1. Este documento estabelece as especificações e condições técnicas para caixas de descarga no Brasil de acordo com a ABNT.
2. As caixas de descarga são classificadas de acordo com sua posição, pressão máxima, tipo de bacia sanitária compatível.
3. São definidos requisitos para materiais, dimensões, conexões, mecanismos e marcações a serem seguidos pelos fabricantes.
2. 2 NBR 11852/1992
NBR 8133 - Rosca para tubos onde a vedação não
é feita pela rosca - Designação, dimensões e to-
lerâncias - Padronização
NBR 12096 - Caixa de descarga - Verificação de de-
sempenho - Método de ensaio
3 Definições
Para os efeitos desta Norma são adotadas as definições
de 3.1 a 3.13.
3.1 Caixa de descarga acoplada
Caixa de descarga montada justaposta à bacia sanitária,
sem a utilização de tubo de descarga.
3.2 Caixa de descarga alta
Caixa de descarga que, instalada, tem o ponto mais baixo
do corpo a um altura não inferior a 1,70 m do piso acabado.
3.3 Caixa de descarga baixa
Caixa de descarga que, instalada, tem o ponto mais baixo
do corpo a uma altura não superior a 0,80 m do piso aca-
bado.
3.4 Caixa de descarga média altura
Caixa de descarga que, instalada, tem o ponto mais baixo
do seu corpo a uma altura entre 0,80 m e 1,30 m do piso
acabado.
3.5 Caixa de descarga para bacia VDR
Caixa de descarga destinada ao uso exclusivo com bacias
VDR (volume de descarga reduzido), tal como definido na
NBR 6452.
3.6 Nível de extravasão
Nível mais baixo que possibilita a penetração da água
oriunda do interior da caixa no extravasor.
3.7 Nível operacional
Nível mais alto da água no interior da caixa em condições
normais de operação. O nível operacional deve ser ade-
quadamente marcado pelo fabricante (ver 4.7.1.) porque é
ele quem define o volume útil da caixa de descarga.
3.8 Refil de fecho hídrico
Dispositivo acoplado à torneira de bóia que, durante o en-
chimentodacaixa,conduzáguaaopoçodabaciasanitária,
de modo a repor o fecho hídrico da mesma.
3.9 Tempo de enchimento
Tempo, expresso em segundos, entre o início de uma
descarga e o momento em que a água, no interior da
caixa, atinge o nível operacional(1)
.
3.10 Tempo entre utilizações consecutivas
Tempo, expresso em segundos, entre o início de uma
descarga e o momento em que a água, no interior da
caixa, atinge o nível no qual, se a mesma fosse acionada,
descarregaria um volume igual a 90% do volume útil(1)
.
3.11 Tubo de descarga
Tubo de ligação entre a saída da caixa de descarga e a
entrada de água da bacia sanitária.
3.12 Vazão de regime
Vazão, expressa em litros/segundo, relativa à fase da
des-carga que exclui o primeiro e o último litro
descarregados.
3.13 Volume útil
Volume, expresso em litros, descarregado pela caixa,
previamente cheia até o nível operacional, com a admis-
são de água aberta. Incluindo, quando for o caso, o vo-
lume de água consumida no refil do fecho hídrico.
4 Condições gerais
4.1 Materiais
4.1.1 Nenhum material constituinte da caixa de descarga
deve facilitar o desenvolvimento de bactérias ou qualquer
atividade biológica capaz de causar risco à saúde.
4.1.2 Os materiais e peças que constituem a caixa de des-
carga devem ser resistentes à corrosão. No caso de uti-
lização de vários metais, deve-se evitar o contato entre
eles a fim de impedir a corrosão eletrolítica.
4.2 Corpo e tampa
4.2.1 O corpo e a tampa das caixas de descarga, quando
fabricadas em material cerâmico, devem obedecer à
NBR 6452.
4.2.2 O corpo da caixa de descarga de embutir deve ter
profundidade máxima de 110 mm e superfície externa
que permita a aderência de argamassa de revestimento.
4.2.3 A caixa de descarga de embutir deve permitir a troca
dos componentes que apresentem desgaste (ex: torneira
de bóia, sede do obturador da caixa, mecanismo de des-
carga e mecanismo de acionamento), sem a remoção da
caixa. A caixa de descarga externa deve permitir a troca de
seus componentes, podendo ser removida ou não.
4.2.4 Os orifícios para fixação à parede de caixa de descar-
ga externa, de fixação da tampa ou de órgão de comando,
ou qualquer outra abertura no corpo da caixa por onde
eventualmente possa vazar água devem estar, no mínimo,
20 mm acima do nível de extravasão.
4.2.5 A caixa de descarga deve ter tampa fixada ou en-
caixada de modo a impedir sua remoção acidental.
(1)
Medido em condições padronizadas de alimentação da caixa de descarga.
3. NBR 11852/1992 3
4.3 Conexões
4.3.1 A conexão da caixa de descarga com o tubo de des-
carga ou com o corpo da bacia, no caso das caixas aco-
pladas, deve ser estanque.
4.3.2 A conexão para ligação ao sub-ramal de água fria de-
ve ser feita através de peça com rosca macho G 1/2 B
ou R 1/2, respectivamente conforme a NBR 8133 ou
NBR 6414.
4.4 Extravasor
O nível de entrada de água no extravasor deve estar, no
mínimo, 10 mm acima do nível operacional.
4.5 Torneira de bóia
4.5.1 A superfície da sede do obturador na torneira de bóia
deve ter acabamento uniforme, sem apresentar arestas
cortantes, a fim de minorar o desgaste do vedante; e a
região adjacente a ela deve estar livre de rebarbas e
falhas.
4.5.2 Quando o corpo da torneira de bóia se constituir de
mais de uma parte, elas devem ser solidamente ligadas,
através de roscas, soldas ou encaixes que impeçam que
alguma destas partes se destaque do conjunto durante
a operação.
4.5.3 A torneira de bóia deve ser construída de modo a
possibilitar o ajuste correto do nível operacional. Para tan-
to, deve ser possível o dobramento da haste ou haver dis-
positivo de regulagem adequado.
4.6 Segurança do usuário e do instalador
A caixa de descarga e seus mecanismos não devem
oferecer risco de injúria física ao usuário ou instalador,
pela existência de rebarbas, partes pontiagudas ou
arestas cortantes.
4.7 Marcação
4.7.1 Recomenda-se que o nível operacional seja marcado
e identificado de maneira indelével no interior da caixa, em
local facilmente visível com a tampa removida, com a in-
dicação “nível máximo”. Caso não haja esta marcação,
este nível máximo deve estar 10 mm abaixo do nível de
extravasão.
4.7.2 A caixa de descarga deve trazer gravado de forma
indelével, em região visível após a instalação, a marca ou
o nome do fabricante. Da mesma forma, deve constar a
expressão “NÃO DEVE SER LIGADA DIRETAMENTE À
REDE PÚBLICA”, quando for o caso.
4.7.3 As caixas de descarga para uso com bacias VDR in-
dependentes, referenciadas em 1.2 alínea c), devem trazer
indicado na parte externa do corpo, em situação facilmente
visível, a expressão: “PARA USO EXCLUSIVO COM BA-
CIAS DE VOLUME DE DESCARGA REDUZIDO”.
4.8 Intruções para instalação e operação
O fabricante deve fornecer, junto com a caixa de descarga,
instruções por escrito sobre o modo de instalar correta-
mente a caixa bem como sobre os tipos e dimensões do
tubo de descarga que podem ser utilizados e sobre como
procederàsregulagensquesefizeremnecessárias.Quan-
do aplicável, devem constar as restrições relativas ao uso
apenas em instalações com abastecimento indireto. A
restrição relativa às caixas para uso com bacias VDR de-
vem estar explicitadas.
4.9 Unidade de compra
A unidade de compra é a caixa de descarga, incluso corpo,
tampa, mecanismo de descarga, mecanismo de aciona-
mento e torneira de bóia.
5 Condições específicas
5.1 Volume útil
Os valores máximos admissíveis do volume útil para os
diversos tipos de caixa de descarga estão indicados na
Tabela.
Tabela - Volume útil
Valores máximos do volume útil (L)
Tipo de caixa de descarga Caixa sem refil Caixa com refil
de fecho hídrico de fecho hídrico
Caixa de descarga independente;
baixa, média altura ou elevada 9,0 -
(ver 1.2-c) - 1ª subalínea
Caixa de descarga acoplada
(ver 1.2-c) - 2ª subalínea - 12,0
Caixa de descarga para bacia VDR
(ver 1.2-c) - 3ª e 4ª subalíneas 5,0 5,0
4. 4 NBR 11852/1992
5.2 Vazão de regime
A vazão de regime deve apresentar valores entre 1,5 L/s e
2,2L/s.Estacondiçãonãoéexigívelnascaixasdedescarga
classificadas em 1.2-c) 2ª e 4ª subalíneas.
5.3 Tempo de enchimento e tempo entre utilizações
consecutivas
Para os diversos tipos de caixa de descarga, o tempo de
enchimento deve ser, no máximo, 300 s e o tempo entre
utilizações consecutivas deve ser, no máximo, 180 s.
5.4 Capacidade do extravasor
Se a torneira de bóia falhar, não estancando o fluxo de
água na alimentação, o nível da água dentro de qualquer
tipo de caixa de descarga deve alcançar a altura máxima
de 15 mm acima do nível de extravasão e mínima de 5 mm
abaixo do nível de afogamento do dispositivo anti-retorno
da torneira de bóia ou da extremidade da saída de água
dessa torneira, quando não houver o referido dispositivo.
5.5 Estanqueidade da torneira de bóia
5.5.1 A torneira de bóia de caixa de descarga, para a qual
não haja restrição para ligação direta à rede pública de
abastecimento, deve fechar de maneira estanque contra a
pressão de 1,0 MPa.
5.5.2 A torneira de bóia de caixa de descarga, destinada ao
uso exclusivo em instalações com abastecimento indireto,
deve fechar de maneira estanque contra a pressão de ali-
mentação de 0,6 MPa.
5.6 Proteção contra a retrossifonagem
A caixa de descarga de qualquer tipo não deve permitir re-
torno de água do seu interior, através da torneira de bóia,
no caso de ser submetida a pressão negativa (vácuo) na
entrada desta última.
5.7 Estanqueidade da caixa de descarga
A caixa de descarga não deve apresentar vazamento pelo
obturador. Não deve vazar por qualquer parte do corpo ou,
no caso de material que absorva água, permitir a formação
de gotas por exsudação.
5.8 Esforço de acionamento
O esforço mínimo necessário para acionar a caixa e iniciar
a descarga deve ser, no máximo:
a) 50 N, no caso de caixa elevada com puxador;
b) 50 N, no caso de caixa com botão para acionamento
por pressão;
c) 30 N, no caso de caixa acionada por alavanca;
d) 1 N.m, no caso de caixa com órgão de comando
que exija a aplicação de um torque.
5.9 Resistência do mecanismo de acionamento
Não devem ocorrer fraturas ou deteriorações que impe-
çam o funcionamento normal da caixa de descarga, ou al-
terem seu aspecto, quando aplicado no órgão de comando
umesforçoigualacincovezesoesforçomínimonecessário
para acionar a caixa e não menor que 150 N no caso de
operação por puxador, 3,5 N.m no caso de operação
aplicando torque e 100 N nos outros casos.
5.10 Estanqueidade da bóia
As bóias ocas não devem permitir penetração de água em
seu interior, e as não-ocas, geralmente fabricadas em
plástico expandido, não devem apresentar absorção de
água.
5.11 Resistência ao uso(2)
A caixa de descarga após ser submetida a 5000 ciclos de
funcionamento não deve apresentar quebra ou dano me-
cânico em qualquer das partes da torneira de bóia ou dos
mecanismos de acionamento e descarga, e deve continuar
atendendo os requisitos estabelecidos em 5.5, 5.7 e 5.8.
5.12 Resistência à carga estática
A caixa de descarga externa que, quando instalada, ficar
com seu ponto mais baixo a menos de 1,50 m do piso aca-
bado, deve resistir a um esforço de compressão de 100 N,
aplicado durante 5 min, através de um disco de 150 mm,
nasdiversasregiõesdasuperfícieexternadacaixa,inclusi-
ve da tampa, sem que ocorram fraturas ou deteriorações
que impeçam seu funcionamento normal ou alterem seu
aspecto exterior.
5.13 Resistência ao impacto de corpo duro
5.13.1 A caixa de descarga externa deve resistir a impactos
de 2,0 J nos pontos que se situarem, após a instalação, em
cota abaixo de 1,50 m do piso acabado, e de 1,0 J nos
pontos em cota superior, aplicados com esfera de aço de
0,5 kg de massa, sem que ocorram impressões, fissuras
do revestimento, fraturas do corpo ou outras deteriorações
que impeçam o funcionamento normal da caixa.
5.13.2 Ficam dispensadas da verificação desta condição
as caixas de descarga de material cerâmico.
5.14 Rigidez do corpo
5.14.1 A caixa de descarga externa não deve sofrer defor-
mação superior a 6 mm na região frontal ou ter a tampa
deslocada da posição fechada, em função do enchimento
com água até o nível operacional.
5.14.2 Ficam dispensadas da verificação desta condição
as caixas de descarga de material cerâmico.
6 Inspeção
6.1 Verificação de tipo
A verificação da conformidade a esta Norma, de determi-
(2)
O objetivo deste requisito não é avaliar a vida útil da caixa de descarga, mas avaliar a capacidade da caixa superar o período de falhas
precoces.
5. NBR 11852/1992 5
nado tipo de caixa de descarga, deve ser feita em dois
exemplares.
6.1.1 Deve ser verificado o atendimento das condições fi-
xadas nos Capítulos 4 e 5.
6.1.2 A verificação das condições fixadas no Capítulo 5
deve ser feita em conformidade com a NBR 12096.
6.1.3 O documento técnico contendo os resultados da ve-
rificação do tipo deve identificar a caixa de descarga (mar-
ca, modelo e fabricante) e descrevê-la pelo menos no que
diz respeito ao princípio de funcionamento, aos diversos
materiais utilizados nas diversas partes e às característi-
cas dimensionais, incluindo desenho esquemático.
6.2 Recebimento em obra
6.2.1 Quando solicitado, o fornecedor deve apresentar
previamente ao comprador o documento técnico emitido
por laboratório capacitado, com resultados de verifica-
ção do tipo, conforme 6.1, que comprovem a conformida-
de a esta Norma.
6.2.2 O comprador deve inspecionar todos os exemplares
entreguespelofornecedor,noquedizrespeitoàidentidade
entre estes e o tipo e às condições fixadas no pedido de
compra.
7 Aceitação e rejeição
7.1 O comprador deve rejeitar, total ou parcialmente, uma
partida de caixas de descarga se na inspeção referida em
6.2.2 forem encontrados exemplares diferentes do tipo, no
que diz respeito ao princípio de funcionamento, aos mate-
riais constituintes das partes e às características dimen-
sionais.
7.2 O comprador deve aceitar uma partida de caixas de
descarga se o documento técnico apresentado pelo forne-
cedor comprovar a conformidade do tipo e se a inspeção
referida em 6.2.2 não encontrar exemplares diferentes dele.