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I – Introdução
1. A globalização é um fenômeno muito amplo. A reflexão que se faz aqui visa
apresentar considerações mínimas que ajudem a formar uma ótica que permita
considerar, analisar e discernir os demais temas que serão abordados. Obviamente,
a questão da globalização exige um posicionamento ético específico tanto em
termos pessoal, social e eclesial. Não se pode esquecer, porém, que ela tem grande
influência sobre os demais temas que trataremos.


II - O nascimento da globalização
2. Não é tão simples determinar o momento que surge a globalização. Tudo
depende de como definimos o termo globalização. Se definirmos a globalização
como um processo de crescimento e intensificação de interações em todos os
níveis da sociedade, então teremos de buscar a data de nascimento da globalização
nos séculos XV-XVI.
3. Com as grandes navegações teve início um intercâmbio entre o “Velho Mundo”
e o “Novo Mundo”, recém descoberto. No ano de 1521, Fernão de Magalhães faz,
pela primeira vez, uma viagem completa em volta do globo, comprovando
empiricamente que a terra era arredondada.
4. O renascimento do comércio ocorrido na Europa na Idade Média passa a
assumir proporções cada vez maiores. As circunavegações foram, simbólica e
efetivamente, os primeiros eventos globais. A partir disso tem início a expansão
marítima da economia e da cultura européia e verifica-se uma verdadeira revolução
comercial. Contudo, é neste período que se determina em termos geopolíticos os
papéis das diversas economias. As inúmeras colônias dos países europeus
2
fornecerão matérias primas e consumirão produtos elaborados na nascente
indústria do “Velho Mundo”. A economia das colônias dependia da das metrópoles
européias. As colônias estão inseridas na nascente economia mundial pela vida da
dependência. Este período é o mais longo, pois vai de meados do século XV até
meados do século XIX (1450-1850). Os últimos séculos deste período
testemunharão o que se convencionou chamar de “Revolução Industrial” (século
XVIII), pois alterou de forma substancial a maneira de se produzir bens e gerar
riqueza.
5. Na fase seguinte, de menor duração (1850-1950), acentua-se o processo de
colonização por outros meios. A nascente indústria vai consolidando-se e os
mecanismos de dependência das economias periferias (entrementes, ex-colônias,
pois conquistam a independência política) vão sendo transformados e
aprofundados. Neste período ocorrem as duas grandes guerras mundiais (1914-
18/1939-1945), que, ao final, provocarão enormes transformações em todos os
níveis. A geopolítica mundial será profundamente alterada e o fim da 2ª Guerra
assistirá a ascensão do grande império norte-americano, os EUA. Após a 2ª Guerra
a economia mundial entrará em uma espiral de prosperidade de grande duração
(1945-1970). Tudo havia sido feito para que o novo sistema funcionasse. No
apagar das luzes da 2ª Guerra, em 1944, a Conferência Internacional de Bretton
Woods colocou as bases econômicas da nova fase, criando um sistema monetário
mundial que tomava por lastro, base, o dólar (e não mais o ouro, como tinha sido
até então). A Conferência criou também o Fundo Monetário Internacional (FMI) e
o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD. Hoje o
nome é Banco Mundial). As moedas dos diversos países deveriam manter uma
relação fixa com o dólar americano.
6. O FMI tinha a incumbência de dar apoio e assistência aos países que não
conseguissem sustentar esta relação da moeda local com o dólar. Tanto o FMI
como o BIRD trabalha para fazer com que o novo sistema funcionasse. Até dois
anos atrás ainda falávamos e discutíamos as receitas de ajuste cambial propostas
pelo FMI. O fato é que o longo ciclo de crescimento do capitalismo começa a
3
apresentar problemas a partir dos anos 70. Na América Latina, os ajustes
econômicos para inserir as economias locais no capitalismo mundial significaram o
banimento da democracia. O autoritarismo dos regimes militares foi a contraparte
dos ajustes econômicos. No Brasil, estes ajustes produziram o famoso período do
“milagre econômico”: estradas, hidrelétricas, comunicações e indústrias. O país foi
aberto para o capital estrangeiro, pois se entendia, dentro da cartilha do ajuste, que
isto promoveria o progresso.
7. Contudo, depois da década de 70, o fluxo de capital entre países aumentou
vertiginosamente e as políticas econômicas com finalidades domésticas (ajuste das
economias locais) fizeram com que o valor das moedas começasse a flutuar,
gerando instabilidade nas relações financeiras entre os países. Estas mudanças
romperam o equilíbrio que permitiu o longo período de prosperidade
experimentado até então.
8. As crises nas economias dos países foram acontecendo sem que as diversas
receitas do FMI conseguissem gerar superação da pobreza, do atraso e dos
problemas que foram se tornando crônicos (analfabetismo, doenças, instabilidade
política, etc.). Ao final destas inúmeras tentativas de arrumar as economias
periféricas, o saldo foi o endividamento desses países com o sistema financeiro
internacional. As dívidas geraram juros astronômicos, cujo pagamento somente
tornava mais complexa a dificuldade dos países que empobreciam cada vez mais.
9. Nos anos 60, uma teoria, desenvolvida na Comissão Econômica das Nações
Unidas para a América Latina (CEPAL) nos anos50, tornou-se a matriz explicativa
da situação crônica do atraso das economias periféricas. Era a "teoria da
dependência" que explicava o atraso dos países periféricos pela forma de inserção
subordinada dos países periféricos na economia mundial. Eles exportavam matéria
prima que, processada pelos países que detinham a tecnologia industrial, retornava
como produtos com um enorme valor agregado, criando uma assimetria nas
relações. Todos os mecanismos da economia funcionam de maneira a manter os
países periféricos subdesenvolvidos. O FMI estava a serviço desta lógica e sua
participação era parte do problema e não da solução. Evidentemente, os esforços
4
das economias periféricas na direção da industrialização eram sempre minados e
cooptados pelos mecanismos do sistema capitalista mundial.
10. Os sucessivos problemas dos países periféricos indicavam uma nova realidade
do mercado capitalista: a volatilidade dos fluxos de capital (o dinheiro circulava
pelas bolsas de valor do mundo com uma velocidade espantosa). O primeiro grave
sinal disso foi a crise financeira do México em 1982. Diante de aparentes
dificuldades na economia mexicana, especuladores retiraram, em ritmo alucinante,
seus investimentos, inviabilizando a economia do país.
11. Certos de que o problema era a incapacidade dos países subdesenvolvidos para
lidar com esta velocidade de fluxo do dinheiro e as novas demandas de uma
economia cada vez mais conectada, o FMI foi incumbido de estabelecer um
receituário para que estes países se integrassem na economia mundial e se
beneficiassem dela. O receituário, que em 1989 foi definido como "Consenso de
Washington", previa as seguintes terapias econômicas: corte de gastos públicos,
desvalorização das moedas locais, diminuição das tarifas públicas, equilíbrio
macroeconômico, liberalização da economia abrindo-a ao capital estrangeiro e
privatização das empresas públicas (estatais).
12. Então, após 1989, a globalização passou a ser palavra de ordem. Para uns a
palavra indicava a nova face sorridente e promissora do capitalismo. Para outros,
era a concretização da face mais terrível da economia capitalista, presente agora
em todos os recantos do globo.
                                  Períodos da Globalização

               Data                Período                     Caracterização

               1450-1850   Primeira fase            Expansionismo mercantilista

               1850-1950   Segunda fase             Industrial-imperialista-colonialista

                                                    Imperial-Desenvolvimentista-
               1950-1988   Terceira fase
                                                    financeira

               Pós 1989    Globalização Recente     Cibernética-tecnológica-associativa
5
III – Características da globalização
13. Para que fique claro em que a globalização altera as antigas formas de
interação social e de intercâmbio de bens, convém apresentar algumas
características marcantes. De saída, é importante ter em mente que a globalização é
um fenômeno multidimensional. Portanto, ainda que importante, não se restringe
aos aspectos econômicos, mas inclui aspectos culturais, tecnológicos, políticos e
culturais.
•     A nova economia e o mercado total. A mudança na geopolítica mundial
      com o fim dos estados-nação potencializou a transnacionalização dos
      capitais e intensificou a mobilidade das plantas industriais. Dinheiro volátil e
      indústria móvel geraram um novo patamar de produção. Grandes grupos
      econômicos fundiram-se por todo o globo, procurando potencializar sua
      capacidade produtiva. Os produtos perderam a característica do "made in"
      (feito em). Os componentes são feitos em vários lugares diferentes do
      planeta e uma das plantas industriais incumbe-se de montar o produto final.
      As empresas correm atrás de mão-de-obra (formação, custo) e condições
      (infra-estrutura, impostos, incentivos, etc.) adequadas. Isto torna também as
      economias ainda mais interdependentes. Esta tendência levou a um processo
      de concentração crescente dos grupos industriais e dos mercados. Cada vez
      mais há conglomerados industriais gigantescos que controlam segmentos
      inteiros do mercado (alimentos, vestimenta, etc.). Acompanhando estas
      tendências, as diversas economias foram criando mercados comuns (Nafta,
      Mercado Comum Europeu, Mercosul, etc.). Esta nova geopolítica redesenha
      as fronteiras perdidas dos estados-nação, procurando criar novos vínculos e
      fidelidades a serviço do consumo e da criação de uma reserva de mão-de-
      obra cada vez menos necessária. Vale acentuar também que esta nova
      economia do mercado global tem como outro elemento determinante a
      educação. É a competência dos atores econômicos para gerar idéias novas e
      descobrir formas inusitadas de explorar todo o potencial desta nova
      realidade é que faz a diferença.
6
•   A informática e as novas tecnologias de comunicação. O primeiro "chip"
    de computador é de 1969. O uso crescente da informática na produção
    industrial vem produzindo um efeito duplo e contraditório: ao mesmo tempo
    em que aumenta absurdamente a produtividade, elimina mão-de-obra
    (robotização dos processos produtivos). Estas inovações da informática
    avançam num ritmo vertiginoso e transformam exponencialmente a cultura
    produtiva. Somem-se a este fato as tecnologias de comunicação derivadas
    destes avanços na área da informática. A grande novidade é a "internet" que
    toma forma nos anos 80 e é hoje um dado penetrante na vida de um número
    crescente de pessoas. A presença galopante da rede mundial de
    computadores na vida das pessoas tem transformado hábitos de vida, de
    consumo, de leitura, de formação de opinião, etc. A "rede" produziu um
    efeito infraestrutural (aceleração da produção), mas teve inúmeros efeitos
    superestruturais (comunicação, hábitos de consumo, etc.). As inúmeras
    possibilidades de comunicação geradas pela "internet" tem tido efeito
    crescentes sobre a vida das pessoas de uma forma que ainda não se consegue
    avaliar adequadamente. O volume de informação gerado chega às raias do
    absurdo. Como a produção da informação na "rede" é policêntrica, cresce a
    insegurança quanto ao nível de confiabilidade das informações oferecidas. A
    confiabilidade transfere-se, aos poucos, do nível objetivo e verificável das
    informações para o nível afetivo, subjetivo das informações (crescem os
    sites pessoais, os blogs, os fotoblogs, etc.). O impacto destas tecnologias de
    comunicação sobre a velocidade de circulação do dinheiro tornou esta
    situação ainda mais delicada. O dinheiro pode ir de um país a outro (um
    mercado a outro) em uma fração de segundos. Ainda poderíamos refletir
    aqui longamente sobre os impactos econômicos, culturais e políticos da
    biotecnologia.
•   A democracia e o neoliberalismo. O fim das referências alternativas em
    termos de organização social e política colocou o mundo diante de uma
    perspectiva única. Os países desenvolvimentos, desde o período colonial,
7
    exportam junto com os bens produzidos sua concepção de vida social e
    política. Sempre se falou criticamente de um processo de colonização e
    padronização das experiências sociais e políticas. Na atual fase da
    globalização há uma fala a favor da democracia que implica, ao mesmo
    tempo, a adesão às práticas neoliberais em questões de macroeconomia. Esta
    vinculação parece orgânica, natural e inescapável. Na cruzada pela
    implantação conseqüente da democracia de sabor neoliberal emerge a luta
    contra a corrupção. No entanto, a esfera da política propriamente dita é cada
    vez mais reduzida ao espaço da disputa através da mídia, reduzindo tudo a
    imagens. No fundo, a política é esvaziada como a esfera de arbitragem de
    interesses conflitantes e submetida ao critério do espetáculo, em que a
    correção de conduta define as qualidades morais define a índole dos
    personagens (se é do bem ou do mal). Subjacente a este fenômeno está a
    convicção de que a mera implementação dos princípios neoliberais
    promoverá automaticamente a democracia e assegurará a quantidade
    necessária de política que as sociedades precisam.
•   As transformações culturais. O impacto destas mudanças todas sobre as
    relações sociais promove transformações culturais significativas. A
    sociedade globalizada torna-se crescentemente individualista e as novas
    formas de interação têm provocado transformações significativas na
    dimensão afetiva das pessoas. A forma como as pessoas constroem a sua
    identidade está sendo profundamente afetada. Antigas referências (família,
    escola, religião, estado, etc.) não cumprem a mesma função que tinham no
    passado. A religião, por exemplo, vem sendo submetida a um duplo
    processo. Por um lado assiste-se a uma desinstitucionalização da religião. As
    pessoas consomem cada vez mais religião, mas trata-se de uma religião
    (espiritualidade) sob medida para preencher aspectos da composição das
    novas identidades pessoais. Por outro lado, há um movimento contrário.
    Algumas religiões (em alguns casos, matrizes étnicas e culturais também)
    vêm servindo como elemento de cristalização das identidades ameaçadas
8
      pelos processos da globalização, desencadeando reações altamente violentas
      (guerras, ataques terroristas, etc.).


IV – Pautas teológicas para uma abordagem da globalização
14. Inúmeros elementos teológicos podem ser arrolados aqui como princípios
éticos que devem nortear a ação na sociedade globalizada. Alguns merecem ser
destacados aqui.
•     Como globalização intensificou sobremaneira as trocas mercantis, elevando
      o consumo ao posto de ação determinante das subjetividades e convertendo
      o mercado em realidade total que preenche a totalidade da vida e
      identificando-o com a própria realidade, é preciso recuperar noção teológica
      de graça, de gratuidade, de dom e de dádiva (nas formas mais diversas da
      solidariedade e do afeto) como padrões alternativos de organização da vida e
      compreensão da realidade.
•     Como a globalização intensifica enormemente a forma imprudente e
      violenta com que continuamos a lidar com os recursos naturais do planeta é
      fundamental recuperar a noção de criação como categoria ética fundamental.
•     Como a globalização altera e potencializa as formas de comunicação entre
      as pessoas, gerando distorções de toda a ordem, é fundamental enfatizar a
      noção cristã de comunhão como uma categoria geradora de relações de
      comunicação mais integrais.
•     Como a globalização atrela a democracia à implementação dos princípios
      neoliberais, importa recuperar a noção de justiça como categoria ética capaz
      de resguardar os interesses das pessoas excluídas e injustiçadas. A
      compreensão de poder como serviço é de grande ajuda para recompor a
      dimensão política em seu verdadeiro significado.
•     Como a globalização distorce as relações afetivas e embaralha as referências
      fundamentais para construção das identidades individuais, é fundamental
      recuperar a noção do amor como princípio enucleador da constituição da
      pessoa na perspectiva da fé.
9


V - Conclusão
15. A globalização é, segundo a maioria, um processo inevitável. É determinante
que, do ponto de vista da ética, encontremos trincheiras para enfrentar o avanço
destes processos, procurando inocular nas dinâmicas sociais comportamentos
alternativos capazes de assegurar alguma simetria nos processos econômicos,
favorecer a constituição sadia dos indivíduos e promover integridade nas relações
afetivas.

LITERATURA
KRÜGER, René (Ed.). Para que puedan resistir. Las Iglesias luteranas
latinoamericanas frente a la globalización neoliberal y la deuda externa. Buenos
Aires: ISEDET/FLM, 2004. p. 91-106, 141-164.
SCHWARTZMAN, Simon. Pobreza, exclusão social e modernidade. Uma
introdução ao mundo contemporâneo. São Paulo: Augurium, 2004. p. 111-60.

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Globalizacao -uma_introducao

  • 1. 1 A GLOBALIZAÇÃO Economia, injustiça, violência e miséria Valério Guilherme Schaper Faculdades EST Texto didático – Ética I – Introdução 1. A globalização é um fenômeno muito amplo. A reflexão que se faz aqui visa apresentar considerações mínimas que ajudem a formar uma ótica que permita considerar, analisar e discernir os demais temas que serão abordados. Obviamente, a questão da globalização exige um posicionamento ético específico tanto em termos pessoal, social e eclesial. Não se pode esquecer, porém, que ela tem grande influência sobre os demais temas que trataremos. II - O nascimento da globalização 2. Não é tão simples determinar o momento que surge a globalização. Tudo depende de como definimos o termo globalização. Se definirmos a globalização como um processo de crescimento e intensificação de interações em todos os níveis da sociedade, então teremos de buscar a data de nascimento da globalização nos séculos XV-XVI. 3. Com as grandes navegações teve início um intercâmbio entre o “Velho Mundo” e o “Novo Mundo”, recém descoberto. No ano de 1521, Fernão de Magalhães faz, pela primeira vez, uma viagem completa em volta do globo, comprovando empiricamente que a terra era arredondada. 4. O renascimento do comércio ocorrido na Europa na Idade Média passa a assumir proporções cada vez maiores. As circunavegações foram, simbólica e efetivamente, os primeiros eventos globais. A partir disso tem início a expansão marítima da economia e da cultura européia e verifica-se uma verdadeira revolução comercial. Contudo, é neste período que se determina em termos geopolíticos os papéis das diversas economias. As inúmeras colônias dos países europeus
  • 2. 2 fornecerão matérias primas e consumirão produtos elaborados na nascente indústria do “Velho Mundo”. A economia das colônias dependia da das metrópoles européias. As colônias estão inseridas na nascente economia mundial pela vida da dependência. Este período é o mais longo, pois vai de meados do século XV até meados do século XIX (1450-1850). Os últimos séculos deste período testemunharão o que se convencionou chamar de “Revolução Industrial” (século XVIII), pois alterou de forma substancial a maneira de se produzir bens e gerar riqueza. 5. Na fase seguinte, de menor duração (1850-1950), acentua-se o processo de colonização por outros meios. A nascente indústria vai consolidando-se e os mecanismos de dependência das economias periferias (entrementes, ex-colônias, pois conquistam a independência política) vão sendo transformados e aprofundados. Neste período ocorrem as duas grandes guerras mundiais (1914- 18/1939-1945), que, ao final, provocarão enormes transformações em todos os níveis. A geopolítica mundial será profundamente alterada e o fim da 2ª Guerra assistirá a ascensão do grande império norte-americano, os EUA. Após a 2ª Guerra a economia mundial entrará em uma espiral de prosperidade de grande duração (1945-1970). Tudo havia sido feito para que o novo sistema funcionasse. No apagar das luzes da 2ª Guerra, em 1944, a Conferência Internacional de Bretton Woods colocou as bases econômicas da nova fase, criando um sistema monetário mundial que tomava por lastro, base, o dólar (e não mais o ouro, como tinha sido até então). A Conferência criou também o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD. Hoje o nome é Banco Mundial). As moedas dos diversos países deveriam manter uma relação fixa com o dólar americano. 6. O FMI tinha a incumbência de dar apoio e assistência aos países que não conseguissem sustentar esta relação da moeda local com o dólar. Tanto o FMI como o BIRD trabalha para fazer com que o novo sistema funcionasse. Até dois anos atrás ainda falávamos e discutíamos as receitas de ajuste cambial propostas pelo FMI. O fato é que o longo ciclo de crescimento do capitalismo começa a
  • 3. 3 apresentar problemas a partir dos anos 70. Na América Latina, os ajustes econômicos para inserir as economias locais no capitalismo mundial significaram o banimento da democracia. O autoritarismo dos regimes militares foi a contraparte dos ajustes econômicos. No Brasil, estes ajustes produziram o famoso período do “milagre econômico”: estradas, hidrelétricas, comunicações e indústrias. O país foi aberto para o capital estrangeiro, pois se entendia, dentro da cartilha do ajuste, que isto promoveria o progresso. 7. Contudo, depois da década de 70, o fluxo de capital entre países aumentou vertiginosamente e as políticas econômicas com finalidades domésticas (ajuste das economias locais) fizeram com que o valor das moedas começasse a flutuar, gerando instabilidade nas relações financeiras entre os países. Estas mudanças romperam o equilíbrio que permitiu o longo período de prosperidade experimentado até então. 8. As crises nas economias dos países foram acontecendo sem que as diversas receitas do FMI conseguissem gerar superação da pobreza, do atraso e dos problemas que foram se tornando crônicos (analfabetismo, doenças, instabilidade política, etc.). Ao final destas inúmeras tentativas de arrumar as economias periféricas, o saldo foi o endividamento desses países com o sistema financeiro internacional. As dívidas geraram juros astronômicos, cujo pagamento somente tornava mais complexa a dificuldade dos países que empobreciam cada vez mais. 9. Nos anos 60, uma teoria, desenvolvida na Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina (CEPAL) nos anos50, tornou-se a matriz explicativa da situação crônica do atraso das economias periféricas. Era a "teoria da dependência" que explicava o atraso dos países periféricos pela forma de inserção subordinada dos países periféricos na economia mundial. Eles exportavam matéria prima que, processada pelos países que detinham a tecnologia industrial, retornava como produtos com um enorme valor agregado, criando uma assimetria nas relações. Todos os mecanismos da economia funcionam de maneira a manter os países periféricos subdesenvolvidos. O FMI estava a serviço desta lógica e sua participação era parte do problema e não da solução. Evidentemente, os esforços
  • 4. 4 das economias periféricas na direção da industrialização eram sempre minados e cooptados pelos mecanismos do sistema capitalista mundial. 10. Os sucessivos problemas dos países periféricos indicavam uma nova realidade do mercado capitalista: a volatilidade dos fluxos de capital (o dinheiro circulava pelas bolsas de valor do mundo com uma velocidade espantosa). O primeiro grave sinal disso foi a crise financeira do México em 1982. Diante de aparentes dificuldades na economia mexicana, especuladores retiraram, em ritmo alucinante, seus investimentos, inviabilizando a economia do país. 11. Certos de que o problema era a incapacidade dos países subdesenvolvidos para lidar com esta velocidade de fluxo do dinheiro e as novas demandas de uma economia cada vez mais conectada, o FMI foi incumbido de estabelecer um receituário para que estes países se integrassem na economia mundial e se beneficiassem dela. O receituário, que em 1989 foi definido como "Consenso de Washington", previa as seguintes terapias econômicas: corte de gastos públicos, desvalorização das moedas locais, diminuição das tarifas públicas, equilíbrio macroeconômico, liberalização da economia abrindo-a ao capital estrangeiro e privatização das empresas públicas (estatais). 12. Então, após 1989, a globalização passou a ser palavra de ordem. Para uns a palavra indicava a nova face sorridente e promissora do capitalismo. Para outros, era a concretização da face mais terrível da economia capitalista, presente agora em todos os recantos do globo. Períodos da Globalização Data Período Caracterização 1450-1850 Primeira fase Expansionismo mercantilista 1850-1950 Segunda fase Industrial-imperialista-colonialista Imperial-Desenvolvimentista- 1950-1988 Terceira fase financeira Pós 1989 Globalização Recente Cibernética-tecnológica-associativa
  • 5. 5 III – Características da globalização 13. Para que fique claro em que a globalização altera as antigas formas de interação social e de intercâmbio de bens, convém apresentar algumas características marcantes. De saída, é importante ter em mente que a globalização é um fenômeno multidimensional. Portanto, ainda que importante, não se restringe aos aspectos econômicos, mas inclui aspectos culturais, tecnológicos, políticos e culturais. • A nova economia e o mercado total. A mudança na geopolítica mundial com o fim dos estados-nação potencializou a transnacionalização dos capitais e intensificou a mobilidade das plantas industriais. Dinheiro volátil e indústria móvel geraram um novo patamar de produção. Grandes grupos econômicos fundiram-se por todo o globo, procurando potencializar sua capacidade produtiva. Os produtos perderam a característica do "made in" (feito em). Os componentes são feitos em vários lugares diferentes do planeta e uma das plantas industriais incumbe-se de montar o produto final. As empresas correm atrás de mão-de-obra (formação, custo) e condições (infra-estrutura, impostos, incentivos, etc.) adequadas. Isto torna também as economias ainda mais interdependentes. Esta tendência levou a um processo de concentração crescente dos grupos industriais e dos mercados. Cada vez mais há conglomerados industriais gigantescos que controlam segmentos inteiros do mercado (alimentos, vestimenta, etc.). Acompanhando estas tendências, as diversas economias foram criando mercados comuns (Nafta, Mercado Comum Europeu, Mercosul, etc.). Esta nova geopolítica redesenha as fronteiras perdidas dos estados-nação, procurando criar novos vínculos e fidelidades a serviço do consumo e da criação de uma reserva de mão-de- obra cada vez menos necessária. Vale acentuar também que esta nova economia do mercado global tem como outro elemento determinante a educação. É a competência dos atores econômicos para gerar idéias novas e descobrir formas inusitadas de explorar todo o potencial desta nova realidade é que faz a diferença.
  • 6. 6 • A informática e as novas tecnologias de comunicação. O primeiro "chip" de computador é de 1969. O uso crescente da informática na produção industrial vem produzindo um efeito duplo e contraditório: ao mesmo tempo em que aumenta absurdamente a produtividade, elimina mão-de-obra (robotização dos processos produtivos). Estas inovações da informática avançam num ritmo vertiginoso e transformam exponencialmente a cultura produtiva. Somem-se a este fato as tecnologias de comunicação derivadas destes avanços na área da informática. A grande novidade é a "internet" que toma forma nos anos 80 e é hoje um dado penetrante na vida de um número crescente de pessoas. A presença galopante da rede mundial de computadores na vida das pessoas tem transformado hábitos de vida, de consumo, de leitura, de formação de opinião, etc. A "rede" produziu um efeito infraestrutural (aceleração da produção), mas teve inúmeros efeitos superestruturais (comunicação, hábitos de consumo, etc.). As inúmeras possibilidades de comunicação geradas pela "internet" tem tido efeito crescentes sobre a vida das pessoas de uma forma que ainda não se consegue avaliar adequadamente. O volume de informação gerado chega às raias do absurdo. Como a produção da informação na "rede" é policêntrica, cresce a insegurança quanto ao nível de confiabilidade das informações oferecidas. A confiabilidade transfere-se, aos poucos, do nível objetivo e verificável das informações para o nível afetivo, subjetivo das informações (crescem os sites pessoais, os blogs, os fotoblogs, etc.). O impacto destas tecnologias de comunicação sobre a velocidade de circulação do dinheiro tornou esta situação ainda mais delicada. O dinheiro pode ir de um país a outro (um mercado a outro) em uma fração de segundos. Ainda poderíamos refletir aqui longamente sobre os impactos econômicos, culturais e políticos da biotecnologia. • A democracia e o neoliberalismo. O fim das referências alternativas em termos de organização social e política colocou o mundo diante de uma perspectiva única. Os países desenvolvimentos, desde o período colonial,
  • 7. 7 exportam junto com os bens produzidos sua concepção de vida social e política. Sempre se falou criticamente de um processo de colonização e padronização das experiências sociais e políticas. Na atual fase da globalização há uma fala a favor da democracia que implica, ao mesmo tempo, a adesão às práticas neoliberais em questões de macroeconomia. Esta vinculação parece orgânica, natural e inescapável. Na cruzada pela implantação conseqüente da democracia de sabor neoliberal emerge a luta contra a corrupção. No entanto, a esfera da política propriamente dita é cada vez mais reduzida ao espaço da disputa através da mídia, reduzindo tudo a imagens. No fundo, a política é esvaziada como a esfera de arbitragem de interesses conflitantes e submetida ao critério do espetáculo, em que a correção de conduta define as qualidades morais define a índole dos personagens (se é do bem ou do mal). Subjacente a este fenômeno está a convicção de que a mera implementação dos princípios neoliberais promoverá automaticamente a democracia e assegurará a quantidade necessária de política que as sociedades precisam. • As transformações culturais. O impacto destas mudanças todas sobre as relações sociais promove transformações culturais significativas. A sociedade globalizada torna-se crescentemente individualista e as novas formas de interação têm provocado transformações significativas na dimensão afetiva das pessoas. A forma como as pessoas constroem a sua identidade está sendo profundamente afetada. Antigas referências (família, escola, religião, estado, etc.) não cumprem a mesma função que tinham no passado. A religião, por exemplo, vem sendo submetida a um duplo processo. Por um lado assiste-se a uma desinstitucionalização da religião. As pessoas consomem cada vez mais religião, mas trata-se de uma religião (espiritualidade) sob medida para preencher aspectos da composição das novas identidades pessoais. Por outro lado, há um movimento contrário. Algumas religiões (em alguns casos, matrizes étnicas e culturais também) vêm servindo como elemento de cristalização das identidades ameaçadas
  • 8. 8 pelos processos da globalização, desencadeando reações altamente violentas (guerras, ataques terroristas, etc.). IV – Pautas teológicas para uma abordagem da globalização 14. Inúmeros elementos teológicos podem ser arrolados aqui como princípios éticos que devem nortear a ação na sociedade globalizada. Alguns merecem ser destacados aqui. • Como globalização intensificou sobremaneira as trocas mercantis, elevando o consumo ao posto de ação determinante das subjetividades e convertendo o mercado em realidade total que preenche a totalidade da vida e identificando-o com a própria realidade, é preciso recuperar noção teológica de graça, de gratuidade, de dom e de dádiva (nas formas mais diversas da solidariedade e do afeto) como padrões alternativos de organização da vida e compreensão da realidade. • Como a globalização intensifica enormemente a forma imprudente e violenta com que continuamos a lidar com os recursos naturais do planeta é fundamental recuperar a noção de criação como categoria ética fundamental. • Como a globalização altera e potencializa as formas de comunicação entre as pessoas, gerando distorções de toda a ordem, é fundamental enfatizar a noção cristã de comunhão como uma categoria geradora de relações de comunicação mais integrais. • Como a globalização atrela a democracia à implementação dos princípios neoliberais, importa recuperar a noção de justiça como categoria ética capaz de resguardar os interesses das pessoas excluídas e injustiçadas. A compreensão de poder como serviço é de grande ajuda para recompor a dimensão política em seu verdadeiro significado. • Como a globalização distorce as relações afetivas e embaralha as referências fundamentais para construção das identidades individuais, é fundamental recuperar a noção do amor como princípio enucleador da constituição da pessoa na perspectiva da fé.
  • 9. 9 V - Conclusão 15. A globalização é, segundo a maioria, um processo inevitável. É determinante que, do ponto de vista da ética, encontremos trincheiras para enfrentar o avanço destes processos, procurando inocular nas dinâmicas sociais comportamentos alternativos capazes de assegurar alguma simetria nos processos econômicos, favorecer a constituição sadia dos indivíduos e promover integridade nas relações afetivas. LITERATURA KRÜGER, René (Ed.). Para que puedan resistir. Las Iglesias luteranas latinoamericanas frente a la globalización neoliberal y la deuda externa. Buenos Aires: ISEDET/FLM, 2004. p. 91-106, 141-164. SCHWARTZMAN, Simon. Pobreza, exclusão social e modernidade. Uma introdução ao mundo contemporâneo. São Paulo: Augurium, 2004. p. 111-60. ******