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1
2
SEMPREGUIÇA®
Registro de marca obtido Sempreguiça obtido em 2019 no site
www.inpi.gov/br
E-book: Definição abdominal: saúde e estética!
Autor: William Carvalho Amaral, 2021
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá
ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem
prévia autorização, por escrito, do autor.
3
PREFÁCIO
NÃO ESQUEÇA DE CUIDAR DE VOCÊ.
A JORNADA É LONGA!
- THÁI Q. NGHIÃ -
4
5
PARTE 1
AVISOS LEGAIS
1. Antes de iniciar qualquer programa de exercícios físicos é
importante uma avaliação médica cardiológica para avaliar a
saúde do seu coração frente à realização dos exercícios físicos
em suas respectivas intensidades de esforço;
2. Os resultados dos exercícios físicos para a diminuição da
gordura visceral e da gordura subcutânea variam de pessoa
para pessoa por causa: da qualidade da alimentação, da
regularidade aos treinos, do seu nível de estresse, da qualidade
do sono e da sua genética;
3. Procure sempre orientação profissional especializada
presencial para a correção dos exercícios de musculação, pois
isso ajuda a evitar lesões e melhora e eficácia do seu treino;
4. Além dos(as) profissionais da área da saúde, esse e-book foi
elaborado para as pessoas leigas sobre o assunto. Sendo
assim, em alguns pontos do texto, ao invés dos termos
“lipólise” e “oxidação de gorduras”, eu utilizei os termos
“quebra” e “queima de gordura”, respectivamente.
6
INTRODUÇÃO
Fala Sempreguiça, tudo
bom? Meu nome é William
Amaral, sou professor de
Educação Física e trabalho como
Personal Trainer há 15 anos.
O objetivo desse e-book é falar sobre a importância de
diminuir o excesso de gordura na região abdominal, pois isso
se reflete na melhora da sua saúde e na diminuição de
doenças crônicas degenerativas.
Espero que essas informações te ajudem a ficar
Sempreguiça com regularidade, e assim, diminuir o excesso de
gordura abdominal.
Bons treinos, vamos juntos!
WILLIAM AMARAL
- março de 2021
7
PARTE 2
ANATOMIA DA REGIÃO ABDOMINAL
No ser humano, o abdômen, vulgarmente designado de barriga, é
uma parte do corpo situada entre o tórax e a pelve. As paredes do abdômen
são formadas e sustentadas em grande parte apenas por músculos (fig. 1),
com exceção da parte posterior onde também existe uma infraestrutura
óssea formada por vértebras, e de uma porção superior que inclui as
costelas da 9.ª à 12.ª (1,2).
Figura 1 – Representação da região abdominal. Modelo: Carol Máximo. Todos os direitos reservados
Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização.
Já o interior do abdômen contém uma grande cavidade, a cavidade
abdominal, onde estão localizados os seguintes órgãos (3):
• Sistema digestivo: estômago, intestino delgado, intestino grosso e apêndice;
• Órgãos acessórios do sistema digestivo: Fígado, vesícula biliar e pâncreas;
• Sistema urinário: Rins e ureteres;
• Outros órgãos: Baço.
8
Numa representação didática, a região abdominal é composta por 4
estruturas: 1. pele; 2. gordura subcutânea; 3. músculos abdominais; 4.
gordura visceral localizada entre os órgãos e as vísceras (fig. 2):
Figura 2 – Representação didática das estruturas que compõe a região abdominal. Todos os direitos da
imagem reservados para o canal Sempreguiça®. Veja uma representação mais detalhada em: abdômen.
Para melhorar a definição abdominal, é necessário diminuir a gordura
da região visceral e a gordura da região subcutânea. Mas será que é fácil
diminuir esses dois estoques de gordura corporal?
Acompanhe os próximos tópicos para entender esse processo com
mais detalhes.
9
COMO A GORDURA É ARMAZENADA?
O excesso de energia consumido por meio da sua alimentação, é
convertido em moléculas de triacilgliceróis (gorduras), sob ação do
hormônio insulina. Essas moléculas de gorduras são armazenadas dentro
dos adipócitos (fig. 3), as células que compõe o seu tecido adiposo (4).
Figura 3 – Representação didática do armazenamento de gorduras nos adipócitos. Veja com detalhes mais
precisos em: adipócitos.
O tecido adiposo está distribuído ao longo do seu corpo, e
esse padrão de distribuição é influenciado por diversos fatores
como: sexo, idade, genótipo, dieta, o nível de atividade física,
hormônios e medicamentos/drogas (4, 5). Só para você ter uma ideia,
um homem de 70kg tem aproximadamente 15kg de tecido adiposo, o que
representa 21% do seu peso corporal. Essa porcentagem é maior nas
mulheres, nas pessoas idosas e nas pessoas com sobrepeso e obesidade
10
(4). As costas, os braços e as coxas são importantes áreas do tecido
adiposo. No entanto, chamo a atenção para a região abdominal onde há
dois tipos de tecidos de gordura (fig. 4):
• O tecido adiposo subcutâneo: localizado entre a sua pele e os músculos
abdominais;
• O tecido adiposo visceral: localizado atrás dos músculos abdominais, na
região dos órgãos e vísceras.
Figura 4 – Representação didática da localização da gordura subcutânea e visceral. Para ver com mais
detalhes todas as estruturas dessa região acesse: tecidos de gordura.
11
O interessante é que existem diferenças entre a atividade metabólica
do tecido adiposo subcutâneo e visceral, por causa do tipo de adipócitos,
suas funções endócrinas, atividade lipolítica (quebra de gordura), e
respostas diferentes em relação a interação com a insulina e outros
hormônios (5,6).
Por exemplo, o tecido adiposo subcutâneo, que está distribuído ao
longo da sua circunferência abdominal, tem menor resistência à insulina,
enquanto o tecido de gordura visceral, localizado entre importantes órgãos
como o fígado, tem maior resistência à insulina, o que pode aumentar o
risco de desenvolvimento da diabetes tipo 2 (5).
No entanto, é importante lembrar que o tecido adiposo subcutâneo
representa aproximadamente 80% da gordura na região abdominal. Sendo
assim, tanto o excesso de gordura subcutâneo como o excesso de gordura
visceral, são fatores de risco para o desenvolvimento e o agravamento das
doenças crônicas degenerativas (7). Então esse tema será explorado no
próximo tópico.
OS PERIGOS DO EXCESSO DE GORDURA
Tecido adiposo subcutâneo
Por muito anos, o tecido adiposo subcutâneo foi associado como um
estoque para armazenar as gorduras, controlar a temperatura corporal e
oferecer proteção mecânica aos órgãos. Porém, com a descoberta da
12
produção e liberação do hormônio leptina1
pelo tecido adiposo, hoje já se
sabe que o tecido adiposo é um dos mais importantes órgãos endócrinos
do nosso corpo (8).
Quando a capacidade de armazenamento do tecido adiposo
subcutâneo é excedida (fig. 5), as gorduras começam a ser armazenadas
em outros locais do seu corpo e o funcionamento dos adipócitos é
prejudicado (9).
Figura 5 – Representação didática do armazenamento de gordura no tecido adiposo, popularmente
conhecida como teoria do balde. Adaptado de (9) com permissão para uso exclusivo.
Por exemplo, os adipócitos produzem e liberam na corrente sanguínea
as adipocinas 2
. Como as adipocinas participam de vários processos
metabólicos que regulam o apetite, a distribuição de gordura corporal, e
sensibilidade e a liberação de insulina, o gasto energético e a inflamação, o
mau funcionamento da liberação dessas adipocinas aumenta os riscos de
1 A leptina foi descoberta oficialmente mais tarde, em dezembro de 1994 no laboratório do cientista Jeffrey Friedman
da Universidade Rockefeller em Nova Iorque, por meio de uma técnica denominada positional cloning (Wikipédia).
2
As adipocinas, ou adipocitocinas (do grego adipo-, gordura; citos-, célula; e -kinos, movimento) são citocinas
(proteínas sinalizadoras celulares secretadas pelo tecido adiposo (Wikipédia).
13
desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas como as doenças
cardiovasculares, a diabetes tipo 2 e a esteatose hepática (7,10).
Agora vamos ver se o mesmo acontece com a gordura visceral.
Tecido de gordura visceral
O tecido de gordura visceral aumenta com a idade em ambos os sexos
e representa aproximadamente de 10 à 20 % do total de gordura nos
homens e 5 à 8% nas mulheres (8).
Diferentemente do tecido adiposo subcutâneo, o fluxo
sanguíneo do tecido de gordura visceral é direcionado diretamente
para o fígado através da veia porta (fig. 6 – QR code). Dessa forma,
esse fluxo sanguíneo fornece ao fígado acesso direto aos ácidos graxos
(gorduras) e adipocinas produzidos e liberados pelos adipócitos viscerais
(4,6,8). Isso explica, em partes, porque o excesso de gordura visceral é
mais prejudicial a sua saúde do que o excesso de gordura do tecido
subcutâneo.
Figura 6 – Por causa dos direitos de imagem, acesse a imagem via QR code e visualize a anatomia do
fígado. Ou acesse pelo link: Anatomia fígado.
14
Por exemplo, um padrão anormal de liberação das adipocinas do
tecido de gordura visceral, ativa mecanismos imunes no fígado que resultam
na produção de mediadores inflamatórios, como a proteína C reativa (PCR)
e o TNF-α (11,12). Esses 2 mediadores inflamatórios, por sua vez, atuam
em diversos órgãos do nosso corpo e aumentam os riscos de
desenvolvimento e agravamento das doenças crônico degenerativas, como
as doenças cardiovasculares (hipertensão e dislepidemias3
), a diabetes tipo
2 e a síndrome metabólica (7,9,13).
Contudo há uma boa notícia, pois a avaliação da circunferência
abdominal é uma medida prática e eficaz para saber o risco de desenvolver
as doenças crônicas (14). De forma geral, recomenda-se que a
circunferência abdominal em homens esteja abaixo de 102 cm e nas
mulheres abaixo de 88 cm. Mais recentemente, foi sugerido os seguintes
valores de acordo com o seu Índice de Massa Corporal (IMC)4
:
CATEGORIA IMC (kg/m2
)
Circunferência abdominal (cm)
Mulheres Homens
Peso normal (18,5 – 24,9) ≥ 80 ≥ 90
Sobrepeso (25 – 29,9) ≥ 90 ≥ 100
Obesidade I (30 – 34,9) ≥ 105 ≥ 110
Obesidade II e III (≥ 35) ≥ 115 ≥ 125
Tabela 1: Valores de referência da circunferência abdominal separados por categoria do IMC. Esses valores
são os limiares para maiores complicações cardiovasculares Adaptado de Ross, R. et al. 2020 (14).
3
Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem
para a aterosclerose (Wikipédia).
4 O IMC é a sigla para Índice de Massa Corporal,que é um cálculo que serve para avaliar se a pessoa está dentro do
seu peso ideal em relação à altura. O IMC é a relação entre peso e altura e o cálculo é feito de acordo com a fórmula:
IMC = peso/ (altura x altura), devendo o peso estar em kg e a altura em metro, e o resultado é dado em kg/m2
(Wikipédia).
15
Visto algumas complicações associadas ao excesso de gordura na
região abdominal, o tópico seguinte explicará como as gorduras são
retiradas dos adipócitos (quebra) e queimadas (oxidadas).
COMO O CORPO QUEIMA GORDURA?
A gordura armazenada dentro dos adipócitos representa a maior fonte
corporal de energia. A lipólise é o processo da quebra (oxidação) de
gordura dos seus adipócitos. O passo número 1 da lipólise é uma
sinalização, interna ou externa, que diz ao seu corpo a necessidade de gerar
energia por meio das gorduras. Internamente, essa sinalização pode ser a
diminuição da glicose sanguínea (glicemia), enquanto que externamente o
exercício físico é uma das formas mais comuns de sinalização (15).
Para visualizar melhor esse cenário (fig. 7 – QR code), veja como
ocorre a quebra e a queima das moléculas de gordura (16):
Figura 7 – Por causa dos direitos de imagem, acesse a imagem via QR code e visualize os processos de
lipólise e oxidação da gordura no tecido muscular esquelético. Ou acesse pelo link: Lipólise.
16
• Passo 1: durante uma sessão de exercício físico feita numa intensidade de
esforço leve ou moderada, ocorre o aumento da liberação de alguns hormônios como a
adrenalina e o GH. Esses hormônios, por sua vez, interagem com os seus receptores
específicos nos adipócitos e ativam uma enzima chamada lipase hormônio sensível. A
ativação dessa enzima induz a quebra da molécula de gordura (triacilglicerol) em ácidos
graxos livres e glicerol;
• Passo 2: uma vez livres, os ácidos graxos vão para a corrente sanguínea e serão
transportados pela proteína albumina até o tecido muscular ativo. Dentro da célula
muscular do tecido ativo, esses ácidos graxos são direcionados para uma organela
celular conhecida como mitocôndria, a responsável pelo processo que transformará a
gordura em energia para o seu exercício físico;
• Passo 3: ao chegar na mitocôndria há um importante desafio antes da gordura
ser metabolizada para gerar energia, pois as gorduras devem combinar-se com proteínas
intramusculares conhecidas como carnitina acil-transferase, que fazem o transporte de
moléculas de ácidos graxos (gorduras) de cadeia longa para o interior da mitocôndria.
• Passo 4: uma vez dentro da mitocôndria (matriz mitocondrial), essa molécula de
gordura será oxidada e transformada em energia para o exercício.
Como o exercício físico é um dos melhores estímulos para diminuir o
excesso de gordura corporal, eu mostrarei no tópico a seguir alguns estudos
científicos que avaliaram a eficácia do treino aeróbio e da musculação em
diminuir o excesso de gordura abdominal.
17
PARTE 3
EXERCÍCIO FÍSICO QUEIMA GORDURA?
Pessoas que praticam exercício físico regularmente possuem uma
maior capacidade de queimar gordura do que as pessoas sedentárias, pois
possuem uma maior quantidade e densidade das suas mitocôndrias
(17,18,28).
Há diversos exercícios físicos eficazes para queimar gordura. No
entanto, saber qual é o mais eficaz depende, primeiramente, do
seu gosto por uma modalidade específica, pois isso mantém a sua
aderência semana após semana. De qualquer forma, nessa análise eu
usarei como referência os exercícios aeróbios e a musculação (fig. 8), pois
são preferidos nas academias.
Figura 8 - Exemplos de modalidades de exercício físico. (A) a bicicleta é um dos mais tradicionais treinos
aeróbios. (B) a musculação é uma das modalidades do treino de força mais utilizadas. Modelo: Michelle
Lindner. Todos os direitos reservados Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização.
18
Treino aeróbio e queima de gordura abdominal
Estudo 1: foi avaliado a diminuição do peso corporal e da gordura
abominal de mulheres com obesidade por meio de 3 estratégias (19):
(i) somente dieta;
(ii) dieta + treino aeróbio (esteira) de baixa intensidade;
(iii) dieta + treino aeróbio (esteira) com intensidade vigorosa.
Resultado: Após 5 meses de treinamento, as 3 estratégias induziram uma
diminuição similar no peso corporal e na circunferência abdominal das
voluntárias do estudo. Em relação a diminuição dos adipócitos na região
abdominal, somente a estratégia – dieta isolada – não foi eficaz.
Conclusão: o exercício físico aeróbio associado a dieta foi a estratégia mais
eficaz para diminuir a gordura abdominal.
Estudo 2: foi avaliado a diminuição de gordura abdominal em mulheres
na menopausa previamente sedentárias (20):
 intensidade do treino de moderada a vigorosa;
 1 ano de treino aeróbio;
 frequência de 3-5x na semana.
Resultado: Após 1 ano o treino aeróbio induziu uma diminuição de 2kg de
gordura corporal total, 14,9 cm2
de gordura visceral e 24,1 cm2
de gordura
subcutânea.
Conclusão: associar uma maior frequência semanal com a intensidade
moderada a vigorosa do treino é uma opção eficaz para diminuir o excesso
de gordura corporal.
19
Treino HIIT e queima de gordura abdominal
Além do treino aeróbio realizado na mesma intensidade por um longo
tempo, o treino intervalado de alta intensidade (HIIT) (fig. 9) é uma das
estratégias de exercício físico recomendadas para diminuir o excesso de
gordura corporal (21).
Estudo 1: um artigo de revisão analisou 38 estudos para verificar a
eficácia do HIIT na queima de gordura. No total, 959 mulheres participaram
desses 38 estudos (22).
Resultado: o treino HIIT foi eficaz na diminuição do peso corporal total,
na gordura corporal total e na gordura subcutânea e visceral em:
 mulheres saudáveis, com sobrepeso e obesas, antes e no período da menopausa;
 os efeitos mais eficazes foram observados nas mulheres antes do período da
menopausa.
Conclusão: os autores da revisão concluem que é necessário uma
frequência de 3x semana e uma duração miníma de menos 8 semanas do
treino HIIT para se obter resultados mais eficazes.
Figura 9 - Exemplo do treino HIIT na esteira. Modelo: Carol Máximo. Todos os direitos reservados
Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização.
20
Estudo 2: foi investigado a diminuição de gordura corporal total e visceral
em mulheres adultas jovens com obesidade, por meio de 4 estratégias de
treino diferentes (23):
(i) tiros na máxima velocidade possível;
(ii) tiros na velocidade supramáxima (120% VO2pico
5);
(iii) treino HIIT (90% VO2pico);
(iv) treino contínuo em intensidade moderada (60% VO2pico).
Resultado: Após 12 semanas de treino as 4 estratégias de treino induziram
a diminuição da gordura corporal total nas voluntárias. Entretanto, a
diminuição da gordura visceral foi mais eficaz nas mulheres que treinaram
nas velocidades máximas (i), supramáximas (ii) e no HIIT (iii).
Conclusão: embora houve a diminuição da gordura visceral, a mesma não
se alterou de forma significativa nas intensidades acima do treino HIIT. O
treino em velocidades máximas (i) se mostra a estratégia mais eficaz em
diminuir gordura visceral na relação – tempo x benefício -.
Seja qual for a modalidade aeróbia de sua preferência, velocidades
máximas, treino HIIT ou em intensidade contínua, mantenha a
regularidade aos treinos, pois somente assim você terá resultados eficazes
na diminuição da gordura subcutânea e visceral (24).
5
O consumo de oxigênio de pico (VO2pico) pode ser definido como a maior taxa de consumo de oxigênio durante
exercício exaustivo ou máximo.
21
Musculação na queima de gordura abdominal
Estudo 1: foi avaliado a diminuição de gordura abdominal subcutânea em
mulheres saudáveis treinadas (25). As sessões de musculação foram:
(i) feitas em dois dias de treino;
(ii) inicialmente foi feito o aquecimento: 1 série com 10 repetições e intensidade de
40% de 1RM6;
(iii) e na sequência o treino: 3 séries de 10 repetições na intensidade de 65% de 1RM;
(iv) os exercícios realizados foram o agachamento com barra nas costas, o supino
reto, o terra, a remada curvada, o desenvolvimento com halteres e o recuo.
Resultado: houve aumento da quebra de gordura do tecido adiposo
durante e logo após a realização da musculação. Além disso, foi constatado
aumento da queima de gordura após o término da sessão de treinamento.
Conclusão: para manter o estímulo da queima da gordura, é importante
fazer os exercícios de musculação entre 3-5x na semana.
Estudo 2: foi avaliado a diminuição de gordura corporal total e visceral
em mulheres com sobrepeso e obesidade (26). O treino de musculação foi:
(i) realizado duas vezes na semana;
(ii) 8 a 10 exercícios entre os membros superiores e inferiores;
(iii) foi feito 3x8-10 repetições para cada exercício no primeiro mês, com evolução da
intensidade de esforço ao longo do primeiro ano de estudo.
(iv) No segundo ano de estudo, foi realizado 2 séries e a carga ajustada para realizar
as últimas repetições com dificuldade. A aderência no segundo ano de estudo
diminuiu. No entanto, a aderência média aos treinamentos nos 2 anos foi de 71%.
6
O teste de 1RM é usado para avaliar o nível de força em qualquer exercício da musculação que utilize carga, tanto
os realizados com pesos livres (barra, halter, kettlebell) quanto em equipamentos.
22
Resultado: no primeiro ano houve uma diminuição do percentual de
gordura de 3,68% nas mulheres que fizeram musculação contra 0,14% do
grupo controle (realizaram atividades aeróbias leves durante todo esse
período). Entretanto, houve aumento de 7,05% na gordura visceral
das mulheres que fizeram a musculação contra um aumento de
21,36% do grupo controle no segundo ano de estudo.
Conclusão: esses resultados se assemelham ao que realmente acontece
com a maioria das pessoas que desejam emagrecer. Após um ano de
sucesso no emagrecimento, a tendência é o ganho de gordura visceral nos
anos seguintes. Porém, fazer os exercícios de musculação com regularidade
minimizou significativamente o aumento de gordura visceral.
Aeróbio mais musculação na quebra de gordura abdominal
Para resultados mais eficazes na diminuição de gordura subcutânea e
visceral, será que é interessante fazer o aeróbio mais a musculação?
Estudo: num artigo de revisão e meta-análise (27), foi feita a análise de
estudos 43 que investigaram o efeito do treino aeróbio e da musculação na
diminuição de gordura subcutânea. Desse total:
(i) 13 estudos as pessoas tinham obesidade;
(ii) 12 estudos as pessoas tinham sobrepeso ou obesidade;
(iii) 11 estudos as pessoas tinham diabetes tipo 2;
(iv) 3 estudos as pessoas tinham síndrome metabólica;
(v) outros estudos realizados tinha a participação de mulheres com alto risco de câncer
e danos no fígado;
(vi) No total, foram 3552 pessoas envolvidas nesses estudos, sendo 2684 mulheres e
761 homens.
23
Resultado: o treino aeróbio e a musculação realizados de forma isolada
foram eficazes na diminuição de gordura subcutânea e visceral. Porém a
combinação do treino aeróbio mais a musculação gerou resultados mais
eficazes na diminuição de gordura subcutânea do que a realizá-los forma
isolada.
Conclusão: esses resultados reforçam o que é visto na minha prática
profissional. Isto é, todas as pessoas na qual orientei ao longo desses 15
anos de profissão, tiveram melhores resultados na diminuição de gordura
subcutânea e visceral, à medida que associaram os treinos aeróbios e a
musculação nos seus treinos semanais.
Exemplo 1 Faça o aeróbio intercalado com a musculação completa.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
Aeróbio Musculação Aeróbio Musculação Aeróbio
Exemplo 2 Faça a corrida com os membros superiores (MMSS), e no dia
seguinte faça a bicicleta com os membros inferiores (MMII).
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
Corrida +
MMSS
MMII +
bicicleta
descanso Corrida +
MMSS
MMII +
Bicicleta
Exemplo 3 Faça o aeróbio e a musculação completa no mesmo dia.
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
Corrida +
musculação
descanso Bicicleta +
musculação
descanso Musculação +
corrida
24
PARTE 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acúmulo de gordura na região abdominal é visto,
predominantemente, como uma questão somente de estética corporal.
Entretanto, hoje já se sabe que o excesso de gordura na região abdominal
é associado ao risco de desenvolvimento e agravamento das doenças
crônicas degenerativas. Por exemplo, as doenças cardiovasculares, a
diabetes tipo 2, a esteatose hepática, alguns tipos de câncer e as
demências.
Um dos maiores desafios na diminuição da gordura abdominal é a
localização de 2 tecidos que armazenam o excesso de energia consumida
da sua dieta em forma de gordura: o tecido adiposo subcutâneo e o tecido
adiposo visceral.
Ao longo desses 15 anos de profissão, considero que o exercício
físico é uma das estratégias mais seguras e eficazes para diminuir o
excesso de gordura abdominal, tanto em pessoas saudáveis como em
pessoas com sobrepeso, obesidade, e, pessoas com ou sem as patologias
crônicas degenerativas.
Alinhado a minha prática profissional, os resultados dos artigos
científicos analisados mostraram a eficácia dos exercícios aeróbios (como a
corrida e a bicicleta) e da musculação na diminuição da gordura abdominal
subcutânea e visceral, e esse efeito foi mais significativo ao associar o
aeróbio e a musculação na programação de treinos semanais.
Então, bora ficar Sempreguiça e diminuir a gordura abdominal para a
melhorar a sua saúde e a sua estética corporal.
25
CONTATOS
Treine com segurança e eficácia, vamos juntos!
Sempreguiça Assessoria on-line
WhatsApp: (11) 94527 1994
Instagram: http://www.instagram.com/_sempreguica
Youtube: http://www.youtube.com/c/Sempreguica
Facebook: http://www.facebook.com/sempreguica
Equipe Carol Máximo
Instagram Carol: https://www.instagram.com/carol.maximo.34/
Nutricionista: https://www.instagram.com/saudeboaformaestilodevida/
Academia: https://www.instagram.com/sfida.fitness/
Personal Trainer Michelle Lindner
Instagram: https://www.instagram.com/mi.lindner/
Academia: https://www.instagram.com/academiasitaly/
26
REFERÊNCIAS
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em: 13/03/2021.
2. Tortora GJ. O sistema muscular. In: Corpo humano: fundamentos de
anatomia e fisiologia. Cap.8. 153-204, (2000).
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anatomia e fisiologia. Cap.19. 432-461, (2000).
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27
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women: The role of training intensity and modality. Scand J Med Sci Sports.
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24. Zhang, H. et al. Comparable effects of high-intensity interval training
and prolonged continuous exercise training on abdominal visceral fat
reduction in obese young women. Journal of Diabetes Research (2017).
25. Allman, BR. et al. Fat metabolism and acute resistance exercise in
trained women. J Appl Physiol 126: 739–745, 2019.
28
26. Schmitz, KH. et al. Strength training and adiposity in premenopausal
women: Strong,Healthy, and Empowered study. Am J Clin Nutr 2007;86:566
–72.
27. Yarizadeh, H. et al. The effect of aerobic and resistance training and
combined exercise modalities on subcutaneous abdominal fat: a systematic
review and meta-analysis of randomized clinical trials. Advances in nutrition,
vol. 12, 1, (2021).
28. Oliveira, AN. et al. Exercise is muscle mitochondrial medicine. Exercise
and Sport Sciences Reviews. Vol. 49, 2, (2021).

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  • 1. 1
  • 2. 2 SEMPREGUIÇA® Registro de marca obtido Sempreguiça obtido em 2019 no site www.inpi.gov/br E-book: Definição abdominal: saúde e estética! Autor: William Carvalho Amaral, 2021 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do autor.
  • 3. 3 PREFÁCIO NÃO ESQUEÇA DE CUIDAR DE VOCÊ. A JORNADA É LONGA! - THÁI Q. NGHIÃ -
  • 4. 4
  • 5. 5 PARTE 1 AVISOS LEGAIS 1. Antes de iniciar qualquer programa de exercícios físicos é importante uma avaliação médica cardiológica para avaliar a saúde do seu coração frente à realização dos exercícios físicos em suas respectivas intensidades de esforço; 2. Os resultados dos exercícios físicos para a diminuição da gordura visceral e da gordura subcutânea variam de pessoa para pessoa por causa: da qualidade da alimentação, da regularidade aos treinos, do seu nível de estresse, da qualidade do sono e da sua genética; 3. Procure sempre orientação profissional especializada presencial para a correção dos exercícios de musculação, pois isso ajuda a evitar lesões e melhora e eficácia do seu treino; 4. Além dos(as) profissionais da área da saúde, esse e-book foi elaborado para as pessoas leigas sobre o assunto. Sendo assim, em alguns pontos do texto, ao invés dos termos “lipólise” e “oxidação de gorduras”, eu utilizei os termos “quebra” e “queima de gordura”, respectivamente.
  • 6. 6 INTRODUÇÃO Fala Sempreguiça, tudo bom? Meu nome é William Amaral, sou professor de Educação Física e trabalho como Personal Trainer há 15 anos. O objetivo desse e-book é falar sobre a importância de diminuir o excesso de gordura na região abdominal, pois isso se reflete na melhora da sua saúde e na diminuição de doenças crônicas degenerativas. Espero que essas informações te ajudem a ficar Sempreguiça com regularidade, e assim, diminuir o excesso de gordura abdominal. Bons treinos, vamos juntos! WILLIAM AMARAL - março de 2021
  • 7. 7 PARTE 2 ANATOMIA DA REGIÃO ABDOMINAL No ser humano, o abdômen, vulgarmente designado de barriga, é uma parte do corpo situada entre o tórax e a pelve. As paredes do abdômen são formadas e sustentadas em grande parte apenas por músculos (fig. 1), com exceção da parte posterior onde também existe uma infraestrutura óssea formada por vértebras, e de uma porção superior que inclui as costelas da 9.ª à 12.ª (1,2). Figura 1 – Representação da região abdominal. Modelo: Carol Máximo. Todos os direitos reservados Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização. Já o interior do abdômen contém uma grande cavidade, a cavidade abdominal, onde estão localizados os seguintes órgãos (3): • Sistema digestivo: estômago, intestino delgado, intestino grosso e apêndice; • Órgãos acessórios do sistema digestivo: Fígado, vesícula biliar e pâncreas; • Sistema urinário: Rins e ureteres; • Outros órgãos: Baço.
  • 8. 8 Numa representação didática, a região abdominal é composta por 4 estruturas: 1. pele; 2. gordura subcutânea; 3. músculos abdominais; 4. gordura visceral localizada entre os órgãos e as vísceras (fig. 2): Figura 2 – Representação didática das estruturas que compõe a região abdominal. Todos os direitos da imagem reservados para o canal Sempreguiça®. Veja uma representação mais detalhada em: abdômen. Para melhorar a definição abdominal, é necessário diminuir a gordura da região visceral e a gordura da região subcutânea. Mas será que é fácil diminuir esses dois estoques de gordura corporal? Acompanhe os próximos tópicos para entender esse processo com mais detalhes.
  • 9. 9 COMO A GORDURA É ARMAZENADA? O excesso de energia consumido por meio da sua alimentação, é convertido em moléculas de triacilgliceróis (gorduras), sob ação do hormônio insulina. Essas moléculas de gorduras são armazenadas dentro dos adipócitos (fig. 3), as células que compõe o seu tecido adiposo (4). Figura 3 – Representação didática do armazenamento de gorduras nos adipócitos. Veja com detalhes mais precisos em: adipócitos. O tecido adiposo está distribuído ao longo do seu corpo, e esse padrão de distribuição é influenciado por diversos fatores como: sexo, idade, genótipo, dieta, o nível de atividade física, hormônios e medicamentos/drogas (4, 5). Só para você ter uma ideia, um homem de 70kg tem aproximadamente 15kg de tecido adiposo, o que representa 21% do seu peso corporal. Essa porcentagem é maior nas mulheres, nas pessoas idosas e nas pessoas com sobrepeso e obesidade
  • 10. 10 (4). As costas, os braços e as coxas são importantes áreas do tecido adiposo. No entanto, chamo a atenção para a região abdominal onde há dois tipos de tecidos de gordura (fig. 4): • O tecido adiposo subcutâneo: localizado entre a sua pele e os músculos abdominais; • O tecido adiposo visceral: localizado atrás dos músculos abdominais, na região dos órgãos e vísceras. Figura 4 – Representação didática da localização da gordura subcutânea e visceral. Para ver com mais detalhes todas as estruturas dessa região acesse: tecidos de gordura.
  • 11. 11 O interessante é que existem diferenças entre a atividade metabólica do tecido adiposo subcutâneo e visceral, por causa do tipo de adipócitos, suas funções endócrinas, atividade lipolítica (quebra de gordura), e respostas diferentes em relação a interação com a insulina e outros hormônios (5,6). Por exemplo, o tecido adiposo subcutâneo, que está distribuído ao longo da sua circunferência abdominal, tem menor resistência à insulina, enquanto o tecido de gordura visceral, localizado entre importantes órgãos como o fígado, tem maior resistência à insulina, o que pode aumentar o risco de desenvolvimento da diabetes tipo 2 (5). No entanto, é importante lembrar que o tecido adiposo subcutâneo representa aproximadamente 80% da gordura na região abdominal. Sendo assim, tanto o excesso de gordura subcutâneo como o excesso de gordura visceral, são fatores de risco para o desenvolvimento e o agravamento das doenças crônicas degenerativas (7). Então esse tema será explorado no próximo tópico. OS PERIGOS DO EXCESSO DE GORDURA Tecido adiposo subcutâneo Por muito anos, o tecido adiposo subcutâneo foi associado como um estoque para armazenar as gorduras, controlar a temperatura corporal e oferecer proteção mecânica aos órgãos. Porém, com a descoberta da
  • 12. 12 produção e liberação do hormônio leptina1 pelo tecido adiposo, hoje já se sabe que o tecido adiposo é um dos mais importantes órgãos endócrinos do nosso corpo (8). Quando a capacidade de armazenamento do tecido adiposo subcutâneo é excedida (fig. 5), as gorduras começam a ser armazenadas em outros locais do seu corpo e o funcionamento dos adipócitos é prejudicado (9). Figura 5 – Representação didática do armazenamento de gordura no tecido adiposo, popularmente conhecida como teoria do balde. Adaptado de (9) com permissão para uso exclusivo. Por exemplo, os adipócitos produzem e liberam na corrente sanguínea as adipocinas 2 . Como as adipocinas participam de vários processos metabólicos que regulam o apetite, a distribuição de gordura corporal, e sensibilidade e a liberação de insulina, o gasto energético e a inflamação, o mau funcionamento da liberação dessas adipocinas aumenta os riscos de 1 A leptina foi descoberta oficialmente mais tarde, em dezembro de 1994 no laboratório do cientista Jeffrey Friedman da Universidade Rockefeller em Nova Iorque, por meio de uma técnica denominada positional cloning (Wikipédia). 2 As adipocinas, ou adipocitocinas (do grego adipo-, gordura; citos-, célula; e -kinos, movimento) são citocinas (proteínas sinalizadoras celulares secretadas pelo tecido adiposo (Wikipédia).
  • 13. 13 desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas como as doenças cardiovasculares, a diabetes tipo 2 e a esteatose hepática (7,10). Agora vamos ver se o mesmo acontece com a gordura visceral. Tecido de gordura visceral O tecido de gordura visceral aumenta com a idade em ambos os sexos e representa aproximadamente de 10 à 20 % do total de gordura nos homens e 5 à 8% nas mulheres (8). Diferentemente do tecido adiposo subcutâneo, o fluxo sanguíneo do tecido de gordura visceral é direcionado diretamente para o fígado através da veia porta (fig. 6 – QR code). Dessa forma, esse fluxo sanguíneo fornece ao fígado acesso direto aos ácidos graxos (gorduras) e adipocinas produzidos e liberados pelos adipócitos viscerais (4,6,8). Isso explica, em partes, porque o excesso de gordura visceral é mais prejudicial a sua saúde do que o excesso de gordura do tecido subcutâneo. Figura 6 – Por causa dos direitos de imagem, acesse a imagem via QR code e visualize a anatomia do fígado. Ou acesse pelo link: Anatomia fígado.
  • 14. 14 Por exemplo, um padrão anormal de liberação das adipocinas do tecido de gordura visceral, ativa mecanismos imunes no fígado que resultam na produção de mediadores inflamatórios, como a proteína C reativa (PCR) e o TNF-α (11,12). Esses 2 mediadores inflamatórios, por sua vez, atuam em diversos órgãos do nosso corpo e aumentam os riscos de desenvolvimento e agravamento das doenças crônico degenerativas, como as doenças cardiovasculares (hipertensão e dislepidemias3 ), a diabetes tipo 2 e a síndrome metabólica (7,9,13). Contudo há uma boa notícia, pois a avaliação da circunferência abdominal é uma medida prática e eficaz para saber o risco de desenvolver as doenças crônicas (14). De forma geral, recomenda-se que a circunferência abdominal em homens esteja abaixo de 102 cm e nas mulheres abaixo de 88 cm. Mais recentemente, foi sugerido os seguintes valores de acordo com o seu Índice de Massa Corporal (IMC)4 : CATEGORIA IMC (kg/m2 ) Circunferência abdominal (cm) Mulheres Homens Peso normal (18,5 – 24,9) ≥ 80 ≥ 90 Sobrepeso (25 – 29,9) ≥ 90 ≥ 100 Obesidade I (30 – 34,9) ≥ 105 ≥ 110 Obesidade II e III (≥ 35) ≥ 115 ≥ 125 Tabela 1: Valores de referência da circunferência abdominal separados por categoria do IMC. Esses valores são os limiares para maiores complicações cardiovasculares Adaptado de Ross, R. et al. 2020 (14). 3 Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose (Wikipédia). 4 O IMC é a sigla para Índice de Massa Corporal,que é um cálculo que serve para avaliar se a pessoa está dentro do seu peso ideal em relação à altura. O IMC é a relação entre peso e altura e o cálculo é feito de acordo com a fórmula: IMC = peso/ (altura x altura), devendo o peso estar em kg e a altura em metro, e o resultado é dado em kg/m2 (Wikipédia).
  • 15. 15 Visto algumas complicações associadas ao excesso de gordura na região abdominal, o tópico seguinte explicará como as gorduras são retiradas dos adipócitos (quebra) e queimadas (oxidadas). COMO O CORPO QUEIMA GORDURA? A gordura armazenada dentro dos adipócitos representa a maior fonte corporal de energia. A lipólise é o processo da quebra (oxidação) de gordura dos seus adipócitos. O passo número 1 da lipólise é uma sinalização, interna ou externa, que diz ao seu corpo a necessidade de gerar energia por meio das gorduras. Internamente, essa sinalização pode ser a diminuição da glicose sanguínea (glicemia), enquanto que externamente o exercício físico é uma das formas mais comuns de sinalização (15). Para visualizar melhor esse cenário (fig. 7 – QR code), veja como ocorre a quebra e a queima das moléculas de gordura (16): Figura 7 – Por causa dos direitos de imagem, acesse a imagem via QR code e visualize os processos de lipólise e oxidação da gordura no tecido muscular esquelético. Ou acesse pelo link: Lipólise.
  • 16. 16 • Passo 1: durante uma sessão de exercício físico feita numa intensidade de esforço leve ou moderada, ocorre o aumento da liberação de alguns hormônios como a adrenalina e o GH. Esses hormônios, por sua vez, interagem com os seus receptores específicos nos adipócitos e ativam uma enzima chamada lipase hormônio sensível. A ativação dessa enzima induz a quebra da molécula de gordura (triacilglicerol) em ácidos graxos livres e glicerol; • Passo 2: uma vez livres, os ácidos graxos vão para a corrente sanguínea e serão transportados pela proteína albumina até o tecido muscular ativo. Dentro da célula muscular do tecido ativo, esses ácidos graxos são direcionados para uma organela celular conhecida como mitocôndria, a responsável pelo processo que transformará a gordura em energia para o seu exercício físico; • Passo 3: ao chegar na mitocôndria há um importante desafio antes da gordura ser metabolizada para gerar energia, pois as gorduras devem combinar-se com proteínas intramusculares conhecidas como carnitina acil-transferase, que fazem o transporte de moléculas de ácidos graxos (gorduras) de cadeia longa para o interior da mitocôndria. • Passo 4: uma vez dentro da mitocôndria (matriz mitocondrial), essa molécula de gordura será oxidada e transformada em energia para o exercício. Como o exercício físico é um dos melhores estímulos para diminuir o excesso de gordura corporal, eu mostrarei no tópico a seguir alguns estudos científicos que avaliaram a eficácia do treino aeróbio e da musculação em diminuir o excesso de gordura abdominal.
  • 17. 17 PARTE 3 EXERCÍCIO FÍSICO QUEIMA GORDURA? Pessoas que praticam exercício físico regularmente possuem uma maior capacidade de queimar gordura do que as pessoas sedentárias, pois possuem uma maior quantidade e densidade das suas mitocôndrias (17,18,28). Há diversos exercícios físicos eficazes para queimar gordura. No entanto, saber qual é o mais eficaz depende, primeiramente, do seu gosto por uma modalidade específica, pois isso mantém a sua aderência semana após semana. De qualquer forma, nessa análise eu usarei como referência os exercícios aeróbios e a musculação (fig. 8), pois são preferidos nas academias. Figura 8 - Exemplos de modalidades de exercício físico. (A) a bicicleta é um dos mais tradicionais treinos aeróbios. (B) a musculação é uma das modalidades do treino de força mais utilizadas. Modelo: Michelle Lindner. Todos os direitos reservados Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização.
  • 18. 18 Treino aeróbio e queima de gordura abdominal Estudo 1: foi avaliado a diminuição do peso corporal e da gordura abominal de mulheres com obesidade por meio de 3 estratégias (19): (i) somente dieta; (ii) dieta + treino aeróbio (esteira) de baixa intensidade; (iii) dieta + treino aeróbio (esteira) com intensidade vigorosa. Resultado: Após 5 meses de treinamento, as 3 estratégias induziram uma diminuição similar no peso corporal e na circunferência abdominal das voluntárias do estudo. Em relação a diminuição dos adipócitos na região abdominal, somente a estratégia – dieta isolada – não foi eficaz. Conclusão: o exercício físico aeróbio associado a dieta foi a estratégia mais eficaz para diminuir a gordura abdominal. Estudo 2: foi avaliado a diminuição de gordura abdominal em mulheres na menopausa previamente sedentárias (20):  intensidade do treino de moderada a vigorosa;  1 ano de treino aeróbio;  frequência de 3-5x na semana. Resultado: Após 1 ano o treino aeróbio induziu uma diminuição de 2kg de gordura corporal total, 14,9 cm2 de gordura visceral e 24,1 cm2 de gordura subcutânea. Conclusão: associar uma maior frequência semanal com a intensidade moderada a vigorosa do treino é uma opção eficaz para diminuir o excesso de gordura corporal.
  • 19. 19 Treino HIIT e queima de gordura abdominal Além do treino aeróbio realizado na mesma intensidade por um longo tempo, o treino intervalado de alta intensidade (HIIT) (fig. 9) é uma das estratégias de exercício físico recomendadas para diminuir o excesso de gordura corporal (21). Estudo 1: um artigo de revisão analisou 38 estudos para verificar a eficácia do HIIT na queima de gordura. No total, 959 mulheres participaram desses 38 estudos (22). Resultado: o treino HIIT foi eficaz na diminuição do peso corporal total, na gordura corporal total e na gordura subcutânea e visceral em:  mulheres saudáveis, com sobrepeso e obesas, antes e no período da menopausa;  os efeitos mais eficazes foram observados nas mulheres antes do período da menopausa. Conclusão: os autores da revisão concluem que é necessário uma frequência de 3x semana e uma duração miníma de menos 8 semanas do treino HIIT para se obter resultados mais eficazes. Figura 9 - Exemplo do treino HIIT na esteira. Modelo: Carol Máximo. Todos os direitos reservados Sempreguiça®. Não use essa imagem sem autorização.
  • 20. 20 Estudo 2: foi investigado a diminuição de gordura corporal total e visceral em mulheres adultas jovens com obesidade, por meio de 4 estratégias de treino diferentes (23): (i) tiros na máxima velocidade possível; (ii) tiros na velocidade supramáxima (120% VO2pico 5); (iii) treino HIIT (90% VO2pico); (iv) treino contínuo em intensidade moderada (60% VO2pico). Resultado: Após 12 semanas de treino as 4 estratégias de treino induziram a diminuição da gordura corporal total nas voluntárias. Entretanto, a diminuição da gordura visceral foi mais eficaz nas mulheres que treinaram nas velocidades máximas (i), supramáximas (ii) e no HIIT (iii). Conclusão: embora houve a diminuição da gordura visceral, a mesma não se alterou de forma significativa nas intensidades acima do treino HIIT. O treino em velocidades máximas (i) se mostra a estratégia mais eficaz em diminuir gordura visceral na relação – tempo x benefício -. Seja qual for a modalidade aeróbia de sua preferência, velocidades máximas, treino HIIT ou em intensidade contínua, mantenha a regularidade aos treinos, pois somente assim você terá resultados eficazes na diminuição da gordura subcutânea e visceral (24). 5 O consumo de oxigênio de pico (VO2pico) pode ser definido como a maior taxa de consumo de oxigênio durante exercício exaustivo ou máximo.
  • 21. 21 Musculação na queima de gordura abdominal Estudo 1: foi avaliado a diminuição de gordura abdominal subcutânea em mulheres saudáveis treinadas (25). As sessões de musculação foram: (i) feitas em dois dias de treino; (ii) inicialmente foi feito o aquecimento: 1 série com 10 repetições e intensidade de 40% de 1RM6; (iii) e na sequência o treino: 3 séries de 10 repetições na intensidade de 65% de 1RM; (iv) os exercícios realizados foram o agachamento com barra nas costas, o supino reto, o terra, a remada curvada, o desenvolvimento com halteres e o recuo. Resultado: houve aumento da quebra de gordura do tecido adiposo durante e logo após a realização da musculação. Além disso, foi constatado aumento da queima de gordura após o término da sessão de treinamento. Conclusão: para manter o estímulo da queima da gordura, é importante fazer os exercícios de musculação entre 3-5x na semana. Estudo 2: foi avaliado a diminuição de gordura corporal total e visceral em mulheres com sobrepeso e obesidade (26). O treino de musculação foi: (i) realizado duas vezes na semana; (ii) 8 a 10 exercícios entre os membros superiores e inferiores; (iii) foi feito 3x8-10 repetições para cada exercício no primeiro mês, com evolução da intensidade de esforço ao longo do primeiro ano de estudo. (iv) No segundo ano de estudo, foi realizado 2 séries e a carga ajustada para realizar as últimas repetições com dificuldade. A aderência no segundo ano de estudo diminuiu. No entanto, a aderência média aos treinamentos nos 2 anos foi de 71%. 6 O teste de 1RM é usado para avaliar o nível de força em qualquer exercício da musculação que utilize carga, tanto os realizados com pesos livres (barra, halter, kettlebell) quanto em equipamentos.
  • 22. 22 Resultado: no primeiro ano houve uma diminuição do percentual de gordura de 3,68% nas mulheres que fizeram musculação contra 0,14% do grupo controle (realizaram atividades aeróbias leves durante todo esse período). Entretanto, houve aumento de 7,05% na gordura visceral das mulheres que fizeram a musculação contra um aumento de 21,36% do grupo controle no segundo ano de estudo. Conclusão: esses resultados se assemelham ao que realmente acontece com a maioria das pessoas que desejam emagrecer. Após um ano de sucesso no emagrecimento, a tendência é o ganho de gordura visceral nos anos seguintes. Porém, fazer os exercícios de musculação com regularidade minimizou significativamente o aumento de gordura visceral. Aeróbio mais musculação na quebra de gordura abdominal Para resultados mais eficazes na diminuição de gordura subcutânea e visceral, será que é interessante fazer o aeróbio mais a musculação? Estudo: num artigo de revisão e meta-análise (27), foi feita a análise de estudos 43 que investigaram o efeito do treino aeróbio e da musculação na diminuição de gordura subcutânea. Desse total: (i) 13 estudos as pessoas tinham obesidade; (ii) 12 estudos as pessoas tinham sobrepeso ou obesidade; (iii) 11 estudos as pessoas tinham diabetes tipo 2; (iv) 3 estudos as pessoas tinham síndrome metabólica; (v) outros estudos realizados tinha a participação de mulheres com alto risco de câncer e danos no fígado; (vi) No total, foram 3552 pessoas envolvidas nesses estudos, sendo 2684 mulheres e 761 homens.
  • 23. 23 Resultado: o treino aeróbio e a musculação realizados de forma isolada foram eficazes na diminuição de gordura subcutânea e visceral. Porém a combinação do treino aeróbio mais a musculação gerou resultados mais eficazes na diminuição de gordura subcutânea do que a realizá-los forma isolada. Conclusão: esses resultados reforçam o que é visto na minha prática profissional. Isto é, todas as pessoas na qual orientei ao longo desses 15 anos de profissão, tiveram melhores resultados na diminuição de gordura subcutânea e visceral, à medida que associaram os treinos aeróbios e a musculação nos seus treinos semanais. Exemplo 1 Faça o aeróbio intercalado com a musculação completa. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Aeróbio Musculação Aeróbio Musculação Aeróbio Exemplo 2 Faça a corrida com os membros superiores (MMSS), e no dia seguinte faça a bicicleta com os membros inferiores (MMII). Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Corrida + MMSS MMII + bicicleta descanso Corrida + MMSS MMII + Bicicleta Exemplo 3 Faça o aeróbio e a musculação completa no mesmo dia. Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Corrida + musculação descanso Bicicleta + musculação descanso Musculação + corrida
  • 24. 24 PARTE 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O acúmulo de gordura na região abdominal é visto, predominantemente, como uma questão somente de estética corporal. Entretanto, hoje já se sabe que o excesso de gordura na região abdominal é associado ao risco de desenvolvimento e agravamento das doenças crônicas degenerativas. Por exemplo, as doenças cardiovasculares, a diabetes tipo 2, a esteatose hepática, alguns tipos de câncer e as demências. Um dos maiores desafios na diminuição da gordura abdominal é a localização de 2 tecidos que armazenam o excesso de energia consumida da sua dieta em forma de gordura: o tecido adiposo subcutâneo e o tecido adiposo visceral. Ao longo desses 15 anos de profissão, considero que o exercício físico é uma das estratégias mais seguras e eficazes para diminuir o excesso de gordura abdominal, tanto em pessoas saudáveis como em pessoas com sobrepeso, obesidade, e, pessoas com ou sem as patologias crônicas degenerativas. Alinhado a minha prática profissional, os resultados dos artigos científicos analisados mostraram a eficácia dos exercícios aeróbios (como a corrida e a bicicleta) e da musculação na diminuição da gordura abdominal subcutânea e visceral, e esse efeito foi mais significativo ao associar o aeróbio e a musculação na programação de treinos semanais. Então, bora ficar Sempreguiça e diminuir a gordura abdominal para a melhorar a sua saúde e a sua estética corporal.
  • 25. 25 CONTATOS Treine com segurança e eficácia, vamos juntos! Sempreguiça Assessoria on-line WhatsApp: (11) 94527 1994 Instagram: http://www.instagram.com/_sempreguica Youtube: http://www.youtube.com/c/Sempreguica Facebook: http://www.facebook.com/sempreguica Equipe Carol Máximo Instagram Carol: https://www.instagram.com/carol.maximo.34/ Nutricionista: https://www.instagram.com/saudeboaformaestilodevida/ Academia: https://www.instagram.com/sfida.fitness/ Personal Trainer Michelle Lindner Instagram: https://www.instagram.com/mi.lindner/ Academia: https://www.instagram.com/academiasitaly/
  • 26. 26 REFERÊNCIAS 1. Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Abd%C3%B3men . Acesso em: 13/03/2021. 2. Tortora GJ. O sistema muscular. In: Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. Cap.8. 153-204, (2000). 3. Tortora GJ. O sistema digestório. In: Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. Cap.19. 432-461, (2000). 4. Shen, W. et al. Adipose Tissue Quantification by Imaging Methods: A Proposed Classification. Obesity Research. Vol. 11, p. 5-16, (2003). 5. Ibrahim, MM. Subcutaneous and visceral adipose tissue: structural and functional differences. obesity reviews (2010) 11, 11–18. 6. Kelley, DE. et al. Subdivisions of subcutaneous abdominal adipose tissue and insulin resistance. Am J Physiol Endocrinol Metab 278: E941– E948, 2000. 7. Jayedi, A. et al. Central fatness and risk of all cause mortality: systematic review and dose-response meta-analysis of 72 prospective cohort studies. BMJ, p. 1-22, (2020). 8. Guimarães, DED. et al. Adipocitocinas: uma nova visão do tecido adiposo. Rev. Nutr., Campinas, 20(5):549-559, set./out., (2007). 9. Hocking, S. et al. Adiposity and Insulin Resistance in Humans: The Role of the Different Tissue and Cellular Lipid Depots. Endocrine Reviews, August 2013, 34(4):463–500. 10. Blüher MD. et al. Adipose tissue dysfunction contributes to obesity related metabolic diseases. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism 27 (2013) 163–177. 11. Heinrich, PC. et al. Interlukin-6 and the acute phase response. Biochem J 1990; 265: 621–636. 12. Mårin, P. et al. The morphology and metabolism of intra-abdominal adipose tissue in men. Metabolism 1992; 41: 1241–1248. 13. Tchernof, A. & Després JP. Pathophysiology of Human Visceral Obesity: An Update. Physiol Rev 93: 359–404, 2013.
  • 27. 27 14. Ross, R. et al. Waist circumference as a vital sign in clinical practice: a Consensus Statement from the IAS and ICCR Working Group on Visceral Obesity. Nature reviews endocrinology. P.177-189. Vol. 16, (2020). 15. Robinson, SL. et al. Maximal fat oxidation during exercise is positively associated with 24-hour fat oxidation and insulin sensitivity in young, healthy men. J Appl Physiol 118: 1415–1422, 2015. 16. McArdle, WD. et al. Transferência de energia no corpo. In: Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Cap. 6. (2008). 17. Sidossis, LS. et al. Regulation of fatty acid oxidation in untrained vs. trained men during exercise. Am. J. Physiol. 274 (Endocrinol. Metab. 37): E510–E515, 1998. 18. Bishop, DJ. et al. High-Intensity Exercise and Mitochondrial Biogenesis: Current Controversies and Future Research Directions. Physiology, vol.34, (2019). 19. You, T. et al. Addition of aerobic exercise to dietary weight loss preferentially reduces abdominal adipocyte size. International Journal of Obesity (2006) 30, 1211–1216. 20. Friedenreich, CM. et al. Adiposity changes after a 1-year aerobic exercise intervention among postmenopausal women: a randomized controlled trial. International Journal of Obesity (2011) 35, 427–435. 21. Ross, R. et al. Negative Energy Balance Induced by Exercise or Diet: Effects on Visceral Adipose Tissue and Liver Fat. Nutrients, 12, (2020). 22. Dupuit, M. et al. Effect of high intensity interval training on body composition in women before and aftermenopause: a meta-analysis. Experimental Physiology. (2020);1–21. 23. Zhang, H. et al. Exercise training-induced visceral fat loss in obese women: The role of training intensity and modality. Scand J Med Sci Sports. (2020);00:1–14. 24. Zhang, H. et al. Comparable effects of high-intensity interval training and prolonged continuous exercise training on abdominal visceral fat reduction in obese young women. Journal of Diabetes Research (2017). 25. Allman, BR. et al. Fat metabolism and acute resistance exercise in trained women. J Appl Physiol 126: 739–745, 2019.
  • 28. 28 26. Schmitz, KH. et al. Strength training and adiposity in premenopausal women: Strong,Healthy, and Empowered study. Am J Clin Nutr 2007;86:566 –72. 27. Yarizadeh, H. et al. The effect of aerobic and resistance training and combined exercise modalities on subcutaneous abdominal fat: a systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials. Advances in nutrition, vol. 12, 1, (2021). 28. Oliveira, AN. et al. Exercise is muscle mitochondrial medicine. Exercise and Sport Sciences Reviews. Vol. 49, 2, (2021).