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ExpressãoUniversitária
Outubro/2014
Por Moisés Cardoso
Mestre em Desenvolvimento Regional pela FURB; especialista em Novas Mídias; Jornalista; Publicitário e Professor
enchente
O
avanço tecnológico e econô-
mico do Vale do Itajaí interfe-
re na natureza, na população
e seu padrão de vida, reflexo
da intensa modificação so-
cial, econômica e política que
o Brasil vivencia hoje. Um jo-
vem da periferia navega pela internet tanto
ou mais que um senhor de meia idade, mo-
rador de um sofisticado condomínio em um
bairro nobre.
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vez mais conectado, seja por cabos de rede
ou pelo sinal de 3G ou 4G, a deficiência de
planejamento urbano e a ocupação de áre-
as inapropriadas prosseguem em Blumenau
e região,
já que o
municí-
pio está
inserido
em um
vale e
não en-
c o n t r a
alterna-
tivas de
se desen-
v o l v e r
geogra-
ficamen-
te. En-
tretanto,
não há
c o m o
deixar de
a d o t a r
responsabilidades específicas – de governan-
tes, empresários e habitantes – com a justifi-
cativa das limitações impostas pela natureza.
Dos inúmeros desastres climáticos ocor-
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os níveis das águas não estavam em questão,
mas sim a mudança nas tecnologias e na evo-
lução do processo de comunicação desenca-
deado durante a cobertura do evento.
Foi implementada, pela primeira vez,
uma tecnologia diferenciada de comunica-
ção. O advento das redes sociais virtuais, em
especial o Twitter, que passou a ser usado
por grande parte da população, por veículos
de comunicação e demais entidades e autar-
quias. Registre-se o fato de ser um procedi-
mento comunicacional totalmente novo e
distinto dos até então visualizados em todas
as edições anteriores de catástrofes na região.
Essa assertiva se respalda na reflexão teórica
desenvolvida, com a orientação dos autores
pesquisados e de todos os elementos para
trabalhar essa problemática, reunidos na dis-
sertação de mestrado do PPGDR: “Mídia,
desastres socioambientais e suas implicações
para o desenvolvimento regional. Estudo de
caso da enchente de 2011 no Vale do Itajaí
a partir da cobertura realizada pelo Jornal de
Santa Catarina no Twitter”.
Desenvolveu-se então um construto para
identificar o papel da mídia na constituição
da notícia e sua percepção pública dos riscos
associados aos desastres naturais. Ele mos-
trou que as informações protagonizaram vá-
riosmomentosdetransição,quandodiferen-
tes assuntos eram pautados à medida que o
nível das águas subia e alagava a região.
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operacionalizados para “filtrar” os dados.
Inicialmente, utilizou-se uma macroamos-
tragem composta por 743 tweets publicados
pelo “Santa” em seu perfil no Twitter, entre
os dias 6 e 15 de setembro. Mas, como este
período contemplava muitas informações
que não eram pertinentes à investigação, foi
necessário analisar cada uma das postagens
com vistas a eliminar o material que não per-
tencia ao veículo objeto da pesquisa, caracte-
rizadocomo“RTs”,etambémtodoconteúdo
que não se referia à enchente. Esses primei-
ros filtros permitiram reunir 531 tweets, os
quais seriam trabalhados individualmente
para responder às diferentes questões pro-
postas.
O Santa realizou a cobertura da enchen-
te,dentrodeumconjuntodenormativasque
talvez nem o próprio jornal tenha conheci-
mento dos procedimentos, já que se desen-
cadearam de forma quase automática. No
calor dos relatos feitos no decorrer desta in-
vestigação, a dinâmica dos fatos não poderia
ser diferente. A mídia tem, sobretudo, uma
preocupação com a atualidade das informa-
ções, veiculadas especialmente por esses ti-
pos de suporte imediatos como o Twitter e
o Facebook, em que a instantaneidade dos
fatos é mais acentuada do que na mídia im-
pressa tradicional, reportada somente no dia
seguinte.
Se questionarmos sobre o que todo esse
conjunto de informação pode sinalizar para
o desenvolvimento regional, a resposta vai
apontar para a afirmação de que, no momen-
to em que foi realizada a pesquisa e apura-
dos os fatos, seria impossível o “Santa” fazer
a mesma cobertura jornalística de maneira
diferente.
A cobertura diferente que poderia ser de-
senvolvida pelo “Santa” remete a outro ques-
tionamento: que impacto essa cobertura jor-
nalística pode ter para a percepção do leitor?
Eventualmente, poderia acentuar uma visão
de que o evento enchente está ligado apenas
a um pequeno conjunto de fatos: uma preci-
pitação volumosa e uma elevação dos níveis
dos rios que, por sua vez, atingem a popula-
ção, valendo lembrar que as famílias de baixa
renda sentem mais os impactos de uma en-
chente porque estão na “linha de frente” da
tragédia. Na realidade, é o modelo de desen-
volvimento que contribui para que o even-
to tenha essa dimensão, em especial devido
a desmatamentos, ocupações irregulares do
solo, construções próximas a encostas, resi-
dências na beira de córregos e todas as de-
mais questões evidenciadas neste trabalho.
Quandoojornalnãomostraqueessemo-
delo de desenvolvimento contribui para um
ciclo de continuidade, o leitor não consegue
perceber-se dentro desse contexto como o
principal elemento responsável por tal resul-
tado. Ressalta-se, sobre a atribuição de culpa
sobre o munícipe pagador de impostos que,
em rigor, ninguém reside em uma situação
precária, na encosta de um barranco ou na
beira de um ribeirão por iniciativa própria.
Ainda assim, o cidadão não consegue ob-
servar,porexemplo,queopoderpúbliconão
tem uma política habitacional, de ocupação
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mentosdaurbanizaçãoquemitigariamestra-
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res.
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tre socioambiental de 2011 pelo Twitter do
“Santa”, deu maior ênfase aos aspectos rela-
cionados aos acontecimentos factuais e às
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bito relacional e contextual da catástrofe, in-
fluencia a análise crítica acerca de referidos
acontecimentos. Logo, em última análise, a
cobertura da mídia nas enchentes pode con-
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e as implicações
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beiocardoso@gmail.com
Se questionarmos sobre o
que todo esse conjunto de
informação pode sinalizar para
o desenvolvimento regional,
a resposta vai apontar para a
firmação de que, no momento
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pesquisa e apurados os dados,
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fazer a mesma cobertura
jornalística de forma diferente
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Cobertura mídia desastres Blumenau

  • 1. Ano4 Númeroxxxxxx/xxx/20xx www.sinsepes.org.br Uma publicação do Sindicato dos Servidores Públicos do Ensino Superior de Blumenau ExpressãoUniversitária “A repetição dramática dos desastres decorrentes das chuvas é prova inquestionável do quanto ainda a situação habitacional é um grande desafio aos municípios” Keila Tyciana Peixer, professora da furb e mestre em arquitetura e urbanismo um olhar sobre o programa ‘minha casa minha vida’ em blumenau PáGINas 12 e 13 inclusão ainda é desafio em blumenau proporcionar o bem estar e acesso dos portadores de necessidades espe- ciais nas diferentes estruturas desa- fia a cidade em diversos segmentos Página 5 uma análise sobre a cobertura da mídia nos desastres em blumenau conheça a pesquisa sobre o tema feita no mestrado em desenvolvimento regional da furb Página 4 Uma publicação do Sindicato dos Servidores Públicos do Ensino Superior de Blumenau Ano4 Número47Outubro/2014 www.sinsepes.org.br Uma publicação do Sindicato dos Servidores Públicos do Ensino Superior de Blumenau ”O olhar do cubano não mente, seja no campo ou na cidade, expressa a dignidade com que vivem. Seus olhos sorriem!” juliana adriano, socióloga, eduadora e fotógrafa galeria - ensaio fotográfico: flagrantes de cuba PáGINAs 6 e 7 ExpressãoUniversitária “Eu me considero um cidadão melhor, mais tolerante às diferenças. Quando eu fiz a primeira viagem achava que sabia muito. Quanto mais você estuda você vai tendo a noção de que menos sabe” charles zimmermann, estudante da furb, viajante e autor de quatro livros sem limites para desbravar: volta ao mundo com mochila nas costas PáGINAs 8 e 9 jaraguaense charles zimmermann coleciona imagens como esta que ilustra a capa nos dez anos de viagens de mochila e bicicleta por todos os continentes. o estudante do mestrado em desenvolvi- mento regional da furb ganhou fama nacional e prepara o quarto livro sobre as andanças mundo afora. págs 8 e 9 um mundo para desbravar foto:charleszimmermann arquivo magalimoser
  • 2. 4 ExpressãoUniversitária Outubro/2014 Por Moisés Cardoso Mestre em Desenvolvimento Regional pela FURB; especialista em Novas Mídias; Jornalista; Publicitário e Professor enchente O avanço tecnológico e econô- mico do Vale do Itajaí interfe- re na natureza, na população e seu padrão de vida, reflexo da intensa modificação so- cial, econômica e política que o Brasil vivencia hoje. Um jo- vem da periferia navega pela internet tanto ou mais que um senhor de meia idade, mo- rador de um sofisticado condomínio em um bairro nobre. Embora convivamos em um mundo cada vez mais conectado, seja por cabos de rede ou pelo sinal de 3G ou 4G, a deficiência de planejamento urbano e a ocupação de áre- as inapropriadas prosseguem em Blumenau e região, já que o municí- pio está inserido em um vale e não en- c o n t r a alterna- tivas de se desen- v o l v e r geogra- ficamen- te. En- tretanto, não há c o m o deixar de a d o t a r responsabilidades específicas – de governan- tes, empresários e habitantes – com a justifi- cativa das limitações impostas pela natureza. Dos inúmeros desastres climáticos ocor- ridos, este artigo se refere às cheias de 2011. Esta enchente não foi a maior nem a menor; os níveis das águas não estavam em questão, mas sim a mudança nas tecnologias e na evo- lução do processo de comunicação desenca- deado durante a cobertura do evento. Foi implementada, pela primeira vez, uma tecnologia diferenciada de comunica- ção. O advento das redes sociais virtuais, em especial o Twitter, que passou a ser usado por grande parte da população, por veículos de comunicação e demais entidades e autar- quias. Registre-se o fato de ser um procedi- mento comunicacional totalmente novo e distinto dos até então visualizados em todas as edições anteriores de catástrofes na região. Essa assertiva se respalda na reflexão teórica desenvolvida, com a orientação dos autores pesquisados e de todos os elementos para trabalhar essa problemática, reunidos na dis- sertação de mestrado do PPGDR: “Mídia, desastres socioambientais e suas implicações para o desenvolvimento regional. Estudo de caso da enchente de 2011 no Vale do Itajaí a partir da cobertura realizada pelo Jornal de Santa Catarina no Twitter”. Desenvolveu-se então um construto para identificar o papel da mídia na constituição da notícia e sua percepção pública dos riscos associados aos desastres naturais. Ele mos- trou que as informações protagonizaram vá- riosmomentosdetransição,quandodiferen- tes assuntos eram pautados à medida que o nível das águas subia e alagava a região. Diferentes processos de triagem foram operacionalizados para “filtrar” os dados. Inicialmente, utilizou-se uma macroamos- tragem composta por 743 tweets publicados pelo “Santa” em seu perfil no Twitter, entre os dias 6 e 15 de setembro. Mas, como este período contemplava muitas informações que não eram pertinentes à investigação, foi necessário analisar cada uma das postagens com vistas a eliminar o material que não per- tencia ao veículo objeto da pesquisa, caracte- rizadocomo“RTs”,etambémtodoconteúdo que não se referia à enchente. Esses primei- ros filtros permitiram reunir 531 tweets, os quais seriam trabalhados individualmente para responder às diferentes questões pro- postas. O Santa realizou a cobertura da enchen- te,dentrodeumconjuntodenormativasque talvez nem o próprio jornal tenha conheci- mento dos procedimentos, já que se desen- cadearam de forma quase automática. No calor dos relatos feitos no decorrer desta in- vestigação, a dinâmica dos fatos não poderia ser diferente. A mídia tem, sobretudo, uma preocupação com a atualidade das informa- ções, veiculadas especialmente por esses ti- pos de suporte imediatos como o Twitter e o Facebook, em que a instantaneidade dos fatos é mais acentuada do que na mídia im- pressa tradicional, reportada somente no dia seguinte. Se questionarmos sobre o que todo esse conjunto de informação pode sinalizar para o desenvolvimento regional, a resposta vai apontar para a afirmação de que, no momen- to em que foi realizada a pesquisa e apura- dos os fatos, seria impossível o “Santa” fazer a mesma cobertura jornalística de maneira diferente. A cobertura diferente que poderia ser de- senvolvida pelo “Santa” remete a outro ques- tionamento: que impacto essa cobertura jor- nalística pode ter para a percepção do leitor? Eventualmente, poderia acentuar uma visão de que o evento enchente está ligado apenas a um pequeno conjunto de fatos: uma preci- pitação volumosa e uma elevação dos níveis dos rios que, por sua vez, atingem a popula- ção, valendo lembrar que as famílias de baixa renda sentem mais os impactos de uma en- chente porque estão na “linha de frente” da tragédia. Na realidade, é o modelo de desen- volvimento que contribui para que o even- to tenha essa dimensão, em especial devido a desmatamentos, ocupações irregulares do solo, construções próximas a encostas, resi- dências na beira de córregos e todas as de- mais questões evidenciadas neste trabalho. Quandoojornalnãomostraqueessemo- delo de desenvolvimento contribui para um ciclo de continuidade, o leitor não consegue perceber-se dentro desse contexto como o principal elemento responsável por tal resul- tado. Ressalta-se, sobre a atribuição de culpa sobre o munícipe pagador de impostos que, em rigor, ninguém reside em uma situação precária, na encosta de um barranco ou na beira de um ribeirão por iniciativa própria. Ainda assim, o cidadão não consegue ob- servar,porexemplo,queopoderpúbliconão tem uma política habitacional, de ocupação adequada do solo mais adequada ou mesmo um modelo que privilegie determinados ele- mentosdaurbanizaçãoquemitigariamestra- gos provocados por essa conjunção de fato- res. Acredita-se que a cobertura do desas- tre socioambiental de 2011 pelo Twitter do “Santa”, deu maior ênfase aos aspectos rela- cionados aos acontecimentos factuais e às causas naturais do desastre e menos ao âm- bito relacional e contextual da catástrofe, in- fluencia a análise crítica acerca de referidos acontecimentos. Logo, em última análise, a cobertura da mídia nas enchentes pode con- tribuir ou para a solução ou para a perpetu- ação de fenômenos relacionados ao modelo de desenvolvimento do território, como os desastres socioambientais. Mídia, desastres socioambientais e as implicações no desenvolvimento regional beiocardoso@gmail.com Se questionarmos sobre o que todo esse conjunto de informação pode sinalizar para o desenvolvimento regional, a resposta vai apontar para a firmação de que, no momento em que foi realizada, a pesquisa e apurados os dados, seria impossível o “Santa” fazer a mesma cobertura jornalística de forma diferente Magali Moser