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Esta é mais uma linda passagem de Jesus, que é registrada somente por
João, no capítulo IV, de seu Evangelho. Para compreendermos esse
episódio na sua essência, precisamos conhecer elementos históricos que
deram início à animosidade entre judeus e samaritanos. Essa inimizade
era tão forte que eles não se falavam, sequer se cumprimentavam. Não
sabemos muito sobre as razões históricas, o que sabemos é que as doze
tribos que compunham a nação se separaram, devido a sucessão de
Salomão.
O templo de Salomão em Jerusalém havia sido completamente
destruído. E a sua reconstrução fora iniciada, porém, os seguidores de
Zorababel não aceitaram a participação dos samaritanos na tarefa.
Mais tarde, expulsaram Manassés, sacerdote samaritano de Jerusalém, e
este liderou a construção de um templo tão rico e tão belo quanto o de
Jerusalém, embora menor, tendo um clero regular, no Monte Garizim,
na Samaria. Desse modo, os samaritanos ficaram isentos de terem que ir
a Jerusalém cumprir suas obrigações rituais. (Separação total)
Jesus, regressando da Judeia, com Seus discípulos, a caminho da
Galileia, decidiu passar pela Samaria, era a rota mais curta entre as duas
regiões. Porém, a Samaria era uma terra de pessoas desprezadas, e que
não eram mais consideradas judias, pelos seus vizinhos mais religiosos
do sul. O evangelista João diz que era necessário que o Mestre passasse
por aquela cidade.
Então, por que era necessário que Jesus passasse por Samaria? Seria por
causa das chuvas que transbordavam o rio Jordão, dificultando o
caminho costumeiramente seguido pelos judeus que queriam ir até a
Galileia, como sugerem alguns? Acredito que não. Será que o Mestre
apenas queria cortar caminho por Samaria para chegar à Galileia? Muito
menos, visto que não era normal um judeu passar por Samaria, seja qual
fosse a circunstância. Os samaritanos representavam uma ofensa tão
grande para os judeus que eles nem queriam por os pés na Samaria.
Embora a rota mais curta atravessasse essa província, os judeus nunca
usavam esse caminho. Eles tinham a própria trilha, que ia do norte da
Judeia a leste do Jordão, entrando na Galileia.
Jesus bem que poderia ter seguido por essa rota, muito usada, que unia a
Judeia à Galileia.
Aqui, realmente começa a história. O Mestre e Seus discípulos
chegaram, pois, a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto das
terras que Jacó deu a seu filho José; era ali a Fonte de Jacó. Como ser
humano, talvez, o Cristo estivesse cansado da viagem, em virtude da
íngreme ladeira que galgara, ou, quem sabe, Ele já sabia desse encontro
com a mulher samaritana. O Rabi decidiu descansar junto ao poço de
Jacó, e sentou-se sobre a borda do poço ou ao lado dele. O evangelista
João deixou de anotar esse detalhe, anotando somente a hora, que era a
hora “sexta”, ou seja, cerca de meio-dia.
Enquanto Jesus repousava, seus discípulos seguiram um pouco além,
foram à cidade para buscar provisões. Nesse ínterim, aproximou-se uma
mulher da região da Samaria, uma samaritana, munida de corda e
ânfora, para tirar água do poço. Era comum, naquela época, a mulher
mais nova de uma casa ir ao poço buscar água. Ela cumpria essa tarefa
todos os dias, para atender as suas necessidades. O poço de Jacó media
trinta e nove metros de profundidade. Era o único existente numa área
de vários quilômetros, e só quem possuía uma corda bastante longa
poderia retirar água dele. Ora, os visitantes não costumavam carregar tal
apetrecho, pois ninguém recusava dar um pouco de água a um peregrino
sedento.
Jesus solicita esse obséquio à samaritana, dizendo: “Dá-me de beber”!
Pela solicitação, a mulher descobre que o Mestre precisa dela para
resolver o problema de sua sede. Desse modo, o Cristo desperta nela o
gosto de ajudar e de servir. Acontece que, como já sabemos, os judeus
não se comunicavam com os samaritanos, havia uma animosidade de
longa data. Tudo justificava, pois, a surpresa da samaritana, ao saber que
o Rabi falava com ela, uma vez que aquele pedido afrontava os
costumes. Dirigir-se a uma mulher em público era uma grande
inconveniência. Nos tempos do Novo Testamento, havia uma
desigualdade muito grande entre homem e mulher. Os homens não
conversavam com mulheres em público, mesmo sendo suas esposas.
Imaginem: se entre um judeu e um samaritano existia um preconceito
profundo, entre um judeu e uma samaritana o preconceito era muito
maior. Um judeu preferia morrer de sede a tomar água da mão de um
samaritano, muito menos de uma mulher samaritana. Os judeus sempre
consideravam-nas em estado de perpétua contaminação. Mas ali estava
um homem judeu que reconhecia que a samaritana existia. Embora sem
recusar o pedido de Jesus, a samaritana faz-Lhe sentir sua estranheza,
dizendo: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher
samaritana? O Mestre, que deve ter visto nela um espírito de escol,
capaz de penetrar nos “Mistérios do Reino”, aproveita a ocasião para
apresentar preciosas lições.
Jesus começa dizendo: Se souberas o dom de Deus, e quem é aquele que
te diz, dá-me de beber, tu lhe pedirias de beber, e ele te daria água viva.
Mas a samaritana não percebe o simbolismo da frase, tal como ocorrera
com Nicodemos, e interpreta ao pé da letra. Ainda que a mulher não
entendesse à princípio que a verdadeira água viva estava fora e não no
fundo do poço, o progresso da conversa começava a aparecer, ela já não
vê Jesus como um simples forasteiro judeu. Agora ela o chama de
“Senhor”. Diz a samaritana: Senhor, não tens com que tirar a água e o
poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva? És tu, porventura, maior
que nosso pai Jacó, que nos deu esse poço, do qual bebeu ele, seus
filhos e seu gado?
Jesus imediatamente direciona a conversa para o lado espiritual, e diz:
Todo o que bebe desta água (do poço) tornará a ter sede. Mas quem
beber da água que eu lhe der, não terá mais sede no futuro; pelo
contrário, a água que eu lhe der, virá a ser nele uma fonte de água que
jorrará em abundância para a vida eterna. A mulher samaritana ainda
não estava entendendo, mas aceitou a “água viva” oferecida dizendo:
Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha
que vir aqui tirá-la (Pura lei do menos esforço). O Mestre usou o
simbolismo da água porque alí era uma região árida. Quem beber da
água do conhecimento nunca mais terá sede e será uma fonte de
ensinamentos e consolações para quem precisar.
É a água transformada em vinho, que sacia a sede e embriaga de
conhecimento e felicidade. Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e
volta aqui. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe o
Mestre: Disseste bem que não tens marido; porque cinco maridos
tiveste, e o que agora tens, não é teu marido; disseste a verdade. O
Cristo ia, pouco a pouco, deixando a samaritana maravilhada e cativada
por Suas palavras. Como poderia aquele homem conhecer toda a sua
vida? Por causa da resposta recebida, a mulher identifica Jesus, e diz:
Senhor vejo que és profeta. Nesse momento, ela se situa na conversa e
começa a tomar a iniciativa. Muda o rumo do diálogo e puxa o assunto
para a religião.
Onde adorar a Deus? Nossos pais adoraram neste monte (Garizim); e
vós, judeus, dizeis que em Jerusalém, no Templo de Salomão, é o lugar
onde se deve adorar. Jesus responde à samaritana. Primeiro Ele
relativiza o lugar do culto: nem aqui nem lá. Em seguida, esclarece que,
tanto judeu como samaritano, ambos adoram a Deus. E Ele termina
dizendo que chegará o tempo em que se poderá adorar a Deus em
qualquer lugar, contanto que seja em Espírito e Verdade, e não em
templo de pedra, mesmo que ajaezado de ouro. Amar a Deus em
Espírito porque nós não conseguimos dimensionar Deus na nossa
mente; e amá-lo em Verdade, ou seja, em amor, e esse amar é valorizar,
compreender e respeitar as outras criaturas, os seres e outros elementos.
Quem compreende valoriza, respeita, ama. Então, amar a Deus é
compreender as pessoas; valorizar as pessoas e respeitá-las. Então, a
samaritana largou a ânfora perto do poço e voltou sem água para o
povoado. Ela já não precisava da água do poço de Jacó, da antiga lei.
Ela havia encontrado a fonte de água que brotava dentro dela para a vida
eterna. Chegando ao povoado, ela anuncia Jesus. Venham ver um
homem que me disse tudo o que eu fiz! Será que ele é o Messias? Vale
registrar a título de curiosidade que Carlos Torres Pastorino, baseado,
não sabemos em quê, afirma que a mulher samaritana, quinze séculos
depois, reencarnou como Teresa D’avila, a única mulher que recebeu o
título de Doutora da Igreja.
Comentário:
Jesus vivia cercado pelas multidões, mas demonstrou o valor especial do
indivíduo quando conversou com Nicodemos e com a mulher
samaritana. Temos aqui representados dois tipos de pessoas: o doutor,
líder religioso, membro da elite e uma mulher desprezada pela
sociedade. O Mestre valoriza a cada um e deseja salvar a todos, pois
todas as almas são iguais perante Ele.
Pelo simples fato de viajar por Samaria e pedir água à uma samaritana, o
Cristo estava derrubando barreiras centenárias de preconceito. Aí está
Jesus mais uma vez quebrando paradigmas.
Jesus fez a sua mais importante revelação, a da realização dos tempos
messiânicos, não a qualquer autoridade religiosa ou civil, mas a uma
mulher, e, ainda mais, uma mulher samaritana. Ao quebrar dois dos mais
fortes paradigmas da época: a questão religiosa entre judeus e
samaritanos, e a questão da mulher na sociedade judaica, Ele
demonstrava, de forma inequívoca, que a Sua mensagem de amor era
para todos, sem exceção, independentemente de raça, sexo ou condição
social.
Todos os que bebem da água das exterioridades transitórias continuam
tendo sede; apenas aqueles que se unem a Jesus, que O “conhecem”, só
esses é que jamais terão sede, porque surgirá uma fonte perene de
“Água Viva”.
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br

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Jesus conversa com uma mulher samaritana

  • 1.
  • 2. Esta é mais uma linda passagem de Jesus, que é registrada somente por João, no capítulo IV, de seu Evangelho. Para compreendermos esse episódio na sua essência, precisamos conhecer elementos históricos que deram início à animosidade entre judeus e samaritanos. Essa inimizade era tão forte que eles não se falavam, sequer se cumprimentavam. Não sabemos muito sobre as razões históricas, o que sabemos é que as doze tribos que compunham a nação se separaram, devido a sucessão de Salomão. O templo de Salomão em Jerusalém havia sido completamente destruído. E a sua reconstrução fora iniciada, porém, os seguidores de Zorababel não aceitaram a participação dos samaritanos na tarefa.
  • 3. Mais tarde, expulsaram Manassés, sacerdote samaritano de Jerusalém, e este liderou a construção de um templo tão rico e tão belo quanto o de Jerusalém, embora menor, tendo um clero regular, no Monte Garizim, na Samaria. Desse modo, os samaritanos ficaram isentos de terem que ir a Jerusalém cumprir suas obrigações rituais. (Separação total) Jesus, regressando da Judeia, com Seus discípulos, a caminho da Galileia, decidiu passar pela Samaria, era a rota mais curta entre as duas regiões. Porém, a Samaria era uma terra de pessoas desprezadas, e que não eram mais consideradas judias, pelos seus vizinhos mais religiosos do sul. O evangelista João diz que era necessário que o Mestre passasse por aquela cidade.
  • 4. Então, por que era necessário que Jesus passasse por Samaria? Seria por causa das chuvas que transbordavam o rio Jordão, dificultando o caminho costumeiramente seguido pelos judeus que queriam ir até a Galileia, como sugerem alguns? Acredito que não. Será que o Mestre apenas queria cortar caminho por Samaria para chegar à Galileia? Muito menos, visto que não era normal um judeu passar por Samaria, seja qual fosse a circunstância. Os samaritanos representavam uma ofensa tão grande para os judeus que eles nem queriam por os pés na Samaria. Embora a rota mais curta atravessasse essa província, os judeus nunca usavam esse caminho. Eles tinham a própria trilha, que ia do norte da Judeia a leste do Jordão, entrando na Galileia.
  • 5. Jesus bem que poderia ter seguido por essa rota, muito usada, que unia a Judeia à Galileia. Aqui, realmente começa a história. O Mestre e Seus discípulos chegaram, pois, a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto das terras que Jacó deu a seu filho José; era ali a Fonte de Jacó. Como ser humano, talvez, o Cristo estivesse cansado da viagem, em virtude da íngreme ladeira que galgara, ou, quem sabe, Ele já sabia desse encontro com a mulher samaritana. O Rabi decidiu descansar junto ao poço de Jacó, e sentou-se sobre a borda do poço ou ao lado dele. O evangelista João deixou de anotar esse detalhe, anotando somente a hora, que era a hora “sexta”, ou seja, cerca de meio-dia.
  • 6. Enquanto Jesus repousava, seus discípulos seguiram um pouco além, foram à cidade para buscar provisões. Nesse ínterim, aproximou-se uma mulher da região da Samaria, uma samaritana, munida de corda e ânfora, para tirar água do poço. Era comum, naquela época, a mulher mais nova de uma casa ir ao poço buscar água. Ela cumpria essa tarefa todos os dias, para atender as suas necessidades. O poço de Jacó media trinta e nove metros de profundidade. Era o único existente numa área de vários quilômetros, e só quem possuía uma corda bastante longa poderia retirar água dele. Ora, os visitantes não costumavam carregar tal apetrecho, pois ninguém recusava dar um pouco de água a um peregrino sedento.
  • 7. Jesus solicita esse obséquio à samaritana, dizendo: “Dá-me de beber”! Pela solicitação, a mulher descobre que o Mestre precisa dela para resolver o problema de sua sede. Desse modo, o Cristo desperta nela o gosto de ajudar e de servir. Acontece que, como já sabemos, os judeus não se comunicavam com os samaritanos, havia uma animosidade de longa data. Tudo justificava, pois, a surpresa da samaritana, ao saber que o Rabi falava com ela, uma vez que aquele pedido afrontava os costumes. Dirigir-se a uma mulher em público era uma grande inconveniência. Nos tempos do Novo Testamento, havia uma desigualdade muito grande entre homem e mulher. Os homens não conversavam com mulheres em público, mesmo sendo suas esposas.
  • 8. Imaginem: se entre um judeu e um samaritano existia um preconceito profundo, entre um judeu e uma samaritana o preconceito era muito maior. Um judeu preferia morrer de sede a tomar água da mão de um samaritano, muito menos de uma mulher samaritana. Os judeus sempre consideravam-nas em estado de perpétua contaminação. Mas ali estava um homem judeu que reconhecia que a samaritana existia. Embora sem recusar o pedido de Jesus, a samaritana faz-Lhe sentir sua estranheza, dizendo: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? O Mestre, que deve ter visto nela um espírito de escol, capaz de penetrar nos “Mistérios do Reino”, aproveita a ocasião para apresentar preciosas lições.
  • 9. Jesus começa dizendo: Se souberas o dom de Deus, e quem é aquele que te diz, dá-me de beber, tu lhe pedirias de beber, e ele te daria água viva. Mas a samaritana não percebe o simbolismo da frase, tal como ocorrera com Nicodemos, e interpreta ao pé da letra. Ainda que a mulher não entendesse à princípio que a verdadeira água viva estava fora e não no fundo do poço, o progresso da conversa começava a aparecer, ela já não vê Jesus como um simples forasteiro judeu. Agora ela o chama de “Senhor”. Diz a samaritana: Senhor, não tens com que tirar a água e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva? És tu, porventura, maior que nosso pai Jacó, que nos deu esse poço, do qual bebeu ele, seus filhos e seu gado?
  • 10. Jesus imediatamente direciona a conversa para o lado espiritual, e diz: Todo o que bebe desta água (do poço) tornará a ter sede. Mas quem beber da água que eu lhe der, não terá mais sede no futuro; pelo contrário, a água que eu lhe der, virá a ser nele uma fonte de água que jorrará em abundância para a vida eterna. A mulher samaritana ainda não estava entendendo, mas aceitou a “água viva” oferecida dizendo: Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha que vir aqui tirá-la (Pura lei do menos esforço). O Mestre usou o simbolismo da água porque alí era uma região árida. Quem beber da água do conhecimento nunca mais terá sede e será uma fonte de ensinamentos e consolações para quem precisar.
  • 11. É a água transformada em vinho, que sacia a sede e embriaga de conhecimento e felicidade. Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e volta aqui. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe o Mestre: Disseste bem que não tens marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens, não é teu marido; disseste a verdade. O Cristo ia, pouco a pouco, deixando a samaritana maravilhada e cativada por Suas palavras. Como poderia aquele homem conhecer toda a sua vida? Por causa da resposta recebida, a mulher identifica Jesus, e diz: Senhor vejo que és profeta. Nesse momento, ela se situa na conversa e começa a tomar a iniciativa. Muda o rumo do diálogo e puxa o assunto para a religião.
  • 12. Onde adorar a Deus? Nossos pais adoraram neste monte (Garizim); e vós, judeus, dizeis que em Jerusalém, no Templo de Salomão, é o lugar onde se deve adorar. Jesus responde à samaritana. Primeiro Ele relativiza o lugar do culto: nem aqui nem lá. Em seguida, esclarece que, tanto judeu como samaritano, ambos adoram a Deus. E Ele termina dizendo que chegará o tempo em que se poderá adorar a Deus em qualquer lugar, contanto que seja em Espírito e Verdade, e não em templo de pedra, mesmo que ajaezado de ouro. Amar a Deus em Espírito porque nós não conseguimos dimensionar Deus na nossa mente; e amá-lo em Verdade, ou seja, em amor, e esse amar é valorizar, compreender e respeitar as outras criaturas, os seres e outros elementos.
  • 13. Quem compreende valoriza, respeita, ama. Então, amar a Deus é compreender as pessoas; valorizar as pessoas e respeitá-las. Então, a samaritana largou a ânfora perto do poço e voltou sem água para o povoado. Ela já não precisava da água do poço de Jacó, da antiga lei. Ela havia encontrado a fonte de água que brotava dentro dela para a vida eterna. Chegando ao povoado, ela anuncia Jesus. Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Será que ele é o Messias? Vale registrar a título de curiosidade que Carlos Torres Pastorino, baseado, não sabemos em quê, afirma que a mulher samaritana, quinze séculos depois, reencarnou como Teresa D’avila, a única mulher que recebeu o título de Doutora da Igreja.
  • 14. Comentário: Jesus vivia cercado pelas multidões, mas demonstrou o valor especial do indivíduo quando conversou com Nicodemos e com a mulher samaritana. Temos aqui representados dois tipos de pessoas: o doutor, líder religioso, membro da elite e uma mulher desprezada pela sociedade. O Mestre valoriza a cada um e deseja salvar a todos, pois todas as almas são iguais perante Ele. Pelo simples fato de viajar por Samaria e pedir água à uma samaritana, o Cristo estava derrubando barreiras centenárias de preconceito. Aí está Jesus mais uma vez quebrando paradigmas.
  • 15. Jesus fez a sua mais importante revelação, a da realização dos tempos messiânicos, não a qualquer autoridade religiosa ou civil, mas a uma mulher, e, ainda mais, uma mulher samaritana. Ao quebrar dois dos mais fortes paradigmas da época: a questão religiosa entre judeus e samaritanos, e a questão da mulher na sociedade judaica, Ele demonstrava, de forma inequívoca, que a Sua mensagem de amor era para todos, sem exceção, independentemente de raça, sexo ou condição social.
  • 16. Todos os que bebem da água das exterioridades transitórias continuam tendo sede; apenas aqueles que se unem a Jesus, que O “conhecem”, só esses é que jamais terão sede, porque surgirá uma fonte perene de “Água Viva”. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br