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Conceituação e Desenho de
Instrumentos
Ricardo Fonseca
INTRODUÇÃO
 É comum que a gente se depare com conceitos
abstratosque nos ajudarão a compreender o tema
em análise.
 –Na pesquisa de survey, os conceitos devem ser
convertidos em perguntas de um questionário, de
forma a permitir a coleta de dados empíricos para
análise.
 –Este capítulo: (1) trata de pontos relativos à lógica
da conceituaçãoe da operacionalização; (2)
explica os diferentes tipos de dadosque se pode
levantar em um survey; e (3) discute técnicaspara
construir boas perguntas
INTRODUÇÃO
I. Tratar de pontos relativos à lógica da
conceituaçãoe da operacionalização;
II. Explicar os diferentes tipos de dadosque
se pode levantar em um survey;
III.
IV. Discutir técnicas para construir boas
perguntas
LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO
 Os conceitos tem uma “riqueza de significado” por
combinarem uma variedade de elementos e indicarem
um fenômeno complexo.
 A operacionalização de conceitos é inevitavelmente
insatisfatória, tanto para os pesquisadores quanto para
suas audiências.
 A maioria dos conceitos interessantes para os
pesquisadores sociais não tem significado real, nem
definição última.
CIRAMOS DADOS E NÃO OS COLETAMOS
 –“Os cientistas nunca coletam dados, eles criam
dados.” (Babbie, 1999: 181)
 –O propósito das medidas é de que tenham
utilidade para ajudar a: (1) entender os dados que
possuimos; e/ou (2) desenvolver teorias sobre o
tema pesquisado.
CIRAMOS DADOS E NÃO OS COLETAMOS
 Entretanto, não faz sentido perguntar se realmente
medimos o conceito abstrato, porque o conceito só
existe em nossas mentes.
 –A forma pela qual as perguntas são feitas pode ter
impacto sobre as respostas recebidas, indicando
que podemos criar dados, mas não coletar
informações inquestionáveis.
 –Nunca conseguimos fazer medidas precisas,
apenas medidas úteis.
 –Mesmo com esta limitação, é preciso realizar
pesquisa rigorosa, mesmo que seja mais difícil
CONCEITOS SÃO CODIFICAÇÕES
 Portanto, conceitos são codificações gerais da
experiência e das observações:
 –Observamos pessoas vivendo em tipos diferentes de
estruturas residenciais e desenvolvemos o conceito de
unidade residencial.
 –Observamos diferenças em posição social e
desenvolvemos o conceito de status social.
 –Notamos diferenças no grau de compromisso religioso
das pessoas e desenvolvemos o conceito de
religiosidade.
 –Todos estes conceitos são anotações resumidas da
experiência e das observações.
 –Tais conceitos muitas vezes assumem a forma de
variáveis, reunindo uma coleção de atributos
(categorias) relacionados.
LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO
 EFEITO DAS PERGUNTAS TENDENCIOSAS:
 Nos primeiros dias da II Guerra Mundial, Hadley
Cantril realizou dois surveys nacionais na EUA.
 No primeiro perguntou: “Você acha que os Estados
Unidos conseguirão ficar for a da guerra?” (55% das
pessoas disseram que sim)
 No segundo perguntou: “Você acha que os Estados
Unidos entrarão na guerra antes que ela termine?”
(59% disseram que sim)
LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO
 Qual pergunta forneceu a resposta correta sobre as
expectativas americanas quanto a entrar na guerra?
 Podemos apenas concluir que, em 1939, não havia
algo como a “atitude americana sobre a
probabilidade de entrarmos na guerra”.
 Nunca conseguimos fazer medidas precisas mas
medidas úteis.
UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE
OPERACIONALIZAÇÃO
 Os conceitos podem ser operacionalizados como
variáveis que reunem um conjunto de atributos.
 Por exemplo, a variável “filiação religiosa” pode assumir
os seguintes atributos (ou categorias): protestante,
católico, espírita, agnóstico, etc.
 A operacionalização é o processo pelo qual os
pesquisadores especificam observações empíricas
(dados) que podem ser tomadas como indicadores
(variáveis) de atributos contidos em alguns conceitos.
OPERACIONALIZAÇÃO
 Como vimos, diversos destes indicadores são
especificados e combinados durante a análise de dados
para fornecer uma medida composta (índice ou escala),
representando o conceito.
 –Os conceitos são resumos da experiência e
observações do pesquisador, não tendo significados
reais últimos.
 –Nós realizamos medições com o objetivo de contribuir
para a compreensão dos dados empíricos e
desenvolver teorias do comportamento social.
 –Objetivo é de realizar esse processo de
operacionalização com o máximo de rigor científico,
aumentando sua utilidade.
UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE
OPERACIONALIZAÇÃO
 EXEMPLO DE OPERACIONALIZAÇÃO
 Queremos estudar religiosidade, porque algumas
pessoas são mais religiosas do que outras.
 Para operacionalizar este conceito, deveremos
enumerar todas as subdimensões da variável.
 Para tal, observar as pesquisas prévias sobre o
tema, bem como as concepções do senso comum
sobre religiosidade.
UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE
OPERACIONALIZAÇÃO
 Quem já estudou o tema?
 As subdimensões, segundo Charles Y. Glock,
podem ser expressas pela natureza do
envolvimento (ritual, ideológico, intelectual,
experimental e consequencial).
 A primeira tarefa da operacionalização é compilar
uma lista, tão exaustiva quanto possível, de todos
os diferentes indicadores que poderiam ser
incluídos no conceito geral de religiosidade.
UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE
OPERACIONALIZAÇÃO
 O oposto da variável que se quer medir também deve
ser considerado. No caso, anti-religiosidade.
 Pode ser obtendo uma escala de religiosidade (nada
religioso a muito religioso).
 Pode-se perguntar o nível de concordância das pessoas
sobre determinadas afirmações.
 Um problema a ser previsto é que estas informções
pode revelar somente o oposto do conceito, por
exemplo:
 “A religião organizada causa mais mal do que bem.”
OPERACIONALIZAÇÃO É COMPLEXA
 O processo de operacionalização do conceito é
complexo e não há regras adequadas de procedimento.
 –Devemos elaborar uma lista com todas as possíveis
dimensões da variável, anotando aquelas que devem
ser excluídas do conceito e especificando os pontos
conceituais extremos destas dimensões.
 –Cada item do questionário deve ser examinado com
cuidado para saber se a pergunta realmente reflete o
conceito.
 –Somente desta forma podemos gerar dados relevantes
para uma análise significativa cientificamente.
DIMENSÕES DO CONCEITO
 Para iniciar o processo de operacionalização, devemos
pensar nas diversas dimensões do conceito geral que
estamos investigando.
 –Devemos estudar pesquisas prévias sobre o tema,
bem como concepções do senso comum.
 –É preciso prestar atenção ao oposto da variável que se
busca medir, e decidir sobre a amplitude do intervalo
desta variável.
 –Em alguns casos, ao invés de medir uma variável em
uma escala que vai de baixo a alto, acabamos medindo
dois pólos opostos:
 –O ideal é medir graus de religiosidade, e não
simplesmente religiosidade e anti-religiosidade.
 –Medimos variações entre esquerda e direita, e não
simplesmente extrema esquerda e extrema direita.
TIPOS DE DADOS
 A pesquisa de surveygera vários tipos de dados úteis
para a pesquisa social.
 –Vimos que os dados só existem através do processo
científico de gerá-los.
 –Porém, podemos tomar alguns tipos de dados como
“fatos”.
 –Fatos são informações que o respondente acredita
representarem a verdade e que o pesquisador aceita
como sendo verdade:
 –As características demográficas dos respondentes se
encaixam nesta categoria.
 –Outras vezes, pede-se aos respondentes para darem
informações que eles aceitam como verdadeiras, mas
que não aceitamos necessariamente desta forma:
 –Neste caso, tomamos as opiniões dos respondentes
como descrições e não como verdades.
TIPOS DE DADOS E NÍVEIS DE MENSURAÇÃO
IMPLICAÇÕES DOS NÍVEIS DE MEDIÇÃO
 Ao desenhar um questionário considere os tipos de
análises que fará após a coleta de dados.
NÍVEIS DE MEDIÇÃO
 –Variáveis sociais possuem diferentes níveis de medição.
 –Nominal:distingue as categorias que compõem uma
variável (sexo, religião, região de residência...). As categorias
da variável nominal são mutuamente excludentes.
 –Ordinal:as categorias de uma variável são ordenadas em
uma escala (classe social, religiosidade, alienação...). Os
números têm significado somente de indicação de ordem.
 –Intervalo:usa números para descrever uma variável e
distâncias entre pontos têm significado real. Diferença entre
20 e 40 graus Fahrenheit é a mesma que entre 60 e 80. Mas
40 não é necessariamente duas vezes mais quente que 20.
 –Razão:é o mesmo que a medição de intervalo, mas tem
zero real. Uma pessoa de 20 anos tem dobro de idade de
uma pessoa de 10 anos.
IMPLICAÇÕES DOS NÍVEIS DE MEDIÇÃO
 Dependendo das variáveis que estamos analisando,
utilizaremos técnicas estatísticas específicas.
 –Uma variável pode ser tratada de forma diferente em
termos dos níveis de medição.
 –Idade pode ser utilizada como medição de razão, mas
também pode ser categorizada para um formato ordinal.
 –Ao desenhar o questionário, é preciso considerar o
tipo de análise que será realizado após a coleta de
dados.
 –Se a análise requer dados na forma de medidas de
razão, não devemos construir o questionário de forma a
criar apenas variáveis nominais.
GUIA PARA ELABORAÇÃO DE QUESTÕES
 Ao construir questionários, devemos levar em
consideração experiências de outros pesquisadores
para nos ajudar a gerar dados úteis para análise:
 –Questões e declarações.
 –Perguntas abertas e fechadas.
 –Tornando os itens claros.
 –Evitando questões duplas.
 –Garantindo competência dos entrevistados em
responder.
 –Fazendo perguntas relevantes.
 –Usando itens curtos.
 –Evitando itens negativos.
 –Evitando itens e termos tendenciosos.
QUESTÕES E DECLARAÇÕES
 Pode ser de interesse determinar o quanto as pessoas
apóiam determinada attitude ou perspectiva.
 Para tal, pode-se buscar resumir essa atitude em uma
declaração curta, apresentá-las aos respondentes e
perguntar se eles concordam ou não.
 Rensis Likert, em 1932, formalizou este procedimento
na chamada escala Likert.
ESCALA LIKERT
 É uma escala gradacional e pode ser baseada em diversos
critérios, tais como níveis de satisfação, interesse,
concordância e apoio, etc. Há outras escalas além dessa
proposta por Likert, p.e. Guttman, Thurstone.
“Votar é uma obrigação de todo cidadão responsável.”
1. Discordo totalmente
2. Discordo em parte
3. Não discordo nem concordo
4. Concordo em parte
5. Concordo totalmente
PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS
 Há duas opções para construirmos as perguntas de um
survey: fechadas ou abertas.
 Nas perguntas fechadas o respondente escolhe uma
opção numa lista apresentada a ele.
 Vanteagens das perguntas fechadas:
 maior uniformidade de respostas;
 maior facilidade de processamento dos dados.
 Desvantagem
 Perigo de estruturar as respostas inadequadamente.
PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS
 Algumas diretrizes para a construção das opções
de respostas:
 Categorias exaustivas: elencar todas as opções de
respostas possíveis e incluir a opção “outros”;
 Categorias mutuamente excludentes: não forçar o
respondente a escolher mais de uma opção, exceto
quando se trata de respostas múltiplas, mas estas criam
bastante dificuldade no processamento;
PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS
 As perguntas abertas podem ser realizadas perguntando-a diretamente ao
entrevistado e anotando sua resposta ou solicitando que ele mesmo anote
sua resposta.
 Vantagens da questão aberta:
 O entrevistado possui mais liberdade de resposta;
 Auxilia o pesquisador a obter mais informações.
 Desvantagens da questão aberta:
 Dificuldade de classificação e codificação;
 Corre-se o risco de anotações mal feitas;
 Demanda muito tempo para a aplicação.
 Algumas respostas podem ser irrelevantes para intenção do pesquisador
TORNANDO ITENS CLAROS
 Quando envolvido com o tema, as perspectivas estão claras
para o pesquisador, mas não ficam para os respondentes.
 Quando há compreensão superficial do tema, o pesquisador
pode deixar de especificar claramente qual a intenção da
pergunta.
 Exemplo: “O que você pensa sobre o sistema proposto de
mísseis antibalísticos?”
 A pergunta anterior provoca uma dúvida no respondente:
“Qual sistema?”
 itens de questionário devem ser precisos, de forma que o
respondente saiba exatamente qual pergunta espera-se que
ele responda.
EVITANDO QUESTÕES DUPLAS
 Há o problema de realizarmos uma combinação de
perguntasem uma única pergunta.
 –Isso pode ocorrer quando o próprio pesquisador
possui uma posição pessoal e deseja que o
respondente se posicione sobre determinado tema.
 –Podemos perguntar se pessoas concordam ou
discordam: “O governo deve abandonar o programa
Bolsa Família e priorizar programas de geração de
emprego?”
 –Pessoas podem querer acabar com o Bolsa Família,
mas desejam que dinheiro retorne aos contribuintes.
 –Outros podem desejar que o Bolsa Família continue e
que haja aplicação de dinheiro em programas de
emprego.
 –Sempre que a palavra “e”surgir em uma pergunta, é
preciso checar se não estamos fazendo pergunta dupla.
EVITANDO QUESTÕES DUPLAS
 Evitar coletar uma resposta única para uma
questão que é uma combinação de perguntas.
 Exemplo: Você concorda ou discorda que “Os
Estados Unidos devem abondonar seu programa
espacial e gastar dinheiro com programas
domésticos.”
 Como regra geral, sempre que aparecer o
conectivo “e” certifique-se de que a questão não é
dupla.
COMPETÊNCIA DOS ENTREVISTADOS EM
RESPONDER
 Ao pedir informações, é preciso garantir que
entrevistados são capazes de responder a
perguntade forma confiável.
 –Perguntas muito específicase que voltam muito
tempo no passado podem ser difíceis de
responder.
 –Questões técnicaspodem ser bem respondidas
por um grupo de pessoas, mas podem não ser
entendidas por outros grupos.
GARANTINDO A CAPACIDADE DO
ENTREVISTADO RESPONDER
 Os respondentes serão capazes de
responder à pergunta de maneira
confiável?
 Memória, precisão, etc…
FAZENDO PERGUNTAS RELEVANTES
 As perguntas devem ser relevantespara a
maioria dos respondentes.
 –Quando se pede atitudes sobre um tema que
poucos pensam ou se importam, os resultados
não serão úteis.
 –Respondentes podem expressar atitudes
mesmo nunca tendo pensadoou tendo
conhecimento sobre o assunto
FAZENDO PERGUNTAS RELEVANTES
 Quando se pede atitudes sobre um tema sobre o
qual poucos pensam ou se importam, os
resultados tem pouca possibilidade de serem
úteis.
 O grau em que os respondentes inventam
respostas é até certo ponto controlável pelo
pesquisador.
USANDO ITENS CURTOS
 É preciso não ser ambíguo, ser preciso e enfatizar a
relevância do tema, mas não devemos formular
itens longosou complicados.
 –Logística:respondente deve poder ler (ou escutar)
um item rapidamente, entender sua intenção, e
escolher uma resposta sem dificuldade.
 –Para que isto seja possível, precisamos apresentar
itens claros e curtosque não serão mal
interpretados no momento da entrevista.
USANDO ITENS CURTOS
 O respondente deve poder ler um item rapidamente,
entender sua intenção e escolher ou dar uma
resposta sem dificuldade.
 Se o questionário é auto-aplicado supõe-se que os
respondentes lerão rapidamente as questões e dar
respostas rápidas.
 Se o questionário é lido pelo entrevistador, os itens
também devem estar claros e curtos o suficiente para
que o respondente mantenha sua atenção à
pergunta.
EVITANDO ITENS NEGATIVOS
 É preciso evitar a utilização de uma negaçãoem um item
de questionário para que não haja má interpretação.
 –Ao invés de:
 –“Você concorda que os EUA nãodevem reduzir seus
arsenais de armas nucleares?”
 –Devemos perguntar:
 –“Você concorda que os EUA devem reduzir seus arsenais
de armas nucleares?”
 –A pergunta “As seguintes pessoas devem ser
proibidasde lecionar em escolas públicas...” deve ter
como categorias de respostas “permitir” e “proibir”, ao
invés de “sim” e “não”.
EVITANDO ITENS NEGATIVOS
 Lembremos que dados de surveysão criadose não apenas
coletados.
 –Ou seja, a maneira como “procuramos” os dados
determinará a natureza dos dadosrecebidos.
 –Devemos estar atentos à redação das perguntassobre os
resultados a serem obtidos.
 –A mera identificação de uma atitude ou posição com uma
pessoa ou agência de prestígio pode enviesar as respostas,
aumentando o apoio a determinado tema:
 –“Você concorda ou discorda da proposta do presidente...”
 –Itens também podem ter viés negativo:
 –“Você concorda ou discorda da posição de Adolf Hitler...”
 –É preciso ter em mente o objetivo da pesquisae construir
itens que serão mais úteis para ele, mas não há formas
“certas” ou “erradas” de fazer perguntas.
EVITANDO ITENS NEGATIVOS
 Uma questão que inclui uma negação
comumente pode ser mau interpretada.
 Exemplo: “Os Estados Unidos não devem reduzir
seus arsenais de armas nucleares.”
 A maioria das pessoas responderão “não”,
mesmo quando favoráveis à redução de armas
nucleares.
EVITANDO ITENS E TERMOS TENDENCIOSOS
 A maneira como os dados são procurados determina
a natureza dos dados recebidos.
 Atenção ao efeito das perguntas sobre os resultados
que obterá!
 Exemplo de viés negativo: “Você concorda ou
discorda da posição de Adolf Hitler quando declarou
que…”
 Exemplo de viés positivo: “Você concorda ou
discorda da posição de Madre Teresa de Calcutá
quando declarou que…”
QUALIDADE DAS MEDIÇÕES
 Alguns critérios geraissão importantes para
garantir a qualidade das medições:
 Precisão.
 Confiabilidade.
 Validade.
QUALIDADE DAS MEDIÇÕES
 A operacionalização dos conceitos deve ser
guiada parcialmente pela compreensão do grau
de precisão requerido.
 Exemplo: idades em anos ou faixas de idade.
PRECISÃO
 Pode-se fazer medições com graus variados de
precisão: qualidade das distinções feitas entre os
atributos de uma variável.
 –Medidas precisas são superiores a medidas
imprecisas.
 –Porém, precisão nem sempre é necessáriaou
desejável.
 –Talvez não seja necessário dizer que a população
brasileira recenseada em 1º de agosto de 2010 é de
185.712.713 pessoas, mas simplesmente de 185
milhões de pessoas.
 –Exatidãoé outra qualidade importante nas medições
de pesquisa, a qual determina se a informação
realmente reflete o mundo real.
CONFIABILIDADE
 Confiabilidade é o problema de uma determinada
técnica, ao ser aplicada repetidamente a um mesmo
objeto, produzir, a cada vez, os mesmos resultados.
 Como se criam medições confiáveis?
 Faça apenas perguntas cujas respostas as pessoas
provavelmente sabem, pergunte coisas relevantes e seja
claro no que está perguntando.
CONFIABILIDADE
 Confiabilidadeé a qualidade de uma determinada técnica
produzir os mesmos resultados, ao ser aplicada repetidamente a
um mesmo objeto.
 –A confiabilidade não garante a exatidão, já que podemos
chegar a um mesmo resultado várias vezes, mas de uma forma
que não reflita o mundo real.
 –Perguntas que buscam muitas informações passadasnão são
confiáveis.
 –Perguntas que as pessoas acham irrelevantestambém levarão a
respostas não confiáveis.
 –Há problema de entrevistadores diferentesobterem respostas
diferentes.
 –Pessoas diferentes podem codificar as mesmas respostas
abertasde forma diferente.
CONFIABILIDADE
 Os métodos para maximizar a confiabilidade são
bastante diretos:
 –Faça apenas as perguntas cujas respostas as
pessoas provavelmente saibam.
 –Pergunte coisas relevantes para as pessoas.
 –Seja claro no que está perguntando.
VALIDADE
 Validade se refere ao grau com que uma medida
empírica reflete adequadamente o “significado real” do
conceito considerado.
 Validade aparente: certas medidas empíricas podem ou
não coincidir com nossas convenções e imagens
mentais associadas a um conceito.
 Validade preditiva ou relacionada a critério: baseia-se em
algum critério externo.
 Validade de conteúdo: refere-se ao grau que uma
medida cobre a amplitude de significados incluídos no
conceito.
 Validade de construção: baseia-se no modo como uma
medida se relaciona a outras variáveis num sistema de
relações teórica.
VALIDADE
 A validadeé o grau com que uma medida empírica
reflete adequadamente o significado real do conceito
abstrato.
 –Validade aparente:podemos não concordar totalmente
com determinado indicador para medir um conceito, mas
devemos pensar se há alguma relevância neste
indicador.
 –Validade operacional:pesquisadores já chegaram a
acordos sobre melhor forma de medir alguns conceitos.
 –Validade relacionada a critério (preditiva):usa critério
externo (medir vestibular por notas na universidade).
 –Validade de conteúdo:refere-se ao grau com que uma
medição cobre a amplitude de significados do conceito.
 –Validade de construção:uma medida deve se
relacionar com outras variáveis da forma como se prevê
teoricamente.
TENSÃO ENTRE VALIDADE E CONFIABILIDADE
 A especificação de definições operacionais e medições
confiáveis parecem, frequentemente, roubar a riqueza
de significado do conceito.
 Se não houver um consenso sobre como medir um
conceito, meça-o de várias formas.
 Se o conceito tiver várias dimensões, meça-as.
 O conceito não tem qualquer significado além daquele
que você lhe atribui e a única justificativa para dar um
significado particular a um conceito é a utilidade.
 A meta é medir conceitos de forma a nos ajudar a
entender o mundo que nos cerca.
TENSÃO ENTRE VALIDADE E CONFIABILIDADE
 Muitas vezes há uma certa tensão entre os critérios de
confiabilidade e validade.
 –Maioria dos conceitos têm riqueza de significadoe é
difícil especificar precisamente o que queremos dizer
com eles.
 –Porém, a ciência precisa ser específicapara poder
gerar medições confiáveis.
 –Especificação de definições operacionais e medições
confiáveisparece roubar de tais conceitos a riqueza de
significado, diminuindo a validade.
 –Se não há acordo em como medir um conceito, meça-
o de diferentes formas.
 –Lembre-se que a meta é medir conceitos para ajudar a
entender o mundo que nos cerca.
FORMATO GERAL DO QUESTIONÁRIO
 O questionário deve estar bem distribuído e não
amontoado.
 Questionários espremidos são desastrosos,
seja em surveys por correio ou por entrevista.
FORMATOS PARA RESPOSTAS
QUESTÕES CONTINGENTES
QUESTÕES CONTINGENTES
QUESTÕES CONTINGENTES
QUESTÕES MATRICIAIS
ORDENANDO AS QUESTÕES
 A ordem das perguntas afeta a resposta. Uma
avaliação geral sobre um tema pode refletir na
avaliação de subtemas e vice-versa.
 A solução mais segura é ter sensibilidade para o
problema.
 Se a ordem das perguntas parece ser uma questão
especialmente importante num estudo, pode-se fazer
mais de uma versão do questionário, com diferentes
ordenamentos de perguntas, criando condições para
determinar o efeito dele. No mínimo, pré-testar o
questionário usando as diferentes formas.
 Perguntas iniciais não devem ser ameaçadoras. Em
geral, nos questionários auto-aplicado pede-se dados
demográficos (sexo, idade, etc.) no final e nos
questionários por entrevista no início.
INSTRUÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS
 O questionário deve conter instruções para
preenchimento das questões seja ele auto-
aplicado ou por entrevistas.
 Algumas perguntas requerem instruções
específicas.
 Instruções suplementares ao entrevistador
sempre são necessárias.
INTRODUÇÃO
 Se o questionário está ordenado em subseções
por conteúdo – p.e. atitudes políticas,
religiosas, dados básicos – é útil introduzir
cada seção com uma declaração curta sobre o
seu conteúdo e finalidade.
 Exemplo: “Nesta seção, gostaríamos de saber
quais problemas comunitários as pessoas por
aqui consideram os mais importantes.”
REPRODUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
 Fazer cópias suficientes para a coleta de
dados.
 Considere o tamanho da amostra, o número de
cartas de acompanhamento, manual do
entrevistador e nas cópias adicionais.

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Conceituação e desenho de instrumentos para pesquisa

  • 1. Conceituação e Desenho de Instrumentos Ricardo Fonseca
  • 2. INTRODUÇÃO  É comum que a gente se depare com conceitos abstratosque nos ajudarão a compreender o tema em análise.  –Na pesquisa de survey, os conceitos devem ser convertidos em perguntas de um questionário, de forma a permitir a coleta de dados empíricos para análise.  –Este capítulo: (1) trata de pontos relativos à lógica da conceituaçãoe da operacionalização; (2) explica os diferentes tipos de dadosque se pode levantar em um survey; e (3) discute técnicaspara construir boas perguntas
  • 3. INTRODUÇÃO I. Tratar de pontos relativos à lógica da conceituaçãoe da operacionalização; II. Explicar os diferentes tipos de dadosque se pode levantar em um survey; III. IV. Discutir técnicas para construir boas perguntas
  • 4. LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO  Os conceitos tem uma “riqueza de significado” por combinarem uma variedade de elementos e indicarem um fenômeno complexo.  A operacionalização de conceitos é inevitavelmente insatisfatória, tanto para os pesquisadores quanto para suas audiências.  A maioria dos conceitos interessantes para os pesquisadores sociais não tem significado real, nem definição última.
  • 5. CIRAMOS DADOS E NÃO OS COLETAMOS  –“Os cientistas nunca coletam dados, eles criam dados.” (Babbie, 1999: 181)  –O propósito das medidas é de que tenham utilidade para ajudar a: (1) entender os dados que possuimos; e/ou (2) desenvolver teorias sobre o tema pesquisado.
  • 6. CIRAMOS DADOS E NÃO OS COLETAMOS  Entretanto, não faz sentido perguntar se realmente medimos o conceito abstrato, porque o conceito só existe em nossas mentes.  –A forma pela qual as perguntas são feitas pode ter impacto sobre as respostas recebidas, indicando que podemos criar dados, mas não coletar informações inquestionáveis.  –Nunca conseguimos fazer medidas precisas, apenas medidas úteis.  –Mesmo com esta limitação, é preciso realizar pesquisa rigorosa, mesmo que seja mais difícil
  • 7. CONCEITOS SÃO CODIFICAÇÕES  Portanto, conceitos são codificações gerais da experiência e das observações:  –Observamos pessoas vivendo em tipos diferentes de estruturas residenciais e desenvolvemos o conceito de unidade residencial.  –Observamos diferenças em posição social e desenvolvemos o conceito de status social.  –Notamos diferenças no grau de compromisso religioso das pessoas e desenvolvemos o conceito de religiosidade.  –Todos estes conceitos são anotações resumidas da experiência e das observações.  –Tais conceitos muitas vezes assumem a forma de variáveis, reunindo uma coleção de atributos (categorias) relacionados.
  • 8. LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO  EFEITO DAS PERGUNTAS TENDENCIOSAS:  Nos primeiros dias da II Guerra Mundial, Hadley Cantril realizou dois surveys nacionais na EUA.  No primeiro perguntou: “Você acha que os Estados Unidos conseguirão ficar for a da guerra?” (55% das pessoas disseram que sim)  No segundo perguntou: “Você acha que os Estados Unidos entrarão na guerra antes que ela termine?” (59% disseram que sim)
  • 9. LÓGICA DA CONCEITUAÇÃO  Qual pergunta forneceu a resposta correta sobre as expectativas americanas quanto a entrar na guerra?  Podemos apenas concluir que, em 1939, não havia algo como a “atitude americana sobre a probabilidade de entrarmos na guerra”.  Nunca conseguimos fazer medidas precisas mas medidas úteis.
  • 10. UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO  Os conceitos podem ser operacionalizados como variáveis que reunem um conjunto de atributos.  Por exemplo, a variável “filiação religiosa” pode assumir os seguintes atributos (ou categorias): protestante, católico, espírita, agnóstico, etc.  A operacionalização é o processo pelo qual os pesquisadores especificam observações empíricas (dados) que podem ser tomadas como indicadores (variáveis) de atributos contidos em alguns conceitos.
  • 11. OPERACIONALIZAÇÃO  Como vimos, diversos destes indicadores são especificados e combinados durante a análise de dados para fornecer uma medida composta (índice ou escala), representando o conceito.  –Os conceitos são resumos da experiência e observações do pesquisador, não tendo significados reais últimos.  –Nós realizamos medições com o objetivo de contribuir para a compreensão dos dados empíricos e desenvolver teorias do comportamento social.  –Objetivo é de realizar esse processo de operacionalização com o máximo de rigor científico, aumentando sua utilidade.
  • 12. UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO  EXEMPLO DE OPERACIONALIZAÇÃO  Queremos estudar religiosidade, porque algumas pessoas são mais religiosas do que outras.  Para operacionalizar este conceito, deveremos enumerar todas as subdimensões da variável.  Para tal, observar as pesquisas prévias sobre o tema, bem como as concepções do senso comum sobre religiosidade.
  • 13. UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO  Quem já estudou o tema?  As subdimensões, segundo Charles Y. Glock, podem ser expressas pela natureza do envolvimento (ritual, ideológico, intelectual, experimental e consequencial).  A primeira tarefa da operacionalização é compilar uma lista, tão exaustiva quanto possível, de todos os diferentes indicadores que poderiam ser incluídos no conceito geral de religiosidade.
  • 14. UM QUADRO DE REFERÊNCIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO  O oposto da variável que se quer medir também deve ser considerado. No caso, anti-religiosidade.  Pode ser obtendo uma escala de religiosidade (nada religioso a muito religioso).  Pode-se perguntar o nível de concordância das pessoas sobre determinadas afirmações.  Um problema a ser previsto é que estas informções pode revelar somente o oposto do conceito, por exemplo:  “A religião organizada causa mais mal do que bem.”
  • 15. OPERACIONALIZAÇÃO É COMPLEXA  O processo de operacionalização do conceito é complexo e não há regras adequadas de procedimento.  –Devemos elaborar uma lista com todas as possíveis dimensões da variável, anotando aquelas que devem ser excluídas do conceito e especificando os pontos conceituais extremos destas dimensões.  –Cada item do questionário deve ser examinado com cuidado para saber se a pergunta realmente reflete o conceito.  –Somente desta forma podemos gerar dados relevantes para uma análise significativa cientificamente.
  • 16. DIMENSÕES DO CONCEITO  Para iniciar o processo de operacionalização, devemos pensar nas diversas dimensões do conceito geral que estamos investigando.  –Devemos estudar pesquisas prévias sobre o tema, bem como concepções do senso comum.  –É preciso prestar atenção ao oposto da variável que se busca medir, e decidir sobre a amplitude do intervalo desta variável.  –Em alguns casos, ao invés de medir uma variável em uma escala que vai de baixo a alto, acabamos medindo dois pólos opostos:  –O ideal é medir graus de religiosidade, e não simplesmente religiosidade e anti-religiosidade.  –Medimos variações entre esquerda e direita, e não simplesmente extrema esquerda e extrema direita.
  • 17. TIPOS DE DADOS  A pesquisa de surveygera vários tipos de dados úteis para a pesquisa social.  –Vimos que os dados só existem através do processo científico de gerá-los.  –Porém, podemos tomar alguns tipos de dados como “fatos”.  –Fatos são informações que o respondente acredita representarem a verdade e que o pesquisador aceita como sendo verdade:  –As características demográficas dos respondentes se encaixam nesta categoria.  –Outras vezes, pede-se aos respondentes para darem informações que eles aceitam como verdadeiras, mas que não aceitamos necessariamente desta forma:  –Neste caso, tomamos as opiniões dos respondentes como descrições e não como verdades.
  • 18. TIPOS DE DADOS E NÍVEIS DE MENSURAÇÃO
  • 19. IMPLICAÇÕES DOS NÍVEIS DE MEDIÇÃO  Ao desenhar um questionário considere os tipos de análises que fará após a coleta de dados.
  • 20. NÍVEIS DE MEDIÇÃO  –Variáveis sociais possuem diferentes níveis de medição.  –Nominal:distingue as categorias que compõem uma variável (sexo, religião, região de residência...). As categorias da variável nominal são mutuamente excludentes.  –Ordinal:as categorias de uma variável são ordenadas em uma escala (classe social, religiosidade, alienação...). Os números têm significado somente de indicação de ordem.  –Intervalo:usa números para descrever uma variável e distâncias entre pontos têm significado real. Diferença entre 20 e 40 graus Fahrenheit é a mesma que entre 60 e 80. Mas 40 não é necessariamente duas vezes mais quente que 20.  –Razão:é o mesmo que a medição de intervalo, mas tem zero real. Uma pessoa de 20 anos tem dobro de idade de uma pessoa de 10 anos.
  • 21. IMPLICAÇÕES DOS NÍVEIS DE MEDIÇÃO  Dependendo das variáveis que estamos analisando, utilizaremos técnicas estatísticas específicas.  –Uma variável pode ser tratada de forma diferente em termos dos níveis de medição.  –Idade pode ser utilizada como medição de razão, mas também pode ser categorizada para um formato ordinal.  –Ao desenhar o questionário, é preciso considerar o tipo de análise que será realizado após a coleta de dados.  –Se a análise requer dados na forma de medidas de razão, não devemos construir o questionário de forma a criar apenas variáveis nominais.
  • 22. GUIA PARA ELABORAÇÃO DE QUESTÕES  Ao construir questionários, devemos levar em consideração experiências de outros pesquisadores para nos ajudar a gerar dados úteis para análise:  –Questões e declarações.  –Perguntas abertas e fechadas.  –Tornando os itens claros.  –Evitando questões duplas.  –Garantindo competência dos entrevistados em responder.  –Fazendo perguntas relevantes.  –Usando itens curtos.  –Evitando itens negativos.  –Evitando itens e termos tendenciosos.
  • 23. QUESTÕES E DECLARAÇÕES  Pode ser de interesse determinar o quanto as pessoas apóiam determinada attitude ou perspectiva.  Para tal, pode-se buscar resumir essa atitude em uma declaração curta, apresentá-las aos respondentes e perguntar se eles concordam ou não.  Rensis Likert, em 1932, formalizou este procedimento na chamada escala Likert.
  • 24. ESCALA LIKERT  É uma escala gradacional e pode ser baseada em diversos critérios, tais como níveis de satisfação, interesse, concordância e apoio, etc. Há outras escalas além dessa proposta por Likert, p.e. Guttman, Thurstone. “Votar é uma obrigação de todo cidadão responsável.” 1. Discordo totalmente 2. Discordo em parte 3. Não discordo nem concordo 4. Concordo em parte 5. Concordo totalmente
  • 25. PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS  Há duas opções para construirmos as perguntas de um survey: fechadas ou abertas.  Nas perguntas fechadas o respondente escolhe uma opção numa lista apresentada a ele.  Vanteagens das perguntas fechadas:  maior uniformidade de respostas;  maior facilidade de processamento dos dados.  Desvantagem  Perigo de estruturar as respostas inadequadamente.
  • 26. PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS  Algumas diretrizes para a construção das opções de respostas:  Categorias exaustivas: elencar todas as opções de respostas possíveis e incluir a opção “outros”;  Categorias mutuamente excludentes: não forçar o respondente a escolher mais de uma opção, exceto quando se trata de respostas múltiplas, mas estas criam bastante dificuldade no processamento;
  • 27. PERGUNTAS ABERTAS OU FECHADAS  As perguntas abertas podem ser realizadas perguntando-a diretamente ao entrevistado e anotando sua resposta ou solicitando que ele mesmo anote sua resposta.  Vantagens da questão aberta:  O entrevistado possui mais liberdade de resposta;  Auxilia o pesquisador a obter mais informações.  Desvantagens da questão aberta:  Dificuldade de classificação e codificação;  Corre-se o risco de anotações mal feitas;  Demanda muito tempo para a aplicação.  Algumas respostas podem ser irrelevantes para intenção do pesquisador
  • 28. TORNANDO ITENS CLAROS  Quando envolvido com o tema, as perspectivas estão claras para o pesquisador, mas não ficam para os respondentes.  Quando há compreensão superficial do tema, o pesquisador pode deixar de especificar claramente qual a intenção da pergunta.  Exemplo: “O que você pensa sobre o sistema proposto de mísseis antibalísticos?”  A pergunta anterior provoca uma dúvida no respondente: “Qual sistema?”  itens de questionário devem ser precisos, de forma que o respondente saiba exatamente qual pergunta espera-se que ele responda.
  • 29. EVITANDO QUESTÕES DUPLAS  Há o problema de realizarmos uma combinação de perguntasem uma única pergunta.  –Isso pode ocorrer quando o próprio pesquisador possui uma posição pessoal e deseja que o respondente se posicione sobre determinado tema.  –Podemos perguntar se pessoas concordam ou discordam: “O governo deve abandonar o programa Bolsa Família e priorizar programas de geração de emprego?”  –Pessoas podem querer acabar com o Bolsa Família, mas desejam que dinheiro retorne aos contribuintes.  –Outros podem desejar que o Bolsa Família continue e que haja aplicação de dinheiro em programas de emprego.  –Sempre que a palavra “e”surgir em uma pergunta, é preciso checar se não estamos fazendo pergunta dupla.
  • 30. EVITANDO QUESTÕES DUPLAS  Evitar coletar uma resposta única para uma questão que é uma combinação de perguntas.  Exemplo: Você concorda ou discorda que “Os Estados Unidos devem abondonar seu programa espacial e gastar dinheiro com programas domésticos.”  Como regra geral, sempre que aparecer o conectivo “e” certifique-se de que a questão não é dupla.
  • 31. COMPETÊNCIA DOS ENTREVISTADOS EM RESPONDER  Ao pedir informações, é preciso garantir que entrevistados são capazes de responder a perguntade forma confiável.  –Perguntas muito específicase que voltam muito tempo no passado podem ser difíceis de responder.  –Questões técnicaspodem ser bem respondidas por um grupo de pessoas, mas podem não ser entendidas por outros grupos.
  • 32. GARANTINDO A CAPACIDADE DO ENTREVISTADO RESPONDER  Os respondentes serão capazes de responder à pergunta de maneira confiável?  Memória, precisão, etc…
  • 33. FAZENDO PERGUNTAS RELEVANTES  As perguntas devem ser relevantespara a maioria dos respondentes.  –Quando se pede atitudes sobre um tema que poucos pensam ou se importam, os resultados não serão úteis.  –Respondentes podem expressar atitudes mesmo nunca tendo pensadoou tendo conhecimento sobre o assunto
  • 34. FAZENDO PERGUNTAS RELEVANTES  Quando se pede atitudes sobre um tema sobre o qual poucos pensam ou se importam, os resultados tem pouca possibilidade de serem úteis.  O grau em que os respondentes inventam respostas é até certo ponto controlável pelo pesquisador.
  • 35. USANDO ITENS CURTOS  É preciso não ser ambíguo, ser preciso e enfatizar a relevância do tema, mas não devemos formular itens longosou complicados.  –Logística:respondente deve poder ler (ou escutar) um item rapidamente, entender sua intenção, e escolher uma resposta sem dificuldade.  –Para que isto seja possível, precisamos apresentar itens claros e curtosque não serão mal interpretados no momento da entrevista.
  • 36. USANDO ITENS CURTOS  O respondente deve poder ler um item rapidamente, entender sua intenção e escolher ou dar uma resposta sem dificuldade.  Se o questionário é auto-aplicado supõe-se que os respondentes lerão rapidamente as questões e dar respostas rápidas.  Se o questionário é lido pelo entrevistador, os itens também devem estar claros e curtos o suficiente para que o respondente mantenha sua atenção à pergunta.
  • 37. EVITANDO ITENS NEGATIVOS  É preciso evitar a utilização de uma negaçãoem um item de questionário para que não haja má interpretação.  –Ao invés de:  –“Você concorda que os EUA nãodevem reduzir seus arsenais de armas nucleares?”  –Devemos perguntar:  –“Você concorda que os EUA devem reduzir seus arsenais de armas nucleares?”  –A pergunta “As seguintes pessoas devem ser proibidasde lecionar em escolas públicas...” deve ter como categorias de respostas “permitir” e “proibir”, ao invés de “sim” e “não”.
  • 38. EVITANDO ITENS NEGATIVOS  Lembremos que dados de surveysão criadose não apenas coletados.  –Ou seja, a maneira como “procuramos” os dados determinará a natureza dos dadosrecebidos.  –Devemos estar atentos à redação das perguntassobre os resultados a serem obtidos.  –A mera identificação de uma atitude ou posição com uma pessoa ou agência de prestígio pode enviesar as respostas, aumentando o apoio a determinado tema:  –“Você concorda ou discorda da proposta do presidente...”  –Itens também podem ter viés negativo:  –“Você concorda ou discorda da posição de Adolf Hitler...”  –É preciso ter em mente o objetivo da pesquisae construir itens que serão mais úteis para ele, mas não há formas “certas” ou “erradas” de fazer perguntas.
  • 39. EVITANDO ITENS NEGATIVOS  Uma questão que inclui uma negação comumente pode ser mau interpretada.  Exemplo: “Os Estados Unidos não devem reduzir seus arsenais de armas nucleares.”  A maioria das pessoas responderão “não”, mesmo quando favoráveis à redução de armas nucleares.
  • 40. EVITANDO ITENS E TERMOS TENDENCIOSOS  A maneira como os dados são procurados determina a natureza dos dados recebidos.  Atenção ao efeito das perguntas sobre os resultados que obterá!  Exemplo de viés negativo: “Você concorda ou discorda da posição de Adolf Hitler quando declarou que…”  Exemplo de viés positivo: “Você concorda ou discorda da posição de Madre Teresa de Calcutá quando declarou que…”
  • 41. QUALIDADE DAS MEDIÇÕES  Alguns critérios geraissão importantes para garantir a qualidade das medições:  Precisão.  Confiabilidade.  Validade.
  • 42. QUALIDADE DAS MEDIÇÕES  A operacionalização dos conceitos deve ser guiada parcialmente pela compreensão do grau de precisão requerido.  Exemplo: idades em anos ou faixas de idade.
  • 43. PRECISÃO  Pode-se fazer medições com graus variados de precisão: qualidade das distinções feitas entre os atributos de uma variável.  –Medidas precisas são superiores a medidas imprecisas.  –Porém, precisão nem sempre é necessáriaou desejável.  –Talvez não seja necessário dizer que a população brasileira recenseada em 1º de agosto de 2010 é de 185.712.713 pessoas, mas simplesmente de 185 milhões de pessoas.  –Exatidãoé outra qualidade importante nas medições de pesquisa, a qual determina se a informação realmente reflete o mundo real.
  • 44. CONFIABILIDADE  Confiabilidade é o problema de uma determinada técnica, ao ser aplicada repetidamente a um mesmo objeto, produzir, a cada vez, os mesmos resultados.  Como se criam medições confiáveis?  Faça apenas perguntas cujas respostas as pessoas provavelmente sabem, pergunte coisas relevantes e seja claro no que está perguntando.
  • 45. CONFIABILIDADE  Confiabilidadeé a qualidade de uma determinada técnica produzir os mesmos resultados, ao ser aplicada repetidamente a um mesmo objeto.  –A confiabilidade não garante a exatidão, já que podemos chegar a um mesmo resultado várias vezes, mas de uma forma que não reflita o mundo real.  –Perguntas que buscam muitas informações passadasnão são confiáveis.  –Perguntas que as pessoas acham irrelevantestambém levarão a respostas não confiáveis.  –Há problema de entrevistadores diferentesobterem respostas diferentes.  –Pessoas diferentes podem codificar as mesmas respostas abertasde forma diferente.
  • 46. CONFIABILIDADE  Os métodos para maximizar a confiabilidade são bastante diretos:  –Faça apenas as perguntas cujas respostas as pessoas provavelmente saibam.  –Pergunte coisas relevantes para as pessoas.  –Seja claro no que está perguntando.
  • 47. VALIDADE  Validade se refere ao grau com que uma medida empírica reflete adequadamente o “significado real” do conceito considerado.  Validade aparente: certas medidas empíricas podem ou não coincidir com nossas convenções e imagens mentais associadas a um conceito.  Validade preditiva ou relacionada a critério: baseia-se em algum critério externo.  Validade de conteúdo: refere-se ao grau que uma medida cobre a amplitude de significados incluídos no conceito.  Validade de construção: baseia-se no modo como uma medida se relaciona a outras variáveis num sistema de relações teórica.
  • 48. VALIDADE  A validadeé o grau com que uma medida empírica reflete adequadamente o significado real do conceito abstrato.  –Validade aparente:podemos não concordar totalmente com determinado indicador para medir um conceito, mas devemos pensar se há alguma relevância neste indicador.  –Validade operacional:pesquisadores já chegaram a acordos sobre melhor forma de medir alguns conceitos.  –Validade relacionada a critério (preditiva):usa critério externo (medir vestibular por notas na universidade).  –Validade de conteúdo:refere-se ao grau com que uma medição cobre a amplitude de significados do conceito.  –Validade de construção:uma medida deve se relacionar com outras variáveis da forma como se prevê teoricamente.
  • 49. TENSÃO ENTRE VALIDADE E CONFIABILIDADE  A especificação de definições operacionais e medições confiáveis parecem, frequentemente, roubar a riqueza de significado do conceito.  Se não houver um consenso sobre como medir um conceito, meça-o de várias formas.  Se o conceito tiver várias dimensões, meça-as.  O conceito não tem qualquer significado além daquele que você lhe atribui e a única justificativa para dar um significado particular a um conceito é a utilidade.  A meta é medir conceitos de forma a nos ajudar a entender o mundo que nos cerca.
  • 50. TENSÃO ENTRE VALIDADE E CONFIABILIDADE  Muitas vezes há uma certa tensão entre os critérios de confiabilidade e validade.  –Maioria dos conceitos têm riqueza de significadoe é difícil especificar precisamente o que queremos dizer com eles.  –Porém, a ciência precisa ser específicapara poder gerar medições confiáveis.  –Especificação de definições operacionais e medições confiáveisparece roubar de tais conceitos a riqueza de significado, diminuindo a validade.  –Se não há acordo em como medir um conceito, meça- o de diferentes formas.  –Lembre-se que a meta é medir conceitos para ajudar a entender o mundo que nos cerca.
  • 51. FORMATO GERAL DO QUESTIONÁRIO  O questionário deve estar bem distribuído e não amontoado.  Questionários espremidos são desastrosos, seja em surveys por correio ou por entrevista.
  • 57. ORDENANDO AS QUESTÕES  A ordem das perguntas afeta a resposta. Uma avaliação geral sobre um tema pode refletir na avaliação de subtemas e vice-versa.  A solução mais segura é ter sensibilidade para o problema.  Se a ordem das perguntas parece ser uma questão especialmente importante num estudo, pode-se fazer mais de uma versão do questionário, com diferentes ordenamentos de perguntas, criando condições para determinar o efeito dele. No mínimo, pré-testar o questionário usando as diferentes formas.  Perguntas iniciais não devem ser ameaçadoras. Em geral, nos questionários auto-aplicado pede-se dados demográficos (sexo, idade, etc.) no final e nos questionários por entrevista no início.
  • 58. INSTRUÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS  O questionário deve conter instruções para preenchimento das questões seja ele auto- aplicado ou por entrevistas.  Algumas perguntas requerem instruções específicas.  Instruções suplementares ao entrevistador sempre são necessárias.
  • 59. INTRODUÇÃO  Se o questionário está ordenado em subseções por conteúdo – p.e. atitudes políticas, religiosas, dados básicos – é útil introduzir cada seção com uma declaração curta sobre o seu conteúdo e finalidade.  Exemplo: “Nesta seção, gostaríamos de saber quais problemas comunitários as pessoas por aqui consideram os mais importantes.”
  • 60. REPRODUÇÃO DO QUESTIONÁRIO  Fazer cópias suficientes para a coleta de dados.  Considere o tamanho da amostra, o número de cartas de acompanhamento, manual do entrevistador e nas cópias adicionais.

Notas do Editor

  1. O uso conjunto de questões e declarações permite maior flexibilidade ao desenho dos itens e pode tornar o questionário mais interessante.
  2. Desvantagem ocorre na estruturação das respostas, já que podemos esquecer de colocar categorias nas variáveis