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MARIE-LOUISE VON FRANZ O utras obras de interesse
JUNG E A INTERPRETAÇÃO
DOS SONHOS,
lames Á. Hall
AS IDÉIAS DE Jt]NG,
Ánthony Storr
TNTRODUçÃO À PSTCOLOGTA
JIJNGI.NANA,
Calvin S, Hall e Yerrcn I . Nordby
C. G. JUNG: ENTREVISTAS
E ENCONTROS,
Williarn McGuire e R. F. C, Hull
O ATO DA VONTADE,
Roberto Assagioli
MANUAL COMPLETO DE
ANÁLISE TRANSACIONAL,
S. Woolans e M. Brown
FREUDEAALMAHUMANA,
Brwto Bettelheim
ADIVINHACAO
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SNCRONICIDADE,
A Psicologia do Probobilidade SigniJicativa
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COLEÇAO ESTUDOS DE PSICOLOGIA JUNGUIANA
POR ANALISTAS JUNCUIANOS
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AI,QUIMIA,
Muie-Louise von Franz
SIGMFICADO PSICOLÓGICO
DOS MOTTVOS DE REDENçÃO,
Moie-Louise von Franz
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
MODERNA,
Duane Schultz
ADIVINHAÇÃO E SINCRONICIDADE
MARÍE.LOUISE VON FRANZ
ADIVINHAÇÃO
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SINCRONTCIDADE
A Psicologia da Probabilidade Significativa
Tradução
ÁLvARo CABRÁL
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Título do original:
On Diyinotion ond Synchronicity
The Psychology of Meaningful Chance
CopyÍ8hr O 1980 by Marie.Louise von Franz
COI.EÇÃO ESTUDOS DE P§ICOLOGIA JUNGUIANA
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^NALISTAS
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Çep Pta i crior da pcdra dc Boltiogen, cscutpida poÍ C. G.
tua3. A pcqucna íigüra Do ccÍrÍo é a pupila (você mcsmo) que
vocC vê ao olho dÊ ourÍô pcssoa. Â ircirifão 8rê8ô, t Âduzid; poÍ
luog, diz o scguiúlc: "O t€mpo é "ma crimça
-- brincaodo como
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- brincaodo sobÍê um tâbulciÍo dc xadrez
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da criança. Ê Tclécforo, .luc cÍÍa petas rcgiõcs sombrias do cos-
nos c brilha ooDo uDa catÍclÀ clcvâDdo-§ê das profundczss. Eta
indica o comiúo peÍa ss ponú do sol e pera a tcrre dos 3oohoo..
(Memodcs, Dtcams, Rdlecrior, p. 227,)
Ediçâo
2.1-+t 6.7.t.9 .8r.88-89.9G91.92-9'
Direitos rcscrvados
EDITORA CULTRIX
Rua Dr. Mário Vicentc,374 - (X270 Sío Pauto, SP - fone 63.3141
lmpresso nas oficinâs da EdiioÍâ Pensamento
SUMARIO
,/ I g p.lur,r. Causa l''d"dr
29 Palestra
3l Palestra
4? Palestra
59 Palestra S i,^'^ cn o,.'',,icidacq-r
Índice Analítico
7
33
6l
89
ll?
l4l
Este livro baseia.se na transcrição, feita por llíiss Una Thomas,
da serie de conferências realizadas pela Dra. Marie.louise von Fraru,
no Instituto C. G. Jung, de Zurique, no outono de 1969. A autoÍa e o
edilor sã'o gratos a Miss Thomas por seu cuidadoso preparo da versâo
origína.l. O texlo, em sua pÍesente fornra, foi revisto paÍa publicação
por Daryl Sharp e Marion Woodman. O Índice Analítico foi com.
pilado por Daryl Sharp.
II PALESTRA
Talvez o leitor conheça o divertido fato de que, oríginalmente, a
adiünhação sempre era praticada em igÍejas. Os antigos judeus, por
exemplo, tiúam um oróculo divinatório em seus santuários de Jerusa.
lém e, em certas ocasiões, quando o sacerdote queria consultar Jeová,
ele tentava descobrir, através dcsses oráculos, a yontade de Deus. Em
todas as civilizações pnmitivas. técnicas de adí foram usadas
Brdgqgguit o que Deus ou os deuses queriam; contudo, com o pâs.
sar do tempo, esse hábito íoi abandonado e superado;converteu.se,
então, numa pÍática secÍeta, mágica e desprezada; porém hoje esta pa.
lestra está sendo realizada na Kirchgemeinde (igreja paroquial), uma
pequena e agradável sincronicidade.
A visão de mundo ue Jung procurou re em foco e na ual a
adiv sicamente se as.sent aea sincronicidade; por conse.
guinÍe, antes de entrarmos em detã
ünhação, cumpre recordar o que Ju
s acerca os pÍo emas da adi.
ls disse a res ito da sincronici.
_dade. Em seu prefácio para a ediião inglesa da tradução de Richai
Wilhelm do livro I Ching ou O livro dos mutaçõest, ele nos oferece um
excelente resumo da diferença enrre p€nsamento causal e pj§!I:!!g
$gqg31§!!g O primeiro é, por assim dizer, linear. Existe uma seqiien.
cia de eventos, A, B, C, D, e nós pensamos de trás para díantc, peÍgun-
tando.nos poÍ que razão D aparece em conseqüéncia de C, C em con.
seqüência de B e B em conseqüência de Â, à semelhança de alguma
7
' I Ching, O lit+o ddt muloçOct, Editora pensamento, 1984
espécie de evenlo inteÍno ou exteÍno. Tenlamos ÍeconslituiÍ em nossa
mente, em ÍelrosPecto, os motivos pelos quais esses efeilos coordena'
dos funcionaram.
Graças às investigações dos físicos modernos, sabemos ter sido
agora provado que esse princípio, no nível microfísico, deixou de ser
com ol e ta me n t e,v.ál Ld-o. ; iá nâo pqde
D_qq-p9[sel..I3-çj u 9a lj d alq tgln o
lei a Er-gs_ gPgllS!..c_9Jno umâ tendência ou probabilidade. domi'
nânte. Assim, está demonstÍado que a causalidade é um nrodd de pen-
saÍ que síllisfaz à nosa apreensão mentâl de um conjunto de evenlos
físicos, mas não âtinge completamente o âmaBo das leis naturais, limi'
tândo.se a delinear tendências ou possibilidades geÍais. Ao pensa,nento
sincÍonÍslico, por outro lado, podemos chamar pensamento_de gamtg.,
cujocentÍoéotempo.
O tempo também paÍticipa da causalidade, uma vez que, noÍ.
malmente, pensamos que a causâ vem antes do efeito. Na física moder.
na, paÍece, poÍ vezes, que o efeilo ocoÍreu anles da causa e, PoÍtanto,
os fÍsicos tentam dar-lhe uma viÍavolta e dizer que ainda podeÍemos
chamaÍ isso de causal; mas penso que Jung está ceÍto âo afirmar que
ral rocedimento ampl iaedistorce a idéia de causalidade ad absurdum,
ao ponto de lhe Íou osl
'srmpre
antes <fo éfeito, de modo que existe também uma idéia linear
de lempo, ântes e depois, com o efeilo sempre depois do antes
o nElmento sincÍonístico o modo clássico de pensar na Clri'
na, é um pensamenlo em campos, poÍ assim dizeÍ Na filosoÍ'ia chine
$, es§e pensamenlo foi desenvolvido e diferenciado muito mais do
que em qualqu eÍ outra civilização; assim, a queslão náo consiste em
saber por que tal coisa ocoÍÍe ou ue fator causou t
que Íovãvel que aconleaa óollu-ntamente, de modo sigrtiÍicativo, no
1§Tg ry9tr99!o. Os chinescs PeÍEuntam sempre: -U que tende a
âcoíteceÍ conjuntamente no tempo?" Assim, para os chineses, o cen'
lÍo do conceito de campo seria um instante de temPo em que estâo
aglomerados os êvenlos A, B, C, D, e assim por diante (figura I ).
fuchard Wilhelm exprime muito bem isso em sua lntrodução ao
I Ching, quando fala do erp!9lo_9_.:ye!!es que ocoÍÍem num ceÍlo
momenlo de tempo.
Em nosso pglyÍnento JauE, efetuamos uma grande seParâçâo
8
do. Normalmente, a causa vem
n
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F I
E
c
D
Figura l. Campo de tempo (conjunto de eventos
vinculados no tempo).
entÍe e_ventos psíquicos e eventos físicos, e nos limitamos aPenas a
obscrvar como os eventos físicos se pÍoduzem uns aos outÍos, ou têm
um efeito causal Íecíproco bem como sobre os eventos Psicológicos.
Até o século XlX, ainda peÍsistia nas ciências (e ainda peÍsiste nas me.
nos desenvolvidas) a idéia de que somente causas físicas têm efeitos fí'
stcos, e somente causas Dsicolósic as têm efeitos Dsicolósicos ; por
odo de pensaÍ de Freud:"Esta mulher é neurótica e tem
uma idiossincrasia como resultado de um trauma infantil." Este seria a
mesma espécie de pensamento, só que transposto paÍa o nível psicoló-
gco'
A peÍgunta que hoje está sendo feita é se existem inteÍaçÕes en-
tíe essas duas linhas LVeÍA Z o como uma causa ps qulca Para even-
tos si ulcos e vlce-versa Esse é um prob ema PaÍa a me tclnâ
psicossomática interações entre essas duas cadeias de causalidade
podem ser provadas: podemos leÍ uma caÍta onde está dito que alguém
a quem muito amamos moÍÍeu e, daÍ, resultarem efeitos fisiológicos;
podemos até desmaiar, uma reação que nâo é causada pela tinta e pelo
papel. mas pelo conteúdo psíquico da comunicaçâo. Há uma inteÍação
causal entre essas duas linhas, que só agoÍa começa a ser investigada.
Entretarrto, o modo sincronístico isto é, o modo chinês de pen-
sar, é completamente diferente. Trata.se de uma diferenciação Pen
samento pÍimitivo ern que nenhuma distinção jamais foi feita entre fa-
tos psicológicos e físicos. Em sua indagaçào sobre o uee rovável
que ocoÍra Junto, podem ser reuni os fatos inteÍnos e externos. Para o
modo sincronístico de pensar, é até essencial observar ambas as
I
areas
ri
v
da realidade, a física e a psíquica, e assinalar que no momento em que
tivemos tâis e tâis Pensamentos ou tais e tâis sonhos - que seÍlam os
eventos psicológi cos - aconteceÍâm tais e tais eventos fÍsicos exteÍio.
Íe s; ou s€ , havia um com lexo de eventos físicos e sicoló os. Em.
boÍa o pensmento causal tâmbém postule o problema do tempo sob
alguma forma, poÍ causÍl do antes e do depois, o roblema do te
contudo, é muito mais central no modo sincÍonísrico de PensaÍ, PoÍ.
que existe o momento cÍ rco - ceÍto momento no temPo - que
constitui o fato unificadoÍ, o ponto foca.l para a obseÍvaçâo desse
complexo de eventos.
Na moderna ciência ocidental, usam.se médias algébricas para
descrever as probabilidades da seqüência de eventos - matÍizes algé.
bricas de formas diferentes e funçôes e curyâs algébricas. Os chj4ggqg
também empÍegam â matemálica para a descriçâo de sras leis sincro.
nísticas. Usam algo parecido com matrizes mâtemáticas, mas náo as
abstÍaçóes algébricas; utilizam cada um dos números inteiros naturais
(1,2,3,4, 5,6,'1-), pelo que podeÍ.se.ia dizeÍ que a mâtemática desse
modo chinês de pensar seriam as diferentes qualificaçôes aduzíveis da
série ilE nímeros inteiros naturais, as leis comuns que poderÍamos reti.
rar deles. Usa.se 3,4 e 5 para apreender um conjunlo de evenros,
numa forma mâtemáticâ.
A base da ciência da mâremática ou a ciência maremárica do
pensamento sincÍoníslico é, poÍlanto, a serie de números inteíÍos nâ.
turais; e é o ue se descobre em lodas as técnicas de adivinhâção. A
mais simples forma de adivinha çâo é a biná Ílâ: acetla.se ou eÍÍâ se
oga.se uma moeda para o ar e obtém.se c â ou coÍoa, decidindo.se
assim se se vai a Rigi ou n/to, ou a qualquer oulro lugar sobÍe o qual
estamos indecisos. A decistÍo aleatória, determinada pelo acaso. é a
idéia básica de roda a adivinhação, mas em diferentes civilizaçôes exis
tem lécnicas diferenciadas, sendo possível inreÍpÍetaÍ por meio delas
melhor a situâçâo, num ceÍto momento do tempo.
O modo ocidenrâl de nsâÍ é uma oÍient o
rÀ
sejâ, pÍtmelro observamos os eventos e de is exlÍa
ma êm rco modo chinês ou oÍiental consiste em usar um modelo
menral intütivo Iêr os- e a saber os numeÍos ln s nâtu-
rais. El
r0
es se voham primeiro paÍâ o evento de lançar ao âÍ caÍa ou
tiva, ou
o
coroa, que é um evento psíquico e psicofísico. A pergunta do adivi.
úador é psíqúca, ao passo que o evento é a moeda cair ou de cara ou
dc coroa, fato a partír do qual os eventos inteÍnos e extemos subse.
qíientes podem ser interpretados. [ogo, trata-se de um modo de ver
fl
inteiramente complementü ao nosso.
Oque e rmpo rtante na China , conforme também sublinhou Jung
em seu ensaio intitulado "Sincronicidade: Um Princí o de Conexão
Âsagra[', é o fato de os chineses ná'o teÍem se fluado, como aconte-
ceu com muitas outÍas civilizações primítivas, no uso de métodos divi-
natórios somente para predizer o futuro - por exemplo, se um
homem deve ou não casar. Pergunta.se ao sacerdote e ele diz: "Não,
não a conseguirá" ou "Sim, vai consegui.la". tsso é algo praticado nol !
mundo inteiro, não ú oficialmente, mas por muitas pessoas no silên- I I
cio de suas salas quando dispõem sobíe a mesa as cartas do Tarô, etc.,.r
ou quando se dedicam a pequenos rituais:"& hoje brilhar o sol, então
farei isto e aquilo." O homem pensa constantemente desse modo e até
os cientístas têm essas uenas su mÇmí-menaOEra si mesmos
que, como o sol brilhou no quarto deles ,ao saltarem da cama, sabem
que hoje tal e tal coisa correrá às mil maravilhas. Mesmo que rejei.
temos em nossa, Weltanschoulng consciente tais superstições, o
uee teemn ta de stico do
futuro com a mão esqueída, poÍ assim dizer, e depois negao envergo-
nhado ao seu irmão racionalista, embora Íique muito aliviado ao
descobrir que o outro faz a mesma coisa!
Nesse estági o, a adivinhação nÍo pode evoluir e tornaÍ.se dife-
renciada; continua sendo uma esp técníca Drimitiva de suposi.
e
ão ou , tentando con eturar o futur or alcuns meios técni.
ite
cos. Como eu disse, isso é praticado por nós e mais abeÍtamente em
todas as civilizações pÍimitivas. Na África quem quiser viajar vai a um
médico-feiticeíro gue joga um punhado de ossos de galinha e, segundo
a maneira como caírem, mais na seção vermelha ou mais na branca do
círculo que tÍaçou no chão, e segundo a espécie de constelação que
formarem, ele dirá se a viagem será ou na-o bern.sucedida, e se a pessoa
deverá ou não pÍosseguíi. Antes de qualquer grande empreendimento,
tal como uma caçada, uma longa e perigosa viagem a Joanesburgo, ou
pols
rja lá para onde for, se consulta primeiroooráculoede
il
itivo
âge.se de acoÍdo. Nós fazemos a mestna coisa mais sêcÍetiunenle, mas
em ambos os casos - mencionarei a.lgumas exceçoes mais adianle -
isso não está incorpoÍado à lllehonscluuung e, poÍtanto, conlinua
sendo uma espécie de pÍática primitiva subdesenvolvida, um jogo
ritual, que nâo somos pÍopensos a integrar em nossa visáo consciente
da realidade.
Os chineses, como todas as civilizações pÍimitivâs, ainda recor-
Íiam a essa técnica rudimentaÍ, até ela ser finalmente proibida. Na
praça do mercado de todas as cidades chineus, havia alguns sacerdotes
I Ching que lançavam moedas ou escolhiam hastes de milefólio,
obtendo Íespostas paÍa as peÍguntas que lhes eÍam feitas, mas depois
isso foi proibido. Em 1960, Mao pensou em aliviar ligeiramente a
pressar-o política racionalista sobre as massas e descobriu que havia
duas posibilidades: ou forneceÍ mais aÍÍoz, ou permitiÍ o uso do
I ChinC, e todos aqueles a quem consultou disseram.lhe que o povo
eslava mais ansioso poÍ vohar a usar o I Ching do que por obler mais
alimento. O alÍn{g esq119e|- - o I Ching eÍa o seu alimenlo
espiritual - eÍa mâis importante para a população, de modo que foi
permitido, cÍeio eu, poÍ um âno ou dois, voltando a ser reprimido em
seguida. É tipicamente chinês que até uma tigela de arroz - e eles esta.
vam passando fome - fose menos impoÍtante do que leÍem de novo
seu amado liro das mutações e suâ oÍienlação espiritual.
O grande méÍito do I Aing deve.x a dois Bênios noláveis: o
lendário rei Wén e o duque de Chu, que desenvolveram o que era ori -
ginalmenle um sistema oracular pÍimitivo e o conveÍleÍam numa
completa bteltonscluuung filosófica. Eles trataram filosoficamente o
oráculo e suas conseqüências éticas; meditaram sobre suas conseqüên-
cias e pressuposições psicológicas e, através disso, o ^I Chr'rg passou a
ser na China a base de uma lleltanschautrg muito profunda e muito
ampla. Jung, em seu estudo sobre a sincronicidade, afirma que isso
aconleceu somente na China, mas eu tive a oportunidade de desco.
brir que também aconrecia na NigéÍia ocidental. Havia aí certos
médicos-feiticeiros que, poÍ sua técnica oÍaculaÍ - Beomancia,
no caso deles - haviam desenvolúdo toda uma filosofia Íeligiosâ, nâ-
turalmente um pouco mais pÍimitiva do que a chinesa, mas, também,
l2
um completo ponto de vista religioso e filosóÍico acerca do oráculo,
que não eÍa usado apenas como pÍática de pÍognóstico.
Esses são os dois casos de que tenho conhecímento. Existe
provavelmente um terceiro, porém não me foi possível obteÍ o
material; até onde pude averiguar, somente um estudo foi escÍito
sobre ele, mas não pude até agora consegui-lo em parte alguma. A anti-
ga civilização maia que, como está ficando cada vez mais evidente,
teve suas ratzes na Ásia central e, poÍtanto, estava ligada à civilizaç8o
chinesa, também possuÍa uma técnica oÍacular do tipo ICfttng; asim,
permito-me c.o_nj_etu.Ía,r:-g9Jn
!.s" lg Srqgt9: d.Jua civüzação, que
tamEe;fõímalis trnúà úãoncõpçió e um ponto deffiffiGÍicos
a ese respeito e que não era apenas uma técnica secÍeta de óstico
Schultze.Jena publ rcou um Pequeno ensalo sobre o assunto, mas,
embora eu venha há dois anos tentando encontÍá.Io, não consegui
descobri-lo em parte alguma da Suíça e, até onde sei, o autoÍ escreve
somente sobre as técnicas do oráculo maia e nâo sobre seus fundamen.
tos filosóficos. Podemos, entretanto, formular algumas conjeturas a tal
Íespeito, porque, na filosofia maia, todos os deuses eram deuses de
temoo e número. Todas as frguras Pflnctpals dos mÍos maias possuem
um número especÍÍico, que é expresudo, inclusive, em seus
íespectivos nomes. O maior herói, por exemplo, é Hunabku - o nome
deriva de Hun, que signiÍica um - e há ainda o grande herói Sete
caçador; todo únrero e um momento do tempo no
calendário anual. Assim, existe a uniío de uma Íigu Ía arquetípica com
um determinado momento do tempo e um determinado número intei-
Ío naturâI. Isso propicia o indício de que, provavelmente, o oÍáculo
maia estava filosoficamente vinculado a esse tipo de visão de mundo
mas, como já disse, ainda não encontrei qualquer detalhe a respeito.
Fiquemos, pois, de momento, com o modo chinês de pensar.
Exis te um excelente [vro sobre o assunto, de autoria do socíólogo
-->
- Marcel CraneÍ, La pensée chinoise, onde se diz que os chineses nunce
pensaÍam_em qua!ti4-a!_es, mas sem Íee de emblemas ali-
tativot Jung tê{os.ia chamado de "sÍmbolos" e eu usarei esse termo, a
fim de tornar as coisas maís claras para todos nós. Segundo os
chineses. os númeÍos descreve ,
exatamente como ocorre conosco. Com íórmulas algébricas matemá.
l3
l -
lc-
I
licas, tenlâmos descrever relaçôes regu lares. Como câteBoÍia, a causali.
da ela a descobrir tais
I9|3gqs e, também paÍa os
chineses, os númeÍos ex ressam as rela ões Íe ulares de oisas - não
P
em seu modo quantitativo, mas em sua hierarquía qualitâtiyâ, median-
te a qual eles qualificam a ordenaçâo concÍeta das coisas. Nâo pode.
remos discordar disso, porquanto conosco, mais ou menos, sc passâ o
mesmo, exceto na ênfase que eles atÍibuem ao nível quâlitativo.
Mas nr China vão mais longe ainda, já que acÍeditam ue o unr.
q
A mesma
uem Pense
selpgls.!Iü!§9!.!lglS rlln_o-Ua_srq9. qo_ univeÍso,_que qpl!Sqry_!9!9s
,o-s__djfe&!l§-frp0Íncnos, mas, para nós, isso por enquanto é apenas
uma idéia especulativa, alimentada por alguns físicos modernos. Os
chineses simplesmente supusêÍam que existia esse Íitmo de toda a rea-
lidade, ritmo que eÍa um padrão numérico, e que todas as Íelações
mútuas das coisas, em todâs as áreas da vida exteÍna e interna,
espelham, poÍtanto, esse mesmo padÍâo numéÍico básico, numa forma
concebida como um ritmo.
Até lins do século XlX, a concepção chinesâ do mundo era
muilo mais vigorosa e dinâmica do que a nossa, acredilando que tudo
era energia em fluxo. Na realidade , pensamos hoje o mes4qpgue eles,
mas chega mos â essa idéia muito mais tarde e alravés de métodos
cienüFrcos. O PÍessuposto pÍimoÍdial chinqs, desde sempre, eÍa que,
. exterior e interiormente, tudo é um fluxo de energia que obedece a
-, certos rilmos numéÍicos básicos e periódicos. Em todas as áreas de
i evenlos, acabaríamos sempre poÍ chegar, ao final, a essa imagem espe.
cular, o ritmo básico - uma matÍiz - do cosmo. PaÍa os que nâo são
muito afeitos à matêmática, umâ matÍiz consiste em qualquer dispo.
sição ÍegulâÍ de números em várias colunas; pode haver qualquer
quantidade de filas e colunas, mas sempÍe numa disposição retangular.
Para os chineses, uma das matÍizes básicas ou disposiçÕes do
univeÍso eÍa uma matÍi2 quedÍangulaÍ - um quadrado mágico denomi-
nado Lo Chu. Chamam.no
t!999e Ínlgllg, poÍque, seja como for
que se somem os algarismos, o resultado é sempre o númeÍo 15, e
também é o único quadrado mágico que tem apenas tÍês elementos em
cada fila ou coluna. Desta forma, tÍata.se de algo realmente ímpar, na
l4
Ê1
Ítco
Ína,
',1
4 9 2
3 5 7
8 I 6
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E3549
I
6
Ftgun?. Lo Chu-
No jsrgío moderno, uma metÍiz Figlrn 3 . Hotu.
matemática. Eistem nruitos quadrados mágicos, com mais Íileiras e
$9o-r€s gossl bilidades deã rio, mas o mais simples de todos é este
ue tem I nas oato solu ões. E diria que se tÍa ta de uma 8S
matÍizes numéricas mais altamentê simétricas que se pode encontÍaÍ
na aritméticá. Os chineses descobriram.na intuitivamente e, para eles,
Íepresentou uma imagem especular ou Íítmica básica do universo,
üsto em seu aspecto de tempo. Retornarei mais adiante s este ponto.
Os chineses tiúam duas idéias ou asoectos do teErpo, que são o
tempo intemporal, ou eternidade, a eternidade imutável, e o temDo
19lii9õ, que se sobrepõc ao pÍimeíro. De acordo com as idéias
chinesas, yivemos normalmente com a nossa consciência em teml,o
crclico; mas existe um tempo eterno - une durée créatice, para usar
a expÍessão de Bergson - subjacente, que interfere, por veze§, no
outro. O tempo chinés qrdinário é cíclicoeobedeceaesse padrão. Os
chineses dispuserarn as câmaras mais lnternas de seu palácio imperial
de acordo com esse padrão; todos os §eus instrumentos musicai§ eÍam
também afina ele, todas as danças e todo o pÍotocolo,
assam como o que um mandarim e o que um plebeu tiúam de tazer
no funeral de seus país. Em todos os detalhes, esse padrão numérico
sempre desempeúou um papel, porque se pensâYa ser o ritmo básico
s, protocolares,
Íão era sempÍe
da realidade; portanto, em diferentes variações musicsi
aÍquitetônicas, em toda parte, enfim, ese mesmo pad t/
colocado no centío
t5
um enorme edifício com sólidos âlice sa dorem meja_dLqtêjs
axlomas sso aconle ceu em I 926 e Hilbert teve até coÍagem suficienre
,^j,. llpara afirmar: "Penso que, com a minha teoÍia, a discusslo de funda.
llÇ' ll mentos foi eliminada pâÍa sempÍe da malemárica."
Então, em I 931 , apareceu outÍo matemálico muito famoso,
Kurt Goedel, que se debruçou sobre alguns desses axiomas básicos de
Hilbert e demonslrou ser possível chegar a contradiçôes complelas
com eles; partindo dos mesmos axiomas, pgdftse jlolgf qlglma coisa
básicos, poucos, â paÍtiÍ dos quais poderiam ser construidos_lodos os
ramos da matemática: a ropologia, a BeometÍia, a álgebra, eL;);19!3
r,e_!3ln!ém_9.
sju :9!Lp_!t9_ 9p-9sro. Em outras palavras, Goedel mos-
ll trou-que os axiomas básicos contêm um fator irracional oue nío pode
----
ll seÍ eliminamã, ugréD.-q9.yg--gig qr.
 ordem numérica subjacente da eternidade denomina.se
Ho-ru (figura 3), uma mandala e também u4A_clllz. Temos de novo o
5 no centÍo. Contamos l, 2,3, 4, passâmos depois ao 5 central e,
entâo, conlamos 6,'7,8,9, voltando em seguida ao l0 - que estaria
reaünente no centÍo. Deve.se passar sem re pelo centro e voltar a ele
Na realidade , tÍata-se o movlmqfi o_qC uÍnê_Cq4§ê_Ín§!Sgl, porque
sempÍe av3nça paÍa quatÍo e Íecuâ paÍa o centÍo - num movimento
de expansão e conlração análogo à sÍstole e.dlj!§lqle . O Lo Chu é o
mundo do temno em que vivemos e, subjacente a ele, está scmpÍe o
ritmo da eternidade, o Ho-tu. Essa idéia está subenrendida em toda a
aplicaçâo cultural e científica da matemálicâ na Clrina. Comparcmo.la
com o nosso ponto de vista.
Quero apresentarJhes em detalhe o que o conhecido mate.
mático Hermann Weyl diz a esse Íespeito em seu livro Philoaphy oÍ
Mothematics ond Naturol Science. Sabemos que até poÍ volta dê 1930
a grande e apaixonada ocupaçâo da maioria dos matemáricos era a
ra o edifício todo da matemática , poÍ assim dizer, na esperança de
que e â não contivesse conlÍadições lnteÍnas. Haveria alguns axiomas
islo é obviamênte desta ou daquela forma e que, porlanro, isso e
aquilo também o sâo, mas dizer: "Suponho que isto é assim e assim e
I
t'y;y^
NJ"A'
llCis§!§!4qde fundamentos. Como voltou a ser moda hoje em dia, eles
Iesperavam reexaminar os fundamentos de toda a ciência. Mas o
famoso matemático alemão, David Hilbert, crioquma nova eslÍuluÍa
ô
ló
que, desta forma, entâo, seguem-se tais e tais coisas." Os axiomas
devem ser apresentados como pÍessu postos ou dçyçm ser postqlados, frrbaá
Rót
Ú ('Ê>
a óso ue oderá ser feita uma dedu ão ló ca; mas não odemos
ln rir que o que foi pressup osto ou postulado não poderá ser contÍa-
e
dito ou uestionado como verdad a soluta
';**w
,&a,r
Malc*;t
Para formular tais pressupostos, a matemática expÍessa.se
geralmente em teÍmos de: "É óbvio em si mcsmo" ou "É razoável
ryr" - eis como os matemãiiõõTfõiliiã
-ãõ]ãem
dia uããiõãiã
e, a partir daí, constroem suas teorias. A seg,uir , não há contradições,
apenas uma conclusão é possÍvel, mas na expressã'o "é razoável su
e ue está o busr'lis, como se costuma dizer. Goedel mostrou-nos isso e
a coisa desmoronou toda. Por estranho que paÍeça, isso não reabriu a
discussão dos fundamentos. Daí em diante, como diz Weyl, ninguém
tocou nesse problema;eles se sentíam um tanto constrangidos, coça-
vam a orelha e diziam: "Não vamos discutir fundamentos, não adianta
nada; é razoável supor, não podemos ir além disso," e é nesse ponto
que a situação está hoje.
Weyl, entretanto, empreendeu um desenvolvimento dessa
questío muito interessante. No começo, foi murtíssimo atraído pelo
fÍsico Werner Heisenberg. Ele era predominantemente pitagórico e
sentiu.se seduzido pelo caráter numinoso e irracional dos números
inteiros natuÍais. Depois, ficou fascinado por David Hilbert e, nos
meados de sua vida houve um período durante o qual ele se sentiu
cada vez mais atraído pela lógica hilbertiana, abandonando os nú.
meros e tratando-os, eÍroneamente, peilso ê1) como quantidades sim.
plesmente postuladas. Diz ele, por exemplo, que os números inteiros
naturais são algo como se alguém apanhasse uma vaÍa e tÍaçasse com
ela uma fileira de sinais, a que depois deu nomes convenciorlais;nada
mais existe poÍ tÍás deles; foram simplesmente postulados pela mente
lrumana e nada têm de misterioso;era "nzoável e óbvlo em sl me .|
que alguém pudesse fazer isso, mais dia menos dia. Mas no final de sua
vida ele acrescentou (somente na edíção alemí de seu livro sobre a
filosoÍia da matemática e pouco antes de sua morte) esta passagem:
A beh esperança que tínhamos de libcÍtaÍ o mundo da discussío
dos fundaÍnentos foi destruída poÍ KuÍt Goedel, em 1931, e a
base ess€ncial e o significado Íeal da matcmática ainda sri-o urí
!lrt
I
i
1
I
!/
l7
plpUemrg1!11o. Talvcz se faça maremátice como se faz
música. e Irlvcz êlâ s.jâ âpcnag uma des atividades cri.tivâs do
homcm; c, cmbor. . idéiâ
úúlscrndentc se,a o DÍrnc
formrlismo matcmático tem, cm cada ctâpa, â cirâctcÍística de
scÍ incomplcro Io que signiÍice quc toda c quâloucÍ lêoriâ mâte-
málicâ é coerente em si mesme. mâs incomDletÂ: cm suas fron
6es nâ-o €o_ó!ttt, nâo sâo claras e
:ifzl
súw )u
o,^tr-
-Uin" . ,
-P'
teiÍas. assentâm-sc uc
sllo com elas , ns medide em quc scmpÍc existem pÍoblcmas,
mesmo dc simples naturcza aritmética, que podÊm ser formulados
no quadro dc um foÍmslismo, mas nâo poderío seÍ decidido3 poÍ
deduça:o dêiruo do próprio formalismo.
lsso que está dilo acima, nâ mâneira complicada de um maremá.
tico significa, em palavÍas simples, "Eu me âlÍevo a dizeÍ que é óbvio,
pelo que postulo algo irracional, pois nâo é óbvio." Ora, uma pessoa
poderá fazeÍ um movimento utoboros e dizer: "Mas, com bâse na
miúa dedução, posso ÍepÍovaÍ o meu princÍpio." Não pode ! você
não pode, a paÍtiÍ do formalismo dedurivo, deduzir depois uma
PÍOVa, exceto poÍ umâ tautologia, o que, naturalmenle, náQ é permi.
tido, nem mesmo em matemática.
Portanto, nío é de est anhar que, numâ exislência fcnomcnal
isolada, um fragmento da natuÍeza nos suÍprecnda poÍ sua iÍÍâcio.
na.lidade e que nío possamos analiú.lo completrmenle. Como
vimos, a física oÍ consê8ulnle, proje ta tudo o _q
bockground da pos$b de ou a Pro dâdc
O evento srn larmente considerado, é semPÍe iÍÍâcional, mas
na física avançâ.se, Ío etando isso contÍa o ôdc -dc um
ossível, islo é, constÍôi.se uma malriz. Por exemplo, nesles óculos
existem tantos
uc cxi3lc no
?
Esle trecho é importante, poÍque Íesume o que a ólência )
moderna faz. Em outras pâlavÍas, qualquer fragmento da exisEõõií
fenomenal, digamos, este paÍ de óculos, contém algq irracional,
imposível de ser esgotado na análise física. Por que os eléctrons
deses milhões e milhões de átomos êm que consistem os meus óculos
eslão nesse lugar e não em um outÍo, nâo posso explicar; portanlo,
ll
atÍavés da física, quando nos deparamos com um dado evento,.na
rr naluÍeza, nlo há explicação complelamente válida.
l8
tomo§ e tantas partículas deles, e assim por diante; e a
que tais matrizes são atualmente usadas na engenharia poÍque
âssim se pode supeÍaÍ o incontável ; elas fornecem um anStrumento
para enfrentar aquelas coisas que nÍo podem seÍ contadas uma por
uma. DÍz Weyl :
Nío nos surpÍeendc que qualquer segmento da natureza que
escolhamos I esres óculos, ou seja !í o que for l, possui um Íator
iÍÍacional básico que não podcmos e nunca s€íemos capazes de
explicar, que apcnas podemos descícvcÍ, como na íísica, proje.
tsndoo no background do posível.
Mas, depois, continua:
Mas é deveras e ntoso quc algo criado pela própria mentc
humana,
[@jád
ou scja, s #rie completa dos númcros inteúos nrtuÍair
issc que cle tem essa idéía enônea de quc s mcntc humana
,@
criou l, 2, 3,4, 5, fazendo pontos ], e que é tío sbsolutsmente
siÍnples e tÍÂnspaÍente pua o espírito constÍutivo, também conte-
nha um aspcclo de atgo aUtsslllãG-,n*í-Ef-quCã7õ podcmos aprc.
ender.
em outÍas palavras. dado terem os números inteiros nâtuíais algo de
irracional (Weyl qualificou.os de abissais), os fundamentos da matemá.
tica não são sólidos, umâ vez. que toda a mâtemática está essencial.
mente baseada na admissibilidade dos números inteiros natuÍais.
partiÍ de um grupo, em sua totalídade, pode.se estabelecer uma
fórmula com a qual será possível até contaÍ as paÍtículas - não l, 2,
3, 4, 5, mas píojetando no background do que é possível. É POÍ lS§O
Ora, precisamente or ue os meÍos s lÍraclo nais. abissais e
m instrumento
Esra é a conÍ'issão de um dos mais notáveis matemáticos modeÍ.
nos - porque um dos maÍs voltados paÍa a filosofia - Hermann Weyl.
Podemos dizer, naturalmente, que não acÍeditamos no ue ele acre.
ditou. isto é , que o§ númeÍos inteiÍos natuÍâis ÍepÍesentam símples.
menae a denominação aplicada a uma serie de pontos colocados em
certas posições; e, poí conseguinte, para nós nada há de suÍ Íe te
no fato de meros anteiÍos natuÍais serem abisais e íora do
alcance da nossa com Íeensío. Ele acreditava nisso e foi esse
motivo que não ôde entender incrível que seja assim, mas asstm;
ll
lnson ar Weyl -, e.!g_99!§!úu91Lun bo
l9
I
,.r
a
- PaÍa c
vets
7
plÍa a apÍeensro de alg Se usarmos números para apreen-
der o irrãcional, estaÍemos usando meios irraciónais ta ca tar al o
irracional sen essa a base da
-ejiylnhêç1ful. Foram empregados esses
ÍU§_ Í'utguéIl lnt-eldeu_jÉ hoj.e, nl
núrneros irracionais, abissais,
tentaliva de adivinhar a realidade ou a ligação deles com a realidade -,
mãs ao liô5-tema da adivinhação também paÍlicipa o problema do
temPo.
A adivinha ção e.sgjlaclgg11!ê_ggm -â--t!4_c-tq!§!da-dg§-l flg, em
oulÍas tantas palavras, chamou os fenômenos sincÍonísticos de &!q'
Eenos_pgl3j§t9S!égtlos. Desejo que tenham isso em mente porque,
como se sabe, na ciência modeÍnâ, físicos e-psicólogos estão tentando
agora descobrir a união da física c m a psicologia na área dos fenô.
os. Eles têm o palpite de que os ênômenos para
I
I I
9
(
o c
psicológicos poderiam nos dar uma pista da uniâo de physis e psyche.
Ora, em adivinhaçâo, c refiro.me, âqui, especificamente à adivinhaçâo
numérica, também teÍíamos, poÍtanto, de lidar com o fenômeno para.
psicológico, que está, ao mesmo tempo, ligado ao número. Jung
chamou o número de a expÍessã'o mais pÍimitiva do espírito e, assim,
lemos âgoÍâ de explicar o que, do ponto de vista psicolóBico, enten.
demos por espíÍito.
Jung, ao procuÍaÍ especificar como empÍega a palavÍa espíÍito,
citou primeiro uma poÍção de termos coloquiais em que espírito é
usado como algo no género de uma subslância nfo-mateÍial ou o
oposle_dg [atéÍia.* Em geral, também usamos a palavra espírito para
indicar algo que é um rincípio cósmico , mas empÍegâmos â mesma
palavra, quando nos refenmos a certas capacidades ou atividades
psíquicas psicológicas do homem, como o irqelecto-ou a capacidade
de pensar ou racio-cinar. Por exemplo, poderenros dizer: "Ele lem uma
concepção espiritual", ou "Essa idéia provém de um espírito distor.
cido" - ou expÍessões assim. Usamos ainda a palavra como um fenô-
meno coletivo, por exemplo, na palavra Zei!$j!!, hoje em dia, geral-
mente, nem sempÍe tÍaduzida; é um vocábulo alemão para expressar o
fato irracional de ue cada período dê te ssul cerlo espÍÍito
I C[. "The Phenomenology of rhe Spirit in Fairytales", Corrected l+torks,Yol.9,
l, pp.384 ss.
20
menos Ft
Por exemplo, o Renascimento tiúa um certo espírito, como foi
ilustrado em sua arte, sua tecnologia, na matemática e na concePção
religiosa, por toda a parte. Todos esses fenÔmenos, caracterÍsticos do
seculo XVI, podem ser resumidos como o espírito do Renascimento.
Neste sentido, a alavra é sim lesmente usada como um fenÔmeno
I
h"ggg - o espírito cósmico em oposição à matéria do
algo que vivenciamos como uma ativídade do ego humano
coletivo a soma de idéias comuns a muitas ssoas. Poder.se-ia
também falar do espírito do marxismo ou do nacional-socialísmo,
quando signiÍicaria, então, as idéias coletivas comuns de todo um
grupo. Existe, poÍtanto, continua Jung, certa oposição énÍe o espí'
nto , qtre tem uma e cie de eústéncia extÍa.humana, exteÍior ao
cosmo - e
. Se diser-
mos, a respeito de alguém, que ele tem um esp írito distorcido, isso
signÍÍica que o seu complexo de ego está funcionando intelectual'
mente de modo errado. Portanto, Jung prossegue: Se algo psíguico ou
psicológico (isto é, um evento psicológico) scontece no indivíduo e ele
tem o sentimento de que isso the pertence,então, chama-lhe o seu espÍ'
rito, por exemplo - o que, diga.se de pas§agem, seria inteiramente
errado, mas é feito por muita gente. Se eu, de súbito, tivesse a idéia de
lhes fomecer um bom exemplo, entalo eu sentiÍia que a boa idéia en
minha, que o meu espírito a produzira. Se algo psícológico acontece
que parece estÍanho ao indivíduo, então é chamado de esPíÍito, no
sentido de algo como um fantasma, e o indivíduo vivencia-o como
possessío.
Suponhamos que, subitamente, sinto-me impelida a Íicar repe'
tindo: "Os gerânios são azuis", "Os geránios são azuis", "Os gerânios
são azuis". Então, porque isso seria uma maluquice e me pareceria
muito estÍanho, em comparação com o que estou fazendo agora aqui,
eu diria: "Meu Deus, que demônio ou fantasma meteu semelhante
1
idéia em minha cabeça? Essa idéia está me possuindo e fazendo-me
I
falar bobagem!" Ora, os primítivos sáo mais honestos: a tudo o que'
lhes acode inesperadamente dô próprio íntimo chamam espíÍito; não
só o que é ruim e os possui, mas qualquer coisa a cujo respeito diriam:
"O meu ego não fez isso, acudiu.me de súbito" - isso é o espírito. No
último caso, quando o espírito ainda está fora, quando Íico possuída
por ter de dizeÍ ou Íazer zlgo que não paÍece peÍtencer ao meu ego,
2t
lÍatâ.se entâo de um aspecto pÍojelado do meu inconsciente ;é uma
,*-/
"$l:ir:'
-.n".,P >
r,,uirt '
(t-
e da minha sl ue rncon que é rojetada e depois viven.
ciada como fenômeno DaÍaDs!cológico
lsso acontece quando ficamos num estado em que nro somos
nós mesmos, ou somos dominados poÍ uma perturbaçlo emocional em
que perdemos o autocontÍole, mas, depois, desperlamos completa.
mente lúcidos, vemos as coisas esrúpidas que fizemos duranre o esrado
de possessío e, perplexos, perguntamos o que teria sido que entÍou em
nós: 4te_!e ee&Iqu 4q nóq, nâo somos nós mesmos embora nos
com pgIlem o!_go!ít ole,_plnsasse os oue éramos - é umâ coisa âssim
como se um espÍrito maligno ou o demônio nos tivesse penetrado.
. - Uma pessoa não deve tomar simplesmente essas coisas de um
modo coloquialmente divertido, mas ao pé da lerra, pois um demô.
nio - ou diÍíamos com mais neutralidade um comptexo âulônomo -
substitui lemporariamente o complexo do ego; parece, no momenlo,
seÍ o e8o, mas não é, porquaoto a pessoa, depois, quando dissociada
disso, nâo pode entender como chegou a fazer ou pensaÍ tais coisas.
Uma das pÍincipais maneiras de usarmos a palavra espíÍilo é
quando aludimos ao aspecto estimulante e revigorador do incons-
ciente. Sabemos, hoje, que a- entÍada em conrato do complexo do e8o
com o iDconsciente possulu-E efei.to estiÍ.nulanle e qUe issolqn-slilUl,
realmente a base de todos os nossos
-elfo$
os terapêutiços. Por vezes,
pessoas neuróticas que se fecharam em seu vicíoso cÍrculo neurótico,
assim que iniciam a análise e têm sonhos, ficam excitadas e inteÍes.
sadas em seus sonhos e, então, a água da vida flui novamente; elas
voltaram a teÍ um interesse e, poÍtânto, sentem-sê subitamente mais
vivas e mais eficientes. Entío, alguém pode dDer: .,O que foi que lhe
aconteceu? Parece que você ganhou uma vida nova." Mas isso só acon-
Í contâto com o inconscienle ou,
o-dô- incorisclenie-' e, eã- àsfãc ial,
com o seu aspecto revigoradoÍ e estimulanE
Portanto, Jun define es ÍÍito, do ângulo psicológico, como o
ospecto dinámico do inconsciente .se conce Í o lnconsclente
- como algo semelhante à água parada, um lago passivo. As coisâs que
esquecemos caem nesse lago; se as recordanros, é porque voltamos a
pescáJas, mas o lago permanece imóvel. O inconscienre tem esse
tece se a pesoa logrou estabelece
melhor dizendo, com "o dinariism
lr
,)?
't",
I
I
aspcc to de matÍiz, de ventre mateÍno, mas também tem um asPccto
dinâmico, de movimento, age espontâneamente, por sua livre von-
tade - por exemplo, empõe sglhos. Poderíamos dizer que a compc
sição de sonhos enguanto dormimos é um aspecto do espírito; algum
espíÍito supeÍioÍ compõe uma série sumamente engeúosa de imagens
gue, §e Pudermos decifrá.la ecem tÍansmi m
bastante inteligente. Esta é uma manifes
crelte, em que ele faz eneígicamente algo por sua própria vontade,
moviÍnenta-se e cria por sua própria conta, e foi isso o que Jung
deÍiniu como esp írito. Existe natuÍalmente uma fronteira pouco
nítida entre o subjcllivq q o obietivo ; mas, na prátic8, s€ uma pessoa
sente que ele lhe peÍtence, entío, é o seu próprio espírito; e se nío
sente que ele lhe pertence, então, a pessoa chama.lhe.o espírito ou uttl
espírito. lsso depende do fato de ela sentir.se afim ou nío com ele,
próxirna ou não dele
Jung resume, dizendo gue q_-gsp@ contém um pÍincípio
psrquico espontâneo de movimento e ativídade; em segundo lugar, gge
tem a ualidade de criar livremente ns PaÍa além da nossa
peÍcepção sensoÍiel (num sonho, a pessoa nÍo tem peícepçío senso.
rial - o espíÍito ou o inconsciente cria imagens a paÍtiÍ do seu inte.
rior, enquanto as peÍcepçÕes sensoriaís estão adormecidas); e, em
terceiro lugar, que há uma manipulaç ão autônoma e soberana dessas
u!9t9!s.
São essas as três características do que Jung chama de espírito
se@ãíúo trÍõs <G impressões do dia ante.
rior. Por exemplo. lé.se alguma coisa num jornal, passa.se por alguma
experiêncía na rua, fala.se com o senhor Fulano, e assim poÍ diante. O
soúo ca ta esses fÍa ntos e a artir deles realiza uma combinação
com etamente nova e signiÍicativa Vê-se aí a manípulação soberana
das rmagen§; as são co oc as numa outra ordem e g3llpuladas
numa seqúência diferente, com um significado completamente
ou dinamismo do inconsciente. Ele está espontaneamente ativo, cria'l
lÍvremente i.qggltgatq L!Íq9.r eqtCçpç[e-s_fsoriais_e, de um modo 
aTiõn o rnõ ? sóbe rírio, rian i p üt a e ssal r mãÉil $ü ma pe$üõEõ;a J
?noccç?
lp
so'nh
diverso. embora a Pessoa atnda reconheça que os vários elementos
foram tomados, por exemplo, de lembranças rcmanescentes do dia
23
rl
s.
anteÍioÍ. É por isso que muitâs pessoas pensam seÍ essa a explicação
toda do sonho: "Oh, li ontem no jornal a notícia de um incêndio, por
isso sonhei com um incêndio." Enlâo, temos de começar, como
sempÍe, dizendo: "Sim, mas atenle parâ as conexôes em que o incên-
dio foi reproduzido, muito diferentes do que você leu." lsso seria o
espíÍito, aquela corsa desconhecida no inconsciente que Íecompóe e
mmipula as imagens interiores.
Esse fator que produz e manipula as imagens inteÍioÍes é
complelamcnte aulônomo no homem primitivo, mas, através da dife-
Íenciaçlo da consciência, avizinha-se lentamenle da consciência e,
poÍlanto, em contÍaste com os pÍimilivos, dízemos que fica, em paÍte,
sob o noso controle. Por exemplo, dizemos frequentemente que
lemos uma boa idéia ou inyent amos algo novo. Um homem PÍlmrtlvo
jamais diria que um aÍco e uma flecha, por exemplo, sllo uma invenção
sua;ele diria que o modo de como conslÍuiÍ um arco e uma flecha lhe
foi revelado pelo deus do arco e da flecha, e contaria, em seguida, um
mito de origcm, como a um ceÍlo caçador a sua divindade apareceu
em sonho ou visão e lhe revelou o método de construir um arco e uma
flecha.
It
(q
Assim- ouan to maioÍ é a nossa consciência e quanto mais ela se
desenvolve , mals nos a os de cerlos as ctos do es íÍito do in.
consciente, alraindo.os Ía a nossa esfera subjetiva; e chamamosJhes,
então, de nosa própria atividade psíquica ou de nosso próprio espí.
rito. Mas, como sublinha Jung, grande parte do fenômeno original
PeÍmanece natuÍalmente autÔnoma e, poÍ conseguinte, ainda é experi.
mentada como fenômeno parapsicológico. Em oulras palavras, não
devemos supoÍ que no nosso atua.l estágio de consciência, quando
assimilamos do espíÍilo inconsciente rnais do que um certo montante
e o toÍnajnos nosso - isto é, conveÍtemoJo em possessâo do com.
. plexo do ego, de modo qu: o complexo do ego pode manipulá.lo -
qr,,l não develnos supor,
-dizia eu) qlg_Sl11yglloJ o seu completo domúrio.
Nada disso. E-xiiE alnda íma área enoÍme do-espíiro qrãE-m-ani.
festa hoje como se manifestava originalmente, de forma inteiramente
autônoma e, poÍtanto, como fenômeno parapsicológico, ral como
ocorÍe entÍe os povos primitivos.
Se atenlarmos paÍa â históÍiâ da matemótica, poderenros ver,
L
24
com muita clareza, como o espírito te t . Por exemplo,
os números inteiÍos natuÍais, como o leitor provavelmente sabe, eram,
paÍa os pitagóÍicos pÍincÍpios divinos cósmicos que constituíam a
estÍurura básica do univeíso. Eram deuses, divindades e, ao mesmo
tempo, o princípio estrutural básico de toda a existência. Até mesmo
leopold Kronccker afirmou que os números natuÍais eÍam invenção
da divindade e tudo o mais eÍâ produto da mão do homem.
Hoje em dia, nesta é de su osto esclarecimento racional,
@eapalav ra Deus foram, de qualquer
a sériã-"têntativa foi feita na @
forma, eliminados da ciência humana, um
matemática formalística para deÍinir o número de maneira que ex.
cluísse todos os elementos irracionais, através da deÍinição dos nú-
meros como uma série de sinais ( l, 2, 3, 4, 5 e uma criaça-o da mente
humana. Agora, o espíÍíto está, apaÍentemente, posuído pelo com.
plexo do ego, o ego dos matemáticos possui números por eles criados!
Era nisso que Weyl acreditava e foi por isso que ele afirmou:"Não
posso entendeÍ que algo completamente simples, criado pela mente
humana, subitame
saria apenas indag
nte contenha algo abissal e insondável." Ele preci-
ar se a mente humana tinha de fato criaiiõ-6ií-
m@. Ele penu estar agora manipulando completamente o fenô-
meno, mas isso não é verdade.
Os primitivos, se.tém 30 cavalos, nâo podem contá-los, mas
usam 20 pauzinhos e então dizem:um pauzinho, um cavalo, dois pau.
ziúos, dois cavalos, trés pauzinhos, três cavalosíetà; depois, contam
os pauzinhos e com eles podem contar o número de cavalos. Esse foi
o homem apre-áEIã
um método muito difundido através do qual
contar. Nós ainda o usamos com os nossos dedos; se alguém enumera
coisas, apontamos paÍa os nossos dedos como uma "quantidade
auxiliar''. Toda a ome ou com a uantidade auxiliar
Ouando o homem pôde, pela prÍrneira vez, contar alguma coisa e
depois teve de contar mais, usou os dedos; ou, em muitâs civilizações
primítivas, usam pontos ou pauzinhos e, depois, quando 'há alguma
coisa a ser contada, os pauzinhos são díspostos no chão e contados,
scndo essa a a quantidade auxrliar.
Assim, se fizermos o que Hermann Weyl tez, estaÍemos simples-
mente Íetoínando ao método primitivo, contando a quantidade auxi.
25
CD|-+O ^
cNtK-
liar; mas isso é apenas uma ação da menle humana, nilo os próprios
númeÍos. Fazer tais pontos ou pâuzinhos auxiliares é umâ atividâde da
consciência do ego, por meio da qua.l podemos contaÍ; é uma cons.
tÍução dâ mente humana, mas o próprio número não é, e aÍ está o
grande erro.
Portanto, lemos de voltaÍ atÍás e dizer: "Sim, por um lado, os
númeÍos são entidâdes que a mentc humana pode poslulaÍ e mâni.
pular." Podemos supoÍ uma ceÍt8 quantidâde de números, uma lei
aÍitméticâ, uma situaçlo, que podem ser manipulados, complela, livre
e aÍbilÍariamenle, de acordo com os desejos do nosso ego, rrral esta-
remos manipulando somenreljerjyetlvo; o faro original queíilirõir
um indivíduo a fabricar pauzinhos paÍa contâÍ e assim chegar ao
número de cavalos, por exemplo, essidéia de que o indivíduo nío se
âpossou, ainda é autônoma, ainda peÍlence ao espírito cÍiativo do
inconscienle.
Na época de Weyl, poÍtanlo, simplesmente descartou-se o
estudo dc números poÍque se lÍopeçava sempÍe em algo completa.
mente simples e insólitg: alguém tinha âcabado de colocaÍ em posição
quatÍo pontos e, então, de súbito, csse§ quatÍo pontos haviam desen.
volvido qualidades que ninguém postulara. Para escapar a essa embara.
çosa situação e manleÍ a ilusão de que os números eram alqo postulado
pela menle consciert !3, que os podia manipular, Weyl diz: "Os números
natuÍais nâo sâo enfatizados em matemática, mas nós os projeramos
mediante um Íocedimenlo e cífico no de ossibili.
dades inÍinitâs e depois os tÍatamos dessse modo."
É esse o procedimento da maioria dos matemáticos modernos.
Eles simplesmente adotam a teoria dos números intbiros naturais, de
I a N, e os tÍâtam como um lodo;eles afirmam simplesmente que a
série de números inteiÍqs-narurais é-qslgllui eg!g!-gg!!!ê!gs -
por exemplo, cada número lem um predecessor, um sucessoÍ, uma
posiçâo e umâ Íazão. lso é conhecido como um conjunto e há, então,
a possibilidade de construir oulÍas matemáticas com números com.
plexos e iÍÍacionais, etc. Daí derivam formas muilo superiores, sempre
de tipos (poder.se.ia dizer de números), tÍâtados simplesmente como
aquilo a que os matemáticos chamam de uma c/asse, ignorando nela o
7,o15eo335.
26
Udamos, portanto, com uma idéia algébrica e somente com as
qualidades comuns a todos os números inteiÍos na(uÍais. Com essas
qualidades, uma pessoa pode construir uma porçâo de coisas, mas,
como drz Weyl, "mais ou menos ignorar cada número inteiro natural
per se". Os matemáticos onestas eles amal§
negam que o númeÍo iúei@ lqÍn ualidades ilraqlqn4is e individuais,
limitando.se a dizer que não estlo ínteressados. Poincaré, poÍ exem.
plo, é ainda mais honesto; ele afirmou que todos os números
inteiros naturais são indivrduoúrracionais, mas que, exataÍnente por
esse motivo, é impossível, na teoria dos números, formular muitas
teoÍias geraís sobre eles; e é por isso que eles nlo são muito fecundos
para a matemática. Nâo são muito úteís, porque há uma quantidade
úrL
Itl'l
excessiva de casos únicos e não existem generalidades suircientes a l?5
partir-das quais se_pgsê_lo$[Ulat-U0_t!9!g@. Esse era o ponto de
üsta de Poincaré;ele não disse que os números inteiros natuÍaas não
eram interessantes, mas que nío nos agÍadam muito, poÍque
sível constÍuir teoÍemas em sernelhantes bases. Terramos d
e rmPos.
e prestaÍ
atençgo ao caso único e é disso que, como matemáticos, não gos.
tamos, porque, poÍ uma questão de temperamento, prefeÍimgs fonnu.
lar teorias Íais que são comumente válidas
Portanto, na história da matemática, pode.se ver com muits
clareza o que Jung caÍacteÍizou como o desenvolvimento geral da
mente humana que tudo o que chamamos hoje de nosso espíríto
subjetivo, inclusive as nossas atividades mentais em ciência, foi outrora
o espíÍito objetivo - quer dizer, o movimento inspirador da psique
inconsciente - mas, com o desenvolvimento da consciênciâ, nos apo
deramos de uma parte que agoÍa manipulamos e a que chamamos
nossa, compoítando.nos como se fosse algo que possuímos completa.
menÍe. Foi isso o que aconteceu no desenvolvitnen to global da mate.
mática: de deuses que eÍam, os números foram dessagrados e conveÍ.
tidos em algo ue é arbitrariamente postulado pclo e de um mate
mático. Mas os mâtemáticos sa:o su[icientetnente honestos paÍa
declarar: "Não, essa na:o é toda a história; por estranho qu€ pareça,
existcm coisas que eu quis aproíundar, mas desisti, porque essas coisas
ainda se esquivam e fazem o_3ge_não jgyiam fazerrgÍo p1!9!g
escÍanziu completamente pela nossa consciência."
27
11 ,[tl
'r4
rfjr"
, ,a .,1 d
?oJNo-'}'
Y'
| -' Um desenvolúmento paÍalelo âconleceu na históÍiâ da física,
onde aBoÍa é cada vez mais usado o conceilo de probabilidade e se
pÍocuÍâ ignoÍâÍ ao máximo o caso único. Portanto, Wolfgang Pauli
declarou: "Por causa do asPe cto indeteÍminista da lei naluÍal. a obser-
vacão física adquiÍe o caÍáteÍ de uma realidade única irraciona.l, e é
imposível pÍedizeÍ um sultado contÍa isso, eÍgue-se o aspecto
Íacionâl de uma oÍdem abslÍala ossibiliilrle , postulada com a
ajud lDíLtgm-á t_iç-9--de pÍobâ bil id â-dê _e- da Ànçap2{t: "
a do conceito
Em outras palavÍas, a física defronta-se aBoÍa com uma gÍânde
divisão, notadamenle, todos os cálculos prévios baseiam.se no con-
ceilo de pÍobabilidade e são Íealizados em malÍizes e outÍâs foÍmas
alg,é bricas, !ll§: _99!-i eles, tudo o que pode ser enunciado é uma
Eoba!!!!&dejilê! Faz-se assim, uma observaç ão concÍela, que é um
evento Íeal e sem paÍalslo. Ora, essas obsenações reais e únicas,
mesmo que custem dez milhões de dólares, por exemplo - e é o que
custam, hoje em dia, na área da microfÍsica - nâo dem ser infinita-
menle repetidas, a lim de se obter lambém uma ceÍta pÍobabilidade
PÍáticâ. Exisle ols um imenso hiato, e é por isso que Pauli afirma
hoje em dia, lmProúsam-se todas essas equaçôes de que a fÍsica está
que o expeÍimento Íeal (diBâmos, com uma paÍtÍcula num cíclotron) é
lluma "hislóÍia de mais ou menos", irracional, e que, em geral, g1{g se
llajusta perfeitamente à pÍobabitidade calculada. É por esse motivo que,
Ísplglgi de fato, l-Íâpaceia-se um pouco para ligar umas às outras e já
nâo é mais ível efetuar çd1Éela_ctrêlg:grgets.
aturalmente, os físicos pensaram a Íespeito! Como foi que isso
aconteceu? Por que não se pode foÍmulaÍ uma pÍedição concÍeta que
realmente forneça resultados numéÍicos e nâo âpenas uma probabi-
lidade estatÍstica? Pauli afirma claÍamente que isso é uma decorrência
dj:_plgt$!g$C095 porque o experimento é um evento sirtgular e
concrelo e os meios de cálculo em malemática baseiam-se no princípio
de probabilidade, que--exclui o evcnto único e nâo lhe é aplicável.
Portanto, temos agoÍa de aprofundar o problema da probabi-
lidade e perguntar: "Como acontece isso?" O modo mais simples de
explicar probabi.lidades, e o modo que, vo sar, poÍque é, evidente
menle, o gaüão ar et ico, é com cartas. Uma pessoa tem um
baralho de
)
28
cartas e pode apanhar uma caÍta. A probabilidade de
rí
que das 32 cartas ela pegue, digamos, o Ás de Copas, é de 1132. A
pessoa tem exatamente essa chance e não mais do que esa. Se for dito
à mesma pessoa que apanhe uma catÍa dez vezes, a probabilidade de
obter o Ás de Copas é muito maior, e se a apurhar mil vezes, então a
chance torna-se ainda maior, e assim por diante.
Em outras palavras, arepetiÇãoéoseg redo da orobabilidade
quanto mais a pessoa ÍepetiÍ a situação, maior r_precisío coÍn que a
robabílidade e ser formulqda, até que, Íinalmente, e essa é a for-
MU ação estatística, chega-se a um valor.limite em que se pode dízer
que, quando uma pessoa tem N (ou seja, um número infinito de pedi.
dos de cartas), então pode ser estabelecido um limite com muita exa-
tidão. Em forma popularizada e simplÍÍicada, é isso o que está suben-
l[
tendido na probabílidade calculável.
Não sendo formada em matemática ou em física, tive de recor-
rer geralmente a materíal bastante popularízado, mas cumpre assinalar
que o físico uando uer ex obabilid reo
exem lo dos da das cartas. Solicito ao leitor que conserve rsso
em mente. Se um físico pretende explicar o teorema de Bernoulli,
começa por dizer: "Bem, se você tiver tantas cartas", e por aí segue. O
mesmo método é sempre usado para explicar a probabilídade a um
leigo. Mas por que usaÍ esse exemplo? Porque é divertído! Passando
agorâ âos fatos, isso significa que toda a matemática e seu uso na física
I
Rrr
moderna baseiam.se no Ímcl to tnca acidade
fazet redigões sin lares de eventos si lares, mas alrneja estaÍ apta
a fazêJo quan o se trata de milhares e bilhÕes de eventos, quando as
ralmente, vê.se que é uma visão muito discutível ou muito unilateral
predíções adquiÍem, então, uma grande dose de exatidão. _:
Ora, como p_-sicóloga t{a,v-q§g, e não acÍeditando nisso, ou a /. .'. )
melhor, consíderando isso uma opeíação muito unilateral da mente
humana, tenho de formular duas perguntas: em primeiro lugar, natu-
da realidade a ueacl cla a ulre ela a icação dessas
.t!§!tsês e, por conseguínte, estamos justiÍicados para perguntaÍ se não
existem outÍas possibilidades com outros meios. De momento, porém,
quero fazer a outÍa p€rgunta: "Por que estranho motivo milhôes de
cientistas de grande inteligência na Europa ocidental, na América e no
mundo ocidental acreditam na lei dos gandes números como se ela
29
fosse Deus?" Porque, de fato, se disculirmos esses problemas com
cienlislas nalurais modernos, eles simplesmente acÍeditam que assim
lem de ser - que é esse o modo de aveÍiguaÍêm a realidade e de a des.
cÍeveÍem cientificamente e com exatidão. Nessa atitude está implícito
seÍ esse o caminho para se chegar à verdade de fatores inteÍnos e exteÍ.
!os, e de tudô ô mâi§; eh tem de seÍ estatisticamenle provada e
cobrir-se com esse conceito de probabilidade.
Essa é a minha qrande crític a Rhine, da Duke University. Aré
e
: ) êle foi b3sta!le_tlggrluo para acreditar que, se ele queria "vender" os
- fenômenos parapsicológicos ao mundo científico, enlilo, reÍia de
prováJos eslatisticamente ou usando o conceito de probabilidade, e
?
__..,
acabou - que-_lolo! - por perder.se em teÍÍitóÍio inimigo. Ele devia
ter permanecido em seu próprio teÍÍitório, mas tentou pÍovaÍ com os
me§mos melos ue eliminam o caso único al o ue só é válido no caso
único.
-j i ilãã-acredito no que eles esrão fâzendo na Duke Universiry. Eles se
poÍ essa Íâz,io que não acÍedito em toda essa investigação
deixaram seduzir pelo Zeitgeist noÍtê-ameÍicâno e, poÍque quiseram
pÍovâÍ â outÍos cientistas que a parapsicologia é umâ ciência âutênrica,
-. usaram uma feÍÍünenla que é absolutamente inepta e inadequada para
) esse propósito. Esra é a minha opinião pessoal.
PeÍgunlemos, agoÍa, em primeiÍo lugar, por que essa mania de
acreditar na lei dos andes números se apossou da mente ocidental?
No fim de conlas, os que acÍeditam nisso são, em geral, as pessoas
mais desenvolvidas e inteliBenles em nossa civilização. Não são rolos
Então, por que acrediram em tal coisa? Sp alguém acredila, com uma
espécie de convicção s ada, em algo ue, de is de ter sitlo a Íolun-
o, Íeve a.se um o de vista muito tenderrcioso e parcialmente
eÍÍôneo, então existiÍá sempre a su sPeita psicológíca de que essas
I
)
pessoâs estão sob a influência secreta de um aI.$g!lPo. lssoéoque
z as pessoas aoeditarem em coisas que no-o siÍo verdadeiras
Se examinarmos a história da ciência, verificaremos que todos os
etros em ciência, ou aquilo a que agoÍa chanramos erros, foram
deúdos ao fato de que pessoas no passado ficaram fascinadas poÍ uma
idéia arquetípica qqg rs lmpediu de continuar observando os
-fàros-,
Esse conceito arquetípico as salisfaz, dá.lhes um sentimento subjetivo
de "é assim mesmo" e, poÍtanto, desistem de procurar outras explica
30
il
ções mais completas. Somente quando surge um cíentista que diz:
"Bem, não estou muito certo disso", e apresenta novos fatos, é que os
outros despertam e exclamam: "Como pude acreditar nessa outra his.
tória antes, que paÍece agora estaÍ completamente errada?" De um
Ir
modo ral as ssoas dão.se conta de ue estevam sob o fasctnro, a
magia fascinante e emocional de uma idéia arquetípica
Portanto, temos de averiguar gue a ídéia aíquetípicâ está subiâ
cente no fascínio que hoie domina a mente dos cientistas os
ouem é o dpus dos grandes números, considerado do ponto de vista
mitológico? Se estudarmos a históría da religião e a mitologia compa.
rada, os únicos seres capazes de manipular grandes números eram
deuses, ou a divindade. Deus, mesmo no Antigo Testamento, contava
os cabelos de nossa cabeça. Nós não podemos fazer isso, mas Ele pode.
Além disso, os judeus recusavam-se a seÍem contados, porque somente
a Deus era permitido conhecer o número de seu povo, e contar a po- ll
pulação era sacrilégio - só a divindade podia contar.
A maioria das sociedades primitivâs, que ainda vive no estâdo
a_lgÍEge do tipo caçadoÍ e coleioÍ, por exemplo os aborígineIG.
tÍaliaflos, têm todas um sÍstema binário. Contam até dois e depois
continuam contando aos pâÍes. Não existe uma palavra além de dois;
conlaÍn um, dois; dois, um, dois; dois, dois, um, um, dois, e assim poÍ tzztLztt
dlante. Na maioria das civilizações pÍimitivas, podem contaÍ até dois,
ou até tÍês ou até quatro. Eústem tipos diferentes e, para além de|, - 1
uma ceÍta quantidade, dizem "muitos", e onde começa
..muitos"[ P'
começa o irracional, a divindade.
Vemos assim como o homem, ao aprender a contaÍ, retiÍou um
pedaço do teíÍitóÍio do senhor deus que tudo conta, apenas um peda.
ciúo, o um e o dois;isso é tudo o que ele pode manejar, o resto aindall
pertence ao deus que tudo conta. Ao contar até tÍês, depois quatro,,l
depois cinco, o homem ganha lentâÍnente teÍÍeno, mas chega sempre o
momento em que diz "muitos" e, aí, desiste de contar;a partir desse
ponto, "o outro" conta, ou seja, o inconscíente (ou o arquétipo, ou a
divindade), que pode contar infinitamente e superaÍ qualquer com-
Putador.
Esse é o fascrnio e prosseguirei a partir daí, na palestra
seguinte.
3l
29 PALESTRA
Procurei, no capítulo anterior, fornecer um esboço da base dp
cálculo de probabi lidade e de seu uso na fÍsica moderna e em outÍas
áreas da ciência no seu estágio atual. Tentei mostÍaÍ que o cálculo de
probabilidade e os métodos estatístrcos usados na ciência modeÍna são
apenas abstrações fundamentadas na idéia da série inÍinita dos núme-
ros inteiros naturaís, e que só adquirem exatidão se paÍtirmos do pres.
suposto de um número infinito de eventos ou exemplos.
O Dr. Jung sempre exempliÍ'icou isso dizendo que, se tivermos
uma pilha de pedras, poderemos dizer com absoluta exatidão estatís-
tica que o tamanho médio delas é, digamos, tÍês centímetros cúbicos;
mas se quisermos apanhar uma pedra exatamcnte desse tamanho, esta-
remos em epuros para consegui.lo; talvez encontÍemos uma - ou
telvez nenhuma. Em outras palavras, embora seja verdadeira a altrma-
ção de que o tamanho médio das pedras da pilha é de tÍês centímetÍos
cúbicos, trata-se de uma abstr o em nossas mentes. Formul aÍne§ elll
abstragã-o em nossas men tes, ela é acurada na medida em que é verda-
tir., ,* a realidade da pilha de pedras, onde cada pedra é êÍente,
não é essa. A maioria das pessoas, se lhe dissermos que o homem
médío, ou o americano médio, é assim e assim, acredita nisso; elas
acreditam nisso como se os american Íears
&Sçg1_1§!tr-Çomete
trata de uma abstração mental ois a acumula ío real de ssoa§ e
ltê4li
uma acumu ação de casos únicos
Está provado que essa abstração é muito útil, sendo essa uma
das razões pelas quais as pessoas acreditam nela, mas não é a Íazão
33
I
loda, poÍque, se írÍgumentaÍmos com cienristas natuÍais, eles Íepelem
o fato de que as pedÍas Íeais são de diversos tamanhos e não queÍem
ouvir falar nisso. Os que são honestos dizem: "lsso não interessa à
ciência" - o caso único ou individual não inteÍessa à ciência. oÍ ue,
alé aBoÍa, não existem meios .lla!9 Í1á q'_c g_lIa-lg_l h eg1-9.1í_9le A
marona as pessoas acredita, e é uma convicção emocional ,queê
verdade estatística é a verdade Em discussóes, poÍtanto, elas dão
sempÍe este gênero de Íespostâ: "Foi estatisticamen te provado que é
assim, e isso é o baslante." E a discussâo acaba aí.
Ora se as ssoas acÍeditâm em al o ue é obviamente estú
oido - eu nâo diriÀÍe ente eslúpido, mas unilateÍal, já que se lÍala
de umâ visâo unilateÍâl do mundo -, uma abstração em que as pessoas
acÍeditam como se fosse uma verdade dos evangelhos, enlão, como
psicóloga, temos sempÍe de perguntar por quê. O que causa essa
emoção, poÍ que não podemos discutir a quesrão com outras pessoas,
poÍ que elas nãojodem e$glEl_ rÍÍrq verdade tão óbúa? Por
exemplo, como tentei mostrar há pouco, com a pilha de pedÍas, cada
uma é naluralmente uma pedra única; então, poÍ que os cientistâs
ficam emotivos e dizem que a pedrâ única não existe, ou que exisle,
mas que isso nadâ tem a ver com a ciência?
No começo, eu costumaya ficar irritada com essês cienlistas, mas
depois lembrei-me de que sou psicóloga e achei prefeÍível averiguar
por que molivo eles estavam emocionalmente tão vinculâdos à idéia de
ue o cálculo de pÍobsbilidâdes ou a estarísricâ é a verdadiãliã-o
existe outÍâ. Se recuarm õüiê ã-õiigeÍn,' pêiceberemod à,i.,'p.'iZf
dessa crenca. está um ÍouétiDoemâ âo Se as pessoas não podem
a c
),:,'n L
disculir os fatos de um modo de rendido e re lativamenle sinceÍo. é
ndo influ Por conseguinte,
peÍEunlei a mim mesma qual seria a imagcm aÍquer ípica subentendida
na idéia de uma série infinita de núnreros inteiÍos (1, 2,3,...etc.). Por
que eÍa o cálculo de probabilidade operado com essa magnitude, ou
esse quantum, poÍ assim dizer, como se fosse um todo? Ai
descobrimos que a humanidade - e foi nesse ponto que parei na
palestra anterior - aprendeu lenlamente a conlaÍ. Os povos mais
primitivos, por exemplo, certos aborígines austÍalianos, só podem
contaÍ até dois em palavras, daí em diante Íepetem e contam aos
34
oÍ um aÍ
paÍes. Possuem o que se pode chamaÍ um sistema binário. Outros
povos primitivos podem contaÍ até três, após o que diz€m "muitos";
outros podem contar até cinco e depois dizem "muitos" ou começaÍn
repetindo.
Provavelmente, a contagem originou.se primeiro com o uso de
auxiliares de cálculo, seixos ou pauziúos. Quando não se podiam
contar todos os objetos, usava.se sempre o seixo, a Íim de se estabe.
lecer uma relaçâo um a um. Os seixos são um modo da consciência
humana apoderar.se de um número; assim é que alguns podem contar
até três e outros até quatro, após o que dizem geralmente "rn!!qs",
ou encolhem os ombros; depois vem o conceito de grupo, a classe de
nÚmeros inteiÍos na , em que não podemos perceber cada indi-
víduo. Dessa maneira, todos possuem esse conceito de um número
inÍinito de inteiros nârurais, geralmente coberto pela palavÍa
"muitos", mis quem manipula os muitos?
Série infinko de inteiros naturois
[, 2, 3...muitos... N (a diúndade).
N - o grupo ou ctasse de inteüos natuÍâis
Hoje em dia, é possÍvel manipuláJos, podemos manipulaí
muitos como se fossem uma grandeza, algo que podemos usar na
matemática. O homem prunitivo supõe que só um deus ou uma divin.
dade pode contar inÍinitamente. Ele possui, por assim dizer, a
percepção consciente - a consciéncia depreciada - desse número N, ao
passo que para a humanidade modeÍna isso seria inumano. O homem
possui tíês ou vinte, ou o mais longe que for capaz de contar, e depois
vem o arquétipo de N, que se encontra nas mãos de uma divindade. Exis.
tem díferentes deuses gue contam dessa forma. No Novo Testamento é
dito que Deus contou os cabelos de nossas cabeças (Lucas, l2:7); mas
também existem divindades negativas, pois outros deuses podem
contar, não apenas o Deus supremo do Novo Testamento. Por
exemplo, a tribo dos yoruba, na África ocidental, tem a seguinte
Prece:
197,t
35
Mottc: Conta, conta, conta continuanrente, mas nâo me mntes a miÍn.
Fogo: Conta continuamcnte, conta continuarnente, mas nâo mc contes â
mim.
yozio; Conl! continuaÍnente, conta continuünente, mas nâo me contes a
mim.
Riqucza: Cont^ continuajnenle, conia conlinuamente, mas nâo me
conles a mim.
Dio: Conla continuarnente, conta continuarnenle, mas nâo me contes a
mim.
A teiâ de arânhâ Íodeia o c€leiÍo do milho.
(Não repeti o "conla continuamente" tantas vezes quantas eles
costumzun fazer.) "A leia de aÍanha rodeia o celeiro do milho" é um
dito muito misterioso. O etnólogo, de cujo estudo cilo essa prece, diz
que não há uma explicação clara para isso; e existe uma vaÍiaçâo da
última frase que diz: "A fuligem Íodeia o celeiÍo do milho". Pensa ele
que tâlvez os yorubas espalhassem fuligem em ÍedoÍ do celeiÍo para
impedir roubos e lâmbém para terem indícios de quem eÍa o ladÍão, se
houvesse um fuÍlo, de modo que um anel de fuligem seÍia uma
pÍoteção para o cereal. A teia de aranha é provavelmente a mesma
coisa, pois se não apaÍecesse quebrada era sinal de que ninguém tocara
no celeiro do milho. Mas, naturalmente, nós pensâÍíâmos também no
fato de que a teia de aÍanhâ é uma belâ ê Ue!!!:-o_Igg!izâdâ mandala, o
@j§çlelê-ggq -PrgltBe
g§ be4l09._um
indivíduo.
Para mim, â pâÍte importânle dessa pÍece é a que se diÍige à
Morte, ao Fogo, ao Yazio, à Riqueza e ao Dia - cinco poderes arque.
típicos que podem contaÍ. As conolaçóes sâo óbvias. A Morle conta
sempÍe, e é muitíssimo lamentável que apanhe o nosso número, pois,
nesse caso, a Morte se apossa de nós. A Morte subtrai perpetuamenle
da humanidade e, segundo paÍece, o faz conscientemente, sabendo
que fulano e sicÍâno rêm de deixar a vida. O Fogo consome, propaga-
se e queimâ constantemente; precisa sempre de mais combustível, de
modo que ele consome cada vez mais, tal qua.l a morte. O ,-glg
também é um Poder ar etí rco ;em todos os mitos primitivos e
antigos de cÍiaçâo, no começo do mundo, existe ou uma divindade ou
o vazio - o Nada, por assim dizer, e ao Nada podeÍ-se-iâ chaÍnaÍ uma
Po
36
tencialidade criativa ele é o "ainda-nâo-ser" - que é, também, uma
imagem do inconsciente e também pode contar. A Rioueza conta, é
óbüo, todos sabemos gue as pessoas ricas contam seu dinheiro, ou é
assim que os avarentos a vêem, o que nalo está longe da verdade. E o
Dia, o princÍpio da consciência, ou o período de consciência, também
pode contar.
Todos esses elernentos - morte, fogo, vazío, ríqueza e dia -
slo imgg!§ do que chamaríamos enerqia osíquiça, como fonte da
consciência. O fogo e a riqueza são símbolos óbvios da energia
psíqüca. Pensamos, então, nas antigês descrições da divindade da
moÍte, como, por exemplo, na religiro greco-Íomana, onde a morte
é Júpiter ou Zeus do Inferno, o deus do inÍinito e o guardião do
tesouro. A teÍra dos mortos é como um tesouro e o deus da moÍte
é como o guardiao de um enorme tesouro, a partir do qual reproduz
os vivos e devolve os moribundos. PoÍtanto, é também o tesoureiro
da energia vital e, por meio de números, contando, gera-a ou recu-
pera-a de novo O dia, naturalmente é simb idêntico ao
tempo de percepção conscrente das coisas, em contraste com a
norte
Os yorubas temem esse deus do inconsciente e atribuem-lhe a
capacidade demoníaca de contar. O desejo deles é ru-o serem
contâdos, escapar para a noite da vida, escapar desse olho da divindade
que tudo vê e que distribui destinos negativos.
Se tentarmos i ter retar esse uadro ar uetí o, diremos que a
imagem da divindade, ou de um grande deus - elas são imagens do Eu
(do selÍ) em nossa linguagem - envolve um ritmo numericamente or-
denado, como se o Eu fosse um relógío que pulsa Íitmicamente: um,
dois, três, morte, e um, dois, tÍês - e, então, atinge ou não atinge
algu ém. Em seu aspecto Dositivo. oroduz vida e tempo; em seu aspecto
negativo, é o fogo e a morte que tudo consomem. Tem.se a idéia de
que a moÍte é o poder que conta, o poder divino. Na linguagem popu-
laÍ eúste a expressão: "Ele teve a sua conta." Se alguém morre, não
antes do tempo certo, e queremos express:ú o sentimento de que a
pessoa moÍÍeu em harmonia com o seu destino, então dizemos: "Bem,
ele já tinha seus dias contados." - como um consolo, significando que
não morreu por aciden te an tes do seu tempo.
Em línguagem religiosa, poder'se-ia dizer que Deus tinha deci-
37
1
tl
dido matar essa pessoa agoÍa, e nada, nem mesmo os médicos,
poderiam ter evitado, poÍque o Desrino ou Deus decidira que a
pessoa tinha de morrer; Deus tirou o número dela e a pessoa chamada
teve de partir. Assim, temos aqui um-a-_ identidade entre um número
individual e um seÍ humano o§ númeÍos são, dessa forma, indivíduos
Uma outÍa expÍessão comum também traduz ô ato de que um
númeÍo é como um indivíduo, e vice.versa: se nâo entendemos
completamente alguém, dizemos que peBamos o númeÍo er-{ado, signi.
ficando, âssim, que úg_tgllSi ê fIg.q[ência, ou o feixe de radar, ou
seja lá o que for, para estabelecer conlato com essa personalidade.
Também nesle caso atribuímos a cada indivíduo uma freqüência ou
um número e, paÍa entraÍ em contato com ele, temos de teÍ o númeÍo
corÍeto.
Assim, se hoje em dia o homem acredita que pode dominar uma
série infinita de números natuÍais, isso é uma prova de arrogância, uma
idenüÍicação com o arquétipo do Si.mesmo, ou da diündade. Foi essa a
pÍoeza falal de um homem chamado G=grg. J3nt9r,o descobridor da
existência.-de diferentes conjuntos infinitos, que podemos somaÍ e
subtÍaiÍ,'etc,; e diferentes porências de infinidade, que podem seÍ
contadâs simultânea ou separadamente. Alguns conjuntos são mÀis ou
menos potentes, mas o detalhe fatal é que Cantor introduziu, assim, a
ilusâo de que, contando esse coniunto de elementos e dePois tratan.
do.o matematicamente nós o tínhamos nâ mão, poÍ assim diz_er. Nôs
conceito abstÍal enâoa o ria realidade , nesse pensarnento,
insinua-se uma identificação com â divindade. Existe um mito navâjo
que exemplifica o que acontece aí, mas na forma de uma peça, de
modo que terei de relornar primeiro a um outÍo ponto. Mas, tenham
em mente que vou tenlaÍ moslÍaÍ que isso é uma prova de arrogância.
Entretanto, quero explicar pÍimeiÍo um outro âspecto.
O c:iiculo de probabilidades foi inventado por dois gran des
homens: o matemático e filósofo tiancês Blaise Pascal e outro fiancês
que foi, realmente, o maior matemático a.-6ãõiõõrpos, Piejre de
fggqt Um jogador escreveu a Pascal e pediuJhe um sistema que se
aplicasse aos jogos de azar. Esse sistema desempenha atuâlmente um
I cometemos o mesmo equívoco fatal, ao pensãr que uma verdade esta-
ll tística é a verdade, pois Íealmente eslamos âpenas ![3nlpl!sn!o um
Yi
38
grande papel, sobÍetudo na ltália, onde os sritematici exeÍcem uma
funçâo na loteria estatal. Naturalmente, quando matemáticos talen
tosos vão a Monte Carlo, , muitos deles tém sistemas, de modo que
esse iogador pediu a Pascal para de scglrir urlr sistema pelo qual ele
pudesse ganhar. Pascal ficou matematicamente interessado no assunto
e iniciou uma correspondência com Fermat a esse respeito. Não se
pode afirmaÍ com precisão quem teve a idéia primeiro, mas na tÍocâ
de correspondência entÍe ambos, acabou sendo descoberto o cálculo
de probabilidade
é o ioso de azar
rr-J_.-
arquétipo do jogador e do jogo. Pa
Os navajos tiveram outroÍa
s. Assim, a verdadeira ta histórica da Íobabilidade
lrmbre-se de que eu , na primeira palestra, que
sempÍe que físicos ou matemáticos tentam explicar numa forma
popular o cálculo de pÍobabilidades ou os princípios da estatÍstica,
cont n?
ÍecoÍrem à idéia do iogo de azar. Isso sugeÍe que a raiz arquetípíca é o
ssemos, agoÍa, à hiscória navaJo
w^P,q
um chefe extíâoídináÍio, que N2E"
possura todas as pérolas e tesouros da tribo e, paía se conseÍvaÍ pÍote.
gido, viüa isolado. Ele tiúa uma gÍande tuÍquesa da qual o deus-Sol
era invejoso. Embora o próprio deus.Sol possuísse uma tuÍquesa com.
pleta ou perfeita, ele queria também a do chefe nsvajo. Assim, geÍou
um filho com a mulher.Rocha e educou esse filho paÍa que se toÍnâsse
um peÍfeito joga dor, um jogador ue sem Íe hasse Depois,
enviou-o à Terra para desaÍ'iar o che e ganhar tudo dele, inclusive a
tt
e
grande turquesa. O Íilho assim fez. O deus.Sol pediu-lhe, então. que
lhe entregasse a turquesa, mas seu filho, o jogador navajo, guardou.a
para sÍ. O deus.So[ ficou furioso e repetiu o mesmo expediente. Cerou
de novo um filho com a mulher.Rocha e também o instÍuiu, mas a
este segundo filho ensinou também a trâpacear no jogo, com a ajuda {l
de animaís.
Na mitología dos indígenas noÍte.americanos e na mitologia
mala, isso desempenha um grande papel; os animais interferem e
udam as ssoas ue estâo no caminho correto. Por exemplo, existe
a
o famoso "Livro do Conselho" , o Popul-Vuh dos Quiché Maya, onde
os heróis têm de combater os deuses do inferno, que mataÍam seus
pais, e fazem uma espócie de jogo de basquete que jamais poderiam
venceÍ, porque os deuses do infemo sío mais poderosos. Mas, em certo
momento, um coelhinho correu para dentro da cesta como se fosse a
39
)
bola, as pessoas confundiram o coelho com a bola e todos acreditaram
que o jogo havia sido vencido pelos heróis e nâo pelos deuses do
inferno. Eles venceÍam com a ajuda do qqetp bat.o,-terÍo e agoÍa
podem decapitar os deuses do inferno e vingaÍ seus Pais.
Na história navajo ocorreu a mesÍna coisa, pois o segundo
jogador desafia o primeiro e, com a ajuda de anrmais - nãq e_!!é elpe'
il cificado de que man elra.:-.f,,atúa. dç-l-e- tudo de volla. Entrega, então, a
seu pai, o deus.Sol, que o ÍecomPensa, confe'
grande turquesa a
rindoJhe grande poder e a posse de muitas terras.
Se interpretarmos e§te mito psicologicamente, o deus'Sol seria
um paralelo de Dia, Morte, Fogo e Vazio da prece yoruba;ele é o deus
do princÍpio da consciência no inconsciente. Ou poderíamos tanlbétn
chamarlhe a luz da naluÍeza, lumen naluroe, e ele pode, PoÍlanto,
contaÍ infinitamente e, em Jzl conscle a- Iem conhecimento de
todos os Cria enlâo, a consciência humana, o ÍimeiÍo iogadoÍ,
o
ile ensina{he seus ardis. Mas o primeiro jogador encheu-se de soberba e ,
depois que aprendeu os ardis do deus'Sol, não quis entregar'Llre o que
ele queria, como sacrifício ou ÍecomPensa por lhe tet en§inado lodos
os ardis. É um herói aÍÍoBanle e, poÍtanto, cslá condenado, Pois o
deus-Sol cÍiou entâo um segundo joBador, que é humano e modesto, e
suficientemente honesto para lhe entregar a grande turquesa, sabedor
de que só venceÍa BÍaçâs ao fato de ter aprendido com ele todos os
tÍuques e gaças à ajuda dos animais, o-gusli, nesre caso, o fatoÍ deci'
sivo. Diríamos que ele permaneceu fiel ao scu instinto e não se encheu
de presunção.
Entre ar-se à arrogância si ifica uma traição aos próprios
inslintos. O instinto pÍotqg- lemos uma PÍoleção instintivâ contÍâ â
arrogância. Todos nós nos tornamos freqüenlemente pÍesunçosos e
sabemos que, quando isso ocorre, senlimo-nos inquietos, neÍvosos.
Mesmo antes de câiÍmos de uma escada,
le-aol
j p'9ssentimento de
eho e calremos, porque, ile-fgum modo, possu Ímos uma es écie de
mal-estar ou de má consciêícia, nâo sa poÍ que_e, dgpgls -
umP -apunição poÍ nossa aÍrogância chega, de um modo geral,
rapidamente; somos atropelados poÍ um caÍÍo ou coisas assim.
Portanto, podemos afirmar que as Pessoas que hoje em die não
apreciam Íacionalmente o cálculo de probabilidades e a estatísticâ,
40
mos
como ferramentas úteis e razoáveis da mente humana, mas acreditam
secretamen te que poggÍÍIgs domnar a natuÍeza e desco r a verdade a
Íespe ito de todas as coisas, foram vítimas da soberba e cederam a uma
identificação secreta com o deus-Sol. Por conseguinte' Eg_cas.lCadas
pela presu nção.Oqueépior, a presu pre este rili-
zação da mente, pois se um indivÍduo é presunçoso, eleéestéríl eestú-
pido; e, em grande medida, é essa a situação da ciência natu ral
moderna. Eu não direi que todos os cientistas são assim. Existem
muitos e notáveis cientistas com quem esses fatos podem ser discu'
tidos e que têm plena consciência de que, através da estatística e do
cálculo de probabilidades, apenas Íeconstru Ímos um modelo âbstÍato
da natuÍeza em nossas mentes, modelo esse ue não abÍan e a reali
dade toda , isto é, temos as um útil conhecimento rcial e
ainda uma quantidade inÍinita de se dos, assim como um número
inÍ-rnito de outros camrnhos possíveis paÍa exPlorar a realidade
Através de Ceorge Cantor, essa pÍesunção, essa arrogàncaa
ingÍessâram no campo da matenrática, como §e vê pela forma como os
matemáticos manipulam atualmente a quanttdade de N, o montante
inÍinito. Esse desmembramento entre mani ular o iníinito sível
como se fosse uma unl ê]m contraste com o inteíÍo natuÍaI indi-
vidual, repiéscrrta umã cisío no pensiunento matem ático moderno, e I
mesma divisão existe entre o expeÍimento científicoeooráculode
adiviúação. Benr, como o leitor está vendo, vou avançan do lenta
l
mente em meu caminho, íumo ao tema da a divinhação
Permitam.me que caÍacterize o que entendo PoÍ um oÍáculo de
adiviúaçá'g. De momento, reÍ'iro-me a todas as ações humanas que
lidam com um oráculo numérico. Depois ampliarei a outÍos, mas PoÍ
agora ficarei com os oúiulos numéricos.
Um número é produzido por algum gesto arbitrário, por
exemplo, colocando uma das mãos numa tig€la com seixos,
apanhando alguns deles e depois contando.os. Ou apanhando um ceÍto
número de ossos de galinha, fazendo duas seções na aÍeiâ e depois
jogando os ossos ao acaso, após o que se conta quantos caíÍam na
scção vermelha e guantos caíram na seção branca, ou algo como isso.
Ou provavelmente a maioria dos leitores está familiaÍízada com o
I Ching. para o que se lançam moedas que caem de caÍa ou coroa e, a
?c'
.t-E r'
4t
a
paÍtiÍ daí, fazern.se cálculos ou jogam-se hastes de milefólio, para
obter informação aceÍca da situação psicofísica inteÍioÍ e exteÍioÍ.
Ora, esse foi um primeiro e hisrórico humui-
0^
i;,
t
!ac!_e,
para pÍoduziÍ o que chamarí amos um sistema lo qual a rea[dade
tsliâ-investigada. Provavelmente, o homem pÍimitivo, antes de teÍ
inventado os oráculos, apoiou.se unicamenle em seus sonhos e em seus
palpites inconscientes instintivos.
Existe, por exemplo, uma tÍibo índia norte.americana, a tlos
Naskapi, que vive na fronreira, perto dos esquimós do Âlasca. Resram
âpenas uma ou duas centenas de pessoas, pois estâo rapidamente
morrendo de fome. Elas vivem principalmente de gordura de câÍibu,
uma Íena canadense. Essa tribo espelha um estado de coisas especifica.
mente pÍiÍnitivo. De acordo com teoÍias antropológicas, c devo dizer
que concordo com tais teorias a essê Íespeito, podemos afirmar que
eles ainda espelham um estado muito original da humanidade.
Pequenos grupos dispersos, usualmente grupos familiares de uns I S a
20 indivíduos, eÍÍiun em bandos, os homens caçando e as mulheres
colelando fruros etc. Nâo lêm agriculrura e civilizâção nenhuma,
sendo ainda completamente do ripo original de caçador.coleror. Uma
vez PoÍ âno, a tÍibo reúne-se num determinado lugaÍ pâÍâ vender peles
e adquirir muniç6o do homem branco. Fora disso, jamais se reúnem, de
modo que não possuem religião organizada, nem festividâdes ou saceÍ.
dotes, nada. Como a ÍeliBiâo é um fenômeno insrintivo natural, eles
têm evidentemente uma, embora não organizada e, para sua orien-
tação espiÍitual, confiam em seus sonhos.
A interpretação deles é que no coÍação de todo o homem habita
Mistap'eo, o grande homem que é o emisor de sonhos. Ele envia
sonhos e queÍ que o indivíduo preste atenção a esses sonhos, ponha-os
à prova e ÍetiÍe delcs suas conclusões. Dizem eles que Mistap'eo
também Bosta muilo que cada um rlesenhe ou pinte os molivos de seus
sonhos, de modo que os enlalham em madeira ou fazem pequenas
bandejas de casca de árvore com molivos oníricos e, com isso, obtêm
sua orientação espiÍitual. Por vezes, também discutem mutuamente
seus sonhos e, se um homem ou uma mulher tem um sonho muito
impressionante, conveÍtem.no espontaneamente numa cançâo. Essas
canções são completâmente pÍimitivas. Posso dar um exemplo.
42
dado
Í
Um homem sonhou certa vez que sua mulher estava dormindo
com um estranho. Ora, à semelhanç a dos esquimQs. eles tém o
costume de , caso,chegue um estranho, oferecerem-lhe suas mulheres
para a prímeira noite;é o jus primae noctis, em certa variação. Psicolo.
$ãinãntê, o-eitiânho é um intruso perigoso, algo que sempíe ateÍ.
roriza o homem primitivo. O que trará ele? Será que se integra à nossa
úda? O medo é reforçado pelo fato de que, com freqüência, os
brancos ou outÍos visitantes tÍazem umâ nova doença. Não faz muito
tempo, esse povo sofreu os efeitos de uma catastróÍica onda de gripe;
um homem contÍaiu.a dos brancos e contaminou os outros e, como
não têm resistência imunológica contra a gripe, metade da tribo
morreu. Isso foi uma coisa que, como se sabe, aconteceu a muitas
tribos esquimós. Portanto, a experiência deles é que um estranho cons-
titui uma ameaça Íisíológica e psicológicâ, que eles tentam enfíentar
oferecendo suas mulheres. Há o sentimento de que o visitante passa,
desse modo, a seÍ um membro da fam rlia e, poÍtanto, não pode causar
qualquer dano, mas propiciar somente coisas benévolas.
Asim, um Naskapí sonhou certa vez que sua mulheÍ estava
dormindo com um estÍanho. Ao acordar, pensou sobre isso e disse:
"Ah, hoje matarei um caribu!" Frank Speck, o etnólogo que conta a
história, [amentavelmente não diz como o homem chegou a essa
conclusão. Não insistiu com ele para que lhe desse uma explicação,
mas, se o leitor [or suficientemente primitivo, verá sem diÍiculdade
como o homem raciocinou: algo novo se intíoduziria em sua vida e sua
mulher dormiria com isso. poÍtanto, devia ser algo positivo e não uma
I
L ''r" ':'
f;
coisa perigosa; logo, alguma coisa positiva e nova iria acontecer nessej
dia.
Como ele estava quase morrendo de fome, a única coís8 nova e
positiva gue poderia acontecer seria abater um caribu, o que signifi.
caria a sobrevivência nos l5 dias seguintes. Essa gente vive de quinzena
em quinzena. A morte é uma presença constânte, e vivem de cada urso
ou caribu que matam;a situação está negía e, portanto, "Vou matar
um caribu". Ele abateu um carrbu e fez uma canção: "Minha mulher
está dormindo com um estranho e eu vou mataí um caribu." Foi uma
canção mágica, imitada por muitos outros da tribo durante largo
tempo, a fim de provocarem a situação de abater um caribu,
43
l,su bente
'póirrr;
enquanto que, originalmenle, era apenâs um evento psicolôgico, um
sonho de um índio Naskapi.
É provávcl que, originalmente, o homem tenha se oÍientado
lassim, antes de ler invenlado os oráculos, pors a rn o dos oráculos
nde um novo âvan oeéocome odac , dado que
ser sistema.
a questâo de como essas probabilidades poderiam
tizadas, de alguma forma. Se eu sonho que minha mulher dorme com
um eslranho, então há a pÍobabilidade de que eu abata um caribu! Era
assim que essa tribo enlendia o sonho. Ora, bem, se eles evoluÍssem
culluralmente, o que não foi o caso - embora devamos admitiÍ que
isso ocorreu em algum lugar do mundo, em ceÍta época - então
procurariam, por exemplo, esculpir um caribu e cantar â cançâo, espe.
rando que isso resultasse magicamenle na moÍte de um caribu. É a
magia da caça; ainda não eslá sendo usado um oráculo, mas esses
povos sabem que a magia da caça às vezes funciona e outÍas vezes nâo.
As pessoas que vivem no nÍvel da visão mágica do mundo nunca
acreditam que a magia é como uma lei absoluta; elas dirâo que
realizam seu Íituâl de caça, ou magia de caça, ou alguma outÍa foÍma
de magia, poÍ causâ da esperança e probabilidade de que isso dê resul.
lado; mas, embora haja uma forte probabilidade de êxilo, â coisa pode
não resultar, e isso é enlâo explicado com a inteÍfeÍência de alguns
poderes maléficos. Se não funciona, explicam dizendo que um feiti.
ceiro perverso usou alguma forma de magia negativa e perturbou o
PÍocesso, ou alÍibuem a culpa a si mesmâs e dizem que nâo execu.
tarâm o ritual mágico com a atitude psicológica ceÍtâ, e é por isso que,
às vezes, ele não funciona. Assim, elas levam em contâ o fracasso;
tÍata.se de uma probabilidade e não de uma lei natuÍal absoluta.
Portanto, vamos admitir que eles esculpem um caribu em
madeira e fazem com isso algum tipo de magia, entoando uma cançaio,
após o que, por vezes, abatem um caribu e outÍâs vezes nâo. Para a
mente humana inquiridora, ocoÍÍe enlâo a etâpa seguinte: Poderemos
descobrir algum meio de saber de antemâo se isso funcionará ou não?
É agora introduzido o conceilo de robabilidade em ceÍta
medida, é uma estão de sorte, ou de acaso, o que paÍa o homem
pÍimitivo significa a ação de unr cieus, ou e um feiticeiÍo, ou dos
próprios podere
44
s sr uicos do indivíduo - eles falham, poÍ vezes, e,
portanto, não haverá a possibilidade de conhecer anteciPadamente
qual será o desfecho? Pode-se, por exemplo (e estou agora dando um " í
salto no tempo), lançar uma moeda e, se esta caiÍ do lado errado, :
er.Íão eu estou errada, ou os deuses não estão dispostos a ajudu, e
mesmo que eu use minha magia de caça, isso não iró adiantar nada.
lsso é uma forma de encurlar camrnho, evitando que eu tenha de me
empenhar na execução de desenhos, esculturas ou danças; sei de
antemão que as chances estão contra mim, de modo que Posso Poupar
minha energia e te
Sêrií êse õEiiii
ntar contoÍn a outra maneira
êiro e tênue alvorecer de uma mente científica
Conslste em calcu r probabilidades, em usaÍ algum meio matemático
ou outío, para estabelecer probabilidades e, dessa forma, poupar
energla e colocar um ou mais sob seu contÍole a situa en
!l!g^e,q que o homem vive na natureza. Foi provavelmente essa a
oÍrgem
inteiro
Chegamos a ora à dilere entÍe um oráculo numérico e uma
outrâ t cnica de adivinha Ào. Ex.rstem inúmeras cnlcasdea tvl-
o que, em meu en tender, são técnicas paÍa catalisar o nosso
das inúmeras técnicas oraculares que existem no mundo
a
próprio conhecimento inconsciente. Elas não usam o número, mas
algum padrÍo caótico; ainda muito utilizadas, entre homens brancos,
são as folhas de chá e as borras de café, mas podem empregar-se quais-
quer outros de tais padrões. Como disse antes, existe uma técnica afri-
cana de adivinhação em que, depois de se comer uma galínha, seus
ossos são lançados por teÍra e da maneira como eles caem, do padrão
caótico que formam, pode aduzir-se o que irá aconteceÍ.
Há uma aldeia no cantão suÍço de Uri onde a igreja e o cemitério
estão na outra margem de um pequeno rio, de modo que, paÍa um
funeral, eles têm de transportar o féretro através de uma ponte, paÍa
chegar à igreja e ao cemitério; duÍante o bom ternpo, a ponte aPre-
senta gÍetas na lama seca, e todo o povo da aldeia ainda hoje olha para
essas gretas, enquanto acompanha o caixão e, por elas, podem dizer
quem será o seguinte, observando o padrão caótico formado pelas
gÍetas no chão.
Certa vez, há muitos anos, consultei um quiromante chamado
Spier, um holandês que escreveu um famoso livro cientÍÍico sobre
45
quiromanciâ. Ele possuía um imenso equipamento cientíÍico e conhe.
cja--iõããI-ãívárias linhas da mâo. Nâo ãhi"a poru a nossa mão; espa-
lhava pó de fuligem sobre â palÍna da mâo, que, dessa forma, era im.
pÍessa numa folha de papel, de um modo idêntico ao usado para co.
lher impressões digitais;e eÍa nessa iÍnpÍêssão que ele fazia a leirura da
palma. TÍatava.se de um veículo I tr Não o deixei falar do meü
futuro; eu achava que era dona exclusiva do meu futuro e que o
homem nada linha a ver com isso, de modo que deixei que ele falasse
apenas do meu passado. Fez um relato sumirmente exato; viu até uma
inteÍvençâo cirúrgica a que eu me submetera dois anos anles - ele nâo
disse "algum acidente", mencionou especificamente uma operaçâo. O
honrem era srmplesmente fantástico. É claro que me inleÍessei, tomei
café com ele, aperrei-o com peÍguntas e pediJhe finalmenre que me
dissesse com exatidâo como fazia. Acabou confessando que era um
Tédium e que, quando uma pessoa enrravâ íõ-lêü "-§abiíeie paia
consultáJo, sabia tudo sobre ela; sim lesmente sabia.o, mas i oÍàva o
que sabia, e todâ aquela encenaçâo corn as tn s e os sulcos das mãos
linhas e informaÍ seu cliente; elas eram os catalisadores 49cessários
Pâ'1!91{!í.] o19rylente-j9__SgilÊ iá sabie. Na realidade, ele apoia.
vâ.se no que .|glg chama o conhecimento absoluto do inconsciente
que sabemos existir, como p emos veÍ através dos sonhos
O inconsciente saàe coisas ; conhece o passadoeofutuÍo,sâbe
coisas â respeito de outras pessoas. De tempos em lempos, todos nós
lemos sonhos que nos infoÍmam sobre algo que acontece a uma outÍa
pessoâ. A maioria dos analistas sabe que sonhos prognósticos e telepá.
ticos ocorrem com muita freqúência a pÍaticamente todas as pessoas;
Jung chamou, a esse conhecimento inconsciente, de o coúecimento
absoluto. Um médium é uma ue tem um relacionamento mais
el]Egito - dirÍamos, um dom - POÍ meio oqu se relaciona com o
coúecimento absolulo do inconsc.iente e que, e um modo geral,
possui um ruvel relativamente baixo de consciência. lsto explica poÍ
ue os diuns são, com muita fÍe uencla, ssoas de caráter duvi
doso e até móralmente ex ntÍicas - nem sem PÍC, aro, mài liê{üân-.
temente - ou com umâ ligeira propensão parâ a criminalidade, ou
46
11
lnava-se a !a
â tonâ o nto e
podia projetar seu conhecrmen lo inconscienlc nessâs
oÍÍna, e
)
dadas à bebida, eg) Sâo em geral personalidades que correm grande
PeÍrgo, Por terem essc baixo limiar e estaíem tão próximas do conhe
cimento absoluto do inconscien te.
Quase todas as técnicas não-numéricas de adivirrhaçaio sc
baseianr em algum ti de drão caótico que, na realidade, é exata'
mente como um testc dc Rorscha Uma pessoa olha fixamente para
um padrão caótico e foÍma então umâ fantasia; a comoleta desordem
do padrão confunde a mente conscignte da pessoa. Todos nós pode' t'
r?
ríamos ser médiuns e termos todo o conltecimento absoluto, se a
luz brilhante de nosso ego consciente não a empanasse. É por isso que
o médium necessita de um abaissement du niveou mental e lem de
entraÍ em transe , um estado semelhante à narcolepsia, a fim de trazer
à tona seu conhecimento. Eu mesmo já observei isso em estados de
extÍema fadiga, quando estou Íealmente correndo o perigo de
exaustão física e, de súbito, adquiro conhecimento absoluto; fico
então muito mais próximo dele, mas desde que durma bem' umas
quantas noites seguidas, esse dom maravilhoso logo se dissipa de novo.
Por quê? O conhecimento absoluto é conro a luz de uma vela e, se a
luz elétrica da consciência do ego estiver acesa, nÍo podemos ver a
tênue chama da vela. Se olhamos paÍa um padÍão caólico, ficamos
atordoados, nâo podemos entendê.Io. Se olhamos poÍ um momento
paÍa um cartão do Rorschach, com seu acúmulo de pequenas
manchas, borrando o funcionamento da mente consciente, virá de
repente à tona uma fantasia inconsciente: "Oh, isso parece um ele'
fante", ou coisa assim.
Portanto e ossível orma do incon en te obser-
vando um padrão. Ora, o adivinho ou feiticeiro é geralmente uma
personalidade doúda de podeÍes místico-mediúnico§, e tanto pode
usar folhas de chá quanto a borra de café, ou olhar para uma bola de
cíistal. Diferentes luzes bruxuleiam sob os nossos olhos quando
fixamos a vista numa bola de cristal, s.glqqo 9l"Í,99!ot_d!_in:t@ I
9o:-ljliorJJrminp§gljeE§-!êFumpall-raõ-.caótió-ãímõômí-umal
certa ordem. mas os efeitos de luz são caóticos.
As sociedades primitivas olham, muito íregüentemente, PaÍa uma
tigela com água ou, como as pessoas da aldeia de Uri que mencionei,
parâ as gÍetas num caminho enlameado, ou qualquer outÍo PadÍão
n
J
47
alealóÍio. Isso tolda o
nâo consegue en tendeÍ
s pensarnentos conscienres de uma pessoa. Ela
um padrão caótico; fica perplexa, atoÍdoada, e
usâo
.faz vir à superfície a. m tuição_lIovenien t!
sso o que o quiÍomanle âÍÍancou do mais
profundo de si mesmo. A sua confissão, quando o aperrei, deixou
claro para mim pgf_.ÍIq9- ranríssimas-. télllgê§. d9 ..a_divinh3çâo, no
Ín!Illlo-_!n]e-rlo, usam um pa{râo caóriqo- ori apenas meio or.denado,
pglryUpf !n-íbg!§õ.s. lsso, em minha opiniao,'é üina iecnica divina.
lóÍia pÍimitiva que foi Íedescoberra, por exemplo, no tesre de
Rorschach.
Exislem muitas outras maneiras de fazer isso. Por exemolo, § de
grande valor encorajar um.analisando a pinrar quadÍos abstÍaros ou
afealóÍios Ele faz primeiro algúns Pont omo no leste de
Roischach) e pensí: "lsso parecc um elefante", e acrescenta uma
tromba. Gerahnet)te, se peÍguntâmos ao analisando como fez seus
quadros, ele pode dizer.nos exaramente como começou, com uma
pequena mancha, digamos, que paÍecia um coelho, de modo que lhe
adicionou uma cauda e depois inventou o quadro inteiÍo; e assiÍn se
desenrola uma fantasi a inconsciente. ESSa é uÍ[a_ das fonreí?iàô'iü.
nhaçâo. Uma outra é como DrovocaÍ um son o duÍânte o la e
iestado de vi íia Em vez de esperar até sonhar à noite, uma pessoa
Po pÍovocaÍ um sonho em pleno dia, fantasiando em crma de uma
Essa idéia é corroborada pelo seguinte faro se a ten tatmos aÍ
llesse momento de ôônf
116 ,,rs4s1a"ls r '
, rpeQuena mancha ou de um padrâo caótico. PÍovavelmente sonhamos o
"tempo lodo, mâs, poÍ causa do brilho de nossa vida consciente, não
nos apercebemos disso.
'*ln'' os erÍo§ que as Pessoas comelem na fala, ou no ensamenlo
Íemos o ervar que o sonho que elas liveÍam na noite anleÍioÍ
'oU
ode
leÍâo nâ noite seguinle, está Íalmente relacionado com esses erros
u se, tâlvez, qúÍemos dizer "Sr. Miller" e, póÍ PUÍA l roua, lzemos
"Sr. Johnson", peÍguntamos a nós mesmos por que íizemos esse estú.
pido engano - sabemos que Miller é Miller. Por que, enrão, dissemos
Johnson? TÍata.se de um ato falho e notamos , geralmenre, que na
noile ânte Ílor ou na nolte seguinte sonhamos com Johnson. Ele já ai
estava. Por vezes, em tais la s da fala , mencionaJnos alguém em
quem não pensávamos
48
á 30 anos e, de súbilo, et- o paÍticipando de
um sonho. Provavelmente já sonhamos com esse homem durante o
dra, mas sem nos aPercebermos disso, e ele só abre caminho sté a cons
ciência através de um acidente, nvm lapsus linguae.
Freud assinalou esse fato e sublinhou que os erros na fala e os
motivos oníÍicos são afins. Devemos ir ainda mais longe e dizer que
uns e outros forneccm a mesma infoÍmaÇío acerca de algo oue está se
desenrolando no inconsciente. Por conseguinte, é bastante provável
que um pÍocesso onlrrco pÍossrSa durante o dia. Othar paÍa um padrão
caótico é como ôr a mentc para dormir por um minuto e obter infor- I
I!ê9lo§s!.rg e, gug §§ ,e§tá fantasiando ou sonhando no inconscienle
Através do coúecimento absoluto no inconsciente, adquire-se
informação acerca da situação Ínterior e exteÍior.
Ora, por que haveria esse quiromante, Spier, de obter infor-
mação aceÍca do mar passado, que é, por assim dizer, propríedade da
minha memória? O meu passado é só meu e só eu o conheço. Como
pôde ele chegar até lá? Eu notei que, embora ele me disse a verda
acerca do meu
-!$$3 e disse multa coisa sobre o
caráter. Ele assinalou certas coisas e eu pensei:"Oh, meu velho, você é
cõmo os outros!" Então decidi checar tudo isso e minha mlo foi lida
por muitos, izeram.me uma porção de horóscopos, sempíe que
possível pessoas que eu conhecia mais ou menos, e verifiquei que
todos eram verdadeiros. Quurdo eu os lia, pude sempre dizer: "Sim,
ísso é verdade, é um autêntico díagnóstico". Mas se um terceiro os
lia, notava que eles eÍam extrenumenÍe diferentes, e se os lia com
mais compreensão, notava ser típico c§§d pessoa veÍ ,§§o em mrm, e
seÍ t ípico daquela outra pessoa veÍ em mun alguma outra coisa
Concluí, portanto, que a iníormação é Íiltrada ela rsonalidade do
Essa é a minha experiência. Não posso construiÍ sobre ela uma
teoría, porque não possuo suficiente mateÍial comparatívo, mâs pare.
cc'me certo que assim seja, porque sabemos s€r também verdadeiro na
üda cotidiana. Só podemos responder àquelas facetas de uma outra
personalidade de que nós próprios possuímos um ceÍto montante. É
o
?
49
l
médium ou do adivinho, ou constÍutor de
o
qulÍomante'e
lqu
unlciune nte-_na _área
da constelação
seia andlosa à deles. Tudo é verdadeiro, mas
o
FRANZ. M.L.V. - Adivinhação e Sincronicidade Psicologia da probabilidade significativa.pdf
FRANZ. M.L.V. - Adivinhação e Sincronicidade Psicologia da probabilidade significativa.pdf
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FRANZ. M.L.V. - Adivinhação e Sincronicidade Psicologia da probabilidade significativa.pdf

  • 1. 2 v rn - C CN rn o z I, F z N § <: 7 T |+ r - (. Li, çt. Z e ,. 7 f- §/ P L1l MARIE-LOUISE VON FRANZ O utras obras de interesse JUNG E A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS, lames Á. Hall AS IDÉIAS DE Jt]NG, Ánthony Storr TNTRODUçÃO À PSTCOLOGTA JIJNGI.NANA, Calvin S, Hall e Yerrcn I . Nordby C. G. JUNG: ENTREVISTAS E ENCONTROS, Williarn McGuire e R. F. C, Hull O ATO DA VONTADE, Roberto Assagioli MANUAL COMPLETO DE ANÁLISE TRANSACIONAL, S. Woolans e M. Brown FREUDEAALMAHUMANA, Brwto Bettelheim ADIVINHACAO E SNCRONICIDADE, A Psicologia do Probobilidade SigniJicativa { I / - "nÍ .- !,r. IflLl}, ,,tLL,§t 4*t"b :, l.rr-É-a- l. íC CY .) ri (^noY jr t,ttluc t.$ A, t( / "B ( IrCC COLEÇAO ESTUDOS DE PSICOLOGIA JUNGUIANA POR ANALISTAS JUNCUIANOS a CULTRIX AI,QUIMIA, Muie-Louise von Franz SIGMFICADO PSICOLÓGICO DOS MOTTVOS DE REDENçÃO, Moie-Louise von Franz HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA, Duane Schultz
  • 3. MARÍE.LOUISE VON FRANZ ADIVINHAÇÃO E SINCRONTCIDADE A Psicologia da Probabilidade Significativa Tradução ÁLvARo CABRÁL + EDrroR.A CULTRTX, t980, sÃo pluro A"'t7 P.
  • 4. Título do original: On Diyinotion ond Synchronicity The Psychology of Meaningful Chance CopyÍ8hr O 1980 by Marie.Louise von Franz COI.EÇÃO ESTUDOS DE P§ICOLOGIA JUNGUIANA PlOn ^NALISTAS tt NGIIIANOS; Çep Pta i crior da pcdra dc Boltiogen, cscutpida poÍ C. G. tua3. A pcqucna íigüra Do ccÍrÍo é a pupila (você mcsmo) que vocC vê ao olho dÊ ourÍô pcssoa.  ircirifão 8rê8ô, t Âduzid; poÍ luog, diz o scguiúlc: "O t€mpo é "ma crimça -- brincaodo como uoa criança - brincaodo sobÍê um tâbulciÍo dc xadrez - o reino da criança. Ê Tclécforo, .luc cÍÍa petas rcgiõcs sombrias do cos- nos c brilha ooDo uDa catÍclÀ clcvâDdo-§ê das profundczss. Eta indica o comiúo peÍa ss ponú do sol e pera a tcrre dos 3oohoo.. (Memodcs, Dtcams, Rdlecrior, p. 227,) Ediçâo 2.1-+t 6.7.t.9 .8r.88-89.9G91.92-9' Direitos rcscrvados EDITORA CULTRIX Rua Dr. Mário Vicentc,374 - (X270 Sío Pauto, SP - fone 63.3141 lmpresso nas oficinâs da EdiioÍâ Pensamento
  • 5. SUMARIO ,/ I g p.lur,r. Causa l''d"dr 29 Palestra 3l Palestra 4? Palestra 59 Palestra S i,^'^ cn o,.'',,icidacq-r Índice Analítico 7 33 6l 89 ll? l4l
  • 6. Este livro baseia.se na transcrição, feita por llíiss Una Thomas, da serie de conferências realizadas pela Dra. Marie.louise von Fraru, no Instituto C. G. Jung, de Zurique, no outono de 1969. A autoÍa e o edilor sã'o gratos a Miss Thomas por seu cuidadoso preparo da versâo origína.l. O texlo, em sua pÍesente fornra, foi revisto paÍa publicação por Daryl Sharp e Marion Woodman. O Índice Analítico foi com. pilado por Daryl Sharp.
  • 7. II PALESTRA Talvez o leitor conheça o divertido fato de que, oríginalmente, a adiünhação sempre era praticada em igÍejas. Os antigos judeus, por exemplo, tiúam um oróculo divinatório em seus santuários de Jerusa. lém e, em certas ocasiões, quando o sacerdote queria consultar Jeová, ele tentava descobrir, através dcsses oráculos, a yontade de Deus. Em todas as civilizações pnmitivas. técnicas de adí foram usadas Brdgqgguit o que Deus ou os deuses queriam; contudo, com o pâs. sar do tempo, esse hábito íoi abandonado e superado;converteu.se, então, numa pÍática secÍeta, mágica e desprezada; porém hoje esta pa. lestra está sendo realizada na Kirchgemeinde (igreja paroquial), uma pequena e agradável sincronicidade. A visão de mundo ue Jung procurou re em foco e na ual a adiv sicamente se as.sent aea sincronicidade; por conse. guinÍe, antes de entrarmos em detã ünhação, cumpre recordar o que Ju s acerca os pÍo emas da adi. ls disse a res ito da sincronici. _dade. Em seu prefácio para a ediião inglesa da tradução de Richai Wilhelm do livro I Ching ou O livro dos mutaçõest, ele nos oferece um excelente resumo da diferença enrre p€nsamento causal e pj§!I:!!g $gqg31§!!g O primeiro é, por assim dizer, linear. Existe uma seqiien. cia de eventos, A, B, C, D, e nós pensamos de trás para díantc, peÍgun- tando.nos poÍ que razão D aparece em conseqüéncia de C, C em con. seqüência de B e B em conseqüência de Â, à semelhança de alguma 7 ' I Ching, O lit+o ddt muloçOct, Editora pensamento, 1984
  • 8. espécie de evenlo inteÍno ou exteÍno. Tenlamos ÍeconslituiÍ em nossa mente, em ÍelrosPecto, os motivos pelos quais esses efeilos coordena' dos funcionaram. Graças às investigações dos físicos modernos, sabemos ter sido agora provado que esse princípio, no nível microfísico, deixou de ser com ol e ta me n t e,v.ál Ld-o. ; iá nâo pqde D_qq-p9[sel..I3-çj u 9a lj d alq tgln o lei a Er-gs_ gPgllS!..c_9Jno umâ tendência ou probabilidade. domi' nânte. Assim, está demonstÍado que a causalidade é um nrodd de pen- saÍ que síllisfaz à nosa apreensão mentâl de um conjunto de evenlos físicos, mas não âtinge completamente o âmaBo das leis naturais, limi' tândo.se a delinear tendências ou possibilidades geÍais. Ao pensa,nento sincÍonÍslico, por outro lado, podemos chamar pensamento_de gamtg., cujocentÍoéotempo. O tempo também paÍticipa da causalidade, uma vez que, noÍ. malmente, pensamos que a causâ vem antes do efeito. Na física moder. na, paÍece, poÍ vezes, que o efeilo ocoÍreu anles da causa e, PoÍtanto, os fÍsicos tentam dar-lhe uma viÍavolta e dizer que ainda podeÍemos chamaÍ isso de causal; mas penso que Jung está ceÍto âo afirmar que ral rocedimento ampl iaedistorce a idéia de causalidade ad absurdum, ao ponto de lhe Íou osl 'srmpre antes <fo éfeito, de modo que existe também uma idéia linear de lempo, ântes e depois, com o efeilo sempre depois do antes o nElmento sincÍonístico o modo clássico de pensar na Clri' na, é um pensamenlo em campos, poÍ assim dizeÍ Na filosoÍ'ia chine $, es§e pensamenlo foi desenvolvido e diferenciado muito mais do que em qualqu eÍ outra civilização; assim, a queslão náo consiste em saber por que tal coisa ocoÍÍe ou ue fator causou t que Íovãvel que aconleaa óollu-ntamente, de modo sigrtiÍicativo, no 1§Tg ry9tr99!o. Os chinescs PeÍEuntam sempre: -U que tende a âcoíteceÍ conjuntamente no tempo?" Assim, para os chineses, o cen' lÍo do conceito de campo seria um instante de temPo em que estâo aglomerados os êvenlos A, B, C, D, e assim por diante (figura I ). fuchard Wilhelm exprime muito bem isso em sua lntrodução ao I Ching, quando fala do erp!9lo_9_.:ye!!es que ocoÍÍem num ceÍlo momenlo de tempo. Em nosso pglyÍnento JauE, efetuamos uma grande seParâçâo 8 do. Normalmente, a causa vem n
  • 9. ç F I E c D Figura l. Campo de tempo (conjunto de eventos vinculados no tempo). entÍe e_ventos psíquicos e eventos físicos, e nos limitamos aPenas a obscrvar como os eventos físicos se pÍoduzem uns aos outÍos, ou têm um efeito causal Íecíproco bem como sobre os eventos Psicológicos. Até o século XlX, ainda peÍsistia nas ciências (e ainda peÍsiste nas me. nos desenvolvidas) a idéia de que somente causas físicas têm efeitos fí' stcos, e somente causas Dsicolósic as têm efeitos Dsicolósicos ; por odo de pensaÍ de Freud:"Esta mulher é neurótica e tem uma idiossincrasia como resultado de um trauma infantil." Este seria a mesma espécie de pensamento, só que transposto paÍa o nível psicoló- gco' A peÍgunta que hoje está sendo feita é se existem inteÍaçÕes en- tíe essas duas linhas LVeÍA Z o como uma causa ps qulca Para even- tos si ulcos e vlce-versa Esse é um prob ema PaÍa a me tclnâ psicossomática interações entre essas duas cadeias de causalidade podem ser provadas: podemos leÍ uma caÍta onde está dito que alguém a quem muito amamos moÍÍeu e, daÍ, resultarem efeitos fisiológicos; podemos até desmaiar, uma reação que nâo é causada pela tinta e pelo papel. mas pelo conteúdo psíquico da comunicaçâo. Há uma inteÍação causal entre essas duas linhas, que só agoÍa começa a ser investigada. Entretarrto, o modo sincronístico isto é, o modo chinês de pen- sar, é completamente diferente. Trata.se de uma diferenciação Pen samento pÍimitivo ern que nenhuma distinção jamais foi feita entre fa- tos psicológicos e físicos. Em sua indagaçào sobre o uee rovável que ocoÍra Junto, podem ser reuni os fatos inteÍnos e externos. Para o modo sincronístico de pensar, é até essencial observar ambas as I areas
  • 10. ri v da realidade, a física e a psíquica, e assinalar que no momento em que tivemos tâis e tâis Pensamentos ou tais e tâis sonhos - que seÍlam os eventos psicológi cos - aconteceÍâm tais e tais eventos fÍsicos exteÍio. Íe s; ou s€ , havia um com lexo de eventos físicos e sicoló os. Em. boÍa o pensmento causal tâmbém postule o problema do tempo sob alguma forma, poÍ causÍl do antes e do depois, o roblema do te contudo, é muito mais central no modo sincÍonísrico de PensaÍ, PoÍ. que existe o momento cÍ rco - ceÍto momento no temPo - que constitui o fato unificadoÍ, o ponto foca.l para a obseÍvaçâo desse complexo de eventos. Na moderna ciência ocidental, usam.se médias algébricas para descrever as probabilidades da seqüência de eventos - matÍizes algé. bricas de formas diferentes e funçôes e curyâs algébricas. Os chj4ggqg também empÍegam â matemálica para a descriçâo de sras leis sincro. nísticas. Usam algo parecido com matrizes mâtemáticas, mas náo as abstÍaçóes algébricas; utilizam cada um dos números inteiros naturais (1,2,3,4, 5,6,'1-), pelo que podeÍ.se.ia dizeÍ que a mâtemática desse modo chinês de pensar seriam as diferentes qualificaçôes aduzíveis da série ilE nímeros inteiros naturais, as leis comuns que poderÍamos reti. rar deles. Usa.se 3,4 e 5 para apreender um conjunlo de evenros, numa forma mâtemáticâ. A base da ciência da mâremática ou a ciência maremárica do pensamento sincÍoníslico é, poÍlanto, a serie de números inteíÍos nâ. turais; e é o ue se descobre em lodas as técnicas de adivinhâção. A mais simples forma de adivinha çâo é a biná Ílâ: acetla.se ou eÍÍâ se oga.se uma moeda para o ar e obtém.se c â ou coÍoa, decidindo.se assim se se vai a Rigi ou n/to, ou a qualquer oulro lugar sobÍe o qual estamos indecisos. A decistÍo aleatória, determinada pelo acaso. é a idéia básica de roda a adivinhação, mas em diferentes civilizaçôes exis tem lécnicas diferenciadas, sendo possível inreÍpÍetaÍ por meio delas melhor a situâçâo, num ceÍto momento do tempo. O modo ocidenrâl de nsâÍ é uma oÍient o rÀ sejâ, pÍtmelro observamos os eventos e de is exlÍa ma êm rco modo chinês ou oÍiental consiste em usar um modelo menral intütivo Iêr os- e a saber os numeÍos ln s nâtu- rais. El r0 es se voham primeiro paÍâ o evento de lançar ao âÍ caÍa ou tiva, ou o
  • 11. coroa, que é um evento psíquico e psicofísico. A pergunta do adivi. úador é psíqúca, ao passo que o evento é a moeda cair ou de cara ou dc coroa, fato a partír do qual os eventos inteÍnos e extemos subse. qíientes podem ser interpretados. [ogo, trata-se de um modo de ver fl inteiramente complementü ao nosso. Oque e rmpo rtante na China , conforme também sublinhou Jung em seu ensaio intitulado "Sincronicidade: Um Princí o de Conexão Âsagra[', é o fato de os chineses ná'o teÍem se fluado, como aconte- ceu com muitas outÍas civilizações primítivas, no uso de métodos divi- natórios somente para predizer o futuro - por exemplo, se um homem deve ou não casar. Pergunta.se ao sacerdote e ele diz: "Não, não a conseguirá" ou "Sim, vai consegui.la". tsso é algo praticado nol ! mundo inteiro, não ú oficialmente, mas por muitas pessoas no silên- I I cio de suas salas quando dispõem sobíe a mesa as cartas do Tarô, etc.,.r ou quando se dedicam a pequenos rituais:"& hoje brilhar o sol, então farei isto e aquilo." O homem pensa constantemente desse modo e até os cientístas têm essas uenas su mÇmí-menaOEra si mesmos que, como o sol brilhou no quarto deles ,ao saltarem da cama, sabem que hoje tal e tal coisa correrá às mil maravilhas. Mesmo que rejei. temos em nossa, Weltanschoulng consciente tais superstições, o uee teemn ta de stico do futuro com a mão esqueída, poÍ assim dizer, e depois negao envergo- nhado ao seu irmão racionalista, embora Íique muito aliviado ao descobrir que o outro faz a mesma coisa! Nesse estági o, a adivinhação nÍo pode evoluir e tornaÍ.se dife- renciada; continua sendo uma esp técníca Drimitiva de suposi. e ão ou , tentando con eturar o futur or alcuns meios técni. ite cos. Como eu disse, isso é praticado por nós e mais abeÍtamente em todas as civilizações pÍimitivas. Na África quem quiser viajar vai a um médico-feiticeíro gue joga um punhado de ossos de galinha e, segundo a maneira como caírem, mais na seção vermelha ou mais na branca do círculo que tÍaçou no chão, e segundo a espécie de constelação que formarem, ele dirá se a viagem será ou na-o bern.sucedida, e se a pessoa deverá ou não pÍosseguíi. Antes de qualquer grande empreendimento, tal como uma caçada, uma longa e perigosa viagem a Joanesburgo, ou pols rja lá para onde for, se consulta primeiroooráculoede il itivo
  • 12. âge.se de acoÍdo. Nós fazemos a mestna coisa mais sêcÍetiunenle, mas em ambos os casos - mencionarei a.lgumas exceçoes mais adianle - isso não está incorpoÍado à lllehonscluuung e, poÍtanto, conlinua sendo uma espécie de pÍática primitiva subdesenvolvida, um jogo ritual, que nâo somos pÍopensos a integrar em nossa visáo consciente da realidade. Os chineses, como todas as civilizações pÍimitivâs, ainda recor- Íiam a essa técnica rudimentaÍ, até ela ser finalmente proibida. Na praça do mercado de todas as cidades chineus, havia alguns sacerdotes I Ching que lançavam moedas ou escolhiam hastes de milefólio, obtendo Íespostas paÍa as peÍguntas que lhes eÍam feitas, mas depois isso foi proibido. Em 1960, Mao pensou em aliviar ligeiramente a pressar-o política racionalista sobre as massas e descobriu que havia duas posibilidades: ou forneceÍ mais aÍÍoz, ou permitiÍ o uso do I ChinC, e todos aqueles a quem consultou disseram.lhe que o povo eslava mais ansioso poÍ vohar a usar o I Ching do que por obler mais alimento. O alÍn{g esq119e|- - o I Ching eÍa o seu alimenlo espiritual - eÍa mâis importante para a população, de modo que foi permitido, cÍeio eu, poÍ um âno ou dois, voltando a ser reprimido em seguida. É tipicamente chinês que até uma tigela de arroz - e eles esta. vam passando fome - fose menos impoÍtante do que leÍem de novo seu amado liro das mutações e suâ oÍienlação espiritual. O grande méÍito do I Aing deve.x a dois Bênios noláveis: o lendário rei Wén e o duque de Chu, que desenvolveram o que era ori - ginalmenle um sistema oracular pÍimitivo e o conveÍleÍam numa completa bteltonscluuung filosófica. Eles trataram filosoficamente o oráculo e suas conseqüências éticas; meditaram sobre suas conseqüên- cias e pressuposições psicológicas e, através disso, o ^I Chr'rg passou a ser na China a base de uma lleltanschautrg muito profunda e muito ampla. Jung, em seu estudo sobre a sincronicidade, afirma que isso aconleceu somente na China, mas eu tive a oportunidade de desco. brir que também aconrecia na NigéÍia ocidental. Havia aí certos médicos-feiticeiros que, poÍ sua técnica oÍaculaÍ - Beomancia, no caso deles - haviam desenvolúdo toda uma filosofia Íeligiosâ, nâ- turalmente um pouco mais pÍimitiva do que a chinesa, mas, também, l2
  • 13. um completo ponto de vista religioso e filosóÍico acerca do oráculo, que não eÍa usado apenas como pÍática de pÍognóstico. Esses são os dois casos de que tenho conhecímento. Existe provavelmente um terceiro, porém não me foi possível obteÍ o material; até onde pude averiguar, somente um estudo foi escÍito sobre ele, mas não pude até agora consegui-lo em parte alguma. A anti- ga civilização maia que, como está ficando cada vez mais evidente, teve suas ratzes na Ásia central e, poÍtanto, estava ligada à civilizaç8o chinesa, também possuÍa uma técnica oÍacular do tipo ICfttng; asim, permito-me c.o_nj_etu.Ía,r:-g9Jn !.s" lg Srqgt9: d.Jua civüzação, que tamEe;fõímalis trnúà úãoncõpçió e um ponto deffiffiGÍicos a ese respeito e que não era apenas uma técnica secÍeta de óstico Schultze.Jena publ rcou um Pequeno ensalo sobre o assunto, mas, embora eu venha há dois anos tentando encontÍá.Io, não consegui descobri-lo em parte alguma da Suíça e, até onde sei, o autoÍ escreve somente sobre as técnicas do oráculo maia e nâo sobre seus fundamen. tos filosóficos. Podemos, entretanto, formular algumas conjeturas a tal Íespeito, porque, na filosofia maia, todos os deuses eram deuses de temoo e número. Todas as frguras Pflnctpals dos mÍos maias possuem um número especÍÍico, que é expresudo, inclusive, em seus íespectivos nomes. O maior herói, por exemplo, é Hunabku - o nome deriva de Hun, que signiÍica um - e há ainda o grande herói Sete caçador; todo únrero e um momento do tempo no calendário anual. Assim, existe a uniío de uma Íigu Ía arquetípica com um determinado momento do tempo e um determinado número intei- Ío naturâI. Isso propicia o indício de que, provavelmente, o oÍáculo maia estava filosoficamente vinculado a esse tipo de visão de mundo mas, como já disse, ainda não encontrei qualquer detalhe a respeito. Fiquemos, pois, de momento, com o modo chinês de pensar. Exis te um excelente [vro sobre o assunto, de autoria do socíólogo --> - Marcel CraneÍ, La pensée chinoise, onde se diz que os chineses nunce pensaÍam_em qua!ti4-a!_es, mas sem Íee de emblemas ali- tativot Jung tê{os.ia chamado de "sÍmbolos" e eu usarei esse termo, a fim de tornar as coisas maís claras para todos nós. Segundo os chineses. os númeÍos descreve , exatamente como ocorre conosco. Com íórmulas algébricas matemá. l3 l - lc- I
  • 14. licas, tenlâmos descrever relaçôes regu lares. Como câteBoÍia, a causali. da ela a descobrir tais I9|3gqs e, também paÍa os chineses, os númeÍos ex ressam as rela ões Íe ulares de oisas - não P em seu modo quantitativo, mas em sua hierarquía qualitâtiyâ, median- te a qual eles qualificam a ordenaçâo concÍeta das coisas. Nâo pode. remos discordar disso, porquanto conosco, mais ou menos, sc passâ o mesmo, exceto na ênfase que eles atÍibuem ao nível quâlitativo. Mas nr China vão mais longe ainda, já que acÍeditam ue o unr. q A mesma uem Pense selpgls.!Iü!§9!.!lglS rlln_o-Ua_srq9. qo_ univeÍso,_que qpl!Sqry_!9!9s ,o-s__djfe&!l§-frp0Íncnos, mas, para nós, isso por enquanto é apenas uma idéia especulativa, alimentada por alguns físicos modernos. Os chineses simplesmente supusêÍam que existia esse Íitmo de toda a rea- lidade, ritmo que eÍa um padrão numérico, e que todas as Íelações mútuas das coisas, em todâs as áreas da vida exteÍna e interna, espelham, poÍtanto, esse mesmo padÍâo numéÍico básico, numa forma concebida como um ritmo. Até lins do século XlX, a concepção chinesâ do mundo era muilo mais vigorosa e dinâmica do que a nossa, acredilando que tudo era energia em fluxo. Na realidade , pensamos hoje o mes4qpgue eles, mas chega mos â essa idéia muito mais tarde e alravés de métodos cienüFrcos. O PÍessuposto pÍimoÍdial chinqs, desde sempre, eÍa que, . exterior e interiormente, tudo é um fluxo de energia que obedece a -, certos rilmos numéÍicos básicos e periódicos. Em todas as áreas de i evenlos, acabaríamos sempre poÍ chegar, ao final, a essa imagem espe. cular, o ritmo básico - uma matÍiz - do cosmo. PaÍa os que nâo são muito afeitos à matêmática, umâ matÍiz consiste em qualquer dispo. sição ÍegulâÍ de números em várias colunas; pode haver qualquer quantidade de filas e colunas, mas sempÍe numa disposição retangular. Para os chineses, uma das matÍizes básicas ou disposiçÕes do univeÍso eÍa uma matÍi2 quedÍangulaÍ - um quadrado mágico denomi- nado Lo Chu. Chamam.no t!999e Ínlgllg, poÍque, seja como for que se somem os algarismos, o resultado é sempre o númeÍo 15, e também é o único quadrado mágico que tem apenas tÍês elementos em cada fila ou coluna. Desta forma, tÍata.se de algo realmente ímpar, na l4 Ê1 Ítco Ína, ',1
  • 15. 4 9 2 3 5 7 8 I 6 7 , E3549 I 6 Ftgun?. Lo Chu- No jsrgío moderno, uma metÍiz Figlrn 3 . Hotu. matemática. Eistem nruitos quadrados mágicos, com mais Íileiras e $9o-r€s gossl bilidades deã rio, mas o mais simples de todos é este ue tem I nas oato solu ões. E diria que se tÍa ta de uma 8S matÍizes numéricas mais altamentê simétricas que se pode encontÍaÍ na aritméticá. Os chineses descobriram.na intuitivamente e, para eles, Íepresentou uma imagem especular ou Íítmica básica do universo, üsto em seu aspecto de tempo. Retornarei mais adiante s este ponto. Os chineses tiúam duas idéias ou asoectos do teErpo, que são o tempo intemporal, ou eternidade, a eternidade imutável, e o temDo 19lii9õ, que se sobrepõc ao pÍimeíro. De acordo com as idéias chinesas, yivemos normalmente com a nossa consciência em teml,o crclico; mas existe um tempo eterno - une durée créatice, para usar a expÍessão de Bergson - subjacente, que interfere, por veze§, no outro. O tempo chinés qrdinário é cíclicoeobedeceaesse padrão. Os chineses dispuserarn as câmaras mais lnternas de seu palácio imperial de acordo com esse padrão; todos os §eus instrumentos musicai§ eÍam também afina ele, todas as danças e todo o pÍotocolo, assam como o que um mandarim e o que um plebeu tiúam de tazer no funeral de seus país. Em todos os detalhes, esse padrão numérico sempre desempeúou um papel, porque se pensâYa ser o ritmo básico s, protocolares, Íão era sempÍe da realidade; portanto, em diferentes variações musicsi aÍquitetônicas, em toda parte, enfim, ese mesmo pad t/ colocado no centío t5
  • 16. um enorme edifício com sólidos âlice sa dorem meja_dLqtêjs axlomas sso aconle ceu em I 926 e Hilbert teve até coÍagem suficienre ,^j,. llpara afirmar: "Penso que, com a minha teoÍia, a discusslo de funda. llÇ' ll mentos foi eliminada pâÍa sempÍe da malemárica." Então, em I 931 , apareceu outÍo matemálico muito famoso, Kurt Goedel, que se debruçou sobre alguns desses axiomas básicos de Hilbert e demonslrou ser possível chegar a contradiçôes complelas com eles; partindo dos mesmos axiomas, pgdftse jlolgf qlglma coisa básicos, poucos, â paÍtiÍ dos quais poderiam ser construidos_lodos os ramos da matemática: a ropologia, a BeometÍia, a álgebra, eL;);19!3 r,e_!3ln!ém_9. sju :9!Lp_!t9_ 9p-9sro. Em outras palavras, Goedel mos- ll trou-que os axiomas básicos contêm um fator irracional oue nío pode ---- ll seÍ eliminamã, ugréD.-q9.yg--gig qr.  ordem numérica subjacente da eternidade denomina.se Ho-ru (figura 3), uma mandala e também u4A_clllz. Temos de novo o 5 no centÍo. Contamos l, 2,3, 4, passâmos depois ao 5 central e, entâo, conlamos 6,'7,8,9, voltando em seguida ao l0 - que estaria reaünente no centÍo. Deve.se passar sem re pelo centro e voltar a ele Na realidade , tÍata-se o movlmqfi o_qC uÍnê_Cq4§ê_Ín§!Sgl, porque sempÍe av3nça paÍa quatÍo e Íecuâ paÍa o centÍo - num movimento de expansão e conlração análogo à sÍstole e.dlj!§lqle . O Lo Chu é o mundo do temno em que vivemos e, subjacente a ele, está scmpÍe o ritmo da eternidade, o Ho-tu. Essa idéia está subenrendida em toda a aplicaçâo cultural e científica da matemálicâ na Clrina. Comparcmo.la com o nosso ponto de vista. Quero apresentarJhes em detalhe o que o conhecido mate. mático Hermann Weyl diz a esse Íespeito em seu livro Philoaphy oÍ Mothematics ond Naturol Science. Sabemos que até poÍ volta dê 1930 a grande e apaixonada ocupaçâo da maioria dos matemáricos era a ra o edifício todo da matemática , poÍ assim dizer, na esperança de que e â não contivesse conlÍadições lnteÍnas. Haveria alguns axiomas islo é obviamênte desta ou daquela forma e que, porlanro, isso e aquilo também o sâo, mas dizer: "Suponho que isto é assim e assim e I t'y;y^ NJ"A' llCis§!§!4qde fundamentos. Como voltou a ser moda hoje em dia, eles Iesperavam reexaminar os fundamentos de toda a ciência. Mas o famoso matemático alemão, David Hilbert, crioquma nova eslÍuluÍa ô ló
  • 17. que, desta forma, entâo, seguem-se tais e tais coisas." Os axiomas devem ser apresentados como pÍessu postos ou dçyçm ser postqlados, frrbaá Rót Ú ('Ê> a óso ue oderá ser feita uma dedu ão ló ca; mas não odemos ln rir que o que foi pressup osto ou postulado não poderá ser contÍa- e dito ou uestionado como verdad a soluta ';**w ,&a,r Malc*;t Para formular tais pressupostos, a matemática expÍessa.se geralmente em teÍmos de: "É óbvio em si mcsmo" ou "É razoável ryr" - eis como os matemãiiõõTfõiliiã -ãõ]ãem dia uããiõãiã e, a partir daí, constroem suas teorias. A seg,uir , não há contradições, apenas uma conclusão é possÍvel, mas na expressã'o "é razoável su e ue está o busr'lis, como se costuma dizer. Goedel mostrou-nos isso e a coisa desmoronou toda. Por estranho que paÍeça, isso não reabriu a discussão dos fundamentos. Daí em diante, como diz Weyl, ninguém tocou nesse problema;eles se sentíam um tanto constrangidos, coça- vam a orelha e diziam: "Não vamos discutir fundamentos, não adianta nada; é razoável supor, não podemos ir além disso," e é nesse ponto que a situação está hoje. Weyl, entretanto, empreendeu um desenvolvimento dessa questío muito interessante. No começo, foi murtíssimo atraído pelo fÍsico Werner Heisenberg. Ele era predominantemente pitagórico e sentiu.se seduzido pelo caráter numinoso e irracional dos números inteiros natuÍais. Depois, ficou fascinado por David Hilbert e, nos meados de sua vida houve um período durante o qual ele se sentiu cada vez mais atraído pela lógica hilbertiana, abandonando os nú. meros e tratando-os, eÍroneamente, peilso ê1) como quantidades sim. plesmente postuladas. Diz ele, por exemplo, que os números inteiros naturais são algo como se alguém apanhasse uma vaÍa e tÍaçasse com ela uma fileira de sinais, a que depois deu nomes convenciorlais;nada mais existe poÍ tÍás deles; foram simplesmente postulados pela mente lrumana e nada têm de misterioso;era "nzoável e óbvlo em sl me .| que alguém pudesse fazer isso, mais dia menos dia. Mas no final de sua vida ele acrescentou (somente na edíção alemí de seu livro sobre a filosoÍia da matemática e pouco antes de sua morte) esta passagem: A beh esperança que tínhamos de libcÍtaÍ o mundo da discussío dos fundaÍnentos foi destruída poÍ KuÍt Goedel, em 1931, e a base ess€ncial e o significado Íeal da matcmática ainda sri-o urí !lrt I i 1 I !/ l7
  • 18. plpUemrg1!11o. Talvcz se faça maremátice como se faz música. e Irlvcz êlâ s.jâ âpcnag uma des atividades cri.tivâs do homcm; c, cmbor. . idéiâ úúlscrndentc se,a o DÍrnc formrlismo matcmático tem, cm cada ctâpa, â cirâctcÍística de scÍ incomplcro Io que signiÍice quc toda c quâloucÍ lêoriâ mâte- málicâ é coerente em si mesme. mâs incomDletÂ: cm suas fron 6es nâ-o €o_ó!ttt, nâo sâo claras e :ifzl súw )u o,^tr- -Uin" . , -P' teiÍas. assentâm-sc uc sllo com elas , ns medide em quc scmpÍc existem pÍoblcmas, mesmo dc simples naturcza aritmética, que podÊm ser formulados no quadro dc um foÍmslismo, mas nâo poderío seÍ decidido3 poÍ deduça:o dêiruo do próprio formalismo. lsso que está dilo acima, nâ mâneira complicada de um maremá. tico significa, em palavÍas simples, "Eu me âlÍevo a dizeÍ que é óbvio, pelo que postulo algo irracional, pois nâo é óbvio." Ora, uma pessoa poderá fazeÍ um movimento utoboros e dizer: "Mas, com bâse na miúa dedução, posso ÍepÍovaÍ o meu princÍpio." Não pode ! você não pode, a paÍtiÍ do formalismo dedurivo, deduzir depois uma PÍOVa, exceto poÍ umâ tautologia, o que, naturalmenle, náQ é permi. tido, nem mesmo em matemática. Portanto, nío é de est anhar que, numâ exislência fcnomcnal isolada, um fragmento da natuÍeza nos suÍprecnda poÍ sua iÍÍâcio. na.lidade e que nío possamos analiú.lo completrmenle. Como vimos, a física oÍ consê8ulnle, proje ta tudo o _q bockground da pos$b de ou a Pro dâdc O evento srn larmente considerado, é semPÍe iÍÍâcional, mas na física avançâ.se, Ío etando isso contÍa o ôdc -dc um ossível, islo é, constÍôi.se uma malriz. Por exemplo, nesles óculos existem tantos uc cxi3lc no ? Esle trecho é importante, poÍque Íesume o que a ólência ) moderna faz. Em outras pâlavÍas, qualquer fragmento da exisEõõií fenomenal, digamos, este paÍ de óculos, contém algq irracional, imposível de ser esgotado na análise física. Por que os eléctrons deses milhões e milhões de átomos êm que consistem os meus óculos eslão nesse lugar e não em um outÍo, nâo posso explicar; portanlo, ll atÍavés da física, quando nos deparamos com um dado evento,.na rr naluÍeza, nlo há explicação complelamente válida. l8 tomo§ e tantas partículas deles, e assim por diante; e a
  • 19. que tais matrizes são atualmente usadas na engenharia poÍque âssim se pode supeÍaÍ o incontável ; elas fornecem um anStrumento para enfrentar aquelas coisas que nÍo podem seÍ contadas uma por uma. DÍz Weyl : Nío nos surpÍeendc que qualquer segmento da natureza que escolhamos I esres óculos, ou seja !í o que for l, possui um Íator iÍÍacional básico que não podcmos e nunca s€íemos capazes de explicar, que apcnas podemos descícvcÍ, como na íísica, proje. tsndoo no background do posível. Mas, depois, continua: Mas é deveras e ntoso quc algo criado pela própria mentc humana, [@jád ou scja, s #rie completa dos númcros inteúos nrtuÍair issc que cle tem essa idéía enônea de quc s mcntc humana ,@ criou l, 2, 3,4, 5, fazendo pontos ], e que é tío sbsolutsmente siÍnples e tÍÂnspaÍente pua o espírito constÍutivo, também conte- nha um aspcclo de atgo aUtsslllãG-,n*í-Ef-quCã7õ podcmos aprc. ender. em outÍas palavras. dado terem os números inteiros nâtuíais algo de irracional (Weyl qualificou.os de abissais), os fundamentos da matemá. tica não são sólidos, umâ vez. que toda a mâtemática está essencial. mente baseada na admissibilidade dos números inteiros natuÍais. partiÍ de um grupo, em sua totalídade, pode.se estabelecer uma fórmula com a qual será possível até contaÍ as paÍtículas - não l, 2, 3, 4, 5, mas píojetando no background do que é possível. É POÍ lS§O Ora, precisamente or ue os meÍos s lÍraclo nais. abissais e m instrumento Esra é a conÍ'issão de um dos mais notáveis matemáticos modeÍ. nos - porque um dos maÍs voltados paÍa a filosofia - Hermann Weyl. Podemos dizer, naturalmente, que não acÍeditamos no ue ele acre. ditou. isto é , que o§ númeÍos inteiÍos natuÍâis ÍepÍesentam símples. menae a denominação aplicada a uma serie de pontos colocados em certas posições; e, poí conseguinte, para nós nada há de suÍ Íe te no fato de meros anteiÍos natuÍais serem abisais e íora do alcance da nossa com Íeensío. Ele acreditava nisso e foi esse motivo que não ôde entender incrível que seja assim, mas asstm; ll lnson ar Weyl -, e.!g_99!§!úu91Lun bo l9 I ,.r a - PaÍa c vets
  • 20. 7 plÍa a apÍeensro de alg Se usarmos números para apreen- der o irrãcional, estaÍemos usando meios irraciónais ta ca tar al o irracional sen essa a base da -ejiylnhêç1ful. Foram empregados esses ÍU§_ Í'utguéIl lnt-eldeu_jÉ hoj.e, nl núrneros irracionais, abissais, tentaliva de adivinhar a realidade ou a ligação deles com a realidade -, mãs ao liô5-tema da adivinhação também paÍlicipa o problema do temPo. A adivinha ção e.sgjlaclgg11!ê_ggm -â--t!4_c-tq!§!da-dg§-l flg, em oulÍas tantas palavras, chamou os fenômenos sincÍonísticos de &!q' Eenos_pgl3j§t9S!égtlos. Desejo que tenham isso em mente porque, como se sabe, na ciência modeÍnâ, físicos e-psicólogos estão tentando agora descobrir a união da física c m a psicologia na área dos fenô. os. Eles têm o palpite de que os ênômenos para I I I 9 ( o c psicológicos poderiam nos dar uma pista da uniâo de physis e psyche. Ora, em adivinhaçâo, c refiro.me, âqui, especificamente à adivinhaçâo numérica, também teÍíamos, poÍtanto, de lidar com o fenômeno para. psicológico, que está, ao mesmo tempo, ligado ao número. Jung chamou o número de a expÍessã'o mais pÍimitiva do espírito e, assim, lemos âgoÍâ de explicar o que, do ponto de vista psicolóBico, enten. demos por espíÍito. Jung, ao procuÍaÍ especificar como empÍega a palavÍa espíÍito, citou primeiro uma poÍção de termos coloquiais em que espírito é usado como algo no género de uma subslância nfo-mateÍial ou o oposle_dg [atéÍia.* Em geral, também usamos a palavra espírito para indicar algo que é um rincípio cósmico , mas empÍegâmos â mesma palavra, quando nos refenmos a certas capacidades ou atividades psíquicas psicológicas do homem, como o irqelecto-ou a capacidade de pensar ou racio-cinar. Por exemplo, poderenros dizer: "Ele lem uma concepção espiritual", ou "Essa idéia provém de um espírito distor. cido" - ou expÍessões assim. Usamos ainda a palavra como um fenô- meno coletivo, por exemplo, na palavra Zei!$j!!, hoje em dia, geral- mente, nem sempÍe tÍaduzida; é um vocábulo alemão para expressar o fato irracional de ue cada período dê te ssul cerlo espÍÍito I C[. "The Phenomenology of rhe Spirit in Fairytales", Corrected l+torks,Yol.9, l, pp.384 ss. 20 menos Ft
  • 21. Por exemplo, o Renascimento tiúa um certo espírito, como foi ilustrado em sua arte, sua tecnologia, na matemática e na concePção religiosa, por toda a parte. Todos esses fenÔmenos, caracterÍsticos do seculo XVI, podem ser resumidos como o espírito do Renascimento. Neste sentido, a alavra é sim lesmente usada como um fenÔmeno I h"ggg - o espírito cósmico em oposição à matéria do algo que vivenciamos como uma ativídade do ego humano coletivo a soma de idéias comuns a muitas ssoas. Poder.se-ia também falar do espírito do marxismo ou do nacional-socialísmo, quando signiÍicaria, então, as idéias coletivas comuns de todo um grupo. Existe, poÍtanto, continua Jung, certa oposição énÍe o espí' nto , qtre tem uma e cie de eústéncia extÍa.humana, exteÍior ao cosmo - e . Se diser- mos, a respeito de alguém, que ele tem um esp írito distorcido, isso signÍÍica que o seu complexo de ego está funcionando intelectual' mente de modo errado. Portanto, Jung prossegue: Se algo psíguico ou psicológico (isto é, um evento psicológico) scontece no indivíduo e ele tem o sentimento de que isso the pertence,então, chama-lhe o seu espÍ' rito, por exemplo - o que, diga.se de pas§agem, seria inteiramente errado, mas é feito por muita gente. Se eu, de súbito, tivesse a idéia de lhes fomecer um bom exemplo, entalo eu sentiÍia que a boa idéia en minha, que o meu espírito a produzira. Se algo psícológico acontece que parece estÍanho ao indivíduo, então é chamado de esPíÍito, no sentido de algo como um fantasma, e o indivíduo vivencia-o como possessío. Suponhamos que, subitamente, sinto-me impelida a Íicar repe' tindo: "Os gerânios são azuis", "Os geránios são azuis", "Os gerânios são azuis". Então, porque isso seria uma maluquice e me pareceria muito estÍanho, em comparação com o que estou fazendo agora aqui, eu diria: "Meu Deus, que demônio ou fantasma meteu semelhante 1 idéia em minha cabeça? Essa idéia está me possuindo e fazendo-me I falar bobagem!" Ora, os primítivos sáo mais honestos: a tudo o que' lhes acode inesperadamente dô próprio íntimo chamam espíÍito; não só o que é ruim e os possui, mas qualquer coisa a cujo respeito diriam: "O meu ego não fez isso, acudiu.me de súbito" - isso é o espírito. No último caso, quando o espírito ainda está fora, quando Íico possuída por ter de dizeÍ ou Íazer zlgo que não paÍece peÍtencer ao meu ego, 2t
  • 22. lÍatâ.se entâo de um aspecto pÍojelado do meu inconsciente ;é uma ,*-/ "$l:ir:' -.n".,P > r,,uirt ' (t- e da minha sl ue rncon que é rojetada e depois viven. ciada como fenômeno DaÍaDs!cológico lsso acontece quando ficamos num estado em que nro somos nós mesmos, ou somos dominados poÍ uma perturbaçlo emocional em que perdemos o autocontÍole, mas, depois, desperlamos completa. mente lúcidos, vemos as coisas esrúpidas que fizemos duranre o esrado de possessío e, perplexos, perguntamos o que teria sido que entÍou em nós: 4te_!e ee&Iqu 4q nóq, nâo somos nós mesmos embora nos com pgIlem o!_go!ít ole,_plnsasse os oue éramos - é umâ coisa âssim como se um espÍrito maligno ou o demônio nos tivesse penetrado. . - Uma pessoa não deve tomar simplesmente essas coisas de um modo coloquialmente divertido, mas ao pé da lerra, pois um demô. nio - ou diÍíamos com mais neutralidade um comptexo âulônomo - substitui lemporariamente o complexo do ego; parece, no momenlo, seÍ o e8o, mas não é, porquaoto a pessoa, depois, quando dissociada disso, nâo pode entender como chegou a fazer ou pensaÍ tais coisas. Uma das pÍincipais maneiras de usarmos a palavra espíÍilo é quando aludimos ao aspecto estimulante e revigorador do incons- ciente. Sabemos, hoje, que a- entÍada em conrato do complexo do e8o com o iDconsciente possulu-E efei.to estiÍ.nulanle e qUe issolqn-slilUl, realmente a base de todos os nossos -elfo$ os terapêutiços. Por vezes, pessoas neuróticas que se fecharam em seu vicíoso cÍrculo neurótico, assim que iniciam a análise e têm sonhos, ficam excitadas e inteÍes. sadas em seus sonhos e, então, a água da vida flui novamente; elas voltaram a teÍ um interesse e, poÍtânto, sentem-sê subitamente mais vivas e mais eficientes. Entío, alguém pode dDer: .,O que foi que lhe aconteceu? Parece que você ganhou uma vida nova." Mas isso só acon- Í contâto com o inconscienle ou, o-dô- incorisclenie-' e, eã- àsfãc ial, com o seu aspecto revigoradoÍ e estimulanE Portanto, Jun define es ÍÍito, do ângulo psicológico, como o ospecto dinámico do inconsciente .se conce Í o lnconsclente - como algo semelhante à água parada, um lago passivo. As coisâs que esquecemos caem nesse lago; se as recordanros, é porque voltamos a pescáJas, mas o lago permanece imóvel. O inconscienre tem esse tece se a pesoa logrou estabelece melhor dizendo, com "o dinariism lr ,)? 't", I I
  • 23. aspcc to de matÍiz, de ventre mateÍno, mas também tem um asPccto dinâmico, de movimento, age espontâneamente, por sua livre von- tade - por exemplo, empõe sglhos. Poderíamos dizer que a compc sição de sonhos enguanto dormimos é um aspecto do espírito; algum espíÍito supeÍioÍ compõe uma série sumamente engeúosa de imagens gue, §e Pudermos decifrá.la ecem tÍansmi m bastante inteligente. Esta é uma manifes crelte, em que ele faz eneígicamente algo por sua própria vontade, moviÍnenta-se e cria por sua própria conta, e foi isso o que Jung deÍiniu como esp írito. Existe natuÍalmente uma fronteira pouco nítida entre o subjcllivq q o obietivo ; mas, na prátic8, s€ uma pessoa sente que ele lhe peÍtence, entío, é o seu próprio espírito; e se nío sente que ele lhe pertence, então, a pessoa chama.lhe.o espírito ou uttl espírito. lsso depende do fato de ela sentir.se afim ou nío com ele, próxirna ou não dele Jung resume, dizendo gue q_-gsp@ contém um pÍincípio psrquico espontâneo de movimento e ativídade; em segundo lugar, gge tem a ualidade de criar livremente ns PaÍa além da nossa peÍcepção sensoÍiel (num sonho, a pessoa nÍo tem peícepçío senso. rial - o espíÍito ou o inconsciente cria imagens a paÍtiÍ do seu inte. rior, enquanto as peÍcepçÕes sensoriaís estão adormecidas); e, em terceiro lugar, que há uma manipulaç ão autônoma e soberana dessas u!9t9!s. São essas as três características do que Jung chama de espírito se@ãíúo trÍõs <G impressões do dia ante. rior. Por exemplo. lé.se alguma coisa num jornal, passa.se por alguma experiêncía na rua, fala.se com o senhor Fulano, e assim poÍ diante. O soúo ca ta esses fÍa ntos e a artir deles realiza uma combinação com etamente nova e signiÍicativa Vê-se aí a manípulação soberana das rmagen§; as são co oc as numa outra ordem e g3llpuladas numa seqúência diferente, com um significado completamente ou dinamismo do inconsciente. Ele está espontaneamente ativo, cria'l lÍvremente i.qggltgatq L!Íq9.r eqtCçpç[e-s_fsoriais_e, de um modo aTiõn o rnõ ? sóbe rírio, rian i p üt a e ssal r mãÉil $ü ma pe$üõEõ;a J ?noccç? lp so'nh diverso. embora a Pessoa atnda reconheça que os vários elementos foram tomados, por exemplo, de lembranças rcmanescentes do dia 23 rl s.
  • 24. anteÍioÍ. É por isso que muitâs pessoas pensam seÍ essa a explicação toda do sonho: "Oh, li ontem no jornal a notícia de um incêndio, por isso sonhei com um incêndio." Enlâo, temos de começar, como sempÍe, dizendo: "Sim, mas atenle parâ as conexôes em que o incên- dio foi reproduzido, muito diferentes do que você leu." lsso seria o espíÍito, aquela corsa desconhecida no inconsciente que Íecompóe e mmipula as imagens interiores. Esse fator que produz e manipula as imagens inteÍioÍes é complelamcnte aulônomo no homem primitivo, mas, através da dife- Íenciaçlo da consciência, avizinha-se lentamenle da consciência e, poÍlanto, em contÍaste com os pÍimilivos, dízemos que fica, em paÍte, sob o noso controle. Por exemplo, dizemos frequentemente que lemos uma boa idéia ou inyent amos algo novo. Um homem PÍlmrtlvo jamais diria que um aÍco e uma flecha, por exemplo, sllo uma invenção sua;ele diria que o modo de como conslÍuiÍ um arco e uma flecha lhe foi revelado pelo deus do arco e da flecha, e contaria, em seguida, um mito de origcm, como a um ceÍlo caçador a sua divindade apareceu em sonho ou visão e lhe revelou o método de construir um arco e uma flecha. It (q Assim- ouan to maioÍ é a nossa consciência e quanto mais ela se desenvolve , mals nos a os de cerlos as ctos do es íÍito do in. consciente, alraindo.os Ía a nossa esfera subjetiva; e chamamosJhes, então, de nosa própria atividade psíquica ou de nosso próprio espí. rito. Mas, como sublinha Jung, grande parte do fenômeno original PeÍmanece natuÍalmente autÔnoma e, poÍ conseguinte, ainda é experi. mentada como fenômeno parapsicológico. Em oulras palavras, não devemos supoÍ que no nosso atua.l estágio de consciência, quando assimilamos do espíÍilo inconsciente rnais do que um certo montante e o toÍnajnos nosso - isto é, conveÍtemoJo em possessâo do com. . plexo do ego, de modo qu: o complexo do ego pode manipulá.lo - qr,,l não develnos supor, -dizia eu) qlg_Sl11yglloJ o seu completo domúrio. Nada disso. E-xiiE alnda íma área enoÍme do-espíiro qrãE-m-ani. festa hoje como se manifestava originalmente, de forma inteiramente autônoma e, poÍtanto, como fenômeno parapsicológico, ral como ocorÍe entÍe os povos primitivos. Se atenlarmos paÍa â históÍiâ da matemótica, poderenros ver, L 24
  • 25. com muita clareza, como o espírito te t . Por exemplo, os números inteiÍos natuÍais, como o leitor provavelmente sabe, eram, paÍa os pitagóÍicos pÍincÍpios divinos cósmicos que constituíam a estÍurura básica do univeíso. Eram deuses, divindades e, ao mesmo tempo, o princípio estrutural básico de toda a existência. Até mesmo leopold Kronccker afirmou que os números natuÍais eÍam invenção da divindade e tudo o mais eÍâ produto da mão do homem. Hoje em dia, nesta é de su osto esclarecimento racional, @eapalav ra Deus foram, de qualquer a sériã-"têntativa foi feita na @ forma, eliminados da ciência humana, um matemática formalística para deÍinir o número de maneira que ex. cluísse todos os elementos irracionais, através da deÍinição dos nú- meros como uma série de sinais ( l, 2, 3, 4, 5 e uma criaça-o da mente humana. Agora, o espíÍíto está, apaÍentemente, posuído pelo com. plexo do ego, o ego dos matemáticos possui números por eles criados! Era nisso que Weyl acreditava e foi por isso que ele afirmou:"Não posso entendeÍ que algo completamente simples, criado pela mente humana, subitame saria apenas indag nte contenha algo abissal e insondável." Ele preci- ar se a mente humana tinha de fato criaiiõ-6ií- m@. Ele penu estar agora manipulando completamente o fenô- meno, mas isso não é verdade. Os primitivos, se.tém 30 cavalos, nâo podem contá-los, mas usam 20 pauzinhos e então dizem:um pauzinho, um cavalo, dois pau. ziúos, dois cavalos, trés pauzinhos, três cavalosíetà; depois, contam os pauzinhos e com eles podem contar o número de cavalos. Esse foi o homem apre-áEIã um método muito difundido através do qual contar. Nós ainda o usamos com os nossos dedos; se alguém enumera coisas, apontamos paÍa os nossos dedos como uma "quantidade auxiliar''. Toda a ome ou com a uantidade auxiliar Ouando o homem pôde, pela prÍrneira vez, contar alguma coisa e depois teve de contar mais, usou os dedos; ou, em muitâs civilizações primítivas, usam pontos ou pauzinhos e, depois, quando 'há alguma coisa a ser contada, os pauzinhos são díspostos no chão e contados, scndo essa a a quantidade auxrliar. Assim, se fizermos o que Hermann Weyl tez, estaÍemos simples- mente Íetoínando ao método primitivo, contando a quantidade auxi. 25 CD|-+O ^ cNtK-
  • 26. liar; mas isso é apenas uma ação da menle humana, nilo os próprios númeÍos. Fazer tais pontos ou pâuzinhos auxiliares é umâ atividâde da consciência do ego, por meio da qua.l podemos contaÍ; é uma cons. tÍução dâ mente humana, mas o próprio número não é, e aÍ está o grande erro. Portanto, lemos de voltaÍ atÍás e dizer: "Sim, por um lado, os númeÍos são entidâdes que a mentc humana pode poslulaÍ e mâni. pular." Podemos supoÍ uma ceÍt8 quantidâde de números, uma lei aÍitméticâ, uma situaçlo, que podem ser manipulados, complela, livre e aÍbilÍariamenle, de acordo com os desejos do nosso ego, rrral esta- remos manipulando somenreljerjyetlvo; o faro original queíilirõir um indivíduo a fabricar pauzinhos paÍa contâÍ e assim chegar ao número de cavalos, por exemplo, essidéia de que o indivíduo nío se âpossou, ainda é autônoma, ainda peÍlence ao espírito cÍiativo do inconscienle. Na época de Weyl, poÍtanlo, simplesmente descartou-se o estudo dc números poÍque se lÍopeçava sempÍe em algo completa. mente simples e insólitg: alguém tinha âcabado de colocaÍ em posição quatÍo pontos e, então, de súbito, csse§ quatÍo pontos haviam desen. volvido qualidades que ninguém postulara. Para escapar a essa embara. çosa situação e manleÍ a ilusão de que os números eram alqo postulado pela menle consciert !3, que os podia manipular, Weyl diz: "Os números natuÍais nâo sâo enfatizados em matemática, mas nós os projeramos mediante um Íocedimenlo e cífico no de ossibili. dades inÍinitâs e depois os tÍatamos dessse modo." É esse o procedimento da maioria dos matemáticos modernos. Eles simplesmente adotam a teoria dos números intbiros naturais, de I a N, e os tÍâtam como um lodo;eles afirmam simplesmente que a série de números inteiÍqs-narurais é-qslgllui eg!g!-gg!!!ê!gs - por exemplo, cada número lem um predecessor, um sucessoÍ, uma posiçâo e umâ Íazão. lso é conhecido como um conjunto e há, então, a possibilidade de construir oulÍas matemáticas com números com. plexos e iÍÍacionais, etc. Daí derivam formas muilo superiores, sempre de tipos (poder.se.ia dizer de números), tÍâtados simplesmente como aquilo a que os matemáticos chamam de uma c/asse, ignorando nela o 7,o15eo335. 26
  • 27. Udamos, portanto, com uma idéia algébrica e somente com as qualidades comuns a todos os números inteiÍos na(uÍais. Com essas qualidades, uma pessoa pode construir uma porçâo de coisas, mas, como drz Weyl, "mais ou menos ignorar cada número inteiro natural per se". Os matemáticos onestas eles amal§ negam que o númeÍo iúei@ lqÍn ualidades ilraqlqn4is e individuais, limitando.se a dizer que não estlo ínteressados. Poincaré, poÍ exem. plo, é ainda mais honesto; ele afirmou que todos os números inteiros naturais são indivrduoúrracionais, mas que, exataÍnente por esse motivo, é impossível, na teoria dos números, formular muitas teoÍias geraís sobre eles; e é por isso que eles nlo são muito fecundos para a matemática. Nâo são muito úteís, porque há uma quantidade úrL Itl'l excessiva de casos únicos e não existem generalidades suircientes a l?5 partir-das quais se_pgsê_lo$[Ulat-U0_t!9!g@. Esse era o ponto de üsta de Poincaré;ele não disse que os números inteiros natuÍaas não eram interessantes, mas que nío nos agÍadam muito, poÍque sível constÍuir teoÍemas em sernelhantes bases. Terramos d e rmPos. e prestaÍ atençgo ao caso único e é disso que, como matemáticos, não gos. tamos, porque, poÍ uma questão de temperamento, prefeÍimgs fonnu. lar teorias Íais que são comumente válidas Portanto, na história da matemática, pode.se ver com muits clareza o que Jung caÍacteÍizou como o desenvolvimento geral da mente humana que tudo o que chamamos hoje de nosso espíríto subjetivo, inclusive as nossas atividades mentais em ciência, foi outrora o espíÍito objetivo - quer dizer, o movimento inspirador da psique inconsciente - mas, com o desenvolvimento da consciênciâ, nos apo deramos de uma parte que agoÍa manipulamos e a que chamamos nossa, compoítando.nos como se fosse algo que possuímos completa. menÍe. Foi isso o que aconteceu no desenvolvitnen to global da mate. mática: de deuses que eÍam, os números foram dessagrados e conveÍ. tidos em algo ue é arbitrariamente postulado pclo e de um mate mático. Mas os mâtemáticos sa:o su[icientetnente honestos paÍa declarar: "Não, essa na:o é toda a história; por estranho qu€ pareça, existcm coisas que eu quis aproíundar, mas desisti, porque essas coisas ainda se esquivam e fazem o_3ge_não jgyiam fazerrgÍo p1!9!g escÍanziu completamente pela nossa consciência." 27 11 ,[tl
  • 28. 'r4 rfjr" , ,a .,1 d ?oJNo-'}' Y' | -' Um desenvolúmento paÍalelo âconleceu na históÍiâ da física, onde aBoÍa é cada vez mais usado o conceilo de probabilidade e se pÍocuÍâ ignoÍâÍ ao máximo o caso único. Portanto, Wolfgang Pauli declarou: "Por causa do asPe cto indeteÍminista da lei naluÍal. a obser- vacão física adquiÍe o caÍáteÍ de uma realidade única irraciona.l, e é imposível pÍedizeÍ um sultado contÍa isso, eÍgue-se o aspecto Íacionâl de uma oÍdem abslÍala ossibiliilrle , postulada com a ajud lDíLtgm-á t_iç-9--de pÍobâ bil id â-dê _e- da Ànçap2{t: " a do conceito Em outras palavÍas, a física defronta-se aBoÍa com uma gÍânde divisão, notadamenle, todos os cálculos prévios baseiam.se no con- ceilo de pÍobabilidade e são Íealizados em malÍizes e outÍâs foÍmas alg,é bricas, !ll§: _99!-i eles, tudo o que pode ser enunciado é uma Eoba!!!!&dejilê! Faz-se assim, uma observaç ão concÍela, que é um evento Íeal e sem paÍalslo. Ora, essas obsenações reais e únicas, mesmo que custem dez milhões de dólares, por exemplo - e é o que custam, hoje em dia, na área da microfÍsica - nâo dem ser infinita- menle repetidas, a lim de se obter lambém uma ceÍta pÍobabilidade PÍáticâ. Exisle ols um imenso hiato, e é por isso que Pauli afirma hoje em dia, lmProúsam-se todas essas equaçôes de que a fÍsica está que o expeÍimento Íeal (diBâmos, com uma paÍtÍcula num cíclotron) é lluma "hislóÍia de mais ou menos", irracional, e que, em geral, g1{g se llajusta perfeitamente à pÍobabitidade calculada. É por esse motivo que, Ísplglgi de fato, l-Íâpaceia-se um pouco para ligar umas às outras e já nâo é mais ível efetuar çd1Éela_ctrêlg:grgets. aturalmente, os físicos pensaram a Íespeito! Como foi que isso aconteceu? Por que não se pode foÍmulaÍ uma pÍedição concÍeta que realmente forneça resultados numéÍicos e nâo âpenas uma probabi- lidade estatÍstica? Pauli afirma claÍamente que isso é uma decorrência dj:_plgt$!g$C095 porque o experimento é um evento sirtgular e concrelo e os meios de cálculo em malemática baseiam-se no princípio de probabilidade, que--exclui o evcnto único e nâo lhe é aplicável. Portanto, temos agoÍa de aprofundar o problema da probabi- lidade e perguntar: "Como acontece isso?" O modo mais simples de explicar probabi.lidades, e o modo que, vo sar, poÍque é, evidente menle, o gaüão ar et ico, é com cartas. Uma pessoa tem um baralho de ) 28 cartas e pode apanhar uma caÍta. A probabilidade de rí
  • 29. que das 32 cartas ela pegue, digamos, o Ás de Copas, é de 1132. A pessoa tem exatamente essa chance e não mais do que esa. Se for dito à mesma pessoa que apanhe uma catÍa dez vezes, a probabilidade de obter o Ás de Copas é muito maior, e se a apurhar mil vezes, então a chance torna-se ainda maior, e assim por diante. Em outras palavras, arepetiÇãoéoseg redo da orobabilidade quanto mais a pessoa ÍepetiÍ a situação, maior r_precisío coÍn que a robabílidade e ser formulqda, até que, Íinalmente, e essa é a for- MU ação estatística, chega-se a um valor.limite em que se pode dízer que, quando uma pessoa tem N (ou seja, um número infinito de pedi. dos de cartas), então pode ser estabelecido um limite com muita exa- tidão. Em forma popularizada e simplÍÍicada, é isso o que está suben- l[ tendido na probabílidade calculável. Não sendo formada em matemática ou em física, tive de recor- rer geralmente a materíal bastante popularízado, mas cumpre assinalar que o físico uando uer ex obabilid reo exem lo dos da das cartas. Solicito ao leitor que conserve rsso em mente. Se um físico pretende explicar o teorema de Bernoulli, começa por dizer: "Bem, se você tiver tantas cartas", e por aí segue. O mesmo método é sempre usado para explicar a probabilídade a um leigo. Mas por que usaÍ esse exemplo? Porque é divertído! Passando agorâ âos fatos, isso significa que toda a matemática e seu uso na física I Rrr moderna baseiam.se no Ímcl to tnca acidade fazet redigões sin lares de eventos si lares, mas alrneja estaÍ apta a fazêJo quan o se trata de milhares e bilhÕes de eventos, quando as ralmente, vê.se que é uma visão muito discutível ou muito unilateral predíções adquiÍem, então, uma grande dose de exatidão. _: Ora, como p_-sicóloga t{a,v-q§g, e não acÍeditando nisso, ou a /. .'. ) melhor, consíderando isso uma opeíação muito unilateral da mente humana, tenho de formular duas perguntas: em primeiro lugar, natu- da realidade a ueacl cla a ulre ela a icação dessas .t!§!tsês e, por conseguínte, estamos justiÍicados para perguntaÍ se não existem outÍas possibilidades com outros meios. De momento, porém, quero fazer a outÍa p€rgunta: "Por que estranho motivo milhôes de cientistas de grande inteligência na Europa ocidental, na América e no mundo ocidental acreditam na lei dos gandes números como se ela 29
  • 30. fosse Deus?" Porque, de fato, se disculirmos esses problemas com cienlislas nalurais modernos, eles simplesmente acÍeditam que assim lem de ser - que é esse o modo de aveÍiguaÍêm a realidade e de a des. cÍeveÍem cientificamente e com exatidão. Nessa atitude está implícito seÍ esse o caminho para se chegar à verdade de fatores inteÍnos e exteÍ. !os, e de tudô ô mâi§; eh tem de seÍ estatisticamenle provada e cobrir-se com esse conceito de probabilidade. Essa é a minha qrande crític a Rhine, da Duke University. Aré e : ) êle foi b3sta!le_tlggrluo para acreditar que, se ele queria "vender" os - fenômenos parapsicológicos ao mundo científico, enlilo, reÍia de prováJos eslatisticamente ou usando o conceito de probabilidade, e ? __.., acabou - que-_lolo! - por perder.se em teÍÍitóÍio inimigo. Ele devia ter permanecido em seu próprio teÍÍitório, mas tentou pÍovaÍ com os me§mos melos ue eliminam o caso único al o ue só é válido no caso único. -j i ilãã-acredito no que eles esrão fâzendo na Duke Universiry. Eles se poÍ essa Íâz,io que não acÍedito em toda essa investigação deixaram seduzir pelo Zeitgeist noÍtê-ameÍicâno e, poÍque quiseram pÍovâÍ â outÍos cientistas que a parapsicologia é umâ ciência âutênrica, -. usaram uma feÍÍünenla que é absolutamente inepta e inadequada para ) esse propósito. Esra é a minha opinião pessoal. PeÍgunlemos, agoÍa, em primeiÍo lugar, por que essa mania de acreditar na lei dos andes números se apossou da mente ocidental? No fim de conlas, os que acÍeditam nisso são, em geral, as pessoas mais desenvolvidas e inteliBenles em nossa civilização. Não são rolos Então, por que acrediram em tal coisa? Sp alguém acredila, com uma espécie de convicção s ada, em algo ue, de is de ter sitlo a Íolun- o, Íeve a.se um o de vista muito tenderrcioso e parcialmente eÍÍôneo, então existiÍá sempre a su sPeita psicológíca de que essas I ) pessoâs estão sob a influência secreta de um aI.$g!lPo. lssoéoque z as pessoas aoeditarem em coisas que no-o siÍo verdadeiras Se examinarmos a história da ciência, verificaremos que todos os etros em ciência, ou aquilo a que agoÍa chanramos erros, foram deúdos ao fato de que pessoas no passado ficaram fascinadas poÍ uma idéia arquetípica qqg rs lmpediu de continuar observando os -fàros-, Esse conceito arquetípico as salisfaz, dá.lhes um sentimento subjetivo de "é assim mesmo" e, poÍtanto, desistem de procurar outras explica 30 il
  • 31. ções mais completas. Somente quando surge um cíentista que diz: "Bem, não estou muito certo disso", e apresenta novos fatos, é que os outros despertam e exclamam: "Como pude acreditar nessa outra his. tória antes, que paÍece agora estaÍ completamente errada?" De um Ir modo ral as ssoas dão.se conta de ue estevam sob o fasctnro, a magia fascinante e emocional de uma idéia arquetípica Portanto, temos de averiguar gue a ídéia aíquetípicâ está subiâ cente no fascínio que hoie domina a mente dos cientistas os ouem é o dpus dos grandes números, considerado do ponto de vista mitológico? Se estudarmos a históría da religião e a mitologia compa. rada, os únicos seres capazes de manipular grandes números eram deuses, ou a divindade. Deus, mesmo no Antigo Testamento, contava os cabelos de nossa cabeça. Nós não podemos fazer isso, mas Ele pode. Além disso, os judeus recusavam-se a seÍem contados, porque somente a Deus era permitido conhecer o número de seu povo, e contar a po- ll pulação era sacrilégio - só a divindade podia contar. A maioria das sociedades primitivâs, que ainda vive no estâdo a_lgÍEge do tipo caçadoÍ e coleioÍ, por exemplo os aborígineIG. tÍaliaflos, têm todas um sÍstema binário. Contam até dois e depois continuam contando aos pâÍes. Não existe uma palavra além de dois; conlaÍn um, dois; dois, um, dois; dois, dois, um, um, dois, e assim poÍ tzztLztt dlante. Na maioria das civilizações pÍimitivas, podem contaÍ até dois, ou até tÍês ou até quatro. Eústem tipos diferentes e, para além de|, - 1 uma ceÍta quantidade, dizem "muitos", e onde começa ..muitos"[ P' começa o irracional, a divindade. Vemos assim como o homem, ao aprender a contaÍ, retiÍou um pedaço do teíÍitóÍio do senhor deus que tudo conta, apenas um peda. ciúo, o um e o dois;isso é tudo o que ele pode manejar, o resto aindall pertence ao deus que tudo conta. Ao contar até tÍês, depois quatro,,l depois cinco, o homem ganha lentâÍnente teÍÍeno, mas chega sempre o momento em que diz "muitos" e, aí, desiste de contar;a partir desse ponto, "o outro" conta, ou seja, o inconscíente (ou o arquétipo, ou a divindade), que pode contar infinitamente e superaÍ qualquer com- Putador. Esse é o fascrnio e prosseguirei a partir daí, na palestra seguinte. 3l
  • 32. 29 PALESTRA Procurei, no capítulo anterior, fornecer um esboço da base dp cálculo de probabi lidade e de seu uso na fÍsica moderna e em outÍas áreas da ciência no seu estágio atual. Tentei mostÍaÍ que o cálculo de probabilidade e os métodos estatístrcos usados na ciência modeÍna são apenas abstrações fundamentadas na idéia da série inÍinita dos núme- ros inteiros naturaís, e que só adquirem exatidão se paÍtirmos do pres. suposto de um número infinito de eventos ou exemplos. O Dr. Jung sempre exempliÍ'icou isso dizendo que, se tivermos uma pilha de pedras, poderemos dizer com absoluta exatidão estatís- tica que o tamanho médio delas é, digamos, tÍês centímetros cúbicos; mas se quisermos apanhar uma pedra exatamcnte desse tamanho, esta- remos em epuros para consegui.lo; talvez encontÍemos uma - ou telvez nenhuma. Em outras palavras, embora seja verdadeira a altrma- ção de que o tamanho médio das pedras da pilha é de tÍês centímetÍos cúbicos, trata-se de uma abstr o em nossas mentes. Formul aÍne§ elll abstragã-o em nossas men tes, ela é acurada na medida em que é verda- tir., ,* a realidade da pilha de pedras, onde cada pedra é êÍente, não é essa. A maioria das pessoas, se lhe dissermos que o homem médío, ou o americano médio, é assim e assim, acredita nisso; elas acreditam nisso como se os american Íears &Sçg1_1§!tr-Çomete trata de uma abstração mental ois a acumula ío real de ssoa§ e ltê4li uma acumu ação de casos únicos Está provado que essa abstração é muito útil, sendo essa uma das razões pelas quais as pessoas acreditam nela, mas não é a Íazão 33
  • 33. I loda, poÍque, se írÍgumentaÍmos com cienristas natuÍais, eles Íepelem o fato de que as pedÍas Íeais são de diversos tamanhos e não queÍem ouvir falar nisso. Os que são honestos dizem: "lsso não interessa à ciência" - o caso único ou individual não inteÍessa à ciência. oÍ ue, alé aBoÍa, não existem meios .lla!9 Í1á q'_c g_lIa-lg_l h eg1-9.1í_9le A marona as pessoas acredita, e é uma convicção emocional ,queê verdade estatística é a verdade Em discussóes, poÍtanto, elas dão sempÍe este gênero de Íespostâ: "Foi estatisticamen te provado que é assim, e isso é o baslante." E a discussâo acaba aí. Ora se as ssoas acÍeditâm em al o ue é obviamente estú oido - eu nâo diriÀÍe ente eslúpido, mas unilateÍal, já que se lÍala de umâ visâo unilateÍâl do mundo -, uma abstração em que as pessoas acÍeditam como se fosse uma verdade dos evangelhos, enlão, como psicóloga, temos sempÍe de perguntar por quê. O que causa essa emoção, poÍ que não podemos discutir a quesrão com outras pessoas, poÍ que elas nãojodem e$glEl_ rÍÍrq verdade tão óbúa? Por exemplo, como tentei mostrar há pouco, com a pilha de pedÍas, cada uma é naluralmente uma pedra única; então, poÍ que os cientistâs ficam emotivos e dizem que a pedrâ única não existe, ou que exisle, mas que isso nadâ tem a ver com a ciência? No começo, eu costumaya ficar irritada com essês cienlistas, mas depois lembrei-me de que sou psicóloga e achei prefeÍível averiguar por que molivo eles estavam emocionalmente tão vinculâdos à idéia de ue o cálculo de pÍobsbilidâdes ou a estarísricâ é a verdadiãliã-o existe outÍâ. Se recuarm õüiê ã-õiigeÍn,' pêiceberemod à,i.,'p.'iZf dessa crenca. está um ÍouétiDoemâ âo Se as pessoas não podem a c ),:,'n L disculir os fatos de um modo de rendido e re lativamenle sinceÍo. é ndo influ Por conseguinte, peÍEunlei a mim mesma qual seria a imagcm aÍquer ípica subentendida na idéia de uma série infinita de núnreros inteiÍos (1, 2,3,...etc.). Por que eÍa o cálculo de probabilidade operado com essa magnitude, ou esse quantum, poÍ assim dizer, como se fosse um todo? Ai descobrimos que a humanidade - e foi nesse ponto que parei na palestra anterior - aprendeu lenlamente a conlaÍ. Os povos mais primitivos, por exemplo, certos aborígines austÍalianos, só podem contaÍ até dois em palavras, daí em diante Íepetem e contam aos 34 oÍ um aÍ
  • 34. paÍes. Possuem o que se pode chamaÍ um sistema binário. Outros povos primitivos podem contaÍ até três, após o que diz€m "muitos"; outros podem contar até cinco e depois dizem "muitos" ou começaÍn repetindo. Provavelmente, a contagem originou.se primeiro com o uso de auxiliares de cálculo, seixos ou pauziúos. Quando não se podiam contar todos os objetos, usava.se sempre o seixo, a Íim de se estabe. lecer uma relaçâo um a um. Os seixos são um modo da consciência humana apoderar.se de um número; assim é que alguns podem contar até três e outros até quatro, após o que dizem geralmente "rn!!qs", ou encolhem os ombros; depois vem o conceito de grupo, a classe de nÚmeros inteiÍos na , em que não podemos perceber cada indi- víduo. Dessa maneira, todos possuem esse conceito de um número inÍinito de inteiros nârurais, geralmente coberto pela palavÍa "muitos", mis quem manipula os muitos? Série infinko de inteiros naturois [, 2, 3...muitos... N (a diúndade). N - o grupo ou ctasse de inteüos natuÍâis Hoje em dia, é possÍvel manipuláJos, podemos manipulaí muitos como se fossem uma grandeza, algo que podemos usar na matemática. O homem prunitivo supõe que só um deus ou uma divin. dade pode contar inÍinitamente. Ele possui, por assim dizer, a percepção consciente - a consciéncia depreciada - desse número N, ao passo que para a humanidade modeÍna isso seria inumano. O homem possui tíês ou vinte, ou o mais longe que for capaz de contar, e depois vem o arquétipo de N, que se encontra nas mãos de uma divindade. Exis. tem díferentes deuses gue contam dessa forma. No Novo Testamento é dito que Deus contou os cabelos de nossas cabeças (Lucas, l2:7); mas também existem divindades negativas, pois outros deuses podem contar, não apenas o Deus supremo do Novo Testamento. Por exemplo, a tribo dos yoruba, na África ocidental, tem a seguinte Prece: 197,t 35
  • 35. Mottc: Conta, conta, conta continuanrente, mas nâo me mntes a miÍn. Fogo: Conta continuamcnte, conta continuarnente, mas nâo mc contes â mim. yozio; Conl! continuaÍnente, conta continuünente, mas nâo me contes a mim. Riqucza: Cont^ continuajnenle, conia conlinuamente, mas nâo me conles a mim. Dio: Conla continuarnente, conta continuarnenle, mas nâo me contes a mim. A teiâ de arânhâ Íodeia o c€leiÍo do milho. (Não repeti o "conla continuamente" tantas vezes quantas eles costumzun fazer.) "A leia de aÍanha rodeia o celeiro do milho" é um dito muito misterioso. O etnólogo, de cujo estudo cilo essa prece, diz que não há uma explicação clara para isso; e existe uma vaÍiaçâo da última frase que diz: "A fuligem Íodeia o celeiÍo do milho". Pensa ele que tâlvez os yorubas espalhassem fuligem em ÍedoÍ do celeiÍo para impedir roubos e lâmbém para terem indícios de quem eÍa o ladÍão, se houvesse um fuÍlo, de modo que um anel de fuligem seÍia uma pÍoteção para o cereal. A teia de aranha é provavelmente a mesma coisa, pois se não apaÍecesse quebrada era sinal de que ninguém tocara no celeiro do milho. Mas, naturalmente, nós pensâÍíâmos também no fato de que a teia de aÍanhâ é uma belâ ê Ue!!!:-o_Igg!izâdâ mandala, o @j§çlelê-ggq -PrgltBe g§ be4l09._um indivíduo. Para mim, â pâÍte importânle dessa pÍece é a que se diÍige à Morte, ao Fogo, ao Yazio, à Riqueza e ao Dia - cinco poderes arque. típicos que podem contaÍ. As conolaçóes sâo óbvias. A Morle conta sempÍe, e é muitíssimo lamentável que apanhe o nosso número, pois, nesse caso, a Morte se apossa de nós. A Morte subtrai perpetuamenle da humanidade e, segundo paÍece, o faz conscientemente, sabendo que fulano e sicÍâno rêm de deixar a vida. O Fogo consome, propaga- se e queimâ constantemente; precisa sempre de mais combustível, de modo que ele consome cada vez mais, tal qua.l a morte. O ,-glg também é um Poder ar etí rco ;em todos os mitos primitivos e antigos de cÍiaçâo, no começo do mundo, existe ou uma divindade ou o vazio - o Nada, por assim dizer, e ao Nada podeÍ-se-iâ chaÍnaÍ uma Po 36 tencialidade criativa ele é o "ainda-nâo-ser" - que é, também, uma
  • 36. imagem do inconsciente e também pode contar. A Rioueza conta, é óbüo, todos sabemos gue as pessoas ricas contam seu dinheiro, ou é assim que os avarentos a vêem, o que nalo está longe da verdade. E o Dia, o princÍpio da consciência, ou o período de consciência, também pode contar. Todos esses elernentos - morte, fogo, vazío, ríqueza e dia - slo imgg!§ do que chamaríamos enerqia osíquiça, como fonte da consciência. O fogo e a riqueza são símbolos óbvios da energia psíqüca. Pensamos, então, nas antigês descrições da divindade da moÍte, como, por exemplo, na religiro greco-Íomana, onde a morte é Júpiter ou Zeus do Inferno, o deus do inÍinito e o guardião do tesouro. A teÍra dos mortos é como um tesouro e o deus da moÍte é como o guardiao de um enorme tesouro, a partir do qual reproduz os vivos e devolve os moribundos. PoÍtanto, é também o tesoureiro da energia vital e, por meio de números, contando, gera-a ou recu- pera-a de novo O dia, naturalmente é simb idêntico ao tempo de percepção conscrente das coisas, em contraste com a norte Os yorubas temem esse deus do inconsciente e atribuem-lhe a capacidade demoníaca de contar. O desejo deles é ru-o serem contâdos, escapar para a noite da vida, escapar desse olho da divindade que tudo vê e que distribui destinos negativos. Se tentarmos i ter retar esse uadro ar uetí o, diremos que a imagem da divindade, ou de um grande deus - elas são imagens do Eu (do selÍ) em nossa linguagem - envolve um ritmo numericamente or- denado, como se o Eu fosse um relógío que pulsa Íitmicamente: um, dois, três, morte, e um, dois, tÍês - e, então, atinge ou não atinge algu ém. Em seu aspecto Dositivo. oroduz vida e tempo; em seu aspecto negativo, é o fogo e a morte que tudo consomem. Tem.se a idéia de que a moÍte é o poder que conta, o poder divino. Na linguagem popu- laÍ eúste a expressão: "Ele teve a sua conta." Se alguém morre, não antes do tempo certo, e queremos express:ú o sentimento de que a pessoa moÍÍeu em harmonia com o seu destino, então dizemos: "Bem, ele já tinha seus dias contados." - como um consolo, significando que não morreu por aciden te an tes do seu tempo. Em línguagem religiosa, poder'se-ia dizer que Deus tinha deci- 37
  • 37. 1 tl dido matar essa pessoa agoÍa, e nada, nem mesmo os médicos, poderiam ter evitado, poÍque o Desrino ou Deus decidira que a pessoa tinha de morrer; Deus tirou o número dela e a pessoa chamada teve de partir. Assim, temos aqui um-a-_ identidade entre um número individual e um seÍ humano o§ númeÍos são, dessa forma, indivíduos Uma outÍa expÍessão comum também traduz ô ato de que um númeÍo é como um indivíduo, e vice.versa: se nâo entendemos completamente alguém, dizemos que peBamos o númeÍo er-{ado, signi. ficando, âssim, que úg_tgllSi ê fIg.q[ência, ou o feixe de radar, ou seja lá o que for, para estabelecer conlato com essa personalidade. Também nesle caso atribuímos a cada indivíduo uma freqüência ou um número e, paÍa entraÍ em contato com ele, temos de teÍ o númeÍo corÍeto. Assim, se hoje em dia o homem acredita que pode dominar uma série infinita de números natuÍais, isso é uma prova de arrogância, uma idenüÍicação com o arquétipo do Si.mesmo, ou da diündade. Foi essa a pÍoeza falal de um homem chamado G=grg. J3nt9r,o descobridor da existência.-de diferentes conjuntos infinitos, que podemos somaÍ e subtÍaiÍ,'etc,; e diferentes porências de infinidade, que podem seÍ contadâs simultânea ou separadamente. Alguns conjuntos são mÀis ou menos potentes, mas o detalhe fatal é que Cantor introduziu, assim, a ilusâo de que, contando esse coniunto de elementos e dePois tratan. do.o matematicamente nós o tínhamos nâ mão, poÍ assim diz_er. Nôs conceito abstÍal enâoa o ria realidade , nesse pensarnento, insinua-se uma identificação com â divindade. Existe um mito navâjo que exemplifica o que acontece aí, mas na forma de uma peça, de modo que terei de relornar primeiro a um outÍo ponto. Mas, tenham em mente que vou tenlaÍ moslÍaÍ que isso é uma prova de arrogância. Entretanto, quero explicar pÍimeiÍo um outro âspecto. O c:iiculo de probabilidades foi inventado por dois gran des homens: o matemático e filósofo tiancês Blaise Pascal e outro fiancês que foi, realmente, o maior matemático a.-6ãõiõõrpos, Piejre de fggqt Um jogador escreveu a Pascal e pediuJhe um sistema que se aplicasse aos jogos de azar. Esse sistema desempenha atuâlmente um I cometemos o mesmo equívoco fatal, ao pensãr que uma verdade esta- ll tística é a verdade, pois Íealmente eslamos âpenas ![3nlpl!sn!o um Yi 38
  • 38. grande papel, sobÍetudo na ltália, onde os sritematici exeÍcem uma funçâo na loteria estatal. Naturalmente, quando matemáticos talen tosos vão a Monte Carlo, , muitos deles tém sistemas, de modo que esse iogador pediu a Pascal para de scglrir urlr sistema pelo qual ele pudesse ganhar. Pascal ficou matematicamente interessado no assunto e iniciou uma correspondência com Fermat a esse respeito. Não se pode afirmaÍ com precisão quem teve a idéia primeiro, mas na tÍocâ de correspondência entÍe ambos, acabou sendo descoberto o cálculo de probabilidade é o ioso de azar rr-J_.- arquétipo do jogador e do jogo. Pa Os navajos tiveram outroÍa s. Assim, a verdadeira ta histórica da Íobabilidade lrmbre-se de que eu , na primeira palestra, que sempÍe que físicos ou matemáticos tentam explicar numa forma popular o cálculo de pÍobabilidades ou os princípios da estatÍstica, cont n? ÍecoÍrem à idéia do iogo de azar. Isso sugeÍe que a raiz arquetípíca é o ssemos, agoÍa, à hiscória navaJo w^P,q um chefe extíâoídináÍio, que N2E" possura todas as pérolas e tesouros da tribo e, paía se conseÍvaÍ pÍote. gido, viüa isolado. Ele tiúa uma gÍande tuÍquesa da qual o deus-Sol era invejoso. Embora o próprio deus.Sol possuísse uma tuÍquesa com. pleta ou perfeita, ele queria também a do chefe nsvajo. Assim, geÍou um filho com a mulher.Rocha e educou esse filho paÍa que se toÍnâsse um peÍfeito joga dor, um jogador ue sem Íe hasse Depois, enviou-o à Terra para desaÍ'iar o che e ganhar tudo dele, inclusive a tt e grande turquesa. O Íilho assim fez. O deus.Sol pediu-lhe, então. que lhe entregasse a turquesa, mas seu filho, o jogador navajo, guardou.a para sÍ. O deus.So[ ficou furioso e repetiu o mesmo expediente. Cerou de novo um filho com a mulher.Rocha e também o instÍuiu, mas a este segundo filho ensinou também a trâpacear no jogo, com a ajuda {l de animaís. Na mitología dos indígenas noÍte.americanos e na mitologia mala, isso desempenha um grande papel; os animais interferem e udam as ssoas ue estâo no caminho correto. Por exemplo, existe a o famoso "Livro do Conselho" , o Popul-Vuh dos Quiché Maya, onde os heróis têm de combater os deuses do inferno, que mataÍam seus pais, e fazem uma espócie de jogo de basquete que jamais poderiam venceÍ, porque os deuses do infemo sío mais poderosos. Mas, em certo momento, um coelhinho correu para dentro da cesta como se fosse a 39 )
  • 39. bola, as pessoas confundiram o coelho com a bola e todos acreditaram que o jogo havia sido vencido pelos heróis e nâo pelos deuses do inferno. Eles venceÍam com a ajuda do qqetp bat.o,-terÍo e agoÍa podem decapitar os deuses do inferno e vingaÍ seus Pais. Na história navajo ocorreu a mesÍna coisa, pois o segundo jogador desafia o primeiro e, com a ajuda de anrmais - nãq e_!!é elpe' il cificado de que man elra.:-.f,,atúa. dç-l-e- tudo de volla. Entrega, então, a seu pai, o deus.Sol, que o ÍecomPensa, confe' grande turquesa a rindoJhe grande poder e a posse de muitas terras. Se interpretarmos e§te mito psicologicamente, o deus'Sol seria um paralelo de Dia, Morte, Fogo e Vazio da prece yoruba;ele é o deus do princÍpio da consciência no inconsciente. Ou poderíamos tanlbétn chamarlhe a luz da naluÍeza, lumen naluroe, e ele pode, PoÍlanto, contaÍ infinitamente e, em Jzl conscle a- Iem conhecimento de todos os Cria enlâo, a consciência humana, o ÍimeiÍo iogadoÍ, o ile ensina{he seus ardis. Mas o primeiro jogador encheu-se de soberba e , depois que aprendeu os ardis do deus'Sol, não quis entregar'Llre o que ele queria, como sacrifício ou ÍecomPensa por lhe tet en§inado lodos os ardis. É um herói aÍÍoBanle e, poÍtanto, cslá condenado, Pois o deus-Sol cÍiou entâo um segundo joBador, que é humano e modesto, e suficientemente honesto para lhe entregar a grande turquesa, sabedor de que só venceÍa BÍaçâs ao fato de ter aprendido com ele todos os tÍuques e gaças à ajuda dos animais, o-gusli, nesre caso, o fatoÍ deci' sivo. Diríamos que ele permaneceu fiel ao scu instinto e não se encheu de presunção. Entre ar-se à arrogância si ifica uma traição aos próprios inslintos. O instinto pÍotqg- lemos uma PÍoleção instintivâ contÍâ â arrogância. Todos nós nos tornamos freqüenlemente pÍesunçosos e sabemos que, quando isso ocorre, senlimo-nos inquietos, neÍvosos. Mesmo antes de câiÍmos de uma escada, le-aol j p'9ssentimento de eho e calremos, porque, ile-fgum modo, possu Ímos uma es écie de mal-estar ou de má consciêícia, nâo sa poÍ que_e, dgpgls - umP -apunição poÍ nossa aÍrogância chega, de um modo geral, rapidamente; somos atropelados poÍ um caÍÍo ou coisas assim. Portanto, podemos afirmar que as Pessoas que hoje em die não apreciam Íacionalmente o cálculo de probabilidades e a estatísticâ, 40 mos
  • 40. como ferramentas úteis e razoáveis da mente humana, mas acreditam secretamen te que poggÍÍIgs domnar a natuÍeza e desco r a verdade a Íespe ito de todas as coisas, foram vítimas da soberba e cederam a uma identificação secreta com o deus-Sol. Por conseguinte' Eg_cas.lCadas pela presu nção.Oqueépior, a presu pre este rili- zação da mente, pois se um indivÍduo é presunçoso, eleéestéríl eestú- pido; e, em grande medida, é essa a situação da ciência natu ral moderna. Eu não direi que todos os cientistas são assim. Existem muitos e notáveis cientistas com quem esses fatos podem ser discu' tidos e que têm plena consciência de que, através da estatística e do cálculo de probabilidades, apenas Íeconstru Ímos um modelo âbstÍato da natuÍeza em nossas mentes, modelo esse ue não abÍan e a reali dade toda , isto é, temos as um útil conhecimento rcial e ainda uma quantidade inÍinita de se dos, assim como um número inÍ-rnito de outros camrnhos possíveis paÍa exPlorar a realidade Através de Ceorge Cantor, essa pÍesunção, essa arrogàncaa ingÍessâram no campo da matenrática, como §e vê pela forma como os matemáticos manipulam atualmente a quanttdade de N, o montante inÍinito. Esse desmembramento entre mani ular o iníinito sível como se fosse uma unl ê]m contraste com o inteíÍo natuÍaI indi- vidual, repiéscrrta umã cisío no pensiunento matem ático moderno, e I mesma divisão existe entre o expeÍimento científicoeooráculode adiviúação. Benr, como o leitor está vendo, vou avançan do lenta l mente em meu caminho, íumo ao tema da a divinhação Permitam.me que caÍacterize o que entendo PoÍ um oÍáculo de adiviúaçá'g. De momento, reÍ'iro-me a todas as ações humanas que lidam com um oráculo numérico. Depois ampliarei a outÍos, mas PoÍ agora ficarei com os oúiulos numéricos. Um número é produzido por algum gesto arbitrário, por exemplo, colocando uma das mãos numa tig€la com seixos, apanhando alguns deles e depois contando.os. Ou apanhando um ceÍto número de ossos de galinha, fazendo duas seções na aÍeiâ e depois jogando os ossos ao acaso, após o que se conta quantos caíÍam na scção vermelha e guantos caíram na seção branca, ou algo como isso. Ou provavelmente a maioria dos leitores está familiaÍízada com o I Ching. para o que se lançam moedas que caem de caÍa ou coroa e, a ?c' .t-E r' 4t a
  • 41. paÍtiÍ daí, fazern.se cálculos ou jogam-se hastes de milefólio, para obter informação aceÍca da situação psicofísica inteÍioÍ e exteÍioÍ. Ora, esse foi um primeiro e hisrórico humui- 0^ i;, t !ac!_e, para pÍoduziÍ o que chamarí amos um sistema lo qual a rea[dade tsliâ-investigada. Provavelmente, o homem pÍimitivo, antes de teÍ inventado os oráculos, apoiou.se unicamenle em seus sonhos e em seus palpites inconscientes instintivos. Existe, por exemplo, uma tÍibo índia norte.americana, a tlos Naskapi, que vive na fronreira, perto dos esquimós do Âlasca. Resram âpenas uma ou duas centenas de pessoas, pois estâo rapidamente morrendo de fome. Elas vivem principalmente de gordura de câÍibu, uma Íena canadense. Essa tribo espelha um estado de coisas especifica. mente pÍiÍnitivo. De acordo com teoÍias antropológicas, c devo dizer que concordo com tais teorias a essê Íespeito, podemos afirmar que eles ainda espelham um estado muito original da humanidade. Pequenos grupos dispersos, usualmente grupos familiares de uns I S a 20 indivíduos, eÍÍiun em bandos, os homens caçando e as mulheres colelando fruros etc. Nâo lêm agriculrura e civilizâção nenhuma, sendo ainda completamente do ripo original de caçador.coleror. Uma vez PoÍ âno, a tÍibo reúne-se num determinado lugaÍ pâÍâ vender peles e adquirir muniç6o do homem branco. Fora disso, jamais se reúnem, de modo que não possuem religião organizada, nem festividâdes ou saceÍ. dotes, nada. Como a ÍeliBiâo é um fenômeno insrintivo natural, eles têm evidentemente uma, embora não organizada e, para sua orien- tação espiÍitual, confiam em seus sonhos. A interpretação deles é que no coÍação de todo o homem habita Mistap'eo, o grande homem que é o emisor de sonhos. Ele envia sonhos e queÍ que o indivíduo preste atenção a esses sonhos, ponha-os à prova e ÍetiÍe delcs suas conclusões. Dizem eles que Mistap'eo também Bosta muilo que cada um rlesenhe ou pinte os molivos de seus sonhos, de modo que os enlalham em madeira ou fazem pequenas bandejas de casca de árvore com molivos oníricos e, com isso, obtêm sua orientação espiÍitual. Por vezes, também discutem mutuamente seus sonhos e, se um homem ou uma mulher tem um sonho muito impressionante, conveÍtem.no espontaneamente numa cançâo. Essas canções são completâmente pÍimitivas. Posso dar um exemplo. 42 dado Í
  • 42. Um homem sonhou certa vez que sua mulher estava dormindo com um estranho. Ora, à semelhanç a dos esquimQs. eles tém o costume de , caso,chegue um estranho, oferecerem-lhe suas mulheres para a prímeira noite;é o jus primae noctis, em certa variação. Psicolo. $ãinãntê, o-eitiânho é um intruso perigoso, algo que sempíe ateÍ. roriza o homem primitivo. O que trará ele? Será que se integra à nossa úda? O medo é reforçado pelo fato de que, com freqüência, os brancos ou outÍos visitantes tÍazem umâ nova doença. Não faz muito tempo, esse povo sofreu os efeitos de uma catastróÍica onda de gripe; um homem contÍaiu.a dos brancos e contaminou os outros e, como não têm resistência imunológica contra a gripe, metade da tribo morreu. Isso foi uma coisa que, como se sabe, aconteceu a muitas tribos esquimós. Portanto, a experiência deles é que um estranho cons- titui uma ameaça Íisíológica e psicológicâ, que eles tentam enfíentar oferecendo suas mulheres. Há o sentimento de que o visitante passa, desse modo, a seÍ um membro da fam rlia e, poÍtanto, não pode causar qualquer dano, mas propiciar somente coisas benévolas. Asim, um Naskapí sonhou certa vez que sua mulheÍ estava dormindo com um estÍanho. Ao acordar, pensou sobre isso e disse: "Ah, hoje matarei um caribu!" Frank Speck, o etnólogo que conta a história, [amentavelmente não diz como o homem chegou a essa conclusão. Não insistiu com ele para que lhe desse uma explicação, mas, se o leitor [or suficientemente primitivo, verá sem diÍiculdade como o homem raciocinou: algo novo se intíoduziria em sua vida e sua mulher dormiria com isso. poÍtanto, devia ser algo positivo e não uma I L ''r" ':' f; coisa perigosa; logo, alguma coisa positiva e nova iria acontecer nessej dia. Como ele estava quase morrendo de fome, a única coís8 nova e positiva gue poderia acontecer seria abater um caribu, o que signifi. caria a sobrevivência nos l5 dias seguintes. Essa gente vive de quinzena em quinzena. A morte é uma presença constânte, e vivem de cada urso ou caribu que matam;a situação está negía e, portanto, "Vou matar um caribu". Ele abateu um carrbu e fez uma canção: "Minha mulher está dormindo com um estranho e eu vou mataí um caribu." Foi uma canção mágica, imitada por muitos outros da tribo durante largo tempo, a fim de provocarem a situação de abater um caribu, 43
  • 43. l,su bente 'póirrr; enquanto que, originalmenle, era apenâs um evento psicolôgico, um sonho de um índio Naskapi. É provávcl que, originalmente, o homem tenha se oÍientado lassim, antes de ler invenlado os oráculos, pors a rn o dos oráculos nde um novo âvan oeéocome odac , dado que ser sistema. a questâo de como essas probabilidades poderiam tizadas, de alguma forma. Se eu sonho que minha mulher dorme com um eslranho, então há a pÍobabilidade de que eu abata um caribu! Era assim que essa tribo enlendia o sonho. Ora, bem, se eles evoluÍssem culluralmente, o que não foi o caso - embora devamos admitiÍ que isso ocorreu em algum lugar do mundo, em ceÍta época - então procurariam, por exemplo, esculpir um caribu e cantar â cançâo, espe. rando que isso resultasse magicamenle na moÍte de um caribu. É a magia da caça; ainda não eslá sendo usado um oráculo, mas esses povos sabem que a magia da caça às vezes funciona e outÍas vezes nâo. As pessoas que vivem no nÍvel da visão mágica do mundo nunca acreditam que a magia é como uma lei absoluta; elas dirâo que realizam seu Íituâl de caça, ou magia de caça, ou alguma outÍa foÍma de magia, poÍ causâ da esperança e probabilidade de que isso dê resul. lado; mas, embora haja uma forte probabilidade de êxilo, â coisa pode não resultar, e isso é enlâo explicado com a inteÍfeÍência de alguns poderes maléficos. Se não funciona, explicam dizendo que um feiti. ceiro perverso usou alguma forma de magia negativa e perturbou o PÍocesso, ou alÍibuem a culpa a si mesmâs e dizem que nâo execu. tarâm o ritual mágico com a atitude psicológica ceÍtâ, e é por isso que, às vezes, ele não funciona. Assim, elas levam em contâ o fracasso; tÍata.se de uma probabilidade e não de uma lei natuÍal absoluta. Portanto, vamos admitir que eles esculpem um caribu em madeira e fazem com isso algum tipo de magia, entoando uma cançaio, após o que, por vezes, abatem um caribu e outÍâs vezes nâo. Para a mente humana inquiridora, ocoÍÍe enlâo a etâpa seguinte: Poderemos descobrir algum meio de saber de antemâo se isso funcionará ou não? É agora introduzido o conceilo de robabilidade em ceÍta medida, é uma estão de sorte, ou de acaso, o que paÍa o homem pÍimitivo significa a ação de unr cieus, ou e um feiticeiÍo, ou dos próprios podere 44 s sr uicos do indivíduo - eles falham, poÍ vezes, e,
  • 44. portanto, não haverá a possibilidade de conhecer anteciPadamente qual será o desfecho? Pode-se, por exemplo (e estou agora dando um " í salto no tempo), lançar uma moeda e, se esta caiÍ do lado errado, : er.Íão eu estou errada, ou os deuses não estão dispostos a ajudu, e mesmo que eu use minha magia de caça, isso não iró adiantar nada. lsso é uma forma de encurlar camrnho, evitando que eu tenha de me empenhar na execução de desenhos, esculturas ou danças; sei de antemão que as chances estão contra mim, de modo que Posso Poupar minha energia e te Sêrií êse õEiiii ntar contoÍn a outra maneira êiro e tênue alvorecer de uma mente científica Conslste em calcu r probabilidades, em usaÍ algum meio matemático ou outío, para estabelecer probabilidades e, dessa forma, poupar energla e colocar um ou mais sob seu contÍole a situa en !l!g^e,q que o homem vive na natureza. Foi provavelmente essa a oÍrgem inteiro Chegamos a ora à dilere entÍe um oráculo numérico e uma outrâ t cnica de adivinha Ào. Ex.rstem inúmeras cnlcasdea tvl- o que, em meu en tender, são técnicas paÍa catalisar o nosso das inúmeras técnicas oraculares que existem no mundo a próprio conhecimento inconsciente. Elas não usam o número, mas algum padrÍo caótico; ainda muito utilizadas, entre homens brancos, são as folhas de chá e as borras de café, mas podem empregar-se quais- quer outros de tais padrões. Como disse antes, existe uma técnica afri- cana de adivinhação em que, depois de se comer uma galínha, seus ossos são lançados por teÍra e da maneira como eles caem, do padrão caótico que formam, pode aduzir-se o que irá aconteceÍ. Há uma aldeia no cantão suÍço de Uri onde a igreja e o cemitério estão na outra margem de um pequeno rio, de modo que, paÍa um funeral, eles têm de transportar o féretro através de uma ponte, paÍa chegar à igreja e ao cemitério; duÍante o bom ternpo, a ponte aPre- senta gÍetas na lama seca, e todo o povo da aldeia ainda hoje olha para essas gretas, enquanto acompanha o caixão e, por elas, podem dizer quem será o seguinte, observando o padrão caótico formado pelas gÍetas no chão. Certa vez, há muitos anos, consultei um quiromante chamado Spier, um holandês que escreveu um famoso livro cientÍÍico sobre 45
  • 45. quiromanciâ. Ele possuía um imenso equipamento cientíÍico e conhe. cja--iõããI-ãívárias linhas da mâo. Nâo ãhi"a poru a nossa mão; espa- lhava pó de fuligem sobre â palÍna da mâo, que, dessa forma, era im. pÍessa numa folha de papel, de um modo idêntico ao usado para co. lher impressões digitais;e eÍa nessa iÍnpÍêssão que ele fazia a leirura da palma. TÍatava.se de um veículo I tr Não o deixei falar do meü futuro; eu achava que era dona exclusiva do meu futuro e que o homem nada linha a ver com isso, de modo que deixei que ele falasse apenas do meu passado. Fez um relato sumirmente exato; viu até uma inteÍvençâo cirúrgica a que eu me submetera dois anos anles - ele nâo disse "algum acidente", mencionou especificamente uma operaçâo. O honrem era srmplesmente fantástico. É claro que me inleÍessei, tomei café com ele, aperrei-o com peÍguntas e pediJhe finalmenre que me dissesse com exatidâo como fazia. Acabou confessando que era um Tédium e que, quando uma pessoa enrravâ íõ-lêü "-§abiíeie paia consultáJo, sabia tudo sobre ela; sim lesmente sabia.o, mas i oÍàva o que sabia, e todâ aquela encenaçâo corn as tn s e os sulcos das mãos linhas e informaÍ seu cliente; elas eram os catalisadores 49cessários Pâ'1!91{!í.] o19rylente-j9__SgilÊ iá sabie. Na realidade, ele apoia. vâ.se no que .|glg chama o conhecimento absoluto do inconsciente que sabemos existir, como p emos veÍ através dos sonhos O inconsciente saàe coisas ; conhece o passadoeofutuÍo,sâbe coisas â respeito de outras pessoas. De tempos em lempos, todos nós lemos sonhos que nos infoÍmam sobre algo que acontece a uma outÍa pessoâ. A maioria dos analistas sabe que sonhos prognósticos e telepá. ticos ocorrem com muita freqúência a pÍaticamente todas as pessoas; Jung chamou, a esse conhecimento inconsciente, de o coúecimento absoluto. Um médium é uma ue tem um relacionamento mais el]Egito - dirÍamos, um dom - POÍ meio oqu se relaciona com o coúecimento absolulo do inconsc.iente e que, e um modo geral, possui um ruvel relativamente baixo de consciência. lsto explica poÍ ue os diuns são, com muita fÍe uencla, ssoas de caráter duvi doso e até móralmente ex ntÍicas - nem sem PÍC, aro, mài liê{üân-. temente - ou com umâ ligeira propensão parâ a criminalidade, ou 46 11 lnava-se a !a â tonâ o nto e podia projetar seu conhecrmen lo inconscienlc nessâs oÍÍna, e
  • 46. ) dadas à bebida, eg) Sâo em geral personalidades que correm grande PeÍrgo, Por terem essc baixo limiar e estaíem tão próximas do conhe cimento absoluto do inconscien te. Quase todas as técnicas não-numéricas de adivirrhaçaio sc baseianr em algum ti de drão caótico que, na realidade, é exata' mente como um testc dc Rorscha Uma pessoa olha fixamente para um padrão caótico e foÍma então umâ fantasia; a comoleta desordem do padrão confunde a mente conscignte da pessoa. Todos nós pode' t' r? ríamos ser médiuns e termos todo o conltecimento absoluto, se a luz brilhante de nosso ego consciente não a empanasse. É por isso que o médium necessita de um abaissement du niveou mental e lem de entraÍ em transe , um estado semelhante à narcolepsia, a fim de trazer à tona seu conhecimento. Eu mesmo já observei isso em estados de extÍema fadiga, quando estou Íealmente correndo o perigo de exaustão física e, de súbito, adquiro conhecimento absoluto; fico então muito mais próximo dele, mas desde que durma bem' umas quantas noites seguidas, esse dom maravilhoso logo se dissipa de novo. Por quê? O conhecimento absoluto é conro a luz de uma vela e, se a luz elétrica da consciência do ego estiver acesa, nÍo podemos ver a tênue chama da vela. Se olhamos paÍa um padÍão caólico, ficamos atordoados, nâo podemos entendê.Io. Se olhamos poÍ um momento paÍa um cartão do Rorschach, com seu acúmulo de pequenas manchas, borrando o funcionamento da mente consciente, virá de repente à tona uma fantasia inconsciente: "Oh, isso parece um ele' fante", ou coisa assim. Portanto e ossível orma do incon en te obser- vando um padrão. Ora, o adivinho ou feiticeiro é geralmente uma personalidade doúda de podeÍes místico-mediúnico§, e tanto pode usar folhas de chá quanto a borra de café, ou olhar para uma bola de cíistal. Diferentes luzes bruxuleiam sob os nossos olhos quando fixamos a vista numa bola de cristal, s.glqqo 9l"Í,99!ot_d!_in:t@ I 9o:-ljliorJJrminp§gljeE§-!êFumpall-raõ-.caótió-ãímõômí-umal certa ordem. mas os efeitos de luz são caóticos. As sociedades primitivas olham, muito íregüentemente, PaÍa uma tigela com água ou, como as pessoas da aldeia de Uri que mencionei, parâ as gÍetas num caminho enlameado, ou qualquer outÍo PadÍão n J 47
  • 47. alealóÍio. Isso tolda o nâo consegue en tendeÍ s pensarnentos conscienres de uma pessoa. Ela um padrão caótico; fica perplexa, atoÍdoada, e usâo .faz vir à superfície a. m tuição_lIovenien t! sso o que o quiÍomanle âÍÍancou do mais profundo de si mesmo. A sua confissão, quando o aperrei, deixou claro para mim pgf_.ÍIq9- ranríssimas-. télllgê§. d9 ..a_divinh3çâo, no Ín!Illlo-_!n]e-rlo, usam um pa{râo caóriqo- ori apenas meio or.denado, pglryUpf !n-íbg!§õ.s. lsso, em minha opiniao,'é üina iecnica divina. lóÍia pÍimitiva que foi Íedescoberra, por exemplo, no tesre de Rorschach. Exislem muitas outras maneiras de fazer isso. Por exemolo, § de grande valor encorajar um.analisando a pinrar quadÍos abstÍaros ou afealóÍios Ele faz primeiro algúns Pont omo no leste de Roischach) e pensí: "lsso parecc um elefante", e acrescenta uma tromba. Gerahnet)te, se peÍguntâmos ao analisando como fez seus quadros, ele pode dizer.nos exaramente como começou, com uma pequena mancha, digamos, que paÍecia um coelho, de modo que lhe adicionou uma cauda e depois inventou o quadro inteiÍo; e assiÍn se desenrola uma fantasi a inconsciente. ESSa é uÍ[a_ das fonreí?iàô'iü. nhaçâo. Uma outra é como DrovocaÍ um son o duÍânte o la e iestado de vi íia Em vez de esperar até sonhar à noite, uma pessoa Po pÍovocaÍ um sonho em pleno dia, fantasiando em crma de uma Essa idéia é corroborada pelo seguinte faro se a ten tatmos aÍ llesse momento de ôônf 116 ,,rs4s1a"ls r ' , rpeQuena mancha ou de um padrâo caótico. PÍovavelmente sonhamos o "tempo lodo, mâs, poÍ causa do brilho de nossa vida consciente, não nos apercebemos disso. '*ln'' os erÍo§ que as Pessoas comelem na fala, ou no ensamenlo Íemos o ervar que o sonho que elas liveÍam na noite anleÍioÍ 'oU ode leÍâo nâ noite seguinle, está Íalmente relacionado com esses erros u se, tâlvez, qúÍemos dizer "Sr. Miller" e, póÍ PUÍA l roua, lzemos "Sr. Johnson", peÍguntamos a nós mesmos por que íizemos esse estú. pido engano - sabemos que Miller é Miller. Por que, enrão, dissemos Johnson? TÍata.se de um ato falho e notamos , geralmenre, que na noile ânte Ílor ou na nolte seguinte sonhamos com Johnson. Ele já ai estava. Por vezes, em tais la s da fala , mencionaJnos alguém em quem não pensávamos 48 á 30 anos e, de súbilo, et- o paÍticipando de
  • 48. um sonho. Provavelmente já sonhamos com esse homem durante o dra, mas sem nos aPercebermos disso, e ele só abre caminho sté a cons ciência através de um acidente, nvm lapsus linguae. Freud assinalou esse fato e sublinhou que os erros na fala e os motivos oníÍicos são afins. Devemos ir ainda mais longe e dizer que uns e outros forneccm a mesma infoÍmaÇío acerca de algo oue está se desenrolando no inconsciente. Por conseguinte, é bastante provável que um pÍocesso onlrrco pÍossrSa durante o dia. Othar paÍa um padrão caótico é como ôr a mentc para dormir por um minuto e obter infor- I I!ê9lo§s!.rg e, gug §§ ,e§tá fantasiando ou sonhando no inconscienle Através do coúecimento absoluto no inconsciente, adquire-se informação acerca da situação Ínterior e exteÍior. Ora, por que haveria esse quiromante, Spier, de obter infor- mação aceÍca do mar passado, que é, por assim dizer, propríedade da minha memória? O meu passado é só meu e só eu o conheço. Como pôde ele chegar até lá? Eu notei que, embora ele me disse a verda acerca do meu -!$$3 e disse multa coisa sobre o caráter. Ele assinalou certas coisas e eu pensei:"Oh, meu velho, você é cõmo os outros!" Então decidi checar tudo isso e minha mlo foi lida por muitos, izeram.me uma porção de horóscopos, sempíe que possível pessoas que eu conhecia mais ou menos, e verifiquei que todos eram verdadeiros. Quurdo eu os lia, pude sempre dizer: "Sim, ísso é verdade, é um autêntico díagnóstico". Mas se um terceiro os lia, notava que eles eÍam extrenumenÍe diferentes, e se os lia com mais compreensão, notava ser típico c§§d pessoa veÍ ,§§o em mrm, e seÍ t ípico daquela outra pessoa veÍ em mun alguma outra coisa Concluí, portanto, que a iníormação é Íiltrada ela rsonalidade do Essa é a minha experiência. Não posso construiÍ sobre ela uma teoría, porque não possuo suficiente mateÍial comparatívo, mâs pare. cc'me certo que assim seja, porque sabemos s€r também verdadeiro na üda cotidiana. Só podemos responder àquelas facetas de uma outra personalidade de que nós próprios possuímos um ceÍto montante. É o ? 49 l médium ou do adivinho, ou constÍutor de o qulÍomante'e lqu unlciune nte-_na _área da constelação seia andlosa à deles. Tudo é verdadeiro, mas o