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                                                   internacional já comprova que projetos liderados por atores externos,
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                    Tânia - Não faço essa distinção, até porque os autores que trabalham essa temática compreendem
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                    que o local é um território, um espaço organizado que tem uma identidade e um projeto coletivo
                    próprios. Esse território pode ser um bairro, um município, uma bacia hidrográfica. Geralmente, a melhor

Informativo         escala para trabalhar o desenvolvimento territorial é uma microrregião. Isso porque você tem mais

Eletrônico          densidade econômica para trabalhar cadeias e arranjos produtivos, redes e estratégias de
                    comercialização para os pequenos negócios. A microrregião também pode permitir outros arranjos
                    institucionais, como os consórcios públicos para a saúde e o meio ambiente, por exemplo.
E-
mail*               RTS - Com o a globalização interfere nessa dinâm ica?

Nome                Tânia - Como a globalização, de certa forma, fragiliza o Estado Nação, alguns autores dizem que o
                    desenvolvimento não compete mais aos países, mas às regiões. Quando você fala do Brasil, por
 enviar             exemplo, há diversos brasis distribuídos em regiões com capacidades próprias de inovar e competir.
                    Antes se dizia que essa capacidade de competir vinha da dotação de recursos naturais e infra-
                    estruturas, de forma centralizada. Hoje, a idéia é de que isso é importante, mas que não adianta sem a
                    formação de capital humano e social no território.

                    É como num computador. Você tem hardw are, softw are, e orgw are. O hardw are são as infra-
                    estruturas econômicas e sociais. O softw are é o planejamento e a estratégia de desenvolvimento,
                    enquanto o orgw are é o capital social. Sem a articulação entre estes três fatores, aliada a uma
                    capacidade de pactuação para construir consensos e gerir conflitos, a tendência é que o território
                    tenha mais dificuldades de se inserir nos processos de competitividade da globalização.

                    RTS - Com o construir então este capital social?

                    Tânia - A partir do território. Por isso é que o local ressurge na globalização como elemento
                    dinamizador da cultura da inovação, principal fator de competitividade na sociedade do conhecimento.
                    É no território que estão as universidades, as pessoas, a competência local. O território, nesse
                    sentido, ressurge impulsionado pelas contradições da própria globalização e da sociedade do
                    conhecimento.

                    Geralmente quando falamos em inovação, nos referimos a um produto. Prefiro falar da inovação em
                    processos de produção, em gestão social e institucional. A nova governança, por exemplo, é uma
                    inovação de gestão. Num arranjo produtivo, o avanço não está só na melhoria do processo de
                    produção, mas também em uma forma de governança que fomente redes de cooperação e
                    aprendizagem. Nesse sentido, estou convencida de que o grande desafio do brasileiro ainda é a
                    cultura política.

                    RTS - E com o a arquitetura institucional do Estado brasileiro dificulta essa transform ação?
Tânia - A gente convive no mesmo campo de avanços e retrocessos. Hoje ainda há a cultura dos
       coronéis, do clientelismo e do assistencialismo, mas também há a cultura da nova governança e a
       emergência da sociedade civil trazendo novas iniciativas, idéias e projetos. E isso convive no mesmo
       campo de historicidade. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias do conhecimento trazem uma série de
       aprendizagens para a sociedade e para o novo espaço público, onde se discutem os interesses
       coletivos sem haver, necessariamente, a interferência do Estado. Então, a cultura política com mais
       transparência, controle social e accountability é o grande desafio. Não se trata de ter mais ou menos
       Estado, mas de se ter o Estado necessário para o momento atual.

       Na Europa, existe a necessidade de um determinado tipo de Estado. No Brasil, há outra. O fato é que a
       sociedade é de mercado, e isso exige a regulação do Estado. O próprio mercado está reconhecendo
       isso com a crise. Nesse sentido, esta nova presença do Estado precisa se dar de outra forma. Não
       como um Estado patrimonialista, que tutela a sociedade e troca favores por voto. Esse Estado a gente
       não quer. A gente quer o Estado que traga políticas públicas mais articuladas com as demandas dos
       agentes produtivos, da sociedade. Queremos o Estado eficiente e efetivo naquilo que é da sua
       competência, como nas questões da universalidade da saúde, da educação, das grandes questões
       ambientais, da garantia dos direitos humanos e do pluralismo democrático, cultural e religioso.

       RTS - Com o pensar num a descentralização dessa envergadura diante das m arcantes
       desigualdades brasileiras?

       Tânia - É um grande desafio. Ainda não temos todas as respostas, mas acredito que nos avanços e
       experimentações a gente vai encontrando algumas saídas. E também com as lições aprendidas com
       outros países. É difícil encontrar um país com a complexidade do Brasil, com uma extensão continental
       tamanha, com a diversidade de população que nós temos.

       Para dar um exemplo: não existe mais uma região Nordeste. Existem vários Nordestes: existe sul do
       Nordeste e nordeste do Sul. Eu não sou favorável a se pensar políticas de desenvolvimento para uma
       determinada grande região. Há que se pensar, no mínimo, em recortes de meso ou microrregiões. O
       que tem a ver o Maranhão com Pernambuco? O nível de capital social e de desenvolvimento
       institucional são diferentes. Os ativos são diferentes.

       RTS - Ainda assim , cada entidade de governo trabalha com políticas territoriais distintas.
       Com o avançar?

       Tânia - Essa abordagem da nova governança marcou um avanço. Antes, nos períodos autoritários do
       Brasil, as coisas eram feitas a partir dos gabinetes e chegavam goela abaixo para a população. Mas
       os países que têm uma cidadania mais evoluída e maior qualidade de vida são justamente os países
       onde a participação cidadã sempre foi muito presente. Não existe participação cidadã sem
       descentralização. Então, para um país como o Brasil, que é maior do que a Europa e que centraliza
       70% dos seus recursos no governo federal, é muito difícil que se desenvolva com equidade,
       organizado da maneira que está.

       Não é verdade, por exemplo, que a centralização de recursos inibe a corrupção. O que faz não existir
       corrupção é a evolução da cidadania, do capital social e do controle social. É o fato de existirem
       instâncias de pactuação onde haja informação, comunicação social e transparência. Eu acredito no
       princípio da subsidiariedade, ou seja, aquilo pode ser feito junto do cidadão, que seja feito com o
       controle do próprio cidadão.


       Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS


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Bombou! - Ed. Especial, Nº 06/2012
 

Entrevista com Tania Zapata (2009) - Portal RTS

  • 1. Portal RTS - Rede de Tecnologia Social Busca: Twitter YouTube Tânia Zapata, diretora técnica do IADH English | Español Foto: IADH 30/09/2009 - Especialista em Desenvolvimento Econômico Regional pelo Instituto de Pesquisas e Formação para o Desenvolvimento e diretora técnica do Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (IADH), a socióloga Tânia Zapata é umas das principais especialistas em desenvolvimento local do Brasil. Em entrevista ao Portal da RTS, ela Tecnologia Social defende o desenvolvimento territorial endógeno, comenta o papel da A RTS globalização para este desafio e alerta: “As novas tecnologias do conhecimento trazem uma série de aprendizagens para a sociedade e Quem Somos para o novo espaço público”. Faça parte da RTS RTS - Por que incluir o term o endógeno ao falar de Links desenvolvim ento territorial? Notícias Tânia - Porque o desenvolvimento do território só acontece quando ele Eventos se dá a partir das pessoas daquele território. A experiência internacional já comprova que projetos liderados por atores externos, Artigos sejam órgãos públicos, ONGs e organismos internacionais, tendem ao Entrevistas fracasso e à insustentabilidade se não formarem equipes locais capazes de assumir essa liderança. A partir destes ativos endógenos, baseados no potencial do local, Multimídia é que você constrói a estratégia e as instâncias de governança e pactuação. Imprensa RTS - Qual a distinção entre desenvolvim ento territorial e desenvolvim ento local? Logomarca Tânia - Não faço essa distinção, até porque os autores que trabalham essa temática compreendem Publicações que o local é um território, um espaço organizado que tem uma identidade e um projeto coletivo próprios. Esse território pode ser um bairro, um município, uma bacia hidrográfica. Geralmente, a melhor Informativo escala para trabalhar o desenvolvimento territorial é uma microrregião. Isso porque você tem mais Eletrônico densidade econômica para trabalhar cadeias e arranjos produtivos, redes e estratégias de comercialização para os pequenos negócios. A microrregião também pode permitir outros arranjos institucionais, como os consórcios públicos para a saúde e o meio ambiente, por exemplo. E- mail* RTS - Com o a globalização interfere nessa dinâm ica? Nome Tânia - Como a globalização, de certa forma, fragiliza o Estado Nação, alguns autores dizem que o desenvolvimento não compete mais aos países, mas às regiões. Quando você fala do Brasil, por enviar exemplo, há diversos brasis distribuídos em regiões com capacidades próprias de inovar e competir. Antes se dizia que essa capacidade de competir vinha da dotação de recursos naturais e infra- estruturas, de forma centralizada. Hoje, a idéia é de que isso é importante, mas que não adianta sem a formação de capital humano e social no território. É como num computador. Você tem hardw are, softw are, e orgw are. O hardw are são as infra- estruturas econômicas e sociais. O softw are é o planejamento e a estratégia de desenvolvimento, enquanto o orgw are é o capital social. Sem a articulação entre estes três fatores, aliada a uma capacidade de pactuação para construir consensos e gerir conflitos, a tendência é que o território tenha mais dificuldades de se inserir nos processos de competitividade da globalização. RTS - Com o construir então este capital social? Tânia - A partir do território. Por isso é que o local ressurge na globalização como elemento dinamizador da cultura da inovação, principal fator de competitividade na sociedade do conhecimento. É no território que estão as universidades, as pessoas, a competência local. O território, nesse sentido, ressurge impulsionado pelas contradições da própria globalização e da sociedade do conhecimento. Geralmente quando falamos em inovação, nos referimos a um produto. Prefiro falar da inovação em processos de produção, em gestão social e institucional. A nova governança, por exemplo, é uma inovação de gestão. Num arranjo produtivo, o avanço não está só na melhoria do processo de produção, mas também em uma forma de governança que fomente redes de cooperação e aprendizagem. Nesse sentido, estou convencida de que o grande desafio do brasileiro ainda é a cultura política. RTS - E com o a arquitetura institucional do Estado brasileiro dificulta essa transform ação?
  • 2. Tânia - A gente convive no mesmo campo de avanços e retrocessos. Hoje ainda há a cultura dos coronéis, do clientelismo e do assistencialismo, mas também há a cultura da nova governança e a emergência da sociedade civil trazendo novas iniciativas, idéias e projetos. E isso convive no mesmo campo de historicidade. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias do conhecimento trazem uma série de aprendizagens para a sociedade e para o novo espaço público, onde se discutem os interesses coletivos sem haver, necessariamente, a interferência do Estado. Então, a cultura política com mais transparência, controle social e accountability é o grande desafio. Não se trata de ter mais ou menos Estado, mas de se ter o Estado necessário para o momento atual. Na Europa, existe a necessidade de um determinado tipo de Estado. No Brasil, há outra. O fato é que a sociedade é de mercado, e isso exige a regulação do Estado. O próprio mercado está reconhecendo isso com a crise. Nesse sentido, esta nova presença do Estado precisa se dar de outra forma. Não como um Estado patrimonialista, que tutela a sociedade e troca favores por voto. Esse Estado a gente não quer. A gente quer o Estado que traga políticas públicas mais articuladas com as demandas dos agentes produtivos, da sociedade. Queremos o Estado eficiente e efetivo naquilo que é da sua competência, como nas questões da universalidade da saúde, da educação, das grandes questões ambientais, da garantia dos direitos humanos e do pluralismo democrático, cultural e religioso. RTS - Com o pensar num a descentralização dessa envergadura diante das m arcantes desigualdades brasileiras? Tânia - É um grande desafio. Ainda não temos todas as respostas, mas acredito que nos avanços e experimentações a gente vai encontrando algumas saídas. E também com as lições aprendidas com outros países. É difícil encontrar um país com a complexidade do Brasil, com uma extensão continental tamanha, com a diversidade de população que nós temos. Para dar um exemplo: não existe mais uma região Nordeste. Existem vários Nordestes: existe sul do Nordeste e nordeste do Sul. Eu não sou favorável a se pensar políticas de desenvolvimento para uma determinada grande região. Há que se pensar, no mínimo, em recortes de meso ou microrregiões. O que tem a ver o Maranhão com Pernambuco? O nível de capital social e de desenvolvimento institucional são diferentes. Os ativos são diferentes. RTS - Ainda assim , cada entidade de governo trabalha com políticas territoriais distintas. Com o avançar? Tânia - Essa abordagem da nova governança marcou um avanço. Antes, nos períodos autoritários do Brasil, as coisas eram feitas a partir dos gabinetes e chegavam goela abaixo para a população. Mas os países que têm uma cidadania mais evoluída e maior qualidade de vida são justamente os países onde a participação cidadã sempre foi muito presente. Não existe participação cidadã sem descentralização. Então, para um país como o Brasil, que é maior do que a Europa e que centraliza 70% dos seus recursos no governo federal, é muito difícil que se desenvolva com equidade, organizado da maneira que está. Não é verdade, por exemplo, que a centralização de recursos inibe a corrupção. O que faz não existir corrupção é a evolução da cidadania, do capital social e do controle social. É o fato de existirem instâncias de pactuação onde haja informação, comunicação social e transparência. Eu acredito no princípio da subsidiariedade, ou seja, aquilo pode ser feito junto do cidadão, que seja feito com o controle do próprio cidadão. Por Vinícius Carvalho, jornalista do Portal da RTS RSS FEED Sobre o Portal Estrutura do Portal Administração