SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
O culto da deusa Hekate e a prática da
medicina hipocrática entre os V e IV
séculos a.C. como agentes de produção
do imaginário social da Grécia Antiga
Tricia Magalhães Carnevale
PPGH/UERJ
Maria Regina Candido
PPGH/UERJ
Temática
• A partir do V século a.C. percebemos o advento da
peste em Atenas, o despertar da medicina hipocrática
e a presença de práticas mágico-religiosas como os
katádesmói, que resultaram na mudança no
acolhimento à deusa Hekate.
• Os estudiosos sobre a deusa afirmam que a partir do
período Clássico a divindade grega Hekate,
introduzida entre os gregos por Hesíodo, apresenta
um lado ligado à magia de forma a disforizá-la e que
visa não a cura, mas fazer mal ao inimigo.
Problemática
• Questionamos as críticas produzidas a partir do V século
a.C. sobre a deusa grega Hekate que reconstruíram a
identidade da deusa configurando-lhe uma personalidade
disfórica, desta forma indagamos também possíveis
motivações que impulsionaram uma mudança de
pensamento no imaginário social ateniense cuja
permanência desta personagem, qualificada por atributos
mágicos, pode ser pontuada na obra “A Feiticeira”
(1862) de Jules Michelet;
Objetivos
• Analisar o discurso de Hekate como maga, feiticeira, bruxa
tendo em vista que a divindade já foi considerada uma deusa
poderosa;
• Localizar o trajeto percorrido pela deusa em templos,
santuários e cultos na região da Grécia e identificá-la junto ao
imaginário social ateniense através dos relatos de escavação;
• Construir uma corpora de documentação textual e imagética
acerca de Hekate;
• Apontar a permanência da divindade Hekate no imaginário
social do mundo ocidental como praticante da feitiçaria e a
sua recepção em Jules Michelet (França, XVIII);
Teoria
• O filósofo polonês Bronislaw Baczko
(1924) apresenta o conceito de
“imaginação social” que engloba relações
de poder e construção de símbolos;
• A dominação do imaginário é essencial
para a supressão de um grupo e
emergência de outro.
Documentação & Metodologia
Epigráfica Textual Imagética Arqueológica
Seis lâminas de
chumbo do
período
Clássico que
evocam a
deusa Hekate.
Tratado
hipocrático
Sobre a Doença
Sagrada
redigido no
período
Clássico.
Imagens da
deusa Hekate
em diferentes
vasos
elaborados no
período
Clássico.
Relatórios de
escavação do
templo do deus
Asklepio em
Atenas (IV a.C.) e
do santuário da
deusa Hekate em
Atenas (VII a.C.?).
Hipóteses
• Na emergência da sociedade patriarcal junto à polis de
Atenas, Hekate como deusa titã, dos primórdios do
período do Bronze, é qualificada como deusa
poderosa e honrada por Zeus. Zeus e seu grupo
olimpiano lideram os demais deuses/grupos sociais no
processo de transformação e emergência da polis entre
os séculos VIII e VII a.C.. Assim, podemos afirmar
que o antigo grupo social que presta culto à deusa
torna-se complementar ao emergente grupo social
liderado por Zeus fato que permite a deusa Hekate
transpor o tempo e permanecer no imaginário social
dos helenos, porém à margem dos deuses do Olimpo
exercendo a função de cuidados com as ervas, os
mortos e a magia.
Hipóteses
• A deusa Hekate no V e IV séculos a.C. está
presente na elaboração das lâminas de
chumbo visando fazer mal ao inimigo a partir
da propagação da peste no período
da Guerra do Peloponeso. A estreita ligação
da deusa com a magia da imprecação vai de
encontro ao novo saber emergente
fomentado pela medicina hipocrática que
visa a cura e disforizar a prática da magia que
tem por objetivo prejudicar e fazer mal ao
inimigo como cita Platão (República, 2.364c).
Plano Temático
Introdução  apresentação da temática: religião e magia no mundo atual e
na Antiguidade;
Capítulo 1  Sobre a deusa grega Hekate: discussão historiográfica acerca de
matrizes, culto, templos e santuários;
Capítulo 2  A ligação da deusa Hekate com a magia: abordaremos através
de discussão historiográfica as práticas mágico-religiosas envolvendo a
deusa e relatos míticos que a conecte à magia;
Capítulo 3  Hekate e Hipócrates: apontaremos a instituição de um novo
saber, proveniente da escola hipocrática, em oposição ao tradicional
sustentado pela deusa Hekate e pelo deus Asklepio;
Capítulo 4  Recepção da deusa Hekate na Atualidade: apresentação de
autores e sites cujo conteúdo são preces, oferendas, cultos e grupos que
ainda prestam honras à deusa;
Conclusão  Síntese interpretativa dos argumentos que apontam para a
disforização da deusa Hekate a partir do V século a.C. e sua ligação com a
feitiçaria, presente desde à Antiguidade até os dias atuais.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga

Filosofia surgimento
Filosofia surgimentoFilosofia surgimento
Filosofia surgimentoluizbraz5555
 
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...Jerbialdo
 
Slides da Disciplina de Filosofia da Religião
Slides da Disciplina de Filosofia da ReligiãoSlides da Disciplina de Filosofia da Religião
Slides da Disciplina de Filosofia da Religiãoandrealvessobral
 
Artigo: modelo conflitual
Artigo: modelo conflitualArtigo: modelo conflitual
Artigo: modelo conflitualIsrael serique
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxFlviaGomes64
 
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail sergio.cavalcante.942@faceb...
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail	 sergio.cavalcante.942@faceb...Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail	 sergio.cavalcante.942@faceb...
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail sergio.cavalcante.942@faceb...Sergio cavalcante silva
 
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Keiler Vasconcelos
 
Egito Antigo e Sua História
Egito Antigo e Sua HistóriaEgito Antigo e Sua História
Egito Antigo e Sua HistóriaUninassau
 

Semelhante a O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga (20)

ExperiêNcia
ExperiêNciaExperiêNcia
ExperiêNcia
 
Filosofia surgimento
Filosofia surgimentoFilosofia surgimento
Filosofia surgimento
 
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...
O Darwinismo e o Sagrado na Segunda Metade do Século XIX (Juanma Sánchez Arte...
 
Aula O nascimento da filosofia 2015
Aula  O nascimento da filosofia 2015Aula  O nascimento da filosofia 2015
Aula O nascimento da filosofia 2015
 
Slides da Disciplina de Filosofia da Religião
Slides da Disciplina de Filosofia da ReligiãoSlides da Disciplina de Filosofia da Religião
Slides da Disciplina de Filosofia da Religião
 
Artigo: modelo conflitual
Artigo: modelo conflitualArtigo: modelo conflitual
Artigo: modelo conflitual
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
2a. apostila-de-filosofia
2a. apostila-de-filosofia2a. apostila-de-filosofia
2a. apostila-de-filosofia
 
Filosofia e arte no medievo
Filosofia e arte no medievoFilosofia e arte no medievo
Filosofia e arte no medievo
 
Capítuo 3 1º ano
Capítuo 3   1º anoCapítuo 3   1º ano
Capítuo 3 1º ano
 
Capítuo 2
Capítuo 2Capítuo 2
Capítuo 2
 
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail sergio.cavalcante.942@faceb...
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail	 sergio.cavalcante.942@faceb...Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail	 sergio.cavalcante.942@faceb...
Resumo da genealogia da moral de Nietzsche -mail sergio.cavalcante.942@faceb...
 
Deusasabedoria
DeusasabedoriaDeusasabedoria
Deusasabedoria
 
15 TarôS
15 TarôS15 TarôS
15 TarôS
 
15 T A RÔ S
15  T A RÔ S15  T A RÔ S
15 T A RÔ S
 
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2Filosofia das religiões aulas 1 e 2
Filosofia das religiões aulas 1 e 2
 
Egito Antigo e Sua História
Egito Antigo e Sua HistóriaEgito Antigo e Sua História
Egito Antigo e Sua História
 
Antropologia Filosófica
Antropologia FilosóficaAntropologia Filosófica
Antropologia Filosófica
 
História da Filosofia
História da FilosofiaHistória da Filosofia
História da Filosofia
 
Pensamentos filosóficos medieval
Pensamentos filosóficos  medieval Pensamentos filosóficos  medieval
Pensamentos filosóficos medieval
 

Último

Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...azulassessoria9
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docPauloHenriqueGarciaM
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasrfmbrandao
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxMarcosLemes28
 
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022LeandroSilva126216
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Cabiamar
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxMarcosLemes28
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfFbioFerreira207918
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxJustinoTeixeira1
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...PatriciaCaetano18
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptNathaliaFreitas32
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...azulassessoria9
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...marcelafinkler
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeLEONIDES PEREIRA DE SOUZA
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...SileideDaSilvaNascim
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...AnaAugustaLagesZuqui
 
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfAutonoma
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfLidianeLill2
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do séculoBiblioteca UCS
 

Último (20)

Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturasSistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
Sistema articular aula 4 (1).pdf articulações e junturas
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
 
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...apostila filosofia 1 ano  1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
apostila filosofia 1 ano 1s (1).pdf 1 ANO DO ENSINO MEDIO . CONCEITOSE CARAC...
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 06, Central Gospel, O Anticristo, 1Tr24.pptx
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 

O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga

  • 1. O culto da deusa Hekate e a prática da medicina hipocrática entre os V e IV séculos a.C. como agentes de produção do imaginário social da Grécia Antiga Tricia Magalhães Carnevale PPGH/UERJ Maria Regina Candido PPGH/UERJ
  • 2. Temática • A partir do V século a.C. percebemos o advento da peste em Atenas, o despertar da medicina hipocrática e a presença de práticas mágico-religiosas como os katádesmói, que resultaram na mudança no acolhimento à deusa Hekate. • Os estudiosos sobre a deusa afirmam que a partir do período Clássico a divindade grega Hekate, introduzida entre os gregos por Hesíodo, apresenta um lado ligado à magia de forma a disforizá-la e que visa não a cura, mas fazer mal ao inimigo.
  • 3. Problemática • Questionamos as críticas produzidas a partir do V século a.C. sobre a deusa grega Hekate que reconstruíram a identidade da deusa configurando-lhe uma personalidade disfórica, desta forma indagamos também possíveis motivações que impulsionaram uma mudança de pensamento no imaginário social ateniense cuja permanência desta personagem, qualificada por atributos mágicos, pode ser pontuada na obra “A Feiticeira” (1862) de Jules Michelet;
  • 4. Objetivos • Analisar o discurso de Hekate como maga, feiticeira, bruxa tendo em vista que a divindade já foi considerada uma deusa poderosa; • Localizar o trajeto percorrido pela deusa em templos, santuários e cultos na região da Grécia e identificá-la junto ao imaginário social ateniense através dos relatos de escavação; • Construir uma corpora de documentação textual e imagética acerca de Hekate; • Apontar a permanência da divindade Hekate no imaginário social do mundo ocidental como praticante da feitiçaria e a sua recepção em Jules Michelet (França, XVIII);
  • 5. Teoria • O filósofo polonês Bronislaw Baczko (1924) apresenta o conceito de “imaginação social” que engloba relações de poder e construção de símbolos; • A dominação do imaginário é essencial para a supressão de um grupo e emergência de outro.
  • 6. Documentação & Metodologia Epigráfica Textual Imagética Arqueológica Seis lâminas de chumbo do período Clássico que evocam a deusa Hekate. Tratado hipocrático Sobre a Doença Sagrada redigido no período Clássico. Imagens da deusa Hekate em diferentes vasos elaborados no período Clássico. Relatórios de escavação do templo do deus Asklepio em Atenas (IV a.C.) e do santuário da deusa Hekate em Atenas (VII a.C.?).
  • 7. Hipóteses • Na emergência da sociedade patriarcal junto à polis de Atenas, Hekate como deusa titã, dos primórdios do período do Bronze, é qualificada como deusa poderosa e honrada por Zeus. Zeus e seu grupo olimpiano lideram os demais deuses/grupos sociais no processo de transformação e emergência da polis entre os séculos VIII e VII a.C.. Assim, podemos afirmar que o antigo grupo social que presta culto à deusa torna-se complementar ao emergente grupo social liderado por Zeus fato que permite a deusa Hekate transpor o tempo e permanecer no imaginário social dos helenos, porém à margem dos deuses do Olimpo exercendo a função de cuidados com as ervas, os mortos e a magia.
  • 8. Hipóteses • A deusa Hekate no V e IV séculos a.C. está presente na elaboração das lâminas de chumbo visando fazer mal ao inimigo a partir da propagação da peste no período da Guerra do Peloponeso. A estreita ligação da deusa com a magia da imprecação vai de encontro ao novo saber emergente fomentado pela medicina hipocrática que visa a cura e disforizar a prática da magia que tem por objetivo prejudicar e fazer mal ao inimigo como cita Platão (República, 2.364c).
  • 9. Plano Temático Introdução  apresentação da temática: religião e magia no mundo atual e na Antiguidade; Capítulo 1  Sobre a deusa grega Hekate: discussão historiográfica acerca de matrizes, culto, templos e santuários; Capítulo 2  A ligação da deusa Hekate com a magia: abordaremos através de discussão historiográfica as práticas mágico-religiosas envolvendo a deusa e relatos míticos que a conecte à magia; Capítulo 3  Hekate e Hipócrates: apontaremos a instituição de um novo saber, proveniente da escola hipocrática, em oposição ao tradicional sustentado pela deusa Hekate e pelo deus Asklepio; Capítulo 4  Recepção da deusa Hekate na Atualidade: apresentação de autores e sites cujo conteúdo são preces, oferendas, cultos e grupos que ainda prestam honras à deusa; Conclusão  Síntese interpretativa dos argumentos que apontam para a disforização da deusa Hekate a partir do V século a.C. e sua ligação com a feitiçaria, presente desde à Antiguidade até os dias atuais.