SlideShare uma empresa Scribd logo
A
gestão de ativos é uma preocupação recente e
vista como fundamental, para a maior parte das
operadoras ferroviárias do mundo. É o que reve-
la pesquisa realizada neste ano pela ABB, que
ouviu aproximadamente 200 executivos sêniores. Segundo
-
ras e operacionais de suas organizações. Aproximadamen-
te 88% dos participantes indicou a gestão de ativos como
prioridade (tendo 55% indicado alta prioridade e 33%, prio-
ridade moderada) e dois terços acreditam que ela se tornou
mais importante nos últimos 12 meses.
O diretor de Engenharia do MetrôRio, Joubert Flores, diz
que a preocupação com a gestão de ativos ferroviários no
Brasil também é razoavelmente recente“. Há 20 anos atrás,
isso não era um lema, as pessoas não pensavam assim. Se
você perguntasse para um engenheiro de manutenção, ele ia
manter o equipamento dele para sempre”, explica.
É necessário, porém, na visão do diretor, que os ativos te-
nham seus ciclos de vida avaliados no longo prazo, seja um
ativo usado ou novo. “Gerir o ativo e analisar todo o ciclo
de vida é também chegar a conclusão de um ponto ótimo,
em que é melhor e mais barato você reinvestir e trocar esse
demais”, diz. Na compra de um trem novo, por exemplo, é
necessário avaliar o custo de manutenção durante esse ciclo
-
mas que vai exigir manutenção mais cara e frequente.
No MetrôRio, o diretor conta que uma equipe de estudos
tem avaliado, ao longo dos últimos quatro anos, os ciclos
de vida dos ativos concessionados e a necessidade de mo-
substituição estimado em R$ 500 milhões. Desses 51, oito
foram categorizados como mais importantes e serão priori-
zados. O custo estimado dos 8 ativos priorizados — entre
eles, partes de subestações de alta tensão, escadas rolantes,
-
teria — é de R$ 30 milhões.
O intuito é que a substituição desses ativos seja realizada até
o início de 2019. A partir de 2018, o MetrôRio volta a avaliar
as condições dos outros 43 ativos da lista inicial para saber
quais os próximos a entrar nas prioridades. Além disso, a em-
presa tem a intenção de substituir trens antigos, 30 no total,
mas isso não deve acontecer antes de 2021, segundo Flores,
pois depende de uma negociação com o governo do Estado.
Trem da série 200 da Trensurb no terminal de manobras, na Estação Mercado, em Porto Alegre (RS)
Kauê Menezes/Trensurb
O papel essencial da gestão de ativos
Gerenciamento começa na compra de um ativo e acompanha toda a sua vida útil,
incluindo a operação e a manutenção, até a necessidade de modernização ou troca
REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201644
reportagem
executivos acredita que a integração de aplicações de tec-
nologias de informação e tecnologias operacionais é extre-
mamente valiosa na melhoria da conexão de disciplinas em
75% dos entrevistados. Em muitas empresas, isso já é uma
realidade — e que vem sendo aprimorada.
As áreas de manutenção e operação utilizam de bancos
de informação, capazes de confrontar uma série de infor-
mações e apontar a melhor decisão ou oferecer alternativas.
A MRS, operadora ferroviária de transporte de carga, busca
-
cia das locomotivas e a disposição dos maquinistas. Para
isso, a empresa utiliza ferramentas para o melhor aprovei-
tamento de seus ativos. Uma delas é o ‘optimove’, que oti-
miza a circulação dos trens. Segundo Thiago Lima, gerente
geral de Planejamento e Controle de Operação da MRS, a
ferramenta fornece os dados da malha ferroviária como um
todo, dando indicativos de como proceder com a operação
do sistema, qual trem deve ter prioridade, levando em conta
sua velocidade máxima autorizada e seu peso, além dos pá-
tios de cruzamento próximos. O optimove faz a simulação
em tempo real e orienta o controlador de tráfego na tomada
de decisão.Aferramenta leva em conta também se o cliente
está preparado para a carga/descarga.
Outra solução é o ‘optimore’, que atua integrado ao op-
timove, orientando a equipe de operação de acordo com a
grade de disponibilidade dos terminais. O objetivo também
é ganhar produtividade, garantindo que os trens esperem o
menor tempo possível para serem carregados.
A MRS também está implantando uma ferramenta que
-
gundo Lima, hoje a programação das escalas se baseia em
decisões mais subjetivas e deve passar a ser feita de manei-
ra mais objetiva, obedecendo a padrões e levando em conta
horas ociosas.
ativos, a MRS conseguiu, com o apoio dessas tecnologias, re-
transit time, que, em 5
anos, caiu de 25 para 19 horas no maior corredor de minério da
empresa, entreAndaime (MG) e os portos do Rio de Janeiro.
At the heart of power electronics. www.lem.com
Transdutores de Corrente e Tensão
Para Material Rodante / Tração
José Eduardo Antonio - Diretor Técnico Comercial - Rua Dr. Ulhôa Cintra, 489 - Piso Superior Centro, Moji Mirim
São Paulo - CEP. 13800-061 - Brasil - Tel: +55 |19| 3806 1950 - amds4@amds4.com.br - www.amds4.com.br
No transporte ferroviário de passageiros, a informação
também é arma fundamental para a melhor gestão, opera-
ção e manutenção dos ativos. Na gaúcha Trensurb, a princi-
pal solução é caseira.Aferramenta, desenvolvida na própria
(IEO). “É um sistema que acompanha diariamente a dis-
material rodante, entre outras coisas”, explica o consultor
especial da Trensurb, Carlos Augusto Belolli.
De acordo com Belolli, com as informações que o sistema
-
car os problemas e agir nos pontos críticos. É possível, assim,
adequar o plano de manutenção conforme as necessidades,
levando em conta também o que é apontado pelos usuários
em pesquisas de satisfação.
O sistema compila e compara os dados, buscan-
que o gestor consiga focar a energia e o recurso no
ponto crítico, que gera a qualidade que o usuário
está esperando”, explica Belolli.
São nove indicadores chave de desempenho,
garantem o acompanhamento diário de aproxima-
damente 300 famílias de equipamentos e ocor-
rências. As ferramentas utilizadas pela Trensurb
permitiram alguns resultados bastante positivos,
-
temas (que incluem equipamentos de sinalização
e de energia elétrica). Os pedidos de intervenção
caíram de 4.284, em 2011, para 2.470, ano passa-
do, e 1.724 até aqui, em 2016.
A empresa está instalando ainda um sistema para inte-
grar os processos de manutenção com os processos de su-
as necessidades de compra e o recurso disponível. Hoje,
ainda não há uma comunicação direta e automatizada. A
estimativa é que a nova ferramenta em implantação já dê
resultados em 2017.
em tecnologias para otimizar a manutenção do sistema.
Segundo Oberlam Calçada, diretor de Manutenção da
SuperVia, entre os principais equipamentos de manuten-
ção estão os carros controle da empresa, que contam com
conjunto de lasers sob o estrado para fazer a prospecção
ainda o desgaste do trilho, a condição da vida útil do
trilho, condição de alinhamento da via, de nivelamento
e bitola.
A empresa trabalha também com um equipamento de
do trilho. Além desses equipamentos, a SuperVia investiu
em um implemento, também embarcado, em retroescava-
deiras, para mecanizar a troca dos dormentes de madeira da
empresa por dormentes de concreto. A empresa tem como
meta trocar entre 40 e 60 mil dormentes por ano. Segundo
Calçada, os novos dormentes terão vida útil de até 50 anos.
a vibração da via permanente e o conforto do passageiro.
De acordo com o diretor de Manutenção, a empresa já
está utilizando também câmeras embarcadas nos trens,
que avaliam o contato do pantógrafo com as catenárias
e, sob o estrado, para avaliar a vibração dos truques. A
SuperVia avalia no momento a utilização de drones equi-
pados com infravermelhos para realizar as prospecções
necessárias ao processo de manutenção da empresa. A
grande vantagem dessa solução está na não necessidade
de ocupação da via, garantindo agilidade sem compro-
meter a operação.
A pesquisa da ABB questionou os executivos sobre a
importância da gestão de ativos para cada área. As áreas
de manutenção e operação foram as com maior nota mé-
dia de importância, em uma escala até 5. Os executivos
das operadoras atribuíram nota média de 4,18 para ma-
nutenção e de 3,93 para operação.
Centro de Controle Operacional da MRS
Divulgação
REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201646
reportagem

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Gestão de Ativos em Energia
Gestão de Ativos em EnergiaGestão de Ativos em Energia
Gestão de Ativos em Energia
Juliana Ruffo
 

Destaque (10)

Bem posicionada para o aumento da demanda - Revista Transporte Moderno
Bem posicionada para o aumento da demanda - Revista Transporte ModernoBem posicionada para o aumento da demanda - Revista Transporte Moderno
Bem posicionada para o aumento da demanda - Revista Transporte Moderno
 
Folder Intermodal 2016
Folder Intermodal 2016Folder Intermodal 2016
Folder Intermodal 2016
 
Gestão de Ativos em Energia
Gestão de Ativos em EnergiaGestão de Ativos em Energia
Gestão de Ativos em Energia
 
Ferrovias investem em manutenção - Revista Ferroviária
Ferrovias investem em manutenção - Revista FerroviáriaFerrovias investem em manutenção - Revista Ferroviária
Ferrovias investem em manutenção - Revista Ferroviária
 
Mapa de rotas da MRS
Mapa de rotas da MRSMapa de rotas da MRS
Mapa de rotas da MRS
 
Mapa malha ferroviária da MRS
Mapa malha ferroviária da MRSMapa malha ferroviária da MRS
Mapa malha ferroviária da MRS
 
Perfil Corporativo 2016
Perfil Corporativo 2016Perfil Corporativo 2016
Perfil Corporativo 2016
 
Por dentro da Manutenção de Via - Revista Ferroviária
Por dentro da Manutenção de Via - Revista FerroviáriaPor dentro da Manutenção de Via - Revista Ferroviária
Por dentro da Manutenção de Via - Revista Ferroviária
 
Padrão de qualidade e dedicação - Revista Ferroviária
Padrão de qualidade e dedicação - Revista FerroviáriaPadrão de qualidade e dedicação - Revista Ferroviária
Padrão de qualidade e dedicação - Revista Ferroviária
 
Manutenção inteligente 2016
Manutenção inteligente 2016Manutenção inteligente 2016
Manutenção inteligente 2016
 

Semelhante a O papel essencial da gestão de ativos - Revista Ferroviária

tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
Luciano Torrens
 
tecnologistica-cases-whirlpool
tecnologistica-cases-whirlpooltecnologistica-cases-whirlpool
tecnologistica-cases-whirlpool
Luciano Torrens
 
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
Alexandre Bento
 
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdfDESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
J&D ASSESSORIA ACADEMICA
 
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
Carlos Alberto Alves
 

Semelhante a O papel essencial da gestão de ativos - Revista Ferroviária (20)

Matéria locadores de equipamentos
Matéria locadores de equipamentosMatéria locadores de equipamentos
Matéria locadores de equipamentos
 
tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
tecnologc3adsticaferrovias-110525151555-phpapp02
 
Projeto Aplicado 2012 - O SISTEMA OmniSAT APLICADO NO CONTROLE DO PROCESSO D...
Projeto Aplicado 2012 - O  SISTEMA OmniSAT APLICADO NO CONTROLE DO PROCESSO D...Projeto Aplicado 2012 - O  SISTEMA OmniSAT APLICADO NO CONTROLE DO PROCESSO D...
Projeto Aplicado 2012 - O SISTEMA OmniSAT APLICADO NO CONTROLE DO PROCESSO D...
 
tecnologistica-cases-whirlpool
tecnologistica-cases-whirlpooltecnologistica-cases-whirlpool
tecnologistica-cases-whirlpool
 
Case Study - STCP
Case Study - STCP Case Study - STCP
Case Study - STCP
 
Artigo - Plano De SegurançA Do Trabalho Em Oficinas Mecanicas De Veiculos Pes...
Artigo - Plano De SegurançA Do Trabalho Em Oficinas Mecanicas De Veiculos Pes...Artigo - Plano De SegurançA Do Trabalho Em Oficinas Mecanicas De Veiculos Pes...
Artigo - Plano De SegurançA Do Trabalho Em Oficinas Mecanicas De Veiculos Pes...
 
E book desafios_da_logistica
E book desafios_da_logisticaE book desafios_da_logistica
E book desafios_da_logistica
 
Indicadores de eficiência operacional de uma empresa do setor
Indicadores de eficiência operacional de uma empresa do setorIndicadores de eficiência operacional de uma empresa do setor
Indicadores de eficiência operacional de uma empresa do setor
 
Apresentação comercial RoutEasy
Apresentação comercial RoutEasyApresentação comercial RoutEasy
Apresentação comercial RoutEasy
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Logistica e Operações.pdf
Trabalho de Conclusão de Curso de Logistica e Operações.pdfTrabalho de Conclusão de Curso de Logistica e Operações.pdf
Trabalho de Conclusão de Curso de Logistica e Operações.pdf
 
Laboratório SETCESP de Inovação - Routeasy
Laboratório SETCESP de Inovação - RouteasyLaboratório SETCESP de Inovação - Routeasy
Laboratório SETCESP de Inovação - Routeasy
 
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
A tecnologia mrp aplicada na gestão de ferramentas de usinagem no setor autom...
 
A tecnologia-mrp-aplicada-na-gestao-de-ferramentas-de-usinagem-no-setor-autom...
A tecnologia-mrp-aplicada-na-gestao-de-ferramentas-de-usinagem-no-setor-autom...A tecnologia-mrp-aplicada-na-gestao-de-ferramentas-de-usinagem-no-setor-autom...
A tecnologia-mrp-aplicada-na-gestao-de-ferramentas-de-usinagem-no-setor-autom...
 
PROJETOS SOMATICA LOGISTICA 2015 v1b
PROJETOS SOMATICA LOGISTICA 2015 v1bPROJETOS SOMATICA LOGISTICA 2015 v1b
PROJETOS SOMATICA LOGISTICA 2015 v1b
 
ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇ...
ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇ...ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇ...
ANÁLISE OPERACIONAL DE UM PROCESSO LOGÍSTICO NA CADEIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇ...
 
e-MonDescription
e-MonDescriptione-MonDescription
e-MonDescription
 
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdfDESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
DESENHO MECÂNICO E METROLOGIA - 53-2023.pdf
 
TMS Frota - A Evolução no Sistema de Gerenciamento de Transportes
TMS Frota - A Evolução no Sistema de Gerenciamento de TransportesTMS Frota - A Evolução no Sistema de Gerenciamento de Transportes
TMS Frota - A Evolução no Sistema de Gerenciamento de Transportes
 
Supply chain management
Supply chain managementSupply chain management
Supply chain management
 
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
Aplicação do Método do Centro de Gravidade na análise de mudança do fluxo ope...
 

O papel essencial da gestão de ativos - Revista Ferroviária

  • 1. A gestão de ativos é uma preocupação recente e vista como fundamental, para a maior parte das operadoras ferroviárias do mundo. É o que reve- la pesquisa realizada neste ano pela ABB, que ouviu aproximadamente 200 executivos sêniores. Segundo - ras e operacionais de suas organizações. Aproximadamen- te 88% dos participantes indicou a gestão de ativos como prioridade (tendo 55% indicado alta prioridade e 33%, prio- ridade moderada) e dois terços acreditam que ela se tornou mais importante nos últimos 12 meses. O diretor de Engenharia do MetrôRio, Joubert Flores, diz que a preocupação com a gestão de ativos ferroviários no Brasil também é razoavelmente recente“. Há 20 anos atrás, isso não era um lema, as pessoas não pensavam assim. Se você perguntasse para um engenheiro de manutenção, ele ia manter o equipamento dele para sempre”, explica. É necessário, porém, na visão do diretor, que os ativos te- nham seus ciclos de vida avaliados no longo prazo, seja um ativo usado ou novo. “Gerir o ativo e analisar todo o ciclo de vida é também chegar a conclusão de um ponto ótimo, em que é melhor e mais barato você reinvestir e trocar esse demais”, diz. Na compra de um trem novo, por exemplo, é necessário avaliar o custo de manutenção durante esse ciclo - mas que vai exigir manutenção mais cara e frequente. No MetrôRio, o diretor conta que uma equipe de estudos tem avaliado, ao longo dos últimos quatro anos, os ciclos de vida dos ativos concessionados e a necessidade de mo- substituição estimado em R$ 500 milhões. Desses 51, oito foram categorizados como mais importantes e serão priori- zados. O custo estimado dos 8 ativos priorizados — entre eles, partes de subestações de alta tensão, escadas rolantes, - teria — é de R$ 30 milhões. O intuito é que a substituição desses ativos seja realizada até o início de 2019. A partir de 2018, o MetrôRio volta a avaliar as condições dos outros 43 ativos da lista inicial para saber quais os próximos a entrar nas prioridades. Além disso, a em- presa tem a intenção de substituir trens antigos, 30 no total, mas isso não deve acontecer antes de 2021, segundo Flores, pois depende de uma negociação com o governo do Estado. Trem da série 200 da Trensurb no terminal de manobras, na Estação Mercado, em Porto Alegre (RS) Kauê Menezes/Trensurb O papel essencial da gestão de ativos Gerenciamento começa na compra de um ativo e acompanha toda a sua vida útil, incluindo a operação e a manutenção, até a necessidade de modernização ou troca REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201644 reportagem
  • 2. executivos acredita que a integração de aplicações de tec- nologias de informação e tecnologias operacionais é extre- mamente valiosa na melhoria da conexão de disciplinas em 75% dos entrevistados. Em muitas empresas, isso já é uma realidade — e que vem sendo aprimorada. As áreas de manutenção e operação utilizam de bancos de informação, capazes de confrontar uma série de infor- mações e apontar a melhor decisão ou oferecer alternativas. A MRS, operadora ferroviária de transporte de carga, busca - cia das locomotivas e a disposição dos maquinistas. Para isso, a empresa utiliza ferramentas para o melhor aprovei- tamento de seus ativos. Uma delas é o ‘optimove’, que oti- miza a circulação dos trens. Segundo Thiago Lima, gerente geral de Planejamento e Controle de Operação da MRS, a ferramenta fornece os dados da malha ferroviária como um todo, dando indicativos de como proceder com a operação do sistema, qual trem deve ter prioridade, levando em conta sua velocidade máxima autorizada e seu peso, além dos pá- tios de cruzamento próximos. O optimove faz a simulação em tempo real e orienta o controlador de tráfego na tomada de decisão.Aferramenta leva em conta também se o cliente está preparado para a carga/descarga. Outra solução é o ‘optimore’, que atua integrado ao op- timove, orientando a equipe de operação de acordo com a grade de disponibilidade dos terminais. O objetivo também é ganhar produtividade, garantindo que os trens esperem o menor tempo possível para serem carregados. A MRS também está implantando uma ferramenta que - gundo Lima, hoje a programação das escalas se baseia em decisões mais subjetivas e deve passar a ser feita de manei- ra mais objetiva, obedecendo a padrões e levando em conta horas ociosas. ativos, a MRS conseguiu, com o apoio dessas tecnologias, re- transit time, que, em 5 anos, caiu de 25 para 19 horas no maior corredor de minério da empresa, entreAndaime (MG) e os portos do Rio de Janeiro. At the heart of power electronics. www.lem.com Transdutores de Corrente e Tensão Para Material Rodante / Tração José Eduardo Antonio - Diretor Técnico Comercial - Rua Dr. Ulhôa Cintra, 489 - Piso Superior Centro, Moji Mirim São Paulo - CEP. 13800-061 - Brasil - Tel: +55 |19| 3806 1950 - amds4@amds4.com.br - www.amds4.com.br
  • 3. No transporte ferroviário de passageiros, a informação também é arma fundamental para a melhor gestão, opera- ção e manutenção dos ativos. Na gaúcha Trensurb, a princi- pal solução é caseira.Aferramenta, desenvolvida na própria (IEO). “É um sistema que acompanha diariamente a dis- material rodante, entre outras coisas”, explica o consultor especial da Trensurb, Carlos Augusto Belolli. De acordo com Belolli, com as informações que o sistema - car os problemas e agir nos pontos críticos. É possível, assim, adequar o plano de manutenção conforme as necessidades, levando em conta também o que é apontado pelos usuários em pesquisas de satisfação. O sistema compila e compara os dados, buscan- que o gestor consiga focar a energia e o recurso no ponto crítico, que gera a qualidade que o usuário está esperando”, explica Belolli. São nove indicadores chave de desempenho, garantem o acompanhamento diário de aproxima- damente 300 famílias de equipamentos e ocor- rências. As ferramentas utilizadas pela Trensurb permitiram alguns resultados bastante positivos, - temas (que incluem equipamentos de sinalização e de energia elétrica). Os pedidos de intervenção caíram de 4.284, em 2011, para 2.470, ano passa- do, e 1.724 até aqui, em 2016. A empresa está instalando ainda um sistema para inte- grar os processos de manutenção com os processos de su- as necessidades de compra e o recurso disponível. Hoje, ainda não há uma comunicação direta e automatizada. A estimativa é que a nova ferramenta em implantação já dê resultados em 2017. em tecnologias para otimizar a manutenção do sistema. Segundo Oberlam Calçada, diretor de Manutenção da SuperVia, entre os principais equipamentos de manuten- ção estão os carros controle da empresa, que contam com conjunto de lasers sob o estrado para fazer a prospecção ainda o desgaste do trilho, a condição da vida útil do trilho, condição de alinhamento da via, de nivelamento e bitola. A empresa trabalha também com um equipamento de do trilho. Além desses equipamentos, a SuperVia investiu em um implemento, também embarcado, em retroescava- deiras, para mecanizar a troca dos dormentes de madeira da empresa por dormentes de concreto. A empresa tem como meta trocar entre 40 e 60 mil dormentes por ano. Segundo Calçada, os novos dormentes terão vida útil de até 50 anos. a vibração da via permanente e o conforto do passageiro. De acordo com o diretor de Manutenção, a empresa já está utilizando também câmeras embarcadas nos trens, que avaliam o contato do pantógrafo com as catenárias e, sob o estrado, para avaliar a vibração dos truques. A SuperVia avalia no momento a utilização de drones equi- pados com infravermelhos para realizar as prospecções necessárias ao processo de manutenção da empresa. A grande vantagem dessa solução está na não necessidade de ocupação da via, garantindo agilidade sem compro- meter a operação. A pesquisa da ABB questionou os executivos sobre a importância da gestão de ativos para cada área. As áreas de manutenção e operação foram as com maior nota mé- dia de importância, em uma escala até 5. Os executivos das operadoras atribuíram nota média de 4,18 para ma- nutenção e de 3,93 para operação. Centro de Controle Operacional da MRS Divulgação REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201646 reportagem