Este documento discute os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos globais e suas implicações para a humanidade. Ele explora como os padrões de precipitação, derretimento de geleiras e evaporação estão afetando a disponibilidade e qualidade da água em diferentes regiões, e analisa estudos de caso regionais para ilustrar as amplas ramificações socioeconômicas. O documento fornece recomendações estratégicas para mitigação e adaptação aos desafios emergentes relacionados aos recursos híd
Apresentação sobre aquecimento global e o canal Descontrartigo feita para a Live no canal Coffee and Science
Link da live: https://www.youtube.com/watch?v=Pm0jdF22k68&t=2s
Em parceria com a Professora Helena Abascal, publicamos os relatórios das pesquisas realizados por alunos da fau-Mackenzie, bolsistas PIBIC e PIVIC. O Projeto ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA difunde trabalhos e os modos de produção científica no Mackenzie, visando fortalecer a cultura da pesquisa acadêmica. Assim é justo parabenizar os professores e colegas envolvidos e permitir que mais alunos vejam o que já se produziu e as muitas portas que ainda estão adiante no mundo da ciência, para os alunos da Arquitetura - mostrando que ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA.
O Brasil apresenta uma grande disponibilidade de água e um enorme potencial para aproveitamento dos recursos hídricos devido a sua hidrologia privilegiada, apresentando 61,9% da geração de energia elétrica, baseada no aproveitamento hidrelétrico (EPE, 2016). O trecho de vazão reduzida (TVR) é um termo utilizado no setor de energia para caracterizar o trecho do rio natural que tem sua vazão reduzida pelo layout de uma usina hidrelétrica. Considerando-se as questões ambientais e ecológicas é necessário estabelecer uma vazão remanescente nesse trecho que garanta a manutenção da vida aquática (FARIAS, 2014).Um dos principais problemas para a viabilidade econômica de empreendimentos hidrelétricos que apresentam Trecho de Vazão Reduzida tem sido a definição da vazão ecológica. Na prática não há um consenso sobre qual vazão otimizada é necessária para a manutenção do corpo hídrico com qualidade e quantidade de
água, bem como, do sistema socioambiental, visto que, as alterações nas condições ambientais são impactos inerentes à concepção de qualquer projeto hidrelétrico com TVR. Assim, deve-se focar no estabelecimento de uma vazão que atenda aos critérios sanitários e ecológicos e de usos da água, considerando as particularidades de cada caso. Esse trabalho objetiva realizar uma análise sobre os principais impactos ambientais causados pela diminuição da vazão hídrica no
TVR. A construção dos barramentos para geração de energia elétrica causa impactos com a modificação dos processos químicos e biológicos realizados ao longo do curso d’água. A flutuação natural da vazão de um rio aumenta a heterogeneidade de habitats e mantém a riqueza e complexidade das comunidades biológicas. Porém, o fluxo criado pela operação da usina não possui o mesmo
efeito pela intensidade e imprevisibilidade dos fenômenos (POFF et al., 1997), levando a uma desestabilização das comunidades biológicas e perda de biodiversidade. No entanto, a definição da vazão remanescente no trecho de
vazão reduzida ou mesmo a jusante de usinas hidrelétricas a fio d´água deve contemplar uma análise dos usos múltiplos da água, atendendo demandas sanitárias, ecológicas e de outros usos da água, conforme as características de cada local (SANTOS et al., 2003).
Dados desagregados por gênero na busca da equidade na gestão pública da água ...fcmatosbh
Este artigo aborda a lacuna de gênero nos dados estatísticos utilizados na abordagem do uso da água, incluindo a sua gestão e as políticas públicas que viabilizam sua exploração e consumo. Tem como objetivo identificar formas de melhorar as relações de gênero diminuindo as disparidades existentes entre homens e mulheres na tomada de decisões. O ponto de partida da análise é o reconhecimento da desigualdade de gênero no âmbito da gestão dos recursos hídricos. O artigo identifica que essa desigualdade é escamoteada com a manipulação inadequada de dados estatísticos, que pode ter como resultado encobrir a real participação das mulheres no uso que fazem do recurso água, não sendo consideradas da mesma forma que os homens. O estudo indica a existência de muitas lacunas na obtenção de dados desagregados por gênero, havendo necessidade de se estabelecer coleta e análise eficazes para que possam ser úteis para qualquer abordagem da discriminação da mulher nos processos que envolvem os recursos hídricos. Além disso constata que a política é o ponto de partida para a integração de gênero com a utilização de dados desagregados na gestão de água e saneamento, pois é quando o governo ou qualquer outra organização demonstra explicitamente sua intenção de corrigir a desigualdade e adota uma abordagem de gênero.
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Em parceria com a Professora Helena Abascal, publicamos os relatórios das pesquisas realizados por alunos da fau-Mackenzie, bolsistas PIBIC e PIVIC. O Projeto ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA difunde trabalhos e os modos de produção científica no Mackenzie, visando fortalecer a cultura da pesquisa acadêmica. Assim é justo parabenizar os professores e colegas envolvidos e permitir que mais alunos vejam o que já se produziu e as muitas portas que ainda estão adiante no mundo da ciência, para os alunos da Arquitetura - mostrando que ARQUITETURA TAMBÉM É CIÊNCIA.
O Brasil apresenta uma grande disponibilidade de água e um enorme potencial para aproveitamento dos recursos hídricos devido a sua hidrologia privilegiada, apresentando 61,9% da geração de energia elétrica, baseada no aproveitamento hidrelétrico (EPE, 2016). O trecho de vazão reduzida (TVR) é um termo utilizado no setor de energia para caracterizar o trecho do rio natural que tem sua vazão reduzida pelo layout de uma usina hidrelétrica. Considerando-se as questões ambientais e ecológicas é necessário estabelecer uma vazão remanescente nesse trecho que garanta a manutenção da vida aquática (FARIAS, 2014).Um dos principais problemas para a viabilidade econômica de empreendimentos hidrelétricos que apresentam Trecho de Vazão Reduzida tem sido a definição da vazão ecológica. Na prática não há um consenso sobre qual vazão otimizada é necessária para a manutenção do corpo hídrico com qualidade e quantidade de
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TVR. A construção dos barramentos para geração de energia elétrica causa impactos com a modificação dos processos químicos e biológicos realizados ao longo do curso d’água. A flutuação natural da vazão de um rio aumenta a heterogeneidade de habitats e mantém a riqueza e complexidade das comunidades biológicas. Porém, o fluxo criado pela operação da usina não possui o mesmo
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O objetivo deste trabalho é discutir a governança da água como um meio de democratização e os avanços na gestão compartilhada dos recursos hídricos. Através de uma revisão bibliográfica, o conceito de governança da água é apresentado e discutido o desenvolvimento da preocupação ambiental e gestão da água. Embora a gestão participativa tenha aumentado no país, buscando resolver problemas e conflitos das partes interessadas, ainda há desafios a serem superados para se chegar a acordos efetivos, tanto em termos de forma quanto de qualidade de decisões. Além disso, o trabalho oferece uma visão geral sobre o processo de construção da agenda da água no país e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e da criação de comitês de bacia no Brasil.
Patriarcado e o Poder_ uma abordagem interdiciplinar.pdffcmatosbh
Este artigo procura aprofundar a análise da inter-relação entre patriarcado e poder, focalizando especificamente o contexto brasileiro. Iniciando com uma introdução, o estudo pretende esclarecer os objetivos e o significado dessa análise no ambiente sociopolítico contemporâneo. A seção de metodologia descreve as ferramentas e métodos interdisciplinares empregados para coletar e avaliar os dados. Isso é complementado pelo referencial teórico que delineia os principais conceitos e teorias sobre patriarcado, dinâmica de poder e suas interconexões. O cerne da pesquisa examina o patriarcado e o poder no Brasil, esclarecendo alguns dos fatores culturais, históricos e políticos únicos que moldaram a dinâmica nessa região. No segmento de resultados e discussão é feita uma síntese dos resultados obtidos, detalhando o profundo impacto das estruturas patriarcais na distribuição e exercício do poder no Brasil. O estudo culmina na seção de considerações finais, que não apenas revisita os temas centrais e os insights do artigo, mas também ressalta as implicações e recomendações para futuras pesquisas e formulação de políticas. Por meio deste estudo abrangente, espera-se contribuir para o crescente discurso sobre as dinâmicas de gênero e poder em todo o mundo.
Desigualdade de gênero nas organizações_desafios a serem superados e oport...fcmatosbh
Este estudo, "Desigualdade de Gênero nas Organizações: Desafios a Superar e Oportunidades a Aproveitar", explora a questão da desigualdade de gênero nas organizações, destaca os benefícios da diversidade de gênero e enfatiza seu papel como ferramenta de governança corporativa. Apesar dos avanços globais em direção à igualdade, a disparidade de gênero continua prevalecendo, particularmente em cargos de liderança. Com base em uma revisão sistemática e análise de dados secundários, o estudo reafirma que empresas com diversidade de gênero produzem benefícios tangíveis, como melhor desempenho financeiro, tomada de decisões, reputação corporativa e inovação. No entanto, reconhece a existência de desafios persistentes que dificultam a igualdade de gênero, incluindo vieses inconscientes e conflitos entre vida profissional e pessoal. A pesquisa destaca o valor das estratégias na superação desses desafios, como treinamento de sensibilidade de gênero e arranjos de trabalho flexíveis, defendendo uma abordagem abrangente e proativa para promover uma cultura organizacional inclusiva. Uma das principais conclusões é que a diversidade de gênero desempenha um papel crítico na governança corporativa, contribuindo para o comportamento ético e a melhoria da gestão de riscos. Assim, promover a igualdade de gênero não é apenas uma preocupação de justiça social, mas também uma decisão estratégica de negócios. O estudo fornece implicações práticas para as organizações, instando-as a reconhecer o caso de negócios para a diversidade de gênero e implementar medidas para promovê-la. Além disso, recomenda pesquisas futuras que considerem a interseccionalidade de gênero com outras dimensões da diversidade, examinem os efeitos de longo prazo das intervenções de promoção da diversidade e explorem o papel da diversidade de gênero na governança corporativa em vários contextos. Apesar de algumas limitações devido à confiança nos dados existentes, esta pesquisa oferece insights valiosos sobre a desigualdade de gênero e a diversidade nas organizações.
El papel de los datos desglosados por género en búsqueda de equidad en la ges...fcmatosbh
Este artículo aborda la brecha de género en los datos estadísticos utilizados en el abordaje del uso del agua, incluyendo su gestión y las políticas públicas que posibilitan su aprovechamiento y consumo. Su objetivo es identificar formas de mejorar las relaciones de género mediante la reducción de las disparidades existentes entre hombres y mujeres en la toma de. El punto de partida del análisis es el reconocimiento de la desigualdad de género en el ámbito de la gestión de los recursos hídricos. El artículo identifica que esta desigualdad se encubre con la inadecuada manipulación de los datos estadísticos, lo que puede resultar en ocultar la participación real de las mujeres en el uso que hacen del recurso hídrico, no siendo consideradas de la misma forma que los hombres. El estudio indica que existen muchas brechas en la obtención de datos desagregados por género, y es necesario establecer una recolección y análisis efectivos que puedan ser útiles para cualquier abordaje de la discriminación de las mujeres en los procesos relacionados con el recurso hídrico. También señala que la política es el punto de partida para la integración de género con el uso de datos desagregados en la gestión del agua y saneamiento, ya que es cuando el gobierno o cualquier otra organización manifiesta explícitamente su intención de corregir la desigualdad y adopta una perspectiva de género.
Estratégia de gestão colaborativa dos recursos hídricos: a contribuição ...fcmatosbh
A crescente demanda por água, a escassez hídrica e as mudanças climáticas têm levado à necessidade de uma governança eficiente e sustentável dos recursos hídricos. Os consórcios intermunicipais surgem como uma estratégia promissora para promover a cooperação entre municípios na gestão integrada da água. Este artigo analisa a situação dos consórcios intermunicipais de recursos hídricos e discute suas implicações na governança pública. Utilizando revisão da literatura, identificamos os principais desafios enfrentados pelos consórcios, como financiamento, coordenação, transparência e participação efetiva dos municípios envolvidos. Também destacamos os benefícios potenciais, incluindo melhorias na qualidade e quantidade de água, redução de conflitos e maior participação de empresas e organizações da sociedade civil. Conclui-se que, quando bem estruturados e com apoio político adequado, os consórcios intermunicipais podem contribuir significativamente para uma gestão colaborativa e eficaz dos recursos hídricos, fortalecendo a governança das águas e promovendo a sustentabilidade hídrica no longo prazo. No entanto, para alcançar seu potencial máximo, é necessário um compromisso contínuo dos municípios envolvidos e a adoção de políticas públicas coerentes e integradas.
Water governance as an instrument of democratization: reflections on the shar...fcmatosbh
Recent changes in society continue to call into question the ability of core states to manage increasingly complex development issues on their own. Water governance remains a critical issue, as it involves determining the roles and responsibilities of different interests – public, civil, and private – in the management and development of water resources, analyzing the balance of power and actions at different levels of authority. Water governance must be readapted and translated specifically into political systems, laws, regulations, institutions, financial mechanisms, civil society development, and consumer rights. It must go beyond the traditional public sector and market-oriented sectors of governance, seeking coordinated schemes in which new, more dynamic relationships emerge between different participants and stakeholders (Sandoval, 2007). In recognition of the importance of water, the United Nations (UN) 2030 Agenda for Sustainable Development includes target 6, which aims to "ensure the availability and sustainable management of water and sanitation for all". The target highlights the need for an integrated approach to water, resource management, and development that recognizes the multiple competing demands on freshwater resources. Water governance refers to the set of political, social, economic and administrative systems that are in place to develop and manage water resources, to deliver water services and implement solutions for improving water quality, at different levels of society (Sandoval, 2007; ANA, 2011a). It also includes a range of water-related topics, such as health, food security, economic development, land use and preservation of the ecological system on which water resources depend (UNDP, 2011). The objective of this paper is to discuss water governance as a means of democratization and advances in the shared management of water resources. Through a literature review, the concept of water governance is presented and the development of environmental concern and water management is discussed. Although participatory management has increased in the country, seeking to resolve stakeholder problems and conflicts, there are still challenges to be overcome to reach effective agreements, both in terms of form and quality of decisions. In addition, the work offers an overview of the National Water Resources Management System and the creation of basin committees in Brazil. This reflection on water governance and advances in the shared management of water resources considers this issue to be of paramount importance since water scarcity is an increasingly present reality throughout the world. Water governance, in turn, becomes an essential tool in the search for sustainable solutions for the management of water resources. With this, the work presented here seeks to contribute to the broadening of the debate and reflection on this theme that becomes increasingly relevant when discussing the survival conditions of many human groups and
Desafios e Oportunidades na Gestão Ambiental: O papel dos municípios e parcer...fcmatosbh
Neste capítulo aborda-se o processo da descentralização do poder da esfera federal para o nível local em decorrência da reforma política e administrativa do Estado, e o modelo gerencial que propõe a ampla participação dos atores sociais envolvidos no gerenciamento das questões de interesse comum. O trabalho fornece uma visão geral sobre a gestão ambiental e o papel do Estado nas questões ambientais, bem como o gerenciamento dos recursos hídricos efetuado pelos consórcios intermunicipais.O presente estudo analisa, ainda, o processo de descentralização e reforma do Estado, culminando na formação de consórcios intermunicipais voltados à gestão dos recursos hídricos. O objetivo é contribuir para o entendimento da governança das águas como um novo paradigma de gestão pública de um recurso natural cada vez mais escasso.
n book: Ciências e Tecnologia das Águas: inovações e avanços em pesquisa - Volume 1Edition: Pacheco, Clecia Simone Gonçalves Rosa; Santos, Reinaldo Pacheco dos [Org.]Chapter: 8Publisher: Editora Científica
The profile of state water resources councils’ representatives and women’s vo...fcmatosbh
This study analyzes the data concerning the state water resources councils and seeks to identify the individual actors who participate in the water policy-making processes in these councils. Additionally, it has been introduced to promote a debate on women’s participation and representation in spaces created to conduct water resource management. By acknowledging that the sustainable management of water resources and sanitation significantly benefits society and the economy as a whole, it is necessary to include men and women, in all their diversity, in the deliberations that must take place in these decision-making forums to manage a resource that is crucial to life.
This study begins by highlighting the importance of water and how it has increasingly become a strategic resource (sections 2 and 3). Next, we detail the National Water Resources Policy to situate the state councils and their role in the National Water Resources System (sections 4 and 5). The following sections (6, 7, and 8) constitute the core of the research and support the analysis of the data collected for the purposes of this study. Sections 9 and 10 address the methodological aspects, and the penultimate section (section 10) presents a list of gender-disaggregated data, which are analyzed and whose respective conclusions are exposed in the concluding section (11), which deals with the study’s findings.
Água e Gênero: perspectivas e experiências - Volume 2fcmatosbh
Com o desenvolvimento dos estudos intitulados Retratos de governança das águas, no âmbito do Projeto Governança dos recursos hídricos: análises do perfil e do processo de formação dos representantes dos conselhos estaduais de recursos hídricos e comitês de bacia hidrográfica”, identificou-se, além de uma baixa participação feminina (as mulheres são, em média, 30% do total de representantes), nos organismos colegiados de gestão das águas, diversas situações que podem ser caracterizadas como violência política de gênero.
Nesse sentido, trabalhando em diferentes frentes, mas complementares em objetivo, buscou-se somar esforços, reforçando o coro das atividades e debates que abordam o tema. Assim, no mês de fevereiro ano de 2021, iniciou-se o processo de organização do livro Água e Gênero, mapeando-se pesquisadores, especialistas e entusiastas na temática que foram convidados a colaborar com a publicação.
Apesar dos desafios inerentes a um projeto desse tipo, envolvendo inúmeros colaboradores nos mais diversos processos, o primeiro volume foi lançado no dia 25 de março, ainda dentro da Semana da Água. Mas, a pandemia de covid-19 nos afetou, como ao restante da sociedade e muitos daqueles que haviam assumido o compromisso de enviar artigos não conseguiram fazê-lo, por diversos motivos. Entendendo que não poderíamos dispor de tamanho envolvimento de acadêmicos que prezam pela qualidade do que produzem, resolvemos, então, organizar um segundo volume, com a integração dos trabalhos que nos foram enviados após o encerramento do primeiro. Como se pode observar, trata-se de material que aborda a temática sob novas perspectivas e que contribuirão certamente para enriquecer o debate sobre o assunto em pauta.
Com este, os dois volumes de Água e Gênero - Perspectivas e Experiências formam um todo de 23 capítulos, reunindo aportes de 54 autores, fruto de um esforço coletivo em que se busca debater confluências práticas e teóricas que envolvam as interseções, os desafios e os potenciais na inclusão de gênero na gestão dos recursos hídricos.
A diversidade de perspectivas obtidas por meio das diferentes contribuições enriquece substancialmente a reflexão que vem ocorrendo sobre a articulação de gênero e água e, sem dúvida, contribui para delinear novos rumos para a pesquisa e os debates sobre o assunto. Isso porque, entre outras contribuições, esses trabalhos abordam diferentes expressões da desigualdade e da discriminação de gênero na gestão dos recursos hídricos, constituindo um instrumento relevante para o fortalecimento da identidade de gênero na agenda da água para a região latino-americana, comprometida com a promoção do exercício dos direitos humanos nesse setor e fortalecendo o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, cujo lema é "Não deixe ninguém para trás".
Perfil de Representantes de Consejos Estatales de Recursos Hídricos y la voz ...fcmatosbh
En este estudio, se hicieron esfuerzos para integrar un enfoque de género en los consejos estatales de recursos hídricos con un enfoque en el uso de datos desagregados por género. Además, en las preguntas presentadas a los representantes en los consejos estatales, se buscó obtener datos que indicaran la ocurrencia de situaciones que pudieran caracterizarse como violencia de género. Se presentó para promover un debate sobre la participación y representación de las mujeres en los espacios creados para la gestión del agua. Reconociendo que la gestión sostenible de los recursos hídricos, y el saneamiento, brinda grandes beneficios a la sociedad y a la economía en su conjunto, es necesario incluir a hombres y mujeres, en su diversidad, en las deliberaciones que deben tener lugar en estos foros de decisión. la gestión de este recurso esencial para la vida. En él, se presenta el análisis de los datos referentes a los consejos estatales de recursos hídricos, buscando también identificar quiénes son los actores, como individuos, que participan en los procesos de formulación de políticas hídricas en el ámbito de estos consejos.
Perfil dos Representantes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e a vo...fcmatosbh
Este estudo foi apresentado para promover uma discussão sobre a participação e a representação das mulheres nos espaços criados para a gestão da água. Reconhecendo que a gestão sustentável de recursos hídricos, e do saneamento, proporciona grandes benefícios para a sociedade e a economia como um todo, faz-se necessária a inclusão de homens e mulheres, em sua diversidade, nas deliberações que devem acontecer nesses fóruns de decisões para a gestão desse recurso imprescindível à vida.
Neste estudo, são apresentadas as análises dos dados referentes aos conselhos estaduais de recursos hídricos, buscando ainda identificar quem são os atores, como indivíduos, que participam dos processos de formulação das políticas das águas no âmbito desses conselhos.
Diferentes estudos apontam como a falta de acesso à água segura e potável afeta a vida das comunidades e, de modo mais intenso, a das mulheres (seja em “seus” papéis e responsabilidades de trabalho do cuidado, os riscos relacionados à higiene pessoal e à saúde, além da violência e do comprometimento de perspectivas de futuro). Apesar dos diversos compromissos globais (como a Agenda 2030), as desigualdades persistem entre homens e mulheres, principalmente no que diz respeito ao acesso ao trabalho e à igualdade salarial, às tomadas de decisões, ao acesso e ao controle à terra e aos recursos financeiros. As considerações de gênero estão no centro do fornecimento, do gerenciamento e da conservação dos recursos hídricos no mundo, além de salvaguardar a saúde pública e a dignidade humana por meio do fornecimento de saneamento adequado e de serviços de higiene. As perspectivas de gênero devem, portanto, ser integradas no planejamento nacional e global de água e saneamento e nos processos de monitoramento.
O problema que persiste, embora haja esforços no sentido de minorá-los, e que há muitas informações inadequadas que não fornecem detalhes da participação da mulher nos diversos processos envolvendo os recursos hídricos. Um dos principais motivos pelos quais o assunto não é tratado de forma adequada é a falta de coleta de dados desagregados por gênero (DDG).
É neste contexto que, no presente estudo, foram envidados esforços para integrar uma abordagem de gênero nos conselhos estaduais de recursos hídricos com a preocupação de utilizar dados desagregados por gênero. Além disso, nas questões apresentadas às representantes nos conselhos estaduais, procurou-se obter dados que indicassem a ocorrência de situações que pudessem ser caracterizadas como de violência de gênero.
Participação em comitês de bacias hidrográficas_ reflexões sobre represe...fcmatosbh
A participação tem sido uma característica fundamental na implementação dos Comitês de bacias hidrográficas. Estes comitês são espaços colegiados locais de gestão das águas que visam, dentre outros aspectos, instituir normas para a proteção da qualidade das águas territoriais, buscando garantir o acesso à água e a segurança hídrica. A participação de atores não estatais na elaboração de propostas no âmbito da bacia hidrográfica é importante para fortalecer os planos de gestão das águas no sentido de atingir os objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos. Mas a participação efetivada através dos representantes nos comitês pode revelar limitações que apontam para falhas na representação. Neste estudo, busca-se problematizar o exercício da representação nos espaços colegiados locais de gestão das águas. Para tanto, foram utilizados dados de um survey, em âmbito nacional, realizado entre novembro de 2017 a novembro de 2019. Buscando avaliar múltiplas facetas da participação, por exemplo, os atores envolvidos, a legitimidade da representação e as falhas de comunicação. Como no exercício das suas funções, os representantes devem refletir os interesses da organização que representam e do segmento do qual fazem parte, buscou-se conhecer alguns aspectos da relação entre o representante e a organização que ele representa. Os resultados mostram que a implementação participativa nos comitês inclui uma gama de atores que podem não estar exercendo de forma adequada o papel de representação para o qual foram incumbidos, sendo este um indicativo de falha de governança que necessita ser aperfeiçoada pelo sistema de gestão das águas.
Palavras-chave: Comitê de bacia; Recursos hídricos; Representação; Participação; Governança.
Aprendizagem Rede de Governança: impressões preliminares da oficina de capaci...fcmatosbh
Este artigo pretende analisar como se caracteriza o aprendizado em redes de governança. Especificamente, objetivou-se descrever as seguintes características: a) atores participantes; b) nível de aprendizagem; c) conteúdo transmitido; e d) papel da liderança no processo de aprendizagem. Este trabalho de natureza qualitativa e descritiva representa uma fase preliminar de investigação em que foram adotadas como técnicas de pesquisa a observação não-participante, realizada em uma oficina de capacitação promovida pela rede Observatório da Governança das Águas (OGA Brasil) no Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Sul (CBH-LS) sobre o Protocolo de Monitoramento da Governança das Águas em junho de 2021, e a análise documental de relatórios do OGA Brasil. As principais conclusões foram a contribuição da presença de diversos atores no aprendizado individual e coletivo, o tipo de conteúdo transmitido está além de informações técnicas e científicas e incluem novos valores e a liderança facilitadora exercida pelo representante do OGA.
Os atores sociais nos organismos colegiados de gestão das águas no Estado de ...fcmatosbh
Neste trabalho buscou-se analisar o perfil dos representantes membros comitês de bacia hidrográfica, constituídos para influenciar a tomada de decisão em torno das políticas públicas de águas. Os comitês atuam como “Parlamento das Águas”, onde são discutidos e elaborados os planos de gestão dos recursos hídricos em seus territórios. Eles são compostos por representantes dos poderes públicos, da sociedade civil e dos usuários das águas, tendo em vista a importância da participação popular nas tratativas das políticas públicas no país. Os membros são eleitos por seus pares, para representar, além dos interesses de seu grupo/segmento social, defender os interesses públicos e contribuir para a gestão dos recursos hídricos. Com o desenvolvimento da pesquisa, pode-se trazer apontamento sobre ‘quem’ são os atores que participam nos comitês de bacia hidrográficas do Estado de Minas Gerais
Água e Gênero - Perspectivas e Experiências.pdffcmatosbh
.O livro é composto de 16 capítulo reunindo contribuições 42 autores, dentre especialistas, profissionais, professores e pesquisadores, de diferentes áreas do conhecimento, de várias regiões do país e também do exterior, buscando apresentar reflexões, perspectivas e experiências, sobre a temática proposta.
Para todos aqueles que se debruçam sobre os estudos relacionados à gestão de recursos hídricos, especialmente no que tange à questão de gênero, a nossa expectativa, com esta obra, é a de oferecer subsídios para reflexão e abertura de novos caminhos de pesquisa.
Retratos de Governanças das Águas _ Comitê para integração da bacia hidro...fcmatosbh
Com este trabalho buscou-se contribuir para os estudos sobre a participação em comitês de bacia hidrográfica ao apresentar o perfil dos representantes membros e oferecer informações que possam apontar aspectos importantes da capacidade inclusiva dos comitês pesquisados, tendo como premissa a ideia de que uma “boa” governança é fundamental para alcançar segurança hídrica.
A gestão conjunta, participativa e deliberativa no âmbito dos comitês de bacia, visa à promoção da segurança hídrica e, consequentemente, pode permitir melhor acesso à água, ao saneamento e à preservação das condições de quantidade e da qualidade dos recursos hídricos. Assim, portanto, ressalta-se que a participação de todos os atores envolvidos, de todos os setores da sociedade, constitui um elemento importante e que pode promover a equidade na gestão da água.
Nesta publicação são apresentadas as análises dos dados referentes ao Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP).
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Grandefcmatosbh
Este estudo compõe a série ‘Retratos de Governanças das Águas' que tem como objetivo analisar o perfil de representantes de comitês de bacias hidrográficas no Brasil; oferecer informações que possam apontar aspectos importantes da capacidade inclusiva dos representantes pesquisados, e identificar também como eles percebem o seu envolvimento no processo decisório e o funcionamento dos organismos colegiados. As séries integram o projeto Governança dos Recursos Hídricos, tendo como premissa a ideia de que uma “boa” governança é fundamental para alcançar a segurança hídrica. Espera-se que os estudos possam colaborar para subsidiar a elaboração de políticas para fortalecimento da democratização na gestão da água e superação das falhas de governanças identificadas nos espaços colegiados.
O desenho do estudo partiu da perspectiva de que se podem analisar os comitês de bacia hidrográfica (CBHs) como arranjos de governança compostos por diferentes atores que têm as atribuições de mediar, articular, aprovar e acompanhar as ações para o gerenciamento dos recursos hídricos de sua jurisdição. Os comitês são órgãos colegiados com atribuições normativas, propositivas, consultivas e deliberativas, cujo objetivo é promover o planejamento e a tomada de decisões acerca dos usos múltiplos dos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, região compreendida por um território e por diversos cursos d’água.
Para desenvolvimento do trabalho foi realizada uma pesquisa com representantes de comitês de bacia, identificando também como eles percebem o seu envolvimento no processo decisório e o funcionamento dos organismos colegiados. Nesta publicação são apresentadas as análises dos dados referentes ao Comitê Interestadual da Bacia Hidrográfica do Rio Grande .
Retratos de Governanças das Águas: Comitê da bacia hidrográfica do Rio Verd...fcmatosbh
Esta publicação compõe a série sobre o processo de formação e perfil dos representantes membros de comitês de bacia hidrográfica no Brasil, integrando o projeto Governança dos Recursos Hídricos.
Para desenvolvimento do trabalho foi realizada uma pesquisa com representantes de comitês de bacia, identificando também como eles percebem o seu envolvimento no processo decisório e o funcionamento dos organismos colegiados. Nesta publicação são apresentadas as análises dos dados referentes ao Comitê Interestadual da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande.
O desenho do estudo partiu da perspectiva de que se podem analisar os comitês de bacia hidrográfica (CBHs) como arranjos de governança compostos por diferentes atores que têm as atribuições de mediar, articular, aprovar e acompanhar as ações para o gerenciamento dos recursos hídricos de sua jurisdição. Os comitês são órgãos colegiados com atribuições normativas, propositivas, consultivas e deliberativas, cujo objetivo é promover o planejamento e a tomada de decisões acerca dos usos múltiplos dos recursos hídricos no âmbito da bacia hidrográfica, região compreendida por um território e por diversos cursos d’água.
Jornada da Sustentabilidade - Encontro ESG - SETCESP
Impactos das mudanças climaticas nos recursos hídricos _ desafios e implicações para a humanidade.pdf
1. www.scientificsociety.net
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS RECURSOS HÍDRICOS:
DESAFIOS E IMPLICAÇÕES PARA A HUMANIDADE
Reinaldo Dias1
; Fernanda Matos2
1
Unicamp, Campinas, Brasil
reinaldias@gmail.com
2
NEOS/UFMG, Belo Horizonte, Brasil
fcmatosbh@gmail.com
RESUMO
Este artigo aprofunda as repercussões multifacetadas das mudanças climáticas sobre os
recursos hídricos, enfatizando os desafios críticos que a humanidade enfrenta. Iniciando
com uma visão do cenário predominante das mudanças climáticas, o estudo estabelece o
pano de fundo para uma exploração mais detalhada do papel crucial e da importância
dos recursos hídricos nos ecossistemas globais e nas civilizações humanas. Como
evidência, o artigo lança luz sobre a evolução dos padrões de precipitação, o rápido
derretimento das geleiras e as taxas crescentes de evaporação – todos os quais são
indicadores potentes das alterações na disponibilidade e pureza da água em diversas
zonas geográficas. Para oferecer uma perspectiva mais tangível, o artigo introduz
estudos de caso regionais, ressaltando o amplo espectro de ramificações
socioeconômicas. Estes vão desde os crescentes desafios na garantia da segurança
alimentar até as perspectivas inquietantes de migrações populacionais maciças e o
espectro iminente de conflitos sobre a diminuição das reservas de água. Como ponto
alto dessa extensa pesquisa, o artigo fornece um conjunto de recomendações
estratégicas voltadas para mitigação e adaptação. Acentua a necessidade premente de
uma resposta global unificada, para enfrentar os desafios relacionados com os recursos
hídricos diante da intensificação das mudanças climáticas.
Palavras-chave: Mudanças climáticas. Aquecimento global. Recursos hídricos. Água.
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ISSN: 2595-8402
DOI: 10.61411/rsc100003
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IMPACTS OF CLIMATE CHANGE ON WATER RESOURCES:
CHALLENGES AND IMPLICATIONS FOR HUMANITY
ABSTRACT
This article delves deeply into the multifaceted repercussions of climate change on the
world's water resources, emphasizing the critical challenges that humanity faces.
Initiating with an in-depth view of the prevailing scenario of climate change, the study
sets the backdrop for a more detailed exploration of the crucial role and importance of
water resources in global ecosystems and human civilizations. As evidence, the article
sheds light on evolving precipitation patterns, the rapidly melting glaciers, and the
escalating rates of evaporation — all of which are potent indicators of the alterations in
water availability and purity across diverse geographical zones. To offer a more tangible
perspective, the paper introduces regional case studies, underscoring the broad spectrum
of socioeconomic ramifications. These span from the mounting challenges in ensuring
food security to the unsettling prospects of massive population migrations and the
looming specter of conflicts over dwindling water reserves. As a highlight of this
extensive research, the article provides a set of strategic recommendations aimed at
mitigation and adaptation. It emphasizes the pressing need for a unified global response
to address the challenges related to water resources in the face of intensifying climate
change.
Keywords: Climate change. Global warming. Water resources. Freshwater.
1 INTRODUÇÃO
As alterações climáticas são uma realidade que têm dominado a discussão
científica e política desde o início deste século. O relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC25
) destaca que a Terra está
enfrentando um aumento significativo nas temperaturas médias, que está principalmente
ligado às atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, desmatamento e
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industrialização. Bilhões de pessoas e a natureza globalmente, estão sendo afetadas
pelas mudanças climáticas, apesar dos esforços para minimizar os impactos. Populações
e ecossistemas mais vulneráveis enfrentam as consequências mais severas. As ondas de
calor, tempestades, secas, inundações e outros fenômenos, incluindo a elevação do nível
do mar, estão comprometendo a saúde, propriedade e infraestrutura, como sistemas
energéticos e transportes. Fatos extremos de clima, como ondas de frio e calor intenso,
tempestades mais intensas e secas extensas, são evidências claras dos efeitos do clima
(IPCC26
).
Os recursos hídricos representam um pilar fundamental para a sobrevivência e
prosperidade humana. Desde o início das civilizações, a presença de água tem sido um
determinante crítico para o estabelecimento e crescimento das sociedades. Ela não
apenas sustenta a vida diretamente, através do consumo, mas também é crucial para a
produção de alimentos, geração de energia e para várias atividades industriais
(Vorosmarty et al.56
).
O aquecimento global tem consequências diretas nas mudanças climáticas,
ecossistemas e recursos hídricos. A elevação, mesmo que mínima, do nível do mar
potencializa inundações globais e a temperatura elevada dos corpos d'água desequilibra
os ecossistemas aquáticos, gerando surtos de algas e propagação de patógenos. Até
2050, projeções indicam que 685 milhões de habitantes de mais de 570 cidades
enfrentarão reduções no abastecimento de água doce devido ao aquecimento. A escassez
hídrica se agravará, com 52% da população global vivendo em regiões com carência de
água na mesma época (Gupta et al20
).
Portanto, qualquer ameaça à disponibilidade ou qualidade desses recursos tem
implicações profundas para a segurança humana, prejudicando o bem-estar humano e
podem contribuir para a instabilidade política, conflitos violentos, deslocamento e
migrações de populações humanas, além da possibilidade de insegurança alimentar
aguda, que em decorrência pode minar a segurança nacional, regional e até global
(Gleick & Iceland19
).
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O presente artigo visa discutir os impactos das mudanças climáticas nos recursos
hídricos globais. Através de uma análise da ciência das mudanças climáticas, foi
examinado como os padrões de precipitação, o derretimento das geleiras, a evaporação e
outros fenômenos estão afetando a disponibilidade e qualidade da água em diferentes
regiões do mundo. Além disso, abordou-se as implicações socioeconômicas desses
impactos e analisou-se estudos de caso de regiões particularmente vulneráveis. Por fim,
propôs-se estratégias de mitigação e adaptação para enfrentar esses desafios emergentes.
2 METODOLOGIA
Nesta pesquisa, adotou-se um duplo método de investigação: análise sistemática
da literatura e exame de dados já publicados. A escolha desta combinação deve-se ao
fato de que a análise sistemática oferece uma visão abrangente sobre publicações
anteriores referentes ao assunto, enquanto o exame de dados preexistentes traz suporte
empírico, corroborando ou ampliando as descobertas da revisão.
Na análise sistemática, utilizou-se uma busca criteriosa em bases de dados como
Web of Science, Scopus, Google Scholar, Academia.edu e Research Gate. Palavras-
chave relevantes como "mudança climática", "recursos hídricos", "elevação do nível do
mar", "seca", "inundação", entre outras, direcionaram o levantamento. Tal revisão se
destaca pela sua rigorosidade, transparência e amplitude, possibilitando uma avaliação
detalhada da literatura relacionada aos tópicos de interesse. Através da identificação e
avaliação consistente de pesquisas relevantes, pode-se obter uma visão clara do
panorama atual, percebendo possíveis lacunas e apontando para futuras áreas de
investigação.
A exploração de dados secundários, que abrange pesquisas anteriores, relatórios
e publicações acadêmicas, é válida devido ao vasto volume de informações sobre o
assunto. Esta técnica permite uma compreensão mais amplificada, superando limitações
comuns na coleta de dados originais, como restrições de tempo, local e recursos. Os
dados preexistentes facilitam o acesso a uma variedade mais ampla de informações,
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enriquecendo assim o estudo. Além disso, esta abordagem é conveniente e eficaz, uma
vez que evita a coleta de dados, que pode ser tanto demorada quanto onerosa.
Para assegurar a integridade e precisão dos dados preexistentes, foram
estabelecidos critérios rigorosos de seleção, priorizando artigos avaliados por
especialistas, documentos oficiais e publicações de fontes reconhecidas. A data de
publicação também foi levada em consideração, com um enfoque em informações mais
atualizadas, garantindo a pertinência das descobertas. Além disso, cada documento foi
meticulosamente avaliado quanto à sua robustez metodológica e alinhamento com os
objetivos da pesquisa.
3 DISCUSSÃO
3.1 A CIÊNCIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
O aquecimento global é uma das manifestações mais notáveis das mudanças
climáticas e refere-se ao aumento das temperaturas médias da Terra, principalmente em
resultado das atividades humanas. Desde o início da Revolução Industrial, a
concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, particularmente o dióxido
de carbono (CO₂), tem aumentado substancialmente, criando uma cobertura que retém
mais calor na atmosfera terrestre (Trenberth et al.50
). Além do CO₂, outros GEEs, como
o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), também têm contribuído para este fenômeno.
De acordo com a ONU (2023) as causas principais do aquecimento global são:
I. Geração de Energia: A queima de combustíveis fósseis,
predominantemente carvão, petróleo e gás, para produção de eletricidade e calor
é uma fonte primária de emissões. Apenas 25% da eletricidade global vem de
fontes renováveis.
II. Fabricação de Produtos: A indústria, que utiliza combustíveis
fósseis para produzir diversos itens, desde cimento até plástico, contribui
significativamente para as emissões de gases de efeito estufa.
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III. Desmatamento: A remoção de florestas, que agem como
sumidouros de carbono, resulta em emissões elevadas. Estas ações são
responsáveis por cerca de 25% das emissões globais.
IV. Transporte: Movido majoritariamente por combustíveis fósseis, o
setor de transporte, incluindo carros, navios e aviões, é um grande emissor, com
veículos rodoviários liderando o segmento.
V. Produção de Alimentos: Desde o desmatamento até o uso de
fertilizantes, a produção de alimentos é uma fonte crucial de emissões. A
embalagem e distribuição também têm impactos.
VI. Energia nos Edifícios: Prédios em todo o mundo consomem mais
da metade da eletricidade global, e a crescente demanda por aquecimento e
resfriamento resulta em mais emissões.
VII. Consumo Excessivo: Estilos de vida, especialmente dos mais
ricos, influenciam diretamente as emissões. O consumo individual, desde a
mobilidade até a compra de produtos, tem consequências significativas, com o
1% mais rico emitindo mais do que os 50% mais pobres.
Apesar das mudanças climáticas serem um tema urgente globalmente, adaptar-se
a elas a longo prazo é complexo devido às consideráveis variações regionais dessas
mudanças. Tais variações incluem diferenças na intensidade do aumento da temperatura
dependendo da latitude e alterações nas precipitações, com regiões úmidas recebendo
mais chuva e áreas secas experimentando reduções. Além disso, as consequências
dessas transformações são vastas, desde secas prolongadas inesperadas até inundações
mais recorrentes (Wang et al58
).
As projeções indicam um aumento de temperatura entre 1,5°C a 4°C até o final
do século, dependendo do cenário (Collins et al11
). Tal variação tem implicações
significativas, não apenas para o clima global, mas também para os sistemas ecológicos,
os padrões de precipitação e, consequentemente, os recursos hídricos.
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3.2 RECURSOS HÍDRICOS – UMA VISÃO GERAL
As mudanças climáticas colocam em risco todos os ecossistemas terrestres,
incluindo as espécies e serviços que beneficiam os humanos. Embora os corpos de água
doce representem uma pequena porção do planeta, eles abrigam cerca de 7% da
biodiversidade global. Esses ecossistemas estão entre os mais vulneráveis, enfrentando
ameaças como contaminação, mudanças climáticas e represamento. Muitas nascentes
são exploradas para consumo humano, e lagos em áreas específicas são impactados pelo
aquecimento e poluição atmosférica. Frequentemente, as zonas húmidas são vistas como
inúteis e são transformadas, ignorando seu valor ecológico (Cantonati et al9
).
Abrangendo aproximadamente 71% da superfície terrestre, a água salina,
especialmente os oceanos, é crucial para a regulação climática e conservação da
biodiversidade marinha. Dividido em cinco principais bacias - Pacífico, Atlântico,
Índico, Ártico e Antártico - o oceano alberga 97% da água global e sustenta 90% da
biosfera terrestre. Ele desempenha um papel essencial ao atenuar mudanças climáticas,
gerar oxigênio e fornecer alimento e oportunidades econômicas. Apesar de sua vastidão,
apenas 5% do oceano foi explorado, deixando grande parte, sobretudo as profundezas,
desconhecidas (Fava17
).
As águas subterrâneas, armazenadas em aquíferos, são fundamentais, sobretudo
em áreas áridas, servindo como reservas vitais de água. Enquanto a irrigação, crucial
para o cultivo quando as chuvas são insuficientes, depende majoritariamente de águas
superficiais globalmente, em regiões mais secas a água subterrânea se torna a fonte
predominante. Mais de 40% dos cereais mundiais provêm de terras irrigadas, e destas,
cerca de 54% são alimentadas por águas superficiais. No entanto, 114 milhões de
hectares são irrigados com água subterrânea globalmente. Por exemplo, na Planície do
Norte da China, 73% da irrigação provém de aquíferos, enquanto nos EUA, este número
chega a 60%. Assim, um aquífero pode ser visto como um reservatório subterrâneo,
similar em função aos reservatórios de superfície (Tian et al48
).
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A água apresenta inúmeras utilidades, sendo utilizada para consumo, para o
cultivo e a produção de alimentos e de energia, para transporte e como símbolo político
e cultural (valores religiosos e culturais), além de possibilitar locais de entretenimento,
seja para recreação ou turismo (tais como em lagos e cachoeiras), dentre outras
aplicações. Atrelada às utilidades e aos benefícios citados, há uma constatação basilar:
sem água, não há vida. Para a manutenção da vida, e usufruto de todos os seus
benefícios/utilizações, faz-se necessário buscar a conservação e a preservação ambiental
e da água. As mudanças ocorridas no último século, como o aumento da população, da
urbanização, da produção de alimentos e das atividades industriais, dentre outras,
levaram a uma maior demanda pelo uso da água, além da poluição dos corpos hídricos o
que também compromete sua utilização (Matos33
)
A água é fundamental para diversos setores do desenvolvimento humano, desde
a saúde até a educação e proteção ambiental. No entanto, bilhões ainda carecem de
acesso a água potável e saneamento adequado, levando a consequências negativas como
doenças e perda de produtividade. Essa crise se agrava com a crescente demanda por
água de diversos setores e pela poluição exacerbada por águas residuais não tratadas,
tudo em meio às incertezas das mudanças climáticas.
A água doce é vital para o desenvolvimento sustentável e a economia, sendo
central para setores como agricultura, indústria e geração de energia. Ecossistemas
aquáticos sempre sustentaram civilizações devido a seus múltiplos benefícios. Contudo,
desafios como crescimento populacional, urbanização e mudanças climáticas estão
comprometendo a capacidade desses sistemas. Estima-se que, diante da degradação
contínua, vastas parcelas do PIB (Produto Interno Bruto - representa a soma de todos os
bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um período
determinado) e da população global estarão em risco até 2050, com as comunidades
mais vulneráveis enfrentando o maior impacto. A agricultura é o principal consumidor
de água, seguido pela indústria e uso doméstico. Infelizmente, uma significativa
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quantidade de águas residuais retorna aos ecossistemas sem tratamento, comprometendo
ainda mais a qualidade e disponibilidade de recursos hídricos (UNWATER, 2018).
3.3 PADRÕES E USOS ATUAIS DOS RECURSOS HÍDRICOS
GLOBALMENTE
Nos últimos 50 anos, a disponibilidade de recursos hídricos, em quantidade e em
qualidade suficientes exponencialmente, se tornou objeto de preocupação da sociedade
como um todo. Considera-se que as previsões de crescimento populacional e econômico
e as mudanças climáticas sugerem uma pressão contínua sobre os recursos hídricos.
Os padrões de uso dos recursos hídricos têm mudado ao longo do tempo,
refletindo as necessidades das populações em crescimento e o desenvolvimento
industrial. A agricultura continua a ser o maior consumidor de água doce, seguida pelo
uso doméstico e industrial (Hoekstra & Mekonnen22
). Em algumas regiões, a sobre-
extração de aquíferos subterrâneos para a irrigação agrícola tem levantado preocupações
sobre a sustentabilidade desses recursos (Wada et al57
). Além disso, o acesso desigual à
água potável e saneamento ainda é uma preocupação em muitas partes do mundo,
destacando a necessidade de uma gestão equitativa e sustentável dos recursos hídricos.
Um relatório da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde
(UNICEF/WHO52
) revela que bilhões ainda sofriam com a falta de água, saneamento e
higiene. Globalmente, 2,2 bilhões de pessoas careciam de acesso a água potável segura,
4,2 bilhões não tinha saneamento adequado e 3 bilhões não possuíam instalações
básicas para higienização das mãos. Apesar de progressos desde 2000, com 1,8 bilhões
ganhando acesso à água potável e 2,1 bilhões a saneamento, desigualdades gritantes
persistem. Dez por cento da população mundial ainda carece de água básica, com 8 em
cada 10 destas pessoas em áreas rurais. Quanto ao saneamento, 2 bilhões ainda são
desprovidos, com grande parte em zonas rurais e em países menos desenvolvidos.
Alarmantemente, 3 bilhões de indivíduos não tinham como lavar as mãos
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adequadamente em 2017, contribuindo para a morte de 297.000 crianças menores de 5
anos anualmente devido a doenças relacionadas.52
Papéis relativos a gênero não apenas determinam como homens e mulheres são
afetados pela forma como os recursos hídricos são desenvolvidos e geridos. Como
destaca Selborne45
, as mulheres, em particular, estão mais expostas ao impacto imediato
dos desastres, são mais afetadas pela interrupção da vida doméstica e, provavelmente,
terão menos acesso aos recursos do que os homens, na fase da recuperação. Não apenas,
as mulheres enfrentam riscos mais elevados e maior sobrecarga dos impactos das
mudanças climáticas em situações de pobreza, como a maioria dos pobres do mundo são
mulheres. A participação desigual das mulheres nos processos de tomada de decisão e
nos mercados de trabalho compõe desigualdades e geralmente impede que as mulheres
contribuam totalmente para o planejamento, formulação de políticas e implementação
relacionadas ao clima (UNFCCC53
), e consequentemente para a gestão das águas.
3.4 IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NOS RECURSOS
HÍDRICOS
De acordo com diversos estudos (IPCC24 25
; PNUD/SAE/FCPC40
, UNESCO51
),
as mudanças climáticas indicam alterações no comportamento histórico das chuvas,
além da redução da quantidade e da qualidade destas águas, o que pode ameaçar o
suprimento deste recurso e contribuir para a ampliação dos conflitos pelo seu uso.
3.4.1 MUDANÇAS NOS PADRÕES DE PRECIPITAÇÃO
As mudanças climáticas têm causado alterações nos padrões globais de
precipitação, levando a períodos prolongados de seca em algumas regiões e
intensificação das chuvas em outras (Trenberth49
). Com o avanço do aquecimento
global, espera-se um aumento na precipitação extrema em várias regiões, já que o vapor
de água na atmosfera, essencial para a chuva, cresce em torno de 6-7% para cada grau
de elevação na temperatura. Este aumento na intensidade das chuvas pode levar a
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inundações mais frequentes, impactando negativamente ecossistemas, sociedades e a
economia (Tabari46
). A mudança nos padrões de precipitação impacta, especificamente,
rios e águas superficiais, bem como as águas subterrâneas.
a. Impacto nas vazões dos rios e águas superficiais. Os padrões alterados de
precipitação influenciam as vazões dos rios, podendo resultar em inundações frequentes
em algumas regiões e redução do fluxo em outras, impactando ecossistemas e
comunidades locais (Dai13
).
b. Efeitos na recarga de águas subterrâneas. As precipitações desempenham um
papel crucial na recarga de aquíferos. Menos precipitação ou chuvas irregulares podem
comprometer essa recarga, afetando a disponibilidade de água subterrânea a longo prazo
(Taylor et al.47
).
3.4.2 DERRETIMENTO DAS GELEIRAS E REDUÇÃO DA MASSA DE NEVE
O aquecimento global tem levado ao derretimento acelerado das geleiras e à
redução da cobertura de neve em muitas partes do mundo, especialmente em altas
altitudes (Immerzeel et al.23
).
a. O papel das geleiras no abastecimento da água doce. Geleiras atuam como
reservatórios naturais, liberando água durante os meses mais quentes. Sua diminuição
ameaça o fornecimento de água para bilhões de pessoas, especialmente na Ásia e na
América do Sul (Pritchard41
).
O recuo e desaparecimento de glaciares em montanhas globais são evidências
contundentes do aquecimento terrestre. 2020 marcou o 33º ano seguido em que,
segundo o Serviço Mundial de Monitoramento de Glaciares (WGMS), os glaciares
perderam gelo. Esses glaciares remanescentes datam da última era glacial, tendo
movimentado-se por continentes e se estabilizado nas regiões polares há cerca de
10.000 anos. Embora mantos de gelo ainda cubram Groenlândia e Antártica, muitos
glaciares reduziram-se a zonas montanhosas. Em locais como o oeste dos EUA,
América do Sul, China e Índia, os glaciares servem como reservatórios congelados,
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essenciais para o abastecimento de água de milhões e para os ecossistemas circundantes.
A rápida retração, devido às mudanças climáticas, apresenta desafios significativos para
a humanidade e o meio ambiente (Pelto & WGMS39
).
b. Neve em declínio e suas implicações. A neve é crucial para o clima global e o
ciclo da água, influenciando o equilíbrio energético da Terra, atmosfera e condições do
solo. Através do seu feedback de albedo (índice de reflexão dos raios solares. Quanto
maior a reflexão, menor será o calor acumulado), equilibra a temperatura atmosférica e
afeta as condições climáticas. Hidrologicamente, a neve acumula água no inverno e a
libera durante o derretimento na primavera, beneficiando mais de um bilhão de pessoas
que dependem dessa água e dos serviços ecossistêmicos associados. Com o
aquecimento global, as mudanças na temperatura e precipitação já afetaram a
acumulação e características da neve mundialmente. Aumentos de temperatura levam a
menos dias frios, menos neve e mais chuvas no inverno, resultando em menos retenção
de água e escassez no início do verão em zonas frias. No entanto, o declínio na
cobertura de neve pode amplificar o aquecimento devido ao menor albedo. Futuras
previsões apontam que a relação entre precipitação e derretimento no inverno
determinará se a acumulação de neve aumentará ou diminuirá com as mudanças
climáticas (Irannezhad et al27
).
3.4.3 AUMENTO DAS TAXAS DE EVAPORAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO
O aumento das temperaturas leva a taxas elevadas de evaporação, afetando os
níveis de água em reservatórios e lagos e aumentando o estresse hídrico em plantas. O
efeito estufa, intensificado pelos gases de estufa, provoca o aumento da temperatura
média global, repercutindo diretamente nas fronteiras climáticas. Esse aquecimento tem
consequências como diminuição das chuvas, esgotamento das águas subterrâneas,
lagoas secas e redução do escoamento superficial. Em combinação com o crescimento
populacional e a urbanização, essas alterações climáticas ameaçam a vida humana, o
meio ambiente e, principalmente, os recursos hídricos - essenciais para a sobrevivência.
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Nas zonas áridas e semiáridas, onde os ecossistemas são particularmente frágeis, a perda
de água é ampliada pela evaporação, colocando em risco a continuidade desses habitats
(Bazzi et al7
).
3.4.4 A SUBIDA DO NÍVEL DO MAR E A INTRUSÃO DE ÁGUA SALGADA
NAS FONTES DE ÁGUA DOCE
O aumento do nível do mar resultante do derretimento do gelo polar e da
expansão térmica dos oceanos ameaça contaminar fontes de água doce com água
salgada, especialmente em áreas costeiras (Nicholls & Cazenave36
).
É amplamente aceito que a elevação do nível do mar, uma das principais
consequências das mudanças climáticas, representa uma ameaça significativa para
muitos países. As zonas costeiras, lar de cerca de 10% da população global, estão em
risco crescente de inundações frequentes e, possivelmente, de submersão permanente.
Além disso, com a ascensão do mar, ocorre uma intrusão mais regular e extensa da água
salgada em ecossistemas de água doce, aumentando o risco de salinização dos solos
costeiros, especialmente devido à maior incidência de marés elevadas e eventos
climáticos extremos (Mazhar et al35
).
3.4.5 ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DA ÁGUA
A variabilidade climática tem um impacto profundo na saúde global,
especialmente nos países em desenvolvimento. Essas mudanças, que incluem alterações
nos padrões de precipitação, aumento das temperaturas, inundações e secas, afetam os
recursos hídricos, exacerbando problemas relacionados a doenças transmitidas pela
água, como dengue, chikungunya, malária e cólera. Os países em desenvolvimento são
particularmente vulneráveis a esses desafios, com catástrofes climáticas afetando seu
crescimento econômico e colocando pressão sobre populações já desprotegidas. Mais de
2,5 bilhões de pessoas estão em risco de contrair dengue, e a demanda global por água e
alimentos está projetada para aumentar significativamente até 2050. Desafios como
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pobreza, distribuição desigual de recursos e má gestão agravam o cenário. A
necessidade de estratégias de adaptação e mitigação é evidente, dada a ameaça que a
variabilidade climática representa para a saúde pública e a qualidade da água,
particularmente em áreas costeiras e recreativas. A gestão sustentável da água emerge
como uma prioridade diante dessas mudanças (Ahmed3
).
3.4.6 MAIOR OCORRÊNCIA DE EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS
A frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como secas e
inundações, estão aumentando. Eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor e
incêndios florestais, estão causando danos crescentes à saúde humana e propriedades.
Em 2019, ocorreram 396 desastres globais, resultando em perdas de quase $130 bilhões
de dólares. A Ásia foi a região mais impactada, enquanto inundações e tempestades
foram os principais causadores. As mudanças climáticas, impulsionadas por emissões
humanas e alterações no uso do solo, intensificam esses fenômenos extremos. Os riscos
surgem da combinação de perigos naturais, exposição humana e vulnerabilidade das
comunidades. Um desastre, definido como um evento que ultrapassa a capacidade de
resposta de uma comunidade, não requer necessariamente um evento climático extremo;
áreas vulneráveis podem ser gravemente impactadas por eventos moderados. Em 2019,
a América do Norte enfrentou desafios significativos, como o furacão Dorian, com
perdas de U$55 bilhões. O aumento dos desastres nas últimas décadas é devido ao
aumento da exposição, vulnerabilidade e alterações climáticas. Desde 1980, os EUA
sofreram 265 desastres, custando mais de U$1,775 trilhões e resultando em uma
estimativa de 14.223 mortes (Ebi et al14
).
1 Secas e suas consequências. Secas prolongadas afetam a disponibilidade
de água, reduzem a produção agrícola e podem levar à degradação da terra. A seca, um
evento climático que se desenvolve gradualmente, é um dos desastres naturais mais
danosos, trazendo consigo consequências como incêndios florestais, escassez de água,
perdas agrícolas e aumento nos preços dos alimentos. Os efeitos das secas são sentidos
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em diversos aspectos, desde a saúde humana até os ecossistemas e recursos hídricos. As
mudanças climáticas, combinadas com a degradação do solo, estão intensificando a
frequência e gravidade das secas, com um aumento de 29% desde 2000, afetando 55
milhões de pessoas anualmente. Em um cenário onde mais de 2,3 bilhões de pessoas já
enfrentam estresse hídrico, as secas representam uma grave ameaça global.
Recentemente, agências como a OMM alertaram sobre a ameaça iminente de fome na
África Oriental devido à falha de quatro estações chuvosas consecutivas, um fenômeno
não registrado há pelo menos 40 anos, afetando regiões da Somália, Quênia e Etiópia
(WMO59
).
2 Inundações e desafios associados. Inundações podem causar danos a
infraestruturas, perda de vidas e propriedades, e podem contaminar fontes de água
potável (Hirabayashi et al., 2013). De acordo com o IPCC, espera-se um aumento nas
chuvas intensas, elevando as chances de enchentes e deslizamentos. No Brasil, os
estados do Acre, Rondônia, sul do Amazonas e Pará enfrentam riscos maiores de
inundações mais frequentes e intensas. Um aquecimento de 1,5ºC pode dobrar ou até
triplicar a população impactada por inundações em países como Brasil, Argentina e
Colômbia, enquanto no Equador esse número poderia aumentar em 300% e no Peru em
400% (IPCC26
).
3.5 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS
Se as emissões de gases do efeito estufa não diminuírem significativamente, o
impacto econômico das mudanças climáticas até o final do século será devastador. O
relatório do IPCC prevê redução na produção agrícola, aumento nos preços das
commodities e danos à infraestrutura urbana, levando a uma queda do PIB global de até
23%. Economias maiores, como China e Índia, poderiam ver declínios de até 42% e
92% respectivamente. No Brasil, já afetado por uma redução de 13,5% no PIB devido
às mudanças climáticas desde 1991, a queda pode alcançar 83% (IPCC26
).
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3.5.1 IMPACTOS NA AGRICULTURA E NA SEGURANÇA ALIMENTAR
As mudanças climáticas, com variações na precipitação e aumento das
temperaturas, estão diretamente ligadas à produção agrícola, que enfrenta desafios
crescentes em manter a produtividade e a segurança alimentar (Lobell et al.32
). A
redução da produção agrícola ameaça diretamente o fornecimento de alimentos, com
riscos crescentes de perdas de colheitas devido a eventos climáticos extremos, se as
emissões não forem controladas, conforme aponta o relatório do IPCC26
. Esse cenário,
somado à escassez de água, pode intensificar tensões sociais e conflitos. Culturas
globais, como o milho, enfrentam até 86% de chance de ter perdas significativas
anualmente. No Brasil, setor agrícola vital para o PIB, poderá sofrer grandes impactos:
expectativas de queda de 21% na produção de trigo e 10% na de milho, podendo chegar
a 71% para o milho no Cerrado, além de desafios na pecuária e pesca26
.
A insegurança alimentar é exacerbada por ondas de calor extremo, afetando
diretamente a renda diária de milhões. Um estudo da revista Nature Human Behaviour
(Kroeger31
) revelou que uma semana de calor intenso na Índia resulta em oito milhões a
mais de pessoas enfrentando grave insegurança alimentar. Esse fenômeno é prevalente
em zonas tropicais e subtropicais, afetando principalmente aqueles que são pagos por
produção, como as mulheres em Bengala Ocidental que, sob extremo calor, podem
perder até 50% de seus ganhos diários. Países de baixa renda, com alta concentração de
empregos agrícolas, são os mais atingidos. Em 2021, o calor extremo causou a perda de
470 bilhões de horas de trabalho globalmente. O IPCC prevê que, até 2080, centenas de
milhões enfrentarão ao menos 30 dias de calor extremo anualmente.31
3.5.2 O DESAFIO DOS SISTEMAS URBANOS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA
O rápido crescimento urbano, em conjunto com as mudanças climáticas, cria
desafios significativos para os sistemas urbanos de abastecimento de água. As cidades
enfrentam o risco de escassez de água e também problemas de qualidade da água. O
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agravamento das mudanças climáticas e a alteração no padrão de chuvas ameaçam os
habitantes urbanos, especialmente devido à falta de planejamento e ao crescimento
desordenado das cidades. A alta densidade populacional, deficiências de infraestrutura,
impermeabilização do solo, escassez de vegetação e o aumento da climatização e
transportes individuais intensificam os efeitos climáticos nas áreas urbanas. Esses
fatores, combinados com chuvas intensas focadas em pequenas áreas, podem causar
danos significativos em zonas com grande impermeabilização do solo (Sarra &
Mülfarth44
).
No Brasil, à medida que os impactos das mudanças climáticas se intensificam, a
Região Metropolitana de São Paulo enfrenta potenciais agravamentos em sua crônica
escassez de água, seja por enchentes decorrentes de chuvas intensas ou por períodos
prolongados de seca que afetam o abastecimento e outros usos vitais. É crucial melhorar
a governança da água na região, envolvendo o poder público, a população e as
empresas, para planejar proativamente e mitigar futuros efeitos climáticos adversos
(Jacobi et al28
).
3.5.3 PRODUÇÃO DE ENERGIA
A variabilidade hídrica, consequência das mudanças climáticas, coloca em risco
a produção de energia, especialmente a hidrelétrica, que é altamente dependente dos
fluxos fluviais. A energia hidrelétrica, principal fonte renovável mundialmente e de
destaque na África Ocidental, é vista como solução para combater as mudanças
climáticas devido à sua capacidade de reduzir emissões. A região apresenta um
crescimento notável nessa energia, mas ainda possui 19% de seu potencial inexplorado,
com países como Costa do Marfim tendo vasta capacidade ociosa. Entretanto, a geração
hidrelétrica é intrinsecamente ligada à disponibilidade de água, influenciada pelo clima.
Variações climáticas, como alterações na precipitação e temperatura, impactam
diretamente a capacidade de geração. Eventos extremos, como secas e inundações,
agravam essa vulnerabilidade. Globalmente, regiões como Califórnia, Brasil e China
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enfrentam desafios similares na geração hidrelétrica devido à instabilidade climática
(Obahoundje37
).
A principal fonte de eletricidade no Brasil é a hidrelétrica, inserida em uma
matriz elétrica majoritariamente renovável, que representou 83% da oferta de
eletricidade em 2019. Contudo, essas fontes são sensíveis a variações climáticas.
Mudanças nos padrões de chuva e aumento de temperatura afetam o processo
hidrelétrico, influenciando a evapotranspiração, o escoamento e a evaporação dos
reservatórios. Isso torna a geração hidrelétrica susceptível a eventos extremos, como
longas estiagens, apresentando riscos à segurança energética brasileira (Vasquez-
Arroyo55
).
3.5.4 DESLOCAMENTO E CONFLITO POR RECURSOS HÍDRICOS
O estresse hídrico pode levar ao deslocamento de populações, exacerbando
tensões e potencialmente levando a conflitos, especialmente em regiões onde os
recursos hídricos são compartilhados entre diferentes nações ou grupos (Gleick18
).
Nos últimos anos, houve uma transformação profunda na natureza e escala da
migração provocada por fatores ambientais. Esta migração, crescentemente
reconhecida, emergiu como um dos desafios centrais do século 21, sendo crucial para
alcançar um desenvolvimento sustentável. Tal mudança decorre da evolução na
degradação ambiental, com problemas como mudanças climáticas, perda de
biodiversidade, poluição de rios e oceanos, degradação do solo e desmatamento
intensificando o estresse nos ecossistemas globais. Dentre eles, as alterações climáticas
destacam-se como uma ameaça significativa, pois, embora não provoquem diretamente
deslocamentos, exacerbam os impactos ambientais e as vulnerabilidades existentes
(Přívara & Přívarová42
).
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3.5.5 CUSTOS E IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS
As consequências das mudanças climáticas nos recursos hídricos têm
implicações econômicas substanciais, incluindo danos à infraestrutura, perda de
produtividade agrícola e custos relacionados à saúde.
As mudanças climáticas, por se tornarem um dos desafios mais significativo do
século XXI, demandam uma transição para o desenvolvimento sustentável. Elas
representam uma externalidade negativa econômica, já que os gases são liberados sem
custo para a economia. Por isso, políticas públicas são necessárias para corrigir as falhas
de mercado que intensificam as consequências econômicas, sociais e ambientais. A
América Latina e Caribe, apesar de ter contribuído minimamente para as mudanças
climáticas, é altamente vulnerável devido à sua geografia, clima e fatores
socioeconômicos. Os custos econômicos estimados para a região, devido a tais
mudanças, variam entre 1,5% e 5% do PIB até 2050, impactando desigualmente
diferentes áreas. As soluções demandam ações imediatas, já que o padrão atual de
desenvolvimento é insustentável. O crescimento na região, pautado nas exportações e
recursos naturais, trouxe benefícios sociais, mas gerou externalidades como poluição e
mudanças climáticas, ameaçando o desenvolvimento sustentável (ECLAC15
).
3.5.6 EFEITOS NO COMBATE A POBREZA
As mudanças climáticas, com seus eventos extremos como tempestades,
inundações, estresse térmico e secas, têm potencial para reverter avanços na luta contra
a pobreza, principalmente nas regiões mais suscetíveis. Um relatório do Banco Mundial
estima que entre 32 e 132 milhões de indivíduos possam ser empurrados para a extrema
pobreza até 2030 por conta desses impactos (World Bank60
).
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3.6 ESTUDOS DE CASO REGIONAIS
3.6.1 REGIÕES ÁRIDAS
No Oriente Médio, especialmente no vale do Jordão, a escassez de água já é uma
realidade. A combinação de demandas crescentes de uma população em rápido
crescimento e as reduções na disponibilidade de água devido às mudanças climáticas
estão exacerbando as tensões na região.
Nos países com escassez de água, as mudanças climáticas exacerbam a
segurança alimentar, visto que grande parte da água é destinada à agricultura. Cada
pessoa requer diversos litros de água diariamente, variando conforme o uso e o tipo de
dieta. A Jordânia, por exemplo, enfrenta um desafio notável nesse contexto: está entre
os quatro países mais secos do mundo, com sua disponibilidade de água muito abaixo
dos padrões internacionais. As mudanças climáticas, aliadas à sua localização
geográfica e ao rápido crescimento populacional devido ao influxo de refugiados,
amplificam a pressão sobre seus escassos recursos hídricos e terrestres. Estes fatores
conjuntos intensificam os desafios do desenvolvimento sustentável na Jordânia. (Al-
Bakri et al4
)
Outras regiões, como o Nordeste brasileiro estão experienciando períodos
prolongados de seca com mais frequência, com um aumento de 65% nos meses de
estiagem entre 2010 e 2019 em relação à década de 1950. Segundo o IPCC, as
alterações climáticas tendem a intensificar esse cenário, podendo resultar em uma
redução de até 22% nas chuvas no Nordeste neste século, caso as emissões de gases do
efeito estufa continuem altas26
.
3.6.2 REGIÕES GLACIARES
O rápido derretimento das geleiras do Himalaia ameaça a produção agrícola e o
sustento de aproximadamente 129 milhões de agricultores que confiam na água desses
degelos. As bacias dos rios Indo, Ganges e Brahmaputra, com uma população de mais
de 900 milhões, são extremamente dependentes dessa água derretida para irrigação,
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especialmente em períodos de seca. Durante a estação seca, até 60% da água usada para
irrigação provém do derretimento dessas montanhas. Diante do possível
desaparecimento de um terço do gelo no Himalaia até o final do século e da aceleração
do derretimento das geleiras, a adaptação agrícola torna-se urgente. As estratégias,
como a coleta de águas pluviais ou a utilização de águas subterrâneas, podem atenuar
parcialmente o problema, mas não são soluções completas. Culturas como o algodão,
que demanda muita água, podem precisar ser replanejadas. Estudos destacam a
importância de se fornecer informações quantitativas para tomadores de decisão e
buscar estratégias de adaptação à emergente crise hídrica (Biemans8
).
3.6.3 REGIÕES COSTEIRAS E ILHAS VULNERÁVEIS À SUBIDA DO
NÍVEL DO MAR
No Panamá, uma comunidade indígena vive no presente uma situação,
provocada pelas mudanças climáticas, que tende a ser tornar comum em muitas regiões
costeiras e ilhas. A comunidade indígena de Cartí Sugdupu, situada no arquipélago de
Guna Yala no Caribe panamenho, enfrenta desafios prementes devido às mudanças
climáticas e ao consequente aumento do nível do mar. Esta ilha, que abriga mais de mil
habitantes em uma área comparável a cinco campos de futebol, sem acesso a água
potável e saneamento adequado, está prevista para ser submersa até 2050. Enquanto a
economia local depende da pesca, turismo e cultivo de mandioca e banana, a elevação
do mar já resulta em inundações regulares, ameaçando a vida e a subsistência dos
habitantes. Reconhecendo essa vulnerabilidade, o governo panamenho, em colaboração
com a comunidade, tem um plano em andamento para realocar 300 famílias para uma
área de 22 hectares em terra firme até o início de 2024. Este cenário, infelizmente, não é
exclusivo de Cartí Sugdupu, pois muitas das 49 ilhas habitadas de Guna Yala, com
altitudes entre 50 centímetros e um metro, correm o risco de submersão até o final deste
século devido às consequências das mudanças climáticas (AFP2
).
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Problema semelhante ocorre em maior escala e maior complexidade com as
Maldivas, um arquipélago deslumbrante no Oceano Índico composto por mais de 1.100
ilhas de coral, e que são amplamente reconhecidas como um destino paradisíaco. No
entanto, este refúgio está sob grave ameaça devido às mudanças climáticas. Sendo a
nação mais baixa do mundo, a subida do nível do mar representa um risco existencial.
Estudos indicam que quase 80% do país pode tornar-se inabitável até 2050. Embora
muitas das ilhas turísticas sejam bem conhecidas, são as ilhas habitadas pelos maldivos
locais que mais sofrem. A erosão severa afeta mais de 90% das ilhas, e a água doce
subterrânea, vital para a sobrevivência, está se tornando cada vez mais escassa. A
cultura das Maldivas está profundamente ligada aos seus recifes de coral. Em 2016, um
evento de branqueamento devastou 60% desses recifes. Sem eles, as ilhas estão
desprotegidas contra a erosão e o aumento do nível do mar. O governo das Maldivas
tem feito esforços significativos para entender e combater esses desafios. Mais da
metade do orçamento nacional é alocado para medidas de adaptação às mudanças
climáticas. Os recifes de coral, que podem absorver até 97% da energia das ondas,
tornando-se um escudo natural contra a erosão, estão no centro das preocupações, já que
a perda contínua desses recifes pode expor ainda mais as ilhas (Manzo et al34
).
A vulnerabilidade das Maldivas também é agravada pela sua geologia. Com uma
média de apenas 1,5m acima do nível do mar, as ilhas são morfologicamente instáveis,
sujeitas a mudanças constantes devido a padrões climáticos e geológicos. Estas
transformações naturais são desafios monumentais para as comunidades locais, cuja
infraestrutura pode não resistir ao aumento da erosão. Com a intensificação prevista dos
eventos climáticos, como tempestades mais fortes e frequentes inundações, a vida e a
propriedade nas Maldivas estão em risco. As práticas e materiais de construção
tradicionais podem não ser adequados para enfrentar esses desafios emergentes. É
imperativo que as Maldivas, juntamente com a comunidade global, busquem soluções
inovadoras para preservar este país insular e seu património único, pois se as projeções
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climáticas atuais se mantiverem, as Maldivas poderão desaparecer como nação nos
próximos 150-200 anos (CDS10
).
3.7 ESTRATÉGIAS DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO
3.7.1 MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO E EFICIÊNCIA DA ÁGUA
Comunidades urbanas, fazendas, empresas e ecossistemas requerem acesso a
água limpa. Com o crescimento populacional, mudanças climáticas e redução da oferta
de água, métodos tradicionais tornam-se menos viáveis. É necessária a adoção de
tecnologias e políticas de conservação e busca de fontes alternativas, como captação de
chuva, reuso de água e dessalinização. Embora o tratamento e reuso de água e a coleta
de águas pluviais tenham custos elevados por unidade, são menos onerosos do que a
dessalinização da água do mar, a opção mais cara (Cooley et al12
). Promover a eficiência
do uso da água em setores agrícolas e urbanos é vital para enfrentar os desafios da
escassez de água amplificados pelas mudanças climáticas.
3.7.2 GESTÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E ESTRATÉGIAS DE
RECARGA
A gestão participativa das águas subterrâneas é valorizada pela sua eficiência,
equidade e sustentabilidade, favorecendo o envolvimento da comunidade no seu
monitoramento e gestão. Em regiões áridas e semiáridas, a água subterrânea é vital para
agricultores devido à imprevisibilidade da precipitação. Na Índia, a dependência da
agricultura em águas subterrâneas superou a de águas superficiais, sendo também
responsável por fornecer 90% da água potável em áreas rurais. A adoção de políticas
para recarga gerenciada de aquíferos, educação e conscientização são imperativas. A
colaboração entre cientistas sociais e especialistas em água é crucial para enfrentar
desafios futuros. A gestão liderada por agricultores em nível local, combinada com
práticas agrícolas eficientes, pode prevenir a extração excessiva. Uma abordagem
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transdisciplinar ajuda a desmistificar a ciência das águas subterrâneas, facilitando a
transferência de conhecimento para as comunidades (Jadeja29
).
3.7.3 ADAPTAÇÕES DE INFRAESTRUTURA
O desenvolvimento e a adaptação de infraestruturas hídricas são essenciais para
garantir a segurança hídrica, especialmente em face da variabilidade climática crescente
(Bates et al6
). Segundo a Global Water Partnership21
, segurança hídrica pode ser
entendida como a disponibilidade de quantidade e qualidade aceitáveis de água para a
saúde, os meios de vida, os ecossistemas e a produção, associada a um nível aceitável de
riscos relacionados com a água para as pessoas, as economias e o meio ambiente.
Inicialmente, as estratégias contra as mudanças climáticas focavam na mitigação,
reduzindo os gases de efeito estufa. Entretanto, recentemente, a adaptação ganhou
destaque, buscando ajustar sistemas humanos e naturais aos impactos previstos dessas
mudanças. O IPCC define adaptação como ajustes a estímulos climáticos que reduzem
danos ou aproveitam oportunidades. No setor da água, algumas estratégias incluem:
captação de água da chuva, conservação, reuso, dessalinização e maior eficiência em
seu uso, especialmente na irrigação, responsável por 69% da captação de água doce
mundial. A adaptação hídrica não só responde às mudanças climáticas, mas também traz
benefícios sociais e econômicos, fortalecendo a resiliência a eventos climáticos
extremos e conservando recursos hídricos em diversos cenários possíveis (Elliot et al16
).
3.7.4 GESTÃO TRANSFRONTEIRIÇA DOS RECURSOS HÍDRICOS
Metade da população mundial vive em 310 bacias hidrográficas e lacustres
transfronteiriças entre 151 nações. Contudo, 60% dessas bacias carecem de estruturas de
cooperação para compartilhar água. A Convenção das Nações Unidas de 1997 destaca a
importância do compartilhamento de dados hídricos para fomentar confiança entre
nações, mitigar conflitos e promover melhorias ambientais, econômicas e sociais. Até
2050, com uma população prevista de 9 bilhões, o foco tem se voltado para a gestão de
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recursos hídricos compartilhados. Relações entre nações ribeirinhas são influenciadas
por fatores como desenvolvimento econômico e diferenças socioeconômicas, oscilando
entre cooperação e conflito. Em um cenário de mudança climática, a gestão eficiente da
água se torna crucial, e o modo como os dados são compartilhados e validados é
desafiador devido às relações internacionais e avanços tecnológicos (Sarfaraz et al43
).
3.7.5 INCORPORAR PRÁTICAS AGRÍCOLAS RESILIENTES AO CLIMA
Para um desenvolvimento agrícola sustentável, é essencial basear investimentos
em evidências sobre riscos climáticos. A resiliência climática refere-se à habilidade de
um sistema agrícola em antecipar, adaptar e se recuperar dos efeitos das mudanças
climáticas, sejam eles graduais, como alterações na temperatura e padrões de chuva, ou
abruptos, como inundações e tempestades. Fortalecer a resiliência exige estratégias de
mitigação, adaptação e uma tomada de decisão transparente com a participação de todos
os envolvidos. Algumas práticas agrícolas recomendadas incluem: cultivar variedades
resistentes ao calor, minimizar o estresse térmico nas fases cruciais das plantas, encurtar
o ciclo de crescimento, adotar irrigação por gotejamento e usar água de forma eficaz,
preferindo irrigar nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde para reduzir a
evaporação (Alvar-Beltrán et al5
).
3.7.6 AUMENTAR A CONSCIENTIZAÇÃO E CONSTRUIR A RESILIÊNCIA
DA COMUNIDADE
A conscientização e a educação das comunidades sobre as mudanças climáticas e
as estratégias de adaptação são fundamentais para construir resiliência local (Adger1
).
As comunidades vulneráveis às mudanças climáticas devem se adaptar para
fortalecer sua resiliência. Embora políticas governamentais sejam cruciais, a
sensibilização e capacitação da comunidade são igualmente importantes. Para um
planejamento eficaz contra as mudanças climáticas, o envolvimento público é vital. O
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destaca que catástrofes
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naturais, como inundações, secas e incêndios florestais, são impulsionadas pelas
alterações climáticas. Assim, os governos enfrentam o desafio de mobilizar apoio
público, tornando essencial conscientizar e informar as comunidades sobre os riscos
(Khatibi et al30
).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, enfatizamos os sérios impactos das mudanças climáticas nos
recursos hídricos. As mudanças climáticas são urgentes e afetam de maneira desigual
regiões e pessoas em todo o mundo. O estudo confirmou que as mudanças climáticas
têm amplas implicações nos recursos hídricos globais. Padrões de precipitação
alterados, derretimento acelerado das geleiras e o aumento da evaporação têm colocado
os recursos hídricos sob estresse significativo. Ademais, os impactos socioeconômicos,
que vão desde desafios na segurança alimentar até deslocamentos e potenciais conflitos,
não podem ser subestimados.
O gerenciamento eficaz dos recursos hídricos requer a colaboração entre
cientistas, formuladores de políticas e a comunidade em geral. A implementação de
estratégias adaptativas e de mitigação, com base nas lições aprendidas através de
estudos de caso regionais, é imperativa. O envolvimento comunitário e a
conscientização também são cruciais para garantir a resiliência local.
A preservação dos recursos hídricos não é apenas uma questão de segurança
ambiental, mas também uma necessidade para a sobrevivência humana. A gestão
sustentável da água é crucial para enfrentar esses desafios e requer ação global, redução
de emissões e igualdade de gênero. Com a trajetória atual das mudanças climáticas, é
urgente adotar medidas para proteger esses recursos, garantindo um futuro sustentável.
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