A carta discute o tema do 94o Dia Mundial das Missões, que é "Eis-me aqui, envia-me", convidando as irmãs a estarem disponíveis para a missão. A carta também resume uma carta escrita por Madre Mazzarello em 1881 incentivando as irmãs missionárias na Argentina e pedindo para trabalharem para ganhar almas para Jesus.

1. Roma, 14 de outubro de 2020.
Queridas Irmãs,
Uma carinhosa saudação, carregada de entusiasmo
missionário e em comunhão com todas as comunidades
de fé que celebram o Mês Missionário.
é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o 94º Dia
Mundial das Missões (DMM) programado para o
próximo dia 18 de outubro. A mensagem para o DMM foi
escrita na festa de Pentecostes quando o mundo inteiro,
«surpreendido por uma tempestade inesperada e furibunda»,
estava “desoladamente” imerso na pandemia da Covid-19.
Uma vez mais, Papa Francisco apresenta uma fotografia da realidade e
insiste em afirmar que «não podemos ir em frente cada qual por conta própria, mas somente juntos».
Ainda que o chamado à vida, à vocação missionária, seja um fato pessoal e cada um dá a sua
resposta segundo a generosidade do seu coração, nós o vivemos e concretizamos em comunidade,
numa cultura ou no entrelaçamento de culturas, com os pés enraizados dentro de uma realidade
específica.
Segundo Papa Francisco, «o chamado à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus
e do próximo se mostra como oportunidade de partilha, serviço, intercessão».
Vimos em muitas partes do mundo, nos últimos meses, o testemunho de médicos, enfermeiros,
profissionais da saúde, voluntários que deram a sua vida para salvar outras vidas. O mesmo se pode
dizer de muitas/os religiosas/os e sacerdotes.
Diante desta situação, a mensagem para o Dia Mundial das Missões é uma sacudida para o
nosso ser FMA. Deus diariamente nos pergunta: «Quem enviarei?». Quem enviarei para substituir este
ou aquela? Quem enviarei para anunciar a Boa Notícia do Evangelho? Quem enviarei para
testemunhar o meu amor, para «tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas
em todo o tempo e lugar»?
Deus «pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados». Então, queridas irmãs,
diante deste amoroso convite de Deus não podemos silenciar ou dar as costas: “Eis-me aqui, envia-
me”. «Jesus é o Missionário do Pai». O seu Espírito «torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em
missão ao mundo e às nações».
Neste segundo ano do triênio de preparação ao 150º aniversário de fundação do nosso
Instituto, a missão ad gentes nos faz pensar continuamente no “A ti as confio”. Ainda hoje há jovens,
crianças, famílias, populações inteiras à espera do anúncio do Evangelho. O “A ti as confio” que
Madre Mazzarello recebeu e acolheu com coração generoso e aberto, ressoa ainda hoje na história do
nosso Instituto e se repete a cada uma de nós.
Uma multidão de jovens espera uma presença que lhes dê esperança no futuro: “A ti os
confio”. Crianças necessitadas de cuidados, de educação e de formação esperam pela força
transformadora do carisma salesiano: “A ti as confio”. Famílias em situação de adversidade e de
incerteza precisam de alguém que caminhe ao seu lado: “A ti as confio”. Populações inteiras que
ainda não ouviram o nome de Jesus têm o direito de receber o primeiro anúncio: “A ti as confio”.
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2. A nossa Casa comum, a Mãe Terra, ameaçada por uma economia que ignora as pessoas, mata a vida e
aborta o sonho de um mundo justo e fraterno... “A ti a confio”.
Com sereno e inquieto espírito missionário, dispostas a acolher os “apelos de Deus”, convido-
as a retomarem a Carta 59 de Madre Mazzarello, escrita à Irmã Jacinta Olivieri, diretora da casa de
Buenos Aires-Boca, em janeiro de 1881.
Esta carta foi escrita antes da partida da terceira expedição missionária (3 de fevereiro de
1881). Em poucas linhas, Madre Mazzarello manifesta seu desejo de receber notícias das filhas
distantes e as incentiva em seu trabalho apostólico.
Quem era Irmã Jacinta Olivieri? Irmã Jacinta nasceu em Ovada (Alessandria) no dia 28 de
agosto de 1851. Fez a primeira profissão em Mornese no dia 8 de dezembro de 1877. Partiu para a
Argentina com a segunda Expedição missionária no dia 1º de janeiro de 1879. Infelizmente saiu do
Instituto no dia 27 de março de 1883, depois de quase 6 anos de vida religiosa.
Entretanto, aquilo que nos interessa e que queremos valorizar é o “magistério” de Madre
Mazzarello. A carta – muito breve! – começa com uma pergunta, que revela ternura e preocupação por
parte da Madre: «Você está morta ou viva? Nunca me escreveu uma linha; todas as outras dão sinal,
através de escritos ou por outros meios, que ainda estão vivas, e que se recordam da minha pobre
pessoa. Mas você, nada!».
Em seguida, Madre Mazzarello revela seu desejo de visitar as Irmãs, o que sabemos que nunca
se concretizou. Escreve a Madre: «Esperava mesmo ir fazer-lhe uma visita, mas, em vez disso, tenho
de me conformar em mandar-lhe uma folha de papel; paciência! Seja feita a vontade de Deus!» Neste
trecho da carta e nas próximas linhas, Madre Mazzarello une a vontade de Deus à realidade do
Paraíso. Aceita como vontade de Deus o fato de não poder visitar as irmãs, entretanto focaliza a meta
de toda alma consagrada: o Paraíso. «Certamente vamos nos rever no Paraíso. Entretanto, preparemos
um lugar bem bonito lá em cima, com a prática de todas as virtudes que a nossa Santa Regra requer;
sejamos exatas na observância dela.»
E depois vêm as palavras que são o coração desta carta e que combinam muito bem com o
mês missionário: «Você é mesmo felizarda, porque pode fazer muito, e ganhar muitas almas para o
querido Jesus. Trabalhe muito no campo que o Senhor lhe deu; não se canse nunca; trabalhe sempre
com a reta intenção de fazer tudo pelo Senhor, e Ele (lhe reservará) um belo tesouro de méritos para o
Paraíso».
Queridas Irmãs, contemplando o campo que o Senhor nos deu e nos dá todos os dias: “A ti as
confio”, neste ‘novo normal’ renovemos a nossa total adesão ao Seu projeto: «Eis-me aqui, envia-
me». Certamente muitas de vocês sentem este especial chamado do Senhor para a missão ad gentes.
Tenho certeza de que muitas dirão: «Eis-me aqui, envia-me».
Neste caminho e em preparação ao XXIV CG rezemos juntas: Maria, «Estrela da
evangelização e Consoladora dos aflitos», discípula missionária do Filho Jesus, enche as nossas
ânforas com o vinho da sabedoria e do entusiasmo missionário para que o sonho de Deus Pai se
realize no mundo: todos irmãos de todos!
Prometo a minha oração por cada uma de vocês e, juntas, rezemos por todas as missionárias e
todos os missionários ad gentes do presente e do futuro!
Um grande abraço, sempre em comunhão fraterna!
Conselheira para as Missões
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