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Há muitos e muitos anos existiu uma
viúva que tinha um filho chamado João.
João e a mãe eram muito pobres e,
para se manterem, contavam apenas com
uma vaca, cujo leite vendiam na cidade.
Um dia, porém, a vaca parou
subitamente de dar leite, e a pobre
mulher, tendo perdido assim a fonte de
seu sustento, ficou preocupada e sem
saber o que fazer.
João, de sua parte, começou a
procurar um emprego, com o qual
pudesse ajudar a mãe. Mas os dias foram
passando sem que ele arranjasse coisa
alguma para fazer. Assim, a única
solução que encontraram foi vender a
vaca, pois o dinheiro daria pelo menos
para viverem por algum tempo.
João logo se ofereceu para ir vender o
animal na cidade, mas a mãe, achando
que ele não saberia negociar, a princípio
não consentiu. Entretanto, porque ela
própria poderia sair de casa naquele dia,
não teve outro remédio senão concordar
com a idéia. Amarrou então uma corda
no pescoço da vaca, para que João não a
perdesse e, depois de dar muitos
conselhos ao filho, deixou-o partir.
E lá se foi João, com destino à cidade.
Quando estava no meio do caminho,
encontrou um vendedor ambulante que o
cumprimentou muito simpático e
perguntou-lhe aonde estava indo com a
vaca.
Assim que João contou que estava indo
vendê-la na cidade, o homem tirou do
bolso um punhado de feijões, muito
bonitos e de cores e formatos variados, e
mostrou-os ao menino, dizendo que eles
eram encantados.
João ficou deslumbrado com a beleza
dos grãos e, ao ouvir as palavras do
vendedor, seus olhos brilharam de
alegria. Morrendo de vontade de possuir
os feijões encantados, perguntou ao
homem se ele não gostaria de trocá-los
pela vaca.
O vendedor concordou prontamente
com a troca. E, horas depois, João
chegava em casa muito satisfeito,
achando que havia feito um excelente
negócio.
A mãe o recebeu muito contente, mas,
quando o menino lhe mostrou o que
havia conseguido em troca do animal,
ficou furiosa e disse:
— Como, meu filho?! Você teve
coragem
de trocar a única coisa que possuíamos
por
uma porcaria duns grãos de feijão?
E, quanto mais pensava na situação
difícil em que ela e o filho estavam agora,
mais nervosa ficava. Até que, num acesso
de raiva, jogou os feijões pela janela,
gritando:
— Veja, seu tolo! Veja para o que ser
vem seus grãos encantados: para jogar
fora!
O pobre menino, desconsolado, ficou
olhando para a mãe sem nada conseguir
dizer. E, como castigo, naquela noite foi
mandado para a cama sem jantar.
Na manhã seguinte, ao acordar, João
ainda estava muito triste e não conseguia
esquecer o acontecimento do dia
anterior. Estava deitado, tentando
encontrar um jeito de remediar o que
havia feito, quando notou que havia
alguma coisa impedindo o sol de entrar
pela janela. Levantou-se para espiar o
que era e, espantado, descobriu que os
grãos de feijão não só haviam brotado
durante a noite, como também haviam
crescido assustadoramente,
transformando-se numa planta enorme,
que subia até o céu.
Admirado e feliz, o menino correu até
o quintal e, sem pensar duas vezes,
começou a subir pelo pé de feijão. Subiu,
subiu e subiu; atravessou muitas
camadas de nuvens macias como flocos
de algodão e, por fim, descobriu que a
planta terminava num estranho país,
onde tudo parecia deserto.
Como queria saber onde estava, João
resolveu andar para ver se encontrava
alguém por ali. Mas o lugar parecia
completamente desabitado, pois, mesmo
andando horas em seguida, não viu
ninguém pelo caminho. Porém, quando
já estava escurecendo e o seu estômago
até doía de fome, João avistou um
enorme castelo para onde se dirigiu.
Encontrou na porta uma mulher que
pareceu muito assustada em vê-lo ali.
— O que você está fazendo aqui,
menino? — disse ela. — Não sabe que
esse castelo pertence ao meu marido, um
gigante muito mau, devorador de carne
humana?
Ao ouvir isso, João sentiu as pernas
bambearem de medo. Mas, como a
mulher lhe dissesse que o gigante estava
fora, caçando, e também como a fome e o
cansaço não o deixassem andar mais,
pediu a ela que o abrigasse e escondesse
até o dia seguinte.
Embora fosse casada com um homem
tão mau, a esposa do gigante era uma
pessoa muito bondosa. Assim, ficou com
muita pena do menino e levou-o para
dentro do castelo, onde serviu-lhe uma
mesa coberta de coisas deliciosas. João,
que estava morto de fome, comeu tudo
com tanto apetite e gosto que logo se
esqueceu do perigo que estava correndo.
De repente, porém, ouviu-se um grande
barulho na porta, seguido de passos tão
pesados que o castelo inteiro estremeceu.
— Oh, meu Deus! — disse a mulher,
tremendo como vara verde. — É o
gigante, menino ! Ele não pode encontrar
você aqui senão vai devorar você e a mim
também!
Ao vê-la tão assustada, João ficou
paralisado de medo. Mas a mulher o
puxou rapidamente pela mão, e mal teve
tempo de escondê-lo dentro do forno,
antes que o gigante entrasse na cozinha,
gritando com sua voz de trovão:
— Mulher! Mulher, estou sentindo
cheiro de carne humana!
Um, dois e três,
diga-me de uma vez:
onde está esse abelhudo?
Vou comê-lo com ossos e tudo!
Mais que depressa, a mulher explicou
que o cheiro de carne era dos
franguinhos que ela havia matado para o
jantar.
João, que estava espiando por uma
frestinha do forno, ficou apavorado só de
pensar no que aconteceria se o gigante o
encontrasse. Mas a bondosa mulher, que
sabia que o marido era muito comilão,
apressou-se em servir a comida, antes
que ele começasse a procurar por todos
os cantos da casa até encontrar o pobre
menino.
O gigante sentou-se então à mesa e,
para começar a refeição, engoliu uma
dúzia de frangos assados, com ossos e
tudo. Com os olhos arregalados, João
assistiu à mulher trazendo para a mesa
pratos e mais pratos, que o gigante
engolia rapidamente, sem nunca ficar
satisfeito.
Quando acabou finalmente sua
refeição, o comilão gritou para a mulher:
— Traga-me o dinheiro!
— Está bem! — respondeu ela,
saindo da cozinha.
E, logo em seguida, voltava com dois
sacos cheios de moedas de ouro. Depois
de ordenar que a mulher fosse dormir, o
gigante colocou os sacos de moedas sobre
a mesa e começou a contá-las, enquanto
esperava o sono chegar.
Quando se cansou desse divertimento,
guardou as moedas de novo nos sacos e
depois colocou-os no chão, perto de si. Só
que, por precaução, amarrou ao pé da
mesa um cão de guarda, e depois
recostou-se na cadeira e pôs-se a dormir.
João, que a tudo assistia de seu escon-
derijo, esperou que o gigante estivesse
dormindo profundamente e, quando viu
que ele estava roncando como um trovão,
saiu de mansinho do forno para roubar o
dinheiro. Entretanto, assim que pôs as
mãos sobre os sacos de moedas, o cão de
guarda começou a latir feito louco e o
pobre menino, apavorado, julgou-se
completamente perdido.
Acontece que o gigante tinha um sono
pesado demais e os latidos fizeram
apenas com que ele se mexesse na
cadeira, sem conseguir acordá-lo.
Mais sossegado, o menino subiu na
mesa da cozinha e, depois de pegar um
pedação de carne, jogou-o ao cão, que
abanou o rabo e ficou em silêncio,
deliciando-se com o petisco.
João pôde assim pegar o dinheiro e
fugir dali. Correu sem parar até alcançar
o pé de feijão, descendo habilmente até
chegar ao quintal de casa.
Em seguida, chamou pela mãe e,
depois de contar-lhe toda a aventura,
entregou-lhe os dois sacos de moedas.
Corri o dinheiro roubado do gigante,
João e a mãe passaram a levar uma vida
de rei. Nada mais faltava na casa e eles
não precisavam mais temer a fome e a
necessidade.
Mas o tempo foi passando e os sacos de
moedas começaram a ficar vazios. E João
pensou, então, em voltar ao castelo do gi-
gante, para se apoderar de mais
riquezas.
Contou sua vontade à mãe e ela, com
medo de que alguma coisa pudesse
acontecer-lhe, proibiu-o de ir.
— Já pensou se o gigante agarrar
você? — disse ela. — E a mulher dele?
Ela certamente o reconhecerá e poderá
entregá-lo ao marido!
Percebendo que a mãe não ia mesmo
permitir, João fingiu aceitar o que ela
dizia. Mas, na primeira chance que teve,
saiu escondido e subiu novamente pelo pé
de feijão, desta vez muito bem disfarçado
para que a mulher do gigante não o
reconhecesse.
Chegou assim mais uma vez ao
estranho país e, depois de caminhar até o
anoitecer, avistou o castelo do gigante, na
porta do qual encontrou novamente a
boa mulher.
— Menino! — disse ela, sem
reconhecer João. — O que você faz aqui?
Não sabe que esse castelo é do meu
marido, um gigante muito mau,
devorador de carne humana?
João fingiu-se muito assustado, e pediu
à mulher que o escondesse até o dia
seguinte, dizendo que não conseguiria
encontrar o caminho de casa no escuro.
— Ah, não! — respondeu ela. — De
jeito nenhum! Da última vez que fiz isso
me arrependi amargamente! Já dei
abrigo a um menino como você e o mal-
agradecido fugiu, levando dois sacos de
moedas de ouro do meu marido. Por
causa disso, quase fui devorada no lugar
do malandrinho! E o gigante, desde
então, tem estado com um humor
terrível, que eu sou obrigada a suportar!
Mas João sabia ser convincente e
pediu tantas vezes que a boa mulher
acabou concordando em escondê-lo.
Assim, levou-o para dentro do castelo e
deu-lhe de comer e de beber. E,
novamente, mal teve tempo de esconder
João, desta vez dentro de um quartinho
de despejo, e o gigante já chegava, com
seu andar tão pesado que fazia o castelo
estremecer. Dali a pouco, ele já estava na
cozinha, gritando com voz de trovão:
— Um, dois e três.
Cheiro de gente outra vez! Onde está
esse abelhudo? Vou comê-lo com ossos e
tudo!
Enquanto dizia isso, o gigante
procurava por todos os cantos da casa.
João, que a tudo assistia pela
fechadura da porta, ficou morrendo de
medo de ser encontrado. Mas a bondosa
mulher mais uma vez convenceu o
marido de que não havia ninguém na
casa e, enchendo a mesa de comida,
conseguiu distraí-lo.
Novamente o gigante comeu até se far-
tar e depois disse à mulher:
— Mulher, traga-me a galinha!
Ela, como da outra vez, obedeceu às
ordens e saiu da cozinha, para voltar
logo depois, trazendo uma galinha viva.
O gigante colocou a galinha sobre a mesa
e, assim que a mulher se retirou,
ordenou:
— Bote!
E João viu, espantado, a galinha botar
um ovo que não era nem branco e nem
igual aos das galinhas comuns, e sim de
ouro, ouro puro e maciço!
— Bote outro! — ordenou o gigante.
E a galinha obedeceu. Assim aconteceu
sucessivamente, até que a mesa da
cozinha ficou repleta de ovos de ouro,
bonitos e reluzentes.
De repente, o gigante se cansou de
mandar a galinha botar os ovos e,
debruçando-se sobre a mesa, caiu, logo
em seguida, num sono profundo.
Quando ouviu o gigante roncando
outra vez como um trovão, João saiu em
silêncio de seu esconderijo. E, como desta
vez não havia nem o cão de guarda para
atrapalhar, foi muito fácil agarrar a
galinha e fugir correndo do castelo, até
chegar ao pé de feijão.
Logo que entrou em casa, João
chamou a mãe e, depois de lhe contar a
sua aventura, entregou-lhe a galinha dos
ovos de ouro.
Daquele dia em diante, nada mais lhes
faltou, pois, sempre que precisavam de
alguma coisa, bastava ordenar à galinha
que botasse um ovo, e ela obedecia
prontamente.
Mesmo sendo agora rico e feliz, João
voltou a ter vontade de subir outra vez
ao castelo do gigante. Mas, sempre que
falava nisso, a mãe o repreendia tão
severamente, que o menino acabava
adiando a viagem, sem entretanto
desistir da idéia.
Passaram-se assim três anos, no final
dos quais João tomou uma decisão: ia
subir de novo, custasse o que custasse, e
não contaria nada à mãe.
Assim, esperou pacientemente que
chegasse o verão, quando os dias são
mais longos e, depois de se disfarçar
muito bem, subiu pelo pé de feijão antes
que o sol nascesse, para que a mãe não o
visse.
Novamente chegou ao castelo numa
hora em que o gigante não estava, e mais
uma vez não foi reconhecido pela
mulher, que voltou a falar-lhe dos
perigos que corria estando ali. Só que,
desta vez, foi muito mais difícil convencê-
la a recolher um estranho em seu castelo,
pois o gigante, depois do último roubo,
estava com um humor insuportável e
cada dia se tornava mais malvado.
João, porém, sabia que a mulher era
muito bondosa e continuou insistindo até
que conseguiu convencê-la. Foi então
acolhido, e de novo lhe foi servida uma
refeição deliciosa.
Mas nesse dia o gigante chegou tão re-
pentinamente que a mulher só teve
tempo de colocar João dentro de um
caldeirão, antes que o marido entrasse na
cozinha gritando:
— Mulher! Sinto cheiro de carne
humana!
Um, dois e três,
diga-me de uma vez:
onde está o abelhudo?
Vou comê-lo com ossos e tudo!
E estava tão furioso e desconfiado, que
começou a procurar por todos os cantos,
sem nem ouvir a esposa chamando-o
para o jantar.
Procurou, procurou e procurou até
que, finalmente, chegou bem perto do
caldeirão onde João estava escondido. Ao
ouvir aqueles passos que faziam o chão
tremer e aquela voz de trovão gritando
furiosamente, o pobre menino achou que
estava mesmo perdido. Por sorte,
entretanto, o gigante sentiu uma fome
repentina e ficou com preguiça de
levantar a tampa do caldeirão. Por isso,
desistiu de procurar e gritou:
— Mulher! Quero jantar!
Dentro de seu esconderijo, João
suspirou aliviado. E ali ficou bem
quietinho, esperando que o comilão
fizesse sua interminável refeição.
Quando, afinal, estava satisfeito, o gi-
gante gritou para a mulher:
— Traga-me a harpa de ouro!
E ela, como sempre fazia, obedeceu-lhe
prontamente. O gigante esperou que ela
se retirasse para dormir, depois colocou
o instrumento sobre a mesa e ordenou:
— Toque!
No mesmo instante, a harpa de ouro
começou a tocar sozinha uma melodia
doce e suave, que deixou João
maravilhado e que embalou os sonhos do
malvado gigante. Assim, o menino
esperou até que ele estivesse roncando
bem alto, saiu em silêncio do caldeirão e
correu na direção do valioso instru-
mento.
Acontece que a harpa era encantada e,
ao sentir que mãos estranhas a tocavam,
começou a gritar com uma voz fininha:
— Socorro! Socooorro!
E o gigante, ou porque não estivesse
dormindo ainda, ou porque gostasse
muito da harpa, acabou acordando. Ao
ver que estava sendo roubado, levantou-
se da cadeira, gritando, furioso:
— Ah, seu maldito! Desta vez você me
paga! Quando eu o pegar, vou engoli-lo
vivo, com ossos e tudo!
Disse isso e veio direto em cima do po-
bre João, que, muito assustado, começou
a correr até não poder mais. A harpa de
ouro, por sua vez, continuava gritando,
com sua vozinha fina:
—Socorro,meu senhor!Estão me rou-
bando !
E João, ao ouvi-la falar, corria mais
ainda, achando que o gigante o estava
alcançando.
De repente, no entanto, João percebeu
que havia já alguns minutos não ouvia
mais os urros e o barulho dos passos de
seu perseguidor. Intrigado, virou-se para
trás e descobriu uma coisa que o deixou
muito feliz: o gigante, embora fosse
grande e forte, já estava velho e não
conseguia correr muito.
Mesmo assim, ainda havia um longo
caminho para chegar ao pé de feijão, e
por isso o menino agarrou de novo a
harpa, que não parava de gritar por
socorro, e continuou a correr.
Horas depois, alcançou de novo seu pé
de feijão e começou a descer. Quando
estava já no meio da haste da imensa
planta, porém, João olhou para cima e
viu que o gigante, por ser muito pesado,
descia numa rapidez incrível. Assim, logo
que avistou o quintal de casa, o menino
começou a gritar pela mãe:
— Mamãe, mamãe! Traga-me um ma-
chado, depressa!
Quando João pôs os pés no chão, a
mãe já se preparava para dar os
primeiros golpes na planta. Mas a viúva,
ao olhar para cima e ver o tamanho do
gigante, ficou paralisada de medo.
João estava muito cansado, mas
conseguiu reunir todas as suas forças e,
apossando-se do machado, golpeou
várias vezes o pé de feijão. Tendo sido
cortada a planta, o gigante despencou lá
do alto, caindo ao chão com um grande
estrondo. Era tão pesado que | seu corpo,
ao cair, fez uma cratera enorme, que
demorou muitos anos para fechar.
Livre do perigo que o ameaçava, João
abraçou a mãe alegremente. E, desde
aquele dia, os dois passaram a viver
tranquilos.
Tempos depois, quando se tornou um
homem forte e bonito, João se casou com
uma princesa, com quem viveu feliz por
muitos e muitos anos.
Quanto ao pé de feijão, depois de cor-
tado, secou completamente e, como não
havia mais sementes, nunca mais nasceu
outro igual.

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A história de João e o feijão encantado

  • 1. Há muitos e muitos anos existiu uma viúva que tinha um filho chamado João. João e a mãe eram muito pobres e, para se manterem, contavam apenas com uma vaca, cujo leite vendiam na cidade. Um dia, porém, a vaca parou subitamente de dar leite, e a pobre mulher, tendo perdido assim a fonte de seu sustento, ficou preocupada e sem saber o que fazer.
  • 2. João, de sua parte, começou a procurar um emprego, com o qual pudesse ajudar a mãe. Mas os dias foram passando sem que ele arranjasse coisa alguma para fazer. Assim, a única solução que encontraram foi vender a
  • 3. vaca, pois o dinheiro daria pelo menos para viverem por algum tempo. João logo se ofereceu para ir vender o animal na cidade, mas a mãe, achando que ele não saberia negociar, a princípio não consentiu. Entretanto, porque ela própria poderia sair de casa naquele dia, não teve outro remédio senão concordar com a idéia. Amarrou então uma corda no pescoço da vaca, para que João não a perdesse e, depois de dar muitos conselhos ao filho, deixou-o partir. E lá se foi João, com destino à cidade. Quando estava no meio do caminho, encontrou um vendedor ambulante que o cumprimentou muito simpático e perguntou-lhe aonde estava indo com a vaca. Assim que João contou que estava indo vendê-la na cidade, o homem tirou do bolso um punhado de feijões, muito bonitos e de cores e formatos variados, e mostrou-os ao menino, dizendo que eles eram encantados.
  • 4. João ficou deslumbrado com a beleza dos grãos e, ao ouvir as palavras do vendedor, seus olhos brilharam de alegria. Morrendo de vontade de possuir os feijões encantados, perguntou ao homem se ele não gostaria de trocá-los pela vaca.
  • 5. O vendedor concordou prontamente com a troca. E, horas depois, João chegava em casa muito satisfeito, achando que havia feito um excelente negócio. A mãe o recebeu muito contente, mas, quando o menino lhe mostrou o que havia conseguido em troca do animal, ficou furiosa e disse: — Como, meu filho?! Você teve coragem de trocar a única coisa que possuíamos por uma porcaria duns grãos de feijão? E, quanto mais pensava na situação difícil em que ela e o filho estavam agora, mais nervosa ficava. Até que, num acesso de raiva, jogou os feijões pela janela, gritando: — Veja, seu tolo! Veja para o que ser vem seus grãos encantados: para jogar fora! O pobre menino, desconsolado, ficou olhando para a mãe sem nada conseguir
  • 6. dizer. E, como castigo, naquela noite foi mandado para a cama sem jantar. Na manhã seguinte, ao acordar, João ainda estava muito triste e não conseguia esquecer o acontecimento do dia anterior. Estava deitado, tentando encontrar um jeito de remediar o que havia feito, quando notou que havia alguma coisa impedindo o sol de entrar pela janela. Levantou-se para espiar o que era e, espantado, descobriu que os grãos de feijão não só haviam brotado durante a noite, como também haviam crescido assustadoramente, transformando-se numa planta enorme, que subia até o céu. Admirado e feliz, o menino correu até o quintal e, sem pensar duas vezes, começou a subir pelo pé de feijão. Subiu, subiu e subiu; atravessou muitas camadas de nuvens macias como flocos de algodão e, por fim, descobriu que a planta terminava num estranho país, onde tudo parecia deserto.
  • 7. Como queria saber onde estava, João resolveu andar para ver se encontrava alguém por ali. Mas o lugar parecia completamente desabitado, pois, mesmo andando horas em seguida, não viu ninguém pelo caminho. Porém, quando já estava escurecendo e o seu estômago até doía de fome, João avistou um enorme castelo para onde se dirigiu. Encontrou na porta uma mulher que pareceu muito assustada em vê-lo ali. — O que você está fazendo aqui, menino? — disse ela. — Não sabe que
  • 8. esse castelo pertence ao meu marido, um gigante muito mau, devorador de carne humana? Ao ouvir isso, João sentiu as pernas bambearem de medo. Mas, como a mulher lhe dissesse que o gigante estava fora, caçando, e também como a fome e o cansaço não o deixassem andar mais, pediu a ela que o abrigasse e escondesse até o dia seguinte. Embora fosse casada com um homem tão mau, a esposa do gigante era uma pessoa muito bondosa. Assim, ficou com muita pena do menino e levou-o para dentro do castelo, onde serviu-lhe uma mesa coberta de coisas deliciosas. João, que estava morto de fome, comeu tudo com tanto apetite e gosto que logo se
  • 9. esqueceu do perigo que estava correndo. De repente, porém, ouviu-se um grande barulho na porta, seguido de passos tão pesados que o castelo inteiro estremeceu. — Oh, meu Deus! — disse a mulher, tremendo como vara verde. — É o gigante, menino ! Ele não pode encontrar você aqui senão vai devorar você e a mim também! Ao vê-la tão assustada, João ficou paralisado de medo. Mas a mulher o puxou rapidamente pela mão, e mal teve tempo de escondê-lo dentro do forno, antes que o gigante entrasse na cozinha, gritando com sua voz de trovão: — Mulher! Mulher, estou sentindo cheiro de carne humana! Um, dois e três, diga-me de uma vez: onde está esse abelhudo? Vou comê-lo com ossos e tudo! Mais que depressa, a mulher explicou que o cheiro de carne era dos franguinhos que ela havia matado para o jantar.
  • 10. João, que estava espiando por uma frestinha do forno, ficou apavorado só de pensar no que aconteceria se o gigante o encontrasse. Mas a bondosa mulher, que sabia que o marido era muito comilão, apressou-se em servir a comida, antes que ele começasse a procurar por todos os cantos da casa até encontrar o pobre
  • 11. menino. O gigante sentou-se então à mesa e, para começar a refeição, engoliu uma dúzia de frangos assados, com ossos e tudo. Com os olhos arregalados, João assistiu à mulher trazendo para a mesa pratos e mais pratos, que o gigante
  • 12. engolia rapidamente, sem nunca ficar satisfeito. Quando acabou finalmente sua refeição, o comilão gritou para a mulher: — Traga-me o dinheiro! — Está bem! — respondeu ela, saindo da cozinha. E, logo em seguida, voltava com dois sacos cheios de moedas de ouro. Depois de ordenar que a mulher fosse dormir, o gigante colocou os sacos de moedas sobre a mesa e começou a contá-las, enquanto esperava o sono chegar. Quando se cansou desse divertimento, guardou as moedas de novo nos sacos e depois colocou-os no chão, perto de si. Só que, por precaução, amarrou ao pé da mesa um cão de guarda, e depois
  • 13. recostou-se na cadeira e pôs-se a dormir. João, que a tudo assistia de seu escon- derijo, esperou que o gigante estivesse dormindo profundamente e, quando viu que ele estava roncando como um trovão, saiu de mansinho do forno para roubar o dinheiro. Entretanto, assim que pôs as
  • 14. mãos sobre os sacos de moedas, o cão de guarda começou a latir feito louco e o pobre menino, apavorado, julgou-se completamente perdido. Acontece que o gigante tinha um sono pesado demais e os latidos fizeram apenas com que ele se mexesse na cadeira, sem conseguir acordá-lo. Mais sossegado, o menino subiu na mesa da cozinha e, depois de pegar um pedação de carne, jogou-o ao cão, que abanou o rabo e ficou em silêncio, deliciando-se com o petisco. João pôde assim pegar o dinheiro e fugir dali. Correu sem parar até alcançar o pé de feijão, descendo habilmente até
  • 15. chegar ao quintal de casa. Em seguida, chamou pela mãe e, depois de contar-lhe toda a aventura, entregou-lhe os dois sacos de moedas. Corri o dinheiro roubado do gigante, João e a mãe passaram a levar uma vida de rei. Nada mais faltava na casa e eles
  • 16. não precisavam mais temer a fome e a necessidade. Mas o tempo foi passando e os sacos de moedas começaram a ficar vazios. E João pensou, então, em voltar ao castelo do gi- gante, para se apoderar de mais riquezas. Contou sua vontade à mãe e ela, com medo de que alguma coisa pudesse acontecer-lhe, proibiu-o de ir. — Já pensou se o gigante agarrar você? — disse ela. — E a mulher dele? Ela certamente o reconhecerá e poderá entregá-lo ao marido! Percebendo que a mãe não ia mesmo permitir, João fingiu aceitar o que ela dizia. Mas, na primeira chance que teve, saiu escondido e subiu novamente pelo pé de feijão, desta vez muito bem disfarçado
  • 17. para que a mulher do gigante não o reconhecesse. Chegou assim mais uma vez ao estranho país e, depois de caminhar até o anoitecer, avistou o castelo do gigante, na porta do qual encontrou novamente a boa mulher. — Menino! — disse ela, sem reconhecer João. — O que você faz aqui? Não sabe que esse castelo é do meu marido, um gigante muito mau, devorador de carne humana? João fingiu-se muito assustado, e pediu à mulher que o escondesse até o dia seguinte, dizendo que não conseguiria encontrar o caminho de casa no escuro. — Ah, não! — respondeu ela. — De jeito nenhum! Da última vez que fiz isso me arrependi amargamente! Já dei abrigo a um menino como você e o mal- agradecido fugiu, levando dois sacos de moedas de ouro do meu marido. Por causa disso, quase fui devorada no lugar do malandrinho! E o gigante, desde
  • 18. então, tem estado com um humor terrível, que eu sou obrigada a suportar! Mas João sabia ser convincente e pediu tantas vezes que a boa mulher acabou concordando em escondê-lo. Assim, levou-o para dentro do castelo e deu-lhe de comer e de beber. E, novamente, mal teve tempo de esconder João, desta vez dentro de um quartinho de despejo, e o gigante já chegava, com seu andar tão pesado que fazia o castelo estremecer. Dali a pouco, ele já estava na cozinha, gritando com voz de trovão: — Um, dois e três. Cheiro de gente outra vez! Onde está esse abelhudo? Vou comê-lo com ossos e tudo! Enquanto dizia isso, o gigante procurava por todos os cantos da casa. João, que a tudo assistia pela fechadura da porta, ficou morrendo de medo de ser encontrado. Mas a bondosa mulher mais uma vez convenceu o marido de que não havia ninguém na
  • 19. casa e, enchendo a mesa de comida, conseguiu distraí-lo. Novamente o gigante comeu até se far- tar e depois disse à mulher: — Mulher, traga-me a galinha! Ela, como da outra vez, obedeceu às ordens e saiu da cozinha, para voltar logo depois, trazendo uma galinha viva. O gigante colocou a galinha sobre a mesa e, assim que a mulher se retirou, ordenou: — Bote! E João viu, espantado, a galinha botar um ovo que não era nem branco e nem igual aos das galinhas comuns, e sim de ouro, ouro puro e maciço! — Bote outro! — ordenou o gigante. E a galinha obedeceu. Assim aconteceu sucessivamente, até que a mesa da cozinha ficou repleta de ovos de ouro, bonitos e reluzentes. De repente, o gigante se cansou de mandar a galinha botar os ovos e, debruçando-se sobre a mesa, caiu, logo em seguida, num sono profundo.
  • 20. Quando ouviu o gigante roncando outra vez como um trovão, João saiu em silêncio de seu esconderijo. E, como desta vez não havia nem o cão de guarda para atrapalhar, foi muito fácil agarrar a galinha e fugir correndo do castelo, até chegar ao pé de feijão. Logo que entrou em casa, João chamou a mãe e, depois de lhe contar a sua aventura, entregou-lhe a galinha dos ovos de ouro. Daquele dia em diante, nada mais lhes faltou, pois, sempre que precisavam de alguma coisa, bastava ordenar à galinha que botasse um ovo, e ela obedecia prontamente. Mesmo sendo agora rico e feliz, João voltou a ter vontade de subir outra vez ao castelo do gigante. Mas, sempre que falava nisso, a mãe o repreendia tão severamente, que o menino acabava adiando a viagem, sem entretanto desistir da idéia.
  • 21. Passaram-se assim três anos, no final dos quais João tomou uma decisão: ia subir de novo, custasse o que custasse, e não contaria nada à mãe. Assim, esperou pacientemente que chegasse o verão, quando os dias são mais longos e, depois de se disfarçar muito bem, subiu pelo pé de feijão antes que o sol nascesse, para que a mãe não o visse. Novamente chegou ao castelo numa hora em que o gigante não estava, e mais uma vez não foi reconhecido pela mulher, que voltou a falar-lhe dos perigos que corria estando ali. Só que, desta vez, foi muito mais difícil convencê- la a recolher um estranho em seu castelo, pois o gigante, depois do último roubo, estava com um humor insuportável e cada dia se tornava mais malvado. João, porém, sabia que a mulher era muito bondosa e continuou insistindo até que conseguiu convencê-la. Foi então acolhido, e de novo lhe foi servida uma refeição deliciosa.
  • 22. Mas nesse dia o gigante chegou tão re- pentinamente que a mulher só teve tempo de colocar João dentro de um caldeirão, antes que o marido entrasse na cozinha gritando: — Mulher! Sinto cheiro de carne humana! Um, dois e três, diga-me de uma vez: onde está o abelhudo? Vou comê-lo com ossos e tudo! E estava tão furioso e desconfiado, que começou a procurar por todos os cantos, sem nem ouvir a esposa chamando-o para o jantar. Procurou, procurou e procurou até que, finalmente, chegou bem perto do caldeirão onde João estava escondido. Ao ouvir aqueles passos que faziam o chão tremer e aquela voz de trovão gritando furiosamente, o pobre menino achou que estava mesmo perdido. Por sorte, entretanto, o gigante sentiu uma fome repentina e ficou com preguiça de
  • 23. levantar a tampa do caldeirão. Por isso, desistiu de procurar e gritou:
  • 24. — Mulher! Quero jantar! Dentro de seu esconderijo, João suspirou aliviado. E ali ficou bem quietinho, esperando que o comilão fizesse sua interminável refeição. Quando, afinal, estava satisfeito, o gi- gante gritou para a mulher:
  • 25. — Traga-me a harpa de ouro! E ela, como sempre fazia, obedeceu-lhe prontamente. O gigante esperou que ela se retirasse para dormir, depois colocou o instrumento sobre a mesa e ordenou: — Toque! No mesmo instante, a harpa de ouro começou a tocar sozinha uma melodia doce e suave, que deixou João maravilhado e que embalou os sonhos do malvado gigante. Assim, o menino esperou até que ele estivesse roncando bem alto, saiu em silêncio do caldeirão e correu na direção do valioso instru- mento. Acontece que a harpa era encantada e, ao sentir que mãos estranhas a tocavam, começou a gritar com uma voz fininha: — Socorro! Socooorro! E o gigante, ou porque não estivesse dormindo ainda, ou porque gostasse muito da harpa, acabou acordando. Ao ver que estava sendo roubado, levantou- se da cadeira, gritando, furioso:
  • 26. — Ah, seu maldito! Desta vez você me paga! Quando eu o pegar, vou engoli-lo vivo, com ossos e tudo! Disse isso e veio direto em cima do po- bre João, que, muito assustado, começou a correr até não poder mais. A harpa de ouro, por sua vez, continuava gritando, com sua vozinha fina: —Socorro,meu senhor!Estão me rou- bando ! E João, ao ouvi-la falar, corria mais ainda, achando que o gigante o estava alcançando. De repente, no entanto, João percebeu que havia já alguns minutos não ouvia mais os urros e o barulho dos passos de seu perseguidor. Intrigado, virou-se para trás e descobriu uma coisa que o deixou muito feliz: o gigante, embora fosse grande e forte, já estava velho e não conseguia correr muito. Mesmo assim, ainda havia um longo caminho para chegar ao pé de feijão, e por isso o menino agarrou de novo a
  • 27. harpa, que não parava de gritar por socorro, e continuou a correr. Horas depois, alcançou de novo seu pé de feijão e começou a descer. Quando estava já no meio da haste da imensa planta, porém, João olhou para cima e viu que o gigante, por ser muito pesado, descia numa rapidez incrível. Assim, logo que avistou o quintal de casa, o menino começou a gritar pela mãe: — Mamãe, mamãe! Traga-me um ma- chado, depressa!
  • 28. Quando João pôs os pés no chão, a mãe já se preparava para dar os primeiros golpes na planta. Mas a viúva, ao olhar para cima e ver o tamanho do gigante, ficou paralisada de medo. João estava muito cansado, mas conseguiu reunir todas as suas forças e, apossando-se do machado, golpeou várias vezes o pé de feijão. Tendo sido cortada a planta, o gigante despencou lá do alto, caindo ao chão com um grande estrondo. Era tão pesado que | seu corpo, ao cair, fez uma cratera enorme, que demorou muitos anos para fechar.
  • 29. Livre do perigo que o ameaçava, João abraçou a mãe alegremente. E, desde aquele dia, os dois passaram a viver tranquilos. Tempos depois, quando se tornou um homem forte e bonito, João se casou com
  • 30. uma princesa, com quem viveu feliz por muitos e muitos anos. Quanto ao pé de feijão, depois de cor- tado, secou completamente e, como não havia mais sementes, nunca mais nasceu outro igual.