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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
CAMPUS IV – CHAPADINHA – MA
Notas de
aulas de
Adubação e
Nutrição de
Plantas
Prof. José Maria do Amaral Resende
CHAPADINHA –MA
Março 2009
CAPÍTULO I
CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS FERTILIZANTES
As palavras “adubo” e “fertilizante” são palavras sinônimas, podendo ser
usadas indistintamente. Os conceitos seguintes são dados pela legislação vigente:
Fertilizante: Substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um
ou mais nutrientes para as plantas;
Corretivo: Todo material capaz de, quando aplicado ao solo, corrigir-lhe uma ou mais
características desfavoráveis às plantas;
Condicionador: Produto que promove a melhoria das propriedades físicas
(porosidades, aeração, capacidade de retenção de água...) ou físico-químicas (CTC) do
solo. Exemplo: Vermiculita, serragem e etc.
CLASSIFICAÇÃO DOS FERTILIZANTES
De acordo com a legislação vigente, os fertilizantes são assim classificados:
I - Classificação dos fertilizantes do ponto de vista químico
2
1. Fertilizantes minerais: São fertilizantes constituídos de compostos inorgânicos.
São também considerados fertilizantes minerais aqueles constituídos por
compostos orgânicos, obtidos artificialmente ou sinteticamente. Exemplos:
Uréia, Caciocianamida e os fertilizantes quelatizados.
Os fertilizantes minerais se subdividem em três classes:
1.1. Fertilizantes simples: São fertilizantes formados por um único composto
químico, contendo um ou mais nutrientes vegetais.
Exemplos: = Contém um único nutriente
KCl = Contém dois nutrientes
1.2. Fertilizantes mistos ou misturas: São fertilizantes resultantes da mistura
física de dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos. São
também conhecidos como fórmulas ou formulações.
Exemplos: 04-14-08; 04-20-20; 20-00-20
1.3. Fertilizantes complexos: São misturas de fertilizantes resultantes de
processos tecnológicos em que se formam dois ou mais compostos químicos.
São misturas produzidas com a participação de matérias-primas (amônia
-NH3, ácido sulfúrico – H2SO4, ácido fosfórico – H3PO4), as quais dão origem a
compostos químicos.
Exemplos: Sulfato de amônio: NH4SO4;
Fosfato monoamônico – MAP: NH4H2PO4;
Fosfato diamônico – DAP: (NH4)2HPO4
2. Fertilizantes orgânicos: São constituídos de compostos orgânicos de origem
natural, vegetal ou animal, contendo um ou mais nutrientes para as plantas.
Exemplo: Farinha (de ossos, de sangue); Tortas (de mamona de algodão etc.);
Estercos, Palhas e etc. Quando se mistura dois ou mais fertilizantes orgânicos,
obtêm-se um fertilizante orgânico misto.
2.1 Fertilizante orgânico composto: Produto obtido por processo físico, químico,
fisco-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matéria prima de
origem industrial, urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas,
podendo ser enriquecido de nutrientes minerais, princípios ativos ou agente capaz
de melhorar suas características físicas, químicas ou biológicas, sendo incluídos o
lodo de esgoto, vermicomposto e compostos de lixo.
3
2.2 Fertilizante organo-minerais: São resultantes da mistura de fertilizantes orgânicos
e minerais. O objetivo dessas misturas é enriquecer os materiais orgânicos com
nutrientes.
II – Classificação dos fertilizantes do ponto de vista físico
1. Fertilizantes sólidos: Produto constituído de partículas ou frações sólidas
Estão subdivididos em:
1.1. Pó ou farelado: Quando as partículas são de pequenas dimensões
Pó: 100% das partículas devem passar em peneira de 2mm de abertura
(ABNT 100); 70% em peneira de 0,84mm de abertura (ABNT 20) e 50% em
peneira com abertura de 0,3mm de abertura (ABNT 50);
Farelado: 95% deve passar em peneira ABNT 6 (3,36mm); 25% em peneira
ABNT 35 (0,5mm);
Farelado grosso: 100% em peneira ABNT 4 (4,8mm); 20% em peneira ABNT
18 (1mm)
1.2. Granulado: Quando as partículas são de dimensões que permitem caracteri-
zar um grânulo. Apresenta as seguintes dimensões:
Microgranulado: 90% deve passar em peneira ABNT 7 (2,8mm); 10% em pe-
neira ABNT 18 (1mm).
Granulado: 95% passa em peneira ABNT 5 (4mm) e 5% em peneira ABNT 18
(1mm).
Os fertilizantes granulados podem se apresentar em duas formas:
a) Mistura de grânulos ou mistura de granulados: São obtidas pela mistura de
dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos previamente
granulados. São misturas físicas e caracterizam-se por apresentar os
nutrientes contidos em grânulos distintos;
4
b) Misturas granuladas: São obtidas pela mistura de dois ou mais fertilizantes
simples, complexos ou ambos em pó ou sua posterior granulação, ou são
obtidos de uma mistura complexa e posterior granulação. No primeiro caso
são também misturas físicas e, no segundo, misturas químicas; mas ambas
caracterizam-se por conter em cada grânulo, todos os nutrientes garantidos
na mistura.
2. Fertilizantes fluídos: São fertilizantes que se apresentam no estado líquido.
Podem se apresentar como:
2.1. Soluções verdadeiras: São soluções com ausência de sólidos suspensos.
2.2. Suspensões: São fertilizantes líquidos que apresentam uma fase sólida
dispersa em meio líquido.
As suspensões podem ser de duas formas:
a) Suspensão homogênea: São dispersões compostas de uma fase líquida e
outra fase de sólidos em suspensão, mas que fica homogeneamente
dispersa na fase líquida. Pode apresentar separação de fases após longo
período de decantação, mas a homogeneidade da suspensão deve ser
recomposta facilmente por agitação.
b) Suspensão heterogênea: São dispersões compostas de pelo menos uma
fase líquida e uma ou mais fases de sólidos em suspensão que só ficam
homogeneamente dispersos sob vigorosa agitação. Cessando agitação
pode ocorrer a rápida separação de fases.
3. Fertilizante gasoso: Se apresenta no estado gasoso nas condições normais de
temperatura e pressão. O único fertilizante que se apresenta nesta forma é a
amônia anidra.
5
EXERCÍCIO 1
Os fertilizantes minerais possuem suas definições, normas especificações
garantias, tolerâncias e etc., regidas pela Instrução Normativa do MAPA de nº 5 de
23/02/2007, anexos de I a VII, com alterações feitas pela Instrução Normativa do
MAPA de nº 21 de 16/04/2008.
Os corretivos e condicionadores do solo, são regidos pela Instrução Normativa
MAPA de nº 35 de 04/07/2006.
Para a edição de uma Instrução Normativa que estabeleça as definições, normas,
especificações, garantias e etc, o MAPA publicou a Portaria de nº 42, de 05/05/2008,
6
que submete a consulta pública (pede sugestões aos órgãos, industrias e outras
organizações) um projeto de Instrução Normativa.
Você deve ter conhecimento desta legislação. Consulte-a no portal do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Sislegis.
1 – Dê os conceitos de fertilizante, corretivo e condicionador do solo;
2 – Por que na grande maioria das vezes são recomendados adubos mistos e não
adubos simples;
3 Dê exemplos de adubos simples e de adubos mistos;
4 Qual a diferença entre um adubo misto e um adubo complexo?
5 Conceitue fertilizante orgânico.
6 Conceitue fertilizante orgânico-composto
7 Dê a definição de fertilizante organo-mineral.
8 Qual a diferença entre um fertilizante orgânico-composto e um fertilizante organo
-mineral?
9 Em quais condições você recomendaria um adubo em pó, farelado ou granulado?
10 Qual a diferença entre mistura de grânulos e mistura granulada?
11 Tecnicamente, qual das duas seria mais recomendável? Justifique.
12 Qual a diferença entre soluções verdadeiras e suspensões?
13 Qual a diferença entre suspensões homogêneas e suspensões heterogêneas?
-
7
‘
CAPÍTULO II
CARACTERÍTICAS DE QUALIDADE DOS FERTILIZANTES
São condições naturais ou artificiais com que esses produtos podem se
apresentar, e tem relações diretas com sua eficiência.
Estas características podem ser de natureza, física, química e físico-química.
1. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA FÍSICA
As características de natureza física são:
1.1. Estado físico: Os fertilizantes sólidos ainda são os mais consumidos no
Brasil, entretanto o uso de fertilizantes líquidos ou fluidos tem aumentado
nos últimos anos, sendo a cultura da cana-de-açúcar a responsável pelo
consumo de 90% dos fertilizantes fluidos produzidos no Brasil, além de
fazerem uso da vinhaça, um fertilizante fluido orgânico.
O aumento do uso de fertilizantes fluidos está relacionado com os
seguintes fatores:
a) Menor custo de produção: Muitos fertilizantes são produzidos na forma
líquida, sofrendo depois processo de solidificação. Os fertilizantes
fluidos, dispensam a solidificação, diminuindo este custo;
8
b) Menor custo de transporte e armazenamento: Os fertilizantes fluidos
são concentrados, diminuído custos de transporte e armazenamento;
c) Proporcionam maior uniformidade de aplicação, o que reflete em
maiores produções;
d) Maior rapidez na absorção: Os fertilizantes sólidos necessitam
solubilizar para serem absorvidos pela plantas. Os fertilizantes líquidos
são prontamente disponíveis para os vegetais.
e) Podem ser aplicados em fertirrigação, diminuindo custos de aplicação.
1.2. Granulometria: A granulometria se relaciona com o tamanho e forma
das partículas dos fertilizantes.
O tamanho da partícula vai determinar a sua superfície específica.
Quanto menor o tamanho da partícula, maior a sua superfície específica, e
também maior a sua velocidade de dissolução e de absorção de umidade
atmosférica – higroscopicidade.
Fertilizantes muito solúveis em água e muito higroscópicos, como a
uréia, o nitrato de amônio, o nitrocálcio, devem ser usados com
granulometria mais grosseira, ou seja, na forma de grânulos.
Fertilizantes pouco solúveis em água, como os fosfatos naturais e
termofosfatos devem ser usados com granulometria fina, em pó, afim de
facilitar a solubilização do produto.
A forma das partículas encontra-se relacionada com a sua fluidez, isto é,
o livre escoamento do produto dos recipientes das adubadeiras. A forma de
grânulo facilita o escoamento.
A uniformidade do tamanho das partículas também é importante, pois a
desuniformidade leva à segregação, isto é, a separação e acomodação das
partículas por ordem de tamanho com a trepidação. Isso pode comprometer
a homogeneidade de aplicação, principalmente no caso da mistura de
grânulos, que pode levar à separação dos nutrientes.
1.3. Consistência: É a resistência que os grânulos apresentam à quebra ou à
abrasão. O esfarelamento dos grânulos no transporte, armazenamento e
aplicação, provoca a desuniformidade das partículas, que gera a segregação
além de aumentar a umidade. A consistência pode ser melhorada com o uso
9
de aglutinantes.
1.4. Fluidez: É a capacidade de livre escoamento dos fertilizantes dos
recipientes que os contêm. Está relacionada com a homogeneidade de
distribuição dos fertilizantes. A fluidez é influenciada diretamente pela
higroscopicidade, uniformidade e forma das partículas.
1.5. Densidade: É a relação entre a massa e volume da partícula. No caso da
mistura de grânulos, partículas de diferentes densidades, com a trepidação,
tendem a segregarem, podendo levar a separação dos nutrientes,
comprometendo a homogeneidade de aplicação.
2. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA QUÍMICA
As características de natureza química são:
2.1. Número de nutrientes: As plantas necessitam de quatorze nutrientes
essenciais, entre macro e micronutrientes. Assim, quanto mais completo for
o fertilizante, maior será sua eficiência. Desde que necessários, deve-se dar
preferência a fertilizantes mais completos. Fertilizantes contendo apenas um
ou dois nutrientes são importantes para o preparo de misturas específicas e
para o parcelamento de nutrientes.
2.2. Forma química dos nutrientes: Os nutrientes são usados nos
fertilizantes sob várias formas químicas e em vários compostos químicos. As
diferentes formas ou compostos químicos podem comportar-se também
diferentemente como fertilizantes, pois apresentam diferentes reações no
solo, podem influenciar certas propriedades do solo, como pH e salinidade,
podem apresentar incompatibilidade com outros fertilizantes em uma
mistura, e possuem diferentes características físicas e físico-químicas.
Exemplos: O nitrogênio pode ser utilizado nas formas de NO3
-
e NH4
+
. A forma
nítrica é facilmente lixiviada e a amoniacal é acidificante do solo. O fósforo
pode ser fornecido na forma monocálcica Ca(H2PO4)2, solúvel em água, ou na
forma de apatita, Ca10(PO4)6F2 insolúvel.
2.3. Concentração dos nutrientes: Fertilizantes que apresentam altas
concentrações de nutrientes, são mais econômicos quanto ao transporte,
10
armazenamento e aplicação, apesar de exigirem tecnologias sofisticadas e
onerosas para sua produção e não apresentarem em sua composição,
macronutrientes secundários e micronutrientes. Fertilizantes com baixas
concentrações de nutrientes, como os fertilizantes naturais, apresentam
tecnologias de produção de baixo custo, e mais de um nutriente na sua
composição, sendo recomendado o seu uso nas regiões próximas das fontes
de produção.
2.4. Compostos nocivos aos vegetais: Os fertilizantes podem conter, em
espécie ou em quantidade, compostos nocivos aos vegetais.
São nocivos aos vegetais os seguintes compostos: Biureto, que pode ser
formado na fabricação da uréia. Tiocianato, que pode estar presente no sulfato
de amônio. Perclorato, que pode acompanhar o salitre do Chile.
Dicianodiamida que pode se formar pela polimerização da cianamida, da
calciocianamida.
Micronutrientes, são elementos essenciais as plantas em pequenas
quantidades. Em quantidades elevadas, tornam-se tóxicos. O intervalo entre
as concentrações ótima e tóxica no solo dos micronutrientes é bastante
estreita.
3. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA FÍSICO-QUÍMICA
As características de natureza físico-química são:
3.1. Solubilidade: Para que ocorra a absorção dos nutrientes pelas plantas a
reação inicial no solo envolve a dissolução ou hidrólise na solução do solo. A
solubilidade em água do fertilizante também é importante na adubação foliar
e na fertirrigação.
Os adubos sólidos, quando aplicados ao solo apresentam duas
situações: a) Adubos muito solúveis em água apresentam perdas
consideráveis devido a lixiviação, lavagem, insolubilização ou volatilização; b)
Fertilizantes de baixa solubilidade possuem baixa velocidade de dissolução, o
que ocasiona uma baixa velocidade de absorção. A velocidade de dissolução
destes materiais pode ser aumentada, diminuindo sua granulometria.
3.2. Higroscopicidade: É a tendência que os fertilizantes apresentam de
absorver umidade do ar atmosférico.
11
Cada fertilizante apresenta uma umidade relativa crítica, que é o
máximo de umidade relativa do ambiente a que o produto pode ser exposto
sem absorver umidade. Quando se mistura dois fertilizantes, a umidade
relativa crítica da mistura é menor que a dos fertilizantes individualmente, ou
seja, a mistura é sempre mais higroscópica que cada um de seus
componentes.
Produtos higroscópicos apresentam queda no teor de nutrientes,
dificuldades de manuseio, devido a aderência nos condicionadores;
dificuldade de distribuição, prejudicando a homogeneidade de aplicação,
além de causar o empedramento do fertilizante.
3.3. Empedramento: É a cimentação das partículas dos fertilizantes,
formando uma massa de dimensões muito maiores que as das partículas
originais. Resulta da recristalização do material dissolvido na superfície das
partículas umedecidas, o que ocorre através da perda da umidade absorvida,
quando diminui a umidade relativa do ar ou a temperatura se eleva.
O empedramento dificulta o manuseio e distribuição do fertilizante,
prejudicando a homogeneidade de distribuição.
Os fatores que afetam o empedramento são: higroscopicidade, pressão
devido ao empilhamento, tempo de armazenamento, tamanho e forma das
partículas.
12
3.4. Índice salino: É o aumento da pressão osmótica da solução do solo
provocado pela salinidade do adubo. Osmose é o caminhamento da água
através de membranas semi-permeáveis, no sentido da solução de menor
pressão osmótica para a de maior pressão osmótica.
Assim, se a pressão osmótica da solução do solo tornar-se
superior à da solução celular das raízes, tem-se o caminhamento da água
das células para o solo, com o conseqüente murchamento e morte da
planta.
EXERCÍCIO 2
1 – O que são as características de qualidade dos fertilizantes e como se classificam?
2 – Por que o uso de fertilizantes líquidos vem aumentando no Brasil?
3 – Explique como o tamanho, a forma e a uniformidade das partículas influenciam na
eficiência dos adubos.
4 – O que é consistência dos grânulos e como afeta a eficiência?
13
5 – O que é fluidez dos adubos e como se relaciona com a higroscopicidade?
6 – Explique detalhadamente como a forma química dos nutrientes influenciam a
eficiência dos adubos.
7 – Em quais condições não se deve usar adubos nitrogenados na forma nítrica e na
forma amoniacal?
8 – Como se deve proceder para aumentar a eficiência dos adubos fosfatados
insolúveis em água?
9 – Em condições de solos arenosos e de alta pluviosidade o que se pode recomendar
para aumentar a eficiência dos adubos?
10 – Qual a vantagem e a desvantagem de se usar adubos com altas concentrações de
nutrientes?
11 – Dê exemplos de compostos nocivos presentes nos adubos.
12 – O que é umidade relativa crítica?
14 – Quais desvantagens apresentamos adubos higroscópicos?
15 – Explique como índice salino dos adubos pode afetar as plantas.
CAPÍTULO III
ADUBOS NITOGENADOS
Os adubos nitrogenados sintéticos utilizam a amônia (NH3) como matéria-
prima básica. A amônia é obtida através da combinação do nitrogênio do ar
atmosférico com o hidrogênio. Como a molécula de N2 é muito estável, são necessárias
condições de alta temperatura e alta pressão, com presença de catalisadores, para que
a reação se processe. O processo industrial utilizado para fixar o N2 do ar na síntese da
amônia é denominado processo Haber-Bosch.
14
O gás hidrogênio, outra matéria-prima para a síntese da amônia, pode-se ser
obtido das seguintes fontes:
a) Gás natural: Possui de 60 a 90% de metano, e de 4 a 40% de etano e outros
hidrocarbonetos de peso molecular mais elevado;
b) Nafta: Obtida na refinação do petróleo. Contém 3% de butano e 97% de
hidrocarbonetos superiores;
c) Carburantes de óleos pesados: Os óleos tipo Bunker C e Navy special possuem
11% de H e 85% de C;
d) Hulha e lignito: São carvões minerais que possuem em torno de 5% de H;
e) Gás liquefeito de petróleo: Constituído basicamente de propano e butano,
podendo conter pentano e hidrocarbonetos de maior peso molecular;
f) Hidrogênio eletrolítico: O hidrogênio também pode ser obtido por eletrólise da
água.
As fontes mais utilizadas são o gás natural, a nafta e os óleos pesados.
Obtida a amônia, ela poderá ser convertida em fertilizantes, como mostra o
diagrama abaixo:
Em função da forma do composto nitrogenado presente no fertilizante, este
poderá ser assim classificado:
a) Fertilizante nítrico: Quando a forma presente é o nitrato (NO3);
15
b) Fertilizante amoniacal: Quando a forma presente é o amônio (NH4);
c) Fertilizante nitro-amoniacal: Quando as duas formas, nitrato e amônio se
encontram presentes.
Adubos Nítricos
Os adubos nítricos mais importantes, podem ser naturais ou sintéticos.
Quando sintéticos, são obtidos a partir do ácido nítrico, que é produzido por oxidação
da amônia.
Os mais importantes fertilizantes nítricos são:
Nitrato de Sódio
O nitrato de sódio natural é denominado de Salitre do Chile, por proceder
deste país andino, onde existe extenso filão do “caliche”, de onde é extraído, que
possui uma composição muito variável, como se pode ver na tabela abaixo, adaptada
de MALAVOLTA, 1981
Constituintes %
Nitrato de sódio 7,00 – 30,00
Cloreto de sódio 4,50 – 9,50
Sulfato de sódio 10,00 – 30,00
Sais magnesianos (expressos em Mg) 0,20 - 1,30
Sais cálcicos (expressos em Ca) 1,00 - 2,70
Sais potássicos (expressos em K) 0,50 - 1,60
Tetraborato de sódio 0,50 - 0,80
Compostos iodados (expressos em I2) 0,03 - 0,05
Água 1,00 - 2,00
Como se vê, o produto natural, apresenta como impurezas Ca, Mg, S, K, B e
em menores quantidades Mn, Cu e Zn.
O produto sintético pode ser obtido através da reação:
16
Na2CO3 + 2HNO3 ⇄ 2NaNO3 + CO2 + H2O
O salitre do Chile, natural ou sintético, é comercializado com 15% de N, na
forma nítrica. O salitre do Chile é um sal neutro, mas fisiologicamente comporta-se
como alcalino, podendo por isso, diminuir em parte a acidez do solo. É um produto
muito solúvel em água. Apresenta como desvantagens: Baixa concentração de N, alto
índice salino, alta higroscopicidade.
Deve-se salientar a presença de sódio, que é dispersante de argilas e,
portanto, pode provocar desestruturação do solo. O uso contínuo de Salitre do Chile,
em grandes quantidades, particularmente naqueles ricos em matéria orgânica, devido
a sua oxidação, pode resultar no aparecimento de más condições físicas.
O Salitre do Chile pode apresentar perclorato, substância tóxica às plantas.
Segundo MALAVOLTA, 1981, a madeira pode se inflamar rapidamente quando
em contato com o NaNO3 em temperaturas muito elevadas.
Nitrato de potássio
O nitrato de potássio é explorado em pequenas minas na Índia, Egito e China,
podendo também ser sintetizado através da reação:
HNO3 + KCl ⇄ HCl + KNO3
O nitrato de potássio é comercializado com 13% de nitrogênio na forma nítrica
e 44% de K2O. Devido a sua solubilidade e presença de dois nutrientes muito exigidos
pelas plantas, é muito utilizado em pulverização foliar e em fertirrigação. É um
fertilizante muito utilizado em horticultura, fruticultura, floricultura e na cultura do
fumo de alta qualidade, por não apresentar cloreto. É um produto de baixa
higroscopicidade, apresentando por isso, menor tendência ao empedramento.
Nitrato de cálcio
17
O nitrato de cálcio, contém 14% de nitrogênio na forma nítrica e até 1,5% na
forma amoniacal, além de 18 a 19% de Ca e de 0,5 a 1,5% de Mg. É obtido através da
reação:
2HNO3 + CaCO3 ⇄ Ca(NO3)2 + CO2 + 11.410 cal
Devido a sua solubilidade e alta concentração de cálcio, é mais usado em
adubação foliar ou fertirrigação de espécies exigentes em cálcio e de alto valor
comercial, como tomate e maçã.
É um produto altamente higroscópico, apresentando umidade relativa crítica de
46,7, o que obriga a usá-lo logo depois de aberta a embalagem.
Deve-se evitar a sua impregnação com substâncias orgânicas para evitar o perigo
de deflagração quando submetido ao calor (MALAVOLTA, 1981).
Uso de adubos nítricos
Os adubos nítricos possuem boa solubilidade, sendo prontamente disponíveis
aos vegetais. Entretanto, deve-se lembrar que o NO3
-
não é retido pelos colóides do
solo sendo sujeito a perdas por lixiviação. Tais perdas serão maiores nos solos
arenosos e em regiões com maior pluviosidade. Nesta situação, recomenda-se o
parcelamento da adubação.
Em função desta lixiviação, não se recomenda a aplicação de adubos nítricos no
plantio. Estes adubos são recomendados para aplicação em cobertura, quando a
planta já apresenta um sistema radicular desenvolvido, pronto para absorver o nitrato.
Também apresentam índice salino elevado. Uma concentração excessivamente
alta na solução do solo pode provocar uma pressão osmótica maior que a do suco
celular, causando desidratação das raízes e até a morte da planta, sendo este, um
motivo adicional para parcelar a adubação. Também não se recomenda sua aplicação
em solos com deficiência hídrica.
Em condições anaeróbicas, ocorre a denitrificação, devido a redução bacteriana
do NO3 em NO2, não sendo indicados portanto, para culturas inundadas.
Os adubos nítricos estudados possuem reação alcalina no solo, isto é, elevam o
pH do solo.
Adubos Amoniacais
18
São considerados adubos amoniacais aqueles fertilizantes que contém o
amônio em sua constituição, ou que, durante sua transformação no solo, produza
NH4+, como a uréia e a calciocianamida.
Amônia
A amônia, cujo processo de obtenção já foi descrito anteriormente, apresenta
82% de N, é um gás tóxico, que volatiliza a temperaturas acima de 10ºC, sendo muito
irritante para os olhos e para o sistema respiratório, podendo ser fatal em curto tempo
de exposição, necessitando portanto, de cuidados extremos no manuseio,
armazenagem, transporte e aplicação no solo.
A amônia anidra pode ser usada diretamente como adubo, com injeção no
solo a 5 – 10 cm de profundidade, para evitar a volatilização, como é comumente
aplicada nos Estados Unidos
No Brasil, utiliza-se a amônia hidratada, denominada de Aquamônia. A
aquamônia é a amônia anidra dissolvida em recipiente fechado, contendo água, de
acordo com a reação:
NH3 + H2O ⇄ NH4OH
A aquamônia apresenta uma concentração de de 16 a 20% de N, sendo o
fertilizante líquido mais usado no Brasil, principalmente na cultura da cana de açúcar.
Uréia
A uréia é um composto orgânico, também chamada de carbamida que possui
nitrogênio na forma amídica, tendo sido o primeiro composto orgânico sintetizado a
partir de compostos inorgânicos, por Wohler, em 1828. Atualmente é obtida por
reação da amônia e gás carbônico sob alta pressão, na presença de catalisador, de
acordo com a reação:
2NH3 + CO2 ⇄ NH2CONH2 + H2O
No solo, bactérias, fungos e actinomicetos, pela ação da urease, uma enzima
presente nos microrganismos citados, em resíduos vegetais e no próprio solo,
transformam rapidamente a uréia, conforme as reações:
CO(NH2)2 + 2H2O → (NH4)2CO3
(NH4)2CO3 + 2H2O → 2NH4OH + H2CO3
2NH4OH → 2NH4
+
+ 2OH-
19
O NH4
+
produzido, poderá ser absorvido pelas plantas ou microrganismos do
solo, ou adsorvido aos colóides do solo, resistindo a lixiviação. Entretanto, outra parte
do NH4
+
é convertido rapidamente a NO3
-
, conforme as reações:
2NH4
+
+ 3O2
Nitrosomonas
2NO2
-
+ 2H2O + 4H+
2NO2
+
+ 3O2
Nitrobacter
2NO3
-
+ energia
De acordo com MALAVOLTA, 1981, em cinco semanas, de 60 a 70% do N
amídico da uréia foi convertido em nitrogênio na forma nítrica. O processo de
nitrificação conduz a acidificação do solo.
A reação de hidrólise da uréia consome prótons (H+
) e provoca a elevação do
pH ao redor das partículas, e mesmo em solos ácidos, a uréia está sujeita a perdas de
nitrogênio por volatilização de NH3. Esta volatilização pode ser melhor visualizada, na
reação:
CO(NH2)2 + H2O urease
2NH3 + CO2
Assim, a uréia não deve ser aplicada na superfície do solo, notadamente
daqueles ricos em matéria orgânica. A literatura relata perdas de nitrogênio por
volatilização de NH3, variando de 20 a 78%. A hidrólise da uréia aumenta com a
umidade, com a temperatura, com o pH e como já foi dito, com o teor de matéria
orgânica do solo.
A incorporação da uréia a uma profundidade de 5 a 10 cm ou uma pequena
lixiviação da mesma pela irrigação, reduz as perdas de NH3, por aumentar o caminho
de difusão, aumentando as chances de sua retenção na forma de NH4
+
NH3 + H+
→ NH4
+
Também o uso de uréia granulada, reduz seu contato com o solo (com a
urease) promovendo menor taxa de hidrólise, conseqüentemente, menores perdas
por volatilização.
O uso de altas doses de uréia no plantio, pode levar a fitotoxidez para
sementes e plântulas pela formação de amônia, em condições favoráveis a uma alta
taxa de hidrólise
Em certas fases da fabricação da uréia, por aquecimento, há a formação de
biureto (alofanamida): NH2-CO-NH-CO-NH2, produto tóxico para as plantas. A
legislação brasileira admite até 1,5% de biureto para a aplicação no solo e 0,3% para a
aplicação foliar.
20
Outros inconvenientes da uréia são sua higroscopicidade, seu alto índice salino
e a presença apenas do nitrogênio na sua composição.
Como vantagens, apresenta um alto teor de nitrogênio, 45%, o que pode
reduzir seu preço efetivo (preço por unidade de peso do nutriente), a alta solubilidade
e o baixo poder de corrosão, o que a torna ideal para uso em fertirrigação.
Sulfato de Amônio
A produção de sulfato de amônio é obtida através da reação da amônia com o
ácido sulfúrico.
2NH3 + H2SO4 → (NH4)2SO4
Entretanto, é mais comum sua obtenção como subproduto de indústrias
químicas e de processamento de carvão mineral para fabricação de coque. No sulfato
de amônio obtido como subproduto de coqueria, pode estar presente o tiocianato,
NH4CNS, tóxico as plantas, não sendo tolerado em concentrações superiores a 1% de
acordo com a legislação brasileira. Sua presença é facilmente reconhecida usando
algumas gotas de cloreto férrico no adubo diluído em água, que produz uma coloração
vermelho-sangue, devido as presença do tiocianato férrico.
3NH4CNS + FeCl ⇄ 3NH4Cl + Fe(CNS)3
Apresenta baixa higroscopicidade e excelentes propriedades físicas. Embora
apresente um baixo teor de nitrogênio, 20 a 21%, que aumenta o custo de transporte,
elevando seu custo efetivo, apresenta de 22 a 24% de S.
O amônio (NH4
+
) presente no fertilizante, é rapidamente nitrificado. Segundo
MALAVOLTA,. 1981, 87% do amônio do adubo é nitrificado em duas semanas e em três
semanas a nitrificação é total.
A nitrificação conduz a acidificação do solo, sendo o sulfato de amônio o mais
acidificante de todos os fertilizantes, sendo necessários 110Kg de CaCO3 para
neutralizar a acidez causada por 100Kg do produto.
Adubos nítrico-amoniacais
São fertilizantes que apresentam o nitrogênio nas duas formas: nítrica e
amoniacal.
21
Nitrato de amônio
No processo de fabricação inicialmente a amônia é oxidada e convertida em
ácido nítrico. Este por sua vez, em reação com a amônia, produz o nitrato de amônio.
HNO3 + NH4
+
→ NH4NO3 + 26.000 cal
Apresenta 32% de nitrogênio, sendo metade na forma amoniacal e metade na
forma nítrica. Esta condição, em solos com baixa taxa de nitrificação –solos com pH
menor que 6,0, arenosos e com baixo teor de matéria orgânica, pode proporcionar
ganhos de até 25% na produção (FURTINI NETO et al, 2001).
O fertilizante apresenta elevado índice salino, alta higroscopicidade e em
presença de produtos orgânicos facilmente oxidáveis, pode ser explosivo.
Em virtude de sua higroscopicidade, sua mistura com outros adubos deve ser
cuidadosa, para evitar que a hiogroscopicidade aumente ainda mais.
Para reduzir a hiogroscopicidade e o perigo de explosão, é feita uma mistura
do produto com rocha calcária, resultando no produto comercial denominado
nitrocálcio, que apresenta 20% de nitrogênio, sendo 10% na forma amoniacal e 10%
na forma nítrica, além de 6% de CaO e 4% de MgO. Este fertilizante apresenta reação
neutra no solo, isto é, não alcaliniza nem acidifica o solo, mantendo seu pH.
Uran
É uma solução nitrogenada obtida pela dissolução em água de uréia e nitrato
de amônio, resultando em um fertilizante com 32% de nitrogênio, sendo 14% de
nitrogênio na forma amídica (NH2), 9% de nitrogênio na forma amoniacal e 9% de
nitrogênio na forma nítrica
Pode ser utilizado em fertirrigação ou em adubação foliar, podendo ser
misturado com pesticidas, ou com outros adubos líquidos para obtenção de
formulados NPK fluidos.
Manejo Eficiente da adubação nitrogenada
22
Para se obter uma maior eficiência dos adubos nitrogenados, deve-se
observar:
Parcelamento e época de aplicação.
Em solos arenosos ou argilosos com baixa CTC, durante o período de maior
pluviosidade, o nitrogênio do solo, inclusive o nitrogênio na forma amoniacal, pode ser
perdido por lixiviação, ou por lavagem superficial, fazendo-se então necessário o
parcelamento da adubação nitrogenada, em duas ou mais vezes, de forma a diminuir
as perdas do fertilizante.
O parcelamento também é importante, para evitar prejuízos à germinação e
mesmo as plantas, em função da fitotoxidez causada por determinadas formas do
elemento, e do índice de salinidade do fertilizante, evitando o aumento do potencial
osmótico do solo.
A absorção dos nutrientes não se dá de modo constante durante todo o ciclo
de vida da cultura. De uma forma geral, a absorção e acumulação de nutrientes e
matéria seca dos vegetais, são descritos por uma curva sigmóide. No inicio da vida da
planta, as exigências de N são pequenas, crescendo depois de forma quase linear, e no
fim do ciclo, de novo se tornam pequenas.
Deve-se conhecer a cronologia das exigências minerais da cultura, para fazer
o parcelamento do nitrogênio, de forma que no período de maior exigência o
nitrogênio esteja presente na solução do solo em quantidades suficientes.
Localização
O contado do NO3
-
, forma de nitrogênio absorvida predominantemente nas
condições de solo, se faz por fluxo de massa, enquanto que o do NH4
+
se dá por
difusão. Assim, se faz necessário aplicar o adubo nitrogenado, de forma que ele possa
atingir o sistema radicular. Para tal, deve-se conhecer a distribuição lateral e em
profundidade do sistema radicular da planta a ser adubada, para se determinar o local
de aplicação do fertilizante.
Uso de adubos de disponibilidade controlada
Sendo os adubos nitrogenados convencionais altamente solúveis, as perdas
de nitrogênio por lixiviação, mesmo com o parcelamento das adubações, são muito
grandes. Uma forma de diminuir estas perdas, aumentando a eficiência das adubações
nitrogenadas, é o uso de fertilizantes de liberação lenta ou controlada.
Há dois grupos de fertilizantes classificados como de liberação lenta: Um é
formado por compostos de condensação de uréia e uréia formaldeídos (de baixa
23
solubilidade e portanto de liberação lenta de N). Neste grupo a uréia formaldeído (UF)
é a mais importante, possuindo 38% de N.
Outro grupo é formado por fertilizantes encapsulados ou recobertos. Neste
grupo o fertilizante mais importante é a uréia recoberta com enxofre (UCS). Grânulos
de uréia são revestidos com S elementar fundido a 156ºC, em seguida, com uma cera,
a qual serve de selante para recobrir fendas no revestimento de S e, por fim, uma
camada de condicionador, geralmente atapulgita. O produto final possui de 32 a 42%
de N e de 6 a 30% de S.
Controle da erosão
Grandes quantidades de solo e de nutrientes nele contido, são arrastados
pela erosão. Trabalho de GROHMANN & CATANI, determinou a perda de 46,5 Kg de
nitrogênio por hectare e por ano, em um argissolo do estado de São Paulo. Trabalho
de CASTAGNOLLI, 1966 aponta uma perda de 52.719 toneladas de nitrogênio por ano,
naquele estado.
As quantidades de N que um solo perde por erosão dependem de vários
fatores, como intensidade de precipitação pluviométrica, declive, permeabilidade do
solo, cobertura vegetal e etc.
A adoção de práticas conservacionistas do solo, controlam a erosão,
minorando o arrastamento de partículas do solo, aumentando a eficiência das
adubações.
Correção do Solo
A maior absorção de nutrientes ocorre na faixa de pH entre 6,0 e 6,5.
Bactérias decompositoras da matéria orgânica e bactérias nitrificantes, também
exigem o pH nesta faixa.
A calagem eleva a CTC do solo, diminuindo a lixiviação. Proporciona um
maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas, que reflete em uma maior
absorção de nutrientes.
24
25
EXERCÍCIO 3
1 – Qual a matéria prima básica para a fabricação de adubos nitrogenados e como é
obtida?
2 – Quais são as fontes de onde se extrai o hidrogênio, e quais são as mais utilizadas
atualmente?
3 – Quais são os produtos obtidos a partir da amônia?
4 – Quais são os adubos obtidos a partir do ácido nítrico?
5 – Quais são as formas de nitrogênio absorvidas pelas plantas? Qual delas é a mais
lixiviada? Explique.
6 – Cite adubos nitrogenados que apresentem o nitrogênio na forma nítrica, na forma
amoniacal e em ambas as formas.
7 – Qual a diferença entre o nitrato de sódio natural e sintético?
8 – Como se obtém o nitrato de sódio sintético?
9 – Dê as principais características agronômicas do salitre do Chile.
10 – Como é obtido o nitrato de potássio?
11 – Dê as características agronômicas do nitrato de potássio.
12 – Como é obtido o nitrato de cálcio?
13 – Dê as características agronômicas do nitrato de cálcio.
14 – Explique por que os adubos nítricos não são recomendados no plantio.
15– Por que os adubos nítricos não são recomendados em solos com deficiência
hídrica?
16 – Quais adubos nitrogenados não são recomendados na cultura do arroz inundado?
Por que?
26
17 – Cite dois adubos amoniacais líquidos.
18 – Em qual forma se encontra o nitrogênio presente na uréia?
19 – Quais são as transformações que a uréia sofre no solo? Qual enzima está
envolvida?
20 – Quais microrganismos estão envolvidos na nitrificação?
21 – Qual a conseqüência prática da nitrificação?
22 – Fale sobre a ação fertilizante e emprego da uréia.
23 – Por que o uso incorporado da uréia diminui sua volatilização?
24 – Como é obtido o sulfato de amônio?
25 – Fale sobre a ação fertilizante e o uso do sulfato de amônio.
26 – Como é obtido o nitrato de amônio?
27 – Fale sobre a ação fertilizante e uso do nitrato de amônio
28 – Qual a vantagem do uso de nitrato de amônio e cálcio (Nitrocálcio)?
29 – Como é obtido o uran?
30 – O que deve ser observado para uma maior eficiência da adubação nitrogenada?
31 – Explique por que a dubação nitrogenada sempre deverá ser parcelada.
32 – Quais condições podem definir o uso de um maior número de parcelamento da
adubação nitrogenada?
33 – Quais condições definem o uso de adubos nitrogenados aplicados de forma
localizada, ou aplicados a lanço?
34 – Quais as vantagens de usar adubos de disponibilidade controlada?
35 – Quais são os grupos de adubos de fertilidade controlada disponíveis no mercado?
27
CAPÍTULO IV
ADUBOS FOSFATADOS
28
1. Matéria Prima
A indústria de fertilizantes utiliza como matéria prima para a fabricação de
adubos fosfatados, depósitos de fosfatos minerais, constituídos de fosfatos de cálcio,
pertencentes a família mineralógica das apatitas, de origem ígnea, metamórfica ou
sedimentar. No Brasil, os fosfatos de origem ígnea recebem a denominação de
“apatitas”, enquanto os de origem sedimentar a denominação de “fosforitas”
(Malavolta, 1981).
As apatitas, apresentam como fórmula geral: Ca10(PO4)6X2, onde X, pode ser F, Cl,
OH, ou CaCO3 apresentando, os seguintes tipos: Ca10(PO4)6F2 = Fluorapatita;
Ca10(PO4)6OH2 = hidroxiapatita; Ca10(PO4)6Cl = Cloroapatita, Ca10(PO4)6CaCO3 =
Carboxiapatita. A mais comum é a fluorapaita. A fluorapatita com substituição parcial
do flúor por carbonato, gera a carbonato-fluorapatita ou francolita, um mineral com
maior solubilidade, podendo ser utilizado diretamente como fertilizante.
2. Solubilidade dos fertilizantes fosfatados
Os fertilizantes fosfatados se classificam em três grupos:
a) Fosfatos solúveis em água. Pertencem a este grupo, os produtos de maior
solubilidade e que, em geral, tem efeitos mais rápidos no crescimento das
plantas; os principais componentes são os superfosfatos, os fosfatos de amônio
e os nitrofosfatos.
b) Fosfatos assimiláveis pouco solúveis em água. Neste grupo entram os fosfatos
solúveis em citrato neutro de amônio (CNA), como a farinha de ossos
desengorduradas, as escórias básicas, o fosfato bicálcico e o termofosfato
(fosfato de magnésio fundido).
c) Fosfatos quase insolúveis em água e de assimilação lenta. Essa categoria é
formada pelos fosfatos orgânicos naturais como os ossos moídos, e os fosfatos
naturais, isto é as apatitas e fosforitas. Apresentam solubilidade em ácido
cítrico. (AC ou HCi). (MALAVOLTA, 1981).
ADUBOS FOSFATADOS
29
1. FOSFATOS NATURAIS.
Os fosfatos naturais são concentrados apatíticos obtidos a partir de minérios
fosfáticos que ocorrem em jazidas localizadas, que podem ou não passar por processos
físicos de concentração, como lavagem e, ou, flotação, para separá-los dos outros
minerais com os quais estão misturados na jazida.
Os depósitos de rochas podem ser classificadas em três grupos de acordo com a
composição mineral: a) fosfatos de ferro-alumínio, onde os minerais mais comuns são
a variscita Al(OH)2H2PO4, estrengita Fe(OH)2H2PO4 e wavelita Al2(PO4)2(OH, F).5H2O; b)
fosfatos de cálcio-ferro-alumínio, sendo os minerais mais comuns a crandalita e
milisita , e c) fosfatos de cálcio, representado pelas apatitas.
Estas três classes constituem uma seqüência natural de intemperização das
rochas fosfatadas, na qual os fosfatos de ferro-alumínio representam o estágio mais
avançado de intemperismo e os fosfatos de cálcio, a rocha matriz
Os fosfatos de cálcio constituem o grupo mais importante, devido a sua larga
utilização industrial, especialmente na indústria de fertilizantes, enquanto os demais
grupos apresentam poucas possibilidades de utilização.
Os fosfatos de cálcio, de acordo com a sua gênese, podem ser ígneos,
metamórficos ou sedimentares.
Os fosfatos naturais de origem ígnea, apresentam apatitas com estrutura
cristalográfica rígida de cristais grandes, sendo sua composição química: Ca10(PO4)6X2,
onde o X pode ser flúor (F), cloro (Cl), oxidrila (OH) ou carbonato (CO3), sendo
designadas respectivamente de flouorapatita, Cloroapatita, Hidroxiapatita e
carbonatoapatita., sendo a flourapatita a mais comum.
Os fosfatos de origem sedimentar podem ser detríticos ou precipitados químicos,
apresentando cristais pequenos, menor rigidez, alta porosidade, com alto grau de
substituição isomórfica de fosfato por carbonato. A reatividade e a cristalinidade das
rochas sedimentares está relacionada com o grau de substituições isomórficas,
principalmente de PO4
-3
por CO3
-2
+ F+1
e de Ca+2
por Mg+2
e Na+1
. Estas substituições
ocorrem no momento da formação da rocha e altera o seu produto de solubilidade.
Assim, a reatividade do fosfato sedimentar será proporcional ao seu grau de
substituição isomórfica.
As rochas fosfatadas de origem metamórfica representam uma categoria
intermediária entre as rochas sedimentares e ígneas, mas são rochas duras e
apresentam outros minerais misturados mais intimamente entre si, conservando a
estrutura básica dos sedimentos. São classificadas como rochas metassedimentares.
Assim, os fosfatos naturais podem ser classificados como fosfatos naturais de
baixa reatividade e fosfatos naturais reativos.
Os fosfatos naturais de baixa reatividade ou “duros”, são aqueles que a apatita
não tem ou tem muito poucas substituições isomórficas, como no caso da maioria dos
fosfatos naturais brasileiros. No Brasil encontram-se fosfatos sedimentares nos
30
jazimentos de Paulista – PE, Olinda – PE e Patos de Minas – MG. Jazimentos de rochas
ígneas em Jacupiranga – SP, Ipanema – SP, Itatiaia – RJ, e Maicuru. Os jazimentos mais
importantes são de ocorrência ígnea secundária, de mineralogia extremamente
complexa, localizados em Araxá – MG, Tapira – MG, Catalão –GO e Anitápolis – SC.
Os fosfatos naturais reativos ou “moles” são aqueles de origem sedimentar, com
alto grau de substituições isomórficas de fosfato por carbonato na apatita, sendo
também chamados de francolitas ou fosforitas, sendo os jazimentos encontrados em
áreas desérticas ou de clima seco. Podem ser utilizados diretamente na agricultura,
como os fosfatos naturais reativos de Carolina do Norte, EUA; Gafsa, Tunísia; Sechura,
Peru e Arad, Israel.
O fosfato natural se torna disponível para as plantas provavelmente através de
reação com os ácidos carbônico, nítrico e sulfúrico formados no solo, como na reação
abaixo, tomando-se como exemplo o ácido carbônico:
Ca10(PO4)6F2 + 7H2CO3 ⇄ 3Ca(H2PO4)2 + 7CaCO3 + 2HF
Exsudados das raízes contém ácidos orgânicos que liberam ácido málico no
meio, que pode solubilizar o fosfato natural.
Microrganismos presentes na rizosfera também são capazes de solubilizar
fosfatos, como as bactérias dos gêneros: Pseudomonas, Mycobacterium, Micrococus,
Bacillus, Flavobacterium e fungos dos gêneros Penicillium, Sclerotium, Fusarium,
Aspergillus, Rhizopus, Candida, Oidiodendron e Pseudo gymnosascus (MALAVOLTA,
1981).
De acordo com LOPES (1999), Os fosfatos naturais brasileiros de baixa
reatividade (Araxá, Patos, Catalão, Abaeté e etc) apresentam baixa eficiência
agronômica para culturas de ciclo curto e anuais, mesmo quando finamente moídos. A
eficiência tende a aumentar com o passar dos anos, quando o solo é submetido às
práticas normais de preparo (aração e gradagem), no sistema convencional de
produção que levam a uma mistura do mesmo na camada arável. Estes fosfatos
podem ser usados para a formação de pastagens tolerantes a acidez, com aplicação a
lanço e incorporados, de preferência, em solos com o pH até 5,5 ou no preparo de
covas ou sulcos para a formação de culturas perenes (cafeeiro, fruticultura e etc) e
reflorestamento. Nestes casos as doses de fosfatos de baixa reatividade não devem
ultrapassar de ½ a 2/3 das necessidades, completando-se o restante com fosfatos
solúveis.
Para o mesmo autor, os fosfatos reativos (Carolina do Norte, Gafsa, Sechura,
Arad entre outros), são fontes comparáveis aos fosfatos solúveis, quando finamente
moídos e aplicados em área total e incorporados, em solos com o pH até 5,5. Essa
eficiência tende a aumentar com as operações de aração e gradagem nos anos
subseqüentes e até superando os fosfatos acidulados, em sistemas de cultivo
convencional.
31
2. FARINHA DE OSSOS
O osso é constituído por uma matriz orgânica, contendo fosfato tricálcico ou
composto hidratado semelhante, o qual possui ainda Na, Mg e um grupo carbonato. As
farinhas de ossos podem ter de 17 – 23% de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2% (relação
1:100) e de 14 a 19% solúvel em citrato neutro de amônio.
Devido ao alto valor da farinha de ossos, seu uso como adubo é muito restrito.
3. ESCÓRIA DE THOMAS
No processo usado para produzir aço a partir de minério de ferro rico em fósforo,
o ferro fundido é colocado em conversores cujas paredes são revestidas por dolomita
(CaCO3.MgCO3). O fósforo é oxidado devido ao ar insuflado e em temperaturas entre
1.200 a 1.300ºC se combina com a cal adicionada (15% do peso da carga) e com a
sílica, para produzir sílico-fosfatos que escorrem e, depois de resfriados sõ moídos.
As escórias são muito densas e tem cor negra ou negro acinzentado. O produto
apresenta uma garantia mínima de 12% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação
1:100, além de 20 a 29% de Ca e de 0,4 a 3% de Mg. A solubilidade aumenta com
adição de turfa ao produto. Possui reação alcalina no solo e é caustica.
4. TERMOFOSFATO
O tratamento térmico de fosfatos naturais procura desfazer a rigidez estrutural
da apatita, tornando mais solúvel o seu fósforo, pelo desalojamento do flúor. A
presença de serpentina, fornece Si e Mg, que aceitam o P2O5 dando origem a fosfatos
mais facilmente assimiláveis. Existem vários processo de fabricação do produto, sendo
que no Brasil é produzido o termofosfato denominado magnesiano, ou fosfato de
magnésio fundido.
Na fabricação, uma mistura de fosfato natural e serpentina (silicato de magnésio)
é levada para fornos elétricos, com temperatura entre 1.400 e 1.500°C. O produto
fundido é resfriado rapidamente, formando pequenas partículas enegrecidas de
aspecto vítreo, que são finamente moídas.
O produto possui reação alcalina e apresenta garantia mínima de 17% de P2O5
total, sendo 14% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação 1:100 e 7% de Mg.
Apresenta ainda de 18 a 20% de Ca e 25% de SiO2.
No mercado, o produto com nome comercial de Yurim, fabricado pela indústria
nipo-brasileira Mitsui, em suas diversas formulações, apresenta ainda quantidades
variáveis de B, Zn, Cu, Mn e em alguns casos, S.
5. FOSFATOS ACIDULADOS
32
Os fosfatos naturais possuem quantidade limitada de fósforo disponível para as
plantas. A produção de fosfatos totalmente acidulados visa aumentar a concentração e
a disponibilidade de fósforo nos fertilizantes utilizados como fonte deste nutriente
para as plantas.
Os fertilizantes fosfatados acidulados, são os superfosfatos e os fosfatos de
amônio, cuja forma de obtenção encontra-se simplificada no esquema abaixo:
5.1. Superfosfatos
Superfosfato é qualquer fertilizante obtido pelo tratamento do fosfato natural
moído com ácido sulfúrico, ácido fosfórico ou mistura de ambos.
5.1.1. Superfosfato simples
Também denominado de superfosfato normal ou ordinário, é o produto obtido pelo
tratamento do fosfato natural apenas com ácido sulfúrico, , conforme a reação:
Ca10(PO4)6F2 + 7H2SO4 + 6,5H2O → 3Ca(H2PO4)2.H2O + 7CaSO4.1/2 H2O + 2HF
33
O superfosfato simples é constituído principalmente de fosfato monocálcico e
sulfato de cálcio (gesso). Apresenta como garantia mínima 18% de P2O5 solúvel em
CNA + H2O e 16% solúvel em H2O, além de 18 a 20% de Ca e de 10 a 12% de S.
As principais vantagens deste produto são: a) Fornece Ca e Mg para o solo, além
do P; b) Possui gesso como resíduo, que contribui para a correção de áreas sódicas e
promove a neutralização do alumínio sub-superficial, melhorando o ambiente
radicular; c) Apresenta alta e rápida solubilidade.
O superfosfato simples possui reação ácida devido ao fosfato monocálcico em si
e a pequenas quantidades de ácido sulfúrico livre, devido a acidificação do produto.
5.1.2. Superfosfato triplo
Também chamado de superfosfato concentrado ou duplo. A designação “duplo”
é usada para indicar o emprego de duas acidulações, na primeira o fosfato natural
moído reage com H2SO4 mais concentrado do que o utilizado na fabricação de
superfosfato simples, para produzir H3PO4 de acordo com a reação:
Ca10(PO4)6F2 + 10 H2SO4 + 20 H20 → 10 CaSO4.2H2O + 6 H3PO4 + 8HF
Na segunda acidulação, o fosfato natural moído apenas com ácido fosfórico, de
acordo com a reação:
Ca10(PO4)6F2 + 14 H2PO4 + 10 H2O → 10 Ca(H2PO4)2.H2O + 8 HF
Para que o ácido fosfórico seja produzido, há também a produção de gesso, na
relação de 4,5 toneladas de CaSO4.2H2O para cada tonelada de P2O5 produzida na
forma de superfosfato triplo.
O superfosfato triplo é constituído principalmente de fosfato monocálcico.
Apresenta como garantia mínima 41% de P2O5 solúvel em CNA + H2O e 37% de P2O5
solúvel em H2O, e de 12 a 14% de Ca.
As principais vantagens deste produto são: a) Apresenta baixa higroscopicidade;
b) Alta concentração de P2O5; c) Apresenta Ca em sua composição e d) Apresenta alta
solubilidade.
O superfosfato triplo possui reação ácida devido ao fosfato monocálcico em si e a
a pequenas quantidades de ácido fosfórico livre, devido a acidificação do produto.
5.1.3. Fosfato parcialmente acidulado
34
Também chamado de superfosfato modificado. É o produto obtido pela
acidulação parcial do fosfato natural moído com ácido sulfúrico, conforme a reação:
Ca10(PO4)6F2 + H2SO4 → Ca(H2PO4)2 + Ca10(PO4)6F2 + CaSO4
Apresenta garantia mínima de 11% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação
1:100, 9% de P2O5 solúvel em CNA + H2O e 5% de P2O5 solúvel em H2O, além de 25 a
27% de Ca, e até 6% de S.
5.1.4. Superfosfato enriquecido
Produto obtido pela substituição parcial do ácido sulfúrico pelo ácido fosfórico.
5.1.5. Superfosfato amoniacal
Produto obtido pelo tratamento do superfosfato simples ou do superfosfato
triplo com amônia (NH3).
5.1.6. Superfosfato de serpentina
Produto obtido pela mistura de três partes de superfosfato simples com uma
parte de serpentina.
5,2, Fosfatos de amônio
São fabricados mediante a reação do ácido fosfórico, H3PO4, com a amônia, NH3.
É possível a obtenção de dois produtos, mediante a utilização de uma ou duas
moléculas de NH3, de acordo com as reações:
H3PO4 + NH3 → NH4H2PO4 - MAP = Monoamôniofosfato
H3PO4 + 2NH3 → (NH4)2HPO4 - DAP = Diamôniofosfato
O monoamôniofosfato, MAP, apresenta garantia mínima de 48% de P2O5 solúvel
em CNA + H2O, 44% de P2O5 solúvel em H2O e 9% de Nitrogênio.
O diamôniofosfato, DAP, apresenta garantia mínima de 45% de P2O5 solúvel em
CNA + H2O, 38% de P2O5 solúvel em H2O e 16% de nitrogênio.
Os fosfatos de amônio apresentam, do ponto de vista tecnológico e agrícola,
vantagens e desvantagens.
Vantagens: - Alta concentração de N e P2O5;
- Propriedades físicas e químicas (higroscopicidade e solubilidade)
35
satisfatórias;
- Boas possibilidades para misturas com outros adubos;
- Relação N/P2O5 favorável para culturas anuais em solos com alto poder
de fixação de fósforo.
Desvantagens: - Necessitam de enxofre para a sua fabricação;
- Não possuem CaO e S na sua composição;
- Relação N/P2O5 desfavorável para culturas perenes e cana soca e
ressoca;
- Possibilidade de aumentar muito a pressão osmótica da solução do
solo quando empregados em doses pesadas, devido à sua alta
solubilidade.
REAÇÃO NO SOLO DOS FOSFATOS ACIDULADOS
Quando o fertilizante é adicionado ao solo, a água penetra rapidamente em cada
partícula ou grânulo do fertilizante, formando uma solução saturada em fosfatos
monocálcico e bicálcico. O fosfato bicálcico permanece como resíduo no local. A
solução saturada com alta concentração de Ca++
e H2PO4
-
e pH em torno de 2,0 deixa a
partícula de fertilizante e se move em direção às partículas do solo. A solução que se
difunde, por sua acidez, solubiliza o Fe e Al dos óxidos, que reagem com o fosfato,
formando precipitados. Em uma segunda etapa, mais lenta, o fósforo penetra na
estrutura cristalina do óxidos de Fe e Al, formando o P-ocluso.
No caso dos fosfatos de amônio, o H2PO4
-
se move da partícula do fertilizante de
modo semelhante ao descrito no caso do fosfato monocálcico, entretanto, o pH da
solução saturada de MAP é cerca de 4 e o da solução de DAP é próximo de 8. Em solos
com pH alto, com muito cálcio (ou calcário presente), a alcalinidade da solução de
DAP, leva a formação de fosfatos de cálcio insolúveis em água com maior rapidez do
que a verificada quando se aplica MAP (MALAVOLTA, 1981).
Apenas uma pequena parte, em torno de 5 a 15% do fósforo presente no
fertilizante, será absorvido pela planta. O restante será fixado pelo solo.
ADUBAÇÕ FOSFATADA
36
A adubação produz aumentos na produção quando se usa o adubo certo, na
quantidade adequada, no momento e de maneira indicada, sempre que não houver
outro fator limitante (falta ou excesso de água, más condições de temperatura,
práticas culturais defeituosas, incidência de pragas e moléstias, variedades não
produtivas, entre outros).
A adubação fosfata pode ser feita de duas maneiras: A adubação corretiva e a
adubação de manutenção, como se verá adiante
1. ADUBAÇÃO CORRETIVA
A adubação fosfatada corretiva, também denominada “fosfatagem” ou
“fosfatização”, tem por finalidade elevar a fertilidade do solo até o nível ótimo. Assim,
a correção deverá ser executada novamente quando a análise do solo mostrar teores
de fósforo abaixo do desejado.
A adubação fosfatada corretiva pode ser feita de uma única vez, ou
gradativamente, durante um período de cinco anos.
No caso da adubação fosfata corretiva feita em única aplicação, recomenda-se
aplicar a quantidade de fertilizante fosfatado recomendada, a lanço, incorporando-o à
camada arável (20cm de profundidade), para proporcionar maior volume de solo
corrigido, afim de que mais raízes tenham condições de absorver o fósforo.
Quando a quantidade recomendada de fertilizante for inferior a 100Kg/ha de
P2O5, a aplicação deve ser feita no sulco de plantio.
Sugere-se que antes da implementação de sistemas irrigados e do sistema de
plantio direto, seja feita a adubação corretiva.
Para se definir as quantidades de P a serem utilizadas na adubação corretiva feita
em única aplicação, pode-se utilizar os dados de uma das tabelas seguintes, propostas
pela EMBRAPA, 2004. As recomendações das tabelas apresentadas são semelhantes.
37
O uso da adubação corretiva não dispensa o uso da adubação de manutenção.
A adubação corretiva gradual pode ser utilizada quando as doses requeridas
para a correção são elevadas. Essa prática, consiste em aplicar no sulco de plantio,
juntamente com a adubação de manutenção, parte da adubação corretiva. A adubação
corretiva será parcelada de acordo com a disponibilidade de recursos do produtor.
Quanto menor o parcelamento, maior será o retorno econômico. Assim, para uma
correção gradual a ser feita em cinco anos, será colocado no sulco de plantio a
quantidade requerida para a manutenção, mais 1/5 da adubação de correção.
A tabela seguinte, apresenta as quantidades de fósforo que serão usadas, de
acordo com a disponibilidade de P e o teor de argila do solo para uma correção a ser
38
feita em cinco anos. Os valores apresentados correspondem a necessidade de P para a
manutenção já somados a 1/5 da necessidade de P para a correção.
Segundo MALAVOLTA, o objetivo perseguido pela adubação corretiva é a
satisfação do poder de fixação de fósforo do solo. Entretanto, as quantidades
necessárias para alcançar o objetivo são proibitivas, por isso, na prática, o que se faz, é
aplicar apenas quantidades que são o dobro ou o triplo ou menos do que isso, das
dosagens recomendadas para a adubação de manutenção.
A adubação fosfatada corretiva também pode ser feita utilizando fosfatos
naturais, reativos ou de baixa reatividade. Neste caso, os fosfatos são aplicados a lanço
e incorporados ao solo, a uma profundidade de 20 cm, antes da calagem. Esta deve ser
feita de 60 a 90 dias após a fosfatagem. No caso de se utilizar adubos solúveis, a
calagem deve preceder a fosfatagem.
NOVAIS, 1999, em função da inviabilidade econômica, não recomenda a prática
da adubação corretiva.
2. ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO
A adubação de manutenção refere-se a quantidade de fertilizante que visa
manter o nível da fertilidade do solo. Sendo feita todos os anos, confunde-se com a
adubação anual no caso das plantas perenes.
Enquanto a adubação corretiva tenta satisfazer o poder de fixação de fósforo do
solo, saturando-o parcialmente, a adubação de manutenção procura apenas fornecer o
fósforo exigido pela planta.
39
Ao contrario da adubação corretiva, na maioria dos casos, recomenda-se que seja
aplica no sulco de plantio, de forma localizada.
As quantidades são definidas em função da necessidade de cada planta, levando-
se em consideração ainda, a quantidade de fósforo existente no solo e a textura do
solo, ou então em função do P-rem, atributos que refletem o fator capacidade de
fósforo do solo.
3. EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA
As plantas utilizam uma fração muito pequena, entre 5 e 15% do fósforo que
lhes é fornecido na forma de adubos. A maior parte do fósforo do fertilizante é fixado
pelo solo. Por isto, o principio que governa a adubação fosfatada é o de se procurar
reduzir ao máximo a fixação de fósforo pelo solo, através das seguintes medidas:
a) Localização do adubo
Quanto maior o contato do fertilizante com solo, maior será a reação deste com
os com os óxidos de ferro e alumínio do solo, e conseqüentemente, maior fixação. A
aplicação do fertilizante localizado, em faixas, reduz o contato com os componentes do
solo responsáveis pela fixação.
b) Uso de adubos granulados
Quanto maior as partículas do fertilizante, menor a superfície de contato com o
solo, reduzindo também o contato com os componentes do solo responsáveis pela
fixação.
c) Calagem
Quando o pH do solo se encontra abaixo de 6,5, aumenta a solubilidade dos
hidróxidos livres de Fe e de Al que precipitam o H2PO4
-
. Assim, em valores de pH acima
de 6,5, estes óxidos se encontram insolúveis, não precipitando o fosfato.
Os sesquióxidos contendo OH2 e OH-
na superfície, tem afinidade pelo H2PO4
-
,
ocorrendo a seguinte reação:
FeOH + H2PO4
-
⇄ FeH2PO4 + OH-
Aumentando o pH cresce a concentração de oxidrilas no solo; com isso a reação
se desloca para a esquerda, aumentando então o teor de H2PO4
-
no solo.
A calagem também converte fosfatos de ferro e alumínio pouco disponíveis em
fosfatos de cálcio mais aproveitáveis.
40
O O
2Fe + Ca(OH)2 ⇄ 2Fe + Ca(H2PO4)2 + 2H2O
H2PO4 OH
d) Matéria Orgânica
A matéria orgânica do solo apresenta predominantemente carga elétrica
negativa, podendo por isso ser considerada como um anion orgânico. Combina-se com
o Fe(OH)2
+
e com o Al(OH)2
+
, imobilizando-os, de forma a não precipitar o H2PO4
-
. Dessa
maneira a adição de matéria orgânica pode aumentar a disponibilidade de fósforo.
e) Fosfatagem
O uso de adubação fosfatada corretiva satura a parte da capacidade fixadora do
solo, fazendo com que a adubação de manutenção sejam mais aproveitados pelas
plantas.
f) Sais acompanhantes
O magnésio tem sido descrito na literatura como sendo o “carregador” do
fósforo. Aumentos no teor de magnésio do solo promove aumento na absorção de
fósforo pelas plantas. MADRID et al, citados por MALAVOLTA, 1981, demonstraram
que o sulfato de magnésio, quando aplicado juntamente com a adubação fosfatada,
ajuda a manter uma alta concentração de fósforo em solução, evitando a fixação do
fósforo.
4. EFEITO RESIDUAL DOADUBOS FOSFATADOS
Os adubos fosfatados apresentam efeito residual nas culturas subseqüentes que
decresce com o tempo, em função e vários fatores, como, tipo de solo, fonte do adubo
utilizada, dose aplicada, método de aplicação do fertilizante, sistema de preparo de
solo e seqüência de cultivos.
41
De acordo com SOUZA et al. 1987, o efeito residual dos fertilizantes fosfatados
solúveis e água é de 60%, 45%, 35%, 15% e 5% , respectivamente após um, dois, três,
quatro e cinco anos da aplicação do fertilizante ao solo
No caso dos fosfatos naturais reativos, sua eficiência é de 60 a 65%, quando
comparados com o superfosfato triplo, no primeiro ano, sendo esta eficiência
aumentada nos anos subseqüentes.
Em áreas cultivadas com preparo convencional do solo, o efeito residual de
fontes de fósforo que apresentam baixa solubilidade, como os fosfatos naturais
brasileiros, melhora até o terceiro ano de sua aplicação no solo decrescendo a partir
deste período.
42
EXERCÍCIO 4
1 – Quais são as matérias primas utilizadas na fabricação de adubos fosfatados
2 – Como se classificam os adubos fosfatados de acordo com sua solubilidade?
3 – Que são fosfatos naturais?
4 – Qual a diferença entre apatitas e fosforitas?
5 – Quais as características cristalográficas das apatitas e fosforitas?
6 – O que são fosfatos naturais reativos e fosfatos naturais de baixa reatividade?
7 – Você recomendaria o uso de fosfatos naturais em solos com pH próximos da
neutralidade? Por que?
8 – Em quais condições você recomendaria o uso de fosfatos naturais reativos e de
baixa reatividade?
9 – Como é obtida a escória de Thomas e qual a vantagem de seu uso?
10 – Como são obtidos os termofosfatos?
11 – Faça um esquema mostrando como são obtidos os fosfatos acidulados.
43
12– Qual a diferença existente entre os processos de obtenção do superfosfato
simples e do superfosfato triplo?
13 – Quais vantagens e desvantagens o superfosfato simples apresenta?
14 – Quais vantagens e desvantagens o superfosfato triplo apresenta?
15 – Como são obtidos os fosfatos parcialmente acidulados (superfosfato enriquecido,
amoniacal e de serpentina)?
16 – Como são obtidos os fosfatos de amônio?
17 Quais vantagens e desvantagens os fosfatos de amônio apresentam?
18 Explique como os fosfatos acidulados reagem no solo
19 Por que os fosfatos acidulados fixam menores quantidades de fósforo?
20 O que é fosfatagem. O que se visa quando se faz uma adubação fosfatada
corretiva?
21 Como a fosfatagem deve ser aplicada ao solo, usando diferentes fosfatos?
22 O que é e qual o objetivo da adubação fosfatada de manutenção?
23 Comente sobre as medidas que devem ser tomadas para que haja uma maior
eficiência da adubação fosfatada.
24 Fale sobre o efeito residual dos adubos fosfatados.
44
CAPÍTULO V
ADUBOS POTÁSSICOS
1 – MATÉRIA PRIMA
Nas jazidas de sais potássicos, são encontrados mais de trinta minerais, estando
eles contidos nos seguintes minérios:
Silvinita: Formada essencialmente de halita (NaCl) e silvita (KCl)
Hartsalz: (sal duro) Constituido de silvita, halita e quieserita (MgSO4.H2O) ou anidrita
(CaSO4).
Langbeinita: Composto de K2SO4.2MgSO4 + NaCl, podendo conter silvita, leonita
(K2SO4.MgSO4.4H2O), cainita (4KCl.4MgSO4.11H2O + NaCl).
Carnalita: formado por carnalita (KCl.MgCl2.6H2O) e halita
2 - ADUBOS POTÁSSICOS
45
2.1. Cloreto de Potássio
O cloreto de potássio (KCl) é o fertilizante potássico mais produzido, cerca de
95% do total. É produzidoa partir da carnalita, da silvita e do hartsalz. É um fertilizante
muito solúvel em água, sendo comercializado em duas formas, uma contendo de 48 a
50% de K2O e outra com 60 a 62% de K2O, sendo este último o de maior
comercialização. Apresenta-se com coloração branca, cinza ou rósea, densidade de
1,99g/cm3
, possui ponto de fusão a 722ºC, solubilidade a 20ºC de 34g/100g de H2O,
umidade relativa crítica (higroscopicidade) a 30ºC de 83. Índice salino de 116
(Tomando-se o NaNO3 como padrão = 100). O produto que apresenta 60% de K2O,
apresenta também cerca de 47% de Cl.
2.2. Sulfato de Potássio
É obtido a partir da quieserita, silvinita ou langbeinita. Apresenta-se como
cristais brancos ou levemente róseos, mais finos que os de cloreto de potássio,
apresenta 48% de K2O, 15 a 17% de S e de 1 a 2% de Cl e até 2% de Mg. Possui ponto
de fusão a 1067ºC, densidade de 2,66g/cm3
, solubilidade a 30º C de 11,1g/100g de
H2O e umidade relativa crítica a 30ºC de 97. Índice salino de 46.
2.3. Sulfato de potássio e magnésio
É obtido a partir da quieserita. Apresenta-se como cristais brancos, com
densidade de 2,83g/cm3
, ponto de fusão a 902ºC, índice salino de 43, de 18 a 25% de
K2O, 22 a 24 % de S, 4,5% de Mg e de 1 a 2,5% deCl. Apresenta baixo teor de potássio,
que é compensado pela presença de mais dois macronutrientes, o magnésio e o
enxofre, e um micronutriente, o cloro. (Atualmente no mercado, o produto comercial
K-Mag, apresenta 21% de S, 10% de Mg e 21% de K2O).
3 – ADUBAÇÃO POTÁSSICA
3.1. Adubação potássica em plantas anuais
46
Há três tipos de adubação nas plantas anuais: a) Adubação de correção; b)
Adubação de manutenção e c) Adubação de cobertura.
a) Adubação de correção
Também chamada de potassagem, visa aumentar o conteúdo de potássio do
solo até o seu nível ótimo.
A quantidade de fertilizante a ser aplicado na adubação de correção é
determinada através da análise de solo. Quanto menor o teor do nutriente presente
no solo, maior a quantidade de fertilizante a ser aplicada. Também leva-se em
consideração, a capacidade de fixação de potássio de potássio e as perdas por
lixiviação do solo.
O fertilizante fosfatado deve ser aplicado a lanço sobre o solo arado e gradeado,
recobrindo toda a superfície, e incorporado por meio de grade a uma profundidade de
20 a 30cm. Devido ao efeito salino dos sais solúveis de potássio, esta prática é
particularmente importante no caso de solos pobres em potássio, onde as doses
recomendadas são altas.
b) Adubação de manutenção
A adubação de manutenção visa manter o nível de fertilidade do solo, ou seja,
visa compensar a quantidade de nutriente removida pela colheita e mais o que se
perde por erosão e lixiviação.
A adubação de manutenção pode ser feita das seguintes maneiras: a) na faixa,
junto ou perto da semente, no plantio; b) a lanço, na superfície; c) no fundo do
sulco de plantio; d) a lanço e incorporada. Em geral a aplicação na faixa, junto ou
perto da semente no plantio, e a aplicação no fundo do sulco de plantio são mais
eficientes quando se utiliza pequenas doses. Com doses altas as diferenças tendem
a desaparecer.
A má localização do adubo em relação à semente ou ao sistema radicular é
uma das razões para atraso na germinação e emergência, redução na população,
atraso na maturação e diminuição na colheita. Os sais de potássio por sua
solubilidade, podem prejudicar as sementes em germinação pois, quando usados
em grandes doses aumentam demasiadamente a pressão osmótica da solução do
solo nas proximidades do local de aplicação.
De uma forma geral, pode-se recomendar a adubação potássica da seguinte
forma:
a) Em culturas plantadas em linha com espaçamento em torno de 1m ou mais
e com doses baixa de potássio: Aplicação no sulco abaixo e ao lado das
47
sementes ou no fundo do sulco de plantio. Doses altas: Distribuição a lanço
com incorporação antes do plantio., ou então, aplicar metade da dose no
sulco e a outra metade em cobertura, junto com a adubação nitrogenada.
Considera-se como alta, dose superior a 80 Kg de K2O/ha.
Para solos com CTC a pH 7,0 menor do que 4 cmolc/dm3
, o potencial de
perdas de potássio por lixiviação é grande. Nesse caso, recomenda-se o
parcelamento de doses acima de 40 Kg/ha de K2O ou a sua aplicação a
lanço.
b) Culturas em linha com espaçamento apertado, 0,5m ou menor, fazer
aplicação a lanço com incorporação superficial com grade, antes do plantio,
independente da dose utilizada.
c) Adubação em cobertura
É a aplicação de fertilizantes não acompanhada de incorporação,em culturas já
instaladas, em faixas ao lado da linha de plantio, ou em pastagens. A adubação em
cobertura é utilizada nas seguintes condições:
a) Adubação com doses pesadas, sendo parte aplicada no plantio e parte em
cobertura;
b) Culturas de ciclo longo, como a cana de açúcar;
c) Culturas intensivas em que se faz necessário repetir a adubação completa,
como no caso das hortaliças.
d) Adubação de pastagens estabelecidas
3.2. Adubação potássica em culturas perenes
a) Adubação de plantio
A adubação potássica de plantio nas culturas perenes é feita nos sulcos ou nas
covas, acompanhando o fósforo e a matéria orgânica. Os adubos são colocados na
cova ou no sulco e bem misturados com a terra. Quando as doses a aplicar são
pequenas, a adubação potássica é feita em pós-plantio, em cobertura.
b) Adubação de cobertura
Nas culturas perenes, a adubação potássica é feita anualmente, junto com a
adubação fosfatada e a nitrogenada, ou apenas com a nitrogenada, sendo a dose total
a aplicar dividida em duas ou mais parcelas, sendo no máximo de quatro, durante o
período chuvoso. O parcelamento evita perdas por lixiviação e por erosão, permitindo
uma maior eficiência da adubação.
48
O adubo deve ser aplicado ao redor da planta, na projeção da copa, ou então, em
semi-círculo, do lado de cima do declive, quando a cultura for plantada em
espaçamento. No caso de plantio em renque, a aplicação deve ser feita ao longo das
linhas, dos dois lados, ou apenas do lado de cima do declive.
As adubações devem ser feitas sempre com o solo úmido.
4. EFEITO RESIDUAL
O efeito resídua da adubação potássica, ou seja, o seu aproveitamento pelas
culturas seguintes, depende das seguintes variáveis;
a) Dose aplicada: Quanto maior a dose aplicada, maior o efeito residual;
b) Cultura: As culturas apresentam diferentes capacidades de extração de
nutrientes. De forma geral, as gramíneas apresentam maior capacidade de
extração que as leguminosas;
c) Tipo de solo: Solos que possuem argilas fixadoras (de grade 2:1) possuem
menor efeito residual;
d) Chuvas: Solos arenosos localizados em regiões de alta pluviosidade sofrem
maior lixiviação, e conseqüentemente, menor efeito residual.
EXERCÍCIO 5
1 – Quais são as matérias primas utilizadas na fabricação de adubos potássicos?
2 – Dê as principais características do cloreto de potássio
3 – Em quais condições não se recomenda o uso de cloreto de potássio?
4 – Dê as principais características do sulfato de potássio e magnésio.
5 – Qual o objetivo da potassagem e como deve ser aplicada ao solo?
6 – Qual o objetivo da adubação de manutenção de potássio?
7 – Como se recomenda aplicar adubação potássica?
8 – O que se entende por adubação de cobertura e quando é usada?
9 – Como é feita a adubação potássica de plantio e cobertura nas culturas perenes?
10 – Quais são os fatores que influenciam o efeito residual da adubação potássica?
49
CAPÍTULO VI
ADUBOS COM MICRONUTRIENTES
1 – FILOSOFIAS DE APLICAÇÃODE MICRONUTRIENTES
De acordo com LOPES, 1999, existem três filosofias básicas para a aplicação de
micronutrientes: a) filosofia de segurança, b) filosofia de prescrição e c) Filosofia de
restituição.
a – Filosofia de segurança: Por principio, esta filosofia não utiliza dados de análises de
solos ou plantas. Consiste na aplicação de pequenas quantidades de todos os
micronutrientes, ou daqueles com possíveis problemas de deficiência em uma
determinada região.
50
Esta filosofia não considera necessidades específicas, ou seja, as doses
recomendadas são as mesmas para quaisquer condições do solo, da planta ou do
clima. A aplicação destas doses pode não atender as necessidades das plantas, ou
então, haver desperdício e até mesmo toxidez. Pode ser econômica para culturas de
alto valor como hortaliças, café e frutíferas, mas pode aumentar muito o custo de
produção de outras culturas.
Esta filosofia foi muito empregada no passado, quando ainda não se dispunha de
facilidades para a análise de solos e plantas.
b – Filosofia de prescrição: Consiste na utilização de análises de solos e/ou de tecidos
de plantas, devidamente calibrados através de ensaios de campo, para definir a
disponibilidade e definir as doses de micronutrientes que proporcionam o máximo
retorno econômico ao produtor.
Esta filosofia, recomenda os micronutrientes necessários, em níveis adequados e
equilibrados, que protegem contra antagonismos que possam vir a ocorrer. Para
atender estas recomendações, esta filosofia requer diferentes formulações de
fertilizantes para cada caso em particular.
c – Filosofia de restituição: Esta filosofia consiste em recomendar micronutrientes com
base em estimativas das quantidades exportadas dos micronutrientes, por tonelada
produzida.
Esta filosofia vem sendo cada vez mais utilizada, principalmente nas áreas que
tem atingido altos tetos de produtividade e intensificação de problemas de deficiência
de micronutrientes
A combinação ideal para se atingir bases sólidas de diagnose e recomendação de
micronutrientes seria a integração da filosofia de prescrição com a filosofia de
restituição, ou seja, utilizar dados de experimentos de calibração de métodos de
análises de solos e plantas e a variação das doses a serem aplicadas em função dos
tetos de produtividade e exportação para as mais diversas culturas.
2 – FONTES DE MICRONUTRIENTES
Os produtos contendo micronutrientes, podem ser assim agrupados: a) fontes
inorgânicas; b) quelatos sintéticos; c) silicatos complexos (fritas) e d) complexos
orgânicos.
a – Fontes inorgânicas: Incluem sais metálicos com sulfatos, cloretos e nitratos, que
são solúveis em água. Óxidos, carbonatos e fosfatos, que são insolúveis em água e os
oxi-sulfatos, que se constituem em subprodutos com maior ou menor grau de
solubilidade em água, dependendo das quantidades de ácido sulfúrico utilizada na
solubilização dos óxidos. Além destes, também o ácido bórico é utilizado como fonte
de micronutrientes.
A solubilidade em água é um fator determinante da eficiência agronômica no
curto prazo, para aplicações localizadas em sulcos e produtos granulados.
b – Quelatos sintéticos: São formados pela combinação de um agente quelatizante
com um metal, que no caso poderá ser o Cu, Fe, Mn ou Zn, através de ligações
51
coordenadas. Possuem configuração em anel, resultante da combinação do metal com
dois ou mais grupos doadores de elétrons existes em uma única molécula do
quelatizante. Os metais presos nos anéis do quelato perdem suas características
catiônicas, ficando menos sujeitos a reações de precipitação ou insolubilização,
mantendo a disponibilidade do elemento.
Um quelato eficiente é aquele no qual a taxa de substituição do micronutriente
quelatizado por cátions do solo é baixa, mantendo o nutriente aplicado nessa forma de
quelato por tempo suficiente para ser absorvido pelas raízes das plantas (LOPES,
1991).
Os principais agentes quelatizantes de fontes de micronutrientes são: ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA), ácido N(hidroxietil)etilenodiaminotetracético
(HEDTA), ácido dietilenotriaminopentacético (DTPA), ácido etilenodiamino(o-
hidroxifenil acético) (EDDHA), ácido nitrilo acético (NTA), ácido glucoheptônico e ácido
cítrico, sendo o EDTA o mais comum.
c – Silicatos complexos (fritas): Também conhecidos como FTE, do inglês, “frited
traces elements”. São produtos vítreos, obtidos pela fusão de silicatos ou fosfatos com
uma ou mais fontes de micronutrientes, a aproximadamente 1000ºC, seguido de
resfriamento rápido com água, secagem e moagem.
São produtos insolúveis em água, sendo a solubilidade controlada pelo tamanho
da partícula. São mais eficientes se aplicados na forma de pó fino, a lanço, com
incorporação, em solos mais arenosos e sujeitos a altos índices pluviométricos.
d – Complexos orgânicos: São produzidos pela reação de sais metálicos com
subprodutos orgânicos da industria de polpa de madeira e outros. A estrutura química
desses agentes complexantes assim como o tipo de ligação química dos metais com os
compostos orgânicos, ainda não são bem caracterizados.
3 – MÉTODOS DE APLICAÇÃO
52
Os micronutrientes podem ser fornecidos as plantas das seguintes formas: a)
Aplicação via solo utilizando adubos sólidos; b) Aplicação via solo utilizando adubos
fluidos e fertirrigação; c) Adubação foliar; d) Tratamento de sementes e e) Imersão de
raízes.
a – Aplicação via solo utilizando adubos sólidos
A aplicação de micronutrientes no solo visa aumentar sua concentração na
solução do solo, de onde será absorvido pelas raízes das plantas. Os micronutrientes
poderão ser aplicados das seguintes formas:
- A lanço incorporado. Os micronutrientes são distribuídos uniformemente na
superfície do solo, isoladamente ou em misturas NPK, e a seguir incorporado por
aração ou gradagem;
- A lanço sem incorporação. Os micronutrientes são distribuídos uniformemente na
superfície do solo, isoladamente ou em misturas NPK, mas não são incorporados;
- No sulco de plantio. Os micronutrientes são distribuídos por semeadeiras-
adubadeiras na linha de plantio, juntamente com a adubação NPK, ao lado e abaixo
das sementes ou no fundo do sulco, misturado ao solo;
- Em covas ou sulcos de plantio de culturas perenes. Os micronutrientes são aplicados
nas covas ou sulcos de plantio das culturas perenes, misturado ao solo, juntamente
com outros adubos e matéria orgânica.
- Em faixas ao lado das plantas. Os micronutrientes são aplicados em faixas, ao longo
das linhas de plantio, ou na projeção da copa das plantas, em adubação de cobertura,
juntamente com adubação NPK ou isoladamente.
Devido às pequenas quantidades empregadas de micronutrientes, o seu uso
isoladamente, acarreta problemas de homogeneidade de distribuição, sendo
recomendado a sua aplicação juntamente com adubação NPK, na forma de mistura de
grânulos ou mistura granulada.
b – Aplicação via solo utilizando adubos fluidos ou fertirrigação. Os micronutrientes
podem também ser aplicados via adubação fluida, ou diluídos na água de irrigação.
Estas práticas possibilitam uma maior homogeneidade de aplicação, aumentando a
eficiência da adubação com micronutrientes.
c – Adubação foliar. Assim como as raízes, as folhas das plantas têm capacidade de
absorver nutrientes depositados na forma de solução em sua superfície. Essa
capacidade originou a prática da adubação foliar, em que soluções de um ou mais
nutrientes são aspergidas sobre a parte aérea das plantas, atingindo principalmente as
folhas (VOLKWEISS, 199).
A adubação foliar com micronutrientes é um recurso efetivo e econômico no
controle de deficiências no cafeeiro, citros e outras plantas frutíferas perenes,
podendo ser recomendada em programas de adubação, desde que haja controle das
necessidades das plantas e se utilizem produtos específicos. Para alguns casos de
culturas anuais e hortícolas, a adubação foliar corretiva ou complementar apresenta
53
bons resultados, podendo ser incluída nos programas de adubação (BOARETO &
ROSOLEM, 1989).
De acordo com LOPES, 1999, em comparação com a aplicação de adubos sólidos
via solo, a adubação foliar apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagens: a) alto índice de utilização pelas plantas, dos nutrientes aplicados nas
folhas em relação a aplicação via solo; b) As doses totais de micronutrientes são em
geral, menores que as aplicadas via solo; c) A aplicação apresenta maior
homogeneidade; d) As respostas das plantas são rápidas, sendo possível corrigir
deficiências após o seu aparecimento, durante a fase de crescimento das plantas
(adubação de salvação), embora, em alguns casos o rendimento das culturas já podem
estar comprometidos (VOLKWEISS, 1991, citado por LOPES, 1999.)
Desvantagens: a) A demanda de nutrientes é geralmente muito alta quando as
plantas são pequenas e a superfície foliar é insuficiente para a absorção; b) Altas
concentrações de sais queimam as plantas; c) Pode ser muito tarde para corrigir
deficiências e ainda obter produções máximas; d) A menos que possam ser
combinadas com tratamentos fitossanitários, em função da baixa mobilidade da
maioria dos micronutrientes, os custos extras de múltiplas aplicações foliares podem
ser altos; e) O efeito residual é muito menor que nas aplicações via solo; f) Além de
problemas estritamente de compatibilidade, a presença de nutrientes na solução pode
afetar negativamente a absorção de outro, principalmente em soluções
multinutrientes.
d – Tratamento de sementes. Uma das grandes vantagens deste método de aplicação
de micronutrientes é a uniformidade de distribuição de pequenas doses, que podem
ser aplicadas com precisão. É uma tecnologia de comprovada eficiência na aplicação
de molibdênio e cobalto em leguminosas.
Existem três métodos de aplicação de micronutrientes via sementes:
- Umedecimento de sementes com solução contendo a quantidade desejada de
micronutriente;
- Deixar as sementes de molho durante algumas horas em solução de micronutrientes
a 1 – 2%
- Peletização de sementes com carbonato de cálcio, fosfato, goma arábica e
micronutrientes.
e – Imersão de raízes. Consiste em fazer a imersão de raízes de mudas a serem
transplantadas em solução ou suspensão contendo um ou mais micronutrientes. A
imersão de mudas de arroz em solução de ZnO a 1%, tem mostrado eficiência igual ou
superior a aplicação de fontes solúveis via solo.
EXERCÍCIO 6
1 – Explique as “filosofias” de aplicação dos micronutrientes.
2 – Em quais condições se adota a “filosofia” de segurança?
3 – Qual é a melhor “filosofia”. Qual deve ser a adotada?
54
4 – Quais são as fontes inorgânicas de micronutrientes?
5 – Qual a desvantagem em se utilizar fontes inorgânicas?
6 – O que é um quelato?
7 – Qual a vantagem em se usar um adubo quelatizado?
8 – Qual o conceito de quelato eficiente?
9 – Relacione os principais agentes quelatizantes.
10 – Como são obtidas as fritas?
11 – Em quais condições se recomenda o uso de FTE?
12 – Quais são as formas de se aplicar micronutrientes no solo, utilizando adubos
sólidos?
13 – Quais as vantagens da aplicação de micronutrientes via fertirrigação?
14 – Dê as vantagens e desvantagens do fornecimento de micronutrientes via foliar.
15 – Como se aplica micronutrientes através do tratamento de sementes e qual sua
vantagem?
16 – Como se aplica micronutrientes via imersão de raízes e qual sua vantagem?
CAPÍTULO VII
ADUBOS MISTOS
As plantas necessitam de quatorze nutrientes minerais para o seu crescimento e
desenvolvimento. Os adubos simples e os adubos complexos, apresentam um, dois ou
no máximo três nutrientes. Surge assim, a necessidade de se misturar um ou mais
adubos simples e/ou complexos, visando obter um fertilizante com o maior número
55
possível de nutrientes, afim de se atender as necessidades nutricionais das plantas
cultivadas.
A composição dos adubos mistos, também chamados de misturas, fórmulas ou
formulados, é dada por uma série de três números inteiros, separados por traço. O
primeiro número expressa o teor de N total. O segundo, o teor de P2O5 e o terceiro, o
teor de K2O. Estes teores são também denominados de garantia do fertilizante.
O teor de P2O5 expresso na fórmula, refere-se a percentagem solúvel em citrato
de amônio mais água, ou ao teor solúvel em ácido cítrico a 2% na relação 1:100,
conforme a solubilidade do fertilizante simples ou complexo usado na formulação do
adubo misto.
Assim, a mistura 20 – 05 – 20, apresenta 20% de N, 5% de P2O5 e 20% de K2O.
Para serem comercializadas, as formulações N-P-K, chamadas de ternárias, sólidas,
deverão apresentar no mínimo 21% de nutrientes e as formulações fluidas, 18%.
Misturas binárias, NP, NK,PK, deverão apresentar no mínimo 18% quando sólidas ou
15% quando fluidas.
Os adubos mistos poderão ainda apresentar macronutrientes secundários e
micronutrientes, expressos na forma elementar, cujas garantias deverão estar
especificadas no rótulo do produto.
1 – Tipos de misturas
Os adubos mistos poderão se apresentar nas seguintes formas:
a – Em pó: Resultante da mistura de dois ou mais adubos simples e/ou adubos
complexos na forma de pó;
b – Farelada: Resultante da mistura de dois ou mais adubos simples e/ou adubos
complexos na forma de farelo;
c – Mistura de grânulos: Obtida pela simples mistura de dois ou mais fertilizantes
simples e/ou complexos, previamente granulados. São misturas físicas e caracterizam-
se por apresentar os nutrientes, contidos em grânulos distintos;
d – Mistura granulada: Obtida pela mistura de dois ou mais fertilizantes simples e/ou
complexos em pó e posterior granulação. Caracteriza-se por conter em cada grânulo,
todos os nutrientes garantidos na mistura.
A preferência pelo uso de mistura de grânulos ou mistura granulada deve-se aos
seguintes fatores:
a – Menor higroscopicidade: A granulação diminui a superfície de contato das
partículas, reduzindo a absorção de água do ar atmosférico;
b – Menor empedramento: Com a redução da superfície de contato e da
higroscopicidade diminui a possibilidade de empastamento e empedramento do
produto;
c – Facilidade de aplicação: Produtos com forma esférica, não empastados, não
empedrados, apresentam maior fluidez (capacidade de escoamento do reservatório de
adubos) e conseqüentemente, maior homogeneidade de aplicação;
d – Menores perdas: Com a granulação, deixa de existir perdas por deriva (pelo vento).
Também a liberação do nutriente no solo é mais lenta, o que evita perdas por
lixiviação, e dá mais tempo para que as raízes os absorvam, evitando perdas por
fixação de fósforo e de potássio.
56
2 – Produção dos adubos mistos
Os adubos mistos podem ser produzidos nas industrias ou preparados nas
propriedades rurais, a exceção das misturas granuladas, a partir de adubos simples ou
complexos, em pó ou granulados.
O uso de adubos mistos produzidos industrialmente, apresenta a seguintes
vantagens:
a – Maior homogeneidade das misturas;
b – Possibilidade de misturar pequenas quantidades de adubos com micronutrientes;
c – Possuem maior concentração de nutrientes, diminuindo o custo de transporte;
d – Dispensa o uso de mão de obra, nem sempre disponível, para proceder a mistura;
e – Podem ser armazenados por longos períodos;
f – Apresentam boas características físicas e fisico-químicas.
Para o armazenamento dos adubos, deve-se tomar os seguintes cuidados:
- Os sacos de fertilizantes devem ser guardados em compartimentos secos e acima do
nível do chão, sobre estrados de madeira;
- As pilhas devem ser muito próximas umas das outras para diminuir a circulação de ar
e o umedecimento da mistura;
- A pilha não deverá ter mais que oito sacos para evitar que os inferiores fiquem
empedrados pela pressão exercida pelos de cima;
- Os sacos arrebentados devem ser separados dos outros porque o material exposto
dos primeiros absorvem muita umidade;
- Em dias secos e ensolarados convém arejar o depósito.
Por sua vez, o preparo dos adubos mistos nas propriedades apresenta as
seguintes vantagens:
a – As misturas são específicas para o solo e cultura;
b – Podem ser feitas misturas com baixa concentração de nutrientes;
c – O custo pode ser menor;
d – Permite o conhecimento e controle de cada elemento que está sendo adicionado
no solo.
No preparo dos adubos mistos na propriedade rural, devem ser observados os
seguintes passos:
a – Escolha adequada da matéria prima: Deve ser escolhidos fertilizantes simples, que
além de atender as necessidades nutricionais das plantas, apresentem propriedades
físico-químicas satisfatórias.
b – Compatibilidade: A questão da compatibilidade e incompatibilidade dos adubos é
de máxima importância, devendo ser examinada com cuidado antes de se começar a
fazer a mistura. Existem dois tipos de incompatibilidade:
- Incompatibilidade física: É a que resulta na degradação das características de
natureza físico-químicas dos fertilizantes, principalmente no que se refere a
higroscopicidade. Adubos higroscópicos, transmitem umidade aos demais, formando
uma massa pastosa ou dura (empedrada), de difícil destruição. Geralmente este
inconveniente aparece de um a dois dias depois de feita a mistura. Neste caso, diz-se
que os fertilizantes apresentam compatibilidade limitada, ou seja, podem ser
misturados, desde que a mistura seja aplicada em seguida.
- Incompatibilidade química: É a responsável pela perda de nutrientes por
volatilização ou pela conversão da forma solúvel em outro insolúvel, ou de assimilação
mais difícil.
57
Exemplo do primeiro caso, é a mistura de adubos amoniacais com adubos que
contêm CaO livre, ou cálcio combinável, resultando em formas voláteis de nitrogênio.
(NH4)2SO4 + CaO ⇄ CaSO4 + 2NH3 + H2O
A retrogradação ocorre no caso de se misturar formas solúveis de fosfatos com
adubos ou corretivos contendo CaO livre ou cálcio combinável, produzindo formas de
fósforo pouco solúveis e de assimilação lenta:
Ca(H2PO4)2 + CaO ⇄ Ca2(HPO4)2 + H2O
Ca2(HPO4)2 + 2CaO ⇄ Ca3(PO4)2 + 2H2O
c – Preparo da mistura: A mistura deve ser feita em um local de piso limpo e plano. O
material usado em maior proporção é primeiramente distribuído em uma camada
uniforme sobre o piso. Sobre esta camada, distribui-se os demais adubos, também em
camadas uniformes. As camadas são misturadas, com o uso de pá ou enxada, até que a
mistura adquira uma coloração uniforme. Depois será peneirada, desfazendo-se
possíveis empedramentos.
Não é indicado armazenar a mistura por muito tempo. Preferencialmente, deve
ser acondicionada em sacos plásticos e ser utilizada dentro de um curto espaço de
tempo
58
EXERCÍCIO 7
1 – Dê o conceito de adubos mistos
2 – Qual a justificativa do uso de adubos mistos?
3 – Qual o significado dos três grupos de algarismos que identificam a fórmula?
4 – É possível misturar adubos com diferentes granulometrias, ou seja, pó com farelo,
ou farelo com grânulo e etc. ? Justifique.
5 – Por que normalmente se dá preferência ao uso de adubos granulados?
6 – Quais as vantagens de se preparar adubos mistos na propriedade?
7 – Quais as vantagens de se adquirir adubos mistos preparados nas indústrias?
8 – Quais cuidados devem ser tomados ao se preparar adubos mistos?
9 – Quais cuidados devem ser tomados no armazenamento dos adubos?
10 – O quê se entende por incompatibilidade física?
11 – O quê se entende por incompatibilidade química?
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS CAMPUS IV – CHAPADINHA – MA Notas de aulas de Adubação e Nutrição de Plantas Prof. José Maria do Amaral Resende
  • 2. CHAPADINHA –MA Março 2009 CAPÍTULO I CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS FERTILIZANTES As palavras “adubo” e “fertilizante” são palavras sinônimas, podendo ser usadas indistintamente. Os conceitos seguintes são dados pela legislação vigente: Fertilizante: Substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, fornecedora de um ou mais nutrientes para as plantas; Corretivo: Todo material capaz de, quando aplicado ao solo, corrigir-lhe uma ou mais características desfavoráveis às plantas; Condicionador: Produto que promove a melhoria das propriedades físicas (porosidades, aeração, capacidade de retenção de água...) ou físico-químicas (CTC) do solo. Exemplo: Vermiculita, serragem e etc. CLASSIFICAÇÃO DOS FERTILIZANTES De acordo com a legislação vigente, os fertilizantes são assim classificados: I - Classificação dos fertilizantes do ponto de vista químico 2
  • 3. 1. Fertilizantes minerais: São fertilizantes constituídos de compostos inorgânicos. São também considerados fertilizantes minerais aqueles constituídos por compostos orgânicos, obtidos artificialmente ou sinteticamente. Exemplos: Uréia, Caciocianamida e os fertilizantes quelatizados. Os fertilizantes minerais se subdividem em três classes: 1.1. Fertilizantes simples: São fertilizantes formados por um único composto químico, contendo um ou mais nutrientes vegetais. Exemplos: = Contém um único nutriente KCl = Contém dois nutrientes 1.2. Fertilizantes mistos ou misturas: São fertilizantes resultantes da mistura física de dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos. São também conhecidos como fórmulas ou formulações. Exemplos: 04-14-08; 04-20-20; 20-00-20 1.3. Fertilizantes complexos: São misturas de fertilizantes resultantes de processos tecnológicos em que se formam dois ou mais compostos químicos. São misturas produzidas com a participação de matérias-primas (amônia -NH3, ácido sulfúrico – H2SO4, ácido fosfórico – H3PO4), as quais dão origem a compostos químicos. Exemplos: Sulfato de amônio: NH4SO4; Fosfato monoamônico – MAP: NH4H2PO4; Fosfato diamônico – DAP: (NH4)2HPO4 2. Fertilizantes orgânicos: São constituídos de compostos orgânicos de origem natural, vegetal ou animal, contendo um ou mais nutrientes para as plantas. Exemplo: Farinha (de ossos, de sangue); Tortas (de mamona de algodão etc.); Estercos, Palhas e etc. Quando se mistura dois ou mais fertilizantes orgânicos, obtêm-se um fertilizante orgânico misto. 2.1 Fertilizante orgânico composto: Produto obtido por processo físico, químico, fisco-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matéria prima de origem industrial, urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas, podendo ser enriquecido de nutrientes minerais, princípios ativos ou agente capaz de melhorar suas características físicas, químicas ou biológicas, sendo incluídos o lodo de esgoto, vermicomposto e compostos de lixo. 3
  • 4. 2.2 Fertilizante organo-minerais: São resultantes da mistura de fertilizantes orgânicos e minerais. O objetivo dessas misturas é enriquecer os materiais orgânicos com nutrientes. II – Classificação dos fertilizantes do ponto de vista físico 1. Fertilizantes sólidos: Produto constituído de partículas ou frações sólidas Estão subdivididos em: 1.1. Pó ou farelado: Quando as partículas são de pequenas dimensões Pó: 100% das partículas devem passar em peneira de 2mm de abertura (ABNT 100); 70% em peneira de 0,84mm de abertura (ABNT 20) e 50% em peneira com abertura de 0,3mm de abertura (ABNT 50); Farelado: 95% deve passar em peneira ABNT 6 (3,36mm); 25% em peneira ABNT 35 (0,5mm); Farelado grosso: 100% em peneira ABNT 4 (4,8mm); 20% em peneira ABNT 18 (1mm) 1.2. Granulado: Quando as partículas são de dimensões que permitem caracteri- zar um grânulo. Apresenta as seguintes dimensões: Microgranulado: 90% deve passar em peneira ABNT 7 (2,8mm); 10% em pe- neira ABNT 18 (1mm). Granulado: 95% passa em peneira ABNT 5 (4mm) e 5% em peneira ABNT 18 (1mm). Os fertilizantes granulados podem se apresentar em duas formas: a) Mistura de grânulos ou mistura de granulados: São obtidas pela mistura de dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos previamente granulados. São misturas físicas e caracterizam-se por apresentar os nutrientes contidos em grânulos distintos; 4
  • 5. b) Misturas granuladas: São obtidas pela mistura de dois ou mais fertilizantes simples, complexos ou ambos em pó ou sua posterior granulação, ou são obtidos de uma mistura complexa e posterior granulação. No primeiro caso são também misturas físicas e, no segundo, misturas químicas; mas ambas caracterizam-se por conter em cada grânulo, todos os nutrientes garantidos na mistura. 2. Fertilizantes fluídos: São fertilizantes que se apresentam no estado líquido. Podem se apresentar como: 2.1. Soluções verdadeiras: São soluções com ausência de sólidos suspensos. 2.2. Suspensões: São fertilizantes líquidos que apresentam uma fase sólida dispersa em meio líquido. As suspensões podem ser de duas formas: a) Suspensão homogênea: São dispersões compostas de uma fase líquida e outra fase de sólidos em suspensão, mas que fica homogeneamente dispersa na fase líquida. Pode apresentar separação de fases após longo período de decantação, mas a homogeneidade da suspensão deve ser recomposta facilmente por agitação. b) Suspensão heterogênea: São dispersões compostas de pelo menos uma fase líquida e uma ou mais fases de sólidos em suspensão que só ficam homogeneamente dispersos sob vigorosa agitação. Cessando agitação pode ocorrer a rápida separação de fases. 3. Fertilizante gasoso: Se apresenta no estado gasoso nas condições normais de temperatura e pressão. O único fertilizante que se apresenta nesta forma é a amônia anidra. 5
  • 6. EXERCÍCIO 1 Os fertilizantes minerais possuem suas definições, normas especificações garantias, tolerâncias e etc., regidas pela Instrução Normativa do MAPA de nº 5 de 23/02/2007, anexos de I a VII, com alterações feitas pela Instrução Normativa do MAPA de nº 21 de 16/04/2008. Os corretivos e condicionadores do solo, são regidos pela Instrução Normativa MAPA de nº 35 de 04/07/2006. Para a edição de uma Instrução Normativa que estabeleça as definições, normas, especificações, garantias e etc, o MAPA publicou a Portaria de nº 42, de 05/05/2008, 6
  • 7. que submete a consulta pública (pede sugestões aos órgãos, industrias e outras organizações) um projeto de Instrução Normativa. Você deve ter conhecimento desta legislação. Consulte-a no portal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Sislegis. 1 – Dê os conceitos de fertilizante, corretivo e condicionador do solo; 2 – Por que na grande maioria das vezes são recomendados adubos mistos e não adubos simples; 3 Dê exemplos de adubos simples e de adubos mistos; 4 Qual a diferença entre um adubo misto e um adubo complexo? 5 Conceitue fertilizante orgânico. 6 Conceitue fertilizante orgânico-composto 7 Dê a definição de fertilizante organo-mineral. 8 Qual a diferença entre um fertilizante orgânico-composto e um fertilizante organo -mineral? 9 Em quais condições você recomendaria um adubo em pó, farelado ou granulado? 10 Qual a diferença entre mistura de grânulos e mistura granulada? 11 Tecnicamente, qual das duas seria mais recomendável? Justifique. 12 Qual a diferença entre soluções verdadeiras e suspensões? 13 Qual a diferença entre suspensões homogêneas e suspensões heterogêneas? - 7
  • 8. ‘ CAPÍTULO II CARACTERÍTICAS DE QUALIDADE DOS FERTILIZANTES São condições naturais ou artificiais com que esses produtos podem se apresentar, e tem relações diretas com sua eficiência. Estas características podem ser de natureza, física, química e físico-química. 1. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA FÍSICA As características de natureza física são: 1.1. Estado físico: Os fertilizantes sólidos ainda são os mais consumidos no Brasil, entretanto o uso de fertilizantes líquidos ou fluidos tem aumentado nos últimos anos, sendo a cultura da cana-de-açúcar a responsável pelo consumo de 90% dos fertilizantes fluidos produzidos no Brasil, além de fazerem uso da vinhaça, um fertilizante fluido orgânico. O aumento do uso de fertilizantes fluidos está relacionado com os seguintes fatores: a) Menor custo de produção: Muitos fertilizantes são produzidos na forma líquida, sofrendo depois processo de solidificação. Os fertilizantes fluidos, dispensam a solidificação, diminuindo este custo; 8
  • 9. b) Menor custo de transporte e armazenamento: Os fertilizantes fluidos são concentrados, diminuído custos de transporte e armazenamento; c) Proporcionam maior uniformidade de aplicação, o que reflete em maiores produções; d) Maior rapidez na absorção: Os fertilizantes sólidos necessitam solubilizar para serem absorvidos pela plantas. Os fertilizantes líquidos são prontamente disponíveis para os vegetais. e) Podem ser aplicados em fertirrigação, diminuindo custos de aplicação. 1.2. Granulometria: A granulometria se relaciona com o tamanho e forma das partículas dos fertilizantes. O tamanho da partícula vai determinar a sua superfície específica. Quanto menor o tamanho da partícula, maior a sua superfície específica, e também maior a sua velocidade de dissolução e de absorção de umidade atmosférica – higroscopicidade. Fertilizantes muito solúveis em água e muito higroscópicos, como a uréia, o nitrato de amônio, o nitrocálcio, devem ser usados com granulometria mais grosseira, ou seja, na forma de grânulos. Fertilizantes pouco solúveis em água, como os fosfatos naturais e termofosfatos devem ser usados com granulometria fina, em pó, afim de facilitar a solubilização do produto. A forma das partículas encontra-se relacionada com a sua fluidez, isto é, o livre escoamento do produto dos recipientes das adubadeiras. A forma de grânulo facilita o escoamento. A uniformidade do tamanho das partículas também é importante, pois a desuniformidade leva à segregação, isto é, a separação e acomodação das partículas por ordem de tamanho com a trepidação. Isso pode comprometer a homogeneidade de aplicação, principalmente no caso da mistura de grânulos, que pode levar à separação dos nutrientes. 1.3. Consistência: É a resistência que os grânulos apresentam à quebra ou à abrasão. O esfarelamento dos grânulos no transporte, armazenamento e aplicação, provoca a desuniformidade das partículas, que gera a segregação além de aumentar a umidade. A consistência pode ser melhorada com o uso 9
  • 10. de aglutinantes. 1.4. Fluidez: É a capacidade de livre escoamento dos fertilizantes dos recipientes que os contêm. Está relacionada com a homogeneidade de distribuição dos fertilizantes. A fluidez é influenciada diretamente pela higroscopicidade, uniformidade e forma das partículas. 1.5. Densidade: É a relação entre a massa e volume da partícula. No caso da mistura de grânulos, partículas de diferentes densidades, com a trepidação, tendem a segregarem, podendo levar a separação dos nutrientes, comprometendo a homogeneidade de aplicação. 2. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA QUÍMICA As características de natureza química são: 2.1. Número de nutrientes: As plantas necessitam de quatorze nutrientes essenciais, entre macro e micronutrientes. Assim, quanto mais completo for o fertilizante, maior será sua eficiência. Desde que necessários, deve-se dar preferência a fertilizantes mais completos. Fertilizantes contendo apenas um ou dois nutrientes são importantes para o preparo de misturas específicas e para o parcelamento de nutrientes. 2.2. Forma química dos nutrientes: Os nutrientes são usados nos fertilizantes sob várias formas químicas e em vários compostos químicos. As diferentes formas ou compostos químicos podem comportar-se também diferentemente como fertilizantes, pois apresentam diferentes reações no solo, podem influenciar certas propriedades do solo, como pH e salinidade, podem apresentar incompatibilidade com outros fertilizantes em uma mistura, e possuem diferentes características físicas e físico-químicas. Exemplos: O nitrogênio pode ser utilizado nas formas de NO3 - e NH4 + . A forma nítrica é facilmente lixiviada e a amoniacal é acidificante do solo. O fósforo pode ser fornecido na forma monocálcica Ca(H2PO4)2, solúvel em água, ou na forma de apatita, Ca10(PO4)6F2 insolúvel. 2.3. Concentração dos nutrientes: Fertilizantes que apresentam altas concentrações de nutrientes, são mais econômicos quanto ao transporte, 10
  • 11. armazenamento e aplicação, apesar de exigirem tecnologias sofisticadas e onerosas para sua produção e não apresentarem em sua composição, macronutrientes secundários e micronutrientes. Fertilizantes com baixas concentrações de nutrientes, como os fertilizantes naturais, apresentam tecnologias de produção de baixo custo, e mais de um nutriente na sua composição, sendo recomendado o seu uso nas regiões próximas das fontes de produção. 2.4. Compostos nocivos aos vegetais: Os fertilizantes podem conter, em espécie ou em quantidade, compostos nocivos aos vegetais. São nocivos aos vegetais os seguintes compostos: Biureto, que pode ser formado na fabricação da uréia. Tiocianato, que pode estar presente no sulfato de amônio. Perclorato, que pode acompanhar o salitre do Chile. Dicianodiamida que pode se formar pela polimerização da cianamida, da calciocianamida. Micronutrientes, são elementos essenciais as plantas em pequenas quantidades. Em quantidades elevadas, tornam-se tóxicos. O intervalo entre as concentrações ótima e tóxica no solo dos micronutrientes é bastante estreita. 3. CARACTERÍSTICAS DE NATUREZA FÍSICO-QUÍMICA As características de natureza físico-química são: 3.1. Solubilidade: Para que ocorra a absorção dos nutrientes pelas plantas a reação inicial no solo envolve a dissolução ou hidrólise na solução do solo. A solubilidade em água do fertilizante também é importante na adubação foliar e na fertirrigação. Os adubos sólidos, quando aplicados ao solo apresentam duas situações: a) Adubos muito solúveis em água apresentam perdas consideráveis devido a lixiviação, lavagem, insolubilização ou volatilização; b) Fertilizantes de baixa solubilidade possuem baixa velocidade de dissolução, o que ocasiona uma baixa velocidade de absorção. A velocidade de dissolução destes materiais pode ser aumentada, diminuindo sua granulometria. 3.2. Higroscopicidade: É a tendência que os fertilizantes apresentam de absorver umidade do ar atmosférico. 11
  • 12. Cada fertilizante apresenta uma umidade relativa crítica, que é o máximo de umidade relativa do ambiente a que o produto pode ser exposto sem absorver umidade. Quando se mistura dois fertilizantes, a umidade relativa crítica da mistura é menor que a dos fertilizantes individualmente, ou seja, a mistura é sempre mais higroscópica que cada um de seus componentes. Produtos higroscópicos apresentam queda no teor de nutrientes, dificuldades de manuseio, devido a aderência nos condicionadores; dificuldade de distribuição, prejudicando a homogeneidade de aplicação, além de causar o empedramento do fertilizante. 3.3. Empedramento: É a cimentação das partículas dos fertilizantes, formando uma massa de dimensões muito maiores que as das partículas originais. Resulta da recristalização do material dissolvido na superfície das partículas umedecidas, o que ocorre através da perda da umidade absorvida, quando diminui a umidade relativa do ar ou a temperatura se eleva. O empedramento dificulta o manuseio e distribuição do fertilizante, prejudicando a homogeneidade de distribuição. Os fatores que afetam o empedramento são: higroscopicidade, pressão devido ao empilhamento, tempo de armazenamento, tamanho e forma das partículas. 12
  • 13. 3.4. Índice salino: É o aumento da pressão osmótica da solução do solo provocado pela salinidade do adubo. Osmose é o caminhamento da água através de membranas semi-permeáveis, no sentido da solução de menor pressão osmótica para a de maior pressão osmótica. Assim, se a pressão osmótica da solução do solo tornar-se superior à da solução celular das raízes, tem-se o caminhamento da água das células para o solo, com o conseqüente murchamento e morte da planta. EXERCÍCIO 2 1 – O que são as características de qualidade dos fertilizantes e como se classificam? 2 – Por que o uso de fertilizantes líquidos vem aumentando no Brasil? 3 – Explique como o tamanho, a forma e a uniformidade das partículas influenciam na eficiência dos adubos. 4 – O que é consistência dos grânulos e como afeta a eficiência? 13
  • 14. 5 – O que é fluidez dos adubos e como se relaciona com a higroscopicidade? 6 – Explique detalhadamente como a forma química dos nutrientes influenciam a eficiência dos adubos. 7 – Em quais condições não se deve usar adubos nitrogenados na forma nítrica e na forma amoniacal? 8 – Como se deve proceder para aumentar a eficiência dos adubos fosfatados insolúveis em água? 9 – Em condições de solos arenosos e de alta pluviosidade o que se pode recomendar para aumentar a eficiência dos adubos? 10 – Qual a vantagem e a desvantagem de se usar adubos com altas concentrações de nutrientes? 11 – Dê exemplos de compostos nocivos presentes nos adubos. 12 – O que é umidade relativa crítica? 14 – Quais desvantagens apresentamos adubos higroscópicos? 15 – Explique como índice salino dos adubos pode afetar as plantas. CAPÍTULO III ADUBOS NITOGENADOS Os adubos nitrogenados sintéticos utilizam a amônia (NH3) como matéria- prima básica. A amônia é obtida através da combinação do nitrogênio do ar atmosférico com o hidrogênio. Como a molécula de N2 é muito estável, são necessárias condições de alta temperatura e alta pressão, com presença de catalisadores, para que a reação se processe. O processo industrial utilizado para fixar o N2 do ar na síntese da amônia é denominado processo Haber-Bosch. 14
  • 15. O gás hidrogênio, outra matéria-prima para a síntese da amônia, pode-se ser obtido das seguintes fontes: a) Gás natural: Possui de 60 a 90% de metano, e de 4 a 40% de etano e outros hidrocarbonetos de peso molecular mais elevado; b) Nafta: Obtida na refinação do petróleo. Contém 3% de butano e 97% de hidrocarbonetos superiores; c) Carburantes de óleos pesados: Os óleos tipo Bunker C e Navy special possuem 11% de H e 85% de C; d) Hulha e lignito: São carvões minerais que possuem em torno de 5% de H; e) Gás liquefeito de petróleo: Constituído basicamente de propano e butano, podendo conter pentano e hidrocarbonetos de maior peso molecular; f) Hidrogênio eletrolítico: O hidrogênio também pode ser obtido por eletrólise da água. As fontes mais utilizadas são o gás natural, a nafta e os óleos pesados. Obtida a amônia, ela poderá ser convertida em fertilizantes, como mostra o diagrama abaixo: Em função da forma do composto nitrogenado presente no fertilizante, este poderá ser assim classificado: a) Fertilizante nítrico: Quando a forma presente é o nitrato (NO3); 15
  • 16. b) Fertilizante amoniacal: Quando a forma presente é o amônio (NH4); c) Fertilizante nitro-amoniacal: Quando as duas formas, nitrato e amônio se encontram presentes. Adubos Nítricos Os adubos nítricos mais importantes, podem ser naturais ou sintéticos. Quando sintéticos, são obtidos a partir do ácido nítrico, que é produzido por oxidação da amônia. Os mais importantes fertilizantes nítricos são: Nitrato de Sódio O nitrato de sódio natural é denominado de Salitre do Chile, por proceder deste país andino, onde existe extenso filão do “caliche”, de onde é extraído, que possui uma composição muito variável, como se pode ver na tabela abaixo, adaptada de MALAVOLTA, 1981 Constituintes % Nitrato de sódio 7,00 – 30,00 Cloreto de sódio 4,50 – 9,50 Sulfato de sódio 10,00 – 30,00 Sais magnesianos (expressos em Mg) 0,20 - 1,30 Sais cálcicos (expressos em Ca) 1,00 - 2,70 Sais potássicos (expressos em K) 0,50 - 1,60 Tetraborato de sódio 0,50 - 0,80 Compostos iodados (expressos em I2) 0,03 - 0,05 Água 1,00 - 2,00 Como se vê, o produto natural, apresenta como impurezas Ca, Mg, S, K, B e em menores quantidades Mn, Cu e Zn. O produto sintético pode ser obtido através da reação: 16
  • 17. Na2CO3 + 2HNO3 ⇄ 2NaNO3 + CO2 + H2O O salitre do Chile, natural ou sintético, é comercializado com 15% de N, na forma nítrica. O salitre do Chile é um sal neutro, mas fisiologicamente comporta-se como alcalino, podendo por isso, diminuir em parte a acidez do solo. É um produto muito solúvel em água. Apresenta como desvantagens: Baixa concentração de N, alto índice salino, alta higroscopicidade. Deve-se salientar a presença de sódio, que é dispersante de argilas e, portanto, pode provocar desestruturação do solo. O uso contínuo de Salitre do Chile, em grandes quantidades, particularmente naqueles ricos em matéria orgânica, devido a sua oxidação, pode resultar no aparecimento de más condições físicas. O Salitre do Chile pode apresentar perclorato, substância tóxica às plantas. Segundo MALAVOLTA, 1981, a madeira pode se inflamar rapidamente quando em contato com o NaNO3 em temperaturas muito elevadas. Nitrato de potássio O nitrato de potássio é explorado em pequenas minas na Índia, Egito e China, podendo também ser sintetizado através da reação: HNO3 + KCl ⇄ HCl + KNO3 O nitrato de potássio é comercializado com 13% de nitrogênio na forma nítrica e 44% de K2O. Devido a sua solubilidade e presença de dois nutrientes muito exigidos pelas plantas, é muito utilizado em pulverização foliar e em fertirrigação. É um fertilizante muito utilizado em horticultura, fruticultura, floricultura e na cultura do fumo de alta qualidade, por não apresentar cloreto. É um produto de baixa higroscopicidade, apresentando por isso, menor tendência ao empedramento. Nitrato de cálcio 17
  • 18. O nitrato de cálcio, contém 14% de nitrogênio na forma nítrica e até 1,5% na forma amoniacal, além de 18 a 19% de Ca e de 0,5 a 1,5% de Mg. É obtido através da reação: 2HNO3 + CaCO3 ⇄ Ca(NO3)2 + CO2 + 11.410 cal Devido a sua solubilidade e alta concentração de cálcio, é mais usado em adubação foliar ou fertirrigação de espécies exigentes em cálcio e de alto valor comercial, como tomate e maçã. É um produto altamente higroscópico, apresentando umidade relativa crítica de 46,7, o que obriga a usá-lo logo depois de aberta a embalagem. Deve-se evitar a sua impregnação com substâncias orgânicas para evitar o perigo de deflagração quando submetido ao calor (MALAVOLTA, 1981). Uso de adubos nítricos Os adubos nítricos possuem boa solubilidade, sendo prontamente disponíveis aos vegetais. Entretanto, deve-se lembrar que o NO3 - não é retido pelos colóides do solo sendo sujeito a perdas por lixiviação. Tais perdas serão maiores nos solos arenosos e em regiões com maior pluviosidade. Nesta situação, recomenda-se o parcelamento da adubação. Em função desta lixiviação, não se recomenda a aplicação de adubos nítricos no plantio. Estes adubos são recomendados para aplicação em cobertura, quando a planta já apresenta um sistema radicular desenvolvido, pronto para absorver o nitrato. Também apresentam índice salino elevado. Uma concentração excessivamente alta na solução do solo pode provocar uma pressão osmótica maior que a do suco celular, causando desidratação das raízes e até a morte da planta, sendo este, um motivo adicional para parcelar a adubação. Também não se recomenda sua aplicação em solos com deficiência hídrica. Em condições anaeróbicas, ocorre a denitrificação, devido a redução bacteriana do NO3 em NO2, não sendo indicados portanto, para culturas inundadas. Os adubos nítricos estudados possuem reação alcalina no solo, isto é, elevam o pH do solo. Adubos Amoniacais 18
  • 19. São considerados adubos amoniacais aqueles fertilizantes que contém o amônio em sua constituição, ou que, durante sua transformação no solo, produza NH4+, como a uréia e a calciocianamida. Amônia A amônia, cujo processo de obtenção já foi descrito anteriormente, apresenta 82% de N, é um gás tóxico, que volatiliza a temperaturas acima de 10ºC, sendo muito irritante para os olhos e para o sistema respiratório, podendo ser fatal em curto tempo de exposição, necessitando portanto, de cuidados extremos no manuseio, armazenagem, transporte e aplicação no solo. A amônia anidra pode ser usada diretamente como adubo, com injeção no solo a 5 – 10 cm de profundidade, para evitar a volatilização, como é comumente aplicada nos Estados Unidos No Brasil, utiliza-se a amônia hidratada, denominada de Aquamônia. A aquamônia é a amônia anidra dissolvida em recipiente fechado, contendo água, de acordo com a reação: NH3 + H2O ⇄ NH4OH A aquamônia apresenta uma concentração de de 16 a 20% de N, sendo o fertilizante líquido mais usado no Brasil, principalmente na cultura da cana de açúcar. Uréia A uréia é um composto orgânico, também chamada de carbamida que possui nitrogênio na forma amídica, tendo sido o primeiro composto orgânico sintetizado a partir de compostos inorgânicos, por Wohler, em 1828. Atualmente é obtida por reação da amônia e gás carbônico sob alta pressão, na presença de catalisador, de acordo com a reação: 2NH3 + CO2 ⇄ NH2CONH2 + H2O No solo, bactérias, fungos e actinomicetos, pela ação da urease, uma enzima presente nos microrganismos citados, em resíduos vegetais e no próprio solo, transformam rapidamente a uréia, conforme as reações: CO(NH2)2 + 2H2O → (NH4)2CO3 (NH4)2CO3 + 2H2O → 2NH4OH + H2CO3 2NH4OH → 2NH4 + + 2OH- 19
  • 20. O NH4 + produzido, poderá ser absorvido pelas plantas ou microrganismos do solo, ou adsorvido aos colóides do solo, resistindo a lixiviação. Entretanto, outra parte do NH4 + é convertido rapidamente a NO3 - , conforme as reações: 2NH4 + + 3O2 Nitrosomonas 2NO2 - + 2H2O + 4H+ 2NO2 + + 3O2 Nitrobacter 2NO3 - + energia De acordo com MALAVOLTA, 1981, em cinco semanas, de 60 a 70% do N amídico da uréia foi convertido em nitrogênio na forma nítrica. O processo de nitrificação conduz a acidificação do solo. A reação de hidrólise da uréia consome prótons (H+ ) e provoca a elevação do pH ao redor das partículas, e mesmo em solos ácidos, a uréia está sujeita a perdas de nitrogênio por volatilização de NH3. Esta volatilização pode ser melhor visualizada, na reação: CO(NH2)2 + H2O urease 2NH3 + CO2 Assim, a uréia não deve ser aplicada na superfície do solo, notadamente daqueles ricos em matéria orgânica. A literatura relata perdas de nitrogênio por volatilização de NH3, variando de 20 a 78%. A hidrólise da uréia aumenta com a umidade, com a temperatura, com o pH e como já foi dito, com o teor de matéria orgânica do solo. A incorporação da uréia a uma profundidade de 5 a 10 cm ou uma pequena lixiviação da mesma pela irrigação, reduz as perdas de NH3, por aumentar o caminho de difusão, aumentando as chances de sua retenção na forma de NH4 + NH3 + H+ → NH4 + Também o uso de uréia granulada, reduz seu contato com o solo (com a urease) promovendo menor taxa de hidrólise, conseqüentemente, menores perdas por volatilização. O uso de altas doses de uréia no plantio, pode levar a fitotoxidez para sementes e plântulas pela formação de amônia, em condições favoráveis a uma alta taxa de hidrólise Em certas fases da fabricação da uréia, por aquecimento, há a formação de biureto (alofanamida): NH2-CO-NH-CO-NH2, produto tóxico para as plantas. A legislação brasileira admite até 1,5% de biureto para a aplicação no solo e 0,3% para a aplicação foliar. 20
  • 21. Outros inconvenientes da uréia são sua higroscopicidade, seu alto índice salino e a presença apenas do nitrogênio na sua composição. Como vantagens, apresenta um alto teor de nitrogênio, 45%, o que pode reduzir seu preço efetivo (preço por unidade de peso do nutriente), a alta solubilidade e o baixo poder de corrosão, o que a torna ideal para uso em fertirrigação. Sulfato de Amônio A produção de sulfato de amônio é obtida através da reação da amônia com o ácido sulfúrico. 2NH3 + H2SO4 → (NH4)2SO4 Entretanto, é mais comum sua obtenção como subproduto de indústrias químicas e de processamento de carvão mineral para fabricação de coque. No sulfato de amônio obtido como subproduto de coqueria, pode estar presente o tiocianato, NH4CNS, tóxico as plantas, não sendo tolerado em concentrações superiores a 1% de acordo com a legislação brasileira. Sua presença é facilmente reconhecida usando algumas gotas de cloreto férrico no adubo diluído em água, que produz uma coloração vermelho-sangue, devido as presença do tiocianato férrico. 3NH4CNS + FeCl ⇄ 3NH4Cl + Fe(CNS)3 Apresenta baixa higroscopicidade e excelentes propriedades físicas. Embora apresente um baixo teor de nitrogênio, 20 a 21%, que aumenta o custo de transporte, elevando seu custo efetivo, apresenta de 22 a 24% de S. O amônio (NH4 + ) presente no fertilizante, é rapidamente nitrificado. Segundo MALAVOLTA,. 1981, 87% do amônio do adubo é nitrificado em duas semanas e em três semanas a nitrificação é total. A nitrificação conduz a acidificação do solo, sendo o sulfato de amônio o mais acidificante de todos os fertilizantes, sendo necessários 110Kg de CaCO3 para neutralizar a acidez causada por 100Kg do produto. Adubos nítrico-amoniacais São fertilizantes que apresentam o nitrogênio nas duas formas: nítrica e amoniacal. 21
  • 22. Nitrato de amônio No processo de fabricação inicialmente a amônia é oxidada e convertida em ácido nítrico. Este por sua vez, em reação com a amônia, produz o nitrato de amônio. HNO3 + NH4 + → NH4NO3 + 26.000 cal Apresenta 32% de nitrogênio, sendo metade na forma amoniacal e metade na forma nítrica. Esta condição, em solos com baixa taxa de nitrificação –solos com pH menor que 6,0, arenosos e com baixo teor de matéria orgânica, pode proporcionar ganhos de até 25% na produção (FURTINI NETO et al, 2001). O fertilizante apresenta elevado índice salino, alta higroscopicidade e em presença de produtos orgânicos facilmente oxidáveis, pode ser explosivo. Em virtude de sua higroscopicidade, sua mistura com outros adubos deve ser cuidadosa, para evitar que a hiogroscopicidade aumente ainda mais. Para reduzir a hiogroscopicidade e o perigo de explosão, é feita uma mistura do produto com rocha calcária, resultando no produto comercial denominado nitrocálcio, que apresenta 20% de nitrogênio, sendo 10% na forma amoniacal e 10% na forma nítrica, além de 6% de CaO e 4% de MgO. Este fertilizante apresenta reação neutra no solo, isto é, não alcaliniza nem acidifica o solo, mantendo seu pH. Uran É uma solução nitrogenada obtida pela dissolução em água de uréia e nitrato de amônio, resultando em um fertilizante com 32% de nitrogênio, sendo 14% de nitrogênio na forma amídica (NH2), 9% de nitrogênio na forma amoniacal e 9% de nitrogênio na forma nítrica Pode ser utilizado em fertirrigação ou em adubação foliar, podendo ser misturado com pesticidas, ou com outros adubos líquidos para obtenção de formulados NPK fluidos. Manejo Eficiente da adubação nitrogenada 22
  • 23. Para se obter uma maior eficiência dos adubos nitrogenados, deve-se observar: Parcelamento e época de aplicação. Em solos arenosos ou argilosos com baixa CTC, durante o período de maior pluviosidade, o nitrogênio do solo, inclusive o nitrogênio na forma amoniacal, pode ser perdido por lixiviação, ou por lavagem superficial, fazendo-se então necessário o parcelamento da adubação nitrogenada, em duas ou mais vezes, de forma a diminuir as perdas do fertilizante. O parcelamento também é importante, para evitar prejuízos à germinação e mesmo as plantas, em função da fitotoxidez causada por determinadas formas do elemento, e do índice de salinidade do fertilizante, evitando o aumento do potencial osmótico do solo. A absorção dos nutrientes não se dá de modo constante durante todo o ciclo de vida da cultura. De uma forma geral, a absorção e acumulação de nutrientes e matéria seca dos vegetais, são descritos por uma curva sigmóide. No inicio da vida da planta, as exigências de N são pequenas, crescendo depois de forma quase linear, e no fim do ciclo, de novo se tornam pequenas. Deve-se conhecer a cronologia das exigências minerais da cultura, para fazer o parcelamento do nitrogênio, de forma que no período de maior exigência o nitrogênio esteja presente na solução do solo em quantidades suficientes. Localização O contado do NO3 - , forma de nitrogênio absorvida predominantemente nas condições de solo, se faz por fluxo de massa, enquanto que o do NH4 + se dá por difusão. Assim, se faz necessário aplicar o adubo nitrogenado, de forma que ele possa atingir o sistema radicular. Para tal, deve-se conhecer a distribuição lateral e em profundidade do sistema radicular da planta a ser adubada, para se determinar o local de aplicação do fertilizante. Uso de adubos de disponibilidade controlada Sendo os adubos nitrogenados convencionais altamente solúveis, as perdas de nitrogênio por lixiviação, mesmo com o parcelamento das adubações, são muito grandes. Uma forma de diminuir estas perdas, aumentando a eficiência das adubações nitrogenadas, é o uso de fertilizantes de liberação lenta ou controlada. Há dois grupos de fertilizantes classificados como de liberação lenta: Um é formado por compostos de condensação de uréia e uréia formaldeídos (de baixa 23
  • 24. solubilidade e portanto de liberação lenta de N). Neste grupo a uréia formaldeído (UF) é a mais importante, possuindo 38% de N. Outro grupo é formado por fertilizantes encapsulados ou recobertos. Neste grupo o fertilizante mais importante é a uréia recoberta com enxofre (UCS). Grânulos de uréia são revestidos com S elementar fundido a 156ºC, em seguida, com uma cera, a qual serve de selante para recobrir fendas no revestimento de S e, por fim, uma camada de condicionador, geralmente atapulgita. O produto final possui de 32 a 42% de N e de 6 a 30% de S. Controle da erosão Grandes quantidades de solo e de nutrientes nele contido, são arrastados pela erosão. Trabalho de GROHMANN & CATANI, determinou a perda de 46,5 Kg de nitrogênio por hectare e por ano, em um argissolo do estado de São Paulo. Trabalho de CASTAGNOLLI, 1966 aponta uma perda de 52.719 toneladas de nitrogênio por ano, naquele estado. As quantidades de N que um solo perde por erosão dependem de vários fatores, como intensidade de precipitação pluviométrica, declive, permeabilidade do solo, cobertura vegetal e etc. A adoção de práticas conservacionistas do solo, controlam a erosão, minorando o arrastamento de partículas do solo, aumentando a eficiência das adubações. Correção do Solo A maior absorção de nutrientes ocorre na faixa de pH entre 6,0 e 6,5. Bactérias decompositoras da matéria orgânica e bactérias nitrificantes, também exigem o pH nesta faixa. A calagem eleva a CTC do solo, diminuindo a lixiviação. Proporciona um maior desenvolvimento do sistema radicular das plantas, que reflete em uma maior absorção de nutrientes. 24
  • 25. 25
  • 26. EXERCÍCIO 3 1 – Qual a matéria prima básica para a fabricação de adubos nitrogenados e como é obtida? 2 – Quais são as fontes de onde se extrai o hidrogênio, e quais são as mais utilizadas atualmente? 3 – Quais são os produtos obtidos a partir da amônia? 4 – Quais são os adubos obtidos a partir do ácido nítrico? 5 – Quais são as formas de nitrogênio absorvidas pelas plantas? Qual delas é a mais lixiviada? Explique. 6 – Cite adubos nitrogenados que apresentem o nitrogênio na forma nítrica, na forma amoniacal e em ambas as formas. 7 – Qual a diferença entre o nitrato de sódio natural e sintético? 8 – Como se obtém o nitrato de sódio sintético? 9 – Dê as principais características agronômicas do salitre do Chile. 10 – Como é obtido o nitrato de potássio? 11 – Dê as características agronômicas do nitrato de potássio. 12 – Como é obtido o nitrato de cálcio? 13 – Dê as características agronômicas do nitrato de cálcio. 14 – Explique por que os adubos nítricos não são recomendados no plantio. 15– Por que os adubos nítricos não são recomendados em solos com deficiência hídrica? 16 – Quais adubos nitrogenados não são recomendados na cultura do arroz inundado? Por que? 26
  • 27. 17 – Cite dois adubos amoniacais líquidos. 18 – Em qual forma se encontra o nitrogênio presente na uréia? 19 – Quais são as transformações que a uréia sofre no solo? Qual enzima está envolvida? 20 – Quais microrganismos estão envolvidos na nitrificação? 21 – Qual a conseqüência prática da nitrificação? 22 – Fale sobre a ação fertilizante e emprego da uréia. 23 – Por que o uso incorporado da uréia diminui sua volatilização? 24 – Como é obtido o sulfato de amônio? 25 – Fale sobre a ação fertilizante e o uso do sulfato de amônio. 26 – Como é obtido o nitrato de amônio? 27 – Fale sobre a ação fertilizante e uso do nitrato de amônio 28 – Qual a vantagem do uso de nitrato de amônio e cálcio (Nitrocálcio)? 29 – Como é obtido o uran? 30 – O que deve ser observado para uma maior eficiência da adubação nitrogenada? 31 – Explique por que a dubação nitrogenada sempre deverá ser parcelada. 32 – Quais condições podem definir o uso de um maior número de parcelamento da adubação nitrogenada? 33 – Quais condições definem o uso de adubos nitrogenados aplicados de forma localizada, ou aplicados a lanço? 34 – Quais as vantagens de usar adubos de disponibilidade controlada? 35 – Quais são os grupos de adubos de fertilidade controlada disponíveis no mercado? 27
  • 29. 1. Matéria Prima A indústria de fertilizantes utiliza como matéria prima para a fabricação de adubos fosfatados, depósitos de fosfatos minerais, constituídos de fosfatos de cálcio, pertencentes a família mineralógica das apatitas, de origem ígnea, metamórfica ou sedimentar. No Brasil, os fosfatos de origem ígnea recebem a denominação de “apatitas”, enquanto os de origem sedimentar a denominação de “fosforitas” (Malavolta, 1981). As apatitas, apresentam como fórmula geral: Ca10(PO4)6X2, onde X, pode ser F, Cl, OH, ou CaCO3 apresentando, os seguintes tipos: Ca10(PO4)6F2 = Fluorapatita; Ca10(PO4)6OH2 = hidroxiapatita; Ca10(PO4)6Cl = Cloroapatita, Ca10(PO4)6CaCO3 = Carboxiapatita. A mais comum é a fluorapaita. A fluorapatita com substituição parcial do flúor por carbonato, gera a carbonato-fluorapatita ou francolita, um mineral com maior solubilidade, podendo ser utilizado diretamente como fertilizante. 2. Solubilidade dos fertilizantes fosfatados Os fertilizantes fosfatados se classificam em três grupos: a) Fosfatos solúveis em água. Pertencem a este grupo, os produtos de maior solubilidade e que, em geral, tem efeitos mais rápidos no crescimento das plantas; os principais componentes são os superfosfatos, os fosfatos de amônio e os nitrofosfatos. b) Fosfatos assimiláveis pouco solúveis em água. Neste grupo entram os fosfatos solúveis em citrato neutro de amônio (CNA), como a farinha de ossos desengorduradas, as escórias básicas, o fosfato bicálcico e o termofosfato (fosfato de magnésio fundido). c) Fosfatos quase insolúveis em água e de assimilação lenta. Essa categoria é formada pelos fosfatos orgânicos naturais como os ossos moídos, e os fosfatos naturais, isto é as apatitas e fosforitas. Apresentam solubilidade em ácido cítrico. (AC ou HCi). (MALAVOLTA, 1981). ADUBOS FOSFATADOS 29
  • 30. 1. FOSFATOS NATURAIS. Os fosfatos naturais são concentrados apatíticos obtidos a partir de minérios fosfáticos que ocorrem em jazidas localizadas, que podem ou não passar por processos físicos de concentração, como lavagem e, ou, flotação, para separá-los dos outros minerais com os quais estão misturados na jazida. Os depósitos de rochas podem ser classificadas em três grupos de acordo com a composição mineral: a) fosfatos de ferro-alumínio, onde os minerais mais comuns são a variscita Al(OH)2H2PO4, estrengita Fe(OH)2H2PO4 e wavelita Al2(PO4)2(OH, F).5H2O; b) fosfatos de cálcio-ferro-alumínio, sendo os minerais mais comuns a crandalita e milisita , e c) fosfatos de cálcio, representado pelas apatitas. Estas três classes constituem uma seqüência natural de intemperização das rochas fosfatadas, na qual os fosfatos de ferro-alumínio representam o estágio mais avançado de intemperismo e os fosfatos de cálcio, a rocha matriz Os fosfatos de cálcio constituem o grupo mais importante, devido a sua larga utilização industrial, especialmente na indústria de fertilizantes, enquanto os demais grupos apresentam poucas possibilidades de utilização. Os fosfatos de cálcio, de acordo com a sua gênese, podem ser ígneos, metamórficos ou sedimentares. Os fosfatos naturais de origem ígnea, apresentam apatitas com estrutura cristalográfica rígida de cristais grandes, sendo sua composição química: Ca10(PO4)6X2, onde o X pode ser flúor (F), cloro (Cl), oxidrila (OH) ou carbonato (CO3), sendo designadas respectivamente de flouorapatita, Cloroapatita, Hidroxiapatita e carbonatoapatita., sendo a flourapatita a mais comum. Os fosfatos de origem sedimentar podem ser detríticos ou precipitados químicos, apresentando cristais pequenos, menor rigidez, alta porosidade, com alto grau de substituição isomórfica de fosfato por carbonato. A reatividade e a cristalinidade das rochas sedimentares está relacionada com o grau de substituições isomórficas, principalmente de PO4 -3 por CO3 -2 + F+1 e de Ca+2 por Mg+2 e Na+1 . Estas substituições ocorrem no momento da formação da rocha e altera o seu produto de solubilidade. Assim, a reatividade do fosfato sedimentar será proporcional ao seu grau de substituição isomórfica. As rochas fosfatadas de origem metamórfica representam uma categoria intermediária entre as rochas sedimentares e ígneas, mas são rochas duras e apresentam outros minerais misturados mais intimamente entre si, conservando a estrutura básica dos sedimentos. São classificadas como rochas metassedimentares. Assim, os fosfatos naturais podem ser classificados como fosfatos naturais de baixa reatividade e fosfatos naturais reativos. Os fosfatos naturais de baixa reatividade ou “duros”, são aqueles que a apatita não tem ou tem muito poucas substituições isomórficas, como no caso da maioria dos fosfatos naturais brasileiros. No Brasil encontram-se fosfatos sedimentares nos 30
  • 31. jazimentos de Paulista – PE, Olinda – PE e Patos de Minas – MG. Jazimentos de rochas ígneas em Jacupiranga – SP, Ipanema – SP, Itatiaia – RJ, e Maicuru. Os jazimentos mais importantes são de ocorrência ígnea secundária, de mineralogia extremamente complexa, localizados em Araxá – MG, Tapira – MG, Catalão –GO e Anitápolis – SC. Os fosfatos naturais reativos ou “moles” são aqueles de origem sedimentar, com alto grau de substituições isomórficas de fosfato por carbonato na apatita, sendo também chamados de francolitas ou fosforitas, sendo os jazimentos encontrados em áreas desérticas ou de clima seco. Podem ser utilizados diretamente na agricultura, como os fosfatos naturais reativos de Carolina do Norte, EUA; Gafsa, Tunísia; Sechura, Peru e Arad, Israel. O fosfato natural se torna disponível para as plantas provavelmente através de reação com os ácidos carbônico, nítrico e sulfúrico formados no solo, como na reação abaixo, tomando-se como exemplo o ácido carbônico: Ca10(PO4)6F2 + 7H2CO3 ⇄ 3Ca(H2PO4)2 + 7CaCO3 + 2HF Exsudados das raízes contém ácidos orgânicos que liberam ácido málico no meio, que pode solubilizar o fosfato natural. Microrganismos presentes na rizosfera também são capazes de solubilizar fosfatos, como as bactérias dos gêneros: Pseudomonas, Mycobacterium, Micrococus, Bacillus, Flavobacterium e fungos dos gêneros Penicillium, Sclerotium, Fusarium, Aspergillus, Rhizopus, Candida, Oidiodendron e Pseudo gymnosascus (MALAVOLTA, 1981). De acordo com LOPES (1999), Os fosfatos naturais brasileiros de baixa reatividade (Araxá, Patos, Catalão, Abaeté e etc) apresentam baixa eficiência agronômica para culturas de ciclo curto e anuais, mesmo quando finamente moídos. A eficiência tende a aumentar com o passar dos anos, quando o solo é submetido às práticas normais de preparo (aração e gradagem), no sistema convencional de produção que levam a uma mistura do mesmo na camada arável. Estes fosfatos podem ser usados para a formação de pastagens tolerantes a acidez, com aplicação a lanço e incorporados, de preferência, em solos com o pH até 5,5 ou no preparo de covas ou sulcos para a formação de culturas perenes (cafeeiro, fruticultura e etc) e reflorestamento. Nestes casos as doses de fosfatos de baixa reatividade não devem ultrapassar de ½ a 2/3 das necessidades, completando-se o restante com fosfatos solúveis. Para o mesmo autor, os fosfatos reativos (Carolina do Norte, Gafsa, Sechura, Arad entre outros), são fontes comparáveis aos fosfatos solúveis, quando finamente moídos e aplicados em área total e incorporados, em solos com o pH até 5,5. Essa eficiência tende a aumentar com as operações de aração e gradagem nos anos subseqüentes e até superando os fosfatos acidulados, em sistemas de cultivo convencional. 31
  • 32. 2. FARINHA DE OSSOS O osso é constituído por uma matriz orgânica, contendo fosfato tricálcico ou composto hidratado semelhante, o qual possui ainda Na, Mg e um grupo carbonato. As farinhas de ossos podem ter de 17 – 23% de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2% (relação 1:100) e de 14 a 19% solúvel em citrato neutro de amônio. Devido ao alto valor da farinha de ossos, seu uso como adubo é muito restrito. 3. ESCÓRIA DE THOMAS No processo usado para produzir aço a partir de minério de ferro rico em fósforo, o ferro fundido é colocado em conversores cujas paredes são revestidas por dolomita (CaCO3.MgCO3). O fósforo é oxidado devido ao ar insuflado e em temperaturas entre 1.200 a 1.300ºC se combina com a cal adicionada (15% do peso da carga) e com a sílica, para produzir sílico-fosfatos que escorrem e, depois de resfriados sõ moídos. As escórias são muito densas e tem cor negra ou negro acinzentado. O produto apresenta uma garantia mínima de 12% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação 1:100, além de 20 a 29% de Ca e de 0,4 a 3% de Mg. A solubilidade aumenta com adição de turfa ao produto. Possui reação alcalina no solo e é caustica. 4. TERMOFOSFATO O tratamento térmico de fosfatos naturais procura desfazer a rigidez estrutural da apatita, tornando mais solúvel o seu fósforo, pelo desalojamento do flúor. A presença de serpentina, fornece Si e Mg, que aceitam o P2O5 dando origem a fosfatos mais facilmente assimiláveis. Existem vários processo de fabricação do produto, sendo que no Brasil é produzido o termofosfato denominado magnesiano, ou fosfato de magnésio fundido. Na fabricação, uma mistura de fosfato natural e serpentina (silicato de magnésio) é levada para fornos elétricos, com temperatura entre 1.400 e 1.500°C. O produto fundido é resfriado rapidamente, formando pequenas partículas enegrecidas de aspecto vítreo, que são finamente moídas. O produto possui reação alcalina e apresenta garantia mínima de 17% de P2O5 total, sendo 14% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação 1:100 e 7% de Mg. Apresenta ainda de 18 a 20% de Ca e 25% de SiO2. No mercado, o produto com nome comercial de Yurim, fabricado pela indústria nipo-brasileira Mitsui, em suas diversas formulações, apresenta ainda quantidades variáveis de B, Zn, Cu, Mn e em alguns casos, S. 5. FOSFATOS ACIDULADOS 32
  • 33. Os fosfatos naturais possuem quantidade limitada de fósforo disponível para as plantas. A produção de fosfatos totalmente acidulados visa aumentar a concentração e a disponibilidade de fósforo nos fertilizantes utilizados como fonte deste nutriente para as plantas. Os fertilizantes fosfatados acidulados, são os superfosfatos e os fosfatos de amônio, cuja forma de obtenção encontra-se simplificada no esquema abaixo: 5.1. Superfosfatos Superfosfato é qualquer fertilizante obtido pelo tratamento do fosfato natural moído com ácido sulfúrico, ácido fosfórico ou mistura de ambos. 5.1.1. Superfosfato simples Também denominado de superfosfato normal ou ordinário, é o produto obtido pelo tratamento do fosfato natural apenas com ácido sulfúrico, , conforme a reação: Ca10(PO4)6F2 + 7H2SO4 + 6,5H2O → 3Ca(H2PO4)2.H2O + 7CaSO4.1/2 H2O + 2HF 33
  • 34. O superfosfato simples é constituído principalmente de fosfato monocálcico e sulfato de cálcio (gesso). Apresenta como garantia mínima 18% de P2O5 solúvel em CNA + H2O e 16% solúvel em H2O, além de 18 a 20% de Ca e de 10 a 12% de S. As principais vantagens deste produto são: a) Fornece Ca e Mg para o solo, além do P; b) Possui gesso como resíduo, que contribui para a correção de áreas sódicas e promove a neutralização do alumínio sub-superficial, melhorando o ambiente radicular; c) Apresenta alta e rápida solubilidade. O superfosfato simples possui reação ácida devido ao fosfato monocálcico em si e a pequenas quantidades de ácido sulfúrico livre, devido a acidificação do produto. 5.1.2. Superfosfato triplo Também chamado de superfosfato concentrado ou duplo. A designação “duplo” é usada para indicar o emprego de duas acidulações, na primeira o fosfato natural moído reage com H2SO4 mais concentrado do que o utilizado na fabricação de superfosfato simples, para produzir H3PO4 de acordo com a reação: Ca10(PO4)6F2 + 10 H2SO4 + 20 H20 → 10 CaSO4.2H2O + 6 H3PO4 + 8HF Na segunda acidulação, o fosfato natural moído apenas com ácido fosfórico, de acordo com a reação: Ca10(PO4)6F2 + 14 H2PO4 + 10 H2O → 10 Ca(H2PO4)2.H2O + 8 HF Para que o ácido fosfórico seja produzido, há também a produção de gesso, na relação de 4,5 toneladas de CaSO4.2H2O para cada tonelada de P2O5 produzida na forma de superfosfato triplo. O superfosfato triplo é constituído principalmente de fosfato monocálcico. Apresenta como garantia mínima 41% de P2O5 solúvel em CNA + H2O e 37% de P2O5 solúvel em H2O, e de 12 a 14% de Ca. As principais vantagens deste produto são: a) Apresenta baixa higroscopicidade; b) Alta concentração de P2O5; c) Apresenta Ca em sua composição e d) Apresenta alta solubilidade. O superfosfato triplo possui reação ácida devido ao fosfato monocálcico em si e a a pequenas quantidades de ácido fosfórico livre, devido a acidificação do produto. 5.1.3. Fosfato parcialmente acidulado 34
  • 35. Também chamado de superfosfato modificado. É o produto obtido pela acidulação parcial do fosfato natural moído com ácido sulfúrico, conforme a reação: Ca10(PO4)6F2 + H2SO4 → Ca(H2PO4)2 + Ca10(PO4)6F2 + CaSO4 Apresenta garantia mínima de 11% de P2O5 solúvel em ácido cítrico na relação 1:100, 9% de P2O5 solúvel em CNA + H2O e 5% de P2O5 solúvel em H2O, além de 25 a 27% de Ca, e até 6% de S. 5.1.4. Superfosfato enriquecido Produto obtido pela substituição parcial do ácido sulfúrico pelo ácido fosfórico. 5.1.5. Superfosfato amoniacal Produto obtido pelo tratamento do superfosfato simples ou do superfosfato triplo com amônia (NH3). 5.1.6. Superfosfato de serpentina Produto obtido pela mistura de três partes de superfosfato simples com uma parte de serpentina. 5,2, Fosfatos de amônio São fabricados mediante a reação do ácido fosfórico, H3PO4, com a amônia, NH3. É possível a obtenção de dois produtos, mediante a utilização de uma ou duas moléculas de NH3, de acordo com as reações: H3PO4 + NH3 → NH4H2PO4 - MAP = Monoamôniofosfato H3PO4 + 2NH3 → (NH4)2HPO4 - DAP = Diamôniofosfato O monoamôniofosfato, MAP, apresenta garantia mínima de 48% de P2O5 solúvel em CNA + H2O, 44% de P2O5 solúvel em H2O e 9% de Nitrogênio. O diamôniofosfato, DAP, apresenta garantia mínima de 45% de P2O5 solúvel em CNA + H2O, 38% de P2O5 solúvel em H2O e 16% de nitrogênio. Os fosfatos de amônio apresentam, do ponto de vista tecnológico e agrícola, vantagens e desvantagens. Vantagens: - Alta concentração de N e P2O5; - Propriedades físicas e químicas (higroscopicidade e solubilidade) 35
  • 36. satisfatórias; - Boas possibilidades para misturas com outros adubos; - Relação N/P2O5 favorável para culturas anuais em solos com alto poder de fixação de fósforo. Desvantagens: - Necessitam de enxofre para a sua fabricação; - Não possuem CaO e S na sua composição; - Relação N/P2O5 desfavorável para culturas perenes e cana soca e ressoca; - Possibilidade de aumentar muito a pressão osmótica da solução do solo quando empregados em doses pesadas, devido à sua alta solubilidade. REAÇÃO NO SOLO DOS FOSFATOS ACIDULADOS Quando o fertilizante é adicionado ao solo, a água penetra rapidamente em cada partícula ou grânulo do fertilizante, formando uma solução saturada em fosfatos monocálcico e bicálcico. O fosfato bicálcico permanece como resíduo no local. A solução saturada com alta concentração de Ca++ e H2PO4 - e pH em torno de 2,0 deixa a partícula de fertilizante e se move em direção às partículas do solo. A solução que se difunde, por sua acidez, solubiliza o Fe e Al dos óxidos, que reagem com o fosfato, formando precipitados. Em uma segunda etapa, mais lenta, o fósforo penetra na estrutura cristalina do óxidos de Fe e Al, formando o P-ocluso. No caso dos fosfatos de amônio, o H2PO4 - se move da partícula do fertilizante de modo semelhante ao descrito no caso do fosfato monocálcico, entretanto, o pH da solução saturada de MAP é cerca de 4 e o da solução de DAP é próximo de 8. Em solos com pH alto, com muito cálcio (ou calcário presente), a alcalinidade da solução de DAP, leva a formação de fosfatos de cálcio insolúveis em água com maior rapidez do que a verificada quando se aplica MAP (MALAVOLTA, 1981). Apenas uma pequena parte, em torno de 5 a 15% do fósforo presente no fertilizante, será absorvido pela planta. O restante será fixado pelo solo. ADUBAÇÕ FOSFATADA 36
  • 37. A adubação produz aumentos na produção quando se usa o adubo certo, na quantidade adequada, no momento e de maneira indicada, sempre que não houver outro fator limitante (falta ou excesso de água, más condições de temperatura, práticas culturais defeituosas, incidência de pragas e moléstias, variedades não produtivas, entre outros). A adubação fosfata pode ser feita de duas maneiras: A adubação corretiva e a adubação de manutenção, como se verá adiante 1. ADUBAÇÃO CORRETIVA A adubação fosfatada corretiva, também denominada “fosfatagem” ou “fosfatização”, tem por finalidade elevar a fertilidade do solo até o nível ótimo. Assim, a correção deverá ser executada novamente quando a análise do solo mostrar teores de fósforo abaixo do desejado. A adubação fosfatada corretiva pode ser feita de uma única vez, ou gradativamente, durante um período de cinco anos. No caso da adubação fosfata corretiva feita em única aplicação, recomenda-se aplicar a quantidade de fertilizante fosfatado recomendada, a lanço, incorporando-o à camada arável (20cm de profundidade), para proporcionar maior volume de solo corrigido, afim de que mais raízes tenham condições de absorver o fósforo. Quando a quantidade recomendada de fertilizante for inferior a 100Kg/ha de P2O5, a aplicação deve ser feita no sulco de plantio. Sugere-se que antes da implementação de sistemas irrigados e do sistema de plantio direto, seja feita a adubação corretiva. Para se definir as quantidades de P a serem utilizadas na adubação corretiva feita em única aplicação, pode-se utilizar os dados de uma das tabelas seguintes, propostas pela EMBRAPA, 2004. As recomendações das tabelas apresentadas são semelhantes. 37
  • 38. O uso da adubação corretiva não dispensa o uso da adubação de manutenção. A adubação corretiva gradual pode ser utilizada quando as doses requeridas para a correção são elevadas. Essa prática, consiste em aplicar no sulco de plantio, juntamente com a adubação de manutenção, parte da adubação corretiva. A adubação corretiva será parcelada de acordo com a disponibilidade de recursos do produtor. Quanto menor o parcelamento, maior será o retorno econômico. Assim, para uma correção gradual a ser feita em cinco anos, será colocado no sulco de plantio a quantidade requerida para a manutenção, mais 1/5 da adubação de correção. A tabela seguinte, apresenta as quantidades de fósforo que serão usadas, de acordo com a disponibilidade de P e o teor de argila do solo para uma correção a ser 38
  • 39. feita em cinco anos. Os valores apresentados correspondem a necessidade de P para a manutenção já somados a 1/5 da necessidade de P para a correção. Segundo MALAVOLTA, o objetivo perseguido pela adubação corretiva é a satisfação do poder de fixação de fósforo do solo. Entretanto, as quantidades necessárias para alcançar o objetivo são proibitivas, por isso, na prática, o que se faz, é aplicar apenas quantidades que são o dobro ou o triplo ou menos do que isso, das dosagens recomendadas para a adubação de manutenção. A adubação fosfatada corretiva também pode ser feita utilizando fosfatos naturais, reativos ou de baixa reatividade. Neste caso, os fosfatos são aplicados a lanço e incorporados ao solo, a uma profundidade de 20 cm, antes da calagem. Esta deve ser feita de 60 a 90 dias após a fosfatagem. No caso de se utilizar adubos solúveis, a calagem deve preceder a fosfatagem. NOVAIS, 1999, em função da inviabilidade econômica, não recomenda a prática da adubação corretiva. 2. ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO A adubação de manutenção refere-se a quantidade de fertilizante que visa manter o nível da fertilidade do solo. Sendo feita todos os anos, confunde-se com a adubação anual no caso das plantas perenes. Enquanto a adubação corretiva tenta satisfazer o poder de fixação de fósforo do solo, saturando-o parcialmente, a adubação de manutenção procura apenas fornecer o fósforo exigido pela planta. 39
  • 40. Ao contrario da adubação corretiva, na maioria dos casos, recomenda-se que seja aplica no sulco de plantio, de forma localizada. As quantidades são definidas em função da necessidade de cada planta, levando- se em consideração ainda, a quantidade de fósforo existente no solo e a textura do solo, ou então em função do P-rem, atributos que refletem o fator capacidade de fósforo do solo. 3. EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA As plantas utilizam uma fração muito pequena, entre 5 e 15% do fósforo que lhes é fornecido na forma de adubos. A maior parte do fósforo do fertilizante é fixado pelo solo. Por isto, o principio que governa a adubação fosfatada é o de se procurar reduzir ao máximo a fixação de fósforo pelo solo, através das seguintes medidas: a) Localização do adubo Quanto maior o contato do fertilizante com solo, maior será a reação deste com os com os óxidos de ferro e alumínio do solo, e conseqüentemente, maior fixação. A aplicação do fertilizante localizado, em faixas, reduz o contato com os componentes do solo responsáveis pela fixação. b) Uso de adubos granulados Quanto maior as partículas do fertilizante, menor a superfície de contato com o solo, reduzindo também o contato com os componentes do solo responsáveis pela fixação. c) Calagem Quando o pH do solo se encontra abaixo de 6,5, aumenta a solubilidade dos hidróxidos livres de Fe e de Al que precipitam o H2PO4 - . Assim, em valores de pH acima de 6,5, estes óxidos se encontram insolúveis, não precipitando o fosfato. Os sesquióxidos contendo OH2 e OH- na superfície, tem afinidade pelo H2PO4 - , ocorrendo a seguinte reação: FeOH + H2PO4 - ⇄ FeH2PO4 + OH- Aumentando o pH cresce a concentração de oxidrilas no solo; com isso a reação se desloca para a esquerda, aumentando então o teor de H2PO4 - no solo. A calagem também converte fosfatos de ferro e alumínio pouco disponíveis em fosfatos de cálcio mais aproveitáveis. 40
  • 41. O O 2Fe + Ca(OH)2 ⇄ 2Fe + Ca(H2PO4)2 + 2H2O H2PO4 OH d) Matéria Orgânica A matéria orgânica do solo apresenta predominantemente carga elétrica negativa, podendo por isso ser considerada como um anion orgânico. Combina-se com o Fe(OH)2 + e com o Al(OH)2 + , imobilizando-os, de forma a não precipitar o H2PO4 - . Dessa maneira a adição de matéria orgânica pode aumentar a disponibilidade de fósforo. e) Fosfatagem O uso de adubação fosfatada corretiva satura a parte da capacidade fixadora do solo, fazendo com que a adubação de manutenção sejam mais aproveitados pelas plantas. f) Sais acompanhantes O magnésio tem sido descrito na literatura como sendo o “carregador” do fósforo. Aumentos no teor de magnésio do solo promove aumento na absorção de fósforo pelas plantas. MADRID et al, citados por MALAVOLTA, 1981, demonstraram que o sulfato de magnésio, quando aplicado juntamente com a adubação fosfatada, ajuda a manter uma alta concentração de fósforo em solução, evitando a fixação do fósforo. 4. EFEITO RESIDUAL DOADUBOS FOSFATADOS Os adubos fosfatados apresentam efeito residual nas culturas subseqüentes que decresce com o tempo, em função e vários fatores, como, tipo de solo, fonte do adubo utilizada, dose aplicada, método de aplicação do fertilizante, sistema de preparo de solo e seqüência de cultivos. 41
  • 42. De acordo com SOUZA et al. 1987, o efeito residual dos fertilizantes fosfatados solúveis e água é de 60%, 45%, 35%, 15% e 5% , respectivamente após um, dois, três, quatro e cinco anos da aplicação do fertilizante ao solo No caso dos fosfatos naturais reativos, sua eficiência é de 60 a 65%, quando comparados com o superfosfato triplo, no primeiro ano, sendo esta eficiência aumentada nos anos subseqüentes. Em áreas cultivadas com preparo convencional do solo, o efeito residual de fontes de fósforo que apresentam baixa solubilidade, como os fosfatos naturais brasileiros, melhora até o terceiro ano de sua aplicação no solo decrescendo a partir deste período. 42
  • 43. EXERCÍCIO 4 1 – Quais são as matérias primas utilizadas na fabricação de adubos fosfatados 2 – Como se classificam os adubos fosfatados de acordo com sua solubilidade? 3 – Que são fosfatos naturais? 4 – Qual a diferença entre apatitas e fosforitas? 5 – Quais as características cristalográficas das apatitas e fosforitas? 6 – O que são fosfatos naturais reativos e fosfatos naturais de baixa reatividade? 7 – Você recomendaria o uso de fosfatos naturais em solos com pH próximos da neutralidade? Por que? 8 – Em quais condições você recomendaria o uso de fosfatos naturais reativos e de baixa reatividade? 9 – Como é obtida a escória de Thomas e qual a vantagem de seu uso? 10 – Como são obtidos os termofosfatos? 11 – Faça um esquema mostrando como são obtidos os fosfatos acidulados. 43
  • 44. 12– Qual a diferença existente entre os processos de obtenção do superfosfato simples e do superfosfato triplo? 13 – Quais vantagens e desvantagens o superfosfato simples apresenta? 14 – Quais vantagens e desvantagens o superfosfato triplo apresenta? 15 – Como são obtidos os fosfatos parcialmente acidulados (superfosfato enriquecido, amoniacal e de serpentina)? 16 – Como são obtidos os fosfatos de amônio? 17 Quais vantagens e desvantagens os fosfatos de amônio apresentam? 18 Explique como os fosfatos acidulados reagem no solo 19 Por que os fosfatos acidulados fixam menores quantidades de fósforo? 20 O que é fosfatagem. O que se visa quando se faz uma adubação fosfatada corretiva? 21 Como a fosfatagem deve ser aplicada ao solo, usando diferentes fosfatos? 22 O que é e qual o objetivo da adubação fosfatada de manutenção? 23 Comente sobre as medidas que devem ser tomadas para que haja uma maior eficiência da adubação fosfatada. 24 Fale sobre o efeito residual dos adubos fosfatados. 44
  • 45. CAPÍTULO V ADUBOS POTÁSSICOS 1 – MATÉRIA PRIMA Nas jazidas de sais potássicos, são encontrados mais de trinta minerais, estando eles contidos nos seguintes minérios: Silvinita: Formada essencialmente de halita (NaCl) e silvita (KCl) Hartsalz: (sal duro) Constituido de silvita, halita e quieserita (MgSO4.H2O) ou anidrita (CaSO4). Langbeinita: Composto de K2SO4.2MgSO4 + NaCl, podendo conter silvita, leonita (K2SO4.MgSO4.4H2O), cainita (4KCl.4MgSO4.11H2O + NaCl). Carnalita: formado por carnalita (KCl.MgCl2.6H2O) e halita 2 - ADUBOS POTÁSSICOS 45
  • 46. 2.1. Cloreto de Potássio O cloreto de potássio (KCl) é o fertilizante potássico mais produzido, cerca de 95% do total. É produzidoa partir da carnalita, da silvita e do hartsalz. É um fertilizante muito solúvel em água, sendo comercializado em duas formas, uma contendo de 48 a 50% de K2O e outra com 60 a 62% de K2O, sendo este último o de maior comercialização. Apresenta-se com coloração branca, cinza ou rósea, densidade de 1,99g/cm3 , possui ponto de fusão a 722ºC, solubilidade a 20ºC de 34g/100g de H2O, umidade relativa crítica (higroscopicidade) a 30ºC de 83. Índice salino de 116 (Tomando-se o NaNO3 como padrão = 100). O produto que apresenta 60% de K2O, apresenta também cerca de 47% de Cl. 2.2. Sulfato de Potássio É obtido a partir da quieserita, silvinita ou langbeinita. Apresenta-se como cristais brancos ou levemente róseos, mais finos que os de cloreto de potássio, apresenta 48% de K2O, 15 a 17% de S e de 1 a 2% de Cl e até 2% de Mg. Possui ponto de fusão a 1067ºC, densidade de 2,66g/cm3 , solubilidade a 30º C de 11,1g/100g de H2O e umidade relativa crítica a 30ºC de 97. Índice salino de 46. 2.3. Sulfato de potássio e magnésio É obtido a partir da quieserita. Apresenta-se como cristais brancos, com densidade de 2,83g/cm3 , ponto de fusão a 902ºC, índice salino de 43, de 18 a 25% de K2O, 22 a 24 % de S, 4,5% de Mg e de 1 a 2,5% deCl. Apresenta baixo teor de potássio, que é compensado pela presença de mais dois macronutrientes, o magnésio e o enxofre, e um micronutriente, o cloro. (Atualmente no mercado, o produto comercial K-Mag, apresenta 21% de S, 10% de Mg e 21% de K2O). 3 – ADUBAÇÃO POTÁSSICA 3.1. Adubação potássica em plantas anuais 46
  • 47. Há três tipos de adubação nas plantas anuais: a) Adubação de correção; b) Adubação de manutenção e c) Adubação de cobertura. a) Adubação de correção Também chamada de potassagem, visa aumentar o conteúdo de potássio do solo até o seu nível ótimo. A quantidade de fertilizante a ser aplicado na adubação de correção é determinada através da análise de solo. Quanto menor o teor do nutriente presente no solo, maior a quantidade de fertilizante a ser aplicada. Também leva-se em consideração, a capacidade de fixação de potássio de potássio e as perdas por lixiviação do solo. O fertilizante fosfatado deve ser aplicado a lanço sobre o solo arado e gradeado, recobrindo toda a superfície, e incorporado por meio de grade a uma profundidade de 20 a 30cm. Devido ao efeito salino dos sais solúveis de potássio, esta prática é particularmente importante no caso de solos pobres em potássio, onde as doses recomendadas são altas. b) Adubação de manutenção A adubação de manutenção visa manter o nível de fertilidade do solo, ou seja, visa compensar a quantidade de nutriente removida pela colheita e mais o que se perde por erosão e lixiviação. A adubação de manutenção pode ser feita das seguintes maneiras: a) na faixa, junto ou perto da semente, no plantio; b) a lanço, na superfície; c) no fundo do sulco de plantio; d) a lanço e incorporada. Em geral a aplicação na faixa, junto ou perto da semente no plantio, e a aplicação no fundo do sulco de plantio são mais eficientes quando se utiliza pequenas doses. Com doses altas as diferenças tendem a desaparecer. A má localização do adubo em relação à semente ou ao sistema radicular é uma das razões para atraso na germinação e emergência, redução na população, atraso na maturação e diminuição na colheita. Os sais de potássio por sua solubilidade, podem prejudicar as sementes em germinação pois, quando usados em grandes doses aumentam demasiadamente a pressão osmótica da solução do solo nas proximidades do local de aplicação. De uma forma geral, pode-se recomendar a adubação potássica da seguinte forma: a) Em culturas plantadas em linha com espaçamento em torno de 1m ou mais e com doses baixa de potássio: Aplicação no sulco abaixo e ao lado das 47
  • 48. sementes ou no fundo do sulco de plantio. Doses altas: Distribuição a lanço com incorporação antes do plantio., ou então, aplicar metade da dose no sulco e a outra metade em cobertura, junto com a adubação nitrogenada. Considera-se como alta, dose superior a 80 Kg de K2O/ha. Para solos com CTC a pH 7,0 menor do que 4 cmolc/dm3 , o potencial de perdas de potássio por lixiviação é grande. Nesse caso, recomenda-se o parcelamento de doses acima de 40 Kg/ha de K2O ou a sua aplicação a lanço. b) Culturas em linha com espaçamento apertado, 0,5m ou menor, fazer aplicação a lanço com incorporação superficial com grade, antes do plantio, independente da dose utilizada. c) Adubação em cobertura É a aplicação de fertilizantes não acompanhada de incorporação,em culturas já instaladas, em faixas ao lado da linha de plantio, ou em pastagens. A adubação em cobertura é utilizada nas seguintes condições: a) Adubação com doses pesadas, sendo parte aplicada no plantio e parte em cobertura; b) Culturas de ciclo longo, como a cana de açúcar; c) Culturas intensivas em que se faz necessário repetir a adubação completa, como no caso das hortaliças. d) Adubação de pastagens estabelecidas 3.2. Adubação potássica em culturas perenes a) Adubação de plantio A adubação potássica de plantio nas culturas perenes é feita nos sulcos ou nas covas, acompanhando o fósforo e a matéria orgânica. Os adubos são colocados na cova ou no sulco e bem misturados com a terra. Quando as doses a aplicar são pequenas, a adubação potássica é feita em pós-plantio, em cobertura. b) Adubação de cobertura Nas culturas perenes, a adubação potássica é feita anualmente, junto com a adubação fosfatada e a nitrogenada, ou apenas com a nitrogenada, sendo a dose total a aplicar dividida em duas ou mais parcelas, sendo no máximo de quatro, durante o período chuvoso. O parcelamento evita perdas por lixiviação e por erosão, permitindo uma maior eficiência da adubação. 48
  • 49. O adubo deve ser aplicado ao redor da planta, na projeção da copa, ou então, em semi-círculo, do lado de cima do declive, quando a cultura for plantada em espaçamento. No caso de plantio em renque, a aplicação deve ser feita ao longo das linhas, dos dois lados, ou apenas do lado de cima do declive. As adubações devem ser feitas sempre com o solo úmido. 4. EFEITO RESIDUAL O efeito resídua da adubação potássica, ou seja, o seu aproveitamento pelas culturas seguintes, depende das seguintes variáveis; a) Dose aplicada: Quanto maior a dose aplicada, maior o efeito residual; b) Cultura: As culturas apresentam diferentes capacidades de extração de nutrientes. De forma geral, as gramíneas apresentam maior capacidade de extração que as leguminosas; c) Tipo de solo: Solos que possuem argilas fixadoras (de grade 2:1) possuem menor efeito residual; d) Chuvas: Solos arenosos localizados em regiões de alta pluviosidade sofrem maior lixiviação, e conseqüentemente, menor efeito residual. EXERCÍCIO 5 1 – Quais são as matérias primas utilizadas na fabricação de adubos potássicos? 2 – Dê as principais características do cloreto de potássio 3 – Em quais condições não se recomenda o uso de cloreto de potássio? 4 – Dê as principais características do sulfato de potássio e magnésio. 5 – Qual o objetivo da potassagem e como deve ser aplicada ao solo? 6 – Qual o objetivo da adubação de manutenção de potássio? 7 – Como se recomenda aplicar adubação potássica? 8 – O que se entende por adubação de cobertura e quando é usada? 9 – Como é feita a adubação potássica de plantio e cobertura nas culturas perenes? 10 – Quais são os fatores que influenciam o efeito residual da adubação potássica? 49
  • 50. CAPÍTULO VI ADUBOS COM MICRONUTRIENTES 1 – FILOSOFIAS DE APLICAÇÃODE MICRONUTRIENTES De acordo com LOPES, 1999, existem três filosofias básicas para a aplicação de micronutrientes: a) filosofia de segurança, b) filosofia de prescrição e c) Filosofia de restituição. a – Filosofia de segurança: Por principio, esta filosofia não utiliza dados de análises de solos ou plantas. Consiste na aplicação de pequenas quantidades de todos os micronutrientes, ou daqueles com possíveis problemas de deficiência em uma determinada região. 50
  • 51. Esta filosofia não considera necessidades específicas, ou seja, as doses recomendadas são as mesmas para quaisquer condições do solo, da planta ou do clima. A aplicação destas doses pode não atender as necessidades das plantas, ou então, haver desperdício e até mesmo toxidez. Pode ser econômica para culturas de alto valor como hortaliças, café e frutíferas, mas pode aumentar muito o custo de produção de outras culturas. Esta filosofia foi muito empregada no passado, quando ainda não se dispunha de facilidades para a análise de solos e plantas. b – Filosofia de prescrição: Consiste na utilização de análises de solos e/ou de tecidos de plantas, devidamente calibrados através de ensaios de campo, para definir a disponibilidade e definir as doses de micronutrientes que proporcionam o máximo retorno econômico ao produtor. Esta filosofia, recomenda os micronutrientes necessários, em níveis adequados e equilibrados, que protegem contra antagonismos que possam vir a ocorrer. Para atender estas recomendações, esta filosofia requer diferentes formulações de fertilizantes para cada caso em particular. c – Filosofia de restituição: Esta filosofia consiste em recomendar micronutrientes com base em estimativas das quantidades exportadas dos micronutrientes, por tonelada produzida. Esta filosofia vem sendo cada vez mais utilizada, principalmente nas áreas que tem atingido altos tetos de produtividade e intensificação de problemas de deficiência de micronutrientes A combinação ideal para se atingir bases sólidas de diagnose e recomendação de micronutrientes seria a integração da filosofia de prescrição com a filosofia de restituição, ou seja, utilizar dados de experimentos de calibração de métodos de análises de solos e plantas e a variação das doses a serem aplicadas em função dos tetos de produtividade e exportação para as mais diversas culturas. 2 – FONTES DE MICRONUTRIENTES Os produtos contendo micronutrientes, podem ser assim agrupados: a) fontes inorgânicas; b) quelatos sintéticos; c) silicatos complexos (fritas) e d) complexos orgânicos. a – Fontes inorgânicas: Incluem sais metálicos com sulfatos, cloretos e nitratos, que são solúveis em água. Óxidos, carbonatos e fosfatos, que são insolúveis em água e os oxi-sulfatos, que se constituem em subprodutos com maior ou menor grau de solubilidade em água, dependendo das quantidades de ácido sulfúrico utilizada na solubilização dos óxidos. Além destes, também o ácido bórico é utilizado como fonte de micronutrientes. A solubilidade em água é um fator determinante da eficiência agronômica no curto prazo, para aplicações localizadas em sulcos e produtos granulados. b – Quelatos sintéticos: São formados pela combinação de um agente quelatizante com um metal, que no caso poderá ser o Cu, Fe, Mn ou Zn, através de ligações 51
  • 52. coordenadas. Possuem configuração em anel, resultante da combinação do metal com dois ou mais grupos doadores de elétrons existes em uma única molécula do quelatizante. Os metais presos nos anéis do quelato perdem suas características catiônicas, ficando menos sujeitos a reações de precipitação ou insolubilização, mantendo a disponibilidade do elemento. Um quelato eficiente é aquele no qual a taxa de substituição do micronutriente quelatizado por cátions do solo é baixa, mantendo o nutriente aplicado nessa forma de quelato por tempo suficiente para ser absorvido pelas raízes das plantas (LOPES, 1991). Os principais agentes quelatizantes de fontes de micronutrientes são: ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), ácido N(hidroxietil)etilenodiaminotetracético (HEDTA), ácido dietilenotriaminopentacético (DTPA), ácido etilenodiamino(o- hidroxifenil acético) (EDDHA), ácido nitrilo acético (NTA), ácido glucoheptônico e ácido cítrico, sendo o EDTA o mais comum. c – Silicatos complexos (fritas): Também conhecidos como FTE, do inglês, “frited traces elements”. São produtos vítreos, obtidos pela fusão de silicatos ou fosfatos com uma ou mais fontes de micronutrientes, a aproximadamente 1000ºC, seguido de resfriamento rápido com água, secagem e moagem. São produtos insolúveis em água, sendo a solubilidade controlada pelo tamanho da partícula. São mais eficientes se aplicados na forma de pó fino, a lanço, com incorporação, em solos mais arenosos e sujeitos a altos índices pluviométricos. d – Complexos orgânicos: São produzidos pela reação de sais metálicos com subprodutos orgânicos da industria de polpa de madeira e outros. A estrutura química desses agentes complexantes assim como o tipo de ligação química dos metais com os compostos orgânicos, ainda não são bem caracterizados. 3 – MÉTODOS DE APLICAÇÃO 52
  • 53. Os micronutrientes podem ser fornecidos as plantas das seguintes formas: a) Aplicação via solo utilizando adubos sólidos; b) Aplicação via solo utilizando adubos fluidos e fertirrigação; c) Adubação foliar; d) Tratamento de sementes e e) Imersão de raízes. a – Aplicação via solo utilizando adubos sólidos A aplicação de micronutrientes no solo visa aumentar sua concentração na solução do solo, de onde será absorvido pelas raízes das plantas. Os micronutrientes poderão ser aplicados das seguintes formas: - A lanço incorporado. Os micronutrientes são distribuídos uniformemente na superfície do solo, isoladamente ou em misturas NPK, e a seguir incorporado por aração ou gradagem; - A lanço sem incorporação. Os micronutrientes são distribuídos uniformemente na superfície do solo, isoladamente ou em misturas NPK, mas não são incorporados; - No sulco de plantio. Os micronutrientes são distribuídos por semeadeiras- adubadeiras na linha de plantio, juntamente com a adubação NPK, ao lado e abaixo das sementes ou no fundo do sulco, misturado ao solo; - Em covas ou sulcos de plantio de culturas perenes. Os micronutrientes são aplicados nas covas ou sulcos de plantio das culturas perenes, misturado ao solo, juntamente com outros adubos e matéria orgânica. - Em faixas ao lado das plantas. Os micronutrientes são aplicados em faixas, ao longo das linhas de plantio, ou na projeção da copa das plantas, em adubação de cobertura, juntamente com adubação NPK ou isoladamente. Devido às pequenas quantidades empregadas de micronutrientes, o seu uso isoladamente, acarreta problemas de homogeneidade de distribuição, sendo recomendado a sua aplicação juntamente com adubação NPK, na forma de mistura de grânulos ou mistura granulada. b – Aplicação via solo utilizando adubos fluidos ou fertirrigação. Os micronutrientes podem também ser aplicados via adubação fluida, ou diluídos na água de irrigação. Estas práticas possibilitam uma maior homogeneidade de aplicação, aumentando a eficiência da adubação com micronutrientes. c – Adubação foliar. Assim como as raízes, as folhas das plantas têm capacidade de absorver nutrientes depositados na forma de solução em sua superfície. Essa capacidade originou a prática da adubação foliar, em que soluções de um ou mais nutrientes são aspergidas sobre a parte aérea das plantas, atingindo principalmente as folhas (VOLKWEISS, 199). A adubação foliar com micronutrientes é um recurso efetivo e econômico no controle de deficiências no cafeeiro, citros e outras plantas frutíferas perenes, podendo ser recomendada em programas de adubação, desde que haja controle das necessidades das plantas e se utilizem produtos específicos. Para alguns casos de culturas anuais e hortícolas, a adubação foliar corretiva ou complementar apresenta 53
  • 54. bons resultados, podendo ser incluída nos programas de adubação (BOARETO & ROSOLEM, 1989). De acordo com LOPES, 1999, em comparação com a aplicação de adubos sólidos via solo, a adubação foliar apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: Vantagens: a) alto índice de utilização pelas plantas, dos nutrientes aplicados nas folhas em relação a aplicação via solo; b) As doses totais de micronutrientes são em geral, menores que as aplicadas via solo; c) A aplicação apresenta maior homogeneidade; d) As respostas das plantas são rápidas, sendo possível corrigir deficiências após o seu aparecimento, durante a fase de crescimento das plantas (adubação de salvação), embora, em alguns casos o rendimento das culturas já podem estar comprometidos (VOLKWEISS, 1991, citado por LOPES, 1999.) Desvantagens: a) A demanda de nutrientes é geralmente muito alta quando as plantas são pequenas e a superfície foliar é insuficiente para a absorção; b) Altas concentrações de sais queimam as plantas; c) Pode ser muito tarde para corrigir deficiências e ainda obter produções máximas; d) A menos que possam ser combinadas com tratamentos fitossanitários, em função da baixa mobilidade da maioria dos micronutrientes, os custos extras de múltiplas aplicações foliares podem ser altos; e) O efeito residual é muito menor que nas aplicações via solo; f) Além de problemas estritamente de compatibilidade, a presença de nutrientes na solução pode afetar negativamente a absorção de outro, principalmente em soluções multinutrientes. d – Tratamento de sementes. Uma das grandes vantagens deste método de aplicação de micronutrientes é a uniformidade de distribuição de pequenas doses, que podem ser aplicadas com precisão. É uma tecnologia de comprovada eficiência na aplicação de molibdênio e cobalto em leguminosas. Existem três métodos de aplicação de micronutrientes via sementes: - Umedecimento de sementes com solução contendo a quantidade desejada de micronutriente; - Deixar as sementes de molho durante algumas horas em solução de micronutrientes a 1 – 2% - Peletização de sementes com carbonato de cálcio, fosfato, goma arábica e micronutrientes. e – Imersão de raízes. Consiste em fazer a imersão de raízes de mudas a serem transplantadas em solução ou suspensão contendo um ou mais micronutrientes. A imersão de mudas de arroz em solução de ZnO a 1%, tem mostrado eficiência igual ou superior a aplicação de fontes solúveis via solo. EXERCÍCIO 6 1 – Explique as “filosofias” de aplicação dos micronutrientes. 2 – Em quais condições se adota a “filosofia” de segurança? 3 – Qual é a melhor “filosofia”. Qual deve ser a adotada? 54
  • 55. 4 – Quais são as fontes inorgânicas de micronutrientes? 5 – Qual a desvantagem em se utilizar fontes inorgânicas? 6 – O que é um quelato? 7 – Qual a vantagem em se usar um adubo quelatizado? 8 – Qual o conceito de quelato eficiente? 9 – Relacione os principais agentes quelatizantes. 10 – Como são obtidas as fritas? 11 – Em quais condições se recomenda o uso de FTE? 12 – Quais são as formas de se aplicar micronutrientes no solo, utilizando adubos sólidos? 13 – Quais as vantagens da aplicação de micronutrientes via fertirrigação? 14 – Dê as vantagens e desvantagens do fornecimento de micronutrientes via foliar. 15 – Como se aplica micronutrientes através do tratamento de sementes e qual sua vantagem? 16 – Como se aplica micronutrientes via imersão de raízes e qual sua vantagem? CAPÍTULO VII ADUBOS MISTOS As plantas necessitam de quatorze nutrientes minerais para o seu crescimento e desenvolvimento. Os adubos simples e os adubos complexos, apresentam um, dois ou no máximo três nutrientes. Surge assim, a necessidade de se misturar um ou mais adubos simples e/ou complexos, visando obter um fertilizante com o maior número 55
  • 56. possível de nutrientes, afim de se atender as necessidades nutricionais das plantas cultivadas. A composição dos adubos mistos, também chamados de misturas, fórmulas ou formulados, é dada por uma série de três números inteiros, separados por traço. O primeiro número expressa o teor de N total. O segundo, o teor de P2O5 e o terceiro, o teor de K2O. Estes teores são também denominados de garantia do fertilizante. O teor de P2O5 expresso na fórmula, refere-se a percentagem solúvel em citrato de amônio mais água, ou ao teor solúvel em ácido cítrico a 2% na relação 1:100, conforme a solubilidade do fertilizante simples ou complexo usado na formulação do adubo misto. Assim, a mistura 20 – 05 – 20, apresenta 20% de N, 5% de P2O5 e 20% de K2O. Para serem comercializadas, as formulações N-P-K, chamadas de ternárias, sólidas, deverão apresentar no mínimo 21% de nutrientes e as formulações fluidas, 18%. Misturas binárias, NP, NK,PK, deverão apresentar no mínimo 18% quando sólidas ou 15% quando fluidas. Os adubos mistos poderão ainda apresentar macronutrientes secundários e micronutrientes, expressos na forma elementar, cujas garantias deverão estar especificadas no rótulo do produto. 1 – Tipos de misturas Os adubos mistos poderão se apresentar nas seguintes formas: a – Em pó: Resultante da mistura de dois ou mais adubos simples e/ou adubos complexos na forma de pó; b – Farelada: Resultante da mistura de dois ou mais adubos simples e/ou adubos complexos na forma de farelo; c – Mistura de grânulos: Obtida pela simples mistura de dois ou mais fertilizantes simples e/ou complexos, previamente granulados. São misturas físicas e caracterizam- se por apresentar os nutrientes, contidos em grânulos distintos; d – Mistura granulada: Obtida pela mistura de dois ou mais fertilizantes simples e/ou complexos em pó e posterior granulação. Caracteriza-se por conter em cada grânulo, todos os nutrientes garantidos na mistura. A preferência pelo uso de mistura de grânulos ou mistura granulada deve-se aos seguintes fatores: a – Menor higroscopicidade: A granulação diminui a superfície de contato das partículas, reduzindo a absorção de água do ar atmosférico; b – Menor empedramento: Com a redução da superfície de contato e da higroscopicidade diminui a possibilidade de empastamento e empedramento do produto; c – Facilidade de aplicação: Produtos com forma esférica, não empastados, não empedrados, apresentam maior fluidez (capacidade de escoamento do reservatório de adubos) e conseqüentemente, maior homogeneidade de aplicação; d – Menores perdas: Com a granulação, deixa de existir perdas por deriva (pelo vento). Também a liberação do nutriente no solo é mais lenta, o que evita perdas por lixiviação, e dá mais tempo para que as raízes os absorvam, evitando perdas por fixação de fósforo e de potássio. 56
  • 57. 2 – Produção dos adubos mistos Os adubos mistos podem ser produzidos nas industrias ou preparados nas propriedades rurais, a exceção das misturas granuladas, a partir de adubos simples ou complexos, em pó ou granulados. O uso de adubos mistos produzidos industrialmente, apresenta a seguintes vantagens: a – Maior homogeneidade das misturas; b – Possibilidade de misturar pequenas quantidades de adubos com micronutrientes; c – Possuem maior concentração de nutrientes, diminuindo o custo de transporte; d – Dispensa o uso de mão de obra, nem sempre disponível, para proceder a mistura; e – Podem ser armazenados por longos períodos; f – Apresentam boas características físicas e fisico-químicas. Para o armazenamento dos adubos, deve-se tomar os seguintes cuidados: - Os sacos de fertilizantes devem ser guardados em compartimentos secos e acima do nível do chão, sobre estrados de madeira; - As pilhas devem ser muito próximas umas das outras para diminuir a circulação de ar e o umedecimento da mistura; - A pilha não deverá ter mais que oito sacos para evitar que os inferiores fiquem empedrados pela pressão exercida pelos de cima; - Os sacos arrebentados devem ser separados dos outros porque o material exposto dos primeiros absorvem muita umidade; - Em dias secos e ensolarados convém arejar o depósito. Por sua vez, o preparo dos adubos mistos nas propriedades apresenta as seguintes vantagens: a – As misturas são específicas para o solo e cultura; b – Podem ser feitas misturas com baixa concentração de nutrientes; c – O custo pode ser menor; d – Permite o conhecimento e controle de cada elemento que está sendo adicionado no solo. No preparo dos adubos mistos na propriedade rural, devem ser observados os seguintes passos: a – Escolha adequada da matéria prima: Deve ser escolhidos fertilizantes simples, que além de atender as necessidades nutricionais das plantas, apresentem propriedades físico-químicas satisfatórias. b – Compatibilidade: A questão da compatibilidade e incompatibilidade dos adubos é de máxima importância, devendo ser examinada com cuidado antes de se começar a fazer a mistura. Existem dois tipos de incompatibilidade: - Incompatibilidade física: É a que resulta na degradação das características de natureza físico-químicas dos fertilizantes, principalmente no que se refere a higroscopicidade. Adubos higroscópicos, transmitem umidade aos demais, formando uma massa pastosa ou dura (empedrada), de difícil destruição. Geralmente este inconveniente aparece de um a dois dias depois de feita a mistura. Neste caso, diz-se que os fertilizantes apresentam compatibilidade limitada, ou seja, podem ser misturados, desde que a mistura seja aplicada em seguida. - Incompatibilidade química: É a responsável pela perda de nutrientes por volatilização ou pela conversão da forma solúvel em outro insolúvel, ou de assimilação mais difícil. 57
  • 58. Exemplo do primeiro caso, é a mistura de adubos amoniacais com adubos que contêm CaO livre, ou cálcio combinável, resultando em formas voláteis de nitrogênio. (NH4)2SO4 + CaO ⇄ CaSO4 + 2NH3 + H2O A retrogradação ocorre no caso de se misturar formas solúveis de fosfatos com adubos ou corretivos contendo CaO livre ou cálcio combinável, produzindo formas de fósforo pouco solúveis e de assimilação lenta: Ca(H2PO4)2 + CaO ⇄ Ca2(HPO4)2 + H2O Ca2(HPO4)2 + 2CaO ⇄ Ca3(PO4)2 + 2H2O c – Preparo da mistura: A mistura deve ser feita em um local de piso limpo e plano. O material usado em maior proporção é primeiramente distribuído em uma camada uniforme sobre o piso. Sobre esta camada, distribui-se os demais adubos, também em camadas uniformes. As camadas são misturadas, com o uso de pá ou enxada, até que a mistura adquira uma coloração uniforme. Depois será peneirada, desfazendo-se possíveis empedramentos. Não é indicado armazenar a mistura por muito tempo. Preferencialmente, deve ser acondicionada em sacos plásticos e ser utilizada dentro de um curto espaço de tempo 58
  • 59. EXERCÍCIO 7 1 – Dê o conceito de adubos mistos 2 – Qual a justificativa do uso de adubos mistos? 3 – Qual o significado dos três grupos de algarismos que identificam a fórmula? 4 – É possível misturar adubos com diferentes granulometrias, ou seja, pó com farelo, ou farelo com grânulo e etc. ? Justifique. 5 – Por que normalmente se dá preferência ao uso de adubos granulados? 6 – Quais as vantagens de se preparar adubos mistos na propriedade? 7 – Quais as vantagens de se adquirir adubos mistos preparados nas indústrias? 8 – Quais cuidados devem ser tomados ao se preparar adubos mistos? 9 – Quais cuidados devem ser tomados no armazenamento dos adubos? 10 – O quê se entende por incompatibilidade física? 11 – O quê se entende por incompatibilidade química? 59