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O Mito de Sísifo
Lucas Tadeu Cavalcanti de Souza
DRE - 117234776
Contextualizando Camus
Albert Camus era um filósofo, escritor e romancista franco-argelino,
que viveu entre os anos de 1913 até 1960. Ele foi um dos maiores
expoentes do pensamento filosófico conhecido como Absurdismo,
que é derivado do existencialismo. A questão desse absurdo no nome
se dá mais pela condição do homem viver uma busca de um
significado maior na vida, e o fato de que, na realidade, isso seria
impossível, uma vez que qualquer valor inerente à vida é, para todo
caso, algo sem sentido dentro dos limites da compreensão humana.
“Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a
questão fundamental da filosofia”
Uma vez que nos deparamos com a incapacidade de compreender o absurdo da vida, o que nos resta? Como viver uma
vida sem significado algum?
Por que viver então?...
Com a questão da busca de um valor racional intrínseco a vida como sendo um esforço inútil, que Camus começa sua
linha de pensamento no seu ensaio “O Mito de Sísifo”. A partir da exposição da ideia do suicído como o real problema
filosófico a se debater, uma vez que o ato de tirar a própria vida implica em fazer um juízo de valor de que se tal vida vale
ou não a pena ser vivida. Quando se pensa sobre, essa é de fato uma questão que a filosofia em si ainda não chegou, mas
para Camus entretanto, isso não é capaz de resolver a questão do absurdo de viver: ao invés de se pôr a negar o absurdo,
devemos confrontá-lo…
…Devemos então, nos revoltar contra o absurdo!
(* BA DUM TSS *)
Mas antes de se falar mais sobre a revolta…
…deve-se compreender o mito.
O mito de Sísifo
Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália e Enarete, fundador da
cidade de Éfira, ficou conhecido por ser um dos maiores
transgressores dos deuses do Olimpo.
Em resumo, Sísifo, após atiçar a fúria de Zeus, ao contar ao
deus dos rios Asopo, que o deus do trovão havia sequestrado
sua filha Egina, foi perseguido por Tanatos, o deus da morte. É
nisso então, que Sísifo, ao enganar Tanatos, o acorrenta, sendo
necessário que Ares o liberte.
Sabendo então da iminência de seu destino final, Sísifo pede a
sua esposa que, quando ele viesse de encontro à morte, ela
não deveria sepultá-lo, e assim o fez. Ao chegar ao mundo dos
mortos, Sísifo então reclama com Hades, alegando que não
recebeu as devidas cerimônias fúnebres, e pede para voltar a
vida, para que pudesse castigar sua esposa. Acontece que
nisso, Sísifo retorna, mas engana os deuses, não retornando ao
submundo.
Diante de tal afronta, Sísifo foi condenado então a um castigo
tido como pior que a própria morte. Ele deveria subir com uma
imensa rocha um monte, para que, no topo, ela rolasse até a
base, fazendo Sísifo subir novamente com ela, sendo que esse
processo seria sempre repetido por toda a eternidade.
Acontece que, diante da natureza repetitiva e inútil de seu trabalho, é o
instante em que Sísifo se torna consciente de sua condição enquanto uma
figura trágica. Nesse momento de reflexão, é que a tarefa de Sísifo se
correlaciona com a natureza inútil da busca de um sentido lógico para o
mundo absurdo.
E é na tragédia dessa condição humana, que a revolta entra. Imagina-se, contudo, que ao se falar de se
revoltar, esse deva ser o pensamento que vem à mente, certo?
Então… Na realidade, não é bem assim. Quando se fala em revolta aqui, se fala em se ter consciência dessa
condição em meio ao absurdo, mas, ao mesmo tempo, recusá-lo.
Voltando ao paralelo com Sísifo, mesmo que ao arrastar aquela
imponente pedra morro acima, onde, durante tal ato, seu corpo e
mente só conseguem ser e viver aquela rocha, é na descida que essa
dita revolta acontece. É quando ciente do absurdo do mundo, e do
fato que ele pode parecer confuso e incompreensível à nossa razão,
que o homem pode se soltar das amarras de uma busca perdida de
um significado maior, podendo assim, se pôr a viver de fato.
Para Sísifo, no breve momento em que observa a pedra rolar abaixo, é
que ele pode ser outra coisa além daquele castigo. É nisso que ele é
capaz de sentir o universo ao seu redor, a brisa do vento que sopra ao
cume da montanha, o calor do sol que toca sua pele, o esplendor do
mundo visto pelo topo daquela montanha, tudo isso . É quando,
mesmo em meio ao absurdo da vida, com ela ocasionalmente se
colocando de forma cruel, aleatória e sem um sentido claro, é que
podemos de fato nos pôr a viver ao máximo.
“Deixo Sísifo no sopé da montanha! Sempre se reencontra seu fardo.
Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os
rochedos. Ele também acha que tudo está bem. Esse universo
Doravante sem senhor não lhe parece nem estéril nem fútil.
Cada um dos grãos dessa pedra, cada clarão mineral dessa montanha
cheia de noite, só para ele forma um mundo. A própria luta em direção
aos cimos é suficiente para preencher um coração humano…”
E com isso, gostaria de terminar com as palavras de Camus dentro de
seu próprio ensaio:
“É preciso imaginar Sísifo feliz.”
Referências bibliográficas
CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. França, 1942.
BOSCATTO, Eliane. Camus e o Absurdo em o Mito de Sísifo. Homoliteratus, 2013. Disponível em: <https://homoliteratus.com/camus-e-o-absurdo-em-o-mito-de-sisifo/> Acesso em 19 de
Nov. de 2022
OLIVEIRA, Bruno. O mito de Sísifo e a nossa batalha diária do cotidiano. Medium, 2019. Disponível
em: <https://medium.com/margin%C3%A1lia/o-mito-de-s%C3%ADsifo-e-a-nossa-batalha-di%C3%A1ria-do-cotidiano-3af77242f409> Acesso em 19 de Nov. de 2022
LUIZ, Alberto. Albert Camus - É necessário imaginar Sísifo feliz: O absurdo e a imanência. Medium, 2020. Disponível em:
<https://albertolui.medium.com/albert-camus-%C3%A9-necess%C3%A1rio-imaginar-s%C3%ADsifo-feliz-o-absurdo-e-a-iman%C3%AAncia-6a71bca64f22> Acesso em 19 de Nov. de 2022
LAURO, Rafael. Camus - O Mito de Sísifo. Razão Inadequada, 2018. Disponível em: <https://razaoinadequada.com/2018/04/18/camus-o-mito-de-sisifo/> Acesso em 19 de Nov. de 2022
CARRASCO, Bruno. Albert Camus e o absurdismo. Ex - isto, 2019. Disponível em: <https://www.ex-isto.com/2019/05/albert-camus-absurdismo.html> Acesso em 19 de Nov. de 2022
VIANNA, João. O Homem-Animal, O Coiote, Desenhos Animados e o Absurdismo | TRALHAS DO JON CLASSIC. YouTube, 2016. Disponível em:
<hhttps://www.youtube.com/watch?v=prYFzi5O4pc> Acesso em 19 de Nov. de 2022.
LAURO, Rafael. Camus - O Absurdo. Razão Inadequada, 2018. Disponível em: https://razaoinadequada.com/2018/01/10/camus-o-absurdo/. Acesso em 27 de Nov. de 2022

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O Mito de Sísifo

  • 1. O Mito de Sísifo Lucas Tadeu Cavalcanti de Souza DRE - 117234776
  • 2. Contextualizando Camus Albert Camus era um filósofo, escritor e romancista franco-argelino, que viveu entre os anos de 1913 até 1960. Ele foi um dos maiores expoentes do pensamento filosófico conhecido como Absurdismo, que é derivado do existencialismo. A questão desse absurdo no nome se dá mais pela condição do homem viver uma busca de um significado maior na vida, e o fato de que, na realidade, isso seria impossível, uma vez que qualquer valor inerente à vida é, para todo caso, algo sem sentido dentro dos limites da compreensão humana.
  • 3. “Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder a questão fundamental da filosofia” Uma vez que nos deparamos com a incapacidade de compreender o absurdo da vida, o que nos resta? Como viver uma vida sem significado algum? Por que viver então?... Com a questão da busca de um valor racional intrínseco a vida como sendo um esforço inútil, que Camus começa sua linha de pensamento no seu ensaio “O Mito de Sísifo”. A partir da exposição da ideia do suicído como o real problema filosófico a se debater, uma vez que o ato de tirar a própria vida implica em fazer um juízo de valor de que se tal vida vale ou não a pena ser vivida. Quando se pensa sobre, essa é de fato uma questão que a filosofia em si ainda não chegou, mas para Camus entretanto, isso não é capaz de resolver a questão do absurdo de viver: ao invés de se pôr a negar o absurdo, devemos confrontá-lo…
  • 4. …Devemos então, nos revoltar contra o absurdo! (* BA DUM TSS *)
  • 5. Mas antes de se falar mais sobre a revolta… …deve-se compreender o mito.
  • 6. O mito de Sísifo Sísifo, filho do rei Éolo, da Tessália e Enarete, fundador da cidade de Éfira, ficou conhecido por ser um dos maiores transgressores dos deuses do Olimpo. Em resumo, Sísifo, após atiçar a fúria de Zeus, ao contar ao deus dos rios Asopo, que o deus do trovão havia sequestrado sua filha Egina, foi perseguido por Tanatos, o deus da morte. É nisso então, que Sísifo, ao enganar Tanatos, o acorrenta, sendo necessário que Ares o liberte. Sabendo então da iminência de seu destino final, Sísifo pede a sua esposa que, quando ele viesse de encontro à morte, ela não deveria sepultá-lo, e assim o fez. Ao chegar ao mundo dos mortos, Sísifo então reclama com Hades, alegando que não recebeu as devidas cerimônias fúnebres, e pede para voltar a vida, para que pudesse castigar sua esposa. Acontece que nisso, Sísifo retorna, mas engana os deuses, não retornando ao submundo. Diante de tal afronta, Sísifo foi condenado então a um castigo tido como pior que a própria morte. Ele deveria subir com uma imensa rocha um monte, para que, no topo, ela rolasse até a base, fazendo Sísifo subir novamente com ela, sendo que esse processo seria sempre repetido por toda a eternidade.
  • 7. Acontece que, diante da natureza repetitiva e inútil de seu trabalho, é o instante em que Sísifo se torna consciente de sua condição enquanto uma figura trágica. Nesse momento de reflexão, é que a tarefa de Sísifo se correlaciona com a natureza inútil da busca de um sentido lógico para o mundo absurdo.
  • 8. E é na tragédia dessa condição humana, que a revolta entra. Imagina-se, contudo, que ao se falar de se revoltar, esse deva ser o pensamento que vem à mente, certo? Então… Na realidade, não é bem assim. Quando se fala em revolta aqui, se fala em se ter consciência dessa condição em meio ao absurdo, mas, ao mesmo tempo, recusá-lo.
  • 9. Voltando ao paralelo com Sísifo, mesmo que ao arrastar aquela imponente pedra morro acima, onde, durante tal ato, seu corpo e mente só conseguem ser e viver aquela rocha, é na descida que essa dita revolta acontece. É quando ciente do absurdo do mundo, e do fato que ele pode parecer confuso e incompreensível à nossa razão, que o homem pode se soltar das amarras de uma busca perdida de um significado maior, podendo assim, se pôr a viver de fato. Para Sísifo, no breve momento em que observa a pedra rolar abaixo, é que ele pode ser outra coisa além daquele castigo. É nisso que ele é capaz de sentir o universo ao seu redor, a brisa do vento que sopra ao cume da montanha, o calor do sol que toca sua pele, o esplendor do mundo visto pelo topo daquela montanha, tudo isso . É quando, mesmo em meio ao absurdo da vida, com ela ocasionalmente se colocando de forma cruel, aleatória e sem um sentido claro, é que podemos de fato nos pôr a viver ao máximo.
  • 10. “Deixo Sísifo no sopé da montanha! Sempre se reencontra seu fardo. Mas Sísifo ensina a fidelidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também acha que tudo está bem. Esse universo Doravante sem senhor não lhe parece nem estéril nem fútil. Cada um dos grãos dessa pedra, cada clarão mineral dessa montanha cheia de noite, só para ele forma um mundo. A própria luta em direção aos cimos é suficiente para preencher um coração humano…” E com isso, gostaria de terminar com as palavras de Camus dentro de seu próprio ensaio: “É preciso imaginar Sísifo feliz.”
  • 11. Referências bibliográficas CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. França, 1942. BOSCATTO, Eliane. Camus e o Absurdo em o Mito de Sísifo. Homoliteratus, 2013. Disponível em: <https://homoliteratus.com/camus-e-o-absurdo-em-o-mito-de-sisifo/> Acesso em 19 de Nov. de 2022 OLIVEIRA, Bruno. O mito de Sísifo e a nossa batalha diária do cotidiano. Medium, 2019. Disponível em: <https://medium.com/margin%C3%A1lia/o-mito-de-s%C3%ADsifo-e-a-nossa-batalha-di%C3%A1ria-do-cotidiano-3af77242f409> Acesso em 19 de Nov. de 2022 LUIZ, Alberto. Albert Camus - É necessário imaginar Sísifo feliz: O absurdo e a imanência. Medium, 2020. Disponível em: <https://albertolui.medium.com/albert-camus-%C3%A9-necess%C3%A1rio-imaginar-s%C3%ADsifo-feliz-o-absurdo-e-a-iman%C3%AAncia-6a71bca64f22> Acesso em 19 de Nov. de 2022 LAURO, Rafael. Camus - O Mito de Sísifo. Razão Inadequada, 2018. Disponível em: <https://razaoinadequada.com/2018/04/18/camus-o-mito-de-sisifo/> Acesso em 19 de Nov. de 2022 CARRASCO, Bruno. Albert Camus e o absurdismo. Ex - isto, 2019. Disponível em: <https://www.ex-isto.com/2019/05/albert-camus-absurdismo.html> Acesso em 19 de Nov. de 2022 VIANNA, João. O Homem-Animal, O Coiote, Desenhos Animados e o Absurdismo | TRALHAS DO JON CLASSIC. YouTube, 2016. Disponível em: <hhttps://www.youtube.com/watch?v=prYFzi5O4pc> Acesso em 19 de Nov. de 2022. LAURO, Rafael. Camus - O Absurdo. Razão Inadequada, 2018. Disponível em: https://razaoinadequada.com/2018/01/10/camus-o-absurdo/. Acesso em 27 de Nov. de 2022