O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga
Questionamos as críticas produzidas a partir do V século a.C. sobre a deusa grega Hekate que reconstruíram a identidade da deusa configurando-lhe uma personalidade disfórica, desta forma indagamos também possíveis motivações que impulsionaram uma mudança de pensamento no imaginário social ateniense cuja permanência desta personagem, qualificada por atributos mágicos, pode ser pontuada na obra “A Feiticeira” (1862) de Jules Michelet.
Semelhante a O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga
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Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga
1. O culto da deusa Hekate e a prática da
medicina hipocrática entre os V e IV
séculos a.C. como agentes de produção
do imaginário social da Grécia Antiga
Tricia Magalhães Carnevale
PPGH/UERJ
Maria Regina Candido
PPGH/UERJ
2. Temática
• A partir do V século a.C. percebemos o advento da
peste em Atenas, o despertar da medicina hipocrática
e a presença de práticas mágico-religiosas como os
katádesmói, que resultaram na mudança no
acolhimento à deusa Hekate.
• Os estudiosos sobre a deusa afirmam que a partir do
período Clássico a divindade grega Hekate,
introduzida entre os gregos por Hesíodo, apresenta
um lado ligado à magia de forma a disforizá-la e que
visa não a cura, mas fazer mal ao inimigo.
3. Problemática
• Questionamos as críticas produzidas a partir do V século
a.C. sobre a deusa grega Hekate que reconstruíram a
identidade da deusa configurando-lhe uma personalidade
disfórica, desta forma indagamos também possíveis
motivações que impulsionaram uma mudança de
pensamento no imaginário social ateniense cuja
permanência desta personagem, qualificada por atributos
mágicos, pode ser pontuada na obra “A Feiticeira”
(1862) de Jules Michelet;
4. Objetivos
• Analisar o discurso de Hekate como maga, feiticeira, bruxa
tendo em vista que a divindade já foi considerada uma deusa
poderosa;
• Localizar o trajeto percorrido pela deusa em templos,
santuários e cultos na região da Grécia e identificá-la junto ao
imaginário social ateniense através dos relatos de escavação;
• Construir uma corpora de documentação textual e imagética
acerca de Hekate;
• Apontar a permanência da divindade Hekate no imaginário
social do mundo ocidental como praticante da feitiçaria e a
sua recepção em Jules Michelet (França, XVIII);
5. Teoria
• O filósofo polonês Bronislaw Baczko
(1924) apresenta o conceito de
“imaginação social” que engloba relações
de poder e construção de símbolos;
• A dominação do imaginário é essencial
para a supressão de um grupo e
emergência de outro.
6. Documentação & Metodologia
Epigráfica Textual Imagética Arqueológica
Seis lâminas de
chumbo do
período
Clássico que
evocam a
deusa Hekate.
Tratado
hipocrático
Sobre a Doença
Sagrada
redigido no
período
Clássico.
Imagens da
deusa Hekate
em diferentes
vasos
elaborados no
período
Clássico.
Relatórios de
escavação do
templo do deus
Asklepio em
Atenas (IV a.C.) e
do santuário da
deusa Hekate em
Atenas (VII a.C.?).
7. Hipóteses
• Na emergência da sociedade patriarcal junto à polis de
Atenas, Hekate como deusa titã, dos primórdios do
período do Bronze, é qualificada como deusa
poderosa e honrada por Zeus. Zeus e seu grupo
olimpiano lideram os demais deuses/grupos sociais no
processo de transformação e emergência da polis entre
os séculos VIII e VII a.C.. Assim, podemos afirmar
que o antigo grupo social que presta culto à deusa
torna-se complementar ao emergente grupo social
liderado por Zeus fato que permite a deusa Hekate
transpor o tempo e permanecer no imaginário social
dos helenos, porém à margem dos deuses do Olimpo
exercendo a função de cuidados com as ervas, os
mortos e a magia.
8. Hipóteses
• A deusa Hekate no V e IV séculos a.C. está
presente na elaboração das lâminas de
chumbo visando fazer mal ao inimigo a partir
da propagação da peste no período
da Guerra do Peloponeso. A estreita ligação
da deusa com a magia da imprecação vai de
encontro ao novo saber emergente
fomentado pela medicina hipocrática que
visa a cura e disforizar a prática da magia que
tem por objetivo prejudicar e fazer mal ao
inimigo como cita Platão (República, 2.364c).
9. Plano Temático
Introdução apresentação da temática: religião e magia no mundo atual e
na Antiguidade;
Capítulo 1 Sobre a deusa grega Hekate: discussão historiográfica acerca de
matrizes, culto, templos e santuários;
Capítulo 2 A ligação da deusa Hekate com a magia: abordaremos através
de discussão historiográfica as práticas mágico-religiosas envolvendo a
deusa e relatos míticos que a conecte à magia;
Capítulo 3 Hekate e Hipócrates: apontaremos a instituição de um novo
saber, proveniente da escola hipocrática, em oposição ao tradicional
sustentado pela deusa Hekate e pelo deus Asklepio;
Capítulo 4 Recepção da deusa Hekate na Atualidade: apresentação de
autores e sites cujo conteúdo são preces, oferendas, cultos e grupos que
ainda prestam honras à deusa;
Conclusão Síntese interpretativa dos argumentos que apontam para a
disforização da deusa Hekate a partir do V século a.C. e sua ligação com a
feitiçaria, presente desde à Antiguidade até os dias atuais.