SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
I Encontro de História do CAHL 
Centro de Artes, Humanidades e Letras, Quarteirão Leite Alves, Cachoeira-BA 
18 a 21 de outubro de 2010 
MAGIA DOS CRISTÃOS NA BAHIA COLONIAL: MOTIVAÇÕES E 
PRÁTICAS MÁGICAS - DOCUMENTAÇÃO DO SANTO OFÍCIO 
Jaqueline Souza Brito Gomes1 
Apresentação 
Esta comunicação é fruto do desdobramento da pesquisa de mestrado que 
ainda se encontra em fase inicial, desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação 
em História da Universidade do Estado da Bahia, cuja temática 
central é reconstituir e compreender as relações sociais entre os “clientes” e 
seus executores da magia, podendo ser denominados como feiticeiros, 
feiticeiras, bruxos ou bruxas. 
Aqui, apresentaremos os primeiros resultados dessa pesquisa que 
compreendem as motivações que levaram a população portuguesa cristã-velha 
e cristã nova, a fazer uso da magia, bem como as práticas mágicas a elas 
associadas. Deixamos de fora, neste momento, o uso de magia por indivíduos 
de outras origens étnicas, constantes em nossa fonte de pesquisa, em razão 
do próprio exercício da pesquisa que este texto encerra. 
A fonte de pesquisa principal são os livros de confissões da Primeira e 
Segunda Visitações do Santo Ofício à Bahia, ocorridas respectivamente entre 
1591 a 1593, e 1618 a 1620, que se encontram impressas, além dos Cadernos 
do promotor, que não apontaremos nesta apresentação, outra documentação 
que trataremos. 
Estabelecida em 1536 a Inquisição lusitana perseguiu indivíduos acusados de 
desviar da fé cristã. A captura dos judaizantes foi o principal objetivo, entretanto 
perseguiram ao mesmo tempo outras crenças e comportamentos contrários a 
1 Mestranda em História Regional e Local pela Universidade 
do Estado da Bahia – UNEB, campus V. Endereço eletrônico: 
jaqueline22@hotmail.com 
1
doutrina católica tais como sodomitas, blasfemos, bígamos, solicitantes e os 
praticantes de magia. Como já é sabido não houve na América portuguesa o 
estabelecimento de Tribunais do Santo Oficio o que não significou dizer que as 
terras do Brasil não passaria pelas investidas inquisitorias. Aqui sendo 
realizadas por meio de Visitações. 
A Bahia por ser a região de maior movimentação sócio-econômica, e por ter na 
cidade de Salvador a sede do governo colonial passou por dois momentos de 
maior fiscalização por parte do Santo Oficio, tendo na Primeira e Segunda 
Visitações confissões e delações de dezenas de pessoas. 
A capitania da Bahia recebeu por duas vezes Visitação sendo como já foi 
mencionado a primeira em 1591-1593 e a segunda em 1618-1620. Foram 
relatadas cerca de 9 confissões de culpas de feitiçaria, dais quais, três durante 
a primeira Visitação e seis na segunda. Chegaram a mesa dos visitadores 35 
denunciantes de crime de feitiçaria, sendo 31 na primeira visitação e 4 na 
segunda visitação. 
Foram os cristãos velhos os principais confessantes e denunciantes do crime 
de feitiçaria. Confessaram e foram acusados de realizarem práticas mágicas 
para fins diversos. Das nove confissõres para as duas visitações 8 eram 
cristãos velhos e uma não sabia se era cristã nova ou cristã velha. Nos livros 
das denunciações da primeira visitação foram denunciadas 25 pessoas 
acusadas de realizarem ou procurarem por magia, no livro da segunda 
visitação foram denunciadas 4 pessoas, e no livro da confissões encontramos 
cerca de 12 acusados de serem praticantes de magia. Entre confissões e 
denunciações para todo o período foram 34 cristãos velhos e 1 cristão novo 
como denunciantes. 
A magia dos cristãos 
Os feitiços e rituais mágicos realizados na Capitania da Bahia diferenciavam 
uns dos outros, sejam por pertencerem a grupos étnicos e sociais distintos, 
entre europeus, africanos e indígenas, sejam por suas motivações e formas 
ritualísticas diversas. Dentre os cristão velhos, segmento populacional que
apontaremos nessa comunicação classificamos inicialmente suas motivações 
em 7 classes, salientamos que tal classificação futuramente será ampliada a 
outros grupos étnicos, sendo elas: cuidar de relacionamentos afetivos, 
doenças, Subtraídos e desaparecidos, Assuntos ligados a sorte, Dívidas, 
Perdões / justiça, e contra-feitiço / feitiçarias. 
Para cuidar de relacionamentos afetivos estão os feitiços direcionados para 
amansamento de maridos. Como na confissão de Guiomar d’Oliveira cristão 
velha, natural de Lisboa e moradora em Salvador, de idade de 
aproximadamente 37 anos, casada com Francisco Fernandes, cristão velho 
(sapateiro) que recorreu a feitiçaria para amansar seu marido, ou seja, torná-lo 
mais carinhoso e melhorar seu casamento, na qual o tal feitiço foi ensinado por 
Antonia Fernandes d’alcunha A Nóbrega, cristã velha, de idade aproximada de 
50 anos, natural de Guimarães/Portugal, viúva, mulher “que falava com os 
diabos e lhe mandava fazer o que queria”2 que foi casada com alguém cujo o 
sobrenome era da Nóbrega. A feiticeira “[...] lhe deu [...] pos não sabe de que, e 
outros pos de ossos de finado, os quais pos ela confessante deu a beber em 
vinho ao dito seu marido[...]3 de outra vez fala que deu a beber também em 
vinho a “semente do homem” seu marido após terem tido ‘ajuntamento carnal” 
e assim a confessante disse ter feito. 
Arranjos de casamento, conquista de amores e os feitiços para uma pessoa 
querer bem a outra, também encontram-se nessa classe de motivações. Como 
na denuncia de Joann Ribeiro, cristão velho, natural do Conselho do Lhanoso, 
morador na Freguesia de Paripe de idade próxima a 40 anos, lavrador, casado 
com Luiza Pereira contra a Nóbrega, onde ele denunciante relata que a mulher 
[...] lhe disse a propósito de huãs cousas ao modo de pinhões que lhe mostrou 
dizendo lhe que os tinha para os dar a hum homem pera aquelle homem os 
das a huã molher pera que aquella molher lhe quizesse bem.”4 
2 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia 
das Letras, 1997, p138 
3 Idem p 135 
4 Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor 
Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: 
Ed. Paulo Prado, 1925,.p 423-424
Havia também feitiços para querer mal, ou mesmo a morte de familiares como 
o caso Catarina Froes que negociou feitiços com Maria Gonçalves d’alcunha 
Arde-lhe-o-rabo, para que um seu genro Gaspar Martins (lavrador, morador em 
Tassuapin) ou morresse ou matassem ou não tornasse da guerra de Sergipe. 
“[...] entendendo que os ditos feitiços haviam de ser arte do diabo[...]”5 pois 
esse não dava boa vida a sua “mulher moça”. Isabel da Fonseca filha da 
confessante, Catarina diz que foi a filha que pediu para ela tratar do feitiço. 
Outra categoria classificada para nossa investigação intitulasse doenças, 
caracterizados pela feitura de sortilégios para cura de enfermidades físicas; 
como na confissão de Antonio da Costa, cristão velho, natural de Darque, 
arcebispado de Braga, de idade de 35 anos aproximadamente, morador em 
São Bento, Salvador, e confessando disse que [...] adoecendo / lhe huã minina 
sua filha, e suspeitando q / de peçonha ou feitiços, mandara chamar / dous 
negros por duas veezs, hu delles de Jor / ge Ferreira Xpão velho veuvo 
morador nes / ta cidade e do outro não estava lembrado cu / jo era, tendoos per 
feiticeiros e lhe pedira / pera que lhe adivinhassem que doença tinha / a dita 
filha E o negro do dito Jorge Ferreira / lhe dissera que lhe avião dado peçonha 
e / lhe fizera huãs mezinhas co huãs ervas para efeito de adivinhar. “6 
Subtraídos e desaparecidos, é nossa terceira classe de motivações, e para 
encontrar objetos furtados, saber de culpados de furtos, além de feitos pra 
encontrar pessoas desaparecidas ou fugidas, como nas Confissões da 
segunda visitação em que Francisco Nugueira cristão velho, natural de Lisboa, 
morador na rua do Colégio de Jesus, casado, barbeiro e de idade entre 29 e 30 
anos, recorre a um negro para que esse adivinhasse onde estava dois de seus 
escravos que havia sumido: 
‘[...] quando o caso acõteçera nas ditas duas vezes,// que deitar da primeira 
agoa, digo vinho em h~ua / tijela, e da segunda vez agoa, e falar hum / pouco 
5 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia 
das Letras, 1997, p 118 
6 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do 
Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das 
Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, 
v.XVII, 1963, p 447
so, e logo lhe advinhara [...]”7. O confessor “[...] entendia q por obra do Diabo 
adivinhara, e que era isso proibido polla santa / Madre Igreja, e que elle 
Confitente na fizera pacto algua co o diabo, ne sabia se o dito / negro o tinha 
feito / ne que cousa isso era, e cria / no que crê a Sancta Madre igreja [...]” 8 
Maria de Penhosa motivada em descobrir os autores dos furtos, procurou Anna 
Coelho, que por meio de adivinhação apontou os culpados. “[...] averia / dous 
meses pouco mis ou menos q nesta cidade em sua casa fizera huas sorte co 
hu livro das horas de Npssa Senhora e co hua chave por lho pedir Bar/ara 
gudinha molher solteira sua vizinha pa / ra descobrir hum furto, e hua dona 
Maria molher / da Manoel Cardoso do Amaral para se descobrierem / dous 
furtos de modo que fez as ditas soretes hua vez. [...] tomara hu livro das Horas 
de Nossa senhora e metellha no meyo das folhas hua / chave e fechando o dito 
livro, de modo q ficava / a maior parte da chave fora, aujaindo hum minino que 
seria de oito annos a ter mão na dita / chave e dizendo ella confitente: Eu te 
esconjuro / da parte de Deus e da Virgem Maria polla / virtude dessa horas 
que me diga qum to / mou tal cousa , e nomeandoas pessoas em que havia 
suspeita e estavão presentes, davão o dit livro hua volta ao tempo em ella 
Confitente nomeava a pessoa que tinha feito o fur/ to [...]9 
Nessa mesma classificação estão as motivações para a realização de Feitiços 
para também saber de coisas e acontecimentos do futuro Mas que em função 
Da escassez do tempo e principalmente do espaço não poderemos 
exemplificar. 
Assuntos ligados a sorte, é a classe seguinte, contendo motivos para a procura 
de magia para fazer arribar naus, para ajudar a ganhar jogos de cartas; trato de 
inimigos, composto de maldizeres e rogo de pragas a pessoas inimigas, como 
o caso de Paula de Sequeira que durante a primeira visitação confessa que em 
7 Idem, p 452 
8 Idem,, p 453) 
9 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do 
Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das 
Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, 
v.XVII, 1963, p 450
momento de inimizade por uma mulher chamada de Custódia de Arias, dissera 
em que a mulher estava doente por conta de suas ações. 
Beatriz Corea, mulata fora denunciada por Maria Bautista durante a primeira 
visitação, disse que era de fama publica que a mulata era tida como feiticeira, 
“com arte do diabo e que tinha hua cobra dentro em hua botija e que fizera 
arribar hua ou duas vezes o navio em que hia degrada”10. Assim como Beatriz 
Maria Gonçalves também foi acusada de arribar uma nau, que denunciada por 
Isabel Antoniane, cristã velha, natural do Porto e moradora em Salvador, diz 
que Maria falava com os diabos e que por dois cruzdos fez arribar uma nau que 
ia para Portugal.11 
Perdões e justiça também podiam ser sanados ou amenizados com o uso de 
magia, como no caso de Maria da Costa, cristã velha, natural de Braga, 
moradora em Salvador, de idade aproximada de 24 anos, casada com Álvaro 
Sanches, cristão velho e mercador de loja, que tendo seus irmãos problemas 
com a familia do individuo que mataram queria que a mesma perdoasse sua 
culpa, diz que sua mãe falou que uma bruxa, Maria Gonçalves que disse que 
se desse “certa cousa ella faria com que seus filhos irmãos della denunciante 
que andão homeziados por hua morte fossem perdoados pela parte” 12 
Na classe intitulada como Dividas, compomos com os motivos composto por 
feitiços para quitação ou tolerância de dividas financeiras, como o caso de 
Guiomar d’Oliveira que confessa suas culpas na primeira visitação informando 
que fez um feitiço para que João D’Aguir proprietário da casa em que morava 
com o seu marido tolerasse uma divida de aluguel, A feiticeira pediu três avelãs 
ou pinhões e que tirasse o miolo e dentro colocasse pêlos de todo o corpo - da 
confessante –, unhas dos pés e das mãos, além de raspaduras dos solas dos 
10 GARCIA, Rodolfo (Org.). Livro das denunciações que se fizeram na 
Visitação do Santo Ofício à cidade de Salvador da Bahia de Todos os 
Santos do estado do Brasil no ano de 1618. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de 
Janeiro, v.49, 1927 p, 413 
11 Idem, p 432 -433. 
12 Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor 
Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: 
Ed. Paulo Prado, 1925, p 394-396
pés e uma unha pequena do dedo do pé da bruxa, após o preparo do feitiço 
pede que a mulher engula os pinhões e após a evacuação, prepare e 
transforme em pó e dê ao dito proprietário misturado em uma tigela com caldo 
de galinha. Assim o fez e segundo ela deu certo.13 
Por fim na categoria contra-feitiços e feitiçarias, classificadas pelas práticas 
motivadas para livramento de feitiços, com feitura de rituais e porções para 
salvar os enfeitiçados, encontramos também práticas que não são “visíveis” 
suas reais motivações, entretanto é relatada sua realização. Chamamos 
atenção para as metamorfoses que em algumas denunciações foi relatado que 
mulheres em forma de patas, foram percebidas andando a noite nas ruas da 
cidade de Salvador, como no caso de Violante Ferreira, cristã velha, casada 
com Francisco Fernandes Pantoja, escrivão das contas, e de Mércia Pereira, 
cristã velha, casada com Francisco d’Araujo, que denunciadas por Custodia de 
Farias, cristã velha, casada com Pero d’Aguiar d’Altero, moradora do Matoim, e 
que ouviu tal afirmação por Beatriz de Sampaio, mas diz que não acredita no 
relato de Beatriz, haja visto que tanto a Violante quanto a Mércia eram amigas 
dela denunciante. 14. 
Mércia também fora denunciada por Isabel de Sandales, cristã velha, casada 
com Duarte de Góis de Mendoça, moradora no Monte Calvário em Salvador, 
disse que segunda o Cura da Villa velha a denunciada foi vista no caminho de 
Sam Sebastian ou em Agua de meninos a noite em forma de pata em 
companhia de outra mulher que não conseguiu ela denunciante identificar, fato 
que aconteceu segunda ela em 1581.15 
Antonia de barros, cristã velha, moradora na rua de São Francisco, casada 
com Anrique Barbaso, denunciada por Pero de Cãopo, cristão velho, natural de 
Porto Seguro, morador em Salvador de idade de 32 anos, foi dito ao 
denunciante por parte do marido da denunciada que viu sua mulher atras da 
13 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1997, p 136) 
14 (Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor 
Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: 
Ed. Paulo Prado, 1925. p 479 
15 Idem, p 540.
porta ou de “hua caixa meã afogada dos diabos que a afogavão”16 Disse 
também que ouviu falar que Antonia era feiticeira, acontecimentos que não 
deixam clara suas motivações, mais são indícios de praticas mágica. 
Essas foram as motivações que levaram dezenas de pessoas a utilizarem de 
artifícios mágicos para melhorarem suas condições de vida, práticas que 
poderão ser utilizadas por muitos outros indivíduos que não foram denunciar ou 
confessar suas culpa. Pois como disse um dos denunciantes que recorre a 
práticas de cura por meio de magia e que por “remediar a necessidade do dito 
seu irmão fizera / antão pouco escrupullo disso, pollo pouco que nesta / terra e 
costuma fazer das semelhantes cousas” 17 
Considerações finais 
Em fins do século XVI e inicio do século XVII as práticas mágicas estavam 
embebidas em recordações européias, para os colonos. Mas os encontros com 
os nativos findaram as primeiras comunicações mágicas na capitania da Bahia 
e, é no século seguinte que os contatos mágicos com os indígenas e africanos 
se darão com mais freqüência. 
Todos os grupos recorriam à magia, sobretudo para a cura física, pois o 
aumento e a diversidade das moléstias tanto entre os colonos como entre os 
nativos e cativos disparava. Eram muitas as motivações, tipos e usos mágicos, 
sendo esses realizados por todos os grupos sociais que habitavam a sede da 
América portuguesa e seu entorno, sendo utilizados feitiços para resolução de 
qualquer tipo de problema. 
Notemos que ao longo do tempo foram práticas transmitidas por via oral entre 
famílias, na qual seus ensinamentos são passados de gerações em gerações, 
onde tais reminiscências de rituais e porções mágicas podem ser vislumbradas 
mesmo na atualidade, sendo percebidas em outras práticas religiosas, além de 
hábitos cotidianos, (com a feitura de chás e emplastos para curar doenças). 
16 Idem, p 170. 
17 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do 
Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das 
Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, 
v.XVII, 1963, p 454.
Práticas que também originadas pelas motivações que levaram os indivíduos 
da America portuguesa a procurarem auxilio sobrenatural, também o fizeram e 
as fazem os habitantes da Bahia do século XXI para sanarem seus problemas 
incorporando rituais, materiais e as necessidades imposta pelos novos tempos. 
REFERÊCIAS 
Fontes impressas 
Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado 
de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925. 
VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 
1997 
FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do Santo 
Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das 
Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, v.XVII, 1963 
GARCIA, Rodolfo (Org.). Livro das denunciações que se fizeram na Visitação do Santo 
Ofício à cidade de Salvador da Bahia de Todos os Santos do estado do Brasil no ano 
de 1618. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, v.49, 1927 
Bibliografia 
ASSIS, Ângelo Adriano Farias. Feiticeiras da colônia. Magia e práticas de feitiçaria na 
América Portuguesa na documentação do Santo Ofício da Inquisição. Anais do II 
Encontro Internacional de Historia Colonial. Revista de Humanidades, UFRN. V9 nº 
24, 2008. Caico, RN: Disponível em: 
http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais/st_trab_ pdf/pdf_st3/nagelo_assis _st3.pdf. 
Acesso em 09 jul 2008. p.11. 
BITHENCOURT, Francisco. Historia das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – 
Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
SOUZA, Laura de Melo e. Feitiçaria na Europa Moderna. 1. ed. São Paulo: Ática, 
1987. 
SOUZA, Laura de Melo e. O Diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia 
das Letras, 1986. 
NOVISNKY, Anita A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 1990. 
NOVISNKY, Anita. Inquisição: Prisioneiros no Brasil - séculos XVI-XIX. Rio de Janeiro: 
Expressão e Cultura, 2002. 
VAINFAS, Ronaldo. A problemática das mentalidades e a Inquisição no Brasil colonial. 
Revista Estudos Históricos n 1, 1988, Rio de Janeiro, p 167-173.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A missao do brasil celia urquiza
A missao do brasil   celia urquizaA missao do brasil   celia urquiza
A missao do brasil celia urquizaFrancisco de Morais
 
Anibal pereira reis milagres e cura divina
Anibal pereira reis   milagres e cura divinaAnibal pereira reis   milagres e cura divina
Anibal pereira reis milagres e cura divinaadson232
 
Powerpoint obras Yvonne Pereira
Powerpoint obras Yvonne PereiraPowerpoint obras Yvonne Pereira
Powerpoint obras Yvonne PereiraBruno Caldas
 
Idalina a jurema sagrada da paraíba
Idalina a jurema sagrada da paraíbaIdalina a jurema sagrada da paraíba
Idalina a jurema sagrada da paraíbaDaniel Torquato
 
Recordações da mediunidade
Recordações da mediunidadeRecordações da mediunidade
Recordações da mediunidadeBruno Caldas
 
Anibal pereira dos reis outro conto do vigário - a senhora de fátima
Anibal pereira dos reis   outro conto do vigário - a senhora de fátimaAnibal pereira dos reis   outro conto do vigário - a senhora de fátima
Anibal pereira dos reis outro conto do vigário - a senhora de fátimaDeusdete Soares
 
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no Brasil
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no BrasilAula 19 - Grandes vultos do espiritismo no Brasil
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no BrasilDarlene Cesar
 
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumido
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumidoGrupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumido
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumidoBruno Caldas
 
Frelich escritos-o-caminho-até-francisco
Frelich escritos-o-caminho-até-franciscoFrelich escritos-o-caminho-até-francisco
Frelich escritos-o-caminho-até-franciscoEugenio Hansen, OFS
 
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graçaAníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graçaleniogravacoes
 
Huberto Rohden Por um Ideal
Huberto Rohden   Por um Ideal  Huberto Rohden   Por um Ideal
Huberto Rohden Por um Ideal HubertoRohden1
 

Mais procurados (20)

A missao do brasil celia urquiza
A missao do brasil   celia urquizaA missao do brasil   celia urquiza
A missao do brasil celia urquiza
 
Anibal pereira reis milagres e cura divina
Anibal pereira reis   milagres e cura divinaAnibal pereira reis   milagres e cura divina
Anibal pereira reis milagres e cura divina
 
Powerpoint obras Yvonne Pereira
Powerpoint obras Yvonne PereiraPowerpoint obras Yvonne Pereira
Powerpoint obras Yvonne Pereira
 
Idalina a jurema sagrada da paraíba
Idalina a jurema sagrada da paraíbaIdalina a jurema sagrada da paraíba
Idalina a jurema sagrada da paraíba
 
Apostila de umbanda gesj
Apostila de umbanda gesjApostila de umbanda gesj
Apostila de umbanda gesj
 
Recordações da mediunidade
Recordações da mediunidadeRecordações da mediunidade
Recordações da mediunidade
 
Anibal pereira dos reis outro conto do vigário - a senhora de fátima
Anibal pereira dos reis   outro conto do vigário - a senhora de fátimaAnibal pereira dos reis   outro conto do vigário - a senhora de fátima
Anibal pereira dos reis outro conto do vigário - a senhora de fátima
 
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no Brasil
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no BrasilAula 19 - Grandes vultos do espiritismo no Brasil
Aula 19 - Grandes vultos do espiritismo no Brasil
 
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumido
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumidoGrupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumido
Grupo de estudos yvonne do amaral pereira.pptresumido
 
Espiral 65
Espiral 65Espiral 65
Espiral 65
 
Frelich escritos-o-caminho-até-francisco
Frelich escritos-o-caminho-até-franciscoFrelich escritos-o-caminho-até-francisco
Frelich escritos-o-caminho-até-francisco
 
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graçaAníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
Aníbal pereira dos reis e as doutrinas da graça
 
Espiral 71
Espiral 71Espiral 71
Espiral 71
 
Santa Catarina de Sena
Santa Catarina de SenaSanta Catarina de Sena
Santa Catarina de Sena
 
Biografia de Yvonne do Amaral Pereira
Biografia de Yvonne do Amaral PereiraBiografia de Yvonne do Amaral Pereira
Biografia de Yvonne do Amaral Pereira
 
1667
16671667
1667
 
1675
16751675
1675
 
Huberto Rohden Por um Ideal
Huberto Rohden   Por um Ideal  Huberto Rohden   Por um Ideal
Huberto Rohden Por um Ideal
 
O cavaleiro de numiers
O cavaleiro de numiersO cavaleiro de numiers
O cavaleiro de numiers
 
Tributo à Yvonne do Amaral Pereira
Tributo à Yvonne do Amaral PereiraTributo à Yvonne do Amaral Pereira
Tributo à Yvonne do Amaral Pereira
 

Semelhante a Jaqueline souzabritogomes

Notopentecostalismo
NotopentecostalismoNotopentecostalismo
NotopentecostalismoEd Mir
 
o diabo e a terra de santa cruz.pdf
o diabo e a terra de santa cruz.pdfo diabo e a terra de santa cruz.pdf
o diabo e a terra de santa cruz.pdfHistoria Line
 
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...UNEB
 
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileiras
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileirasNeopentecostalismo e religiões afrobrasileiras
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileirasRita Candeu
 
Historia da espiritualidade [1] / Aldir Crocoli
Historia da espiritualidade [1] / Aldir CrocoliHistoria da espiritualidade [1] / Aldir Crocoli
Historia da espiritualidade [1] / Aldir CrocoliEugenio Hansen, OFS
 
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministaA "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministabecastanheiradepera
 
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministaA "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministabecastanheiradepera
 
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religiosoO Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religiosoGeraa Ufms
 
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃORELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃOMarcelo Abreu Gomes
 
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃORELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃOMarcelo Abreu Gomes
 

Semelhante a Jaqueline souzabritogomes (20)

02 o que é umbanda a
02   o que é umbanda a02   o que é umbanda a
02 o que é umbanda a
 
02 o que é umbanda a
02   o que é umbanda a02   o que é umbanda a
02 o que é umbanda a
 
02 o que umbanda
02   o que  umbanda02   o que  umbanda
02 o que umbanda
 
02 o que umbanda
02   o que  umbanda02   o que  umbanda
02 o que umbanda
 
02 o que é umbanda a
02   o que é umbanda a02   o que é umbanda a
02 o que é umbanda a
 
02 o que umbanda
02   o que  umbanda02   o que  umbanda
02 o que umbanda
 
Abep2004 134
Abep2004 134Abep2004 134
Abep2004 134
 
Notopentecostalismo
NotopentecostalismoNotopentecostalismo
Notopentecostalismo
 
o diabo e a terra de santa cruz.pdf
o diabo e a terra de santa cruz.pdfo diabo e a terra de santa cruz.pdf
o diabo e a terra de santa cruz.pdf
 
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...
A lavagem de são roque em riachão do jacuípe um espaço de integração entre a ...
 
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileiras
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileirasNeopentecostalismo e religiões afrobrasileiras
Neopentecostalismo e religiões afrobrasileiras
 
Falando de-axe
Falando de-axeFalando de-axe
Falando de-axe
 
Historia da espiritualidade [1] / Aldir Crocoli
Historia da espiritualidade [1] / Aldir CrocoliHistoria da espiritualidade [1] / Aldir Crocoli
Historia da espiritualidade [1] / Aldir Crocoli
 
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministaA "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
 
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feministaA "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
A "Caça às Bruxas": uma interpretação feminista
 
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religiosoO Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso
O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso
 
( Espiritismo) # - agnaldo j duarte - por que espiritismo(1)
( Espiritismo)   # - agnaldo j duarte - por que espiritismo(1)( Espiritismo)   # - agnaldo j duarte - por que espiritismo(1)
( Espiritismo) # - agnaldo j duarte - por que espiritismo(1)
 
( Espiritismo) # - agnaldo j duarte - por que espiritismo
( Espiritismo)   # - agnaldo j duarte - por que espiritismo( Espiritismo)   # - agnaldo j duarte - por que espiritismo
( Espiritismo) # - agnaldo j duarte - por que espiritismo
 
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃORELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE VÍTIMA DA INQUISIÇÃO
 
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃORELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃO
RELENDO MACAHÉ - UMA MACAENSE NAS GARRAS DA INQUISIÇÃO
 

Último

PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...licinioBorges
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 

Último (20)

PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 

Jaqueline souzabritogomes

  • 1. I Encontro de História do CAHL Centro de Artes, Humanidades e Letras, Quarteirão Leite Alves, Cachoeira-BA 18 a 21 de outubro de 2010 MAGIA DOS CRISTÃOS NA BAHIA COLONIAL: MOTIVAÇÕES E PRÁTICAS MÁGICAS - DOCUMENTAÇÃO DO SANTO OFÍCIO Jaqueline Souza Brito Gomes1 Apresentação Esta comunicação é fruto do desdobramento da pesquisa de mestrado que ainda se encontra em fase inicial, desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado da Bahia, cuja temática central é reconstituir e compreender as relações sociais entre os “clientes” e seus executores da magia, podendo ser denominados como feiticeiros, feiticeiras, bruxos ou bruxas. Aqui, apresentaremos os primeiros resultados dessa pesquisa que compreendem as motivações que levaram a população portuguesa cristã-velha e cristã nova, a fazer uso da magia, bem como as práticas mágicas a elas associadas. Deixamos de fora, neste momento, o uso de magia por indivíduos de outras origens étnicas, constantes em nossa fonte de pesquisa, em razão do próprio exercício da pesquisa que este texto encerra. A fonte de pesquisa principal são os livros de confissões da Primeira e Segunda Visitações do Santo Ofício à Bahia, ocorridas respectivamente entre 1591 a 1593, e 1618 a 1620, que se encontram impressas, além dos Cadernos do promotor, que não apontaremos nesta apresentação, outra documentação que trataremos. Estabelecida em 1536 a Inquisição lusitana perseguiu indivíduos acusados de desviar da fé cristã. A captura dos judaizantes foi o principal objetivo, entretanto perseguiram ao mesmo tempo outras crenças e comportamentos contrários a 1 Mestranda em História Regional e Local pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, campus V. Endereço eletrônico: jaqueline22@hotmail.com 1
  • 2. doutrina católica tais como sodomitas, blasfemos, bígamos, solicitantes e os praticantes de magia. Como já é sabido não houve na América portuguesa o estabelecimento de Tribunais do Santo Oficio o que não significou dizer que as terras do Brasil não passaria pelas investidas inquisitorias. Aqui sendo realizadas por meio de Visitações. A Bahia por ser a região de maior movimentação sócio-econômica, e por ter na cidade de Salvador a sede do governo colonial passou por dois momentos de maior fiscalização por parte do Santo Oficio, tendo na Primeira e Segunda Visitações confissões e delações de dezenas de pessoas. A capitania da Bahia recebeu por duas vezes Visitação sendo como já foi mencionado a primeira em 1591-1593 e a segunda em 1618-1620. Foram relatadas cerca de 9 confissões de culpas de feitiçaria, dais quais, três durante a primeira Visitação e seis na segunda. Chegaram a mesa dos visitadores 35 denunciantes de crime de feitiçaria, sendo 31 na primeira visitação e 4 na segunda visitação. Foram os cristãos velhos os principais confessantes e denunciantes do crime de feitiçaria. Confessaram e foram acusados de realizarem práticas mágicas para fins diversos. Das nove confissõres para as duas visitações 8 eram cristãos velhos e uma não sabia se era cristã nova ou cristã velha. Nos livros das denunciações da primeira visitação foram denunciadas 25 pessoas acusadas de realizarem ou procurarem por magia, no livro da segunda visitação foram denunciadas 4 pessoas, e no livro da confissões encontramos cerca de 12 acusados de serem praticantes de magia. Entre confissões e denunciações para todo o período foram 34 cristãos velhos e 1 cristão novo como denunciantes. A magia dos cristãos Os feitiços e rituais mágicos realizados na Capitania da Bahia diferenciavam uns dos outros, sejam por pertencerem a grupos étnicos e sociais distintos, entre europeus, africanos e indígenas, sejam por suas motivações e formas ritualísticas diversas. Dentre os cristão velhos, segmento populacional que
  • 3. apontaremos nessa comunicação classificamos inicialmente suas motivações em 7 classes, salientamos que tal classificação futuramente será ampliada a outros grupos étnicos, sendo elas: cuidar de relacionamentos afetivos, doenças, Subtraídos e desaparecidos, Assuntos ligados a sorte, Dívidas, Perdões / justiça, e contra-feitiço / feitiçarias. Para cuidar de relacionamentos afetivos estão os feitiços direcionados para amansamento de maridos. Como na confissão de Guiomar d’Oliveira cristão velha, natural de Lisboa e moradora em Salvador, de idade de aproximadamente 37 anos, casada com Francisco Fernandes, cristão velho (sapateiro) que recorreu a feitiçaria para amansar seu marido, ou seja, torná-lo mais carinhoso e melhorar seu casamento, na qual o tal feitiço foi ensinado por Antonia Fernandes d’alcunha A Nóbrega, cristã velha, de idade aproximada de 50 anos, natural de Guimarães/Portugal, viúva, mulher “que falava com os diabos e lhe mandava fazer o que queria”2 que foi casada com alguém cujo o sobrenome era da Nóbrega. A feiticeira “[...] lhe deu [...] pos não sabe de que, e outros pos de ossos de finado, os quais pos ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido[...]3 de outra vez fala que deu a beber também em vinho a “semente do homem” seu marido após terem tido ‘ajuntamento carnal” e assim a confessante disse ter feito. Arranjos de casamento, conquista de amores e os feitiços para uma pessoa querer bem a outra, também encontram-se nessa classe de motivações. Como na denuncia de Joann Ribeiro, cristão velho, natural do Conselho do Lhanoso, morador na Freguesia de Paripe de idade próxima a 40 anos, lavrador, casado com Luiza Pereira contra a Nóbrega, onde ele denunciante relata que a mulher [...] lhe disse a propósito de huãs cousas ao modo de pinhões que lhe mostrou dizendo lhe que os tinha para os dar a hum homem pera aquelle homem os das a huã molher pera que aquella molher lhe quizesse bem.”4 2 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p138 3 Idem p 135 4 Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925,.p 423-424
  • 4. Havia também feitiços para querer mal, ou mesmo a morte de familiares como o caso Catarina Froes que negociou feitiços com Maria Gonçalves d’alcunha Arde-lhe-o-rabo, para que um seu genro Gaspar Martins (lavrador, morador em Tassuapin) ou morresse ou matassem ou não tornasse da guerra de Sergipe. “[...] entendendo que os ditos feitiços haviam de ser arte do diabo[...]”5 pois esse não dava boa vida a sua “mulher moça”. Isabel da Fonseca filha da confessante, Catarina diz que foi a filha que pediu para ela tratar do feitiço. Outra categoria classificada para nossa investigação intitulasse doenças, caracterizados pela feitura de sortilégios para cura de enfermidades físicas; como na confissão de Antonio da Costa, cristão velho, natural de Darque, arcebispado de Braga, de idade de 35 anos aproximadamente, morador em São Bento, Salvador, e confessando disse que [...] adoecendo / lhe huã minina sua filha, e suspeitando q / de peçonha ou feitiços, mandara chamar / dous negros por duas veezs, hu delles de Jor / ge Ferreira Xpão velho veuvo morador nes / ta cidade e do outro não estava lembrado cu / jo era, tendoos per feiticeiros e lhe pedira / pera que lhe adivinhassem que doença tinha / a dita filha E o negro do dito Jorge Ferreira / lhe dissera que lhe avião dado peçonha e / lhe fizera huãs mezinhas co huãs ervas para efeito de adivinhar. “6 Subtraídos e desaparecidos, é nossa terceira classe de motivações, e para encontrar objetos furtados, saber de culpados de furtos, além de feitos pra encontrar pessoas desaparecidas ou fugidas, como nas Confissões da segunda visitação em que Francisco Nugueira cristão velho, natural de Lisboa, morador na rua do Colégio de Jesus, casado, barbeiro e de idade entre 29 e 30 anos, recorre a um negro para que esse adivinhasse onde estava dois de seus escravos que havia sumido: ‘[...] quando o caso acõteçera nas ditas duas vezes,// que deitar da primeira agoa, digo vinho em h~ua / tijela, e da segunda vez agoa, e falar hum / pouco 5 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p 118 6 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, v.XVII, 1963, p 447
  • 5. so, e logo lhe advinhara [...]”7. O confessor “[...] entendia q por obra do Diabo adivinhara, e que era isso proibido polla santa / Madre Igreja, e que elle Confitente na fizera pacto algua co o diabo, ne sabia se o dito / negro o tinha feito / ne que cousa isso era, e cria / no que crê a Sancta Madre igreja [...]” 8 Maria de Penhosa motivada em descobrir os autores dos furtos, procurou Anna Coelho, que por meio de adivinhação apontou os culpados. “[...] averia / dous meses pouco mis ou menos q nesta cidade em sua casa fizera huas sorte co hu livro das horas de Npssa Senhora e co hua chave por lho pedir Bar/ara gudinha molher solteira sua vizinha pa / ra descobrir hum furto, e hua dona Maria molher / da Manoel Cardoso do Amaral para se descobrierem / dous furtos de modo que fez as ditas soretes hua vez. [...] tomara hu livro das Horas de Nossa senhora e metellha no meyo das folhas hua / chave e fechando o dito livro, de modo q ficava / a maior parte da chave fora, aujaindo hum minino que seria de oito annos a ter mão na dita / chave e dizendo ella confitente: Eu te esconjuro / da parte de Deus e da Virgem Maria polla / virtude dessa horas que me diga qum to / mou tal cousa , e nomeandoas pessoas em que havia suspeita e estavão presentes, davão o dit livro hua volta ao tempo em ella Confitente nomeava a pessoa que tinha feito o fur/ to [...]9 Nessa mesma classificação estão as motivações para a realização de Feitiços para também saber de coisas e acontecimentos do futuro Mas que em função Da escassez do tempo e principalmente do espaço não poderemos exemplificar. Assuntos ligados a sorte, é a classe seguinte, contendo motivos para a procura de magia para fazer arribar naus, para ajudar a ganhar jogos de cartas; trato de inimigos, composto de maldizeres e rogo de pragas a pessoas inimigas, como o caso de Paula de Sequeira que durante a primeira visitação confessa que em 7 Idem, p 452 8 Idem,, p 453) 9 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, v.XVII, 1963, p 450
  • 6. momento de inimizade por uma mulher chamada de Custódia de Arias, dissera em que a mulher estava doente por conta de suas ações. Beatriz Corea, mulata fora denunciada por Maria Bautista durante a primeira visitação, disse que era de fama publica que a mulata era tida como feiticeira, “com arte do diabo e que tinha hua cobra dentro em hua botija e que fizera arribar hua ou duas vezes o navio em que hia degrada”10. Assim como Beatriz Maria Gonçalves também foi acusada de arribar uma nau, que denunciada por Isabel Antoniane, cristã velha, natural do Porto e moradora em Salvador, diz que Maria falava com os diabos e que por dois cruzdos fez arribar uma nau que ia para Portugal.11 Perdões e justiça também podiam ser sanados ou amenizados com o uso de magia, como no caso de Maria da Costa, cristã velha, natural de Braga, moradora em Salvador, de idade aproximada de 24 anos, casada com Álvaro Sanches, cristão velho e mercador de loja, que tendo seus irmãos problemas com a familia do individuo que mataram queria que a mesma perdoasse sua culpa, diz que sua mãe falou que uma bruxa, Maria Gonçalves que disse que se desse “certa cousa ella faria com que seus filhos irmãos della denunciante que andão homeziados por hua morte fossem perdoados pela parte” 12 Na classe intitulada como Dividas, compomos com os motivos composto por feitiços para quitação ou tolerância de dividas financeiras, como o caso de Guiomar d’Oliveira que confessa suas culpas na primeira visitação informando que fez um feitiço para que João D’Aguir proprietário da casa em que morava com o seu marido tolerasse uma divida de aluguel, A feiticeira pediu três avelãs ou pinhões e que tirasse o miolo e dentro colocasse pêlos de todo o corpo - da confessante –, unhas dos pés e das mãos, além de raspaduras dos solas dos 10 GARCIA, Rodolfo (Org.). Livro das denunciações que se fizeram na Visitação do Santo Ofício à cidade de Salvador da Bahia de Todos os Santos do estado do Brasil no ano de 1618. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, v.49, 1927 p, 413 11 Idem, p 432 -433. 12 Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925, p 394-396
  • 7. pés e uma unha pequena do dedo do pé da bruxa, após o preparo do feitiço pede que a mulher engula os pinhões e após a evacuação, prepare e transforme em pó e dê ao dito proprietário misturado em uma tigela com caldo de galinha. Assim o fez e segundo ela deu certo.13 Por fim na categoria contra-feitiços e feitiçarias, classificadas pelas práticas motivadas para livramento de feitiços, com feitura de rituais e porções para salvar os enfeitiçados, encontramos também práticas que não são “visíveis” suas reais motivações, entretanto é relatada sua realização. Chamamos atenção para as metamorfoses que em algumas denunciações foi relatado que mulheres em forma de patas, foram percebidas andando a noite nas ruas da cidade de Salvador, como no caso de Violante Ferreira, cristã velha, casada com Francisco Fernandes Pantoja, escrivão das contas, e de Mércia Pereira, cristã velha, casada com Francisco d’Araujo, que denunciadas por Custodia de Farias, cristã velha, casada com Pero d’Aguiar d’Altero, moradora do Matoim, e que ouviu tal afirmação por Beatriz de Sampaio, mas diz que não acredita no relato de Beatriz, haja visto que tanto a Violante quanto a Mércia eram amigas dela denunciante. 14. Mércia também fora denunciada por Isabel de Sandales, cristã velha, casada com Duarte de Góis de Mendoça, moradora no Monte Calvário em Salvador, disse que segunda o Cura da Villa velha a denunciada foi vista no caminho de Sam Sebastian ou em Agua de meninos a noite em forma de pata em companhia de outra mulher que não conseguiu ela denunciante identificar, fato que aconteceu segunda ela em 1581.15 Antonia de barros, cristã velha, moradora na rua de São Francisco, casada com Anrique Barbaso, denunciada por Pero de Cãopo, cristão velho, natural de Porto Seguro, morador em Salvador de idade de 32 anos, foi dito ao denunciante por parte do marido da denunciada que viu sua mulher atras da 13 VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p 136) 14 (Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925. p 479 15 Idem, p 540.
  • 8. porta ou de “hua caixa meã afogada dos diabos que a afogavão”16 Disse também que ouviu falar que Antonia era feiticeira, acontecimentos que não deixam clara suas motivações, mais são indícios de praticas mágica. Essas foram as motivações que levaram dezenas de pessoas a utilizarem de artifícios mágicos para melhorarem suas condições de vida, práticas que poderão ser utilizadas por muitos outros indivíduos que não foram denunciar ou confessar suas culpa. Pois como disse um dos denunciantes que recorre a práticas de cura por meio de magia e que por “remediar a necessidade do dito seu irmão fizera / antão pouco escrupullo disso, pollo pouco que nesta / terra e costuma fazer das semelhantes cousas” 17 Considerações finais Em fins do século XVI e inicio do século XVII as práticas mágicas estavam embebidas em recordações européias, para os colonos. Mas os encontros com os nativos findaram as primeiras comunicações mágicas na capitania da Bahia e, é no século seguinte que os contatos mágicos com os indígenas e africanos se darão com mais freqüência. Todos os grupos recorriam à magia, sobretudo para a cura física, pois o aumento e a diversidade das moléstias tanto entre os colonos como entre os nativos e cativos disparava. Eram muitas as motivações, tipos e usos mágicos, sendo esses realizados por todos os grupos sociais que habitavam a sede da América portuguesa e seu entorno, sendo utilizados feitiços para resolução de qualquer tipo de problema. Notemos que ao longo do tempo foram práticas transmitidas por via oral entre famílias, na qual seus ensinamentos são passados de gerações em gerações, onde tais reminiscências de rituais e porções mágicas podem ser vislumbradas mesmo na atualidade, sendo percebidas em outras práticas religiosas, além de hábitos cotidianos, (com a feitura de chás e emplastos para curar doenças). 16 Idem, p 170. 17 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, v.XVII, 1963, p 454.
  • 9. Práticas que também originadas pelas motivações que levaram os indivíduos da America portuguesa a procurarem auxilio sobrenatural, também o fizeram e as fazem os habitantes da Bahia do século XXI para sanarem seus problemas incorporando rituais, materiais e as necessidades imposta pelos novos tempos. REFERÊCIAS Fontes impressas Primeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925. VAINFAS, Ronaldo. Confissões da Bahia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 FRANÇA, Eduardo de Oliveira; SIQUEIRA, Sônia (Org.). Segunda Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira. Livro das Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620, Anais do Museu Paulista, v.XVII, 1963 GARCIA, Rodolfo (Org.). Livro das denunciações que se fizeram na Visitação do Santo Ofício à cidade de Salvador da Bahia de Todos os Santos do estado do Brasil no ano de 1618. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, v.49, 1927 Bibliografia ASSIS, Ângelo Adriano Farias. Feiticeiras da colônia. Magia e práticas de feitiçaria na América Portuguesa na documentação do Santo Ofício da Inquisição. Anais do II Encontro Internacional de Historia Colonial. Revista de Humanidades, UFRN. V9 nº 24, 2008. Caico, RN: Disponível em: http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais/st_trab_ pdf/pdf_st3/nagelo_assis _st3.pdf. Acesso em 09 jul 2008. p.11. BITHENCOURT, Francisco. Historia das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália – Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. SOUZA, Laura de Melo e. Feitiçaria na Europa Moderna. 1. ed. São Paulo: Ática, 1987. SOUZA, Laura de Melo e. O Diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. NOVISNKY, Anita A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 1990. NOVISNKY, Anita. Inquisição: Prisioneiros no Brasil - séculos XVI-XIX. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2002. VAINFAS, Ronaldo. A problemática das mentalidades e a Inquisição no Brasil colonial. Revista Estudos Históricos n 1, 1988, Rio de Janeiro, p 167-173.