição César 
Príncipe nasceu em plena ditadu 
ra em berço de lavradores abasta 
dos com fortuna hereditária e um 
bom quinhão de território para os 
lados de Braga 
Exatamente para esses lados 
a poderosa Central Elétrica uma 
extensão ideológica da indústria 
made in Estado Novo tinha planos 
para um ponto concreto no mapa 
de Portugal continental Alguém 
num gabinete centralista de Lis 
boa havia desenhado uma circun 
ferência no Minho sobre a aldeia 
de Vilar da Veiga Do ponto de vista 
hidrográfico Vilar da Veiga era 
uma espécie de ponto de exclama 
ção a interromper objetivamente 
o caudal do progresso Naquela al 
deia distante perdida nos confins 
da interioridade tinha nascido o 
menino César Príncipe um impe 
rador nascido num principado de 
família desde sempre o mais bem 
vestido das redondezas 
Nem mesmo na mente pro 
digiosa de uma criança era pos 
sível imaginar que o progresso ia 
entrar em obras no seu mundo 
rural habitado por uma identi 
dade própria Foi essa identidade 
que me formou como comunista 
pois eu cresci no seu estado puro 
conta César Príncipe É por isso 
que se define como um comunista 
etnográfico Um comunista bio 
lógico redefine A aldeia como 
César Príncipe a recorda tinha 
forno eira lagar e vida comuni 
tária Tinha a sua identidade bem 
vincada os seus rituais personali 
zados a caricatura de um pequeno 
exército com armas rudimentares 
e até uma espécie de religião pa 
ralela Tema delicado pois a sua 
família era da intimidade de Dom 
António Bento Martins Júnior ar 
cebispo de Braga César Príncipe 
também esteve na fornalha para 
a ecclesia não se tivessem oposto 
os caminhos ínvios das letras das 
artes e de outras coisas que ele 
não dispensava 
Quando os pequenos dita 
dores do Estado Novo ali chega 
ram acompanhados pela Guarda 
Nacional Republicana para lhes 
falar de um desígnio nacional os 
da aldeia desconfiaram E tinham 
razões para isso A Central Elétrica 
apresentou se como um deus mi 
sericordioso que tinha para lhes 
Expresso 
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Sociedade
oferecer uma vida nova a troco 
da sua Já se sabe como são estas 
coisas das lutas desiguais Quando 
o regime abdicou das subtilezas 
os pedidos transformaram se em 
ordens E a aldeia transformou se 
numa milícia prestes a defender a 
sua causa contra uma causa maior 
A aldeia que na altura não tinha 
mais de mil habitantes decidiu 
interpor um processo judicial para 
travar o destino da barragem da 
Caniçada Foi como se David se 
submetesse à apreciação de um 
coletivo de Golias 
César Príncipe era criança 
quando decorreu este processo 
Não acompanhou a luta até ao 
fim porque entretanto os pais o 
tinham colocado num colégio in 
terno na cidade dos arcebispos 
Onde ele estava em 1954 quando 
lhe comunicaram que a sua aldeia 
estava submersa Tinha na altu 
ra 9 anos Imagine a dureza deste 
golpe Tão profundo que César 
Príncipe nunca recuperou dele E 
eis como uma aldeia e uma Cen 
tral Elétrica forjaram uma estirpe 
raríssima de comunista primeiro 
biológico depois ideológico Afor 
tuna de família a propriedade e 
alguns adereços que o capitalismo 
lhe tinham para oferecer nunca o 
impediram de querer o que quer 
qualquer comunista pelas mes 
míssimas razões 
A sua aparência cai mais para 
a direita conservadora do que para 
a esquerda revolucionária A sua 
condição aponta mais para a bur 
guesia do que para o povo César 
Príncipe sabe disso E não tem 
qualquer objeção de consciência 
Sou desprendido destas questões 
Para ele sempre foi de César o que 
era de César Nunca deixou que o 
seu capitalismo material atrapa 
lhasse o seu comunismo estrutu 
ral Entre uma e a outra reside o 
pilar da sua dialética interna o fac 
to de ter o que outros não têm não 
implica que ele não queira para 
os outros o mesmo que ele tem E 
nunca confundiu a distribuição de 
riqueza com a sua criação 
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Já agora Se todos os capita 
listas do mundo distribuírem os 
seus bens eu não me importo de 
fazer o mesmo Quanto a isto não 
é preciso ser comunista para saber 
que a luta continua 
TOMAR CHÁ NA SITUAÇÃO 
Quando submergiram a sua aldeia 
muitos sonhos de criança submer 
giram com ela A família mudou 
se para outra propriedade mais 
próxima de Braga Mas era como 
se tivesse mudado para outro pla 
neta Quando saiu do colégio in 
terno César Príncipe continuou os 
estudos em Braga aprofundando 
os conhecimentos específicos da 
cidade e dos seus segredos E foi 
durante este tempo quando ele 
tinha 18 19 anos que refinou a 
sua arte de estar em dois mundos 
com a mesma naturalidade Tanto 
frequentava os locais da situação 
como da subversão Tanto tomava 
um chá com os apaniguados de 
Salazar que era visita frequente 
num café da cidade como bebia 
um tintol ao lusco fusco de um 
estabelecimento mal afamado 
na companhia de intelectuais es 
tudantes artistas e outra maralha 
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S/Cor 
que a PIDE tinha debaixo de olho 
Vistas bem as coisas muitas 
nunca vezes César Príncipe —que 
abdicou de vestir corte clássico 
mais estilizado —destoava muito 
nas tertúlias conspirativas do que 
nas sucursais do regime Utilizava 
a sua realidade como um disfarce 
É provável que isto me tenha sal 
vo a pele muitas vezes 
A sua pose aristocrata o nome 
e as relações da família a osten 
tação de um certo poder ineren 
te à ordem das coisas causavam 
evidentes pruridos aos agentes 
da polícia política e conferiam ao 
Expresso 
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Sociedade
jovem César Príncipe imunidade 
tática que lhe permitiam ter um 
pé no regime e a alma no contra A 
PIDE não achava verosímil que um 
homem desta casta andasse envol 
vido em atividades subversivas 
As células comunistas de Braga 
desconfiavam do mesmo Ambos 
tinham suspeitas infundadas Exa 
tamente por essas razões Príncipe 
tinha de ser mais clandestino que 
os outros à paisana na evidência 
A células de Braga terão che 
gado à conclusão que César Prín 
cipe era mesmo um organismo 
resistente Com armas invulgares 
dada a sua posição que bem uti 
lizadas se tornariam muito úteis 
Em 1964 surgiram os primeiros 
contactos formais digamos assim 
com a resistência Sempre com 
Príncipe subtilezas —recorda 
Foi como se a plebe fosse recrutar 
um elemento à nobreza Por es 
tranho que pareça fui convidado 
a aderir à causa em duas ocasiões 
uma por um trolha Outra por um 
construtor civil acrescenta 
Por temer tratar se de uma 
artimanha da PIDE o camarada 
Príncipe preferiu ficar como esta 
va Um pouco mais tarde o cons 
trutor civil havia de provar sem 
margem para dúvidas que o seu 
convite era leal E César Príncipe 
formalizou a sua adesão aos co 
munistas Vínculo perpétuo Prín 
cipe tem hoje 72 anos E não tem 
intenção de mudar Afastar me 
do PCP era afastar me de mim e 
da minha aldeia É por isso e não 
só que continua ligado ao parti 
do continuando a escrever para o 
jornal Avante e para a revista O 
Militante órgãos oficiais do PCP 
ABENÇOADO JAGUAR 
Na juventude em Braga o distin 
to camarada fazia o que podia na 
Luta Remava contra a maré utili 
zando o seu livre trânsito no iate 
do Estado Novo Certa vez César 
Príncipe foi convidado a discur 
sar num hotel dos arredores da 
cidade Era um comício disfarçado 
de colóquio sobre literatura uma 
das suas paixões Na assistência 
estavam dois agentes da PIDE tão 
discretos como um Rolls Royce 
numa manifestação Na circuns 
Periodicidade: Semanal 
Temática: 
Informação Geral 
Nacional 
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Âmbito: 
tância Príncipe não se conteve 
Falei dos pobres das colónias da 
independência da cultura e das 
artes Tocou nas teclas certas to 
cando nas teclas erradas 
Nem 48 horas depois a PIDE 
foi à sua procura na quinta dos 
pais Avisaram me a tempo e eu 
fugi Corri até casa de um vizinho 
troquei de roupa e chamei um táxi 
Passei por eles calmamente Os 
agentes nem notaram que esta foi 
das raras vezes que César Príncipe 
andou por aí mal vestido Na ver 
dade acho que eles não me que 
riam prender Apenas pregar me 
um valente susto O meu suposto 
estatuto social condicionava os 
muito 
O seu suposto estatuto social 
não era apenas suposto César 
3030 
S/Cor 
Príncipe nunca negou que apre 
cia as coisas boas Nunca rejeitou 
a fortuna de família as proprieda 
des os carros de luxo a sua vastís 
sima coleção de arte as pequenas 
médias e grandes coisas que a vida 
tem para oferecer quando a ela 
se junta o capital A sua ligação 
ao PCP é umbilical consolidou 
no Estado Novo e solidificou para 
sempre Ironiza quando diz que 
o PCP faz o favor de me manter 
lá César Príncipe foi por diversas 
vezes candidato CDU em legislati 
vas e autárquicas no Porto e pelo 
círculo de Viana do Castelo 
Em tempos esteve perto do 
Comité Central do partido embora 
também tenha colecionado detratoresTalvez tenha sido a distân 
cia que o manteve sempre seguro 
no PCP A sua vida esteve desde 
sempre ligada a Braga e ao Por 
to embora tenha vivido bastante 
tempo em Vila Nova de Cerveira 
um paraíso no Alto Minho que 
mais parecia o retiro de um aris 
tocrata escocês Vendi essa casa 
há pouco tempo O comprador 
foi Miguel Veiga um dos históricos 
fundadores do PSD que é também 
um amigo 
César Príncipe foi durante dé 
cadas redator princípal do Jornal 
de Notícias no Porto onde era 
também dirigente sindical Um 
sindicalista atípico pois ia para a 
redação de Bentley Isso não me 
impediu de lutar pelos direitos dos 
trabalhadores assegura E apro 
veita para assegurar também que 
o PCP jamais tentou interferir no 
seu trabalho enquanto jornalista 
Por obra do acaso os carros 
de luxo são uma constante em 
muitos episódios marcantes da 
sua vida Mas vou contar lhe um 
segredo não lhe vou negar que 
gosto de bons carros pois isso se 
ria ridículo Mas na verdade só 
gosto deles pelo sentido estético 
Adoração só teve por um Jaguar 
modelo desportivo linhas revolu 
cionárias novinho em folha que 
ele tinha em 1973 no estertor do 
Estado Novo altura em que a PIDE 
e as demais forças de segurança 
intensificaram a repressão Ainda 
hoje sente suores quando se lem 
bra deste episódio que bem diz 
da sua casta de comunista Vinha 
no meu Jaguar de uma reunião na 
sede do PCP em Santa Catarina no 
Porto O camarada Príncipe vinha 
algo despreocupado como é seu 
timbre quando lhe fizeram sinal 
para encostar Estacionou numa 
Operação Stop da GNR do Porto 
E só aí se lembrou do que tinha na 
mala do carro Folhetos de propa 
ganda comunista documentação 
antirregime e um número bas 
tante apreciável de exemplares 
do Avante 
Um diligente cabo da GNR 
aproximou se do carro E a César 
Príncipe só lhe ocorreu ir abrindo 
o vidro do carro o mais devagar 
que pudesse a ver se ganhava al 
gum tempo para adiar o inevitá 
vel Com a janela a meio ouviu ao 
longe a voz de um oficial Esse 
não importa Esse não interessa 
pá Mais uma vez a aparência 
salvara o 
Pelas suas particularidades 
não é capítulo que se escreva nos 
anais do PCP Mas na altura o caso 
terá mesmo chegado ao conhe 
cimento de Álvaro Cunhal que 
César Príncipe só conheceria mais 
tarde O líder terá experimentado 
reações ambíguas De qualquer 
forma ficou decidido que a mala 
do Jaguar do camarada era ótima 
para transportar material subver 
sivo O próprio condutor ao servi 
ço das fileiras do PCP era um tanto 
ou quanto subversivo Uma carac 
terística que ele mantém intacta 
Em toda a minha vida sem 
pre me dei com a peixeira ou com 
o maior capitalista do país Tan 
to ando de autocarro como de 
Bentley É esta a metáfora da sua 
vida Sou como a personagem de 
uma série de humor portuguesa 
em que a criada era a patroa e a 
patroa era a criada sendo ambas 
a mesma pessoa 
César Príncipe reconhece que 
os tempos de crise como os que 
vivemos trazem a um comunis 
ta que se preze todos os instintos 
possíveis menos o da contenção 
Mas é exatamente isso que se exige 
a este comunista específico que é 
muito mais que um militante de 
base Éumcomunista deberço 
Expresso 
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O principe dos comunistas

  • 1. 3030 S/Cor Periodicidade: Semanal Temática: Classe: Informação Geral Âmbito: Nacional Dimensão: Imagem: O príncipe dos COMUNISTAS É um dos militantes mais antigos do PÇP É uma espécie rara de capitalista E uma estirpe raríssima de comunista É as duas coisas É da casta comunista que na ditadura transportava o Avante e a propaganda subversiva na mala do seu Jaguar topo de gama Pensando bem é isso que ele é um comunista topo de gama que viaja de Bentley na imensidão do proletariado Até o seu nome mistura dois mundos César Príncipe TEXTO DE LUÍS PEDRO CABRAL FOTOGRAFIAS DE RUI DUARTE SILVA Década de 80 O Partido Comu nista Português convocara uma jornada de luta no Terreiro do Paço Pela hora de almoço as ruas estavam cheias de pessoas que escorriam de camionetas vin das de todos os pontos do país A meio da tarde eram já uma massa densa preparando os adereços da contestação afinando as vozes à cadência de discursos exultantes ampliados ao megafone Havia tensão no ar agitação frenética A dispersão congregava se desor denadamente E a manif atingia o seu grau ideal de ebulição A voz uníssona da imensa classe ope rária preparava se para marchar mais uma vez contra o poder con tra as elites os ricos os explorado res o capital Eis que irrompe por entre a multidão um imponente Rolls Roy ce que tinha a bordo um indivíduo com uma certa pose aristocrática impecavelmente vestido embora casual abrindo descaradamente caminho com as janelas escancara das Se naquele momento aterrasse no Terreiro do Paço uma nave es pacial de fabrico soviético causa ria menos espanto Muitos dos que ali estavam já tinham visto multa coisa mas nunca um Rolls Royce tão nobre exemplar do imaginário coletivo símbolo de tudo contra o que eles lutavam Foi necessário algum tempo para se digerir esta visão do apoca lipse proletário a abrir alas no povo como um fecho éclair O condutor acenava e sorria Pedia licença bu zinando ao de leve Que extrava gância vinha a ser esta A utopia tinha descido à terra para provocar a malta Ninguém sabia O povo é sereno mas não convém exagerar Na verdade só o espanto Expresso 43 a 46 131300 Página (s): 22­11­2014 Tiragem: Sociedade Revista
  • 2. mantinha aquele cenário intac to Mas a reação não tardou De repente a populaça fechou se sobre o Rolls Royce como se o quisesse rasurar Uns erguiam a voz outros começavam a testar os amortecedores do carro E o condutor avançando cada vez mais devagar começou a ver a vida a andar para trás Por entre a multidão chegou um dirigente do partido que disse Eh pá é o camarada Príncipe É o camarada Príncipe Era o cama rada César Príncipe militante de base desde que o PCP é partido comunista desde que nasceu camarada vinOha do Porto Atrasou se um bocado porque parou para almoçar Não chegou a tempo de evitar esta entrada que por momentos parecia ser trágica mas acabou triunfal De geração espontânea começou a entoar se Assim se vê a força do PC Assim se vê a força do PC Senhoras e senhores César 3030 S/Cor Periodicidade: Semanal Temática: Informação Geral Príncipe um comunista etnográfi co que passeia descontraidamen te por entre estratos envergan do todos os clichés da burguesia transformou se num histórico do Partido Comunista Português sen do dele uma antítese aparente Ou apenas a prova de que as aparên cias iludem A LUTA CONTINUA Entre um apelido que se transfor mou em título imperial e um títu lo real transformado em apelido o seu nome de batismo encerra desde logo uma contradição César Príncipe nasceu em plena ditadu ra em berço de lavradores abasta dos com fortuna hereditária e um bom quinhão de território para os lados de Braga Exatamente para esses lados a poderosa Central Elétrica uma extensão ideológica da indústria made in Estado Novo tinha planos para um ponto concreto no mapa de Portugal continental Alguém num gabinete centralista de Lis boa havia desenhado uma circun ferência no Minho sobre a aldeia de Vilar da Veiga Do ponto de vista hidrográfico Vilar da Veiga era uma espécie de ponto de exclama ção a interromper objetivamente o caudal do progresso Naquela al deia distante perdida nos confins da interioridade tinha nascido o menino César Príncipe um impe rador nascido num principado de família desde sempre o mais bem vestido das redondezas Nem mesmo na mente pro digiosa de uma criança era pos sível imaginar que o progresso ia entrar em obras no seu mundo rural habitado por uma identi dade própria Foi essa identidade que me formou como comunista pois eu cresci no seu estado puro conta César Príncipe É por isso que se define como um comunista etnográfico Um comunista bio lógico redefine A aldeia como César Príncipe a recorda tinha forno eira lagar e vida comuni tária Tinha a sua identidade bem vincada os seus rituais personali zados a caricatura de um pequeno exército com armas rudimentares e até uma espécie de religião pa ralela Tema delicado pois a sua família era da intimidade de Dom António Bento Martins Júnior ar cebispo de Braga César Príncipe também esteve na fornalha para a ecclesia não se tivessem oposto os caminhos ínvios das letras das artes e de outras coisas que ele não dispensava Quando os pequenos dita dores do Estado Novo ali chega ram acompanhados pela Guarda Nacional Republicana para lhes falar de um desígnio nacional os da aldeia desconfiaram E tinham razões para isso A Central Elétrica apresentou se como um deus mi sericordioso que tinha para lhes Expresso 43 a 46 Nacional 131300 Revista Classe: Âmbito: Tiragem: Dimensão: Imagem: 22­11­2014 Página (s): Sociedade
  • 3. oferecer uma vida nova a troco da sua Já se sabe como são estas coisas das lutas desiguais Quando o regime abdicou das subtilezas os pedidos transformaram se em ordens E a aldeia transformou se numa milícia prestes a defender a sua causa contra uma causa maior A aldeia que na altura não tinha mais de mil habitantes decidiu interpor um processo judicial para travar o destino da barragem da Caniçada Foi como se David se submetesse à apreciação de um coletivo de Golias César Príncipe era criança quando decorreu este processo Não acompanhou a luta até ao fim porque entretanto os pais o tinham colocado num colégio in terno na cidade dos arcebispos Onde ele estava em 1954 quando lhe comunicaram que a sua aldeia estava submersa Tinha na altu ra 9 anos Imagine a dureza deste golpe Tão profundo que César Príncipe nunca recuperou dele E eis como uma aldeia e uma Cen tral Elétrica forjaram uma estirpe raríssima de comunista primeiro biológico depois ideológico Afor tuna de família a propriedade e alguns adereços que o capitalismo lhe tinham para oferecer nunca o impediram de querer o que quer qualquer comunista pelas mes míssimas razões A sua aparência cai mais para a direita conservadora do que para a esquerda revolucionária A sua condição aponta mais para a bur guesia do que para o povo César Príncipe sabe disso E não tem qualquer objeção de consciência Sou desprendido destas questões Para ele sempre foi de César o que era de César Nunca deixou que o seu capitalismo material atrapa lhasse o seu comunismo estrutu ral Entre uma e a outra reside o pilar da sua dialética interna o fac to de ter o que outros não têm não implica que ele não queira para os outros o mesmo que ele tem E nunca confundiu a distribuição de riqueza com a sua criação Periodicidade: Semanal Temática: Informação Geral Nacional Classe: Âmbito: Já agora Se todos os capita listas do mundo distribuírem os seus bens eu não me importo de fazer o mesmo Quanto a isto não é preciso ser comunista para saber que a luta continua TOMAR CHÁ NA SITUAÇÃO Quando submergiram a sua aldeia muitos sonhos de criança submer giram com ela A família mudou se para outra propriedade mais próxima de Braga Mas era como se tivesse mudado para outro pla neta Quando saiu do colégio in terno César Príncipe continuou os estudos em Braga aprofundando os conhecimentos específicos da cidade e dos seus segredos E foi durante este tempo quando ele tinha 18 19 anos que refinou a sua arte de estar em dois mundos com a mesma naturalidade Tanto frequentava os locais da situação como da subversão Tanto tomava um chá com os apaniguados de Salazar que era visita frequente num café da cidade como bebia um tintol ao lusco fusco de um estabelecimento mal afamado na companhia de intelectuais es tudantes artistas e outra maralha 3030 S/Cor que a PIDE tinha debaixo de olho Vistas bem as coisas muitas nunca vezes César Príncipe —que abdicou de vestir corte clássico mais estilizado —destoava muito nas tertúlias conspirativas do que nas sucursais do regime Utilizava a sua realidade como um disfarce É provável que isto me tenha sal vo a pele muitas vezes A sua pose aristocrata o nome e as relações da família a osten tação de um certo poder ineren te à ordem das coisas causavam evidentes pruridos aos agentes da polícia política e conferiam ao Expresso 43 a 46 131300 Revista Tiragem: Dimensão: Imagem: 22­11­2014 Página (s): Sociedade
  • 4. jovem César Príncipe imunidade tática que lhe permitiam ter um pé no regime e a alma no contra A PIDE não achava verosímil que um homem desta casta andasse envol vido em atividades subversivas As células comunistas de Braga desconfiavam do mesmo Ambos tinham suspeitas infundadas Exa tamente por essas razões Príncipe tinha de ser mais clandestino que os outros à paisana na evidência A células de Braga terão che gado à conclusão que César Prín cipe era mesmo um organismo resistente Com armas invulgares dada a sua posição que bem uti lizadas se tornariam muito úteis Em 1964 surgiram os primeiros contactos formais digamos assim com a resistência Sempre com Príncipe subtilezas —recorda Foi como se a plebe fosse recrutar um elemento à nobreza Por es tranho que pareça fui convidado a aderir à causa em duas ocasiões uma por um trolha Outra por um construtor civil acrescenta Por temer tratar se de uma artimanha da PIDE o camarada Príncipe preferiu ficar como esta va Um pouco mais tarde o cons trutor civil havia de provar sem margem para dúvidas que o seu convite era leal E César Príncipe formalizou a sua adesão aos co munistas Vínculo perpétuo Prín cipe tem hoje 72 anos E não tem intenção de mudar Afastar me do PCP era afastar me de mim e da minha aldeia É por isso e não só que continua ligado ao parti do continuando a escrever para o jornal Avante e para a revista O Militante órgãos oficiais do PCP ABENÇOADO JAGUAR Na juventude em Braga o distin to camarada fazia o que podia na Luta Remava contra a maré utili zando o seu livre trânsito no iate do Estado Novo Certa vez César Príncipe foi convidado a discur sar num hotel dos arredores da cidade Era um comício disfarçado de colóquio sobre literatura uma das suas paixões Na assistência estavam dois agentes da PIDE tão discretos como um Rolls Royce numa manifestação Na circuns Periodicidade: Semanal Temática: Informação Geral Nacional Classe: Âmbito: tância Príncipe não se conteve Falei dos pobres das colónias da independência da cultura e das artes Tocou nas teclas certas to cando nas teclas erradas Nem 48 horas depois a PIDE foi à sua procura na quinta dos pais Avisaram me a tempo e eu fugi Corri até casa de um vizinho troquei de roupa e chamei um táxi Passei por eles calmamente Os agentes nem notaram que esta foi das raras vezes que César Príncipe andou por aí mal vestido Na ver dade acho que eles não me que riam prender Apenas pregar me um valente susto O meu suposto estatuto social condicionava os muito O seu suposto estatuto social não era apenas suposto César 3030 S/Cor Príncipe nunca negou que apre cia as coisas boas Nunca rejeitou a fortuna de família as proprieda des os carros de luxo a sua vastís sima coleção de arte as pequenas médias e grandes coisas que a vida tem para oferecer quando a ela se junta o capital A sua ligação ao PCP é umbilical consolidou no Estado Novo e solidificou para sempre Ironiza quando diz que o PCP faz o favor de me manter lá César Príncipe foi por diversas vezes candidato CDU em legislati vas e autárquicas no Porto e pelo círculo de Viana do Castelo Em tempos esteve perto do Comité Central do partido embora também tenha colecionado detratoresTalvez tenha sido a distân cia que o manteve sempre seguro no PCP A sua vida esteve desde sempre ligada a Braga e ao Por to embora tenha vivido bastante tempo em Vila Nova de Cerveira um paraíso no Alto Minho que mais parecia o retiro de um aris tocrata escocês Vendi essa casa há pouco tempo O comprador foi Miguel Veiga um dos históricos fundadores do PSD que é também um amigo César Príncipe foi durante dé cadas redator princípal do Jornal de Notícias no Porto onde era também dirigente sindical Um sindicalista atípico pois ia para a redação de Bentley Isso não me impediu de lutar pelos direitos dos trabalhadores assegura E apro veita para assegurar também que o PCP jamais tentou interferir no seu trabalho enquanto jornalista Por obra do acaso os carros de luxo são uma constante em muitos episódios marcantes da sua vida Mas vou contar lhe um segredo não lhe vou negar que gosto de bons carros pois isso se ria ridículo Mas na verdade só gosto deles pelo sentido estético Adoração só teve por um Jaguar modelo desportivo linhas revolu cionárias novinho em folha que ele tinha em 1973 no estertor do Estado Novo altura em que a PIDE e as demais forças de segurança intensificaram a repressão Ainda hoje sente suores quando se lem bra deste episódio que bem diz da sua casta de comunista Vinha no meu Jaguar de uma reunião na sede do PCP em Santa Catarina no Porto O camarada Príncipe vinha algo despreocupado como é seu timbre quando lhe fizeram sinal para encostar Estacionou numa Operação Stop da GNR do Porto E só aí se lembrou do que tinha na mala do carro Folhetos de propa ganda comunista documentação antirregime e um número bas tante apreciável de exemplares do Avante Um diligente cabo da GNR aproximou se do carro E a César Príncipe só lhe ocorreu ir abrindo o vidro do carro o mais devagar que pudesse a ver se ganhava al gum tempo para adiar o inevitá vel Com a janela a meio ouviu ao longe a voz de um oficial Esse não importa Esse não interessa pá Mais uma vez a aparência salvara o Pelas suas particularidades não é capítulo que se escreva nos anais do PCP Mas na altura o caso terá mesmo chegado ao conhe cimento de Álvaro Cunhal que César Príncipe só conheceria mais tarde O líder terá experimentado reações ambíguas De qualquer forma ficou decidido que a mala do Jaguar do camarada era ótima para transportar material subver sivo O próprio condutor ao servi ço das fileiras do PCP era um tanto ou quanto subversivo Uma carac terística que ele mantém intacta Em toda a minha vida sem pre me dei com a peixeira ou com o maior capitalista do país Tan to ando de autocarro como de Bentley É esta a metáfora da sua vida Sou como a personagem de uma série de humor portuguesa em que a criada era a patroa e a patroa era a criada sendo ambas a mesma pessoa César Príncipe reconhece que os tempos de crise como os que vivemos trazem a um comunis ta que se preze todos os instintos possíveis menos o da contenção Mas é exatamente isso que se exige a este comunista específico que é muito mais que um militante de base Éumcomunista deberço Expresso 43 a 46 131300 Revista Tiragem: Dimensão: Imagem: 22­11­2014 Página (s): Sociedade