Apresenta exemplos concretos de questões surgidas no âmbito de estudos de usuários
da informação realizados conforme o paradigma social da Ciência da Informação. Em
primeiro lugar mostra um quadro teórico dos estudos de usuários e os desafios
contemporâneos que se colocam para o campo da pesquisa e do ensino. Utiliza
exemplos de pesquisas realizadas no escopo da disciplina Usuários da Informação como
forma de problematizar alguns aspectos relativos a essa aproximação. Conclui que a
realização tais estudos pelo paradigma social acarreta novos problemas até então pouco
discutidos no campo e reforça ainda a característica de ciência humana e social dos
estudos de usuários da informação.
PRÁTICAS INFORMACIONAIS: desafios teóricos e empíricos de pesquisaEpic UFMG
Neste texto busca-se apresentar a proposta de um grupo de pesquisa brasileiro voltado para o estudo das práticas informacionais. Para tanto, descreve-se o campo de estudos de usuários e a recente abordagem social, dentro da qual se desenvolve o conceito de práticas informacionais. Na sequência, são apresentados três estudos empíricos conduzidos nessa linha e, em seguida, um histórico das diversas pesquisas conduzidas pelo grupo. Ao final, avalia-se o estado atual da proposta, sua contribuição para o campo e possíveis desdobramentos futuros.
O objetivo deste texto é apresentar a perspectiva de estudos de usuários da informação que
se desenvolve a partir do conceito de “práticas informacionais”. Para isso, inicialmente, é
apresentado o quadro intelectual das ciências humanas e sociais de onde o conceito de
origina. A seguir, apresenta-se um histórico dos estudos de usuários a partir das noções de
“estudos de uso” e “comportamento informacional”, evidenciando-se em que a abordagem
das práticas informacionais diferencia-se destas. Por fim, são apresentados e discutidos
alguns estudos recentes em práticas informacionais como forma de se compreender a
especificidade desta abordagem.
Enlace entre os estudos de usuários e os paradigmas da ciência da informação:...Epic UFMG
O documento discute a evolução dos estudos de usuários e dos paradigmas da Ciência da Informação ao longo do tempo. Inicialmente, os estudos de usuários seguiam a abordagem tradicional, com foco nos aspectos quantitativos e na informação como objeto externo. Posteriormente, surgiu a abordagem alternativa, vista a informação como cognitiva. Por fim, a abordagem sociocultural enxerga a informação como construção social e os usuários como sujeitos informacionais inseridos em contextos.
Práticas informacionais: nova abordagem para os estudos de usuários da inform...Epic UFMG
Objetivo. O estudo apresenta abordagens de pesquisa em práticas informacionais e suas implicações para o delineamento
de estudos no âmbito do campo de usuários da informação
O documento discute três modelos de práticas informacionais identificados na literatura da Ciência da Informação. Embora apresentem algumas semelhanças, os modelos diferem entre si por descreverem diferentes atividades e considerarem diferentes elementos como constituintes e/ou influenciadores das práticas informacionais.
Práticas informacionais dos visitantes do Museu Itinerante Ponto UFMGEpic UFMG
Este artigo explora a interação de visitantes com informações em um museu itinerante, analisando suas práticas informacionais através de observação e entrevistas. Os resultados mostram que diversos fatores influenciam como os visitantes interagem com os elementos do museu, e que os relatos nem sempre correspondem às observações feitas.
PARADIGMA SOCIAL NOS ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: abordagem interacionistaEpic UFMG
O objetivo deste texto é aproximar a discussão de Rafael
Capurro sobre o “paradigma social” da Ciência da Informação
com os avanços recentes no campo dos estudos de usuários
da informação. Como resultado dessa aproximação, defende-
se o desenvolvimento de uma “abordagem interacionista”
para o campo. A viabilidade de tal proposta é discutida e
avaliada a partir do exame dos resultados de pesquisa de
cinco dissertações de mestrado defendidas recentemente e
debatidas à luz de categorias e conceitos de autores ligados
às abordagens interacionistas e sócio-culturais da Ciência da
Informação e das ciências humanas e sociais.
O PARADIGMA SOCIAL DA INFORMAÇÃO E AS TEORIAS SOCIAIS: relações e contribuiçõesEpic UFMG
A partir dos estudos de dissertação da autora e de uma disciplina oferecida pelo Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação (UFMG), em 2015, buscou-se a
compreensão do atual panorama dos estudos do paradigma social dentro de estudos de
usuários, a fim de avaliar as diversas formas de adotá-lo e desenvolvê-lo na pesquisa de
mestrado. Com a realização de uma revisão teórica dos assuntos abordados, o objetivo é
identificar de que forma os estudos do paradigma social e os estudos das teorias sociais
podem ser relacionados, a fim de contribuir para o desenvolvimento um do outro.
Observou-se que as teorias sociais do interacionismo simbólico e da etnometodologia
possuem intrínseca relação com os princípios defendidos pelo paradigma social de
estudos de usuários, identificando-se uma contribuição importante das teorias sociais
enquanto aporte teórico e metodológico para o desenvolvimento do paradigma social
dentro dos Estudos de Usuários.
PRÁTICAS INFORMACIONAIS: desafios teóricos e empíricos de pesquisaEpic UFMG
Neste texto busca-se apresentar a proposta de um grupo de pesquisa brasileiro voltado para o estudo das práticas informacionais. Para tanto, descreve-se o campo de estudos de usuários e a recente abordagem social, dentro da qual se desenvolve o conceito de práticas informacionais. Na sequência, são apresentados três estudos empíricos conduzidos nessa linha e, em seguida, um histórico das diversas pesquisas conduzidas pelo grupo. Ao final, avalia-se o estado atual da proposta, sua contribuição para o campo e possíveis desdobramentos futuros.
O objetivo deste texto é apresentar a perspectiva de estudos de usuários da informação que
se desenvolve a partir do conceito de “práticas informacionais”. Para isso, inicialmente, é
apresentado o quadro intelectual das ciências humanas e sociais de onde o conceito de
origina. A seguir, apresenta-se um histórico dos estudos de usuários a partir das noções de
“estudos de uso” e “comportamento informacional”, evidenciando-se em que a abordagem
das práticas informacionais diferencia-se destas. Por fim, são apresentados e discutidos
alguns estudos recentes em práticas informacionais como forma de se compreender a
especificidade desta abordagem.
Enlace entre os estudos de usuários e os paradigmas da ciência da informação:...Epic UFMG
O documento discute a evolução dos estudos de usuários e dos paradigmas da Ciência da Informação ao longo do tempo. Inicialmente, os estudos de usuários seguiam a abordagem tradicional, com foco nos aspectos quantitativos e na informação como objeto externo. Posteriormente, surgiu a abordagem alternativa, vista a informação como cognitiva. Por fim, a abordagem sociocultural enxerga a informação como construção social e os usuários como sujeitos informacionais inseridos em contextos.
Práticas informacionais: nova abordagem para os estudos de usuários da inform...Epic UFMG
Objetivo. O estudo apresenta abordagens de pesquisa em práticas informacionais e suas implicações para o delineamento
de estudos no âmbito do campo de usuários da informação
O documento discute três modelos de práticas informacionais identificados na literatura da Ciência da Informação. Embora apresentem algumas semelhanças, os modelos diferem entre si por descreverem diferentes atividades e considerarem diferentes elementos como constituintes e/ou influenciadores das práticas informacionais.
Práticas informacionais dos visitantes do Museu Itinerante Ponto UFMGEpic UFMG
Este artigo explora a interação de visitantes com informações em um museu itinerante, analisando suas práticas informacionais através de observação e entrevistas. Os resultados mostram que diversos fatores influenciam como os visitantes interagem com os elementos do museu, e que os relatos nem sempre correspondem às observações feitas.
PARADIGMA SOCIAL NOS ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: abordagem interacionistaEpic UFMG
O objetivo deste texto é aproximar a discussão de Rafael
Capurro sobre o “paradigma social” da Ciência da Informação
com os avanços recentes no campo dos estudos de usuários
da informação. Como resultado dessa aproximação, defende-
se o desenvolvimento de uma “abordagem interacionista”
para o campo. A viabilidade de tal proposta é discutida e
avaliada a partir do exame dos resultados de pesquisa de
cinco dissertações de mestrado defendidas recentemente e
debatidas à luz de categorias e conceitos de autores ligados
às abordagens interacionistas e sócio-culturais da Ciência da
Informação e das ciências humanas e sociais.
O PARADIGMA SOCIAL DA INFORMAÇÃO E AS TEORIAS SOCIAIS: relações e contribuiçõesEpic UFMG
A partir dos estudos de dissertação da autora e de uma disciplina oferecida pelo Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação (UFMG), em 2015, buscou-se a
compreensão do atual panorama dos estudos do paradigma social dentro de estudos de
usuários, a fim de avaliar as diversas formas de adotá-lo e desenvolvê-lo na pesquisa de
mestrado. Com a realização de uma revisão teórica dos assuntos abordados, o objetivo é
identificar de que forma os estudos do paradigma social e os estudos das teorias sociais
podem ser relacionados, a fim de contribuir para o desenvolvimento um do outro.
Observou-se que as teorias sociais do interacionismo simbólico e da etnometodologia
possuem intrínseca relação com os princípios defendidos pelo paradigma social de
estudos de usuários, identificando-se uma contribuição importante das teorias sociais
enquanto aporte teórico e metodológico para o desenvolvimento do paradigma social
dentro dos Estudos de Usuários.
ESTUDOS DE USUÁRIOS E PRÁTICAS INFORMACIONAIS: DO QUE ESTAMOS FALANDO? Epic UFMG
Este documento discute as diferenças entre estudos de Comportamento Informacional e Práticas Informacionais no campo de estudos de usuários da informação. Apresenta uma breve história do desenvolvimento deste campo e como a Teoria Social influenciou o conceito de Práticas Informacionais, que aborda as ações e significados dos sujeitos informacionais em diferentes contextos sociais.
Contribuição ao campo de usuários da informação: em busca dos paradoxos das p...Epic UFMG
Pretende-se debater as concepções teórico-metodológicas dos estudos de usuários da informação, criticamente, considerando
a historicidade, a totalidade e as contradições da sociedade capitalista como constituidoras das práticas informacionais
dos sujeitos. As atuais abordagens de estudos de usuários da informação, tradicionais e alternativas, mostram-se
limitadas por não abarcarem a complexidade dos aspectos que formam os sujeitos e a sua constituição social. Desconsideram
a dimensão histórico-social da ação humana, focando somente a ação individual. Entende-se que, para compreender
as práticas informacionais dos sujeitos, é necessário situá-las historicamente, considerando-se que a subjetividade
não está descolada da estrutura social. Para a construção de um método ou de uma forma de olhar crítica, sugere-se
a adoção de categorias de análise desenvolvidas por Pierre Bourdieu. Apresentam-se as categorias habitus, campo
social e capital simbólico para tentar compreender as práticas informacionais construídas no cruzamento entre as
relações sociais baseadas na exploração de uma classe sobre outra (e de dominação de um grupo sobre outro) e compreender
também a percepção subjetiva dos indivíduos
Usuários da informação sob a perspectiva fenomenológica: revisão de literatur...Epic UFMG
1. O documento discute como a fenomenologia, especialmente a fenomenologia social de Alfred Schutz, pode contribuir para os estudos de usuários da informação, reforçando o movimento de alargamento das fronteiras da Ciência da Informação.
2. A fenomenologia busca compreender os fenômenos da forma como são vivenciados pelos sujeitos, sem buscar explicações causais, o que pode ajudar a entender os processos de busca e uso da informação.
3. A perspectiva fenomenológica é compatível com o chamado paradigma social
INTERLOCUÇÕES ENTRE A ANÁLISE DE DOMÍNIO E OS ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇ...Epic UFMG
O presente artigo propõe uma articulação entre os pressupostos da teoria de análise de
domínio, de Birger Hjørland, e os estudos de usuários da informação, visando identificar
elementos de tal teoria que podem contribuir para a abordagem social dos estudos de usuários.
Buscamos verificar, também, se e como tais pressupostos são utilizados efetivamente em
estudos empíricos de usuários. Através de revisão de literatura dos temas abordados e
recuperação de estudos empíricos na literatura nacional e internacional, realizamos análise de
conteúdo nos documentos selecionados e buscamos responder aos objetivos propostos. Como
resultado identificamos e discutimos os seguintes pontos de articulação entre os temas: o
entendimento de que o sujeito não é um ser cognoscente isolado de um contexto histórico e
sociocultural; o entendimento de que a informação é socialmente produzida, organizada,
disseminada e utilizada; a busca por uma concepção mais completa e holística do conceito de
necessidade de informação; o reconhecimento da importância do conceito de relevância para
os usuários; a compreensão de que se deve buscar um equilíbrio entre as pesquisas na CI.
Concluímos que articulação da abordagem de análise de domínio para explicar práticas
informacionais ainda são incipientes e que ainda são necessárias muitas pesquisas para que se
consolide um modelo de investigação.
Práticas pedagógicas na área de usuários da informação em três universidades ...Epic UFMG
Apresenta estudo comparativo das práticas pedagógicas adotadas na condução das
disciplinas relativas ao tema Usuários da Informação em três universidades de diferentes países:
Brasil, Uruguai e Espanha. Com diferentes denominações, a disciplina é oferecida nas
instituições avaliadas para os cursos de Museologia, Arquivologia e Biblioteconomia. Como
procedimento metodológico adotou-se a análise documental em que foram comparados
documentos fornecidos pelos docentes das disciplinas envolvendo: os planos de ensino, a
fundamentação para a escolha bibliográfica, os métodos de ensino, as atividades didáticas
adotadas em sala de aula e os procedimentos de avaliação de cada disciplina. Os principais
resultados apresentam que as instituições ibero-americanas avaliadas têm, em comum, o fato de
abordarem os estudos de usuários conforme seus paradigmas teóricos, além de que em todos os
casos as disciplinas contemplam tanto aspectos teóricos quanto práticas investigativas. Tais
práticas propiciam aos discentes a oportunidade de investigar empiricamente os usuários da
informação em diversificados contextos, sejam eles dentro das instituições (museus, arquivos,
bibliotecas ou outras instituições documentais ou de memória), sejam fora desses ambientes
envolvendo práticas informacionais no contexto organizacional, científico ou ainda no
cotidiano.
ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: comparação entre estudos de uso, de compor...Epic UFMG
O objetivo deste artigo é apresentar as três abordagens existentes de estudos de usuários da informação: os estudos de uso, os estudos de comportamento informacional e os estudos de práticas informacionais. Após breve apresentação, passa-se à aplicação das categorias de cada uma delas a uma pesquisa empírica realizada com usuários de uma biblioteca de uma casa de apoio para pacientes em tratamento médico relativo a uma doença específica. Busca-se com isso demonstrar, de maneira didática, quais as contribuições e os limites de cada perspectiva de estudo, concluindo-se pela necessidade e importância de que todas sejam estudadas e façam parte do repertório de pesquisadores e profissionais.
Necessidades de otimização dos processos de planejamento e operacionalização ...Rodrigo Moreira Garcia
Este documento discute um estudo sobre o comportamento de busca de informações em bases de dados por alunos de pós-graduação. O estudo observou como os alunos conduziam buscas em bases de dados e identificou problemas que dificultavam o uso pleno do potencial das bases para recuperação de informação, como desconhecimento e dificuldades com interfaces. Os resultados sugerem que estudos sobre o comportamento de busca de usuários podem contribuir para o desenvolvimento de competências para busca e recuperação de informação de forma efetiva.
1. O documento apresenta uma análise de estudos nas ciências sociais que tiveram ambientes virtuais como campo de pesquisa, com foco nas estratégias metodológicas desenvolvidas.
2. O objetivo é conhecer como os pesquisadores lidaram com as peculiaridades do ambiente virtual e observar o surgimento de novos conceitos metodológicos.
3. O documento discute a construção do conhecimento científico e a metodologia de pesquisa no contexto da sociedade da informação e como a internet
O documento discute as redes sociotécnicas e como elas influenciam a produção e disseminação do conhecimento em saúde. Apresenta conceitos de redes sociais e como elas podem ser analisadas. Defende uma abordagem interdisciplinar entre ciências sociais, informação e saúde para compreender como as posições dos atores nas redes afetam a circulação da informação.
Aula 1 - Cobertura e indexação das bases de dadosLeticia Strehl
O documento apresenta os componentes e paradigmas da recuperação da informação, incluindo: (1) o conjunto de documentos, métodos de indexação e pontos de acesso, (2) abordagens orientadas a sistemas versus usuários e tarefas versus integrativas, e (3) o uso de citações e folksonomias na representação de conceitos.
Partindo de um histórico das pesquisas participativas nos seus diferentes momentos de constituição e propostas relativas às mudanças na produção de conhecimento, na visão de vários autores, o texto tem como perspectiva apresentar e discutir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa. Busca, também, discutir a pesquisa participativa como uma ação que abre a possibilidade de interconexão entre a pesquisa e a extensão no viver universitário. Entender que a necessidade da convivência na pesquisa como um observador que se torna dependente, produz uma rede de conversações que constitui o domínio explicativo científico, a qual é tomada para compreender as possibilidades de exercício da função de pesquisador, bem como as implicações éticas decorrentes. Assim, é possível que a pesquisa participativa possa constituir-se como algo a permanecer por um longo tempo, quando propõe uma perspectiva metodológica de ação capaz de sustentar trabalhos para além da pesquisa propriamente dita.
O COMPORTAMENTO INFORMACIONAL DOS ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA DA FACULDADE DE FI...Felipe Arakaki
- O documento apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o comportamento informacional de alunos de fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília.
- A pesquisa identificou que os alunos utilizam principalmente fontes primárias como livros e artigos para suas pesquisas, e que a maioria não pede auxílio para utilizar fontes de informação.
- Os resultados poderão auxiliar a biblioteca da faculdade a melhor atender as necessidades informacionais desse grupo de usuários.
O documento discute os princípios e métodos da pesquisa participante. A pesquisa participante envolve a participação do pesquisador e dos sujeitos pesquisados, visando a intervenção na realidade social. Ela busca compreender as condições locais para definir os métodos adequados a cada contexto.
Seminário apresentado durante a disciplina Bases Epistemológicas de Organização do Conhecimento ministrada pelo Prof. Dr. José Augusto Chaves Guimarães
O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúderegianesobrinho
1) O livro discute pesquisa qualitativa em saúde, abordando conceitos, correntes de pensamento e métodos.
2) A autora analisa positivismo, sociologia compreensiva, marxismo e pensamento sistêmico, defendendo uma abordagem que una objetividade e subjetividade.
3) O livro fornece detalhes sobre técnicas de pesquisa qualitativa como observação, entrevistas e análise de dados, visando ajudar pesquisadores a compreender e aplicar melhor esses métodos.
1. O documento discute como elaborar um questionário para pesquisas nas ciências sociais, abordando a relação entre conceitos, itens, população-alvo e amostra.
2. É destacada a importância de se considerar o objetivo da pesquisa, os conceitos a serem investigados e as características da população-alvo ao se desenvolver os itens do questionário.
3. Além disso, o documento aponta que os recursos disponíveis para a aplicação do questionário influenciam a estratégia de amostragem
O documento apresenta uma pesquisa realizada por estudantes sobre o tema "Pesquisa". Ele discute conceitos e características de pesquisa, classificações de pesquisa, e instrumentos de coleta de dados como questionários, entrevistas, observação e análise de conteúdo.
1. O documento discute os princípios básicos para elaborar um questionário para coleta de dados em pesquisas, incluindo definir claramente os conceitos e população-alvo, desenvolver itens que meçam os conceitos, e garantir que a amostra represente adequadamente a população-alvo.
2. É importante que o questionário se baseie em conceitos e não teste habilidades, e que os itens sejam apropriados para a população-alvo e amostra da pesquisa.
3. O objetivo da pesquisa
ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: comparação entre estudos de uso, de compor...Epic UFMG
1. O documento descreve três abordagens para estudos de usuários da informação: estudos de uso, estudos de comportamento informacional e estudos de práticas informacionais.
2. Ele aplica essas três abordagens para analisar os resultados de duas pesquisas empíricas realizadas com usuários de uma biblioteca médica.
3. O objetivo é demonstrar de forma didática as contribuições e limitações de cada perspectiva e concluir sobre a importância de estudar todas elas.
O documento discute o paradigma emergente da Ciência da Informação focado no usuário, conhecido como Sense-Making. Este novo paradigma enfatiza pesquisas qualitativas sobre as necessidades, interesses e uso da informação pelos usuários. A metodologia Sense-Making desenvolvida por Brenda Dervin tem sido amplamente utilizada para compreender como os usuários constroem significado.
O documento discute estudos de usuários, abordando suas definições, origens, abordagens tradicionais e alternativas. As abordagens alternativas incluem modelos centrados no usuário e na construção social de significados. Estudos de usuários em saúde e informação são examinados, assim como subáreas como aquisição e busca de conhecimento e usabilidade.
O documento apresenta um estudo de caso sobre o comportamento de busca de estudantes de biblioteconomia da Universidade de Brasília. O estudo utilizou questionários para analisar como esses alunos realizam pesquisas na biblioteca central, quais dificuldades enfrentam, e seu nível de satisfação com os resultados. A maioria dos alunos sabe o que precisa buscar, usa múltiplas formas de entrada, e encontra informações úteis, demonstrando aprimoramento de habilidades ao longo do curso.
ESTUDOS DE USUÁRIOS E PRÁTICAS INFORMACIONAIS: DO QUE ESTAMOS FALANDO? Epic UFMG
Este documento discute as diferenças entre estudos de Comportamento Informacional e Práticas Informacionais no campo de estudos de usuários da informação. Apresenta uma breve história do desenvolvimento deste campo e como a Teoria Social influenciou o conceito de Práticas Informacionais, que aborda as ações e significados dos sujeitos informacionais em diferentes contextos sociais.
Contribuição ao campo de usuários da informação: em busca dos paradoxos das p...Epic UFMG
Pretende-se debater as concepções teórico-metodológicas dos estudos de usuários da informação, criticamente, considerando
a historicidade, a totalidade e as contradições da sociedade capitalista como constituidoras das práticas informacionais
dos sujeitos. As atuais abordagens de estudos de usuários da informação, tradicionais e alternativas, mostram-se
limitadas por não abarcarem a complexidade dos aspectos que formam os sujeitos e a sua constituição social. Desconsideram
a dimensão histórico-social da ação humana, focando somente a ação individual. Entende-se que, para compreender
as práticas informacionais dos sujeitos, é necessário situá-las historicamente, considerando-se que a subjetividade
não está descolada da estrutura social. Para a construção de um método ou de uma forma de olhar crítica, sugere-se
a adoção de categorias de análise desenvolvidas por Pierre Bourdieu. Apresentam-se as categorias habitus, campo
social e capital simbólico para tentar compreender as práticas informacionais construídas no cruzamento entre as
relações sociais baseadas na exploração de uma classe sobre outra (e de dominação de um grupo sobre outro) e compreender
também a percepção subjetiva dos indivíduos
Usuários da informação sob a perspectiva fenomenológica: revisão de literatur...Epic UFMG
1. O documento discute como a fenomenologia, especialmente a fenomenologia social de Alfred Schutz, pode contribuir para os estudos de usuários da informação, reforçando o movimento de alargamento das fronteiras da Ciência da Informação.
2. A fenomenologia busca compreender os fenômenos da forma como são vivenciados pelos sujeitos, sem buscar explicações causais, o que pode ajudar a entender os processos de busca e uso da informação.
3. A perspectiva fenomenológica é compatível com o chamado paradigma social
INTERLOCUÇÕES ENTRE A ANÁLISE DE DOMÍNIO E OS ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇ...Epic UFMG
O presente artigo propõe uma articulação entre os pressupostos da teoria de análise de
domínio, de Birger Hjørland, e os estudos de usuários da informação, visando identificar
elementos de tal teoria que podem contribuir para a abordagem social dos estudos de usuários.
Buscamos verificar, também, se e como tais pressupostos são utilizados efetivamente em
estudos empíricos de usuários. Através de revisão de literatura dos temas abordados e
recuperação de estudos empíricos na literatura nacional e internacional, realizamos análise de
conteúdo nos documentos selecionados e buscamos responder aos objetivos propostos. Como
resultado identificamos e discutimos os seguintes pontos de articulação entre os temas: o
entendimento de que o sujeito não é um ser cognoscente isolado de um contexto histórico e
sociocultural; o entendimento de que a informação é socialmente produzida, organizada,
disseminada e utilizada; a busca por uma concepção mais completa e holística do conceito de
necessidade de informação; o reconhecimento da importância do conceito de relevância para
os usuários; a compreensão de que se deve buscar um equilíbrio entre as pesquisas na CI.
Concluímos que articulação da abordagem de análise de domínio para explicar práticas
informacionais ainda são incipientes e que ainda são necessárias muitas pesquisas para que se
consolide um modelo de investigação.
Práticas pedagógicas na área de usuários da informação em três universidades ...Epic UFMG
Apresenta estudo comparativo das práticas pedagógicas adotadas na condução das
disciplinas relativas ao tema Usuários da Informação em três universidades de diferentes países:
Brasil, Uruguai e Espanha. Com diferentes denominações, a disciplina é oferecida nas
instituições avaliadas para os cursos de Museologia, Arquivologia e Biblioteconomia. Como
procedimento metodológico adotou-se a análise documental em que foram comparados
documentos fornecidos pelos docentes das disciplinas envolvendo: os planos de ensino, a
fundamentação para a escolha bibliográfica, os métodos de ensino, as atividades didáticas
adotadas em sala de aula e os procedimentos de avaliação de cada disciplina. Os principais
resultados apresentam que as instituições ibero-americanas avaliadas têm, em comum, o fato de
abordarem os estudos de usuários conforme seus paradigmas teóricos, além de que em todos os
casos as disciplinas contemplam tanto aspectos teóricos quanto práticas investigativas. Tais
práticas propiciam aos discentes a oportunidade de investigar empiricamente os usuários da
informação em diversificados contextos, sejam eles dentro das instituições (museus, arquivos,
bibliotecas ou outras instituições documentais ou de memória), sejam fora desses ambientes
envolvendo práticas informacionais no contexto organizacional, científico ou ainda no
cotidiano.
ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: comparação entre estudos de uso, de compor...Epic UFMG
O objetivo deste artigo é apresentar as três abordagens existentes de estudos de usuários da informação: os estudos de uso, os estudos de comportamento informacional e os estudos de práticas informacionais. Após breve apresentação, passa-se à aplicação das categorias de cada uma delas a uma pesquisa empírica realizada com usuários de uma biblioteca de uma casa de apoio para pacientes em tratamento médico relativo a uma doença específica. Busca-se com isso demonstrar, de maneira didática, quais as contribuições e os limites de cada perspectiva de estudo, concluindo-se pela necessidade e importância de que todas sejam estudadas e façam parte do repertório de pesquisadores e profissionais.
Necessidades de otimização dos processos de planejamento e operacionalização ...Rodrigo Moreira Garcia
Este documento discute um estudo sobre o comportamento de busca de informações em bases de dados por alunos de pós-graduação. O estudo observou como os alunos conduziam buscas em bases de dados e identificou problemas que dificultavam o uso pleno do potencial das bases para recuperação de informação, como desconhecimento e dificuldades com interfaces. Os resultados sugerem que estudos sobre o comportamento de busca de usuários podem contribuir para o desenvolvimento de competências para busca e recuperação de informação de forma efetiva.
1. O documento apresenta uma análise de estudos nas ciências sociais que tiveram ambientes virtuais como campo de pesquisa, com foco nas estratégias metodológicas desenvolvidas.
2. O objetivo é conhecer como os pesquisadores lidaram com as peculiaridades do ambiente virtual e observar o surgimento de novos conceitos metodológicos.
3. O documento discute a construção do conhecimento científico e a metodologia de pesquisa no contexto da sociedade da informação e como a internet
O documento discute as redes sociotécnicas e como elas influenciam a produção e disseminação do conhecimento em saúde. Apresenta conceitos de redes sociais e como elas podem ser analisadas. Defende uma abordagem interdisciplinar entre ciências sociais, informação e saúde para compreender como as posições dos atores nas redes afetam a circulação da informação.
Aula 1 - Cobertura e indexação das bases de dadosLeticia Strehl
O documento apresenta os componentes e paradigmas da recuperação da informação, incluindo: (1) o conjunto de documentos, métodos de indexação e pontos de acesso, (2) abordagens orientadas a sistemas versus usuários e tarefas versus integrativas, e (3) o uso de citações e folksonomias na representação de conceitos.
Partindo de um histórico das pesquisas participativas nos seus diferentes momentos de constituição e propostas relativas às mudanças na produção de conhecimento, na visão de vários autores, o texto tem como perspectiva apresentar e discutir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa. Busca, também, discutir a pesquisa participativa como uma ação que abre a possibilidade de interconexão entre a pesquisa e a extensão no viver universitário. Entender que a necessidade da convivência na pesquisa como um observador que se torna dependente, produz uma rede de conversações que constitui o domínio explicativo científico, a qual é tomada para compreender as possibilidades de exercício da função de pesquisador, bem como as implicações éticas decorrentes. Assim, é possível que a pesquisa participativa possa constituir-se como algo a permanecer por um longo tempo, quando propõe uma perspectiva metodológica de ação capaz de sustentar trabalhos para além da pesquisa propriamente dita.
O COMPORTAMENTO INFORMACIONAL DOS ALUNOS DE FONOAUDIOLOGIA DA FACULDADE DE FI...Felipe Arakaki
- O documento apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o comportamento informacional de alunos de fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília.
- A pesquisa identificou que os alunos utilizam principalmente fontes primárias como livros e artigos para suas pesquisas, e que a maioria não pede auxílio para utilizar fontes de informação.
- Os resultados poderão auxiliar a biblioteca da faculdade a melhor atender as necessidades informacionais desse grupo de usuários.
O documento discute os princípios e métodos da pesquisa participante. A pesquisa participante envolve a participação do pesquisador e dos sujeitos pesquisados, visando a intervenção na realidade social. Ela busca compreender as condições locais para definir os métodos adequados a cada contexto.
Seminário apresentado durante a disciplina Bases Epistemológicas de Organização do Conhecimento ministrada pelo Prof. Dr. José Augusto Chaves Guimarães
O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em saúderegianesobrinho
1) O livro discute pesquisa qualitativa em saúde, abordando conceitos, correntes de pensamento e métodos.
2) A autora analisa positivismo, sociologia compreensiva, marxismo e pensamento sistêmico, defendendo uma abordagem que una objetividade e subjetividade.
3) O livro fornece detalhes sobre técnicas de pesquisa qualitativa como observação, entrevistas e análise de dados, visando ajudar pesquisadores a compreender e aplicar melhor esses métodos.
1. O documento discute como elaborar um questionário para pesquisas nas ciências sociais, abordando a relação entre conceitos, itens, população-alvo e amostra.
2. É destacada a importância de se considerar o objetivo da pesquisa, os conceitos a serem investigados e as características da população-alvo ao se desenvolver os itens do questionário.
3. Além disso, o documento aponta que os recursos disponíveis para a aplicação do questionário influenciam a estratégia de amostragem
O documento apresenta uma pesquisa realizada por estudantes sobre o tema "Pesquisa". Ele discute conceitos e características de pesquisa, classificações de pesquisa, e instrumentos de coleta de dados como questionários, entrevistas, observação e análise de conteúdo.
1. O documento discute os princípios básicos para elaborar um questionário para coleta de dados em pesquisas, incluindo definir claramente os conceitos e população-alvo, desenvolver itens que meçam os conceitos, e garantir que a amostra represente adequadamente a população-alvo.
2. É importante que o questionário se baseie em conceitos e não teste habilidades, e que os itens sejam apropriados para a população-alvo e amostra da pesquisa.
3. O objetivo da pesquisa
ESTUDOS DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO: comparação entre estudos de uso, de compor...Epic UFMG
1. O documento descreve três abordagens para estudos de usuários da informação: estudos de uso, estudos de comportamento informacional e estudos de práticas informacionais.
2. Ele aplica essas três abordagens para analisar os resultados de duas pesquisas empíricas realizadas com usuários de uma biblioteca médica.
3. O objetivo é demonstrar de forma didática as contribuições e limitações de cada perspectiva e concluir sobre a importância de estudar todas elas.
O documento discute o paradigma emergente da Ciência da Informação focado no usuário, conhecido como Sense-Making. Este novo paradigma enfatiza pesquisas qualitativas sobre as necessidades, interesses e uso da informação pelos usuários. A metodologia Sense-Making desenvolvida por Brenda Dervin tem sido amplamente utilizada para compreender como os usuários constroem significado.
O documento discute estudos de usuários, abordando suas definições, origens, abordagens tradicionais e alternativas. As abordagens alternativas incluem modelos centrados no usuário e na construção social de significados. Estudos de usuários em saúde e informação são examinados, assim como subáreas como aquisição e busca de conhecimento e usabilidade.
O documento apresenta um estudo de caso sobre o comportamento de busca de estudantes de biblioteconomia da Universidade de Brasília. O estudo utilizou questionários para analisar como esses alunos realizam pesquisas na biblioteca central, quais dificuldades enfrentam, e seu nível de satisfação com os resultados. A maioria dos alunos sabe o que precisa buscar, usa múltiplas formas de entrada, e encontra informações úteis, demonstrando aprimoramento de habilidades ao longo do curso.
Este documento fornece um resumo teórico e conceitual sobre pesquisa qualitativa. Descreve os principais tipos de pesquisa qualitativa como etnografia e estudo de caso, além de técnicas como observação participante e entrevista. Também discute as características e contribuições da pesquisa qualitativa, especialmente no ambiente educacional.
O documento apresenta uma proposta de pesquisa participante realizada por estudantes de licenciatura em matemática da Universidade do Estado da Bahia. A pesquisa aborda o conceito de pesquisa participante, suas características, uma proposta de modelo com quatro fases e problemas comuns a esse tipo de pesquisa, como a definição da linguagem utilizada.
Artigo ausência de pesquisa empírica no saber jurídicorqmjr2003
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ESTUDIOS DE USUARIOS EN EL PARADIGMA SOCIAL DE LA
CIENCIA DE LA INFORMACIÓN: DESAFÍOS TEÓRICOS Y
PRÁCTICOS DE INVESTIGACIÓN
Carlos Alberto Ávila Araújo - casalavila@yahoo.com.br
Professor Adjunto da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal
de Minas Gerais, UFMG. Doutor em Ciência da Informação e pós-doutorando na
Faculdade de Letras da Universidade do Porto-Portugal
Resumo
Apresenta exemplos concretos de questões surgidas no âmbito de estudos de usuários
da informação realizados conforme o paradigma social da Ciência da Informação. Em
primeiro lugar mostra um quadro teórico dos estudos de usuários e os desafios
contemporâneos que se colocam para o campo da pesquisa e do ensino. Utiliza
exemplos de pesquisas realizadas no escopo da disciplina Usuários da Informação como
forma de problematizar alguns aspectos relativos a essa aproximação. Conclui que a
realização tais estudos pelo paradigma social acarreta novos problemas até então pouco
discutidos no campo e reforça ainda a característica de ciência humana e social dos
estudos de usuários da informação.
Palavras-chave
Estudos de usuário. Paradigma social. Ciência da Informação.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem um objetivo prioritariamente didático. Trata-se de uma
reflexão sobre um conjunto de experiências práticas de pesquisa no campo de
estudos de usuários da informação aplicando-se conceitos relacionados ao que
Capurro (2003) denominou “paradigma social” da Ciência da Informação (CI).
Desde 2006, tenho ministrado a disciplina de Usuários da Informação. Na
minha primeira oportunidade, vi-me desafiado a montar um programa de
disciplina. Tive acesso a alguns programas anteriores existentes tanto na minha
universidade como em outras. Contudo, optei por construir um programa
2. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 24
próprio, enfatizando sobretudo o caráter prático da disciplina, isto é, a
possibilidade dos alunos executarem, durante o semestre letivo, um estudo de
usuários.
Meu ponto de partida, naquele momento, foi a ampla divisão existente
na literatura do campo que apontava a existência de dois paradigmas nos
estudos de usuários: o “tradicional” e o “alternativo”. Na primeira vez em que
ministrei a disciplina, portanto, estruturei-a com dois módulos. Num primeiro
momento, após um conjunto de aulas teóricas e metodológicas, os alunos,
divididos em grupos de quatro integrantes, iriam realizar um estudo de usuários
da informação baseados na abordagem tradicional, priorizando métodos de
coleta de dados quantitativos – preferencialmente, o questionário, contendo
perguntas sobre identificação de perfil (idade, sexo, escolaridade, profissão ou
outras que o grupo considerasse pertinentes) e de medição do comportamento
informacional (fontes de informação mais utilizadas, grau de satisfação com os
serviços de informação utilizados, tarefas para as quais necessitavam de
informação, entre outras). Cada grupo escolhia um objeto empírico, que podia
estar focado numa fonte ou sistema específico de informação (uma biblioteca,
um arquivo, um museu, um centro de documentação, um portal na internet, um
site específico), num grupo de usuários (alunos de determinado curso,
funcionários de uma determinada empresa, sócios de algum clube) ou ainda
em um assunto em particular (informação sobre saúde, política, esportes, etc.).
No segundo momento da disciplina, após uma nova bateria de aulas
sobre teoria e metodologia, os grupos voltaram a campo para a realização da
segunda etapa do trabalho, um estudo de usuários utilizando a abordagem
alternativa, portanto privilegiando métodos de coleta de dados qualitativos (de
preferência a entrevista), com o mesmo objeto empírico da etapa anterior
(ainda que não fossem exatamente as mesmas pessoas que responderam ao
questionário na etapa anterior, mas pessoas pertencentes ao mesmo universo).
O objetivo aqui já não era buscar respostas “o quê”, isto é, não interessava
mais verificar onde o respondente marcava o “x” num conjunto de opções
dadas, mas, sim, buscar as justificativas para as respostas dadas na primeira
etapa, buscar os “porquês”.
Ao longo dos anos, contudo, e amadurecendo no contato com a
literatura do campo da CI, percebi que essas duas abordagens não davam
conta de uma série de questões relacionadas com a informação. Tal conjunto
de questões foi muito bem elaborado por Capurro (2003), num trabalho em que
o autor distingue não duas, mas três grandes formas de se estudar a
informação na CI: um modelo físico (semelhante ao paradigma “tradicional” de
estudos de usuários), um modelo cognitivo (semelhante à abordagem
“alternativa” de estudos de usuários) e um modelo social. Embora houvesse já
alguns autores da CI trabalhando na perspectiva deste terceiro modelo
(HJORLAND, 2002; FROHMANN, 2008; RENDÓN ROJAS, 2005), no campo
de usuários parecia haver ainda muito pouca produção científica.
Ainda assim, a questão do paradigma social da CI foi sendo pouco a
pouco incorporada na disciplina, de forma que, na segunda etapa do trabalho,
os alunos já não iam a campo para realizar apenas um estudo conforme a
3. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 25
abordagem “alternativa”, de natureza cognitiva, mas um trabalho de certa forma
híbrido, conjugando questões tanto da abordagem cognitiva quanto da social.
Durante a execução dos trabalhos, muitas dúvidas sobre como realizar
as pesquisas e principalmente como analisar os dados encontrados
proporcionaram momentos ricos na compreensão do que é e como se faz
pesquisa com usuários da informação conforme o paradigma social da CI. Há
na área, contudo, pouca literatura sobre isso. Exatamente por esse motivo
optou-se pela produção deste artigo. A ideia aqui é documentar um pouco
desse processo, trazendo questões que surgiram tanto na elaboração dos
instrumentos de coleta de dados quanto na forma de analisar os resultados
encontrados e, ainda, no próprio tipo de resultado encontrado.
2 O PANORAMA TEÓRICO
A literatura científica sobre usuários da informação produzida até a
década de 1970, no plano internacional, e até o começo da década de 1990, no
Brasil, normalmente identifica esse campo como composto por estudos de uso
de informação, de perfil de comunidades de usuários e de avaliação de
sistemas e serviços de informação (FIGUEIREDO, 1994; RABELLO, 1980;
LIMA, 1994; CUNHA, 1982; PINHEIRO, 1982). Trata-se de um campo
desenvolvido ao longo de algumas décadas, com forte caráter empiricista,
voltado para a aplicação de métodos prioritariamente quantitativos na busca de
padrões e regularidades do comportamento dos usuários para o
estabelecimento de leis “científicas” sobre o uso da informação.
Desde o final da década de 1970, diversos pesquisadores envolveram-
se na construção de modelos teóricos para entender melhor o processo pelo
qual os usuários sentem necessidade e se engajam na busca e uso de
informação. Sustentados por uma perspectiva cognitivista, autores como Belkin
(1980), Wilson (1981), Dervin (1983), Taylor (1986), Ellis (1989) e Kuhlthau
(1991) começaram a desenvolver modelos para a compreensão do
“comportamento informacional” dos usuários. Esse conjunto de estudos
recebeu o nome de “abordagem alternativa” (DERVIN; NILAN, 1986) por se
contrapor ao outro modelo que entendia a informação como algo objetivo,
dotado de sentido em si. Ao contrário, a abordagem alternativa buscava ver o
que a informação é da perspectiva de quem a usa, do usuário. Essa
perspectiva foi introduzida no Brasil na metade da década de 1990
(FERREIRA, 1995; MARTUCCI, 1997). Desde então, os vários trabalhos
dedicados ao campo de usuários da informação (DIAS; PIRES, 2004;
BAPTISTA; CUNHA, 2007) têm por hábito a apresentação do campo de
usuários como sendo constituído por estas duas abordagens.
A evolução teórica do campo da Ciência da Informação como um todo,
contudo, tomou um caminho um pouco diferente daquele vivenciado
especificamente no campo dos estudos de usuários. Na sistematização de
Capurro (2003), o campo da CI teria vivenciado, desde seu surgimento, três
grandes formas de se estudar a informação – que ele denomina “paradigmas”.
Assim, cruzando as duas matrizes apresentadas até aqui (a dos Estudos de
Usuários e a da CI), teríamos um quadro em que:
4. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 26
a) A abordagem tradicional de estudos de usuários corresponderia ao
paradigma físico de Capurro (2003). A informação é tida como algo
objetivo, um objeto da realidade cujo sentido independe do usuário
que se relaciona com ela, dotada de propriedades objetivas, isto é,
inerentes (tais como relevância, exatidão, qualidade, etc.). Fazer
estudos de usuários na perspectiva do paradigma físico consiste
justamente em determinar as taxas de uso de cada tipo ou fonte de
informação e correlacioná-las com os dados de perfil sócio-
demográfico dos usuários. Tais estudos proporcionarão padrões
previsíveis sobre o uso da informação que podem ser utilizados como
mecanismos de avaliação dos serviços e sistemas de informação.
b) A abordagem alternativa de estudos de usuários corresponderia ao
paradigma cognitivo de Capurro (2003). A informação é entendida
como um recurso usado por um sujeito diante de uma situação de
lacuna ou estado vazio de conhecimento. As diferentes formas como
um sujeito percebe essa lacuna determinarão os tipos de ação
desencadeadas por ele para buscar a informação necessária. Os
diferentes usos previstos para a informação também intervêm no
processo. Tipologias das necessidades, dos processos de busca e
dos usos são pois os resultados dos estudos empíricos feitos nessa
abordagem. Daí terem proliferado diferentes modelos para
compreender o “comportamento informacional”. Os modelos
consistem de representações (muitas vezes visuais) do
relacionamento entre os elementos (os tipos de necessidade, os tipos
de busca, os tipos de uso) num determinado processo (o
comportamento informacional). Esses modelos são construídos a
partir de dados recolhidos da realidade (também numa perspectiva
bem empiricista, embora aqui armada de um esquema teórico-
conceitual mais elaborado) e a partir daí passam a servir como
retratos analíticos para todas as situações.
c) O paradigma social descrito por Capurro (2003) não teria ainda uma
manifestação muito nítida no campo de estudos de usuários. A
maneira como diferentes pesquisadores têm desenvolvido esse
paradigma, contudo, fornece importantes pistas de como poderia se
dar sua aplicação nos estudos de usuários.
Uma primeira referência, nesse sentido, seria a proposta da
“epistemologia social” de Shera (que serviu, aliás, de inspiração a Capurro para
a denominação deste paradigma). Ainda nas décadas de 1960 e 1970, Shera
propunha a criação de uma nova disciplina para estudar a inserção social do
conhecimento humano, isto é, as interações entre os processos intelectuais
(conhecimento produzido) e as atividades humanas e sociais. Trata-se, em sua
visão, de uma disciplina que “deveria fornecer uma estrutura para a
investigação eficiente de todo o complexo problema dos processos intelectuais
das sociedades – um estudo pelo qual a sociedade como um todo procura uma
relação perceptiva para seu ambiente total” (SHERA, 1977, p. 11).
Entre os autores contemporâneos que desenvolvem estudos nesta
direção, Frohmann (2008), em sua teorização sobre os “regimes de
5. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 27
informação”, critica a abordagem alternativa por esta só considerar os sujeitos
como seres isolados do mundo, como se cada sujeito que se relacionasse com
a informação não estivesse envolto em uma série de dimensões políticas,
econômicas, sociais e culturais. Justamente para ver esses atravessamentos e
como eles condicionam toda e cada uma das situações de informação o autor
desenvolveu seu conceito de “regime de informação”.
Rendón Rojas (2005), na busca por uma abordagem realista-dialética da
informação, recorre a Piaget para postular que o processo de conhecimento
não é um fenômeno em que um sujeito com um “vazio” na mente busca algo
para preencher esse vazio. O sujeito nunca é vazio, ele possui vários
conhecimentos e também estruturas nas quais cada novo conhecimento se
acomoda, não numa lógica cumulativa mas num processo interativo, de alterar-
se e ser alterado. Também a informação não é um “pacote” fechado que,
apropriada pelo sujeito, ocupa um lugar na sua mente como se fosse uma peça
de quebra-cabeças. Daí o autor recorrer a conceitos como “valor” e
“imaginação” para o entendimento da informação.
Também Hjorland (2002) é um dos autores do paradigma social, o qual
desenvolve a partir de sua abordagem de “análise de domínio”. Partindo da
ideia de “comunidades de discurso”, o autor demonstra como nossos critérios
são formados coletivamente, intersubjetivamente. Critérios estes não só sobre
a realidade (o que é ou não real, o que é ou não belo, ético, etc.) como,
também, critérios de julgamento da informação (boa ou ruim, completa ou
incompleta, exata ou inexata). Somos conformados por consensos coletivos, os
quais também não se impõem mecanicamente sobre nós – pois somos nós que
os construímos.
Foi a partir desse panorama teórico que começou um interessante
processo de reconstrução da disciplina Usuários da Informação. Os alunos
foram instados a, mediante um conjunto de aulas e textos, formularem, na
segunda etapa do trabalho de campo, uma abordagem que utilizasse
contribuição tanto da abordagem alternativa de estudos de usuários quanto de
questões trazidas pelo paradigma social da CI. Tanto o processo de analisar a
primeira etapa da pesquisa de campo (o estudo com usuários a partir da
abordagem tradicional) quanto os resultados específicos da segunda etapa
proporcionaram momentos muito rico de problematização do que é estudar os
usuários, das contribuições e dos limites de cada uma das possibilidades de
estudo.
3 OS AJUSTES NA DISCIPLINA
O desafio teórico posto em questão se desmembrava em problemas de
ordem prática. Desafiados a produzir estudos de usuários no modelo do
paradigma social, frequentemente os alunos demandavam exemplos de
estudos concretos realizados, ou ao menos bibliografia específica que se
referisse a essa nova dimensão dos estudos. Tanto uma como outra eram
escassas ou inexistentes.
Para o último caso, o da bibliografia, a solução encontrada foi recorrer a
áreas próximas, que desenvolvessem abordagens em sintonia com os
6. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 28
postulados do paradigma social da CI. As escolhas recaíram sobre três ramos
particulares de estudo. O primeiro deles foi o Interacionismo Simbólico,
corrente teórica surgida nos Estados Unidos ainda na primeira metade do
século XX e que parte de três pressupostos: o de que os seres humanos agem
com base nos significados dos objetos do mundo; de que esses significados
são construídos nas interações; e de que estes significados passam por
processos interativos (BLUMER, 1980). Ali onde o Interacionismo vê seres
humanos e objetos, os estudos de usuários podem ver usuários e informação.
Tal modelo teórico permite ver como os usuários são seres dinâmicos, ativos, e
igualmente dinâmica é a informação.
O segundo modelo teórico usado foi a Etnometodologia, corrente que,
ao contrário do que muitos pensam, não é uma metodologia especifica, mas o
estudo (“logos”) dos “etnométodos”, isto é, os métodos cotidianos empregados
pelas pessoas para dar sentido às coisas do mundo e agir sobre elas
(COULON, 1985). Ao buscar esses métodos, os pesquisadores vinculados a
essa corrente teórica conferem especial atenção às regras tácitas existentes e
às formas como os sujeitos percebem essas regras e escolhem aplicá-las ou
não no decurso das suas “práticas”.
A terceira contribuição é da Antropologia Semiótica (GEERTZ, 1978),
que estuda a cultura como um conjunto de teias de significado e analisa a ação
humana como uma atuação em meio a essas teias. Assim, o estudo da ação
humana jamais poderia se ater ao comportamento externamente observável –
seu estudo científico precisa incluir necessariamente o significado que o sujeito
dá para a ação que desempenha. Um exemplo simples do autor: uma
piscadela consiste no ato fisiológico de contrair as pálpebras. Mas a prática
humana de piscar é muito mais do que o ato fisiológico: pode ser uma paquera,
uma combinação, uma pequena mentira ou enganação, um tique nervoso, uma
imitação de alguém que tem um tique nervoso... O mesmo ato fisiológico
comporta diferentes práticas. O mesmo vale para o estudo do uso da
informação. Usar uma fonte, pegar um livro na biblioteca, acessar um site, são
todos comportamentos externamente observáveis. Para se ver o que
efetivamente são, a “prática informacional” por detrás deles, é preciso estudar o
significado dado pelo usuário que as usou. A essa análise científica, de ver o
comportamento e o significado do comportamento para quem o executa,
Geertz denomina “descrição densa”.
Fazer a ligação entre os estudos de usuários e essas correntes teóricas
serviu como importante base de inspiração para os alunos nas várias vezes em
que a disciplina foi ofertada. Estudos baseados na Etnometodologia ou no
Interacionismo Simbólico serviram como fonte de ideias para estudos sobre a
informação, trazendo problemas e soluções que poderiam, por analogia,
fertilizar o campo. Faltavam ainda, contudo, exemplos concretos de estudos de
usuários da informação utilizando tais abordagens. Aqui se chega ao objetivo
deste texto. Neste artigo se quer não trazer exemplos acabados de pesquisas
utilizando tal abordagem, mas tão somente trazer fragmentos de trabalhos
realizados justamente para se tensionar o campo dos estudos de usuários
confrontado pelo paradigma social.
7. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 29
A seguir são comentadas pequenas questões metodológicas e analíticas
em alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos nas ocasiões de oferta da
disciplina. Importante frisar que não se trata de pesquisas cientificamente
realizadas (com projeto, problematização, pré-teste, tabulações rigorosas,
transcrições de falas e aplicação de categorias de análise) mas, antes,
experimentos didáticos realizados em sala de aula, no curto período de um
semestre letivo. Por isso, interessa aqui menos os resultados efetivamente
encontrados mas, sim, a maneira como alguns achados de pesquisa
confrontam teórica e metodologicamente o campo.
Como os trabalhos dos alunos não são propriamente trabalhos
científicos (sequer foram publicados, nem tiveram essa pretensão), optou-se
aqui por não fazer referência indicativa a eles (autoria e título). Com isso, são
também poupados de passar por um processo que poderia parecer uma injusta
crítica ao mérito científico da sua produção – o que não é o caso, pois não é a
qualidade dos trabalhos dos alunos que está sendo problematizada aqui, e sim
os potenciais e limites explicativos do paradigma social da CI aplicado ao
campo dos estudos de usuários.
4 A PREPARAÇÃO PARA A PESQUISA
A primeira tarefa que os alunos precisam desempenhar na disciplina
(além da leitura dos textos e acompanhamento das aulas, naturalmente) é a
definição de um objeto empírico e, logo a seguir, a elaboração de um
questionário, com limites entre 10 a 15 perguntas. Os grupos são orientados
para tentarem ao máximo possível realizar apenas perguntas fechadas. Esse é
um dos primeiros desafios do trabalho: prever as categorias de resposta, isto é,
antecipar quais elementos presentes na realidade que representam as
manifestações possíveis de um mesmo fenômeno.
Na elaboração de um questionário, tanto na disciplina de Usuários da
Informação como em outras ocasiões, já tive mais de uma vez a oportunidade
de escutar algo como “não usei teoria nenhuma, é um questionário objetivo, só
para ver a realidade como ela é mesmo”. Trata-se do típico argumento de
quem imagina que é possível uma apreensão direta, “neutra”, da realidade, tal
como ela é em si, sem a interferência do sujeito que a conhece. Assim, a
primeira aula da disciplina após a elaboração dos questionários serve tanto
para discutir aspectos técnicos da elaboração de um questionário como, e
principalmente, para problematizar a maneira como ele conforma determinados
ângulos de percepção dessa realidade que será estudada. Dessa forma, o eixo
das discussões não é buscar a “maneira certa” de coletar determinado dado - o
objetivo da disciplina não é chegar a um receituário dos procedimentos
corretos. O eixo é, sim, o de problematizar que aspectos da realidade podem
ser compreendidos e de que forma cada uma das maneiras de os compreender
traz resultados mais ou menos atentos à complexidade do fenômeno.
Um dos exemplos mais interessantes ocorreu com um grupo que queria
estudar o hábito de leitura de jornais impressos. O grupo queria saber que
jornais as pessoas liam, que tipo de jornais eram, e, depois, buscar as razões
das escolhas. No primeiro protótipo de questionário, o grupo se deparou com
8. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 30
uma questão: como listar todos os jornais existentes? Impossível. Era preciso
categorizá-los de alguma forma. O grupo propôs, então, categorias de
respostas: jornais tradicionais, jornais populares, jornais segmentados, jornais
de bairro. Naturalmente, logo no primeiro dia de aula surgiu a polêmica: o que
poderia ser considerado um jornal tradicional? E um jornal popular? O que um
acha tradicional pode ser considerado popular para outro? Com a categoria
“popular”, o grupo queria se referir especificamente a dois jornais de Belo
Horizonte, vendidos a um preço bem mais baixo que os demais, em formato
tablóide e que, na visão deles, privilegiava temas sensacionalistas, como
esportes, violência e mulheres. Não são, contudo, os únicos jornais da cidade
que exploram esses assuntos.
Para resolver o problema, o grupo listou, após cada categoria, exemplos
de nomes de jornais que se encaixavam em cada uma. A solução, na verdade,
trouxe um outro problema. Ao dar o nome da categoria e do jornal, o grupo
estava rotulando, de antemão, qual o significado de cada um dos jornais,
direcionando desde já a opinião do respondente. Cada pessoa que fosse
responder ao questionário encontraria, inicialmente, opções já dadas (jornal
assim, do tipo assim; jornal assado, do tipo assado) com as quais poderia não
concordar (achando que o jornal “assado” é do tipo “assim”), mas não teria
como marcar a sua opção, pois as categorias estavam pré-definidas. Um outro
grupo, fazendo um trabalho de natureza semelhante, sobre revistas, colocou
como uma das opções “revistas sérias” e outra “revistas de fofocas”.
Outro caso. Determinado grupo teve a ideia de avaliar como as pessoas
se comportavam em relação a informações contendo humor e preconceito,
buscando ver os tipos de aceitação e rejeição a determinados conteúdos. Ao
montar os questionários, elaboraram uma pergunta sobre os tipos de
preconceitos considerados intoleráveis e colocaram categorias como “racistas”,
“homofóbicos”, “machistas” e “outros”. Acreditaram que, assim, estavam
previstas as categorias necessárias para os tipos de preconceitos existentes.
Escutaram depois, como comentários ao questionário, respondentes alegando
não apenas a ausência de determinado grupo (“pobres”, “analfabetos” ou
“obesos”, por exemplo) mas também o significado dessa ausência. Ser
colocado na categoria “outros” parecia indicar já uma outra forma de
preconceito, como se o preconceito contra esses grupos fosse menos
importante do que aquele vivido pelos outros grupos. Além disso, ao não dar
essas opções para todos os respondentes, conduziam a uma “distorção” que
seria sobrevalorizar as informações racistas, homofóbicas e machistas em
relação às outras possíveis – que não eram citadas nominalmente no
questionário aplicado.
Outro grupo elegeu como variável explicativa para uso de um
determinado sistema de informação o grau de competência e habilidade no uso
do computador. Para determinar esse grau, havia uma pergunta no
questionário especificamente sobre esse tópico. Os questionários respondidos
foram divididos em grupos conforme o tipo de resposta dada a essa questão,
numa gradação de quatro níveis, para tabulação dos dados. Foram
encontradas algumas tendências e várias discrepâncias. Na fase de
entrevistas, pedindo aos usuários para falar sobre o grau de competência que
possuem, os entrevistados expuseram uma variedade gigantesca de
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compreensões sobre o que significa “ser competente” ou “ter domínio de
computador”. Alguns com conhecimentos de vários recursos de vários
softwares consideravam-se “incompetentes”, enquanto outros que mal
conheciam duas ou três funcionalidades de pouquíssimos programas às vezes
se consideravam na categoria de maior domínio no uso dos recursos
computacionais. Assim, a pergunta tal como formulada no questionário ajudou
pouco na efetiva categorização dos usuários, já que disse mais respeito a
como eles enxergam a sua competência do que propriamente qual é a sua
competência em relação a certos parâmetros previamente definidos (pelo
grupo) e em comparação uns com os outros.
Diversos outros grupos verificaram dimensões semelhantes, por
exemplo, ao perguntarem nos questionários se as pessoas se consideravam
bem ou mal informadas ou o grau de confiabilidade de determinada fonte de
informação. Muitos exemplos poderiam ser explorados, mas, considerando os
limites deste texto, parece ser suficiente parar aqui e começar com outra
questão.
5 DISCUSSÃO DE ALGUNS RESULTADOS
A segunda etapa do trabalho de campo dos alunos consiste na
realização de entrevistas com pessoas selecionadas no mesmo universo
empírico da primeira etapa. Estas entrevistas são constituídas apenas de
perguntas abertas, a partir de um roteiro produzido conforme resultados
encontrados na primeira etapa e de cunho essencialmente compreensivo: foca-
se nas compreensões dos usuários, nos seus entendimentos sobre seus
próprios atos e da informação com a qual se relaciona. O trabalho final da
disciplina consiste no cruzamento das análises realizadas com os dados das
duas etapas.
No campo dos resultados encontrados nas várias pesquisas estão os
elementos mais interessantes que trazem pontos para a discussão aqui
proposta. Um dos grupos optou por realizar um trabalho bastante incomum em
relação aos demais. Seu objetivo era verificar a maneira como alunos de
doutorado e de mestrado usavam as fontes listadas nas referências ao final
das respectivas teses e dissertações. Na primeira etapa da pesquisa, em lugar
de aplicar questionários, optaram por fazer contagem de citações usando as
referências – imaginando as referências como indicadores de uso da
informação, isto é, se uma referência está lá na tese, é porque foi citada no
corpo do texto, se foi citada, houve um uso para aquela fonte. Para tanto, os
autores se respaldaram inclusive em autores que defendem a consideração de
indicadores bibliométricos como indicadores de uso da informação (DIAS;
PIRES, 2004). Mapeando um conjunto considerável de teses e dissertações,
produziram uma base que apontava alguns autores que foram muito citados
por vários alunos, uma grande quantidade citada por poucos e uma imensa
quantidade citada por apenas um mestrando ou doutorando.
Na segunda etapa do trabalho, ao entrevistar os autores das teses e
dissertações, surgiram diversos depoimentos, principalmente quando os
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entrevistados eram confrontados com a pergunta sobre qual o motivo do uso
de cada uma das referências.
Muitos foram os relatos que distinguiam entre livros ou artigos que os
haviam ajudado muitíssimo na pesquisa, foram essenciais, centrais para tudo,
e outros que foram usados apenas para uma citação específica, casos em que
o livro nem foi lido integralmente – na verdade, quase não foi lido. O dado
curioso da pesquisa é que, entre os dez autores das referências mais citadas,
havia sete que foram classificados como autores de obras que pouco ou quase
nada contribuíram para a pesquisa do mestrando ou doutorando.
Na verdade, muitos dos alunos estudados percebiam a importância de
citar determinados autores para dar legitimidade ao seu trabalho, recorrendo ao
chamado “recurso de autoridade”. Como muitos fizeram isso, a taxa de uso das
obras destes autores foi altíssima. Por outro lado, muitos autores cujos
trabalhos foram extensamente utilizados pelos alunos (portanto, com um uso
intenso por parte dos usuários) registraram taxas baixíssimas de citação no
conjunto total das referências analisadas.
Trata-se de um exemplo muito claro de como os indicadores
quantitativos podem “mascarar” um resultado que, efetivamente, se mostra
muito diferente. Perguntados sobre as fontes de informação que mais
utilizaram, efetivamente, em suas pesquisas, na etapa de entrevista, os
mestrandos e doutorandos deram respostas nas quais os tais sete dos dez
autores mais citados não figuravam. Ao confrontar os resultados da primeira
etapa com os da segunda, os alunos ficaram chocados com as disparidades
encontradas. Na primeira etapa, atribuir “um ponto” para cada fonte de
informação utilizada por cada um dos mestrandos e doutorandos na listagem
das referências conduzia a um resultado. Na segunda etapa, pedindo a eles
que falassem sobre cada uma das fontes usadas “valorando a fonte” na
perspectiva do usuário e do uso efetivamente dado, a listagem obtida das
fontes mais relevantes era substancialmente diferente.
Outro grupo de alunos realizou uma pesquisa com usuários de
informação sobre saúde, partindo de pessoas que tivessem tido recentes
consultas com médicos e perguntando a elas como se deram suas práticas
informacionais após essa consulta. Trata-se aqui de uma problemática
bastante singular. A relação médico-paciente é caracterizada por uma relação
hierárquica, de poder, muito delimitada. De um lado, está aquele que detém o
conhecimento científico, o saber, o poder de tomar decisão, garantindo
inclusive pela força da lei. De outro, está o paciente, não só tido como lugar
desautorizado do saber, mas a quem inclusive se exige que não busque por
conta própria saber, sob risco de cometer alguma ação equivocada.
A questão que provocava o grupo era saber se as pessoas buscavam,
após as consultas, os diagnósticos proferidos pelos médicos e os tratamentos
prescritos, informações sobre tudo isso, de forma a entender melhor o que
estava acontecendo com elas – afinal, são os corpos e a saúde das próprias
pessoas, que perdem na situação da consulta médica o poder de decisão
sobre o que fazer com elas mesmas. Mais do que entender melhor, os alunos
quiseram saber se as pessoas confrontavam informações diferentes e se
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tinham o hábito de questionar os médicos trazendo informações provenientes
de outras fontes.
Nas entrevistas realizadas na segunda etapa, foram coletados
depoimentos muito ricos sobre a maneira como os diferentes usuários “se
armam” de informações para o momento da consulta médica. Afinal, a
desigualdade de poder existe no momento do encontro entre o profissional e o
paciente é também uma manifestação de desigualdade na posse de
informações – embora não só, o médico tem, além de várias informações, uma
formação, um treinamento, uma ética profissional, etc. Os alunos encontraram
alguns tipos bem particulares de prática informacional. De um lado, aqueles
que não buscavam outras fontes de informação além do médico (isto é, não se
sentiam seguros ou autorizados a fazerem eles mesmos as buscas de
informação), mas que, desconfiados da exatidão dos diagnósticos e
tratamentos, realizavam consultas com outros médicos (em alguns casos, com
vários) para confrontar as diferentes opiniões proferidas por eles. De outro
lado, houve alguns respondentes que disseram sair do consultório médico e ir
rapidamente buscar em outras fontes de informação (e principalmente na
internet) dados que comprovassem a validade das informações recebidas no
ato da consulta.
Um dado curioso foi perceber que, no caso de dados conflitantes (o
usuário encontrar na internet dados contraditórios àqueles levantados pelo
médico), a maior parte dos usuários “deixava para lá”, isto é, não confrontavam
o profissional da saúde nem aderiam totalmente ao que encontravam nas
fontes de informação eletrônica. Antes, adotavam um comportamento de meio
termo, seguindo as prescrições médicas, mas com um menor rigor. Ou seja,
adotavam um comportamento resultado de uma confrontação de dados
provenientes de diferentes fontes de informação em que nenhum dos dois
lados era tido como totalmente confiável. Por fim, havia um grupo de
entrevistados que, de posse de informações diferentes daquelas fornecidas
pelo médico, voltava a estabelecer contato (normalmente por telefone) para
apresentar suas novas questões e aguardar uma resposta, que poderia ser
tanto uma confirmação do prognóstico já dado quanto uma adaptação pelo
médico incorporando algo das novidades trazidas pelos entrevistados.
Ao consultar outras fontes além do médico, todos os usuários
demonstraram preocupação com a qualidade destas fontes, alegando não
confiar em “qualquer um” dos resultados apontados pelos motores de busca na
internet. Alguns disseram basear seus julgamentos em revistas científicas.
Houve ainda muitos casos de pessoas que disseram que familiares e
conhecidos costumam ser fontes de informação também, mas muitos vistos
mais como fontes complementares – de reforço de determinada ideia ou
procedimento – do que como fontes primeiras para tomada de decisão sobre
algo.
Em muitas entrevistas, ainda, apareceu fortemente uma impressão, por
parte dos entrevistados, de certo “incômodo” e mal estar dos médicos nos
casos em que os pacientes apareciam já na primeira consulta com um volume
grande de informações sobre seus sintomas e possíveis medicamentos. Tais
incômodos se justificam, em parte, pela apreensão dos profissionais da saúde
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de que as pessoas cometam erros na tentativa de resolverem por si os
problemas mas são, também, reflexo da instabilidade causada pelo maior
empoderamento dos pacientes, isto é, de sua maior condição de reverter parte
do desequilíbrio de poder – um empoderamento que se dá pelo acesso à
informação.
O próximo caso refere-se à busca de informações sobre política. A
pesquisa dos alunos deu-se num período singular: as eleições municipais. No
caso, em eleições que aconteceram numa condição muito curiosa. Um dos
candidatos a prefeito era apoiado tanto pelo partido do presidente da república
quanto pelo partido do governador do estado – dois partidos absolutamente
rivais no plano nacional. Tal candidato era relativamente desconhecido de
grande parte da população, e seu principal adversário também era alguém
muito pouco conhecido. Diante de tal quadro, um grupo de alunos quis saber
em que fontes de informação as pessoas buscavam elementos para tomar sua
decisão quanto ao voto.
O confronto entre os dados da primeira etapa e da segunda etapa mais
uma vez trouxe surpresa. Na primeira etapa, houve uma alta incidência para a
importância de se buscar informação sobre os candidatos, de se acompanhar a
cobertura informativa da mídia, de se ler os programas de governo ou assistir
ao horário de propaganda eleitoral gratuita na televisão. Tais fontes foram
avaliadas como muito importantes, mas as taxas de uso não atingiram os
mesmos patamares – mas não ficaram tão distantes.
Na etapa de entrevista, os alunos pediam aos entrevistados para
identificarem as fontes às quais tiveram acesso e o que encontraram nelas.
Aparecia, aqui, muito pouco das fontes elencadas como as mais usadas na
etapa dos questionários. Falando espontaneamente sobre as informações que
haviam obtido dos candidatos, os entrevistados se referiam com muito mais
desenvoltura a fragmentos de sites de conteúdo humorístico, charges, e-mails
repassados por amigos ou conhecidos nas famosas “correntes”, ou em páginas
ou comunidades criadas em sites de relacionamentos. Mesmo no caso de sites
de notícias consultados, os entrevistados se lembravam muito mais dos
conteúdos postados nos comentários dos internautas do que naquilo que
estava expresso no texto noticioso. Muitas vezes os entrevistados citavam
fatos de campanha (algo feito ou dito por um ou outro candidato) e, quando
perguntados de onde haviam obtido a informação, respondiam que era do
comentário feito por alguém, e não do texto da imprensa ou do material de
campanha do candidato. A importância das “fontes informais”, ou do “colégio
invisível”, é então confirmada, tanto no sentido de fornecimento de informações
para a tomada de decisão quanto, também, no de indicar outras fontes de
informação. Uma boa parcela dos entrevistados comentou que outros usuários
frequentemente faziam a indicação de matérias a serem lidas, blogs a serem
acessados ou vídeos a serem assistidos sobre questões polêmicas
relacionadas com a eleição.
Outro trabalho desenvolvido buscou analisar leitores de histórias em
quadrinhos no ambiente universitário. Um dos resultados encontrados pelo
grupo foi a existência de dois grandes grupos de usuários deste tipo de
informação: aqueles orgulhosos de se assumir como leitores deste tipo de
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gênero cultural, que divulgam ou deixam transparecerem suas preferências
para todos, mesmo em ambientes onde tal tipo de informação é considerada de
pior qualidade ou infantilizada; e aqueles que gostam de tais produtos mas,
percebendo a valoração que possuem no ambiente universitário, agem com
discrição e evitam comentar sobre seu gosto. Em um ou outro caso, e essa é a
questão importante, os grupos percebem claramente a existência de
sentimentos negativos em relação aos quadrinhos. Há uma interpretação
singular, por parte de uns e de outros, no sentido de dar a esses sentimentos
coletivos um peso maior ou menor de tal forma que se decida por enfrentá-lo
(ou enfrentar as conseqüências de expor um gosto contrário ao do valor
consensualmente aceito) ou não se expor a ele.
Interpretações semelhantes foram encontradas por outros grupos. Um
deles estudou pessoas que usam serviços de compras ou bancários por
internet. Em meio às dimensões técnicas e tecnológicas envolvidas com o uso
e o não uso (interface, competência no uso de informática, velocidade ou
segurança da conexão) o grupo percebeu que existe um sentimento de medo
relacionado com a segurança e o risco de clonagem ou cópia de senhas. Tais
sentimentos eram provenientes tanto dos requisitos técnicos dos sistemas
quanto de experiências vivenciadas pela própria pessoa ou por conhecidos,
que conduziam em grande medida decisões relacionadas a usar ou não estes
sistemas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os exemplos poderiam aqui se multiplicar. Existe uma riqueza imensa
nos depoimentos colhidos pelos alunos e, principalmente, nas estratégias
operadas por estes na tentativa de encontrar e aplicar corretamente as
categorias de análise propostas. Assim, mais do que dar respostas definitivas,
os casos apresentados acima trazem problemas, questões, percepções e
representações.
Algumas vezes a validade científica de tais estudos é questionada.
Muitos comparam o tipo de resultado encontrado em estudos assim com
aqueles de estudos que apontam enfaticamente que “73,4% dos engenheiros
usam livros e 89,1% dos administradores usam internet” (para dar um exemplo
fictício). O poder das estatísticas é sedutor e sua ideia de exatidão expressa
nos números e nas casas decimais dá uma sensação de segurança, de que a
realidade foi apreendida “tal como é”. Pois essa postura esconde justamente o
que está sendo conhecido e quem está conhecendo. Que engenheiros? De
que local, ou época? Que livros? Todos os 73,4% usam o livro igualmente?
Em ciências sociais e humanas, o poder explicativo do Positivismo (a
aplicação dos métodos das ciências exatas aos fatos humanos) já vem sendo
colocado em xeque há décadas (MINAYO, 2000; DEMO 1992; MOSTAFA;
LIMA; MARANON, 1992). Nos estudos de usuários, também já se comprovou
seu relativo poder explicativo (LIMA, 1994; CHOO, 2003) principalmente
porque uma série de descobertas empiricamente descobertas não se
confirmavam em estudos seguintes (RABELLO, 1980), gerando uma massa de
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dados acumulados com os resultados os mais díspares entre si. Ainda assim,
serviram para descrever, de algum modo, alguma realidade.
Os modelos de comportamento construídos também possuem seu valor
explicativo, permitem visualizar um processo, estabelecer tipos de
manifestação. Geralmente, contudo, retratam situações restritas no tempo e no
espaço, e acabam engessando as formas de apreensão de outras realidades
em pesquisas posteriores.
Não se trata, pois, de comparar os paradigmas para determinar qual o
melhor. Cada modelo teórico apreende alguns aspectos da realidade e deixa
de fora outros. Aquilo que não era respondido pelo paradigma físico da CI
tornou-se parte das preocupações do paradigma cognitivo. Igualmente, o
paradigma social surgiu para iluminar questões não compreendidas pelo
cognitivo. No caso dos estudos de usuários da informação, o paradigma social
vem para problematizar aspectos de como a definição de critérios de qualidade
e valor da informação é construída socialmente, e atravessada por fatores
históricos, culturais, políticos, sociais e econômicos.
“Mas quando responderemos „tudo‟ sobre os usuários da informação?” é
uma pergunta comum na sala de aula. Para respondê-la, gosto de usar uma
breve passagem de Geertz, a qual evoco agora para fechar este texto. Conta
Geertz (1978), com sua habitual elegância, de certa ocasião em que, estando
na Índia, viu-se diante de uma compreensão mitológica em que a Terra seria
sustentada por um elefante, e este sobre o casco de uma tartaruga. O
antropólogo, claro, pergunta: “E a tartaruga?”. Ao que escuta, como resposta,
de que esta está sobre outra tartaruga, que está sobre outra, e assim
indefinidamente.
Assim são os problemas relativos à realidade humana e social. Não se
chega ao fundo da questão, a uma resposta cabal e absoluta, quando o objeto
estudado é também sujeito, dotado de vontade, historicidade e condutor do seu
destino. O máximo que se pode fazer é promover novas e mais profundas
incursões, encontrando sempre novos elementos explicativos, incorporando
novas questões e aspectos que compõem a realidade explicada. Os usuários
da informação, como seres humanos que são, compartilham dessa
característica. Assim se constitui o limite e a riqueza do seu estudo científico.
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_______________________________________________________________
Title
Information user studies in the social paradigm of Information Science: theoretical and
practical issues
Abstract
17. Estudos de usuários conforme o paradigma social da ... Carlos Alberto Ávila Araújo
Inf. Inf., Londrina, v. 15, n. 2, p. 23 - 39, jul./dez. 2010 39
It presents some concrete examples of issues raised in information user studies
according to the social paradigm of Information Science. Firstly, a theoretical
framework of user studies and the contemporary challenges facing both the research
and teaching practices in this topic are presented. Secondly, some examples of
researches conducted within the scope of the discipline Information Users are
provided. It concludes that studies by the light of social paradigm pose new problems
never before discussed in the field and reinforce the human and social science nature
of information user studies.
Keywords: User studies. Social paradigm. Information Science.
_______________________________________________________________
Título
Estudios de usuarios en el paradigma social de la Ciencia de la Información: desafíos
teóricos y prácticos de investigación
Resumen
Se presentan ejemplos concretos de las cuestiones planteadas en los estudios de
usuarios de la información realizados bajo el paradigma social de la Ciencia de la
Información. En primer lugar muestra un marco teórico de los estudios de usuarios y
los desafíos actuales que se plantean para el campo de la investigación y de la
enseñanza. Utiliza ejemplos de investigaciones realizadas en el ámbito de la disciplina
Usuarios de la Información con el fin de discutir algunos aspectos relativos a ese
enfoque. Concluye que la realización de tales estudios por medio del paradigma social
plantea nuevos problemas hasta ahora poco discutidos en el campo y refuerza todavía
la característica de ciencia humana y social de los estudios de usuarios de la
información.
Palabras-clave
Estudios de usuarios. Paradigma social. Ciencia de la Información.
Recebido em: 26/09/2010
Aceito em: 01/02/2011