1. O valor do MAS
O MAS tem uma tarefa árdua pela frente: reunir num mesmo tecto colaboradores de inúmeras e
diferentes áreas de intervenção sem, contudo, forçar a sua homogeneização. Actores sociais podem ser
educadores, assistentes sociais, ambientalistas, artistas, cientistas, médicos, religiosos, enfermeiros,
mediadores culturais, políticos, jornalistas, podem trabalhar em instituições como os museus,
observatórios, escolas, universidades, instituições de solidariedade social, juntas de freguesia,
empresas, podem ser instituições ou individuos, etc.
Acontece que esta característica do terceiro sector é tanto a sua força como é a sua fraqueza.
Nós actores vivemos intensamente a nossa actividade, disponíveis, atentos, conhecedores. Estamos
onde tantas vezes o dinheiro escasseia. Mas onde há pessoas, ideias, experiências, vidas. E lá estámos
nós para enriquecer esses lugares com mais gente, ideias, experiências e vida. Podemos dizer sem
exagero que sem nós qualquer país parava: por um lado, deixava de funcionar, por outro, deixava de
evoluir. O terceiro sector é uma parte fundamental da resiliência de qualquer sociedade.
É também verdade que a evolução das sociedades contemporâneas exige-nos uma variedade de
competências específicas que nos absorve totalmente. É com vista à melhoria da eficácia da nossa
intervenção que uma boa parte da nossa atenção e capacidade de investimento se esgota. Sabemos que
hoje já não chega o voluntarismo cheio de boa vontade, actualmente a intervenção social exige mais,
faz-se baseada em logísticas altamente complexas. Essa dinâmica tornou-se simultaneamente a nossa
fraqueza, pois muitos dos nossos problemas são comuns e muitos das nossas necessidades exigem
intervenções multidisciplinares.
Esta será uma das funções do MAS facilitar o trabalho de toda essa força que está quotidianamente no
terreno. O MAS terá entre outras funções o objectivo de se constituir como uma plataforma logística.
Aliando assim todo o potencial das competências específicas com as inúmeras necessidades do terreno.
Para tal, pretende ser um centro de pesquisa para o terceiro sector, um local de partilha de experiências,
um local de integração de projectos, um meio para facilitar os fluxos de informação neste meio, uma
entidade que dará projecção às boas práticas, que pretende formar gente, que estará atento aos desafios
do quotidiano e que procurará antecipar os do futuro, será um espaço de conforto para os actores
sociais, procurará sensibilizar para a relevância social deste sector, etc.
É por isso que todos contam.
2. Sendo o MAS uma estrutura nova não deverá repetir os erros que são notórios em algumas das
instituições já há muito estabelecidas no nosso País. E que erros são esses: considerar que é possível
motivar colaboradores quando se está sempre zangado; acreditar que é possível melhorar seja o que for
apenas apontando os erros; julgar que a forma como se olha para a nossa envolvente não é em parte de
uma das nossas escolhas de vida.
O MAS deverá posicionar-se como uma entidade disponível, que procurará enaltecer as boas práticas e
que encontrará uma forma de trazer à tona dos discursos públicos os aspectos positivos da nossa
sociedade.
Sendo o seu objectivo dar voz aos actores sociais não poderá deixar de os incluir na análise que se faz
do nosso quotidiano. Os actores sociais existem e são muitos. Ora isso requer dizer que existe uma
força positiva no nosso seio, que todos os dias se esforça para reduzir assimetrias, para educar, para
ouvir e cuidar dos que necessitam, ..... Isso existe cá e isso deve ser enaltecido.