Este documento resume um livro que analisa a Antiguidade Clássica a partir de documentos históricos e culturais. O autor discute a análise tradicional de documentos por meio da crítica externa e interna para verificar a autenticidade dos textos. Ele também explora como os documentos fornecem informações sobre a história, cultura, memórias, práticas, sentimentos, reflexões, expressões, poderes, espaços e experimentos do mundo antigo.
Análise da abordagem tradicional do documento na Antiguidade Clássica
1. FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Antiguidade Clássica: a história e a cultura a partir dos documentos.
São Paulo. UNICAMP,1995.
Daniéle Aparecida Moreira Bueno.
Resenha: Neste livro o autor faz uma analise sobre a Antiguidade Clássica sua história e cultura,
dadas a partir dos documentos.
Seu livro contém um conjunto de fontes antigas referentes á Antiguidade Clássica. Nós
primeiros capítulos deste livro, analisa-se os documentos, seus fundamentos e características.
Seu livro se destina, à, alunos de graduação (cursos de Ciências Humanas), assim também para
professores de primeiro e segundo graus, bem como para o público em geral.
Os documentos os quais são tratados pelo autor só foram acessíveis em “instituições
estrangeiras, em particular, no Institute of Classical Studies ( Londres), e na Universidade de
Barcelona” (p 12 ).
O autor analisa aspectos do documento e sua seleção, assim como a diversidade documental. A
borda questões sobre a especificidade do estudo do documento da Antiguidade Clássica, como
as periodizações tradicionais da história, a literatura e a cultura Clássica.
São analisados por ele, características referentes as Memórias antigas à memória de guerras, as
estratégias e praticas. Bem como à memória dos acontecimentos e o relato histórico.
Quando aborda as Praticas antigas, analisa o estudo das moedas, que por sua vez, constituem
uma especificidade “a numismática” (p 50). É observado por ele, a preocupação de Plutárcio,
com a passagem do verso em prosa. Assim como as praticas curativas, que são associadas por
Plínio á mulher.
Abordando características, acerca do Sentimentos, aponta a contribuição de Píndaro sobre a
sabedoria. Questiona-se acerca dos espetáculos gladiatórios, que por sua vez são descritos por
Sêneca, de maneira negativa.
2. Em Reflexões, aponta a função da visão e da audição citados por Platão. Bem como “a
preocupação educativa de Isócrates” que é “eminentemente prática” (p 83).
Quando trata as Expressões, aponta aspectos sobre as leis e política antiga.
Quando trata os Poderes, analisa características sobre as constituições, leis e o uso da tortura,
apontados por Quintiliano.
Quando aborda os Espaços, observa s questões do comercio descritos por Estrabão sobre
Alexandria.
Quando aborda Experimentos, observa a ironia de Luciano em relação aos deuses. E uma nova
realidade política, para as cidades, contidas em uma “Carta de Alexandre aos habitantes de
Quios” (p 134). Assim como as reformas de César e sua significância.
Seu final autores gregos e latinos, documentação arqueológica, inscrições e papiros gregos e
inscrições latinas.
Em síntese este livro analisa questões referentes a Antiguidade Clássica, a história e cultura a
partir dos documentos. Seu livro nos proporciona conhecer aspectos referentes a historia e
cultura. Assim como a conhecer melhor as questões, que por sua vez, são ,relativas acerca dos
documentos antigos. Alerta-nos sobre o “fetichismo” do documento. Onde torna-se necessário
a crítica externa e interna, acerca dos documentos, sua obra é um auxilio ao conhecimento das
fontes antigas.
Titulo do trecho selecionado: “ A análise tradicional do documento”
Trecho: O documento definido tradicionalmente como um texto à disposição do historiador.
3. Fustel de Coulanges ( 1888: 29; 33) afirmava que “a habilidade do historiador consiste em retirar
do documento o que contem e nada a acrescentar... A leitura dos documentos de nada serviria
se fosse feita com idéias preconcebidas”. A partir deste pressuposto, dois procedimentos
básicos deveriam ser adotados, denominados, convencionalmente, de crítica externa e crítica
interna. A busca da veracidade do relato, implica nesta abordagem, devirá ser lavada a cabo, em
primeiro lugar, por um estudo dos aspectos externos do documentos. A materialidade do texto
deveria ser questionada e posta à prova: haveria incompatibilidade entre a data escrita no texto
e sua composição física ? Por exemplo, um texto datilografado não pode ser anterior a inversão
da maquina de escrever, nem o uso da imprensa pode preceder Gutemberg. Caso um texto
datilografado apresente uma assinatura de Júlio César (primeiro século a.C.) pode concluir-se,
pela crítica externa que o documento é falso.
Um texto escrito também apresenta uma serie de informações que podem ajudar a caracterizar
o documento como verdadeiro ou falso. A crítica interna visa verificar se há motivos para
duvidar de sua autenticidade devido a informações inverossímeis. Um tipo de inverossimilhança
muito comum é o anacronismo. Se um documento afirma que D. Pedro I, quando subia a Serra
do Mar para proclamar a Independência do Brasil, utilizou a Via Anchieta, pode constatar-se que
o documento é falso, pois não havia, em 1822, essa rodovia. É provável que ambos os caso
apresentado para ilustrar as críticas externa e internas por de mais obvias e improváveis e
realmente o são. Na prática, apenas um conhecimento aprofundado das condições materiais e
históricas de inserção do documento permitam levar a cabo as críticas externas e internas.
Também o estudo das fontes disponíveis para o autor antigo e seu acesso a elas
(Quellenforschung) apresenta-se como um trabalho árduo. Ás vezes, a referencia textual a uma
fonte é explicita, como faz Aristóteles em sua Constituição de Atena:’’Os membros da comissão
escreveram e deram ao público o seguinte: a boulé ( senado) consistira em membros com mais
de trinta anos de idade, tendo exercido um cargo e sem receber remuneração; dentre estes, os
generais, os nove arcontes, os secretários sagrados, os comandantes, os cavaleiros, os chefes
das tribos, os oficiais da guarda, os magistrados tesoureiros dos bens sacros da Deusa Atenas, os
dez tesoureiros dos outros deuses...”(Aristóteles, Athenaion Politeia, 30, 1-2).
Nem sempre há uma citação clara e direta de documentos. De qualquer forma, no entanto, esta
hermenêutica, surgida como uma reação a falsificação de documentos leva a cabo,
amplamente, durante a Idade Media 9Lozano 1987: 69) partia da noção e que seria possível
‘’mostrar as coisas tal como realmente, aconteceram’’ (wie es eigeintlich gewesen), nas palavras
de Leopold Von Ranke (1824: VII; cf. Marrou 1966: 43; Marwick 1976: 34-40). Pode mesmo
afirmar-se que este positivismo fundou a moderna ciência histórica.
4. Não é á toa que outro grande propugnador da crítica documental tenha sido Barthold Georg
Niebuhr (1811), estudioso da Antiguidade Clássica, pois a erudição filológica constituiu um pilar
indispensável para a análise textual. De fato, apenas o conhecimento aprofundado da linguagem
utilizada nos documentos permite a execução de uma sólida crítica interna. Hoje não é difícil
saber que o uso da palavra avião por Pedro Álvares Cabral não seria possível e, portanto, que
um documento que a colocasse em sua boca deveria ser posterior a Cabral, o mesmo não se
passa com documentos mais antigos. Apenas uma erudição, um domínio exaustivo das línguas
grega e latina, permite julgar se termos específicos deveriam ser considerados verdadeiros ou
espúrios. O uso de termos anacrônicos permite questionar a veracidade das afirmações de um
documento. Assim, Cássio Dio, escrevendo no século terceiro da era cristão, relata os
acontecimentos do final da republica romana (44 a. C.) a partir de conceitos de sua própria
época: “Os assassinos de César declaram-se, ao mesmo tempo,como responsáveis pela sua
eliminação e como libertadores do povo: na verdade, entretanto fizeram uma conjuração
impiedosa e lançaram a cidade na desordem quando se inicia ater um governo estável. A
Democracia, de fato, parece ter um nome justo e, por meio da isonomia, parece trazer a todos
direitos iguais: suas conseqüência, entretanto, não condizem com seu nome. A Monarquia, por
sua parte, soa mal, mas garante, de maneira pratica, a melhor administração. Afinal, é mais fácil
um único homem excelente do que muitos”(Dio, Historia, 44,2 ).