O documento descreve a evolução do mito de Lilith no folclore hebreu e outras culturas. Lilith era originalmente uma esposa igual a Adão, mas se recusou a se submeter a ele e foi demonizada. Ela se tornou associada à sexualidade feminina e foi retratada de forma negativa pelas tradições patriarcais para reprimir a libido feminina. O mito de Lilith foi apropriado e distorcido por diferentes culturas ao longo do tempo.
3. No folclore popular hebreu ela é tida como a primeira esposa de
Adão. Ela o abandonou partindo do Jardim do Éden, em função
de um requerimento negado por Deus, ao seu direito de
pertencer e existir como igual em relação ao seu homem, pelo
equilíbrio entre Feminino e Masculino, representados em seu
discurso de também querer ficar por cima durante a relação
sexual; e foi posteriormente demonizada após sua “expulsão” do
paraíso hebreu, como conseqüência de sua ousadia, segundo a
visão patriarcal.
Esta lida é encontrada em algumas versões do Gênesis, no Antigo
Testamento, segundo o reconhecimento de que Lilith havia sido
criada por Deus com a mesma matéria prima de Adão, e por
isso, era sua igual. Deus decide então, dar uma segunda esposa
para suprimir a solidão de Adão: Eva, sendo esta feita de sua
costela, e tendo portanto, um status menor na hierarquia da
existência.
Na modernidade, esse evento levou à popularização da idéia de que
Lilith foi a primeira mulher mítica a ter consciência de sua
importância e papel no Feminino Arquetípico, e por essa razão,
se impôs contra o sistema patriarcal.
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5. A EVOLUÇÃO DO MITO NA DEGENERAÇÃO DA IMAGEM FEMININA
Três anjos foram enviados para convencê-la a retornar ao
Éden, porém ela, ofendida, se recusou a voltar, unindo-se
aos “anjos caídos” e casando-se com Samael, que
posteriormente seria transformado, pela tradição cristã
canônica, em Lúcifer.
Sob a forma de Samael, Lúcifer tentou a Eva, enquanto Lilith
tentava a Adão, seduzindo-os ao adultério.
Desde então, segundo o mito, o homem, em sua condição
humana, foi expulso do paraíso divino e Lilith, por sua vez,
passou a ser “condenada” a destruir a humanidade, por
ser esta a resultante do Sexo, o Pecado Original,
ironicamente regido por Lilith como o Rito da Vida e da
Fertilidade.
O homens, filhos do adultério de Adão com Eva, passaram a
ser perseguidos, principalmente os que cometiam
adultério; e as crianças, descendentes da maldição de
seus pais originais, seriam por ela devoradas; e os recém
casados, seduzidos por sua vingança.
6. A imagem mais conhecida de Lilith é a que nos foi passada
através da cultura hebraica, uma vez que os hebreus
foram aprisionados e reduzidos à servidão durante o
Império Babilônico, onde Lilith era cultuada.
É bastante provável que os hebreus vissem a Lilith como
um símbolo de algo negativo e desprezível.
E é desta forma que sua transformação, de Deusa para um
status deturpado, foi elaborada pelo modelo hebraico
religioso.
Assim surgiram as lendas vampirescas, posteriormente
adaptadas e manipuladas pela Igreja Católica: Lilith dava
à luz a cem filhos por dia, súcubus quando femininos e
íncubus quando masculinos, ou lilims, como eram
conhecidos. Acreditava-se que eles se alimentavam da
energia desprendida do corpo humano durante o ato
sexual e também de seu sangue. Eram dotados do dom
de manipular os sonhos humanos, e seriam os
responsáveis pelas poluções noturnas em meninos.
7. Na Suméria e na Babilônia, Lilith era, ao mesmo tempo,
cultuada e também identificada com os aspectos
negativos da Mãe Terrível, sendo igualmente
equiparada em poder com demônios e espíritos
malignos.
É possível que esta brecha tenha sido aproveitada pelos
hebreus para recontar o mito, afim de prevenir,
fortalecer e proteger psicologicamente a seu povo.
Seus símbolos mais utilizados eram a Lua e a coruja,
pois assim como a lua ela seria uma deusa de fases
boas e ruins; e também, assim como a coruja, poderia
enxergar e caçar durante a noite, podendo ser este
um significado para representar o inconsciente,
simbolizado pelos aspectos noturnos da coruja e da
Lua.
Alguns estudiosos a comparam a várias deusas da
fertilidade, como também com deusas terríveis,
devido ao sincretismo com outras culturas.
8. Pode ser que, em função de sua
longínqua associação noturna e
representações artísticas da
Antiguidade, tenha surgido a
denominação screech owl, sob o
animal totêmico da coruja,
também relacionada à sabedoria
feminina lunar.
Há uma famosa tradução inglesa,
da Bíblia KJV ou King James
Version, em Isaías 34:14: The
screech owl also shall rest there.
(Tradução: a coruja também
deve descansar lá.)
9. A palavra Lilith vem do sumério Lulu, que
significa “libertinagem”, e também pode
ser interpretada como “licenciosidade
amorosa”, como também “aquela que
se apoderou da Luz.”
10. Na Era Medieval, Lilith foi bem
reconhecida como uma entidade
malévola, na boca dos camponeses
supersticiosos manipulados pelo
cristianismo, em crenças como:
deixar um amuleto com o nome dos
três anjos que tentaram levá-la de
volta ao Éden, Sanvi, Sansavi e
Samangelaf, para que ela não tirasse
a vida do crente; assim como para as
mulheres, era dada a crendice para
que acordassem seus maridos se
sorrissem enquanto dormiam, pois os
mesmos estariam sob os efeitos do
poder da deusa.
11. Em Isaías 34:14 temos: “E as feras
do deserto se encontrarão com
hienas; e o sátiro clamará ao seu
companheiro; e Lilite pousará ali,
e achará lugar de repouso para
si.”
É clara a associação desta
passagem com o mito do deus
Pan, demonizado juntamente
com Apolo para o simbolismo de
Lúcifer, posteriormente criado
pela Igreja cristã.
Nas traduções modernas da Bíblia a
palavra Lilite é substituída por
demônio ou bruxa do deserto.
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14. Assim, a transformação de uma deusa
sagrada e ctônica (do útero de uma terra
enegrecida) se deu no modelo hebraico
sob o título de demônio sexual.
E assim, igualmente, surgiram as lendas
sobre as vampiras fêmeas, muito antes
de Byron recriar o mito do vampiro
sedutor no período romântico: Lilith
dava à luz a cem lilims por dia, súcubus
quando fêmeas e íncubus quando
machos.
Uma vez possuído por um súcubo,
dificilmente um homem saía com vida.
Neste aspecto, Lilith era relacionada ao
rito do canibalismo.
16. SIX – SIX – SIX
SEX – SEX – SEX
SEXY – SEXY – SEXY
SEXO – SEXO – SEXO
PODER - SEXO - PRAZER
17. A “loucura”, manifestando-se nos transtornos mentais em mulheres, pode estar
relacionada à repressão violenta da libido.
A histeria, a síndrome do pânico, as esquizofrenias, as paranóias, gerando
sofrimento como alucinações auditivas e visuais, manias de perseguição,
dores sem causa aparente, complexo de culpa por acreditar que “praticou
o mal”, como também o sexo como símbolo do mal, inclusive tentativas
consecutivas de suicídio, sensações de ser inadequada ou estar
marginalizada, podem ser uma resultante psíquica de uma força
arquetípica muito poderosa reprimida no inconsciente feminino, e que
pede para ser integrada, através da aceitação do instinto, da sexualidade,
da intuição, da inteligência e da criatividade.
Desconfianças paranóides de tudo e de todos: dos filhos, do marido, da família,
dos amigos, do amor, da capacidade de amar dos homens e do Divino.