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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FACULDADE CEUT
Teresina, 24 de junho de 2013 - Ano 6 - nº 13
O cordelista e a biblioteca
popular aberta em casa
Redes Sociais:
“pais e filhos” ou
“pais versus filhos”?
Uma pesquisa que foi le-
vantada pela McAfee Inc.
(empresa de informática fo-
cada em soluções de seguran-
ça), realizada no ano de 2012,
constatou que 65% dos pais
estão nas redes sociais para
vigiar os fi-
lhos. Em con-
traste, a pes-
quisa ainda
revelou que
45% dos jo-
vens que es-
tão conecta-
dos revelam
Foto:DiógenesMacêdo
Esgotos a céu
aberto no Dirceu
Câmara
Municipal
de Teresina
As sessões ordinárias da
Câmara Municipal de Teresi-
na ocorrem de terça a quinta
e as segundas e sextas são os
dias destinados às audiên-
cias públicas. A maioria das
pautas discutidas são sobre
saúde, transporte público e
regulamentações fundiárias.
Pág. 11
Lesões no
trabalho
Conheça as lesões mais co-
muns ocorridas no trabalho.
Confira casos de lesões, saiba
como preveni-las e a impor-
tância do tratamento medi-
camentoso e fisioterapêutico.
Pág. 09
Pedal Noturno: a noite, em Teresina, agora conta com
prática do Ciclismo. Pág. 08
Galeria de esgoto a céu
aberto no bairro Dirceu, na
zona sudeste de Teresina,
causa transtornos como mau
cheiro, proliferação de inse-
tos e enchentes, aos morado-
res do bairro há mais de dez
Enquete
Você acredita que política e
religião trabalham bem jun-
tas? Por quê? Pág. 12
LEI MARIA DA PENHA:
Segundo a Delegada Vilma,
a lei é uma arma contra a
violência
Foto:AbdiasNascimento
Infográfico:MozartMenezes
que, se soubessem que estão
sendo vigiados pelos pais,
mudariam de comportamen-
to. Confira os dados da pes-
quisa na matéria. Pág. 07
anos. Teresina é considerada
a 5ª pior capital em cobertu-
ra de esgoto, mas a AGESPI-
SA promete expandir a rede
de abastecimento através de
recursos do PAC. Pág. 06
José Bezerra de Carvalho, conhecido como Zé Bezerra ou Águia de Prata, cearense. Mudou-se para Teresina ainda
criança, onde há anos escreve uma trajetória bem sucedida como poeta cordelista com 56 folhetos e 12 cordelitos.
Violência
contra a mulher
De acordo com o Levanta-
mento do Poder Judiciário,
em relação à Lei Maria da
Penha durante os cinco pri-
meiros anos de validade da
lei, o Piauí ocupa o 3º lugar
no ranking nacional
onde as mu-
lheres mais
sofrem vio-
lência do-
méstica.
Pág. 03
Foto:FranciscoBarbosa
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FACULDADE CEUT
Diretor Geral: Hornório José Nunes Bona
Diretor Financeiro: Ranieri Mauro Vilarinho Brito
Diretora Administrativa: Zizita Dolores Bona de Carvalho
Diretora Acadêmica: Maria de Fátima Araújo Portela
Divisão de Criação e Divulgação: Moema Antonina Bona de Carvalho
Coordenadora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Christianne Matos de Paiva
Assessora Acadêmica: Lina Rosa de Jesus Bona
Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Maria Helena Almeida de Oliveira
Professor Responsável: Cristiane Lima Ventura
Editor: Cristiane Lima Ventura e Fernando Carvalho Brito
Planejamento Gráfico: AGECOM - Agência de Comunicação Jr.
Revisão: José Airton F. de Sousa
Equipe de Redação e Reportagem: Abdias Nascimento, Artur Vasconcelos, Camila Fortes, Denis Alves,
Denison Duarte, Diógenes Macêdo, Fernando Brito, Francisco Barbosa, Gregória Silva, Lisiane Ventura,
Lucas Marreiros, Mayara Soares e Sidney Cardoso.
Centro de Ensino Unificado de Teresina - CEUT
Avenida dos Expedicionários - nº 790 - Bairro São João - Teresina / Piauí - CEP: 64046-700
Fone: (86) 4009-4300 - Fax: (86) 3232-4888
E-mail: jornalmatraca@ceut.com.br
Teresina, 24 de junho de 2013 2
Tempos de convergência
EDITORIAL
M
uito se fala sobre convergência nos dias
de hoje, mas o entendimento ainda é
pouco. A convergência tecnológica e a
convergência midiática completam uma a outra
e, dessa maneira, formam o cenário da comuni-
cação atual.
A utilização de uma única tecnologia para
vários fins e a união de tecnologias para multi-
funcionalidades consiste em um novo caminho,
que os meios de comunicação encontraram para
se adaptar à internet, já que assim outras mídias
podem fazer parte da internet.
Nos dias de hoje o mundo vive conectado. E
as pessoas também. Um acontecimento não fica
isolado do outro lado do mundo, pode rapida-
mente chegar ao conhecimento de muitas pes-
soas, em várias partes do mundo. Além disso,
ainda existe uma necessidade de se trabalhar
em vários tipos de mídia, não só para se manter
atual, mas para conseguir dar conta da grande
demanda de informação, que pode ser trans-
mitida de maneira diferente por cada mídia e
assim conquistar públicos cada vez mais hetero-
gêneos.
O jornalismo ganha muito com essa conver-
gência, podendo ser trabalhado de diversas for-
mas e ser consumido de maneira local e global,
somando novas formas de comunicar, divulgar
e produzir. A chegada da interatividade permi-
te aos interlocutores uma chance de dar uma
resposta, contestar, compartilhar e até modificar
a maneira como a comunicação está sendo feita,
diminuindo as fronteiras (não só entre países),
mas também a distância entre veículos e inter-
locutores, tornando-se quase impossível estar
alheio aos acontecimentos.
A informação é transmitida de um veículo
para outro e de uma tecnologia para outra,
acessível pelo computador, televisão, celu-
lar, rádio e outras tecnologias. O profissional
da comunicação deve estar apto a trabalhar
com várias mídias ao mesmo tempo, para se
encaixar nesse mercado que, embora esteja
constantemente em crescimento, ainda é ca-
rente de profissionais que realmente saibam
trabalhar com a convergência, respeitando as
particularidades de cada meio de comunica-
ção.
Esse profissional, que sabe passar de uma
tecnologia a outra sem perder conteúdo,
encaixa-se nesse cenário de convergência tec-
nológica. É o conteúdo que mantém acesso e
audiência, e principalmente a maneira como
esse conteúdo é trabalhado para conquistar o
acesso e a audiência do veículo.
Hoje, a grande preocupação é em saber
como esse profissional está sendo prepara-
do, se a comunicação nunca foi como é hoje.
Como as academias podem preparar o aluno
para essa convergência? De certa forma, o
mundo acadêmico mal começou a dar aten-
ção às mudanças que se aproximam de forma
rápida, o que exige um novo perfil do profis-
sional da comunicação.
A tecnologia faz mais descobertas a cada dia
e elas cada vez mais estão entrando em uso
comum no dia a dia das pessoas. Esse modo
tecnológico de viver contribui para facilitar a
aderência de conteúdo gerada pelos grandes e
pequenos geradores de informação.
Mas, se hoje vivemos o começo da conver-
gência tecnológica e midiática, só o tempo vai
tornar mais fácil entender e teorizar melhor
a respeito dessa novidade, da sua complexi-
dade e da responsabilidade necessária para
sua utilização, para que as pessoas e o mundo
desfrutam de conteúdos cada vez mais ricos.
LUCAS MARREIROS
Não à violência contra a mulher
A
violência contra a mulher costuma ser
divulgada na mídia de maneira recor-
rente e banal. Na maioria dos casos,
observamos o agressor sendo colocado como
figura central, ou seja, seu rosto é estampado nos
diferentes veículos na prática de um sensaciona-
lismo exacerbado em relação ao sofrimento da
vítima.
Diante de um tema tão relevante para a socie-
dade, resolvemos abordar o assunto sob uma
ótica diferenciada. Costuma ser falado e realçado
o enorme sofrimento porque a mulher, seja ela,
esposa, filha, enteada, sobrinha, passa. Puro
sensacionalismo? Talvez sim, já que a busca
desenfreada por audiência serve de justificati-
va para inúmeros tropeços na conduta ética. É
importante lembrar que essa agressão ocorre
não só no ambiente familiar como também em
outros cenários, não se limitando apenas à esfe-
ra privada.
A assistência à saúde da mulher nesse contex-
to degradante é muitas vezes esquecida. É como
se o aparato jurídico, que precisa garantir a se-
gurança, cuidar dos processos, dá voz para as ví-
timas, já desse um conforto e fechasse a lacuna
que a agressão causa na vida de quem sofre. Na
verdade, esse delito, que não se restringe apenas
à questão física, como também sexual e psicoló-
gica, necessita de uma maior atenção da saúde
pública e dos cidadãos quanto à importância
Apurem os olhos, abram a mente, conectem
os sentidos para as notícias que movimentam
nossas vidas, está em cena mais uma edição do
nosso jornal laboratório Matraca, o veículo im-
presso e on-line produzido por alunos do curso
de Jornalismo do CEUT, editado e diagramado
pela AGECOM CEUT - Agência de Notícias Jr.,
da faculdade, sob a orientação da professora
Cristiane Ventura.
Fruto da aplicação prática dos conteúdos
aprendidos em sala de aula e no ambiente da
AGECOM CEUT, o Matraca tem por missão
divulgar matérias sobre temas de relevância
para a comunidade acadêmica do CEUT e para a
sociedade de modo ampliado, vez que o espaço
privilegia a apuração e a reflexão acerca dos con-
teúdos abordados e não a urgência do furo.
Longe de ser um noticiário frio, entretanto,
o Matraca traz o que há de mais quentinho em
produção de informação e comunicação, que é
o vigor da busca pela pauta não convencional.
Aquela que se mostra oportuna pelo que traz
para além do imediatismo, cuja relevância está
na propriedade de abrir espaço ao que nem
sempre é visto e dito na grande mídia. É a isso, a
final, ao que se propõe a experimentação acadê-
mica, a revelar um novo modo de falar sobre a
gente que está no mundo fazendo com ele gire
e promova acontecimentos que mereçam virar
notícia.
Boa leitura e que o Matraca faça um barulhi-
nho bom na sua mente e na sua vida, produzindo
ecos para as notícias que precisam ser propala-
das mundo afora.
Maria Helena de Almeida Oliveira
Coordenadora do Curso de Comunicação Social
da Faculdade CEUT.
Apresentação
de denunciar e, acima de tudo, entender a
dimensão do problema que acomete todas as
classes sociais, sem distinção.
Ao imaginarmos uma vítima de estupro,
por exemplo, precisamos ter noção do enor-
me trauma passado com marcas profundas,
que precisam ser levadas em consideração
e trabalhadas com auxílio multidisciplinar
para recuperar o amor próprio e possibilitar
a continuação da vida para essas mulheres.
Se a violência contra a mulher é recorrente,
se a saúde está debilitada, é preciso que os
representantes do povo comecem a trabalhar
essa situação questionando as melhorias que
podem ser feitas para amenizar o problema.
ARTIGO
Boa leitura e que o Matraca faça
um barulhinho bom na sua mente
e na sua vida, produzindo ecos
para as notícias que precisam ser
propaladas mundo afora.
“
”Maria Helena de Oliveira
Jornalista e Publicitária
Teresina, 24 de junho de 2013 3
Violência contra a mulher é
problema de saúde pública
MATÉRIA ESPECIAL
ARTUR VASCONCELOS
D
e acordo com o Le-
vantamento do Poder
Judiciário, em relação
à Lei Maria da Penha duran-
te seus cinco primeiros anos
de validade, o Piauí ocupa o
3º lugar no ranking nacio-
nal onde as mulheres mais
sofrem violência doméstica.
Além desse tipo recorrente
de agressão, o SAMVIS (Ser-
viço de Assistência à Mulher
Vítima de Violência Sexual)
que funciona na Maternidade
Evangelina Rosa registrou,
em 2012, 459 casos de estu-
pro em Teresina.
Na manhã do dia 15/04 foi
realizada uma audiência pú-
blica na Câmara da Capital,
que objetivava discutir os vá-
rios tipos de violência contra
a mulher e a situação atual do
nosso estado. A proponente
da discussão foi a vereadora
Teresa Britto, que afirmou
a importância desse debate
em todos os setores sociais,
Foto: Francisco Barbosa
baseando-se em dados da si-
tuação atual enfrentada. “O
Brasil ocupa o 7° lugar mun-
dial de homicídios contra as
mulheres. Em Teresina, 25%
das ações tramitando na jus-
tiça hoje são relacionadas a
esse tipo de agressão. É pre-
ciso discutir e criar novas po-
líticas públicas, já que essa
violência tem consequências
graves para a família e gera-
ções futuras”, afirmou a vere-
adora.
Tatiane Seixas é presiden-
te da UBM (União Brasilei-
ra das Mulheres) e militante
ativa em prol dos direitos
das mulheres. “A discussão
mais latente desse contexto
é a violência doméstica. Mas,
não podemos esquecer que
todo esse contexto ocorre de-
vido à disputa de poder, que
também é muito recorrente
no trabalho e na política. É
preciso estar atento também,
a esse tipo de ocorrência não
só no cenário privado como
também no público”, enfati-
zou.
As consequências para a
saúde da mulher são as mais
devastadoras possíveis. Infla-
mações, contusões, hemato-
mas, e em casos mais graves
podem deixar complicações
para a vida toda, como limi-
tações no movimento motor
devido a fortes agressões. De
acordo com dados do Minis-
tério da Saúde, 10% do PIB
(Produto Interno Bruto) do
Brasil são gastos com o siste-
ma de saúde, resultantes da
violência contra a mulher.
Rita Portela é Conselheira
do Conselho Municipal de
Saúde e trabalha nas linhas
de cuidados, prevenção e
orientação da mulher quando
ela passa por uma violência
sexual. “Hoje, a mulher víti-
ma dessa agressão é atendida
nos Centros de Perinatologia
da Maternidade Evangeli-
na Rosa, onde recebe apoio
psicológico, medicamentos
contra DST (incluindo os re-
trovirais) e toma as vacinas
necessárias. O gasto é gran-
de”, afirmou.
Ela relatou na prá-
tica como funciona
o atendimento da
vítima de cunho
sexual no nosso
estado. “Quando a
mulher é violenta-
da, a primeira as-
sistência que ela
necessita não é
a jurídica, e sim
a saúde. Ao che-
gar no hospital e
ser constatada a
violência sexual,
é feito o encami-
nhamento ao SA-
MVIS que funciona na Ma-
ternidade Evangelina Rosa.
É preciso tomar uma atitude
imediata para evitar que a ví-
tima adquira certas doenças.
Logo depois desses cuidados,
a mulher é estimulada a fazer
a denúncia”, finalizou Rita
Portela.
Segundo a Delegada Vilma
Alves, a violência doméstica
não se restringe apenas à mu-
lher da periferia, e enfatizou
a importância da Lei Maria
da Penha. “Nenhum artigo
do Código Penal beneficiava
a mulher porque nós éramos
consideradas objetos. Essa
lei surge depois da Constitui-
ção de 1988, que consagra to-
das nós mulheres sujeitos de
direitos, funcionando como
um manto de proteção para
coibir o agressor tirando a
mulher do direito privado
para o público. A violência é
psicológica, por isso é preciso
atuar efetivamente para que
a vítima não tenha dentro de
sua casa, a autoestima aba-
lada. É um crime que deixa
marcas eternas, feridas que
não saram”, revelou.
Quando
a mulher é
violentada,
a primeira
assistência que
ela necessita não
é a jurídica, e sim
a saúde.
“
”Rita Portela
Conselheira do Conselho
Municipal de Saúde
Piauí ocupa o 3º lugar no ranking nacional de violência contra a mulher
Caso de violência
contra a mulher
C
leonice de Paula tem
42 anos, diarista e
mãe de sete filhos.
A teresinense conta que
seu primeiro companhei-
ro, com o qual foi casada
por oito anos começou a
agredir-lhe fisicamente a
partir do 3º ano de união.
“Ele não queria que eu tra-
balhasse, me amarrava e
batia em mim com cordas
constantemente.Como era
pedreiro, não aceitava que
eu fosse trabalhar, mas
precisava para ajudar no
sustento dos meus filhos.
Denunciei ele em 1999,
na Delegacia da Mulher
do Dirceu e logo ele fu-
giu para São Luís e nunca
mais tive notícias dele”,
revela.
Os cinco filhos do
agressor de Cleonice con-
viviam com as agressões
constantes à mãe e nunca
perdoaram ao pai. “Hoje
em dia meus filhos não
gostam dele e nunca pro-
curaram saber como ele
está ou coisa do tipo. O
trauma não foi só meu e
sim deles também”, con-
tou a diarista.
Antes de finalizar, a
vítima conta que é um as-
sunto muito difícil de ser
conversado e que não re-
cebeu auxílio psicológico.
“Evito falar e nunca tive
acompanhamento psico-
lógico, porque é um as-
sunto que me incomoda
até hoje. Tenho medo de me
relacionar com qualquer ou-
tro homem, por lembrar das
agressões do passado”, la-
mentou Cleonice.
A psicóloga Diana Prado
afirma que, como se trata
de uma situação delicada,
na qual a mulher vítima da
violência se sente envergo-
nhada, o psicólogo deve criar
um espaço de acolhimento,
oferecendo uma atenção de
qualidade.
Ela revela os sintomas co-
muns resultantes das agres-
sões, sejam elas, psicológicas
ou físicas, e ressalta a impor-
tância da terapia. “Isolamen-
to afetivo, sentimentos de
culpa, nos casos mais graves
pode ocorrer o DSPT (Distúr-
bio de Estresse Pós-Traumá-
tico), “stress”, depressão e até
mesmo tentativas de suicídio.
Por isso, é importante a tera-
pia e muitas vezes o trabalho
conjunto com o psiquiatra é
extremamente necessário. O
apoio e contato com a família
também são válidos, já que
é nela que a paciente vai en-
contrar conforto”, explicou.
As denúncias podem ser
feitas através do Disk Mulher
180, ou na Delegacia da Mu-
lher do Centro de Teresina
(86) 3222-2323.
O SANVIS, que proporcio-
na os cuidados necessários
às vítimas de violência sexu-
al, funciona na Maternidade
Evangelina Rosa e o telefone
é (86) 3228-1605.
É preciso
discutir e criar
novas políticas
públicas,
já que essa
violência tem
consequências
graves para
a família
e gerações
futuras.
“
”Teresa Britto
Vereadora de Teresina
Foto:FranciscoBarbosa
Teresina, 24 de junho de 2013 4
O cordelista e a biblioteca aberta em casa
ENTREVISTA
Zé Bezerra, 85 anos. Sargento da PM e cordelista apaixonado. Conhecido como Águia
de Prata, é sócio fundador do Sindicato dos Cantadores e Poetas Populares do Piauí.
A
pesar de não ter
nenhuma biblioteca
mantida pelo poder
público, o bairro Aeroporto
é uma região privilegiada da
zona norte de Teresina, é que
lá está instalada a bibliote-
ca da literatura popular “A
Voz da Poesia”, inaugurada
em 2001 pelo cordelista
e sargento reformado da
Polícia Militar do Piauí José
Bezerra de Carvalho, de 85
anos de idade. José Bezerra
de Carvalho, mais conhecido
como Zé Bezerra ou Águia de
Prata, nasceu em Ipueiras,
Ceará, no final da década de
20. Mudou-se para Teresina
ainda criança, onde há anos
escreve uma trajetória bem
sucedida como poeta corde-
lista brasileiro com 56 folhe-
tos e 12 cordelitos publicados
por várias editoras.
O pequeno quarto da
frente da residência de seu
José Bezerra se transformou
em biblioteca no momen-
to em que ele diz ter sido
“avisado por Deus” de que a
sua missão na Terra só seria
concluída com proximidade
à perfeição se fundasse uma
biblioteca.
O espaço reúne um acervo
de mais de mil exemplares
de livretos de cordel e além
de um grande apoio inte-
lectual para os moradores
da região e uma boa opção
para todo o povo dos bairros
Aeroporto e Mafrense, já
que esta é a única que dispõe
somente de livros em Cordel.
Aos interessados em conhe-
cer o espaço, a biblioteca
popular de Zé Bezerra fica
localizada na avenida Cente-
nário, nº 1178, Bairro Aero-
porto, aberta de segunda a
sábado das 8h às 18h.
Em uma entrevista ao
JORNAL MATRACA, ele
revelou um pouco de suas
experiências ao longo de 85
anos bem vividos e deu uma
aula de literatura de cordel.
Eu recebo aqui
mais de 200 es-
tudantes por mês
e para mim é a
maior recom-
pensa do mundo
pelo que fiz com o
Cordel.
“
”
Zé Bezerra, mantêm em casa uma biblioteca de Cordel aberta ao
público sem nenhuma ajuda do poder público ou da iniciativa privada
Quando começou sua
paixão pela escrita?
Comecei escrever com 10
anos, mas a minha primeira
publicação aconteceu em
1985 porque antigamente
era difícil. Eu ia escrevendo
e com o tempo jogava muita
coisa boa fora. É coisa de
dom, meu filho. O Espirito
Santo sopra, me dá um dom,
dá outro pra você, distribui
um pra cada um.
Como o senhor apren-
deu a ler? Aprendi só,
você não aprende a poesia
com ninguém, mas o que eu
aprendi durante a vida foi a
rimar melhor. Tudo come-
çou quando eu comprei uma
cartilha do ABC pedindo
“lição” pra um e para outro.
Depois eu tive três meses
de aula com uma professora
chamada Alda Veloso. Ela
morava perto do cemitério
do São Pedro, mas dava aula
lá na Vermelha. Não tenho
formação nenhuma, só o
dom mesmo.
O que a literatura de
cordel nos conta? A vida,
o dia a dia de cada pessoa.
Apesar da minha idade,
estou lúcido e consciente,
passei por minha infância,
também pela juventude.
Cheguei à maturidade em
toda plenitude, conhecendo
os meus direitos com bons
gestos e atitude.Respeitei
homem e mulher, jovens e
idosos. Conhecidos e estra-
nhos foram amigos e bondo-
sos, no que falavam e diziam
foram muito atenciosos. De
um aos vinte anos, primei-
ra etapa da vida, infância e
juventude, uma passagem
sofrida. Aos 23 me casei,
início de nova lida.
Qual foi a sua primeira
obra publicada e como é
o seu processo de cria-
ção? Minha primeira obra
publicada foi o Menino e o
Sabiá, um folheto peque-
no. Eu começo no caderno,
daqui vou “prali” (apontando
para a máquina de escrever),
depois vem o meu menino e
digita tudo no computador.
Pronto. Facim (sic) demais.
Alguém da sua família
despertou o gosto pela
literatura? Eu tenho um
neto que se formou como
professor, já escreveu um li-
vro e tá dando aula. Tem ou-
tro que foi embora e também
dá aula de português, e só.
Dos 24 netos, só 2 desenvol-
veram esse lado de escritor.
Como nasceu a bibliote-
ca popular? Eu juro por
minha mãe. Deus me disse
no sonho que se eu quises-
se ir dessa para outra vida
com a alma tranquila teria
que fundar esse espaço aqui.
Não contei conversa e abri a
biblioteca a mando de Deus
e por o coração pulsando
de alegria por ver algo que
também era um desejo meu,
se tornar real.
Qual era sua intenção
ao fundar esse espaço?
Foi justamente para ajudar
as escolas. Aqui é um espa-
ço aberto, como você pode
Foto: Diógenes Macêdo
Foto:DiógenesMacêdo
ver. As professoras trazem
os alunos e eu explico o que
é o cordel, e nada é cobra-
do. Falo até do repente. Por
exemplo, você
sabe quem foi
o primeiro que
cantou repente
aqui no Piauí?
Foi Inácio da
Catingueiro,
escravo do
Ceará que veio
pra cá e canta-
va embolada .
Ela foi lançada
em 2000, não
deu certo e foi
reaberta em
2001, até hoje
está ai.
Existe re-
sistência
por parte
do poder
público em
apoiar o seu
trabalho?
É o que mais
tem. O estado e o municí-
pio não ajudam ninguém,
até ajudam, más só os
puxa-sacos , me perdoe a
expressão! Pra você ver, eu
passei 19 meses com um
livro “amarrado” pela Fun-
dação Cultural Monsenhor
Chaves, uma luta para ser
publicado. Ainda hoje tenho
cópia desse ofício. Todo mês
me mandavam chamar pra
dizer pra eu esperar mais
um pouco e nunca manda-
ram publicar aquele livro.
Me disseram(sic) que não
tinham verba pra apoiar
nada, mas uns meses depois
lançaram um CD de uma
senhora que era diretora lá.
A única ajuda que eu tenho é
do rapaz da gráfica que hoje
em dia publica meus traba-
lhos. Ele faz um preço mais
barato, mas só porque ele
também escreve.
Que experiências difíceis
o senhor viveu para ter
um trabalho publicado?
Foi quando eu mandei uma
carta pedindo para o presi-
dente Lula. Aí ele repassou
“pro” ministro da cultura
da época (Gilberto Gil) que
me respondeu dizendo que
eu fosse pedir “pros” em-
presários daqui. Ai eu me
indignei. Respondi pra ele
que se eu estava pedindo ao
presidente da república era
porque eu já tinha usado
aquele meio que ele me man-
dava pedir e que não ia fazer
isso porque já tinha feito e
não achava apoio no lugar.
Quem quiser ter aces-
so ao seu material faz o
quê? Vem aqui ou vê pela
internet. Vai lá na internet
e procura no Recanto das
Letras. Olhe, eu recebo men-
sagem do mundo todo. Tem
gente que me dá parabéns
lá de Portugal, Inglaterra,
Reino Unido, Estados Uni-
dos, França, Japão, de todo
canto do planeta. E o engra-
çado que daqui do Piauí eu
só tenho dois comentários.
Pra você vê como é verdade
que “santo de casa não faz
milagre”.
Porque o Cordel está
sendo esquecido? Porque
não se ensina nas escolas. Só
isso. Devia ser obrigatório. É
a nossa identidade. É o nos-
so sangue. Eu recebo aqui
mais de 200 estudantes por
mês e para mim é a maior
recompensa do mundo pelo
o que fiz com o Cordel (voz
mansa e com os olhos reple-
tos de lágrimas).
O senhor tem algum so-
nho não realizado? Sim,
e grande. Um sonho que as
autoridades assumam a res-
ponsabilidade de preservar o
cordel, porque muito se fala
de cultura e esquecem do
Cordel. Pra mim já bastava.
Hoje em dia o povo não sabe
nem a origem dessa litera-
tura.
DIÓGENES MACÊDO
Teresina, 24 de junho de 2013 5
O novo perfil da música piauiense
CULTURA - MÚSICA
Q
uem diz que piauiense
escuta somente pé-
de-serra, brega, ser-
tanejo e pagode, se engana.
O piauiense inovou seu esti-
lo musical sem abandonar o
xote, o baião, o clássico pé-
de-serra e seus afins, criando
assim uma mistura de em-
balos e ritmos irreverentes e
cada vez mais animados.
Um dos mais diferentes e
conhecidos é o estilo do Con-
junto Roque Moreira, que
desde 2001 mistura o “reg-
gae” com o “rock”, o xote com
o samba e um forte mangue
“beat” em suas composições,
e torna por unir culturas
através da música. Tendo
como sucessos “Vendedor
de Cajuína”, “Crepúsculo” e
como uma referência Nação
Zumbi, o conjunto não deixa
ninguém parado, intencio-
nando o “dois pra cá e dois
pra lá” até pra quem não sabe
dançar.
No final de 2012, o vocalista
Daniel Hulk fez uma viagem
ao Canadá e mostrou seu di-
ferencial, utilizando apenas
uma zabumba, o sopro e sua
voz marcante.
Apesar do bom material
produzido, as oportunidades
não são tantas para quem
quer se destacar no cenário.
Conseguir visibilidade requer
muita experiência e paciên-
cia dos músicos: “o recurso é
escasso para a realização de
bons projetos”, conta o críti-
co musical Igor Melo Coelho.
“Enquanto as pessoas pen-
sarem na música como um
‘som ambiente’ e frequenta-
rem os locais não pela mú-
sica que vai ser tocada, mas
pela ‘bebida dobrada’ e pela
‘mulher free até meia noite’ a
produção musical de verdade
vai sofrer”, completou.
Contudo, muitos músicos
investem na sua bagagem
cultural para iniciar uma
carreira que faça diferença,
e outro destaque da música
piauiense é a banda Validu-
até, primeiramente denomi-
nada de “Papel de Parede”,
que se originou na cidade de
União no ano de 1999. A ban-
da começou a ser destaque no
cenário piauiense depois de
participar do Festival Cha-
pada do Corisco em 2003, e
seguiu fazendo sucesso nos
três anos conseguintes do
CAMILA FORTES
Roraima, vocalista da Banda Theregroove em apresen-
tação no Projeto Samba do Coreto em outubro de 2012
Foto: Pedro Ezequiel de Araújo
Festival.
Validuaté consegue pro-
duzir uma mistura de sons
inigualável, com uma mis-
cigenação de gêneros como
forró, brega, “rock”, samba
e “reggae”, com letras como
“Eu só quero acabar com
você”, composta pelo Thiago
E - cantor, ator, compositor,
professor e poeta. O primei-
ro álbum lançado pelo grupo
foi “Pelos pátios partidos em
festa” no ano de 2007, perío-
do em que fizeram uma turnê
no Rio de Janeiro e em São
Paulo.
Logo depois veio “Alegria
Girar” em 2009, fazendo o
mesmo percurso em turnê
nacional. Este ano foi lança-
do o álbum “Este Lado Para
Cima”, com faixas totalmente
inéditas.
“Produzir alguma coisa
com uma qualidade razoável
ficou bem mais fácil com a
tecnologia atual. Isso torna
os produtores locais e não-
profissionais mais capazes de
fazer coisas novas e diferen-
tes. Se você quer fazer samba,
que faça. Quer fazer rock, que
faça. Mas o faça bem e mos-
tre que você sabe o que está
fazendo. É isso que vai dife-
renciar quem está querendo
evoluir”.
Ocenáriomusicalpiauiense
soube mesclar ritmos e esti-
los diversos, sem precisão de
rótulos, sem seguir padrões
metódicos de gênero. Hoje,
o que faz a diferença é a ino-
vação, é a curiosidade pelo
jamais feito e jamais visto. O
Piauí tem talento suficiente
pra “dar e vender”.
Enquanto as
pessoas pensa-
rem na música
como um ‘som
ambiente’ e fre-
quentarem os
locais não pela
música que vai
ser tocada, mas
pela ‘bebida do-
brada’ e pela
‘mulher free até
meia noite’ a
produção musi-
cal de verdade
vai sofrer.
“
”
Núcleo do Dirceu viaja o Brasil e o
mundo fazendo apresentações
CULTURA - ARTE
O
Núcleo de Formação
de Dança Contempo-
rânea do bairro Dir-
ceu, denominado “Núcleo
do Dirceu”, foi fundado em
2006 e de lá para cá vem
desenvolvendo um trabalho
que envolve música, dança e
expressão corporal.
Desde a sua formação, o
grupo vem se apresentando
em todo o país e no mundo.
O grupo já passou por Ma-
naus, Fortaleza, São Paulo,
Rio de Janeiro, Belém e Belo
Horizonte. Além disso, já via-
jou para países como, Japão,
Cuba e Portugal.
No Piauí, o grupo já se
apresentou no teatro do boi e
LISIANE VENTURA no festival lusófono da UFPI,
mas geralmente suas apre-
sentações são fora do estado.
Atualmente, o grupo esta lan-
çando um novo projeto cha-
mado “Curto Circuito”, que
promove a dança contempo-
rânea como uma liberdade de
expressão.
Eles não se sentem pres-
sionados a produzir. As pes-
soas se sentem livres para a
inspiração. Eles fazem arte
de acordo com suas necessi-
dades e vontades. “O núcleo é
o único lugar que eu consigo
ver hoje onde eu posso colo-
car o meu trabalho do jeito
que eu quero que ele seja re-
alizado”, comentou Izabelle
Frota, uma das monitoras do
Núcleo.
Antes do “Curto Circuito”,
eles trabalharam com um
projeto chamado “Mil ca-
sas” no qual os integrantes
do grupo visitaram mil casas
pelas redondezas do Dirceu e
mostraram sua forma de arte
dentro delas, montando as-
sim, ao final, um espetáculo
relacionado à vivência dessas
visitas e um livro. O Grupo já
teve alguns patrocínios como
a prefeitura de Teresina e a
Petrobras, mas atualmente
vive de alguns apoios locais e
nacionais.
Mesmo sem incentivos fis-
cais da prefeitura e do estado,
o grupo se estabiliza dentro
do contexto nacional e já ga-
nhou reconhecimento dentro
da área cultural do país, como
em 2006, pela Associação de
Críticos de Artes de São Pau-
lo pela melhor política públi-
ca em dança. Em 2011, pela
mesma Associação, por for-
mação, difusão, produção, e
criação em dança.
O Núcleo mostra que o con-
texto cultural do estado ain-
da é pobre em incentivos e
a população em geral não se
interessa pela cultura. Mes-
mo com a falta de apoio, a
capital está cheia de pesso-
as com talento e vontade de
mostrar que a cultura é um
meio de propagar o que vai
além dos olhos, mexe com a
nossa imaginação e nossa ge-
nuinidade.
O que falta é o interesse das
pessoas em acreditar nessa
O núcleo é o
único lugar que
eu consigo ver
hoje onde eu
posso colocar o
meu trabalho do
jeito que eu que-
ro que ele seja
realizado.
“
”
Igor Melo Coelho
Crítico Musical
Izabelle Frota
Monitora do Núcleo
realidade, e o núcleo do Dir-
ceu mostra que a mistura de
arte e dança resulta em um
trabalho grandioso e bonito
de se ver.
Teresina, 24 de junho de 2013 6
O esporte que virou mania em Teresina
ESPORTE
O
Mixed Martial Arts ou
Artes Marciais Mistas,
conhecido mundial-
mente como MMA, é uma das
práticas esportivas que mais
têm crescido no Brasil e isso
se deu por conta do desenvol-
vimento de seus lutadores,
com as conquistas de vários
títulos e pelo reconhecimen-
to mundial. Nomes como Ro-
drigo Minotauro, Anderson
Silva, Wanderlei Silva, dentre
outros, conquistaram através
do MMA fama e fortuna no
exterior, fortalecendo assim
a disseminação do esporte
em solos sul-americanos.
No Piauí, além do cresci-
mento em academias especia-
lizadas na arte, o movimen-
to vem realizando diversos
eventos do segmento na ca-
pital. Segundo o professor de
MMA Luiz Francisco Nasci-
mento, o “Russo”, o cresci-
mento do esporte, de forma
geral, mostra que a questão
do preconceito, pelo fato de
que muitas pessoas acham
violento, é algo ultrapassado.
“Os atletas se preparam bas-
tante para os eventos. Hoje
eu tenho na minha academia
ABDIAS NASCIMENTO
DENIS ALVES
mais de 100 alunos em dife-
rentes artes marciais, e a cada
dia o número de crianças
trazidas pelos pais aumenta
cada vez mais. Isso só mostra
que realmente crescemos e
viramos algo profissional”. O
professor é conhecido por ser
mestre em Muay-Thai, arte
marcial tailandesa, e como
um dos responsáveis por dis-
seminar o MMA no Estado.
Os torneios também já fa-
zem parte da rotina do calen-
dário do público piauiense
que gosta do MMA. Durante
o ano, a média de eventos re-
alizados está entre 7 e 9 com-
petições, servindo como uma
A prática do esporte que virou mania no mundo e conquistou o gosto do teresinense.
Foto: Abdias Nascimento
O sucesso de dez
anos de FUTSAL
N
o primeiro semestre
do ano de 2013 foi re-
alizada a 23ª edição
do Torneio Interperíodos de
Futsal da Faculdade CEUT. A
competição interna da Insti-
tuição disputada desde 2002
mostra que a cada ano a rela-
ção entre estudantes, profes-
sores e funcionários cresce
mais, já que todos podem for-
mar suas equipes e competir.
Disputada duas vezes por
ano, uma em cada semestre,
a competição nesta primeira
metade do ano contou com
181 inscritos e 17 equipes par-
ticipantes.
De acordo com o regula-
mento, as disputas são reali-
zadas em jogos eliminatórios
simples e terão dois tempos
corridos de 20 minutos cada.
“O objetivo do Interperíodos
é promover esse encontro,
essa relação entre alunos de
diferentes cursos e períodos,
bem como professores e fun-
cionários” destaca Francisco
Braz, professor e coordena-
dor de esportes do CEUT.
Além de promover essa in-
teração, o Torneio visa ob-
ABDIAS NASCIMENTO
servar novos talentos para a
Seleção de Futsal da própria
faculdade que por tradição é
uma equipe reconhecida pela
qualidade em todo o estado
do Piauí. “Já saíram alguns
bons jogadores do Interperí-
dos para o time da faculdade.
Estamos sempre observando.
Sempre tem um ou outro que
é diferenciado”, afirma Braz.
Acadêmico do 9° período
do curso de Direito, Rogé-
rio Marques já participou de
várias edições do Torneio e
garante o sucesso da compe-
tição. “Estou quase me for-
mando e ao longo desse tem-
po fiquei de fora de apenas
duas vezes. Semestre passado
minha turma perdeu para os
campeões”.
Rogério também fez jus ao
que propõe o evento, “Esse
lance de podermos jogar
contra times de professores
e funcionários mostra que é
importante essa interação.”
De acordo com a organiza-
ção do Torneio, o prêmio foi
estimado em R$ 800,00 e R$
500,00 para a equipe cam-
peã e vice, respectivamente.
Todos os jogos foram realiza-
dos no Ginásio Alberto Bona
Neto, na própria Faculdade.
Teresina Pedal Noturno
Foto: Abdias Nascimento
C
riado há cerca de 10
anos, o movimento
Teresina Pedal No-
turno iniciou-se através da
reunião de 05 amigos que
utilizavam a Avenida Raul
Lopes para a prática do es-
porte através da bicicleta.
O número de participantes
foi crescendo e, em pouco
tempo, o grupo já contava
com mais de 100 pessoas
reunidas para realizar o ci-
clismo noturno na capital.
Com o objetivo de exerci-
tar o corpo e manter a saú-
de em dia, o pedal noturno
ainda procura incentivar a
união entre os participan-
tes, cultivando a amizade
e interação, além do turis-
mo praticado nos bairros.
Atualmente, o movimento
possui cerca de 270 pes-
soas e cada vez mais vem
ganhando adeptos, tra-
balhadores, professores,
estudantes e várias outras
pessoas participam das pe-
daladas.
De acordo com Afonso
Junior, organizador do
movimento e coordenador
do grupo Filhos do Sol, o
movimento procura incen-
tivar a saúde através das
pedaladas, mas também
exige de cada participante
equipamento de segurança
necessário para a garantia
da integridade física de
cada ciclista.
“A gente procurar exigir
do ciclista o mínimo que é
DENIS ALVES
O projeto que começou com 5 pessoas, agora conta com a
reunião de mais de 100 pessoas na prática do Ciclismo
o capacete, não esquecendo
as luvas e dos sinalizadores
da bicicleta, a intenção é ga-
rantir através desses equipa-
mentos a segurança necessá-
ria para evitar um problema
maior em casos de aciden-
tes”, disse o organizador.
Segundo Afonso, o movi-
mento se iniciou na capital,
mas vem ganhando adeptos
em vários outros municí-
pios do Piauí. “O movimento
aconteceu primordialmente
em Teresina, dele surgiram
ramificações, em várias ou-
tras cidades como em Picos,
Parnaíba e Oeiras, a prática
já está bem interiorizada”, fi-
nalizou.
Depois de admirar e obser-
var a prática esportiva, a pro-
fessora Larissa Maia resolveu
aderir há duas semanas ao
movimento, segundo ela, o
que mais chamou a atenção
foi a possibilidade de aliar
a prática esportiva e a ideia
de pedalar com segurança.
“O que me fez aderir ao mo-
vimento foi a intenção de
aliar a prática esportiva com
a ideia de pedalar com se-
gurança, você trabalhar em
equipe, ver o coletivo, além
de conhecer regiões da cidade
que no seu dia a dia nós não
passaríamos”, disse a nova
integrante.
Para participar, não é ne-
cessário se inscrever nem
pagar taxa, só precisa de uma
bicicleta, e comparecer ao
local de encontro da equipe
que acontece às terças-feiras,
às 20hs, na Avenida Frei Se-
rafim, no centro da cidade e
quintas-feiras, no mesmo ho-
rário, na Avenida Nossa Se-
nhora de Fátima, em frente
da loja Giro Radical, no bair-
ro dos Noivos. Para mais in-
formações, o Teresina Pedal
Noturno possui uma pagina
na rede social Facebook, o
endereço eletrônico é www.
facebook.com/teresinape-
dalnoturno.
vitrine para atletas profissio-
nais iniciantes.
Mas esse assunto traz à
tona o conhecido problema
de quem faz esporte no Esta-
do, a falta de incentivo. “Os
eventos são realizados com
verbas privadas e, com isso,
os organizadores deixam os
atletas como “reféns” para
seus lucros. Treinam muito
e recebem pouco em troca de
uma boa luta. Os órgãos pú-
blicos? Pode desistir”, disse
Russo.
A expectativa para o futuro
é a melhor possível. Afinal,
o Piauí já revelou o lutador
FranciscoMassaranduba,que
se destacou no “reality show”
The Ultimate Figther em
2012.Massaranduba,nascido
no município de Amarante, é
funcionário da maior liga de
MMA do mundo, o UFC.
Além de trabalhar a parte
fisiológica, o MMA também
é voltado para o lado com-
portamental, já que todas as
artes marciais têm por base
a disciplina como princípio
fundamental.
Ainda sem uma Associa-
ção formalizada, os próximos
eventos não têm datas defi-
nidas, mas até o os meses de
junho e julho teremos a pri-
meira competição do ano.
Teresina, 24 de junho de 2013 7
Redes Sociais: “Pais e filhos”
ou “Pais versus filhos”?
COMPORTAMENTO
J
á se tornaram comum –
por mais insensato que
possa parecer – as roti-
neiras polêmicas envolvendo
jovens e seus perfis nas redes
sociais, seja pelo uso indevi-
do de imagens, compartilha-
mento de vídeos pessoais de
terceiros em situações cons-
trangedoras, e até mesmo de
extorsão a fim da não divul-
gação de algum tipo de mate-
rial virtual.
Nesta sociedade denomi-
nada “informacional”,
na qual as mídias so-
ciais e a web são in-
dispensáveis na vida
das pessoas, e que,
em consequência dis-
so, há a migração das
relações interpesso-
ais para o ambien-
te virtual, surge
uma nova dis-
cussão em torno
das táticas edu-
cacionais ado-
tadas pelos pais
para com seus fi-
lhos. Estariam eles
gerindo de maneira
eficiente as ativi-
dades virtuais dos
filhos? E o resulta-
do disso tende a ser
saudável ou noci-
vo?
SIDNEY CARDOSO Recentemente veio à tona
mais uma polêmica envol-
vendo adolescentes nas redes
sociais. Estudantes de colé-
gios teresinenses de prestí-
gio tiveram fotos nuas suas,
oriundas de conversas no
aplicativo What’s app?, com-
partilhadas em todas as ca-
madas sociais na cidade via
mensagem privada – o inbox
- no Facebook.
Casos polêmicos como esse
fazem ressurgir
uma discussão
pouco levantada, porém mui-
to pertinente, principalmente
para os pais que não sabem
ao certo como enfrentar esse
“bicho de sete cabeças 2.0”:
as redes sociais dos filhos.
RELAÇÃO VIRTUAL
Visto por muitos como uma
tática de proteção, é comum
ouvir relatos sobre pais que
proíbem os filhos de criarem
perfis em qualquer que seja a
rede social. Também há aque-
les que preferem vasculhar
todos os passos dos filhos,
seja por meio de perfis fake
ou mesmo exigindo senha de
contas e celular.
Contudo,ésabidoqueatitu-
des invasivas e de repreensão
são as principais
causadoras de
atritos den-
tro do núcleo
familiar, além
disso, elas po-
dem acabar crian-
do um efeito reverso,
levando o filho a men-
tir sobre a utilização
das mídias, tornan-
do os pais total-
mente aquém
das suas ativi-
dades.
“É impor-
tante que os
pais parti-
cipem desse
cotidiano, ten-
tando se aproxi-
mar como um amigo,
sem deixar transparecer
que está vigiando. Uma tática
possível é o pai se tornar um
amigo virtual, pois à medida
queelevaiconhecendoosgos-
tos do filho e como está sendo
essa exposição, ele vai estar
orientando, e o filho, conse-
quentemente, vai conhecê-lo
de uma maneira diferente,
fortalecendo essa amizade”,
disse Valéria Alcântara, psi-
cóloga especialista em saúde
e saúde da família.
RELAÇÃO PESSOAL
Assim como afirma Valéria,
qualquer relação interpessoal
para ser saudável deve base-
ar-se no respeito e na troca, e
não em imposições e atitudes
abruptas, seja de qual par-
te for. Os conflitos, que são
mais recorrentes – tempes-
tuosos, e, consequentemente,
perigosos - durante a fase da
adolescência, em sua maioria
acabam gerando isolamento
e falta de diálogo familiar.
“O que garante que o fi-
lho não está utilizando as
redes sociais, que ele não
está criando um perfil, e o
acessando de lugares desco-
nhecidos? O conhecimento
e o diálogo são as principais
ferramentas, de uma forma
suave o pai deve participar e
conhecer o tipo de exposição
que o filho está fazendo. Não
dá pra gente desprezar que as
redes sociais fazem parte des-
sa sociedade contemporânea,
e isso está imprimindo novas
maneiras de se relacionar”,
completou.
M
uitos pais não sa-
bem que medida
tomar. A psicóloga
Valéria Alcântara orienta que
a medida mais sensata a ser
tomada pelos pais é sempre
orientar o filho e buscar en-
tender o que se passa por sua
cabeça através do diálogo,
principalmente no caso dos
adolescentes. Caso contrário,
essa família poderá trazer o
perigo para dentro de casa
sem ter consciência dis-
so.
Foi o que aconteceu
com a estudante Naya-
ra Batista, hoje com 24
anos. Há três anos conheceu
Pais: o que fazer para
estar no controle?
um homem pela internet e re-
solveu viajar com ele apenas
um mês depois de conhecê-
lo. Em busca de “paz”, como
afirma, saiu de casa sem o co-
nhecimento da mãe enquanto
esta trabalhava.
Duas semanas depois vol-
tou para casa sem nenhum
problema maior, mas nem
sempre as coisas se desenro-
lam dessa forma. “Hoje, vejo
que não devemos confiar em
quem a gente conhece pela
internet, a gente não sabe o
risco que corre, afinal essas
pessoas podem ser homici-
das, traficantes, etc”, ressal-
tou.
Hoje, vejo que não
devemos confiar em quem
a gente conhece pela
internet, a gente não sabe
o risco que corre...
“
”Nayara Batista
Estudante
65% dos pais vigiam
os filhos pela internet
E
studo da McAfee, Inc.,
empresa de informáti-
ca focada em soluções
de segurança, realizado no
ano de 2012, mostra uma re-
alidade que representa riscos
preocupantes, diante da en-
trada, cada vez mais precoce,
de crianças e adolescentes no
mundo virtual.
A pesquisa mostra que os
pais não conseguem ser efi-
cazes no controle das ativida-
des dos filhos. E que os filhos
nem sempre dizem o tempo
real em que ficam “online”
na web, muito menos o que
acessam nesse período
O estudo foi feito entre ju-
nho e agosto de 2012, via
questionário “online” en-
viado para 401 jovens,
entre 13 a 17 anos, e 414
pais de idades indiscrimi-
nadas. Os entrevistados
moram em São Paulo,
Curitiba, Rio de Janeiro,
Porto Alegre e Salvador.
Infográfico e Ilustração: Mozart Menezes
Teresina, 24 de junho de 2013 8
Municípios piauienses serão beneficiados
com a entrega de 300 kits de livros
EDUCAÇÃO - BENEFÍCIO
O
Sistema Estadual de
Bibliotecas Públicas
do Piauí (SEB-PI) fará
a entrega de mais de 10.000
livros a municípios piauien-
ses sob forma de kits com
500 livros. Os exemplares fo-
ram recebidos da Fundação
Biblioteca Nacional (FBN), à
qual é vinculada ao SEB-PI,
no final de fevereiro. O ob-
jetivo é o fortalecimento da
rede de bibliotecas do Piauí.
Segundo o bibliotecário
e coordenador do SEB-PI,
Gleydson Rodrigues, não há
pré-requisito para ser con-
templado com a doação,
bastando apenas que os ges-
tores de Cultura e Educação
de cada município procurem
a Biblioteca Estadual, “essa
será a prioridade na doação”.
Ele explica ainda que os
livros são enviados periodi-
camente à SEB-PI pela FBN,
editoras e pelas casas publi-
DENISON DUARTE
cadoras, que são parceiras do
governo federal na publica-
ção de livros, através da Lei
Rouanet.
Com o aumento exponen-
cial de livros digitalizados e
publicados na internet, um
dos projetos do SEB-PI, com
prazo ainda não definido,
será a instalação de telecen-
tros para criação de bibliote-
cas digitalizadas no Piauí por
meio de uma parceria com
a Agência de Tecnologia da
Informação (ATI). “A nossa
ideia é a criação de uma área
onde os usuários possam ter
acesso a esses livros, através
de terminais de acesso”.
Com base no retrato da
leitura brasileira, Gleydson
Rodrigues afirma que o nú-
mero de leitores piauienses
aumentou consideravelmen-
te nos últimos 10 anos.
“Temos, em Teresina (PI),
bibliotecas com mais de 13
mil usuários por mês. O Sa-
lão do Livro do Piauí (SALI-
PI), feiras e eventos culturais
em nosso estado, colaboram
bastante com esse índice”,
completa o coordenador.
Segundo ele, no SEB-PI há
dois tipos de usuários, o estu-
dante secundarista, que pro-
cura livros de literatura para
ler obras de romance, poesia,
crônica, memória ; e concur-
seiros como universitários,
pesquisadores ou pós-gradu-
ados.
O SEB-PI, além de doação
de livros em todo o estado,
também dá suporte técnico
com capacitação de recursos
humanos a bibliotecas muni-
cipais e comunitárias em 222
municípios do Piauí. O coor-
denador do SEB-PI afirma
ainda que o recurso de R$ 12
A nossa ideia é a criação de uma área onde
os usuários possam ter acesso a esses livros,
através de terminais de acesso.
“
”Gleydson Rodrigues
Bibliotecário e Coordenador do SEB-PI
milhões está assegurado pelo
Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) para mo-
dernização dessas bibliotecas
com acervos, telecentros e
acesso à internet sem fio.
O SEB-PI é coordenado
pela Biblioteca Cromwell
de Carvalho, que é mantida
pela Fundação Cultural do
Piauí (FUNDAC). Para atua-
lizar os acervos no estado, os
municípios deverão procurar
o SEB-PI, situado na praça
Desmóstenes Avelino, em
Teresina(PI).
Organização global inaugura nova unidade
em Teresina e facilita intercâmbios sociais
EDUCAÇÃO - OPORTUNIDADE
FERNANDO BRITO
E
m janeiro deste ano, foi
inaugurada na capital
piauiense a Associação
Internacional de Estudantes
em Ciências Econômicas e de
Comércio - AIESEC, uma en-
tidade não-governamental,
sem fins lucrativos, presente
e atuante em mais de 100 pa-
íses.
Funcionando em Teresina
como uma unidade operacio-
nal do comitê local de Forta-
leza, a AIESEC é uma orga-
nização global, não política
e independente, gerida por
universitários interessados
em discutir questões mun-
diais, sociais, de liderança e
gestão. Seu objetivo é tornar
o mundo um lugar melhor e
desenvolver as potencialida-
des humanas, através de ex-
periências práticas. “Eu des-
cobri nessa Organização que
eu posso mudar o mundo e
que não estou sozinho nesse
sonho. Descobri que cada um
tem dentro de si a capacida-
de para realizar tudo o que se
propõe”, falou Hytallo Souza,
atual presidente da unidade
operacional em Teresina.
É através do programa Glo-
bal Community Development
Programme (GCDP), como é
chamado no Brasil de Cida-
dão Global, o intercambista é
encaminhado para o país de
sua escolha para desenvol-
ver atividades em empresas
do terceiro setor. Segundo
Ananda Marques, diretora da
AIESEC para assuntos de in-
tercâmbio social, “o Cidadão
Global é um dos programas
de intercâmbio voltado para
estudantes que desejam fazer
trabalho voluntário”.
No Cidadão Global, o in-
tercambista atua em escolas,
hospitais e ONG’s, com du-
ração média de 6 a 12 meses.
Os principais destinos são
Turquia, Rússia, Colômbia,
Índia e China.
Para ser um intercambis-
ta, é preciso ter entre 18 e 30
anos, ser estudante ou recém-
graduado e falar inglês em ní-
vel intermediário. Os custos
com o intercâmbio se resu-
mem apenas em pagamento
de inscrição, passagem aérea,
passaporte, visto e seguro
saúde. Segundo Ananda, “a
maioria das vagas para inter-
câmbio cultural já oferecem
local para hospedagem e ali-
mentação”.
O programa Cidadão Glo-
bal ainda oportuniza o dire-
cionamento do intercambista
para trabalhos específicos em
5 diferentes áreas, podendo
desenvolver atividades nos
setores da educação, cultura,
saúde, meio ambiente e direi-
tos humanos. “Ouso a dizer
que foi a melhor experiência
da minha vida! Fiz um in-
tercâmbio cultural, trabalhei
numa creche onde moravam
300 bebês, crianças e adoles-
centes que foram abusados
sexualmente pela família.
O crescimento pessoal que
obtive foi incrível nunca me
apeguei tanto à uma causa
que não estivesse ligada di-
retamente a mim, mas lá eu
aprendi a ser mais humana,
a abraçar causas perdidas, a
dar amor e ser amada”, disse
Beatriz Cardoso, de 19 anos,
estudante de Engenharia de
Produção, que realizou o in-
tercâmbio Cidadão Global.
A instituição também pro-
porciona intercâmbios pro-
fissionais, em que os univer-
sitários são encaminhados
para outro país para desem-
penhar atividades em sua
área de estudo. O Global In-
ternship Programme (GIP),
ou Talento Gobal, realiza es-
tágios profissionais nas áreas
de gestão, marketing, infor-
mática e tecnologia.
Segundo o diretor de Co-
municação da entidade,
Wellington Coelho, os princi-
pais destinos de envio dos in-
tercambistas são Colômbia,
Alemanha e Turquia. “O Ta-
lento Global tem duração de
três meses a um ano e todas
as vagas são remuneradas”,
disse Wellington.
Por ainda ser uma unidade
operacional, a organização
não trabalha com intercâm-
bios profissionais, aqui em
Teresina.
A AIESEC está presente
em 111 países, possui 60 mil
membros em todo o mundo,
realiza 550 conferências e 14
mil intercâmbios por ano e já
promoveu 17 mil experiên-
cias com liderança. Conheça
a AIESEC acessando o site
www.aiesec.org ou www.fa-
cebook.com/aiesecteresina.
Ouso a dizer que foi a melhor experiência
da minha vida! (...) O crescimento pessoal
que obtive foi incrível, (...) lá aprendi
a ser mais humana, a abraçar causas
perdidas...
“
”Beatriz Cardoso
Estudante de Engenharia de Produção
Teresina, 24 de junho de 2013 9
Audiências públicas discutem os problemas
de atendimentos médicos em todo o Piauí
SAÚDE
“A falta de responsabilida-
de de gestores municipais e
de controle social e a carên-
cia de infraestrutura estão
entre os maiores problemas
enfrentados na saúde pública
nos municípios do nosso es-
tado (Piauí)”, disse o diretor
de Programas Especiais de
Saúde, da Secretaria Estadu-
al de Saúde, Doutor Agenor
Lira.
Dentre as reclamações fei-
tas em hospitais municipais
e/ou estaduais está a falta
de médicos, de equipamen-
tos e de medicamentos. Em
Demerval Lobão, município
piauiense, há 30 Km de Te-
resina, como um agravante,
o hospital estadual João Luiz
Morais está sucateado e a po-
pulação reclama com a falta
de profissionais.
Um protesto foi realizado
nas ruas do município, no
final do mês de março, por
causa da falta de médicos.
Segundo Dr. Agenor Lira,
DENISON DUARTE o fator principal “está nos
médicos que têm os cargos
como bicos e, quando atuam,
é apenas meia-hora, em uma
semana”. Ele afirma ainda
que em São Pedro do Piauí, a
situação é semelhante e que
nenhum dos médicos mora
no município.
Em Amarante, município
do sul do Piauí, centenas de
pessoas participaram de uma
Audiência Pública em 10 de
abril, uma quarta-feira, na
Câmara de Vereadores, com
a participação de represen-
tantes dos governos estadual
e municipal. A Audiência foi
requerida pelo vereador José
Pereira (PT-PI), na sessão or-
dinária do dia 22 de março,
obtendo aprovação em vota-
ção unânime do Legislativo
Municipal.
A partir de então, o Legisla-
tivo Municipal fiscalizará os
atendimentos do Programa
de Saúde da Família (PSF) e
também o hospital regional
Dr. Francisco Ayres Caval-
cante.
Um relatório será encami-
nhado ao prefeito Luiz Neto
(PSD-PI) e à diretora do hos-
pital, Dra. Valdeci Barros,
com as irregularidades en-
contradas. Durante a Audi-
ência Pública, ambos assegu-
raram que estarão dispostos
a colaborar para a melhoria
da saúde pública do municí-
pio.
Para a sindicalista rural,
Luíza Neta, a população de
Amarante sofre desse mal há
anos e, apesar da tentativa de
correção por meio de Audi-
ências Públicas, ela se mostra
meio em dúvida com relação
à solução. “Vez por outra te-
mos Audiências Públicas
para resolver os mesmos pro-
blemas. É preciso que novas
medidas sejam tomadas para
que a solução verdadeira-
mente aconteça”, ressaltou.
“As Audiências Públicas”,
diz Luiz Neto, “solucionam
esses problemas porque
orientam a população acer-
ca dos seus direitos. A maior
parte das pessoas desconhece
que a Saúde é um direito de
todos e um dever do estado”,
afirmou.
De forma semelhante, o di-
retor de Programas Especiais
de Saúde afirma que deter-
minados hospitais do estado
não dispõem de fiscalização,
o que torna o serviço inefi-
ciente. Em relação à falta de
médicos nesses municípios,
ele assegura que os recém-
formados rejeitam contra-
tações que sejam para atuar
em cidades distantes de Te-
resina, até porque o salário é
bem menor.
Como exemplo, ele afirma
que, em Água Branca (PI), há
atualmente quatro médicos
que residem no município; já
em Regeneração (PI) moram
apenas três, todos tem aci-
ma de 15 anos de serviço. Os
mais jovens, diz ele, querem
atuar apenas em Teresina ou
em outros grandes centros,
fora do Piauí.
LER e DORT: lesões específicas do trabalho
O
s casos mais comuns
de doenças relaciona-
das ao afastamento de
profissionais das suas ativi-
dades laborais são represen-
tados pelas LER (Lesões por
esforço repetitivo) e pelas
DORT (Doenças Ocupacio-
nais Relacionados ao Traba-
lho).
FRANCISCO BARBOSA Lesão por esforço, segundo
o reumatologista José Tupi-
nambá, é uma denominação
genérica, e não o nome de
uma doença. Ele diz que “esse
termo não é muito apropria-
do, porque lesão por esforço
repetitivo dá a ideia de que
é só a repetição que causa o
problema, portanto o melhor
nome seria DORT ao invés de
LER. O excesso de carga, fal-
ta de repouso, dentre outros
motivos também podem cau-
sar lesões”, informou.
Especialista em Fisiotera-
pia cardiovascular e fisiotera-
pia na saúde coletiva, Michel-
le Vicento fala que o esforço
repetitivo é uma lesão que
atinge principalmente as
pessoas que trabalham com
grandes cargas e repetições.
“Esta patologia é mui-
to limitante, por ser
uma das principais
causas de afastamen-
to do trabalho, sendo
um grande problema
da saúde do trabalha-
dor”, relatou.
Casos de
LER
e DORT
O jovem
Denis Alves
de 24 anos
que exerce
a função de
auxiliar de serviços gerais em
uma empresa terceirizada,
emjunhode2012,sofreuuma
lesão na coluna, causando o
afastamento de suas funções
por um período de 30 dias.
“Eu estava fazendo meu tra-
balho normal, varria quando
senti uma dor muito forte
na coluna, não conseguia me
mexer e pedi ajuda a um cole-
ga de trabalho”, disse.
Imediatamente foi encami-
nhado a um especialista em
Reumatologia que, por meio
de exames logo idenficou o
local da lesão. “Foi detectada
uma inflamação do nervo ci-
ático. Fui orientado a não le-
vantar cargas pesadas, mas,
por trabalhar com serviços
gerais, ainda faço muita for-
ça”, lamentou. Hoje, Denis
está sendo acompanhado por
um profissional de fisiotera-
pia e sempre realiza exames,
algo que não costumava fazer
antes.
Outro caso de afastamento
das funções trabalhais foi o
de Ida Oliveira. Em exame,
foi detectada uma lesão com
características do LER em
2004. Ela trabalhava como
Agente de Correios na área
operacional. A funcionária
relata os detalhes do espaço
de trabalho que teria causado
a lesão, e que foi preciso pas-
sar por uma ultrassonografia
para identificar a tendinite
no pulso e a epicondilite no
cotovelo.
“Lembro que na época tra-
balhava bastante com com-
putador e carimbação. Não
tinha infra-estrutura sufi-
ciente. As mesas não eram
adaptadas para evitar esse
tipo de problema, e começou
a atingir também meus om-
bros”. Conta ainda que, mes-
mo sendo monitorada por
médicos e fisioterapeutas,
por meio de exames mensais,
ainda sente dores ao exercer
alguma atividade que requer
o uso da força.
Idenficando o
problema
Depois de identificar a do-
ença, o segundo passo é sa-
ber se ela está relacionada ao
trabalho. Quando identifica-
da, só será curada se forem
seguidos todos os métodos
necessários apontados pelo
especialista José Tupinam-
bá. “É o que chamamos de
estabelecer o nexo causal, o
vinculo causal, ou seja, per-
guntar se aquela situação
esta mesmo relacionada à
ocupação no trabalho. Esta-
belecido esse vínculo, cabe o
tratamento que pode ser feito
de duas formas: o tratamen-
to não farmacológico e trata-
mento fisico-farmacologico”,
informou.
Segundo Tupinambá, “é
preciso identificar o elemento
causador no ambiente de tra-
balho e afastá-lo, porque, se
não afastá-lo, a lesão se per-
petua. No segundo momento,
o tratamento é medicamen-
toso (que consiste em anti-
inflamatórios, analgésicos,
corticoides orais e fisioterá-
pico) e a partir de medicação
injetável nos locais afetados”,
finalizou.
A importância do trata-
mento fisioterapeutico
A profissional Michele Vi-
cento fala da importância do
tratamento por fisioterapia
na recuperação do paciente e
como o trabalhador pode se
prevenir.
“Para evitar estas doenças
que representam o LER, fa-
zemos sempre a orientação
de como se comportar corre-
tamente não só no trabalho,
mas também no dia a dia do
paciente”, ressaltou.
Ela ainda fala que “o tra-
balhador deve ficar atento à
posição vertical, ao excesso
de peso e principalmente aos
movimentos repetitivos. A
melhor forma de evitar lesões
é cultivar a atividade física,
alongar-se antes das ativida-
des no trabalho e alternar a
forma de execução, sempre
que for possível”, orientou.
A falta de responsabilidade
de gestores municipais e de
controle social e a carência
de infraestrutura estão
entre os maiores problemas
enfrentados na saúde pública
nos municípios do nosso
estado.
“
”Dr. Agenor Lira
Diretor de Programas Especiais de Saúde
Mesmo depois de tratamento, Ida Oliveira
ainda sente dores ao fazer alguma atividade
Foto:FranciscoBarbosa
Teresina, 24 de junho de 2013 10
Descaso nas paradas de ônibus em Teresina
CIDADE
A população sofre sem a proteção necessária nas paradas de ônibus de Teresina.
Foto: Fernando Brito
Moradores do bairro Dirceu vivem às
margens de galerias e esgotos a céu aberto
Foto: Lucas Marreiros
Além do mau cheiro, os moradores estão susceptíveis a graves doenças.
G
aleria de esgoto a céu
aberto no bairro Dir-
ceu, na zona sudeste
de Teresina, causa transtor-
nos como mau cheiro, proli-
feração de insetos e enchen-
tes, aos moradores do bairro
há mais de dez anos.
O censo 2010 apontou Te-
resina como a 5ª pior capital
LUCAS MARREIROS
em cobertura de esgoto; com
uma extensão de 454.466
metros, a capital tem apenas
17% de cobertura. A Agespi-
sa (Águas e Esgotos do Piauí
S/A) está realizando obras de
ampliação na rede de esgotos
da capital, com recursos do
PAC (Programa de Acelera-
ção do Crescimento).
A ampliação está orçada
em R$ 103 milhões, com isso
a cobertura do serviço vai
saltar dos atuais 17% para
55%, aumentando mais 300
quilômetros de rede de es-
goto e passando a beneficiar
250 mil pessoas. No entanto
essas obras estão concentra-
das na zona sul da capital e,
só depois de terminadas, ou-
tros bairros, como o Dirceu
Arcoverde, poderão ser aten-
didos.
O morador José Carlos, que
reside há 15 anos no bairro
Dirceu Arcoverde, anseia por
uma solução para o proble-
ma da galeria ao lado da sua
casa.
Além da forte mau cheiro,
o morador diz que a situação
é ainda mais grave durante
o período de chuvas, porque
a galeria enche ao ponto de
transbordar. “Fede muito e
atrai mosquitos, quando cho-
ve é pior. Às vezes o esgoto
sobe para a rua mesmo sen-
Fede muito e
atrai mosquitos.
Quando chove a
situação piora.
“
”
do alta a calçada da minha
casa”, desabafou José Carlos.
O morador também falou que
muitas gestões já promete-
ram solução para o problema,
mas nada foi feito e eles con-
tinuam vivendo com o esgo-
to exposto. “Já vieram várias
vezes aqui e disseram que a
obra é muito cara, enquanto
isso a gente continua vivendo
assim”, lamenta o morador.
Embora os esgotos sejam
de competência da Agespisa,
é a Prefeitura Municipal de
Teresina a responsável por
galerias, como a do Dirceu.
Segundo o prefeito Firmino
Filho, o projeto executivo da
galeria do Dirceu será feito
apenas no segundo semestre
deste ano.
Após a conclusão do proje-
to e obtenção da verba, serão
feitos as licitações e fluxo-
gramas para o andamento
da obra, portanto ainda não
é possível definir o prazo de
sua conclusão.
Enquanto isso os morado-
res do bairro devem adotar
uma política de prevenção
às cheias da galeria, evitando
que se jogue lixo dentro dela e
procurando a prefeitura para
solicitar, caso seja necessária,
a limpeza da galeria.
Grande parte da população
teresinense se utiliza diaria-
mente dos transportes ur-
banos públicos de Teresina.
além dos problemas que os
usuários sofrem no que se
refere ao valor da passagem,
tempo de espera e ônibus ve-
lhos, os teresinenses ainda
sofrem com as paradas de
ônibus, que não oferecem a
proteção necessária contra o
sol ou contra a chuva, cau-
sando desconforto aos usuá-
rios do sistema de transporte
coletivo da capital.
Segundo o diretor de pla-
nejamento da STRANS, José
Lopes, já está sendo elabora-
do um projeto de implantação
de novas paradas em todas
as zonas da capital Piauien-
se. “Com a complementação
da integração dos ônibus, as
paradas trarão um corredor
com uma proteção maior e
assentos mais adequados
para os usuários”, finalizou
José Lopes. Lopes afirma
ainda que, hoje, a quantida-
GREGÓRIA SILVA
FERNANDO BRITO
de de usuários dos transpor-
tes coletivo em Teresina é de
aproximadamente 320 mil.
Na Avenida Frei Serafim,
onde existe um grande fluxo
de passageiros nas paradas
de ônibus, o desconforto dos
passageiros é visível, princi-
palmente no período da tar-
de, quando o sol é mais forte
e incide diretamente nas pa-
radas de ônibus.
A jovem Eva de Alcântara,
que esperava uma condução,
mostrou-se insatisfeita com
a demora do ônibus que, ao
ser entrevistada, já espera-
va por mais de uma hora e
meia. Para se proteger do sol,
a moradora do bairro Pedra
Mole, zona rural de Teresi-
na, escondia-se do sol atrás
de outras pessoas enfileira-
das à sombra de um poste de
energia elétrica. “A situação é
ruim. As passagens aumenta-
ram, mas o desconforto dos
passageiros continua sen-
do o mesmo, tanto no ponto
quanto dentro do ônibus que,
na maioria das vezes, vem lo-
tado”, lamentou.
SegundodadosdaSTRANS,
existem em Teresina cerca
de 2.200 paradas de ônibus
. Porém, em alguns locais só
existem pontos com uma pla-
ca de sinalização sem abri-
gos com cobertura, deixan-
do o passageiro exposto ao
sol e/ou à chuva. Em outros
locais, a parada de ônibus é
José Carlos
Morador do Bairro Dirceu
abrigada pela sombra de um
poste elétrico ou pela copa de
uma árvore. Já em outros, as
pessoas são obrigadas a dis-
putar o espaço com vendedo-
res ambulantes e acabam se
protegendo à sombra de suas
barracas.
Com a nova gestão, que se
iniciou em janeiro passado, a
STRANS promete que o pro-
blema das paradas de ônibus
será resolvido. Até lá, os usu-
ários precisam ser pacientes
e adotar medidas para fugir
do forte sol e das possíveis
chuvas.
Teresina, 24 de junho de 2013 11
Centro de Convenções:
vamos recomeçar?
GERAL
O
término da obra de re-
vitalização do Centro
de Convenções é um
questionamento recorren-
te na vida dos Teresinenses,
pois foi iniciada em 2009
ainda na gestão da extinta
Piemtur (Empresa de Turis-
mo do Piauí) com a promessa
de uma maior comodidade
àqueles que o frequentavam.
Atualmente, o projeto foi re-
passado para a SETUR (Se-
cretaria Estadual de Turis-
mo) que, em 2010, tornou-se
responsável pela obra que
está parada.
Quando a SETUR assumiu
como Secretária de Turismo
do Estado, retomou a obra
do ponto onde estava depois
da realização de uma reunião
com a empresa responsável
pela construção na época.
Mas logo depois teve que ser
parada novamente, pois, pa-
ralelamente à obra, a Polícia
Federal e a SETUR, em par-
ceria, iniciaram um trabalho
de perícia no local para po-
der verificar a qualidade e a
quantidade do serviço que foi
executado até o presente mo-
mento.
Por ordem judicial, a SE-
TUR não poderia continuar
a obra até que a perícia fosse
finalizada. Por este motivo,
a obra encontra-se paralisa-
da sem previsão de reinício.
Questionada sobre o assunto,
a assessora de comunicação
da Secretária, Renée Marie,
comentou que atualmente
uma equipe de engenheiros e
LISIANE VENTURA
arquitetos está adequando o
projeto para que a obra possa
ser licitada novamente e vol-
tar a ser tomada do ponto em
que parou.
Atualmente o local funcio-
na como um estacionamen-
to clandestino. O mato toma
conta da construção e, além
de servir de local para uso de
drogas, o lugar está pratica-
mente em estado de abando-
no.
No entanto, segundo o atu-
al secretário de turismo do
estado, José Icemar Lavor
Neri, a obra está prestes a ser
retomada. “Estamos fazendo
as adequações no projeto,
tendo em vista que o Governo
já está construindo o centro
de eventos que vai comportar
grandes exposições e feiras, e
o centro de convenções ficará
para atender eventos como
palestras, shows e reuniões
com até 1.200 pessoas em
uma área mais central da ci-
dade”, comentou Neri.
Para a retomada da obra
de revitalização do Centro de
Convenções Dirceu Arcover-
de, a SETUR possui, em con-
ta na Caixa Econômica Fede-
ral, cerca de R$ 3,5 milhões,
dinheiro esse que faz parte de
um convênio com o Ministé-
rio do Turismo.
O restante do recurso para
finalização da obra será via-
bilizado pelo Governo do
Estado do Piauí e a previsão
é que, depois de vencida a li-
citação da obra, a finalização
da parte física aconteça em
um ano.
Enquanto isso, a população
espera ansiosa por um novo
Centro de Convenções.
Teresina aguarda, desde 2009, a revitalização do Centro de Convenções da capital
Foto: Lisiane Ventura
É impossível citar todas as
oportunidades que perdemos pela
falta de um centro de convenções:
Fonte de renda para cidade, ponto
turístico, incentivo à cultura,
geração de emprego (...).
Luana Rodrigues
Assistente Social
Essa limitação e carência
por falta de espaço,
diminuiu drasticamente os
eventos de entretenimento
para a sociedade
teresinense.
Fábio Moura
Músico
Câmara Municipal de
Teresina abre espaço
para a população
A
s sessões ordiná-
rias da Câmara
Municipal de Te-
resina ocorrem de terça
a quinta, e as segundas e
sextas são os dias desti-
nados às audiências pú-
blicas. A maioria das pau-
tas discutidas são sobre
saúde, transporte público
e regulamentações fundi-
árias.
A Câmara Municipal de
Teresina passou por uma
grande renovação após
a última eleição, com a
entrada de mais oito par-
lamentares. Dos vinte e
novequecompõemacasa,
dezesseis assumiram a
cadeira sem passar pelo
processo de reeleição.
Segundo o parlamentar
do PPS-PI, Luis André,
essa reestruturação é re-
flexo da mudança da po-
pulação da capital. “A po-
pulação quer renovação.
É preciso dar oportunida-
de para mais pessoas tra-
balharem por Teresina’’,
comentou ele.
O parlamentar também
ressalta que é importante
MAYARA SOARES
a presença da população. “A
população tem que cobrar
mais dos políticos, como eu
sempre digo, os políticos não
vão atrás do voto no período
de eleição. A população tem
que acompanhar e cobrar,
porque às vezes a população
não cobra e os próprios par-
lamentares se acomodam”,
finalizou.
Outra mudança na Casa foi
o horário das sessões ordiná-
rias, que possuem duração de
duas horas. Com a mudança,
as sessões que, anteriormen-
te iniciavam às 11h passaram
para as 8h. “Havia dias que
era obrigado a encerrar a ses-
são às 14h da tarde, porque
não tinha limite de discus-
são”. comentou o presidente
da Câmara, Rodrigo Martins
(PSB-PI).
Para maior desempenho de
trabalho, o horário foi modi-
ficado. “Essa fase inicial está
impressionando os próprios
funcionários efetivos da Câ-
mara Municipal: profissio-
nais de taquigrafia, respon-
sáveis por escrever a ata da
sessão, estão trabalhando
quase que dobrado pelo nú-
mero de trabalho”, finalizou
Rodrigo Martins.
O parlamentar Luis André
disse ainda que esse horário
permite aos vereadores irem
atrás das reivindicações nas
Superintendências de Desen-
volvimento Urbano (SDU)
e também podem destinar o
horário da tarde para atendi-
mento ao público e realização
de visitas às comunidades.
A população
tem que cobrar
mais dos
políticos, como
eu sempre digo,
os políticos não
vão atrás do
voto no período
de eleição.
“
”Luís André
PPS-PI
“
”
“
”
Teresina, 24 de junho de 2013 12
ENQUETE
Política e Religião
Com base nos últimos acontecimentos no cenário político brasileiro, em relação às
declarações ofensivas oralizadas pelo Presidente da Comissão de Direitos Huma-
nos e Minorias, Marcos Feliciano, e sobre a bancada evangélica no poder público,
fizemos a seguinte pergunta:
VOCÊ ACREDITA QUE POLÍTICA E RELIGIÃO
TRABALHAM BEM JUNTAS?
“Penso que Doutrina
Social da Igreja e política,
trabalhariam muito bem
juntas! É realmente uma
pena, que somente uma
diminuta parcela dos católi-
cos conheça tal documento,
que possui um rigor e uma
riqueza incomparáveis de
ideias!”
Ailton Campos
Doutorando em Matemática
“Eu acho que não. O Bra-
sil, como todos já devem
saber, é um estado laico, isso
significa que ele se mantém
neutro em relação ao campo
religioso. Não estou queren-
do dizer que política e reli-
gião não podem se relacio-
nar. O que não pode é o que
o Pr. Marco Feliciano vem
fazendo. Ele simplesmente
quer interferir diretamente
nas decisões políticas do
nosso país se utilizando de
argumentos baseados nas
suas convicções religiosas.
Isso para mim é no mínimo
contraditório”.
Yuri Santiago
Estudante de Publicidade
“Não, porque a religião é
algo que quase sempre se
confronta com determina-
dos assuntos; o que torna
um impasse para se tomar
algumas decisões como a
legalização do aborto, o
casamento gay, etc. No en-
tanto, separar a religião da
política é algo conflituoso,
pois os parlamentares que
possuem uma determinada
religião querem usá-la como
um fator determinador e
absoluto de suas decisões.”.
Raissa Macêdo
Estudante de Direito
“Religião e Política, na
minha concepção, se com-
plementam, mas não estão
diretamente ligadas uma
à outra, justamente, por
haver divergências. Nesse
caso, creio que não traba-
lham bem juntas. Porém,
se houvesse a garantia de
respeito uma para com a
outra pelas duas partes,
certamente iriam caminhar
civilizadamente”.
Thayná Eleutério
Estudante de Nutrição
“Não trabalharam antes,
não trabalham agora e nem
vão trabalhar. Parece que
estamos voltando à Idade
Média, só que ao invés da
opressão da Igreja Católica
contra as ‘bruxas’, vivemos
a opressão protestante
contra as minorias, espe-
cialmente, ou não, contra os
homossexuais. Não consigo
observar a ‘evolução’ do
pensamento. Tudo está tra-
dicionalista, só que vestido
com a última moda”.
Ivo Santos
Estudante de Nutrição
Acredito que os princípios
basilares da religião (amor,
respeito ao próximo, cari-
dade, generosidade, entre
outros) quando aplicados
às decisões e acões políticas,
fazem estas mais efetivas.
O que não combina é a
convicção preconceituosa
que alguns políticos defen-
dem, dizendo ser fruto de
sua religião. Religião é paz,
fraternidade, humildade e,
acima de tudo, respeito.
Luana de Jesus
Advogada
Marcondes responde a uma
entrevista ao Matraca.
1) Quando e em que
ponto a religião pode
interferir em decisões
políticas?
Quando fere (negando a
existência de grupos, pos-
turas), os posicionamentos
preconizados pelo estado e
convivência democrática,
que são a possibilidade da
convivência dos diversos
posicionamentos da diver-
sidade religiosa, cultural,
espiritual, sexual e de outras
instâncias.
2) Que aspectos
sociológicos podemos
encontrar na relação
entre Políca e Religião?
Elas sempre existiram.
Desde a Idade Média até as
épocas anteriores, a políti-
ca era gerida pela religião,
ou seja, era político aquele
que também era religioso e
a grande representação de
poder político era a Igreja.
Com a modernidade vem a
separação da Igreja (reli-
gião) do estado. É aí onde
criamos o estado laico com
um sistema representati-
vo onde cada parcela da
população pode escolher
seus representantes e estes
por sua vez passaram a
representar os grupos. Nos
países de maioria cristã, e
suas ramificações, apesar
de serem países laicos, a
moral cristã ainda opera na
construção de muitas leis e
ordenamentos.
O estado brasileiro é um estado laico, o que quer dizer que
os posicionamentos religiosos (da igreja, portanto) por mais
representativos de grupos que sejam (e o sistema representati-
vo possibilita que essa representação também seja uma repre-
sentação de grupos ou posições), não podem e nem devem ferir
posições, ações e sentimentos de outros grupos, ditos minori-
tários ou não. Porém nós, humanos, somos produtos de nossas
crenças e, quando estamos em posicionamentos deliberativos
ou com poder, essas crenças podem interferir sim no fluxo
ideal do sistema democrático, que é o respeito à diversidade, à
pluralidade e aos vários posicionamentos.
Marcondes Brito
Cientista Social
Meste em Políticas Públicas
Sobre o tema
www.agecomceut.blogspot.com.br
www.faceook.com/inovecomunicação

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Matraca 2013.1

  • 1. JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FACULDADE CEUT Teresina, 24 de junho de 2013 - Ano 6 - nº 13 O cordelista e a biblioteca popular aberta em casa Redes Sociais: “pais e filhos” ou “pais versus filhos”? Uma pesquisa que foi le- vantada pela McAfee Inc. (empresa de informática fo- cada em soluções de seguran- ça), realizada no ano de 2012, constatou que 65% dos pais estão nas redes sociais para vigiar os fi- lhos. Em con- traste, a pes- quisa ainda revelou que 45% dos jo- vens que es- tão conecta- dos revelam Foto:DiógenesMacêdo Esgotos a céu aberto no Dirceu Câmara Municipal de Teresina As sessões ordinárias da Câmara Municipal de Teresi- na ocorrem de terça a quinta e as segundas e sextas são os dias destinados às audiên- cias públicas. A maioria das pautas discutidas são sobre saúde, transporte público e regulamentações fundiárias. Pág. 11 Lesões no trabalho Conheça as lesões mais co- muns ocorridas no trabalho. Confira casos de lesões, saiba como preveni-las e a impor- tância do tratamento medi- camentoso e fisioterapêutico. Pág. 09 Pedal Noturno: a noite, em Teresina, agora conta com prática do Ciclismo. Pág. 08 Galeria de esgoto a céu aberto no bairro Dirceu, na zona sudeste de Teresina, causa transtornos como mau cheiro, proliferação de inse- tos e enchentes, aos morado- res do bairro há mais de dez Enquete Você acredita que política e religião trabalham bem jun- tas? Por quê? Pág. 12 LEI MARIA DA PENHA: Segundo a Delegada Vilma, a lei é uma arma contra a violência Foto:AbdiasNascimento Infográfico:MozartMenezes que, se soubessem que estão sendo vigiados pelos pais, mudariam de comportamen- to. Confira os dados da pes- quisa na matéria. Pág. 07 anos. Teresina é considerada a 5ª pior capital em cobertu- ra de esgoto, mas a AGESPI- SA promete expandir a rede de abastecimento através de recursos do PAC. Pág. 06 José Bezerra de Carvalho, conhecido como Zé Bezerra ou Águia de Prata, cearense. Mudou-se para Teresina ainda criança, onde há anos escreve uma trajetória bem sucedida como poeta cordelista com 56 folhetos e 12 cordelitos. Violência contra a mulher De acordo com o Levanta- mento do Poder Judiciário, em relação à Lei Maria da Penha durante os cinco pri- meiros anos de validade da lei, o Piauí ocupa o 3º lugar no ranking nacional onde as mu- lheres mais sofrem vio- lência do- méstica. Pág. 03 Foto:FranciscoBarbosa
  • 2. JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA FACULDADE CEUT Diretor Geral: Hornório José Nunes Bona Diretor Financeiro: Ranieri Mauro Vilarinho Brito Diretora Administrativa: Zizita Dolores Bona de Carvalho Diretora Acadêmica: Maria de Fátima Araújo Portela Divisão de Criação e Divulgação: Moema Antonina Bona de Carvalho Coordenadora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Christianne Matos de Paiva Assessora Acadêmica: Lina Rosa de Jesus Bona Coordenadora do Curso de Comunicação Social: Maria Helena Almeida de Oliveira Professor Responsável: Cristiane Lima Ventura Editor: Cristiane Lima Ventura e Fernando Carvalho Brito Planejamento Gráfico: AGECOM - Agência de Comunicação Jr. Revisão: José Airton F. de Sousa Equipe de Redação e Reportagem: Abdias Nascimento, Artur Vasconcelos, Camila Fortes, Denis Alves, Denison Duarte, Diógenes Macêdo, Fernando Brito, Francisco Barbosa, Gregória Silva, Lisiane Ventura, Lucas Marreiros, Mayara Soares e Sidney Cardoso. Centro de Ensino Unificado de Teresina - CEUT Avenida dos Expedicionários - nº 790 - Bairro São João - Teresina / Piauí - CEP: 64046-700 Fone: (86) 4009-4300 - Fax: (86) 3232-4888 E-mail: jornalmatraca@ceut.com.br Teresina, 24 de junho de 2013 2 Tempos de convergência EDITORIAL M uito se fala sobre convergência nos dias de hoje, mas o entendimento ainda é pouco. A convergência tecnológica e a convergência midiática completam uma a outra e, dessa maneira, formam o cenário da comuni- cação atual. A utilização de uma única tecnologia para vários fins e a união de tecnologias para multi- funcionalidades consiste em um novo caminho, que os meios de comunicação encontraram para se adaptar à internet, já que assim outras mídias podem fazer parte da internet. Nos dias de hoje o mundo vive conectado. E as pessoas também. Um acontecimento não fica isolado do outro lado do mundo, pode rapida- mente chegar ao conhecimento de muitas pes- soas, em várias partes do mundo. Além disso, ainda existe uma necessidade de se trabalhar em vários tipos de mídia, não só para se manter atual, mas para conseguir dar conta da grande demanda de informação, que pode ser trans- mitida de maneira diferente por cada mídia e assim conquistar públicos cada vez mais hetero- gêneos. O jornalismo ganha muito com essa conver- gência, podendo ser trabalhado de diversas for- mas e ser consumido de maneira local e global, somando novas formas de comunicar, divulgar e produzir. A chegada da interatividade permi- te aos interlocutores uma chance de dar uma resposta, contestar, compartilhar e até modificar a maneira como a comunicação está sendo feita, diminuindo as fronteiras (não só entre países), mas também a distância entre veículos e inter- locutores, tornando-se quase impossível estar alheio aos acontecimentos. A informação é transmitida de um veículo para outro e de uma tecnologia para outra, acessível pelo computador, televisão, celu- lar, rádio e outras tecnologias. O profissional da comunicação deve estar apto a trabalhar com várias mídias ao mesmo tempo, para se encaixar nesse mercado que, embora esteja constantemente em crescimento, ainda é ca- rente de profissionais que realmente saibam trabalhar com a convergência, respeitando as particularidades de cada meio de comunica- ção. Esse profissional, que sabe passar de uma tecnologia a outra sem perder conteúdo, encaixa-se nesse cenário de convergência tec- nológica. É o conteúdo que mantém acesso e audiência, e principalmente a maneira como esse conteúdo é trabalhado para conquistar o acesso e a audiência do veículo. Hoje, a grande preocupação é em saber como esse profissional está sendo prepara- do, se a comunicação nunca foi como é hoje. Como as academias podem preparar o aluno para essa convergência? De certa forma, o mundo acadêmico mal começou a dar aten- ção às mudanças que se aproximam de forma rápida, o que exige um novo perfil do profis- sional da comunicação. A tecnologia faz mais descobertas a cada dia e elas cada vez mais estão entrando em uso comum no dia a dia das pessoas. Esse modo tecnológico de viver contribui para facilitar a aderência de conteúdo gerada pelos grandes e pequenos geradores de informação. Mas, se hoje vivemos o começo da conver- gência tecnológica e midiática, só o tempo vai tornar mais fácil entender e teorizar melhor a respeito dessa novidade, da sua complexi- dade e da responsabilidade necessária para sua utilização, para que as pessoas e o mundo desfrutam de conteúdos cada vez mais ricos. LUCAS MARREIROS Não à violência contra a mulher A violência contra a mulher costuma ser divulgada na mídia de maneira recor- rente e banal. Na maioria dos casos, observamos o agressor sendo colocado como figura central, ou seja, seu rosto é estampado nos diferentes veículos na prática de um sensaciona- lismo exacerbado em relação ao sofrimento da vítima. Diante de um tema tão relevante para a socie- dade, resolvemos abordar o assunto sob uma ótica diferenciada. Costuma ser falado e realçado o enorme sofrimento porque a mulher, seja ela, esposa, filha, enteada, sobrinha, passa. Puro sensacionalismo? Talvez sim, já que a busca desenfreada por audiência serve de justificati- va para inúmeros tropeços na conduta ética. É importante lembrar que essa agressão ocorre não só no ambiente familiar como também em outros cenários, não se limitando apenas à esfe- ra privada. A assistência à saúde da mulher nesse contex- to degradante é muitas vezes esquecida. É como se o aparato jurídico, que precisa garantir a se- gurança, cuidar dos processos, dá voz para as ví- timas, já desse um conforto e fechasse a lacuna que a agressão causa na vida de quem sofre. Na verdade, esse delito, que não se restringe apenas à questão física, como também sexual e psicoló- gica, necessita de uma maior atenção da saúde pública e dos cidadãos quanto à importância Apurem os olhos, abram a mente, conectem os sentidos para as notícias que movimentam nossas vidas, está em cena mais uma edição do nosso jornal laboratório Matraca, o veículo im- presso e on-line produzido por alunos do curso de Jornalismo do CEUT, editado e diagramado pela AGECOM CEUT - Agência de Notícias Jr., da faculdade, sob a orientação da professora Cristiane Ventura. Fruto da aplicação prática dos conteúdos aprendidos em sala de aula e no ambiente da AGECOM CEUT, o Matraca tem por missão divulgar matérias sobre temas de relevância para a comunidade acadêmica do CEUT e para a sociedade de modo ampliado, vez que o espaço privilegia a apuração e a reflexão acerca dos con- teúdos abordados e não a urgência do furo. Longe de ser um noticiário frio, entretanto, o Matraca traz o que há de mais quentinho em produção de informação e comunicação, que é o vigor da busca pela pauta não convencional. Aquela que se mostra oportuna pelo que traz para além do imediatismo, cuja relevância está na propriedade de abrir espaço ao que nem sempre é visto e dito na grande mídia. É a isso, a final, ao que se propõe a experimentação acadê- mica, a revelar um novo modo de falar sobre a gente que está no mundo fazendo com ele gire e promova acontecimentos que mereçam virar notícia. Boa leitura e que o Matraca faça um barulhi- nho bom na sua mente e na sua vida, produzindo ecos para as notícias que precisam ser propala- das mundo afora. Maria Helena de Almeida Oliveira Coordenadora do Curso de Comunicação Social da Faculdade CEUT. Apresentação de denunciar e, acima de tudo, entender a dimensão do problema que acomete todas as classes sociais, sem distinção. Ao imaginarmos uma vítima de estupro, por exemplo, precisamos ter noção do enor- me trauma passado com marcas profundas, que precisam ser levadas em consideração e trabalhadas com auxílio multidisciplinar para recuperar o amor próprio e possibilitar a continuação da vida para essas mulheres. Se a violência contra a mulher é recorrente, se a saúde está debilitada, é preciso que os representantes do povo comecem a trabalhar essa situação questionando as melhorias que podem ser feitas para amenizar o problema. ARTIGO Boa leitura e que o Matraca faça um barulhinho bom na sua mente e na sua vida, produzindo ecos para as notícias que precisam ser propaladas mundo afora. “ ”Maria Helena de Oliveira Jornalista e Publicitária
  • 3. Teresina, 24 de junho de 2013 3 Violência contra a mulher é problema de saúde pública MATÉRIA ESPECIAL ARTUR VASCONCELOS D e acordo com o Le- vantamento do Poder Judiciário, em relação à Lei Maria da Penha duran- te seus cinco primeiros anos de validade, o Piauí ocupa o 3º lugar no ranking nacio- nal onde as mulheres mais sofrem violência doméstica. Além desse tipo recorrente de agressão, o SAMVIS (Ser- viço de Assistência à Mulher Vítima de Violência Sexual) que funciona na Maternidade Evangelina Rosa registrou, em 2012, 459 casos de estu- pro em Teresina. Na manhã do dia 15/04 foi realizada uma audiência pú- blica na Câmara da Capital, que objetivava discutir os vá- rios tipos de violência contra a mulher e a situação atual do nosso estado. A proponente da discussão foi a vereadora Teresa Britto, que afirmou a importância desse debate em todos os setores sociais, Foto: Francisco Barbosa baseando-se em dados da si- tuação atual enfrentada. “O Brasil ocupa o 7° lugar mun- dial de homicídios contra as mulheres. Em Teresina, 25% das ações tramitando na jus- tiça hoje são relacionadas a esse tipo de agressão. É pre- ciso discutir e criar novas po- líticas públicas, já que essa violência tem consequências graves para a família e gera- ções futuras”, afirmou a vere- adora. Tatiane Seixas é presiden- te da UBM (União Brasilei- ra das Mulheres) e militante ativa em prol dos direitos das mulheres. “A discussão mais latente desse contexto é a violência doméstica. Mas, não podemos esquecer que todo esse contexto ocorre de- vido à disputa de poder, que também é muito recorrente no trabalho e na política. É preciso estar atento também, a esse tipo de ocorrência não só no cenário privado como também no público”, enfati- zou. As consequências para a saúde da mulher são as mais devastadoras possíveis. Infla- mações, contusões, hemato- mas, e em casos mais graves podem deixar complicações para a vida toda, como limi- tações no movimento motor devido a fortes agressões. De acordo com dados do Minis- tério da Saúde, 10% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil são gastos com o siste- ma de saúde, resultantes da violência contra a mulher. Rita Portela é Conselheira do Conselho Municipal de Saúde e trabalha nas linhas de cuidados, prevenção e orientação da mulher quando ela passa por uma violência sexual. “Hoje, a mulher víti- ma dessa agressão é atendida nos Centros de Perinatologia da Maternidade Evangeli- na Rosa, onde recebe apoio psicológico, medicamentos contra DST (incluindo os re- trovirais) e toma as vacinas necessárias. O gasto é gran- de”, afirmou. Ela relatou na prá- tica como funciona o atendimento da vítima de cunho sexual no nosso estado. “Quando a mulher é violenta- da, a primeira as- sistência que ela necessita não é a jurídica, e sim a saúde. Ao che- gar no hospital e ser constatada a violência sexual, é feito o encami- nhamento ao SA- MVIS que funciona na Ma- ternidade Evangelina Rosa. É preciso tomar uma atitude imediata para evitar que a ví- tima adquira certas doenças. Logo depois desses cuidados, a mulher é estimulada a fazer a denúncia”, finalizou Rita Portela. Segundo a Delegada Vilma Alves, a violência doméstica não se restringe apenas à mu- lher da periferia, e enfatizou a importância da Lei Maria da Penha. “Nenhum artigo do Código Penal beneficiava a mulher porque nós éramos consideradas objetos. Essa lei surge depois da Constitui- ção de 1988, que consagra to- das nós mulheres sujeitos de direitos, funcionando como um manto de proteção para coibir o agressor tirando a mulher do direito privado para o público. A violência é psicológica, por isso é preciso atuar efetivamente para que a vítima não tenha dentro de sua casa, a autoestima aba- lada. É um crime que deixa marcas eternas, feridas que não saram”, revelou. Quando a mulher é violentada, a primeira assistência que ela necessita não é a jurídica, e sim a saúde. “ ”Rita Portela Conselheira do Conselho Municipal de Saúde Piauí ocupa o 3º lugar no ranking nacional de violência contra a mulher Caso de violência contra a mulher C leonice de Paula tem 42 anos, diarista e mãe de sete filhos. A teresinense conta que seu primeiro companhei- ro, com o qual foi casada por oito anos começou a agredir-lhe fisicamente a partir do 3º ano de união. “Ele não queria que eu tra- balhasse, me amarrava e batia em mim com cordas constantemente.Como era pedreiro, não aceitava que eu fosse trabalhar, mas precisava para ajudar no sustento dos meus filhos. Denunciei ele em 1999, na Delegacia da Mulher do Dirceu e logo ele fu- giu para São Luís e nunca mais tive notícias dele”, revela. Os cinco filhos do agressor de Cleonice con- viviam com as agressões constantes à mãe e nunca perdoaram ao pai. “Hoje em dia meus filhos não gostam dele e nunca pro- curaram saber como ele está ou coisa do tipo. O trauma não foi só meu e sim deles também”, con- tou a diarista. Antes de finalizar, a vítima conta que é um as- sunto muito difícil de ser conversado e que não re- cebeu auxílio psicológico. “Evito falar e nunca tive acompanhamento psico- lógico, porque é um as- sunto que me incomoda até hoje. Tenho medo de me relacionar com qualquer ou- tro homem, por lembrar das agressões do passado”, la- mentou Cleonice. A psicóloga Diana Prado afirma que, como se trata de uma situação delicada, na qual a mulher vítima da violência se sente envergo- nhada, o psicólogo deve criar um espaço de acolhimento, oferecendo uma atenção de qualidade. Ela revela os sintomas co- muns resultantes das agres- sões, sejam elas, psicológicas ou físicas, e ressalta a impor- tância da terapia. “Isolamen- to afetivo, sentimentos de culpa, nos casos mais graves pode ocorrer o DSPT (Distúr- bio de Estresse Pós-Traumá- tico), “stress”, depressão e até mesmo tentativas de suicídio. Por isso, é importante a tera- pia e muitas vezes o trabalho conjunto com o psiquiatra é extremamente necessário. O apoio e contato com a família também são válidos, já que é nela que a paciente vai en- contrar conforto”, explicou. As denúncias podem ser feitas através do Disk Mulher 180, ou na Delegacia da Mu- lher do Centro de Teresina (86) 3222-2323. O SANVIS, que proporcio- na os cuidados necessários às vítimas de violência sexu- al, funciona na Maternidade Evangelina Rosa e o telefone é (86) 3228-1605. É preciso discutir e criar novas políticas públicas, já que essa violência tem consequências graves para a família e gerações futuras. “ ”Teresa Britto Vereadora de Teresina Foto:FranciscoBarbosa
  • 4. Teresina, 24 de junho de 2013 4 O cordelista e a biblioteca aberta em casa ENTREVISTA Zé Bezerra, 85 anos. Sargento da PM e cordelista apaixonado. Conhecido como Águia de Prata, é sócio fundador do Sindicato dos Cantadores e Poetas Populares do Piauí. A pesar de não ter nenhuma biblioteca mantida pelo poder público, o bairro Aeroporto é uma região privilegiada da zona norte de Teresina, é que lá está instalada a bibliote- ca da literatura popular “A Voz da Poesia”, inaugurada em 2001 pelo cordelista e sargento reformado da Polícia Militar do Piauí José Bezerra de Carvalho, de 85 anos de idade. José Bezerra de Carvalho, mais conhecido como Zé Bezerra ou Águia de Prata, nasceu em Ipueiras, Ceará, no final da década de 20. Mudou-se para Teresina ainda criança, onde há anos escreve uma trajetória bem sucedida como poeta corde- lista brasileiro com 56 folhe- tos e 12 cordelitos publicados por várias editoras. O pequeno quarto da frente da residência de seu José Bezerra se transformou em biblioteca no momen- to em que ele diz ter sido “avisado por Deus” de que a sua missão na Terra só seria concluída com proximidade à perfeição se fundasse uma biblioteca. O espaço reúne um acervo de mais de mil exemplares de livretos de cordel e além de um grande apoio inte- lectual para os moradores da região e uma boa opção para todo o povo dos bairros Aeroporto e Mafrense, já que esta é a única que dispõe somente de livros em Cordel. Aos interessados em conhe- cer o espaço, a biblioteca popular de Zé Bezerra fica localizada na avenida Cente- nário, nº 1178, Bairro Aero- porto, aberta de segunda a sábado das 8h às 18h. Em uma entrevista ao JORNAL MATRACA, ele revelou um pouco de suas experiências ao longo de 85 anos bem vividos e deu uma aula de literatura de cordel. Eu recebo aqui mais de 200 es- tudantes por mês e para mim é a maior recom- pensa do mundo pelo que fiz com o Cordel. “ ” Zé Bezerra, mantêm em casa uma biblioteca de Cordel aberta ao público sem nenhuma ajuda do poder público ou da iniciativa privada Quando começou sua paixão pela escrita? Comecei escrever com 10 anos, mas a minha primeira publicação aconteceu em 1985 porque antigamente era difícil. Eu ia escrevendo e com o tempo jogava muita coisa boa fora. É coisa de dom, meu filho. O Espirito Santo sopra, me dá um dom, dá outro pra você, distribui um pra cada um. Como o senhor apren- deu a ler? Aprendi só, você não aprende a poesia com ninguém, mas o que eu aprendi durante a vida foi a rimar melhor. Tudo come- çou quando eu comprei uma cartilha do ABC pedindo “lição” pra um e para outro. Depois eu tive três meses de aula com uma professora chamada Alda Veloso. Ela morava perto do cemitério do São Pedro, mas dava aula lá na Vermelha. Não tenho formação nenhuma, só o dom mesmo. O que a literatura de cordel nos conta? A vida, o dia a dia de cada pessoa. Apesar da minha idade, estou lúcido e consciente, passei por minha infância, também pela juventude. Cheguei à maturidade em toda plenitude, conhecendo os meus direitos com bons gestos e atitude.Respeitei homem e mulher, jovens e idosos. Conhecidos e estra- nhos foram amigos e bondo- sos, no que falavam e diziam foram muito atenciosos. De um aos vinte anos, primei- ra etapa da vida, infância e juventude, uma passagem sofrida. Aos 23 me casei, início de nova lida. Qual foi a sua primeira obra publicada e como é o seu processo de cria- ção? Minha primeira obra publicada foi o Menino e o Sabiá, um folheto peque- no. Eu começo no caderno, daqui vou “prali” (apontando para a máquina de escrever), depois vem o meu menino e digita tudo no computador. Pronto. Facim (sic) demais. Alguém da sua família despertou o gosto pela literatura? Eu tenho um neto que se formou como professor, já escreveu um li- vro e tá dando aula. Tem ou- tro que foi embora e também dá aula de português, e só. Dos 24 netos, só 2 desenvol- veram esse lado de escritor. Como nasceu a bibliote- ca popular? Eu juro por minha mãe. Deus me disse no sonho que se eu quises- se ir dessa para outra vida com a alma tranquila teria que fundar esse espaço aqui. Não contei conversa e abri a biblioteca a mando de Deus e por o coração pulsando de alegria por ver algo que também era um desejo meu, se tornar real. Qual era sua intenção ao fundar esse espaço? Foi justamente para ajudar as escolas. Aqui é um espa- ço aberto, como você pode Foto: Diógenes Macêdo Foto:DiógenesMacêdo ver. As professoras trazem os alunos e eu explico o que é o cordel, e nada é cobra- do. Falo até do repente. Por exemplo, você sabe quem foi o primeiro que cantou repente aqui no Piauí? Foi Inácio da Catingueiro, escravo do Ceará que veio pra cá e canta- va embolada . Ela foi lançada em 2000, não deu certo e foi reaberta em 2001, até hoje está ai. Existe re- sistência por parte do poder público em apoiar o seu trabalho? É o que mais tem. O estado e o municí- pio não ajudam ninguém, até ajudam, más só os puxa-sacos , me perdoe a expressão! Pra você ver, eu passei 19 meses com um livro “amarrado” pela Fun- dação Cultural Monsenhor Chaves, uma luta para ser publicado. Ainda hoje tenho cópia desse ofício. Todo mês me mandavam chamar pra dizer pra eu esperar mais um pouco e nunca manda- ram publicar aquele livro. Me disseram(sic) que não tinham verba pra apoiar nada, mas uns meses depois lançaram um CD de uma senhora que era diretora lá. A única ajuda que eu tenho é do rapaz da gráfica que hoje em dia publica meus traba- lhos. Ele faz um preço mais barato, mas só porque ele também escreve. Que experiências difíceis o senhor viveu para ter um trabalho publicado? Foi quando eu mandei uma carta pedindo para o presi- dente Lula. Aí ele repassou “pro” ministro da cultura da época (Gilberto Gil) que me respondeu dizendo que eu fosse pedir “pros” em- presários daqui. Ai eu me indignei. Respondi pra ele que se eu estava pedindo ao presidente da república era porque eu já tinha usado aquele meio que ele me man- dava pedir e que não ia fazer isso porque já tinha feito e não achava apoio no lugar. Quem quiser ter aces- so ao seu material faz o quê? Vem aqui ou vê pela internet. Vai lá na internet e procura no Recanto das Letras. Olhe, eu recebo men- sagem do mundo todo. Tem gente que me dá parabéns lá de Portugal, Inglaterra, Reino Unido, Estados Uni- dos, França, Japão, de todo canto do planeta. E o engra- çado que daqui do Piauí eu só tenho dois comentários. Pra você vê como é verdade que “santo de casa não faz milagre”. Porque o Cordel está sendo esquecido? Porque não se ensina nas escolas. Só isso. Devia ser obrigatório. É a nossa identidade. É o nos- so sangue. Eu recebo aqui mais de 200 estudantes por mês e para mim é a maior recompensa do mundo pelo o que fiz com o Cordel (voz mansa e com os olhos reple- tos de lágrimas). O senhor tem algum so- nho não realizado? Sim, e grande. Um sonho que as autoridades assumam a res- ponsabilidade de preservar o cordel, porque muito se fala de cultura e esquecem do Cordel. Pra mim já bastava. Hoje em dia o povo não sabe nem a origem dessa litera- tura. DIÓGENES MACÊDO
  • 5. Teresina, 24 de junho de 2013 5 O novo perfil da música piauiense CULTURA - MÚSICA Q uem diz que piauiense escuta somente pé- de-serra, brega, ser- tanejo e pagode, se engana. O piauiense inovou seu esti- lo musical sem abandonar o xote, o baião, o clássico pé- de-serra e seus afins, criando assim uma mistura de em- balos e ritmos irreverentes e cada vez mais animados. Um dos mais diferentes e conhecidos é o estilo do Con- junto Roque Moreira, que desde 2001 mistura o “reg- gae” com o “rock”, o xote com o samba e um forte mangue “beat” em suas composições, e torna por unir culturas através da música. Tendo como sucessos “Vendedor de Cajuína”, “Crepúsculo” e como uma referência Nação Zumbi, o conjunto não deixa ninguém parado, intencio- nando o “dois pra cá e dois pra lá” até pra quem não sabe dançar. No final de 2012, o vocalista Daniel Hulk fez uma viagem ao Canadá e mostrou seu di- ferencial, utilizando apenas uma zabumba, o sopro e sua voz marcante. Apesar do bom material produzido, as oportunidades não são tantas para quem quer se destacar no cenário. Conseguir visibilidade requer muita experiência e paciên- cia dos músicos: “o recurso é escasso para a realização de bons projetos”, conta o críti- co musical Igor Melo Coelho. “Enquanto as pessoas pen- sarem na música como um ‘som ambiente’ e frequenta- rem os locais não pela mú- sica que vai ser tocada, mas pela ‘bebida dobrada’ e pela ‘mulher free até meia noite’ a produção musical de verdade vai sofrer”, completou. Contudo, muitos músicos investem na sua bagagem cultural para iniciar uma carreira que faça diferença, e outro destaque da música piauiense é a banda Validu- até, primeiramente denomi- nada de “Papel de Parede”, que se originou na cidade de União no ano de 1999. A ban- da começou a ser destaque no cenário piauiense depois de participar do Festival Cha- pada do Corisco em 2003, e seguiu fazendo sucesso nos três anos conseguintes do CAMILA FORTES Roraima, vocalista da Banda Theregroove em apresen- tação no Projeto Samba do Coreto em outubro de 2012 Foto: Pedro Ezequiel de Araújo Festival. Validuaté consegue pro- duzir uma mistura de sons inigualável, com uma mis- cigenação de gêneros como forró, brega, “rock”, samba e “reggae”, com letras como “Eu só quero acabar com você”, composta pelo Thiago E - cantor, ator, compositor, professor e poeta. O primei- ro álbum lançado pelo grupo foi “Pelos pátios partidos em festa” no ano de 2007, perío- do em que fizeram uma turnê no Rio de Janeiro e em São Paulo. Logo depois veio “Alegria Girar” em 2009, fazendo o mesmo percurso em turnê nacional. Este ano foi lança- do o álbum “Este Lado Para Cima”, com faixas totalmente inéditas. “Produzir alguma coisa com uma qualidade razoável ficou bem mais fácil com a tecnologia atual. Isso torna os produtores locais e não- profissionais mais capazes de fazer coisas novas e diferen- tes. Se você quer fazer samba, que faça. Quer fazer rock, que faça. Mas o faça bem e mos- tre que você sabe o que está fazendo. É isso que vai dife- renciar quem está querendo evoluir”. Ocenáriomusicalpiauiense soube mesclar ritmos e esti- los diversos, sem precisão de rótulos, sem seguir padrões metódicos de gênero. Hoje, o que faz a diferença é a ino- vação, é a curiosidade pelo jamais feito e jamais visto. O Piauí tem talento suficiente pra “dar e vender”. Enquanto as pessoas pensa- rem na música como um ‘som ambiente’ e fre- quentarem os locais não pela música que vai ser tocada, mas pela ‘bebida do- brada’ e pela ‘mulher free até meia noite’ a produção musi- cal de verdade vai sofrer. “ ” Núcleo do Dirceu viaja o Brasil e o mundo fazendo apresentações CULTURA - ARTE O Núcleo de Formação de Dança Contempo- rânea do bairro Dir- ceu, denominado “Núcleo do Dirceu”, foi fundado em 2006 e de lá para cá vem desenvolvendo um trabalho que envolve música, dança e expressão corporal. Desde a sua formação, o grupo vem se apresentando em todo o país e no mundo. O grupo já passou por Ma- naus, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Belo Horizonte. Além disso, já via- jou para países como, Japão, Cuba e Portugal. No Piauí, o grupo já se apresentou no teatro do boi e LISIANE VENTURA no festival lusófono da UFPI, mas geralmente suas apre- sentações são fora do estado. Atualmente, o grupo esta lan- çando um novo projeto cha- mado “Curto Circuito”, que promove a dança contempo- rânea como uma liberdade de expressão. Eles não se sentem pres- sionados a produzir. As pes- soas se sentem livres para a inspiração. Eles fazem arte de acordo com suas necessi- dades e vontades. “O núcleo é o único lugar que eu consigo ver hoje onde eu posso colo- car o meu trabalho do jeito que eu quero que ele seja re- alizado”, comentou Izabelle Frota, uma das monitoras do Núcleo. Antes do “Curto Circuito”, eles trabalharam com um projeto chamado “Mil ca- sas” no qual os integrantes do grupo visitaram mil casas pelas redondezas do Dirceu e mostraram sua forma de arte dentro delas, montando as- sim, ao final, um espetáculo relacionado à vivência dessas visitas e um livro. O Grupo já teve alguns patrocínios como a prefeitura de Teresina e a Petrobras, mas atualmente vive de alguns apoios locais e nacionais. Mesmo sem incentivos fis- cais da prefeitura e do estado, o grupo se estabiliza dentro do contexto nacional e já ga- nhou reconhecimento dentro da área cultural do país, como em 2006, pela Associação de Críticos de Artes de São Pau- lo pela melhor política públi- ca em dança. Em 2011, pela mesma Associação, por for- mação, difusão, produção, e criação em dança. O Núcleo mostra que o con- texto cultural do estado ain- da é pobre em incentivos e a população em geral não se interessa pela cultura. Mes- mo com a falta de apoio, a capital está cheia de pesso- as com talento e vontade de mostrar que a cultura é um meio de propagar o que vai além dos olhos, mexe com a nossa imaginação e nossa ge- nuinidade. O que falta é o interesse das pessoas em acreditar nessa O núcleo é o único lugar que eu consigo ver hoje onde eu posso colocar o meu trabalho do jeito que eu que- ro que ele seja realizado. “ ” Igor Melo Coelho Crítico Musical Izabelle Frota Monitora do Núcleo realidade, e o núcleo do Dir- ceu mostra que a mistura de arte e dança resulta em um trabalho grandioso e bonito de se ver.
  • 6. Teresina, 24 de junho de 2013 6 O esporte que virou mania em Teresina ESPORTE O Mixed Martial Arts ou Artes Marciais Mistas, conhecido mundial- mente como MMA, é uma das práticas esportivas que mais têm crescido no Brasil e isso se deu por conta do desenvol- vimento de seus lutadores, com as conquistas de vários títulos e pelo reconhecimen- to mundial. Nomes como Ro- drigo Minotauro, Anderson Silva, Wanderlei Silva, dentre outros, conquistaram através do MMA fama e fortuna no exterior, fortalecendo assim a disseminação do esporte em solos sul-americanos. No Piauí, além do cresci- mento em academias especia- lizadas na arte, o movimen- to vem realizando diversos eventos do segmento na ca- pital. Segundo o professor de MMA Luiz Francisco Nasci- mento, o “Russo”, o cresci- mento do esporte, de forma geral, mostra que a questão do preconceito, pelo fato de que muitas pessoas acham violento, é algo ultrapassado. “Os atletas se preparam bas- tante para os eventos. Hoje eu tenho na minha academia ABDIAS NASCIMENTO DENIS ALVES mais de 100 alunos em dife- rentes artes marciais, e a cada dia o número de crianças trazidas pelos pais aumenta cada vez mais. Isso só mostra que realmente crescemos e viramos algo profissional”. O professor é conhecido por ser mestre em Muay-Thai, arte marcial tailandesa, e como um dos responsáveis por dis- seminar o MMA no Estado. Os torneios também já fa- zem parte da rotina do calen- dário do público piauiense que gosta do MMA. Durante o ano, a média de eventos re- alizados está entre 7 e 9 com- petições, servindo como uma A prática do esporte que virou mania no mundo e conquistou o gosto do teresinense. Foto: Abdias Nascimento O sucesso de dez anos de FUTSAL N o primeiro semestre do ano de 2013 foi re- alizada a 23ª edição do Torneio Interperíodos de Futsal da Faculdade CEUT. A competição interna da Insti- tuição disputada desde 2002 mostra que a cada ano a rela- ção entre estudantes, profes- sores e funcionários cresce mais, já que todos podem for- mar suas equipes e competir. Disputada duas vezes por ano, uma em cada semestre, a competição nesta primeira metade do ano contou com 181 inscritos e 17 equipes par- ticipantes. De acordo com o regula- mento, as disputas são reali- zadas em jogos eliminatórios simples e terão dois tempos corridos de 20 minutos cada. “O objetivo do Interperíodos é promover esse encontro, essa relação entre alunos de diferentes cursos e períodos, bem como professores e fun- cionários” destaca Francisco Braz, professor e coordena- dor de esportes do CEUT. Além de promover essa in- teração, o Torneio visa ob- ABDIAS NASCIMENTO servar novos talentos para a Seleção de Futsal da própria faculdade que por tradição é uma equipe reconhecida pela qualidade em todo o estado do Piauí. “Já saíram alguns bons jogadores do Interperí- dos para o time da faculdade. Estamos sempre observando. Sempre tem um ou outro que é diferenciado”, afirma Braz. Acadêmico do 9° período do curso de Direito, Rogé- rio Marques já participou de várias edições do Torneio e garante o sucesso da compe- tição. “Estou quase me for- mando e ao longo desse tem- po fiquei de fora de apenas duas vezes. Semestre passado minha turma perdeu para os campeões”. Rogério também fez jus ao que propõe o evento, “Esse lance de podermos jogar contra times de professores e funcionários mostra que é importante essa interação.” De acordo com a organiza- ção do Torneio, o prêmio foi estimado em R$ 800,00 e R$ 500,00 para a equipe cam- peã e vice, respectivamente. Todos os jogos foram realiza- dos no Ginásio Alberto Bona Neto, na própria Faculdade. Teresina Pedal Noturno Foto: Abdias Nascimento C riado há cerca de 10 anos, o movimento Teresina Pedal No- turno iniciou-se através da reunião de 05 amigos que utilizavam a Avenida Raul Lopes para a prática do es- porte através da bicicleta. O número de participantes foi crescendo e, em pouco tempo, o grupo já contava com mais de 100 pessoas reunidas para realizar o ci- clismo noturno na capital. Com o objetivo de exerci- tar o corpo e manter a saú- de em dia, o pedal noturno ainda procura incentivar a união entre os participan- tes, cultivando a amizade e interação, além do turis- mo praticado nos bairros. Atualmente, o movimento possui cerca de 270 pes- soas e cada vez mais vem ganhando adeptos, tra- balhadores, professores, estudantes e várias outras pessoas participam das pe- daladas. De acordo com Afonso Junior, organizador do movimento e coordenador do grupo Filhos do Sol, o movimento procura incen- tivar a saúde através das pedaladas, mas também exige de cada participante equipamento de segurança necessário para a garantia da integridade física de cada ciclista. “A gente procurar exigir do ciclista o mínimo que é DENIS ALVES O projeto que começou com 5 pessoas, agora conta com a reunião de mais de 100 pessoas na prática do Ciclismo o capacete, não esquecendo as luvas e dos sinalizadores da bicicleta, a intenção é ga- rantir através desses equipa- mentos a segurança necessá- ria para evitar um problema maior em casos de aciden- tes”, disse o organizador. Segundo Afonso, o movi- mento se iniciou na capital, mas vem ganhando adeptos em vários outros municí- pios do Piauí. “O movimento aconteceu primordialmente em Teresina, dele surgiram ramificações, em várias ou- tras cidades como em Picos, Parnaíba e Oeiras, a prática já está bem interiorizada”, fi- nalizou. Depois de admirar e obser- var a prática esportiva, a pro- fessora Larissa Maia resolveu aderir há duas semanas ao movimento, segundo ela, o que mais chamou a atenção foi a possibilidade de aliar a prática esportiva e a ideia de pedalar com segurança. “O que me fez aderir ao mo- vimento foi a intenção de aliar a prática esportiva com a ideia de pedalar com se- gurança, você trabalhar em equipe, ver o coletivo, além de conhecer regiões da cidade que no seu dia a dia nós não passaríamos”, disse a nova integrante. Para participar, não é ne- cessário se inscrever nem pagar taxa, só precisa de uma bicicleta, e comparecer ao local de encontro da equipe que acontece às terças-feiras, às 20hs, na Avenida Frei Se- rafim, no centro da cidade e quintas-feiras, no mesmo ho- rário, na Avenida Nossa Se- nhora de Fátima, em frente da loja Giro Radical, no bair- ro dos Noivos. Para mais in- formações, o Teresina Pedal Noturno possui uma pagina na rede social Facebook, o endereço eletrônico é www. facebook.com/teresinape- dalnoturno. vitrine para atletas profissio- nais iniciantes. Mas esse assunto traz à tona o conhecido problema de quem faz esporte no Esta- do, a falta de incentivo. “Os eventos são realizados com verbas privadas e, com isso, os organizadores deixam os atletas como “reféns” para seus lucros. Treinam muito e recebem pouco em troca de uma boa luta. Os órgãos pú- blicos? Pode desistir”, disse Russo. A expectativa para o futuro é a melhor possível. Afinal, o Piauí já revelou o lutador FranciscoMassaranduba,que se destacou no “reality show” The Ultimate Figther em 2012.Massaranduba,nascido no município de Amarante, é funcionário da maior liga de MMA do mundo, o UFC. Além de trabalhar a parte fisiológica, o MMA também é voltado para o lado com- portamental, já que todas as artes marciais têm por base a disciplina como princípio fundamental. Ainda sem uma Associa- ção formalizada, os próximos eventos não têm datas defi- nidas, mas até o os meses de junho e julho teremos a pri- meira competição do ano.
  • 7. Teresina, 24 de junho de 2013 7 Redes Sociais: “Pais e filhos” ou “Pais versus filhos”? COMPORTAMENTO J á se tornaram comum – por mais insensato que possa parecer – as roti- neiras polêmicas envolvendo jovens e seus perfis nas redes sociais, seja pelo uso indevi- do de imagens, compartilha- mento de vídeos pessoais de terceiros em situações cons- trangedoras, e até mesmo de extorsão a fim da não divul- gação de algum tipo de mate- rial virtual. Nesta sociedade denomi- nada “informacional”, na qual as mídias so- ciais e a web são in- dispensáveis na vida das pessoas, e que, em consequência dis- so, há a migração das relações interpesso- ais para o ambien- te virtual, surge uma nova dis- cussão em torno das táticas edu- cacionais ado- tadas pelos pais para com seus fi- lhos. Estariam eles gerindo de maneira eficiente as ativi- dades virtuais dos filhos? E o resulta- do disso tende a ser saudável ou noci- vo? SIDNEY CARDOSO Recentemente veio à tona mais uma polêmica envol- vendo adolescentes nas redes sociais. Estudantes de colé- gios teresinenses de prestí- gio tiveram fotos nuas suas, oriundas de conversas no aplicativo What’s app?, com- partilhadas em todas as ca- madas sociais na cidade via mensagem privada – o inbox - no Facebook. Casos polêmicos como esse fazem ressurgir uma discussão pouco levantada, porém mui- to pertinente, principalmente para os pais que não sabem ao certo como enfrentar esse “bicho de sete cabeças 2.0”: as redes sociais dos filhos. RELAÇÃO VIRTUAL Visto por muitos como uma tática de proteção, é comum ouvir relatos sobre pais que proíbem os filhos de criarem perfis em qualquer que seja a rede social. Também há aque- les que preferem vasculhar todos os passos dos filhos, seja por meio de perfis fake ou mesmo exigindo senha de contas e celular. Contudo,ésabidoqueatitu- des invasivas e de repreensão são as principais causadoras de atritos den- tro do núcleo familiar, além disso, elas po- dem acabar crian- do um efeito reverso, levando o filho a men- tir sobre a utilização das mídias, tornan- do os pais total- mente aquém das suas ativi- dades. “É impor- tante que os pais parti- cipem desse cotidiano, ten- tando se aproxi- mar como um amigo, sem deixar transparecer que está vigiando. Uma tática possível é o pai se tornar um amigo virtual, pois à medida queelevaiconhecendoosgos- tos do filho e como está sendo essa exposição, ele vai estar orientando, e o filho, conse- quentemente, vai conhecê-lo de uma maneira diferente, fortalecendo essa amizade”, disse Valéria Alcântara, psi- cóloga especialista em saúde e saúde da família. RELAÇÃO PESSOAL Assim como afirma Valéria, qualquer relação interpessoal para ser saudável deve base- ar-se no respeito e na troca, e não em imposições e atitudes abruptas, seja de qual par- te for. Os conflitos, que são mais recorrentes – tempes- tuosos, e, consequentemente, perigosos - durante a fase da adolescência, em sua maioria acabam gerando isolamento e falta de diálogo familiar. “O que garante que o fi- lho não está utilizando as redes sociais, que ele não está criando um perfil, e o acessando de lugares desco- nhecidos? O conhecimento e o diálogo são as principais ferramentas, de uma forma suave o pai deve participar e conhecer o tipo de exposição que o filho está fazendo. Não dá pra gente desprezar que as redes sociais fazem parte des- sa sociedade contemporânea, e isso está imprimindo novas maneiras de se relacionar”, completou. M uitos pais não sa- bem que medida tomar. A psicóloga Valéria Alcântara orienta que a medida mais sensata a ser tomada pelos pais é sempre orientar o filho e buscar en- tender o que se passa por sua cabeça através do diálogo, principalmente no caso dos adolescentes. Caso contrário, essa família poderá trazer o perigo para dentro de casa sem ter consciência dis- so. Foi o que aconteceu com a estudante Naya- ra Batista, hoje com 24 anos. Há três anos conheceu Pais: o que fazer para estar no controle? um homem pela internet e re- solveu viajar com ele apenas um mês depois de conhecê- lo. Em busca de “paz”, como afirma, saiu de casa sem o co- nhecimento da mãe enquanto esta trabalhava. Duas semanas depois vol- tou para casa sem nenhum problema maior, mas nem sempre as coisas se desenro- lam dessa forma. “Hoje, vejo que não devemos confiar em quem a gente conhece pela internet, a gente não sabe o risco que corre, afinal essas pessoas podem ser homici- das, traficantes, etc”, ressal- tou. Hoje, vejo que não devemos confiar em quem a gente conhece pela internet, a gente não sabe o risco que corre... “ ”Nayara Batista Estudante 65% dos pais vigiam os filhos pela internet E studo da McAfee, Inc., empresa de informáti- ca focada em soluções de segurança, realizado no ano de 2012, mostra uma re- alidade que representa riscos preocupantes, diante da en- trada, cada vez mais precoce, de crianças e adolescentes no mundo virtual. A pesquisa mostra que os pais não conseguem ser efi- cazes no controle das ativida- des dos filhos. E que os filhos nem sempre dizem o tempo real em que ficam “online” na web, muito menos o que acessam nesse período O estudo foi feito entre ju- nho e agosto de 2012, via questionário “online” en- viado para 401 jovens, entre 13 a 17 anos, e 414 pais de idades indiscrimi- nadas. Os entrevistados moram em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador. Infográfico e Ilustração: Mozart Menezes
  • 8. Teresina, 24 de junho de 2013 8 Municípios piauienses serão beneficiados com a entrega de 300 kits de livros EDUCAÇÃO - BENEFÍCIO O Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Piauí (SEB-PI) fará a entrega de mais de 10.000 livros a municípios piauien- ses sob forma de kits com 500 livros. Os exemplares fo- ram recebidos da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), à qual é vinculada ao SEB-PI, no final de fevereiro. O ob- jetivo é o fortalecimento da rede de bibliotecas do Piauí. Segundo o bibliotecário e coordenador do SEB-PI, Gleydson Rodrigues, não há pré-requisito para ser con- templado com a doação, bastando apenas que os ges- tores de Cultura e Educação de cada município procurem a Biblioteca Estadual, “essa será a prioridade na doação”. Ele explica ainda que os livros são enviados periodi- camente à SEB-PI pela FBN, editoras e pelas casas publi- DENISON DUARTE cadoras, que são parceiras do governo federal na publica- ção de livros, através da Lei Rouanet. Com o aumento exponen- cial de livros digitalizados e publicados na internet, um dos projetos do SEB-PI, com prazo ainda não definido, será a instalação de telecen- tros para criação de bibliote- cas digitalizadas no Piauí por meio de uma parceria com a Agência de Tecnologia da Informação (ATI). “A nossa ideia é a criação de uma área onde os usuários possam ter acesso a esses livros, através de terminais de acesso”. Com base no retrato da leitura brasileira, Gleydson Rodrigues afirma que o nú- mero de leitores piauienses aumentou consideravelmen- te nos últimos 10 anos. “Temos, em Teresina (PI), bibliotecas com mais de 13 mil usuários por mês. O Sa- lão do Livro do Piauí (SALI- PI), feiras e eventos culturais em nosso estado, colaboram bastante com esse índice”, completa o coordenador. Segundo ele, no SEB-PI há dois tipos de usuários, o estu- dante secundarista, que pro- cura livros de literatura para ler obras de romance, poesia, crônica, memória ; e concur- seiros como universitários, pesquisadores ou pós-gradu- ados. O SEB-PI, além de doação de livros em todo o estado, também dá suporte técnico com capacitação de recursos humanos a bibliotecas muni- cipais e comunitárias em 222 municípios do Piauí. O coor- denador do SEB-PI afirma ainda que o recurso de R$ 12 A nossa ideia é a criação de uma área onde os usuários possam ter acesso a esses livros, através de terminais de acesso. “ ”Gleydson Rodrigues Bibliotecário e Coordenador do SEB-PI milhões está assegurado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para mo- dernização dessas bibliotecas com acervos, telecentros e acesso à internet sem fio. O SEB-PI é coordenado pela Biblioteca Cromwell de Carvalho, que é mantida pela Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC). Para atua- lizar os acervos no estado, os municípios deverão procurar o SEB-PI, situado na praça Desmóstenes Avelino, em Teresina(PI). Organização global inaugura nova unidade em Teresina e facilita intercâmbios sociais EDUCAÇÃO - OPORTUNIDADE FERNANDO BRITO E m janeiro deste ano, foi inaugurada na capital piauiense a Associação Internacional de Estudantes em Ciências Econômicas e de Comércio - AIESEC, uma en- tidade não-governamental, sem fins lucrativos, presente e atuante em mais de 100 pa- íses. Funcionando em Teresina como uma unidade operacio- nal do comitê local de Forta- leza, a AIESEC é uma orga- nização global, não política e independente, gerida por universitários interessados em discutir questões mun- diais, sociais, de liderança e gestão. Seu objetivo é tornar o mundo um lugar melhor e desenvolver as potencialida- des humanas, através de ex- periências práticas. “Eu des- cobri nessa Organização que eu posso mudar o mundo e que não estou sozinho nesse sonho. Descobri que cada um tem dentro de si a capacida- de para realizar tudo o que se propõe”, falou Hytallo Souza, atual presidente da unidade operacional em Teresina. É através do programa Glo- bal Community Development Programme (GCDP), como é chamado no Brasil de Cida- dão Global, o intercambista é encaminhado para o país de sua escolha para desenvol- ver atividades em empresas do terceiro setor. Segundo Ananda Marques, diretora da AIESEC para assuntos de in- tercâmbio social, “o Cidadão Global é um dos programas de intercâmbio voltado para estudantes que desejam fazer trabalho voluntário”. No Cidadão Global, o in- tercambista atua em escolas, hospitais e ONG’s, com du- ração média de 6 a 12 meses. Os principais destinos são Turquia, Rússia, Colômbia, Índia e China. Para ser um intercambis- ta, é preciso ter entre 18 e 30 anos, ser estudante ou recém- graduado e falar inglês em ní- vel intermediário. Os custos com o intercâmbio se resu- mem apenas em pagamento de inscrição, passagem aérea, passaporte, visto e seguro saúde. Segundo Ananda, “a maioria das vagas para inter- câmbio cultural já oferecem local para hospedagem e ali- mentação”. O programa Cidadão Glo- bal ainda oportuniza o dire- cionamento do intercambista para trabalhos específicos em 5 diferentes áreas, podendo desenvolver atividades nos setores da educação, cultura, saúde, meio ambiente e direi- tos humanos. “Ouso a dizer que foi a melhor experiência da minha vida! Fiz um in- tercâmbio cultural, trabalhei numa creche onde moravam 300 bebês, crianças e adoles- centes que foram abusados sexualmente pela família. O crescimento pessoal que obtive foi incrível nunca me apeguei tanto à uma causa que não estivesse ligada di- retamente a mim, mas lá eu aprendi a ser mais humana, a abraçar causas perdidas, a dar amor e ser amada”, disse Beatriz Cardoso, de 19 anos, estudante de Engenharia de Produção, que realizou o in- tercâmbio Cidadão Global. A instituição também pro- porciona intercâmbios pro- fissionais, em que os univer- sitários são encaminhados para outro país para desem- penhar atividades em sua área de estudo. O Global In- ternship Programme (GIP), ou Talento Gobal, realiza es- tágios profissionais nas áreas de gestão, marketing, infor- mática e tecnologia. Segundo o diretor de Co- municação da entidade, Wellington Coelho, os princi- pais destinos de envio dos in- tercambistas são Colômbia, Alemanha e Turquia. “O Ta- lento Global tem duração de três meses a um ano e todas as vagas são remuneradas”, disse Wellington. Por ainda ser uma unidade operacional, a organização não trabalha com intercâm- bios profissionais, aqui em Teresina. A AIESEC está presente em 111 países, possui 60 mil membros em todo o mundo, realiza 550 conferências e 14 mil intercâmbios por ano e já promoveu 17 mil experiên- cias com liderança. Conheça a AIESEC acessando o site www.aiesec.org ou www.fa- cebook.com/aiesecteresina. Ouso a dizer que foi a melhor experiência da minha vida! (...) O crescimento pessoal que obtive foi incrível, (...) lá aprendi a ser mais humana, a abraçar causas perdidas... “ ”Beatriz Cardoso Estudante de Engenharia de Produção
  • 9. Teresina, 24 de junho de 2013 9 Audiências públicas discutem os problemas de atendimentos médicos em todo o Piauí SAÚDE “A falta de responsabilida- de de gestores municipais e de controle social e a carên- cia de infraestrutura estão entre os maiores problemas enfrentados na saúde pública nos municípios do nosso es- tado (Piauí)”, disse o diretor de Programas Especiais de Saúde, da Secretaria Estadu- al de Saúde, Doutor Agenor Lira. Dentre as reclamações fei- tas em hospitais municipais e/ou estaduais está a falta de médicos, de equipamen- tos e de medicamentos. Em Demerval Lobão, município piauiense, há 30 Km de Te- resina, como um agravante, o hospital estadual João Luiz Morais está sucateado e a po- pulação reclama com a falta de profissionais. Um protesto foi realizado nas ruas do município, no final do mês de março, por causa da falta de médicos. Segundo Dr. Agenor Lira, DENISON DUARTE o fator principal “está nos médicos que têm os cargos como bicos e, quando atuam, é apenas meia-hora, em uma semana”. Ele afirma ainda que em São Pedro do Piauí, a situação é semelhante e que nenhum dos médicos mora no município. Em Amarante, município do sul do Piauí, centenas de pessoas participaram de uma Audiência Pública em 10 de abril, uma quarta-feira, na Câmara de Vereadores, com a participação de represen- tantes dos governos estadual e municipal. A Audiência foi requerida pelo vereador José Pereira (PT-PI), na sessão or- dinária do dia 22 de março, obtendo aprovação em vota- ção unânime do Legislativo Municipal. A partir de então, o Legisla- tivo Municipal fiscalizará os atendimentos do Programa de Saúde da Família (PSF) e também o hospital regional Dr. Francisco Ayres Caval- cante. Um relatório será encami- nhado ao prefeito Luiz Neto (PSD-PI) e à diretora do hos- pital, Dra. Valdeci Barros, com as irregularidades en- contradas. Durante a Audi- ência Pública, ambos assegu- raram que estarão dispostos a colaborar para a melhoria da saúde pública do municí- pio. Para a sindicalista rural, Luíza Neta, a população de Amarante sofre desse mal há anos e, apesar da tentativa de correção por meio de Audi- ências Públicas, ela se mostra meio em dúvida com relação à solução. “Vez por outra te- mos Audiências Públicas para resolver os mesmos pro- blemas. É preciso que novas medidas sejam tomadas para que a solução verdadeira- mente aconteça”, ressaltou. “As Audiências Públicas”, diz Luiz Neto, “solucionam esses problemas porque orientam a população acer- ca dos seus direitos. A maior parte das pessoas desconhece que a Saúde é um direito de todos e um dever do estado”, afirmou. De forma semelhante, o di- retor de Programas Especiais de Saúde afirma que deter- minados hospitais do estado não dispõem de fiscalização, o que torna o serviço inefi- ciente. Em relação à falta de médicos nesses municípios, ele assegura que os recém- formados rejeitam contra- tações que sejam para atuar em cidades distantes de Te- resina, até porque o salário é bem menor. Como exemplo, ele afirma que, em Água Branca (PI), há atualmente quatro médicos que residem no município; já em Regeneração (PI) moram apenas três, todos tem aci- ma de 15 anos de serviço. Os mais jovens, diz ele, querem atuar apenas em Teresina ou em outros grandes centros, fora do Piauí. LER e DORT: lesões específicas do trabalho O s casos mais comuns de doenças relaciona- das ao afastamento de profissionais das suas ativi- dades laborais são represen- tados pelas LER (Lesões por esforço repetitivo) e pelas DORT (Doenças Ocupacio- nais Relacionados ao Traba- lho). FRANCISCO BARBOSA Lesão por esforço, segundo o reumatologista José Tupi- nambá, é uma denominação genérica, e não o nome de uma doença. Ele diz que “esse termo não é muito apropria- do, porque lesão por esforço repetitivo dá a ideia de que é só a repetição que causa o problema, portanto o melhor nome seria DORT ao invés de LER. O excesso de carga, fal- ta de repouso, dentre outros motivos também podem cau- sar lesões”, informou. Especialista em Fisiotera- pia cardiovascular e fisiotera- pia na saúde coletiva, Michel- le Vicento fala que o esforço repetitivo é uma lesão que atinge principalmente as pessoas que trabalham com grandes cargas e repetições. “Esta patologia é mui- to limitante, por ser uma das principais causas de afastamen- to do trabalho, sendo um grande problema da saúde do trabalha- dor”, relatou. Casos de LER e DORT O jovem Denis Alves de 24 anos que exerce a função de auxiliar de serviços gerais em uma empresa terceirizada, emjunhode2012,sofreuuma lesão na coluna, causando o afastamento de suas funções por um período de 30 dias. “Eu estava fazendo meu tra- balho normal, varria quando senti uma dor muito forte na coluna, não conseguia me mexer e pedi ajuda a um cole- ga de trabalho”, disse. Imediatamente foi encami- nhado a um especialista em Reumatologia que, por meio de exames logo idenficou o local da lesão. “Foi detectada uma inflamação do nervo ci- ático. Fui orientado a não le- vantar cargas pesadas, mas, por trabalhar com serviços gerais, ainda faço muita for- ça”, lamentou. Hoje, Denis está sendo acompanhado por um profissional de fisiotera- pia e sempre realiza exames, algo que não costumava fazer antes. Outro caso de afastamento das funções trabalhais foi o de Ida Oliveira. Em exame, foi detectada uma lesão com características do LER em 2004. Ela trabalhava como Agente de Correios na área operacional. A funcionária relata os detalhes do espaço de trabalho que teria causado a lesão, e que foi preciso pas- sar por uma ultrassonografia para identificar a tendinite no pulso e a epicondilite no cotovelo. “Lembro que na época tra- balhava bastante com com- putador e carimbação. Não tinha infra-estrutura sufi- ciente. As mesas não eram adaptadas para evitar esse tipo de problema, e começou a atingir também meus om- bros”. Conta ainda que, mes- mo sendo monitorada por médicos e fisioterapeutas, por meio de exames mensais, ainda sente dores ao exercer alguma atividade que requer o uso da força. Idenficando o problema Depois de identificar a do- ença, o segundo passo é sa- ber se ela está relacionada ao trabalho. Quando identifica- da, só será curada se forem seguidos todos os métodos necessários apontados pelo especialista José Tupinam- bá. “É o que chamamos de estabelecer o nexo causal, o vinculo causal, ou seja, per- guntar se aquela situação esta mesmo relacionada à ocupação no trabalho. Esta- belecido esse vínculo, cabe o tratamento que pode ser feito de duas formas: o tratamen- to não farmacológico e trata- mento fisico-farmacologico”, informou. Segundo Tupinambá, “é preciso identificar o elemento causador no ambiente de tra- balho e afastá-lo, porque, se não afastá-lo, a lesão se per- petua. No segundo momento, o tratamento é medicamen- toso (que consiste em anti- inflamatórios, analgésicos, corticoides orais e fisioterá- pico) e a partir de medicação injetável nos locais afetados”, finalizou. A importância do trata- mento fisioterapeutico A profissional Michele Vi- cento fala da importância do tratamento por fisioterapia na recuperação do paciente e como o trabalhador pode se prevenir. “Para evitar estas doenças que representam o LER, fa- zemos sempre a orientação de como se comportar corre- tamente não só no trabalho, mas também no dia a dia do paciente”, ressaltou. Ela ainda fala que “o tra- balhador deve ficar atento à posição vertical, ao excesso de peso e principalmente aos movimentos repetitivos. A melhor forma de evitar lesões é cultivar a atividade física, alongar-se antes das ativida- des no trabalho e alternar a forma de execução, sempre que for possível”, orientou. A falta de responsabilidade de gestores municipais e de controle social e a carência de infraestrutura estão entre os maiores problemas enfrentados na saúde pública nos municípios do nosso estado. “ ”Dr. Agenor Lira Diretor de Programas Especiais de Saúde Mesmo depois de tratamento, Ida Oliveira ainda sente dores ao fazer alguma atividade Foto:FranciscoBarbosa
  • 10. Teresina, 24 de junho de 2013 10 Descaso nas paradas de ônibus em Teresina CIDADE A população sofre sem a proteção necessária nas paradas de ônibus de Teresina. Foto: Fernando Brito Moradores do bairro Dirceu vivem às margens de galerias e esgotos a céu aberto Foto: Lucas Marreiros Além do mau cheiro, os moradores estão susceptíveis a graves doenças. G aleria de esgoto a céu aberto no bairro Dir- ceu, na zona sudeste de Teresina, causa transtor- nos como mau cheiro, proli- feração de insetos e enchen- tes, aos moradores do bairro há mais de dez anos. O censo 2010 apontou Te- resina como a 5ª pior capital LUCAS MARREIROS em cobertura de esgoto; com uma extensão de 454.466 metros, a capital tem apenas 17% de cobertura. A Agespi- sa (Águas e Esgotos do Piauí S/A) está realizando obras de ampliação na rede de esgotos da capital, com recursos do PAC (Programa de Acelera- ção do Crescimento). A ampliação está orçada em R$ 103 milhões, com isso a cobertura do serviço vai saltar dos atuais 17% para 55%, aumentando mais 300 quilômetros de rede de es- goto e passando a beneficiar 250 mil pessoas. No entanto essas obras estão concentra- das na zona sul da capital e, só depois de terminadas, ou- tros bairros, como o Dirceu Arcoverde, poderão ser aten- didos. O morador José Carlos, que reside há 15 anos no bairro Dirceu Arcoverde, anseia por uma solução para o proble- ma da galeria ao lado da sua casa. Além da forte mau cheiro, o morador diz que a situação é ainda mais grave durante o período de chuvas, porque a galeria enche ao ponto de transbordar. “Fede muito e atrai mosquitos, quando cho- ve é pior. Às vezes o esgoto sobe para a rua mesmo sen- Fede muito e atrai mosquitos. Quando chove a situação piora. “ ” do alta a calçada da minha casa”, desabafou José Carlos. O morador também falou que muitas gestões já promete- ram solução para o problema, mas nada foi feito e eles con- tinuam vivendo com o esgo- to exposto. “Já vieram várias vezes aqui e disseram que a obra é muito cara, enquanto isso a gente continua vivendo assim”, lamenta o morador. Embora os esgotos sejam de competência da Agespisa, é a Prefeitura Municipal de Teresina a responsável por galerias, como a do Dirceu. Segundo o prefeito Firmino Filho, o projeto executivo da galeria do Dirceu será feito apenas no segundo semestre deste ano. Após a conclusão do proje- to e obtenção da verba, serão feitos as licitações e fluxo- gramas para o andamento da obra, portanto ainda não é possível definir o prazo de sua conclusão. Enquanto isso os morado- res do bairro devem adotar uma política de prevenção às cheias da galeria, evitando que se jogue lixo dentro dela e procurando a prefeitura para solicitar, caso seja necessária, a limpeza da galeria. Grande parte da população teresinense se utiliza diaria- mente dos transportes ur- banos públicos de Teresina. além dos problemas que os usuários sofrem no que se refere ao valor da passagem, tempo de espera e ônibus ve- lhos, os teresinenses ainda sofrem com as paradas de ônibus, que não oferecem a proteção necessária contra o sol ou contra a chuva, cau- sando desconforto aos usuá- rios do sistema de transporte coletivo da capital. Segundo o diretor de pla- nejamento da STRANS, José Lopes, já está sendo elabora- do um projeto de implantação de novas paradas em todas as zonas da capital Piauien- se. “Com a complementação da integração dos ônibus, as paradas trarão um corredor com uma proteção maior e assentos mais adequados para os usuários”, finalizou José Lopes. Lopes afirma ainda que, hoje, a quantida- GREGÓRIA SILVA FERNANDO BRITO de de usuários dos transpor- tes coletivo em Teresina é de aproximadamente 320 mil. Na Avenida Frei Serafim, onde existe um grande fluxo de passageiros nas paradas de ônibus, o desconforto dos passageiros é visível, princi- palmente no período da tar- de, quando o sol é mais forte e incide diretamente nas pa- radas de ônibus. A jovem Eva de Alcântara, que esperava uma condução, mostrou-se insatisfeita com a demora do ônibus que, ao ser entrevistada, já espera- va por mais de uma hora e meia. Para se proteger do sol, a moradora do bairro Pedra Mole, zona rural de Teresi- na, escondia-se do sol atrás de outras pessoas enfileira- das à sombra de um poste de energia elétrica. “A situação é ruim. As passagens aumenta- ram, mas o desconforto dos passageiros continua sen- do o mesmo, tanto no ponto quanto dentro do ônibus que, na maioria das vezes, vem lo- tado”, lamentou. SegundodadosdaSTRANS, existem em Teresina cerca de 2.200 paradas de ônibus . Porém, em alguns locais só existem pontos com uma pla- ca de sinalização sem abri- gos com cobertura, deixan- do o passageiro exposto ao sol e/ou à chuva. Em outros locais, a parada de ônibus é José Carlos Morador do Bairro Dirceu abrigada pela sombra de um poste elétrico ou pela copa de uma árvore. Já em outros, as pessoas são obrigadas a dis- putar o espaço com vendedo- res ambulantes e acabam se protegendo à sombra de suas barracas. Com a nova gestão, que se iniciou em janeiro passado, a STRANS promete que o pro- blema das paradas de ônibus será resolvido. Até lá, os usu- ários precisam ser pacientes e adotar medidas para fugir do forte sol e das possíveis chuvas.
  • 11. Teresina, 24 de junho de 2013 11 Centro de Convenções: vamos recomeçar? GERAL O término da obra de re- vitalização do Centro de Convenções é um questionamento recorren- te na vida dos Teresinenses, pois foi iniciada em 2009 ainda na gestão da extinta Piemtur (Empresa de Turis- mo do Piauí) com a promessa de uma maior comodidade àqueles que o frequentavam. Atualmente, o projeto foi re- passado para a SETUR (Se- cretaria Estadual de Turis- mo) que, em 2010, tornou-se responsável pela obra que está parada. Quando a SETUR assumiu como Secretária de Turismo do Estado, retomou a obra do ponto onde estava depois da realização de uma reunião com a empresa responsável pela construção na época. Mas logo depois teve que ser parada novamente, pois, pa- ralelamente à obra, a Polícia Federal e a SETUR, em par- ceria, iniciaram um trabalho de perícia no local para po- der verificar a qualidade e a quantidade do serviço que foi executado até o presente mo- mento. Por ordem judicial, a SE- TUR não poderia continuar a obra até que a perícia fosse finalizada. Por este motivo, a obra encontra-se paralisa- da sem previsão de reinício. Questionada sobre o assunto, a assessora de comunicação da Secretária, Renée Marie, comentou que atualmente uma equipe de engenheiros e LISIANE VENTURA arquitetos está adequando o projeto para que a obra possa ser licitada novamente e vol- tar a ser tomada do ponto em que parou. Atualmente o local funcio- na como um estacionamen- to clandestino. O mato toma conta da construção e, além de servir de local para uso de drogas, o lugar está pratica- mente em estado de abando- no. No entanto, segundo o atu- al secretário de turismo do estado, José Icemar Lavor Neri, a obra está prestes a ser retomada. “Estamos fazendo as adequações no projeto, tendo em vista que o Governo já está construindo o centro de eventos que vai comportar grandes exposições e feiras, e o centro de convenções ficará para atender eventos como palestras, shows e reuniões com até 1.200 pessoas em uma área mais central da ci- dade”, comentou Neri. Para a retomada da obra de revitalização do Centro de Convenções Dirceu Arcover- de, a SETUR possui, em con- ta na Caixa Econômica Fede- ral, cerca de R$ 3,5 milhões, dinheiro esse que faz parte de um convênio com o Ministé- rio do Turismo. O restante do recurso para finalização da obra será via- bilizado pelo Governo do Estado do Piauí e a previsão é que, depois de vencida a li- citação da obra, a finalização da parte física aconteça em um ano. Enquanto isso, a população espera ansiosa por um novo Centro de Convenções. Teresina aguarda, desde 2009, a revitalização do Centro de Convenções da capital Foto: Lisiane Ventura É impossível citar todas as oportunidades que perdemos pela falta de um centro de convenções: Fonte de renda para cidade, ponto turístico, incentivo à cultura, geração de emprego (...). Luana Rodrigues Assistente Social Essa limitação e carência por falta de espaço, diminuiu drasticamente os eventos de entretenimento para a sociedade teresinense. Fábio Moura Músico Câmara Municipal de Teresina abre espaço para a população A s sessões ordiná- rias da Câmara Municipal de Te- resina ocorrem de terça a quinta, e as segundas e sextas são os dias desti- nados às audiências pú- blicas. A maioria das pau- tas discutidas são sobre saúde, transporte público e regulamentações fundi- árias. A Câmara Municipal de Teresina passou por uma grande renovação após a última eleição, com a entrada de mais oito par- lamentares. Dos vinte e novequecompõemacasa, dezesseis assumiram a cadeira sem passar pelo processo de reeleição. Segundo o parlamentar do PPS-PI, Luis André, essa reestruturação é re- flexo da mudança da po- pulação da capital. “A po- pulação quer renovação. É preciso dar oportunida- de para mais pessoas tra- balharem por Teresina’’, comentou ele. O parlamentar também ressalta que é importante MAYARA SOARES a presença da população. “A população tem que cobrar mais dos políticos, como eu sempre digo, os políticos não vão atrás do voto no período de eleição. A população tem que acompanhar e cobrar, porque às vezes a população não cobra e os próprios par- lamentares se acomodam”, finalizou. Outra mudança na Casa foi o horário das sessões ordiná- rias, que possuem duração de duas horas. Com a mudança, as sessões que, anteriormen- te iniciavam às 11h passaram para as 8h. “Havia dias que era obrigado a encerrar a ses- são às 14h da tarde, porque não tinha limite de discus- são”. comentou o presidente da Câmara, Rodrigo Martins (PSB-PI). Para maior desempenho de trabalho, o horário foi modi- ficado. “Essa fase inicial está impressionando os próprios funcionários efetivos da Câ- mara Municipal: profissio- nais de taquigrafia, respon- sáveis por escrever a ata da sessão, estão trabalhando quase que dobrado pelo nú- mero de trabalho”, finalizou Rodrigo Martins. O parlamentar Luis André disse ainda que esse horário permite aos vereadores irem atrás das reivindicações nas Superintendências de Desen- volvimento Urbano (SDU) e também podem destinar o horário da tarde para atendi- mento ao público e realização de visitas às comunidades. A população tem que cobrar mais dos políticos, como eu sempre digo, os políticos não vão atrás do voto no período de eleição. “ ”Luís André PPS-PI “ ” “ ”
  • 12. Teresina, 24 de junho de 2013 12 ENQUETE Política e Religião Com base nos últimos acontecimentos no cenário político brasileiro, em relação às declarações ofensivas oralizadas pelo Presidente da Comissão de Direitos Huma- nos e Minorias, Marcos Feliciano, e sobre a bancada evangélica no poder público, fizemos a seguinte pergunta: VOCÊ ACREDITA QUE POLÍTICA E RELIGIÃO TRABALHAM BEM JUNTAS? “Penso que Doutrina Social da Igreja e política, trabalhariam muito bem juntas! É realmente uma pena, que somente uma diminuta parcela dos católi- cos conheça tal documento, que possui um rigor e uma riqueza incomparáveis de ideias!” Ailton Campos Doutorando em Matemática “Eu acho que não. O Bra- sil, como todos já devem saber, é um estado laico, isso significa que ele se mantém neutro em relação ao campo religioso. Não estou queren- do dizer que política e reli- gião não podem se relacio- nar. O que não pode é o que o Pr. Marco Feliciano vem fazendo. Ele simplesmente quer interferir diretamente nas decisões políticas do nosso país se utilizando de argumentos baseados nas suas convicções religiosas. Isso para mim é no mínimo contraditório”. Yuri Santiago Estudante de Publicidade “Não, porque a religião é algo que quase sempre se confronta com determina- dos assuntos; o que torna um impasse para se tomar algumas decisões como a legalização do aborto, o casamento gay, etc. No en- tanto, separar a religião da política é algo conflituoso, pois os parlamentares que possuem uma determinada religião querem usá-la como um fator determinador e absoluto de suas decisões.”. Raissa Macêdo Estudante de Direito “Religião e Política, na minha concepção, se com- plementam, mas não estão diretamente ligadas uma à outra, justamente, por haver divergências. Nesse caso, creio que não traba- lham bem juntas. Porém, se houvesse a garantia de respeito uma para com a outra pelas duas partes, certamente iriam caminhar civilizadamente”. Thayná Eleutério Estudante de Nutrição “Não trabalharam antes, não trabalham agora e nem vão trabalhar. Parece que estamos voltando à Idade Média, só que ao invés da opressão da Igreja Católica contra as ‘bruxas’, vivemos a opressão protestante contra as minorias, espe- cialmente, ou não, contra os homossexuais. Não consigo observar a ‘evolução’ do pensamento. Tudo está tra- dicionalista, só que vestido com a última moda”. Ivo Santos Estudante de Nutrição Acredito que os princípios basilares da religião (amor, respeito ao próximo, cari- dade, generosidade, entre outros) quando aplicados às decisões e acões políticas, fazem estas mais efetivas. O que não combina é a convicção preconceituosa que alguns políticos defen- dem, dizendo ser fruto de sua religião. Religião é paz, fraternidade, humildade e, acima de tudo, respeito. Luana de Jesus Advogada Marcondes responde a uma entrevista ao Matraca. 1) Quando e em que ponto a religião pode interferir em decisões políticas? Quando fere (negando a existência de grupos, pos- turas), os posicionamentos preconizados pelo estado e convivência democrática, que são a possibilidade da convivência dos diversos posicionamentos da diver- sidade religiosa, cultural, espiritual, sexual e de outras instâncias. 2) Que aspectos sociológicos podemos encontrar na relação entre Políca e Religião? Elas sempre existiram. Desde a Idade Média até as épocas anteriores, a políti- ca era gerida pela religião, ou seja, era político aquele que também era religioso e a grande representação de poder político era a Igreja. Com a modernidade vem a separação da Igreja (reli- gião) do estado. É aí onde criamos o estado laico com um sistema representati- vo onde cada parcela da população pode escolher seus representantes e estes por sua vez passaram a representar os grupos. Nos países de maioria cristã, e suas ramificações, apesar de serem países laicos, a moral cristã ainda opera na construção de muitas leis e ordenamentos. O estado brasileiro é um estado laico, o que quer dizer que os posicionamentos religiosos (da igreja, portanto) por mais representativos de grupos que sejam (e o sistema representati- vo possibilita que essa representação também seja uma repre- sentação de grupos ou posições), não podem e nem devem ferir posições, ações e sentimentos de outros grupos, ditos minori- tários ou não. Porém nós, humanos, somos produtos de nossas crenças e, quando estamos em posicionamentos deliberativos ou com poder, essas crenças podem interferir sim no fluxo ideal do sistema democrático, que é o respeito à diversidade, à pluralidade e aos vários posicionamentos. Marcondes Brito Cientista Social Meste em Políticas Públicas Sobre o tema www.agecomceut.blogspot.com.br www.faceook.com/inovecomunicação