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Contributo para a
História da Paróquia
de São Cipriano de
Paços de Brandão

CARLOS ALBERTO SEQUEIRA VARELA
DEZEMBRO / 2012
2

NOTA EXPLICATIVA
O opúsculo de que vou tratar, não tem o intuito de esclarecer quem quer que
seja, pois tal, para a maioria, tornar-se-ia inútil. Vejo pois aqui antes a
pretensão de resolver um dos grandes problemas, quiçá histórico, que tem
envolvido as origens da nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão.
Foi com paixão, e com um exame desapaixonado, superior às vicissitudes e
aos homens da política de momento desta Vila, que eu venho convidar os
meus concidadãos, a também, livremente se exprimirem, e, dentro da sua
inteligência, dos seus conhecimentos, se associarem e descobrirem as origens
desta povoação. Amanhã, talvez o dedo fatídico da história, nos possa apontar
esta tremenda sentença: «É muito tarde!.»
Os “CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE PAÇOS DE
BRANDÃO”, não nasceram do ocaso, foram fruto de muita dedicação, amor,
trabalho, também, e são a maneira mais económica e simples, de as levar ao
conhecimento de uma população. Seria mais lógico, julgo eu, que o fizesse na
publicação de um livro, que até está pronto e publicitado, e, que até é do
conhecimento das autoridades desta freguesia. Não o coloco à venda, pois o
seu preço de venda é demasiado elevado, para o comum do cidadão. Julgo
que se as instituições públicas desta freguesia estivessem vocacionadas para
um singelo apoio a esta actividade cultural, tal poder-se-ia efectuar, contudo,
como vai para um ano que espero uma resposta, desisti de tal sonho.
É claro que ninguém está interessado em cultura, quer seja moral, intelectual,
histórica, etc., os sistemas que alimentam a política esquecem-se que, nascem,
crescem e morrem na época própria, determinada. Não são eles que devem
gerir a sociedade, mas o inverso. Pretender impor uma determinada opinião ao
comum do cidadão, é, dizem os livros, uma tirania.
Para terminar, quero deixar aqui expresso os meus sinceros agradecimentos,
primeiro aos Administradores do Blogue “O ENGENHO NO PAPEL”, que nos
últimos três anos têm tido a «paciência» de publicar os meus escritos sobre a
nossa Terra de Paços; em seguida ao “ NOTÍCIAS DE PAÇOS DE
BRANDÃO”, e ao seu corpo redactorial, pela publicação da entrevista que me
efectuaram. Efectivamente foram as únicas entidades que deram cobertura e
um certo apoio moral, para que os objectivos a que me lancei, fossem em parte
alcançados.
Como diz Oliveira Martins: «Esta é a verdade. Exaltar as paixões, acender a
chama negra do ódio nas trevas densas da ignorância geral é uma temeridade,
pode mesmo ser um crime. No revolver tempestuoso da sociedade naufraga a
razão, domina o delírio, e as mais das vezes vence a imoralidade».
3

Quanto ao meu trabalho, julgo que procurei fazer «boas coisas»; é que «as
grandes coisas» não se fazem: nascem espontaneamente, aparecem quando
as condições naturais lhe determinam a nascença.
É claro que é muito complicado escrever-se para um público, que não tem ou
ignora, a noção clara do que é HISTÓRIA. De história apelidam-se muitas e
diversas coisas, que levam a uma confusão, por vezes deliberada, ao leitor
menos atento. Procurei, nos meus «escritos históricos», dar a conhecer o que
é História, os métodos de que se serve, enfim destrinça-la de uma certa
literatura de ficção, que hoje é tanto usual. Se tiverem paciência de lerem os
meus “ Contributos Para a História da Paróquia de São Cipriano de Paços de
Brandão”, encontrarão as ideias que tenho sobre as verdades da origem desta
Terra de Paços, expostas face ao rigor que o método da história obriga.
Se eu tivesse, a honra de ser professor de história, diria aos meus alunos,
aquilo que coloquei na elaboração destes “Contributos”, amor pela verdade
histórica, nunca afirmar nada sem ter um suporte documental, e estou certo
que eles haviam de tomar gosto ao exercício, descobrindo o encanto
extraordinário que há no estudo da sociedade humana.
A todos os leitores e críticos, dos meus artigos sobre História Local de Paços
de Brandão, os meus agradecimentos e votos sinceros de os ter por
companheiros nesta caminhada, para que as origens da nossa Terra sejam
melhor compreendidas, e, que os objectivos da sua verdade histórica sejam
alcançados.

Paços de Brandão, Janeiro de 2013

(Carlos Alberto Sequeira Varela)
4

CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE
SÃO CIPRIANO DE PAÇOS DE BRANDÃO
HISTÓRIA LOCAL
O que poderá levar ao conhecimento da história de um pequeno espaço, em
que a vida se foi desenvolvendo, em tempos, que quase se perdem na
memória das pessoas?...Primeiro que tudo, tem que haver um certo amor a
essa terra, para que se possa efectuar a sua História Local. Depois, tem que
existir uma certa curiosidade, em conhecer a comunidade em que estamos
inseridos. Não é fácil encontrar soluções que agradem a todos, não é fácil
aplicar os conceitos normais de história, sem ferir, por vezes, certas
concepções previamente estabelecidas, e, muitas vezes descritas de tal
maneira afastadas da realidade. Não é fácil fazer crer às pessoas que outro
motivo, senão o se ter encontrado um passatempo delicioso, nos leva a
pesquisar o passado de uma certa paroquia e contribuir, assim para um melhor
conhecimento do seu passado e principalmente da sua origem.
Por vezes, certas autarquias encomendam uma Monografia da sua terra. A
pessoa encarregada de a fazer, nem sempre o faz com gosto e muitas vezes
afasta-se do critério histórico. Certos acontecimentos são narrados, de tal
maneira enfatizados, e com o objectivo de celebrarem qualquer data, que ao
leitor mais atento, e, conhecedor de história, não passará despercebido, tais
imprecisões históricas.
A História Local, tem que se servir de fontes, o que nem sempre é fácil de
encontrar, mas encontradas elas devem ser publicadas, são as provas do que
se escreveu e poderão servir para novos investigadores. Temos que ter um
cuidado muito especial na análise e crítica de fontes manuscritas, referentes à
localidade que pretendemos retratar, é que alguns autores tentam, de certa
maneira, glorificar a sua terra sem olharem a meios, em História Local, não se
pode «inventar».
Um dos grandes problemas que se encontra, e no que concerne a heráldica e
genealogia, quando se investiga a origem de uma terra, que é referenciada em
documentos na idade média com um nome, por exemplo, «Palatiolo», e, que
em determinada época aparece acrescentado com um nome patronímico,
«Palaciolo Blandom» (século XIII), é determinar o momento e as causas que
levaram a que tal se operasse.
5

Por vezes, certos Autores de Monografias escolhem a maneira mais fácil ou
mais conveniente, de retratarem as origens de uma Paróquia. Descrevem-nos
coisas totalmente abstratas e fora da realidade histórica, é notório tais factos se
relacionarem com heráldica e genealogia, lê-se coisas incríveis, como a de no
século XI, estarem relacionadas casas brasonadas a pessoas que lhes dão
certas e determinadas origens, sem contudo nos fornecerem qualquer suporte
documental.
Nunca é demais lembrar o que o Visconde de Sanches de Baena, nos diz em
“Archivo Heraldico – Genealogico” – Lisboa, 1872, acerca de «cartas de
brasão», e do que se passou desde o seu uso em Portugal até ao século
dezanove.
Diz-nos que: «A carta de brasão de armas mais antiga que se encontra hoje
(1872) nas chancelarias dos reis de Portugal é a que foi mandada passar a Gil
Simões por el-rei D. Duarte, trinta dias antes da morte deste monarca: o que
não obsta a que, cinquenta anos antes, o uso legal das armas de família fosse
instituído e determinado por sanção régia».
Com a morte de D. Fernando, e as lutas entre a sua filha a rainha D. Brites,
casada com D. João de Castela, e, o mestre de Aviz e rei D. João I, filho
bastardo de D. Pedro I, grande parte das famílias nobres que seguiram a
opinião de Castela ficaram extintas e acabadas de todo, e algumas que
sustentaram as partes de el-rei D. João I foram de novo levantadas a grande
lugar. Estas não eram antes conhecidas; para se acreditarem com o povo
tomaram em muitas partes os apelidos e armas de outras famílias antigas, que
lhes não pertenciam. E assim diz-se que no dia da batalha de Aljubarrota
estavam as bandeiras dos aventureiros, cheias de várias armas e insígnias,
que a muitos não competiam.
É sem dúvida no reinado de D. João I, e depois da batalha de Aljubarrota, que
teve princípio em Portugal a arte heráldica; a qual era exercida exclusivamente
pelos reis de armas, arautos e passavantes, sob a denominação de oficiais de
armas.
Com os trágicos acontecimentos do 1º de Novembro de 1755, em
consequência dos incêndios que se declararam nos prédios atingidos pelo
terramoto na parte baixa de Lisboa, perderam-se treze valiosíssimos livros do
Cartório da Nobreza, em que estavam registadas cerca de três mil cartas de
brazões de armas; destas apenas cento e cinquenta foram salvas, por se
acharem copiadas em um livro particular que estava fora do cartório, e que
pertencia ao reformador de então, frei Manuel de Santo António.
O Visconde de Sanches de Baena, em página XVII, dos Preliminares ao livro
“Archivo Heraldico – Genealogico”, diz-nos que, «…quão imenso é o numero
de pessoas, que na actualidade (1872) se pavoneiam com brasão de armas, na
6

portinhola de suas carruagens, em aneis, e nos diferentes lugares em que eles
se podem colocar, isto em flagrante contravenção de todas as leis antigas e
modernas, e a despeito das penas nelas cominadas.» (Há uma lei que determina
que dentro do prazo de dois meses todas as graças e mercês regias sejam registadas
no Real Arquivo, sob pena de ficarem de nenhum efeito: mas não obstante esta
disposição poucos são os brazões, tanto de mercê nova como de sucessão, que vão
ao registo competente.).

«E note-se que sobre todos são os titulares os que com mais ostentação
incorrem nessas penas!»
Até ao ano de 1856 existiam, não menos, de trezentos e quinze titulares; desde
então para cá tem crescido prodigiosamente o número de titulares. É-nos
referido que desde 1841 se tem passado cento e trinta e quatro cartas de
sucessão, e de mercês novas quarenta e uma (pertencentes dezasseis destas
aos anos decorridos de 1865 a 1872). São mais as mercês novas neste
período que todas as concedidas em todo o tempo anterior da monarquia, a
contar de 1438! Causa espanto e admiração como se têm dado tantas mercês
novas ultimamente a pessoas, que pela maior parte nem ao menos alegaram
haver prestado alguns serviços ao país, quando semelhantes graças só podem
ser conferidas por virtude de relevantíssimos serviços autenticamente
provados. Por um lado impõe o governo, um direito quase proibitivo a quem
quer fazer uso legal de suas armas; pois de cada carta de brasão passada hoje
entram nos cofres públicos 242$000 réis – e por outro concede-as de um modo
pouco decoroso, porque as facilita ao primeiro bem-vindo que pode e quer
pagar as despesas – a até consente, tolera e apoia que todo o mundo as traga
sem pagar nada!... Apoia, dizemos; porque em repartições públicas, tanto
eclesiásticas como civis, há chefes que usam de selos e «signetes» com armas
que ou não são suas, ou se o são não pagaram para as usar os competentes
direitos.
É neste contexto e nesta época que, o padre José da Cruz, reformador do
cartório da Nobreza, que através de «uns títulos conservados entre papéis», e,
sem qualquer outro suporte documental, nos diz que os Brandões são
originários da Normandia, pois dois irmãos, Fernando e Carlos Brandão, de lá
passaram a Portugal com o conde D. Henrique. Cristóvão Alão de Morais, em
“PEDATURA LUSITANA”, dá-lhes como origem a Inglaterra, no entanto abre o
título de Brandões com o Conde D. Pedro, «O Conde D. P.º no seu livro não
faz título particular dos Brandões, e só fala neles por razão de algumas
mulheres com que casarão». Felgueiras Gayo, em “NOBILIÁRIO DE FAMÍLIAS
DE PORTUGAL”, abre o título de “BRANDOENS”, com Gracia Martins
Brandão, casado com D. Mayor Rz de Urro (Brandoins antigos) e em
Brandoens, diz-nos que: «O Primeiro de que temos notícia é de Carelos
Brandão que passou a este Reino no tempo do Conde Henrique e jaz
enterrado no Mosteiro de Grijó: tomou o Apelido de Brandão por assistir no
7

Passo de Brandão: era o dignatário Carelos Brandão Fidalgo Inglês.» Não nos
diz com quem casou, mas aponta-lhe um filho: Martin Brandão.
Como acabamos de observar a situação em que se encontrava a Nobiliarquia
Portuguesa nos séculos XVII – XIX era mesmo uma questão deveras
complicada. O problema, já se tinha verificado no tempo do nosso Rei D. João
I, com a Restauração em 1640, veio novamente a sofrer diversas alterações,
pois os nobres partidários dos Filipes, foram «varridos» das suas funções e os
seus títulos de nobreza entregues aos partidários do Rei D. João IV; com o
terramoto de 1º de Novembro de 1755, sucedeu o que atrás ficou relacionado;
com D. Maria I, devido às invasões francesas, tudo se deslocou com a família
real para o Brasil; nas lutas entre D. Miguel I e seu Irmão D. Pedro IV e no
reinado de D. Maria II, sucedeu aquilo que o Visconde de Sanches de Baena
nos descreve; era um pântano cultural e político e como que numa pedrada
nesse charco, surge-nos o Alexandre Herculano, cujos trabalhos históricos são,
ainda hoje, de consulta obrigatória para os nossos historiadores.
Espero que o que acabaram de ler, sirva de reflexão, e de incentivo a uma
procura mais esclarecedora em matéria de história. Em artigo que, em breve,
terão oportunidade de ler, será dedicado, aos BRANDÕES e as suas origens e
procurarei explicar o porquê de dizerem que eles tiveram origem na
Normandia, Inglaterra, França, Irlanda, etc., e não aceitarem a sua origem em
terras do actual Portugal. Procurarei estabelecer a sua relação com a nossa
Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão.
8

DO PALATIOLO AO PAÇOO
Em as «VILLAS» do Norte de Portugal encontra-se uma descrição, deveras
interessante, e que nos leva a ter uma melhor percepção, do que era, no tempo
dos Romanos, um «palatium»: - «Com o seu terreno fresco e abundante de
nascentes, era uma pequena propriedade, regulando por 60 hectares,
repartidos agora por quatro casais de lavoura e cinco cabanas. Uma gleba
denominada – campo de paço (palatium), está a revelar a sua organização
romana; nele esteve a villa urbana, a antiga habitação do dominus, do primeiro
proprietário deste prédio».
Foi a vivendas, semelhantes à descrita, que eram térreas, a que o povo
chamou palatium (paço), menos pela aparência grandiosa que não tinham,
mas por estar nela a administração de seu pequeno mundo e aí residir o
dominus, quase o seu soberano.
Uma vez porém que a villa urbana por força havia de ter existido, visto ser um
elemento essencial da ordem no regime romano e visigótico, a sua
denominação própria, aparece-nos fixado na toponímia, encontramos já no ano
de 747, em documentos da Galiza, um nome comum antigo – palatium, cuja
significação se adapta a essa vivenda dominical – Palatio – Palatii – e em
nossos documentos como – villa palatiolo (ano de 922, 924 …) – palatio (ano
de 950). Esta palavra foi de prática seguida e prolongada, sem o que não se
teria gravado no onomástico local, contendo uma noção de autoridade ou de
governo, adoptou-a aqui o povo no tempo romano para exprimir a habitação do
proprietário , pois era este realmente quem governava todos os habitantes da
«villa»; do mesmo modo então ela se chamava também «praetorium», cujo
sentido no fundo é quase idêntico.
Em “OPUSCULOS”, Volume I – FILOLOGIA (Pgs. 546 a 550), de J. Leite de
Vasconcellos, Coimbra 1928 – Imprensa da Universidade, encontramos
elementos para a história da palavra PALATIUM, que em parte vou
transcrever:
«Ás vezes por motivos fonéticos e históricos as palavram experimentam, no decorrer
dos séculos, transmudamentos curiosos, acontecendo que de uma que a princípio
tinha certa forma e significado resulta, após muito tempo, outra ou outras muito
diversas da primeira. Vou dar um exemplo.
Dos sete montes em que Roma fôra edificada, ou Septimontium, um chamava-se,
como é sabido, Palatium, denominação talvez proveniente, como quer o Dºr. Walde,
de palus, «estaca»: do que poderemos concluir que aí teria havido em data
antiquíssima uma «estacada» ou «estacaria», defesa militar, que muitas vezes se
observa em povos de carácter primitivo. No Palatium estabeleceu o Imperador
9
Augusto a sua habitação, o que os sucessores continuaram fazendo. Disto veio o darse ao edifício o nome do sítio, e tornar-se palatium nome comum na acepção de
«morada de monarca».
«…Este fenómeno que, aplicado individualmente ao estilo, os retóricos chamam
metonímia, é muito corrente na língua moderna, e basta abrir um dicionário para
encontrar, por exemplo: madeira, em vez de vinho produzido na Ilha da Madeira, etc.
Palatium tinha o adjectivo palatinus, por exemplo, colles platini. Este adjectivo
aplicou-se naturalmente à morada imperial e à côrte: domus palatina ou «palácio
imperial»; palatinus «dignitário do palácio», «cortesão». Este sentido de nobreza
transparece no comes palatinus ou «conde palatino» dos antigos estados
germânicos. Os Italianos, alterando um pouco a ideia, fizeram daqui paladino, no
sentido de «herói cavaleiresco», e a palavra passou a França na forma de paladin,
para a Espanha na de paladin, e para Portugal na de paladino, que tem a par
também paladim.
O latim palatinus seguiu ainda outro caminho, passando à classe de cognome
(romano), que com o andar do tempo veio a ser verdadeiro nome próprio. Nesse
significado temos em documentos nossos do século XI Paladinu, a que correspondem
os patronímicos Paladinici e Paladiniz. De Palatinu, como nome de donos de
propriedades, veio Paadinho, hoje Padinho, que decerto se pronuncia pàdinho,
nome de duas povoações nos concelhos de Fafe e Guimarães. No feminino há o
moderno apelido da família Padinha, que sei se pronuncia padinha. Do genitivo
Paladini, em compostos como villa Paladini, segundo um tipo muito usual na idade
média, veio Paadim, que aparece no século XIII; e por último Pádim ou Pàdim, nome
de seis lugares no Minho. Comparáveis a Palatinus, na qualidade de cognome
romano, temos na nossa língua actual, pelo menos no aspecto externo, os apelidos
Cortesão e Côrte – Real.
Voltemos a palatium, substantivo comum. Palatium designou na Idade Média, como
tradição romana, a habitação do proprietário de um terreno: donde, por intermédio de
paaço, que ainda existia no século XIV, vieram Paço e Paços, como nomes
geográficos muito espalhados por todo o Portugal, com especialidade no Norte e
Centro ou Beira, regiões em que a palavra teve seu berço. A Paço e Paços se ligam
os diminutivos geográficos Pacinho e Pacinhos. Outro diminutivo geográfico é Pàçô,
igualmente muito usado no Norte e no Centro, o qual, por intermédio das formas
medievais (geográficas) Palatiolo, Palaciolo, ou melhor Paacioo, Paaçoo, provém
directamente de palatiolum, à letra, «palácio pequeno», pronunciado no latim vulgar
palatiólu.
Em alguns dos citados exemplos notámos que muitos nomes de povoações provêm
de nomes próprios de indivíduos. Entenda-se que estes eram senhores de quintas,
«villas», etc., que no decurso das idades aumentaram de moradores, e se tornaram
aldeias e maiores povoações. Ás vezes acontece que os mesmos nomes geográficos
passam a significar nomes pessoais: quantos apelidos não há, que soam Paço e
Paços?…É possível que os apelidos que se escrevem Passos, com dois ss,
pertençam, em parte, à classe que estou estudando, embora alguns possam provir de
ideias religiosas, isto é, de Senhor dos Passos, como Ascenção, etc.
10
Além da significação de habitação de um senhor ou proprietário, paço, ou o latinismo
palácio, conserva a anterior tradição romana de «habitação de monarca». A todo o
instante falam os nossos textos medievais de palatium Domini Regis, por exemplo
mas Leges, p. 694, de 1260. Paralelamente a paço e palácio real temos paço
episcopal, paços do concelho, e como nome próprio em Lisboa Terreiro do Paço,
por paço de Governo.
Na língua usual chamamos por isso palácio a um edifício grande. Com paço real se
relacionam os adjectivos arcaicos pàceiro e paaceiro (títulos de cargos), e
palaciano, forma restaurada da medieval pação, latim palatinus. É notável que assim
como palatinus se tornou nome próprio, também palatianus. Os documentos
medievais de Portugal têm Paaciano e Paaciana, como nomes geográficos do século
XIII, provenientes de nomes de proprietários: o segundo está ainda hoje
representando em Paçam, por Pàçam, ou Pàçã, nome de um lugar na Beira Alta.
E assim termino, pois me parece que fica justificada a afirmação que comecei por
fazer: que as palavras têm muitas vicissitudes. No caso presente vimos que as
estacas secas que constituíam a primitiva paliçada que foi Roma reverdeceram
pujantemente, dando vergônteas que se tornaram, ora nomes de domicílios
principescos, e símbolos de aventura, ora designações de pessoas e de localidades.
Tão alto pôde subir a ramificação, que por palácio ou paço celeste entendem os
crentes a morada de Deus, e já os pagãos diziam palácio de Jove!»

Em conclusão ao que ficou dito da evolução e história da palavra que começou
por designar uma paliçada e acabou Paço Real, resta-me apresentar as datas
e documentos em que tal se passou, na Idade Média, ao nosso «PAÇOS» .

Data

documento

denominação

773 (?)

Diplomata et Chartae – Doc. I

992

Idem

- Doc. XXV

PALATIOLO

1025

Idem

- Doc.CCLVII

PALACIOLO

1134

Baio-Ferrado (b)

- Doc.206

PALATIOLO

1135

Idem

- Doc.209

VILLA PALATIOLO

1137

Idem

- Doc.207

PALATIOLO

1141

Idem

- Doc.210

VILLA PALATIOLO

1146

Ordre du Temple (c)

- Doc.CCCCIII PALATIOLO

1159

Baio-Ferrado

- Doc.211

(a) VILLA PALACIOLO

K(arta)PALACIOLO
11

(a) – Além da data referente ao ano de 773 levantar algumas dúvidas, também
a referência à «Villa Palaciolo» que lá se encontra, poderá não dizer respeito à
nossa terra de São Cipriano de Paços de Brandão, no entanto é de notar que já
naquela data e, a Sul do Rio Douro, tal denominação já se encontrava
assinalada.
(b) – Le Cartulaire BAIO – FERRADO du Monastère de Grijó - Introduction et
Notes de Robert Durand – Fundação Calouste Gulbenkian (CCP) – Paris 1971.
(c) – Cartulaire Générale de L´Ordre du Temple.
12

O CARTULÁRIO BAIO-FERRADO DO MOSTEIRO DE GRIJÓ
Um Cartulário, como se sabe, é um registo de documentos de uma
determinada época, referentes a uma instituição religiosa. No caso presente,
refere-se ao Mosteiro de Grijó, séculos XI – XIII. Não me vou ocupar da
historiografia do Mosteiro, mas sim ocupar-me, de uma maneira muito simples
e resumida, da importância, muito relevante, que o Cartulário de Baio-Ferrado
tem para o conhecimento da História – Local da nossa Paróquia de São
Cipriano de Paços de Brandão. Oportunamente a historiografia do Mosteiro de
São Salvador de Grijó, bem como o de Pedroso, será tema de mais um artigo.
Nem sempre se encontram documentos medievais publicados, em latim, e com
tanto rigor histórico, como aqueles que estão expressos em “LE CARTULAIRE
BAIO-FERRADO DU MONASTÈRE DE GRIJÓ”. Introdution et notes de
ROBERT DURAND – Fundação Calouste Gulbenkian (Centro Cultural
Português), Paris 1971. São, nas palavras de J. Mattoso,«riquezas escondidas,
que Robert Durand põe ao alcance dos historiadores», levam-nos a percorrer o
Mosteiro de Grijó, desde 18 de Dezembro de 922 até ao ano de 1264.
É este o trabalho, de que me vou utilizar, para dar a conhecer todas as
entradas que se referem a Paços de Brandão, não vou transcrever os
documentos, contudo se alguém tiver curiosidade em os conhecer, estou à
disposição para lhes facultar a sua consulta e respectiva leitura. Em nenhum
documento deste Cartulário é referida qualquer personalidade com o apelido
de «Brandão» ou idêntico a tal, em documentos referentes a Paços, o que,
como já foi tratado, por mim, só se encontra no Livro das Campaínhas,
referente aos Fidalgos Naturais deste Mosteiro.
No entanto encontra-se no Doc.216 de 17 de Janeiro de 1126 uma
personagem com o nome de «Tructesindo Brandiaz», referente a uma venda
de Mendo Ramires e sua mulher, Godinha Mendes, a Nuno Soares e sua
mulher, Elvira Gomes, por 50 «módios», as suas propriedades em Vermoim e
quatro salinas.
No Doc. 128, de 1079, 12 de Abril, em que Fernando e Eio Truitiz vendem a
João Ataniz, por dois «bracales» dobrados, a sua propriedade de Tarouquela, é
testemunhado por: «Fernandus, ts; Brandia, ts; Didacus, ts; Pinnoo, ts.
Sesnandus notuit.»
São estes os únicos documentos em que são intervenientes pessoas, que
usam nos seus nomes, Brandiaz (Doc.216 de 1126) e Brandia (Doc. 128 de
1079).
Para um melhor esclarecimento, para aqueles menos familiarizados com estes
assuntos, relaciono documentos em que a Condessa D. Teresa é interveniente
e que vem sustentar as afirmações de que se o Conde D. Henrique, com quem
13

era casada, tivesse doado qualquer propriedade situada em Paços, de certeza
que estaria referida neste Cartulário e confirmada pela «regina Tharasia de
Portugale», em representação de seu pai Afonso VI de Leão e Castela.
1112, 15 de Maio – Doc. 34 – A infanta Teresa doua a Mendo Gonçalves e a
sua mulher, Maior Gonçalves, pelos serviços prestados, os bens que possui a
Crasto, (refere-se a casal de Castro em Perosinho, junto da estrada real do
Porto até o lugar de Guimarães). «In Dei nomine. Ego infans Tarasia, boni
regis Alfonsi filia…»
1122, 8 de Março – Doc. 203 – A «Rainha» Teresa doua a Diogo Aires Alvane,
como título de contrato (do qual o montante se eleva a 180 «módios), dos
prédios situados em Casal, Pomar Ermo (?), Covelos e Cardielos. «In Dei
nomine. Ego regina Tarasia, boné indolis regis Adefonsi filia…»

Documentos em que se relacionam bens, transicionados, doados ou
permutados referentes a esta Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão:
DATA – DOC.BAIO-FERRADO
1134, 27 Junho

206

DESCRIÇÃO

- Garcia Odoriz e sua mulher, Sancha Pais, trocam
com Nuno Soares e sua mulher, Elvira Gomes, e
os cónegos de São Salvador, as suas terras em
Paços, por 20 «módios» e uma parte de uma terra
situada em Vila Cova. (…in ville Palatiolo…).

1135, 14 Junho

. 209

- Telo Alvares e sua mulher, Ouroana Mendes,
trocam com Garcia Odoriz e sua mulher, Sancha
Pais, uma terra situada em Paços por outra em
Lavandeira. (…de hereditare nostra própria quam
habemus in villa Palatiolo et subtus monte
Sagittella, discurrente rivulo Maior….)

1137, 12 Fevereiro

207

- Nodario Cides e sua mulher, Elvira Pais, vendem a
Paio Tructesendes, seu sobrinho, por 80 «módios»
a sua propriedade de Paço. (…cartam venditionis
de hereditate nostra própria quam habemus in
villa de Palatiolo…)
14
1138, 29 Janeiro

56

- Boa Pais doa a São Salvador, metade de imediato e
a outra metade, de 1/5 de todos os bens que ela
possue em Paços. (…, quintam scilicet partem de
omni illa quam habeo in villa Palatiolo…)

S.d.-(depois 1138)?

80

Boa Pais e seus filhos bem como Garcia Odoriz e
sua mulher, Sancha Pais, comprometem-se a não
alienar os seus bens sem consentimento de São
Salvador; eles solicitam, em contrapartida, a
protecção do priorado e pedem para aí serem
sepultados.

1140, 6 Junho

94

Ouroana Tructesendes e seu marido, Pedro Pais,
prometem a São Salvador, à sua morte, o 1/5 da
sua propriedade de Paço; eles solicitam aos
cónegos e ao priorado, auxílio e protecção; Ouroana
pede também para ser sepultada no priorado.
(…quam habemus vel habituri sumus in villa de
Palaciolo,…)

1141, Junho

106

Pedro Guterres e sua mulher, Sancha Nunes, de uma
parte, os cónegos de São Salvador, da outra, comprometem-se a não alienar a propriedade que eles têm em
coopropriedade em Paço, senão por mútuo acordo.
(…facimus inter nos placitum legitimum de illa
hereditate quam habemus vel deinceps habuerimus
In villa Palatiolo…)

1141, Junho

210

Pedro Godins e sua mulher, Sancha Nunes, trocam com
Elvira Gomes, os seus bens de Lavadorinhos com outro
situado em Paço.(Et accepimus aliam hereditatem a
vobis in villa Palatiolo).

1143, Maio

90

Gonçalo Pais e sua mulher, confirmam o seu testamento
15
em favor de São Salvador; eles pedem, em contrapartida,
auxílio e protecção aos cónegos e aos priores, e que
sejam aí sepultados.
1143, Abril

92

Pedido idêntico ao anterior, efectuado por Paio Moniz e
sua mulher, Boa Soares.

1156, Abril

208

-Maria Mendes e seus filhos, e Paio Moniz vendem aos
Cónegos de São Salvador, por 20 «módios», a sua
propriedade de Paço. (…de hereditare nostra quam
habemus in villa Palatiolo…)

1159 ?, Dezembro

211

-Gonçalo Soares renuncia a reivindicar como seu, uma
parte de uma propriedade situada em Paço e pertencente
aos cónegos de São Salvador. (Ego Gunsalvus Suariz feci
querimoniam refi Ildefonso de hereditate patris mei seu
avorum meorum quam vos, canonici Ecclesiole, in villa
Palatiolo tenebatis.)
16

OS NORMANDOS NA PENÍNSULA HISPÂNICA
A nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão, é
referenciada, por alguns, como tendo sido fundada por um suposto
fidalgo normando, «Fernand Blandon» (?), que teria acompanhado
D. Henrique de Borgonha, quando este casou com D. Teresa, filha
de Afonso VI de Leão e Castela. Intencionalmente ou talvez não, o
que nos contam sobre os Normandos, resume-se quase a nada.
Foi fácil arranjar uma personagem, validada pelo menos por três
personalidades, o sacerdote, o escritor e o político, para ser de tal
maneira enfatizada, que lhe deram o ano de 1095 como entrada
nesta Paróquia de Paços de Brandão, e, nem sequer quiseram ou
souberam, saber da história dos «Normandos» na Idade Média.
Julgo que se tivessem consultado qualquer manual de História
Universal sobre a Idade Média, ou uma crónica que nos diz
directamente respeito, estou, como é óbvio a referir-me à
“CRÓNICA GERAL DE ESPANHA DE 1344”, cuja edição crítica do
texto português, efectuada por Luís Filipe Lindley Cintra; e teriam
mudado de opinião, os «historiadores» e «intelectuais» desta terra
não quereriam ter um antepassado que se identificasse com
aqueles, que, de seguida vou levar ao Vosso conhecimento.
Certamente que encontrariam outro. O que era preciso, presumo
eu, seria encontrar alguém, não importa quem, logo que tivesse no
apelido algo idêntico a «Brandão», para que se festejasse, com
pompa e circunstância, um qualquer aniversário.
Mas não se julgue que é só na Crónica Geral de Espanha que tal se
encontra. Consulte-se, por exemplo, “HISTOIRE – DESCAPÉTIENS
– Rois de France, par M. Le Comte de Ségur – Paris
M.DCCC.XXIV” e verifiquem o que lá se encontra sobre os
Normandos: «Les Rois de France regrettaieent constamment la
perte d´une de leurs plus belles province, conquise sur eux par les
guerriers du Nord; ils regardaient les ducs de Normandie comme
des vassaux infidéles, comme des rivaux et voisins dangereux».
17

Agora, tirem as conclusões e digam-me, se o que vão ler é ou não
um bom contributo para que se estude, com seriedade, a história
desta Paróquia?...

O que vieram fazer os normandos à península?...
Consultando-se a “CRÓNICA GERAL DE ESPANHA DE 1344”,
edição crítica do texto português pelo Académico Correspondente,
Luís Filipe Lindley Cintra – Lisboa – 1954 (Academia Portuguesa de
História), Volume II, pgs.411/412; 422/423 – Volume III, pgs.108 a
110, fica-se a saber o que vou tentar, de uma maneira muito
simples, transcrever, mantendo o texto original, para melhor
compreensão dos interessados por estes assuntos:
VITÓRIA DE RAMIRO I SOBRE OS NORMANDOS
Capítulo CCLVII
Como el rei dom Ramiro venceu os Normaãos e matou todollos os altos homeens que se lhe
alçarom
«Andados quatro ãnos do reynado deste reiy dom Ramiro – e foy esto na era de oitocentos e sateenta e
dous annos e andava o anno da encarnaçon de Nosso Senhor Jhesu Cristo em oitocentos e viinte e
quatro annos e o da Luys, emperador de Roma e rey de França, em quatorze – chegarõ ao faro de
Galiza, con muytos navios, os Normaãos, que era huam gente muy crua, segundo conta a estória. E
aquella gente, que assi era crua, era pagãa, que nunca ainda tanta fora vista em Espanha toda.
Mas, contra Espanha, todallas as gentes do mundo se atrevyã a vur guerrear e entralla e assenhoreala e
fazer hy todo o que quiserom. Pero, aacima todos se acharom mal, ataa que se acabou ennos Godos. E
desi ficou ennos naturaaes, que foron depois guaanhandoa dos outros e espargeron muyto sangue por
ella, morrendo hi muytos altos homeens e de grande guisa e, doutros, muytos a maravilha, destes
enmiigos da fe; ca, do mar de Sancto Andre ataa o mar de Calez, nõ lhes ficou / enton senõ muy pouco.
E esto he no reynado do muy nobre rey dom Sancho, o quarto, na era de mil e trezentos e viinte e sete
annos.
E, ermpos esto, veerõ cõtra aquella gente dos Normaãos. E, logo que soube el rei dom Ramiro como
elles veherõ, sacou sua hoste muy grãde e foy lidar con aquellas gentes bravas; e prougue a Deus que
tam de ryjo ferio en elles que se vencerõ os Normaãos, pero que eram gente áspera e forte, segundo
conta a estória, e morreron hy muito deles. E assi foi ally beadante el rei dõ Ramiro que os venceu e os
dasbaratou; e mãdoulhes hi logo poer fogo aa frota e queimoulhes hi sateenta naves. E, daqueles
Normaãos, os que poderon scapar daquela queyma fogiron cõ alguans dessas naves pelo mar. E
guaanharon hi, el rey dõ Ramiro e os cristaãos, muytos esbulhos e muytas riquezas.
E, os Normaãos saydos da terra, tornousse el rey dõ Ramiro saão e salvo e com grande presa e muy
alegre, elle e toda sua hoste, pera seu logar. E aquellas naves dos Normaãos, que dalli scaparon, veherõ
come de cabo sobre Sevilha e combaterõna. E, como estava a cidade quebrantada da outra gente que
dissemos antes desto, nõ poderon acordar sobre si tam bem que se defendessem deles. E quebrantarom
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os Normaãos a villa. E morrerõ hy muitos deles. E levaron ende os Normaãos grãnde prea, segundo
conta a estória, e tornaronsse per mar pera sua terra.
En quanto esto acõteceu, creceu a este rey dom Ramiro muy grãde contenda em sua terra. E foy per esta
guisa: huum cõde, que avia nome Alderado, e outro conde, que chamavam Privyolo, com sete filhos
seus,alçarõsse cõ sobervha e loucura contra este rey dõ Ramiro. E elle prendeuhos e sacou logo os
olhos ao Alderado e mãdou escabeçar a Priviolo e aaquelles sete seus filhos.
E en este anno choveu na terra de Gasconha huan ceveira que semelhava graãos de triigo, se nom
que era mais meudo ja quanto.»

Capítulo CCLXV
Do que fezeron os Normaãos en terra d´Espanha
«Andados nove annos do reynado deste rey dom Ordonho – e foi esto na era de oitocentos e sateenta e
três annos e andava entõ o anno da encarnaçõ de Nosso Senhor Jhesu Cristo em oitocentos e trinta e
seis ãnos – aportarõ em Espanha, em Aljazira, huam frota de gente de Normaãos, em que avia saseenta
naves bem bastecidas e guarnidas de gente e do que avyã mester. E aquella Aljazira he emnas marismas
d´Espanha em terra da Andaluzia. E sairon a terra e matarõ hy muytos mouros e queymarõ toda a terra
pella costeira do mar e levarõ das mesquitas muy grandes algos que hy acharom.
E, feito ally esto, passarom a terra d´Africa e aportarom aa marisma da terra de Mauritãna e filharõ a
cidade que chamava Natoze, que era dessa provencia, e matarom hy muitos mouros. E dalli forom
adeante e correrõ e estragarom todallas ilhas que ham nome Mayorgas e Mynorgas, Eviça e a
Frumeteira.
Depois esto, foronsse pelo mar a Grecia e correron a terra e guaanharon hi muy grande algo. E, dally,
tornaronsse pera / as marismas d´Espanha; e jouveon hy e teveron hy o inverno. E, na entrada do
veraão, foronsse pera sua terra.

Capítulo CCLXVI
Da morte del rei dom Ordonho
«Andados dez anos do reinado del rei dom Ordonho – e foi esto na era de oitocentos e sateenta e quatro
anos – adoeceo dos pees dhuam enfermydade que dizem na física pedraga. E pedraga he palavra
composta destas duas partes que dizem em grego por o que enna linguagem de castella chamam pee e
outra agros, enno grego outrossi, por o que em castellaão dizem contreitura ou contreito, onde pedagra
tanto quere dizer enna linguagem de Castella como enfermidade de contreitura das maãos ou contreitura
dos pees. E desta enfermidade adoeceo el rei dom Ordonho. E morreo em Ovedo e enterrarõno hi muy
honradamente na igreja de Sancta Maria. A sua alma reine com Deus, ca mui boõ rei foi.»

Capítulo CCCLXIII
Como huans gentes dos Normaãos veherom a Espanha e roubarom Galliza; e de como outrosy
morreu Abdenaamer, rey de Cordova.
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«Conta aqui a estorya que, andados dous ãnos do reynado deste rey dom Ramiro de Leom, que
Guderedo, rey dos Normaãos, cõ grande hoste, em frota de muytos navyos, arribarõ em Galiza, que he
em fundo d´Espanha. E sayrõ em terra e entrarõ per ella, estragandoa e danando quanto achava, ca lhes
nõ ficava as poboas meyores nem as villas mayores, que todo nõ tomarõ e destroy / rõ. E fazer grandes
dampnos arredor de Santiago, que nõ acharom quem a eles saysse nem lhes fezesse aetorvo; e matarõ
hy entom dom Sistiando, arcebispo de Sanctiago. E correrõ toda a terra atas o mõte que chamã Zebreyro,
que nõ acharõ estorvo nem huum em essa terra. E esto durou bem huum ãno, assy como conta a
estorya.
E, em esse ãno, morreu Abdenaamer, rey de Cordova, e reynou empos elle seu filho Alahatã treze ãnos e
dous meses. E aquelle Alahatam chamatom per outro nome Alahazubible, que quer tanto dizer em
linguagem de Castella come: «homem que se defende de Deus». E bem semelhava que aquelle rey se
defendya com Deus, ca achou o reyno de Cordova muy bem apostado e toda a terra muy em paz e muy
assessegada e sem todo buliço e mantevea o filho em aquella maneira que a mãteve o padre. E esto lhe
durou, segundo conta a estorya, em todo o tempo que elle reynou. E nem ouve mester de fazer batalhas
nem por que husar de feito d´armas.
E, em este ãno, morreu o papa Estevõ e posserõ em seu logar Martinho, o segundo, e comprironse cõ
este cento e vinte e nove apostolligos.
Mas agora leixaremos estas razões e tornemos ao feito dos Normaãos.»

Capítulo CCCLXIV
Como o conde dom Gonçallo Sanchez de Galiza foy lidar com os Normaãos e os venceu e desfez
todo seu feito, matandoos todos, e queymou as suas naves.
«Conta a estorya que, passadas estas cousas que ditas avemos e andados três ãnos do reynado del rey
dom Ramyro – e foy esto enna era de nocentos e sateenta e sete ãnos e o anno da encarnaçom de
Nosso Senhor Jhesu Cristo em novecentos e dez e nove – aconteceu assi que aquella companha dos
Normaãos, despois / que ouverõ corruda e roubada toda a terra e feito hy sem guysa quanto quiserõ,
querendosse eles já tornar a suas naves cõ muy grandes gaãças e muytos cristãos que levava cativos
pera sua terra, sayu a eles aquelle conde dom Gonçallo Sanchez, a provar se poderya deles aver alguam
vingança de tanto mal como avyam feito enna terra dos cristãos.
E foy a eles muy atrevudamente, chamando o nome de Deus e do apostollo Santiago; e, assy chegou,
avolveo a lide fortemente, ferindoos muy de ryjo, e lidou cõ eles. E, com a mercee de Deus e do apostollo
Santiago, cuja egreja eles quebrantarõ e roubarom, venceuhos e desbaratouhos, de guisa que todos hy
morrerõ com seu rey. Assi que, de muy grande gente que eles eram, nõ ficou quem arma podesse tomar
contra eles nem fazerlhes nem huum dãpno, ca todos erã mortos os demais deles, como dito he; e os
outros que focarõ fotõ cativos e presos e todo seu feito desbaratado e destruydo.
E, feito esto em esta guisa que dito he, aquelle conde dom Gõçallo Sãchez foi logo e queimoulhes
todallas naves onde estava na ribeira do mar..»

Termino este artigo com um adágio popular tão em uso, naquela época, em Terras Galegas,
sem contudo deixar expresso que os Normandos invadiram e saquearam a Galiza, por diversas
vezes, desde os anos de 968 / 970 até 1111 ou 1112, em que Sigurd (1108) invade e saqueia
toda a Galiza e toda a costa ocidental até Lisboa.
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A Galiza foi o último território da Europa que conseguiu sacudir os normandos; só desde o
século XI / XII, que o litoral atlântico se viu livre das incursões dos piratas, todavia, ainda em
1152, a Galiza vira as suas terras pisadas por um número considerável de normandos debaixo
do mando do intrépido Ronald.
Enquanto tal sucedia num Reino ao qual estávamos subordinados, a nossa Paróquia de São
Cipriano de Paços de Brandão, arranjava um «normando» para em 1095 dar nome a esta terra,
segundo, claro, o que vem expresso nos “900 Anos de Paços de Brandão” !!!

«DEL FUROR DE LOS NORMANDOS, LIBRANOS SEÑOR»
«A FURORE NORMANORUM, LIBERA NOS DOMINE».
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OS BRANDÕES
I
INTRODUÇÃO
Em artigos anteriores dediquei-me a explanar assuntos, que de qualquer
maneira nos ajudam a compreender melhor as origens desta Paróquia de São
Cipriano de Paços de Brandão. Embora no que se relaciona com São Salvador
de Grijó, concretamente no “Livro das Campainhas, e aos Fidalgos Naturais de
Grijó, tivesse abordado os que usavam no seu nome “BRANDÃO”, vou tentar
mais uma vez, deixar transcritas, algumas notas acerca deste apelido ou nome,
já em uso nos séculos X e XI.
Porque na nossa Paróquia o assunto teve um tratamento que muito deixa a
desejar, principalmente se for analisado através dos conceitos a que a História
nos obriga, leva-me, e nunca é demais relembrar, a introduzir este artigo com a
divulgação de documentos da “DIPLOMATA ET CHARTAE”, em que se pode
verificar que o ano de 1095 seria de todo improvável para que o Conde D.
Henrique fizesse qualquer tipo de transacção, a favor de um fidalgo ou de uma,
instituição religiosa, primeiro, sem que tal ficasse registado e avalisado pelo
seu primo Raimundo em representação do sogro de ambos, Afonso; segundo,,
porque desde o ano de 1094 até final de 1096, foi Raimundo e Urraca, que em
representação de Afonso, validavam tais actos. Não obstante, ainda em 1097
aparece só o «Rex Adefonsi», pelo menos em um documento, a validar tais
actos, e só a partir deste ano de 1097 é que se encontra Henrique e Teresa, a
efectuá-lo, ainda em representação de Afonso.
Julgo que a prova documental, que aqui vou apresentar, sirva, de uma vez por
todas, para justificar a razão pela qual tenho procurado, que se altere o que se
tomou por verdadeiro, e, que induz o leitor num tremendo erro histórico, e que
as entidades institucionais, desta Paróquia, resolvam proceder às respectivas
rectificações, para que quando se forem consultar «sites» ou outros meios de
comunicação, em que tal está expresso, o leitor não encontre coisas de tal
maneira inaceitáveis, como o ano de 1095, como vem referido nos “900 Anos
de P.B.”, e saiba da verdade acerca do fidalgo ou fidalgos, que desde pelo
menos o século X, já usavam no seu nome ou apelido,«Brandon», «Brandiaz»,
etc., e que deram origem ao «Brandão».
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II
FERNANDO BRANDÃO
A primeira questão que se coloca é a de se saber a ascendência de um tal
«FERNÃNDUS BRÃDIAZ», que confirma documento do Mosteiro de Lorvão em
1131, que se anexa:
40

Este Fernandus Brandiaz, que o Pde.Correia, em os 900 Anos de P.B. coloca
como 1º donatário desta freguesia de Paços de Brandão, vai ser objecto, neste
artigo, de um tratamento muito especial, passando depois às origens dos
Brandões em terras que se vieram a denominar por Condado Portucalense.
41

Veja-se como se refere «Frei.António Brandão» na «Monarchia Lusitana» aos
Brandões :
42

Passemos, de seguida, ao que nos dizem, sobre o mesmo Fernando Brandão,
os Nobiliários:
43

ARCHIVO HERALDICO-GENEALOGICO - visconde de Sanches de baena
BRANDÃO – Há sido vulgarmente julgada esta família como oriunda de
Inglaterra; porém de uns títulos conservados entre papeis que fora do padre fr.
José da Cruz, reformador do Cartório da Nobreza, consta ser a mesma família
originária da Normandia, de onde passaram a Portugal com o conde D.
Henrique dois irmãos chamados um Charles ou Carlos Brandão, e o segundo
Fernão Brandão, que viveram junto ao mosteiro de Grijó, em umas casas que
depois foram cognominadas com o nome de paço dos Brandões, e jazem os
ditos irmãos sepultados no mesmo mosteiro, tendo na sepultura um letreiro
latino, que vertido em português diz: Aqui jazem os cavaleiros Brandões. Não
consta que o primeiro tivesse descendentes, porém do segundo são tantos,
quantos são os que hoje se apelidam, Brandões em Lisboa, Porto, Évora,
Coimbra, Castelo Branco, Viana, e outras muitas terras onde se estenderam.
As suas armas estão no livro da armaria da Torre do Tombo, e são: em campo
azul cinco brandões acesos de oiro, postos em santor; timbre três dos referidos
brandões atados em roquete, com uma fita azul.»
Ainda se refere aos Brandões de Duarte Brandão, de João Brandão Sanchez,
e, aos de Buarcos, que procedem de Duarte Brandão, contudo só nos vamos
dedicar aos referenciados em primeiro lugar.

PEDATURA LUSITANA – CRISTÓVÃO ALÃO DE MORAIS

TÍTULO DE BRANDÕES
O Conde D. Pedro no seu livro não faz título particular dos Brandões, e só fala
neles por razão de algumas mulheres com quem casaram: e diz que Mayor
Roiz Durão filha de Ruy Diaz Durão e neta de Diogo Gil valente o que morreu
na batalha de Ourique casara com Garcia Miz. Brandão e houveram Pº. Garcia
= João Garcia = Fernão Garcia, e Gil Garcia que todos foram cavaleiros de
uma lança = Diz mais o Conde D. Pedro que D. Enxamea Diaz filha do mesmo
Diogo Gls. Valente casara com Fr.do Gls. Cavaleiro da Terra de Sousa, e
houvera a D. Thereza mulher de Martim Brandão o Velho.
«Querem alguns que os Brandões tenham sua origem de Inglaterra, aonde há
poucos tempos viveu Carlos Brandão Duque de Suffloc, que casou com Maria
filha de Henrique 7º daquela coroa…»
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NOBILIÁRIO DE FAMILIAS DE PORTUGAL – FELGUEIRAS GAYO

Felgueiras Gayo, começa por nos apresentar no título de BRANDOENS, um
primeiro capítulo sobre os Brandoins antigos, como se segue:
Cap. 1º
N. 1 – GRACIA MARTINS BRANDÃO – CASOU COM d. Mayor Rz de urro
filha de Ruy Dias de urro e D. Tereja Fernandes (Conde D. Pedro ttº 44 fls 270)
Filhos:
Pedro Garcia = João Garcia = Fernão Garcia = Gil Garcia (todos
Cavaleiros de uma lança e pouca fazenda).
Cap. 2º
N 1 – MARTIM BRANDÃO (Conde D. Pº. ttº 44 fls 276) que pode ser o que vai
§ 1 N 2 foi chamado o velho casado com D. Tareja Fernandes filha de Fernão
Glz Cavaleiro da terra de Sousa, e sua mulher D. Examea Dias a que «morreo»
a Bespa filha de Diogo Glz no § 32 dos Freitas c. g. ttº de Freitas § 32 N 3.
Cap. 3º
N - MARTIM BRANDÃO (Conde D. Pº ttº 44 fl 270) que igualmente pode ser
o dº § 1 N 2 casou com D. Berengeira Dias filha de Diogo Gil do Avellal no ttº
de Avelares § 1 N------ c.g.
Cap. 4º
N 1 – PEDRO MARTINS BRANDÃO (Conde D. Pº ttº 44 fls 270) casou com D.
Urraca Pires filha de Pedro Bool, e sua mulher Sancha Rz filha de Ruy Gomes
Colmeiro, e sua mulher D. Urraca Fernandes filha de Fernão Glz da Azambuja
ttº de Azambujas § 1.
BRANDOENS
N 1 – o Primeiro de que temos notícia é Carelos Brandão que passou a este
Reino no tempo do Conde Henrique e jaz enterrado no Mosteiro de Grijó:
tomou o Apelido de Brandão por assistir no Passo de Brandão: era o dº
Carelos Brandão Fidalgo Inglês.
Filho:- Martim Brandão
N 2 – MARTIM BRANDÃO, filho de Carelos Brandão N 1.
Filho: Fernão Martins Brandão
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N 3 – FERNÃO MARTINS BRANDÃO, filho de Martim Brandão N 2 foi Sr. Do
castelo de Arronches por mercê do Rei D. Pedro 1º, e Regedor de Évora e Aio
do Rei D. Fernando, parece faltar aqui alguma geração pela muita distância
que vai do Conde Henrique a D. Pº 1º que vão mais de 208 anos: deu o Rei D.
Pedro certas herdades em Montemor-o-Novo e, Morgado a que chamarão a
Silveira.
Filho: Lopo Fernandes Brandão.

RECORDAR – 900 ANOS DE PAÇOS DE BRANDÃO – PADRE
JOAQUIM CORREIA DA ROCHA

Porque se trata da única Monografia publicada sobre Paços de Brandão, não
deixa de ser curioso o que lá se encontra, página 134, diz-nos o seguinte:
«No campo de S. Mamede, não longe do Castelo de Guimarães, a batalha foi
vitoriosa, dada a presença dos cavaleiros da Terra de Sta. Maria. Entre eles, estava o
Nobre Fernando Brandão. O dia I de Portugal, nesse 24 de Junho de 1128, foi
comemorado condignamente, aqui na Torre com fachos luminosos, e, no torreiro
frente ao palácio, com torneio digno de registo. Mas talvez seja oportuno transcrever
as conclusões a que chegou MANSO DE LIMA (Jacinto Leitão).: “Os Brandões vieram
da Normandia, o que se prova por certas semelhanças entre as armas dos Brandons
normandos e dos Brandões”. Isto se lê em Famílias de Portugal, Tomo VII…»
«Os Brandões vieram da Normandia – e não da Inglaterra (os Brandons de Suflok) ou
da Irlanda (os Brendan) – o que se prova por certas semelhanças entre as armas dos
Brandons normandos e dos Brandões.
Fernão Brandão passou a Portugal com seu irmão Carlos Brandão no tempo do
Conde D. Henrique. Em Junho de 1131 aparece como testemunha num documento de
nomeação feita por Paio Gonçalves ao Mosteiro de Lorvão, documento este que é
citado na Monarquia Lusitana.
Carlos Brandão viveu em Rio meão, e Manso de Lima pouco mais acrescenta sobre
ele. Fernão Brandão casou e teve dois filhos: Martims Fernandes Brandão, que foi
Alcaide-Mor de Évora no tempo de D. Sancho I, casou com D. Sancha Pais e teve
descendência; e Pedro Fernandes Brandão.»
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Dictionaire – historique et héraldique – de la noblesse
française - par : d. mailhol –( paris 1896)-Tome second
Em face daquilo que os nossos estudiosos em heráldica e nobiliarquia,
principalmente dos séculos XVIII e XIX, nos dizem sobre as origens dos
Brandões, resolvi consultar uma das melhores obras, de igual período, editadas
em França, para saber se haveria alguma referência a algum nobre, que
usasse no seu apelido ou nome, a denominação de «BLANDON». Tal apelido
ou nome não aparece referenciado, contudo denominações como «Brande»,
«Brandt» ou «Brandin» são descritas na obra consultada. É pois com a
transcrição dessas referências, que vou deixar ao dispor do leitor deste artigo,
para que confronte o que lá se encontra com aquilo que os nossos «cronistas»
nos dizem.
BRANDE – Família nobre de origem belga, residente em França – Século XIX.
«Famille noble d´origine belge, résidente en France..»
«Armes: Ecartelé: aux 1 et 4, d´argent fretté de sable: aux 2 et 3, d´hermine à deux
fasces d´azur.»
«Devise: Spes in Deo»
REPRESENTAN ACTUEL:
«BRANDE (Hector-Marie-Louis ) – reconnu comme noble en France avec les titres de
messire et d´écuyer, par jugement du tribunal de 1er. Instance de Boulogne-sur-Mer du
21 avril 1891; marié á Marguerite-Armande-Hervin-Marie de Meautis, dont unne fille
unique: Mercédès-Yvonne-Marqguetite, née à Boulogne-sur-Mer le 22 Juillet 1881.
Residence: Paris, 14, rue de Thann; Versailles (en été), 1, rue de Solférino.

BRAND – Família originária dos Países Baixos, com existência em França
cerca de 1500.
«BRANDT – Originaire des Pays-Bas.
La fillation de cette famille remonte à Gérard de Brandt, seigneur de la
campe, qui épousa Anna de Vargelot dont il eut postérité; il existait vers 1500.
Au septiéme degré, nous trouvons Alexandre-François-Ignace de Brandt, chevalier,
seigneur de Marconne, Piequenhein, etc. Cornelle reforme du régiment Royal-Cravate,
il fut crée par le pape, comte palatin, patrice romain, et chevalier de l´Eperon d´or, à
cause de l´alliance de son pére avec l´illustre maison de Tolomey, originaire d´Italie; et
crée par lettres patentes du roi du mois de mars 1758, comte de Brandt: il èpousa , por
contrat passé à Arras le 2 septembre 1752, Jeannes-Catherine Mathon, dont il eut
plusieurs enfants.
ARMES: Bazur, à trois flammes d´argent, passees 2 et 1.»
47

BRANDIN DE SAINT – LAURENS – Família originária da Normandia e
remonta ao século XV.
«Cette famille est originaire de Normandie et remonte au XVe. siécle.
Elle a donné plusieurs officier, un brigadier des gardes du corps mort en 1754; des
chevalliers de Saint-Louis, deux conseillers à la cour des aides et un conseiller au
parlement de Normandie.
Gustave Brandin de Saint-Laurens, fourrierdes logis du roi accompagna Charles X à
Cherbourg en 1830 et y reçut de lui la croix de Saint-Louis. Il a eu deux fils: HenriAymé et Jean-Gaston. Le seul héritier du nom: Gustave Brandin de Saint-Laurens, fils
de Henri-Aymé, est mort sans avoir été marié.
Armes: Bazur à la flame d´argent accompagnée de trois molettes d´éperon de méme,
2 en chefe t 1 en pointe.
Supports: Deux chevaux.
Devise: Deo regique.»

FOUCHER DE BRANDOIS – Família nobre de Poitou, barões de Brandois, o
nome de Foucher é conhecido desde o século X.
«Famille noble du Poitou, divisée plusieurs branches: celle des seigneurs des
Herbiers, celle des seigneurs de Thénies, enfin celle des barons de Brandois, qui est
devenue l´ainée par l´extinction des autres.
Le nom du Foucher est connu dés le X siécle. Il y eut un Foucher qui partit pour la
primère croisade.
Cette famille a fourni plusieurs officiers des armées du roi, des chevaliers de l´ordre
militaire de Saint-Louis et de Saint-Michael.
Armes: De sable, au lion d´argent.»

Os brandões na Inglaterra (brandon, duke of suffolk)
Consultando-se diversos livros de Nobiliarquia Inglesa / Irlandesa, encontra-se
referenciado um tal Charles Brandon, Duke of Suffolk, que descendia de
Brandon, Duke of Suffolk, tendo esta família na origem William Brandon, no
século XV, desconhecendo-se a data do seu nascimento e origens.
O Charles Brandon, era uma personagem importante na coroa inglesa, basta
o título que ostenta, para se perceber tal. Foi casado com Maria, filha de
Henrique VII e viúva do rei de França, Luís XII.
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Esta família de “BRANDON” é de origem inglesa e não há registos de que
tenha passado à Península Ibérica.
DUARTE BRANDÃO – Segundo o que nos relata Felgueiras Gayo, no seu
“Nobiliário” – Tomo Sétimo, página 61, este Duarte Brandão «que era da
Alhandra como diz uma memória que vi e alguns fazem filho de Ruy Barba e
neto de Fernão Mz Alardo no ttº de barbas § 1 N 4 foi para Inglaterra fugindo a
seu Pai com Henrique Brandão onde dizendo ao Rei que era Hebreu se
baptizou e foi seu padrinho o Rei pelo que se chamou Duarte e tomou o apelido
de Brandão do dº Henrique Brandão que era embaixador da corte de Inglaterra
de que foi criado»,
De Inglaterra passou a Portugal no tempo de D. Afonso V, por quem foi
naturalizado em 1479, confirmado por D. João II em 1485 e por D. Manuel em
1497.
ARMAS: Em campo azul, dois dragões de oiro batalhantes com os pescoços e
rabos repassados armados de sanguinho .
TIMBRE: Os mesmos dragões, há quem diga que é meio cavalo- marinho.
D. João II deu-lhe o senhorio de Buarcos. As suas armas foram assinadas pelo
rei Inglês Duarte V, em memória de um desafio que Duarte Brandão teve e
venceu com um fidalgo Inglês, perante o mesmo rei, e pelos serviços que lhe
fizera na guerra contra França. Duarte Brandão foi cavaleiro da Jarreteira,
capitão das ilhas de Granache, e de tanta estima, que estando na comitiva do
rei de Inglaterra quando este se avistou com o de França, comeu com eles à
mesa.

.
49

III
OS BRANDÕES DE ORIGEM PORTUGUESA
BRANDILUNI – Documento referente à Igreja de Águas sanctas, é
testemunhado entre outros, por «anagildus brandiluni» - Dp.Ch. LVI , ano de
906

.
50

BRANDILIZ – Testamento referente ao «Monastéri Morariae», confirmado
por, Osório Brandiliz, geda brandiliz, odario brandiliz – Dp.Ch. LVI – 946
51

BRANDON – BLANDILA - Documento do Livro Preto da Sé de Coimbra
– Dp.Ch. XCIII – 967 – É a primeira vez em que é mencionado o nome
BRANDON e BLANDILA.

BLANDO – Livro das Doações do Mosteiro de Paço de Sousa. Confirmação
por «Trutesendo testi.Blando». Dp.Ch. CCXXVI – 1015
52

BRANDIA - «Karta de Tarouquela» - Confirmação por «Brandia test»,
referente ao Mosteiro de Grijó (Baio-Ferrado, Doc.128 de 1079, 12 Abril). –
Dp.Ch. DLXVI – 1079.

BRANDIRIGU – Documento referente ao Mosteiro de Arouca, em que nos
aparece como testemunha «Brandirigu test». Dp. Ch. DCCXII – 1088
53

FERNÃO BRANDON (1109 – 1131) – Em 1109, Documentos Medievais
Portugueses, t. III, doc. 324, aparece este «Brandon» referenciado em
Souselas (Coimbra) e em 1131 confirma documento do Mosteiro de Lorvão,
como já foi assinalado no cap.II. Não se encontram documentos que possam
demonstrar a sua origem Francesa, Normanda, Inglesa ou Irlandesa, e,
também se prova a inexistência de qualquer documento de que em 1094 ou
1095, o Conde D. Henrique lhe tivesse doado esta terra de Paços. Pelo
contrário a sua ascendência é bem «portuguesa», de fidalgos oriundos de
«Terras da Maia», como se pode comprovar, (por todos aqueles que se
interessem por estes assuntos), consultando o livro, OS BRANDÕES –
Origens e Varonia (938 – 1663), de M. Antonino Fernandes – Porto –
Novembro de 2007.(1)

(1) – Para os interessados em adquirem o livro, informo que o mesmo se
encontrava à venda na LIVRARIA DO GUARDA – MOR – LISBOA, através do
seu site da internet, Telefone: 213940716 às 3ª feiras, das 14,00 h às 17,00
horas. – FAX: 213940716
54

O LIVRO DAS CAMPAÍNHAS E OS FIDALGOS NATURAIS DO
MOSTEIRO DE GRIJÓ

“O LIVRO DAS CAMPAÍNHAS” – Códice da segunda metade do século
XIV- MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DE GRIJÓ
A primeira questão que se põe é o porquê este Códice, referente ao Mosteiro de São
Salvador de Grijó, ser conhecido por “LIVRO DAS CAMPAÍNHAS”?...As igrejas de que o
Prior e Cónegos de Grijó eram padroeiros, encontram-se assinaladas por pequenos
sinos desenhados nas margens do livro, dando assim origem à designação porque é
conhecido.
Foi Torquato de Sousa Soares que investigou a identidade e paradeiro do Livro das
Campaínhas, tendo-o encontrado no Arquivo Distrital do Porto. A sua transcrição
paleográfica foi efectuada por Jorge de Alarcão, publicada em 1986 pelo Gabinete de
História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia.
Qual o contributo deste livro para a história da freguesia de S. Cipriano de Paços de
Brandão?...Antes que mais, convém relembrar que este Códice de Grijó se refere a
bens de que aquele Mosteiro era padroeiro, referente à segunda metade do século
XIV. O livro é uma acta de uma assembleia judiciária, reunida no Mosteiro em 29 de
Junho de 1365. Lá são referidos o rol de propriedades, rendas e foros do Mosteiro
nesta freguesia, bem como à indicação de fidalgos naturais que aqui possuíam bens.
Passemos pois à sua descrição:
Mandamento de Saa e de Paaçoo
Rio Maior
«A pobra e o moinho que traz Joham Dominguez da quatro libras e dous capoes.
Item Lourenço de Paaçoo traz dous cassaes em hum e da deles trigo pella do ieerado
treze quairas e son pella nova onze quaiiras e alqueire e segunda cinquo quairas pella
do eirado e son pella nova quatro quaiiras e da por vinho e por foros seiis libras e dous
soldos.
Item o cassal que traz Stevam Vicente da trigo oito quairas pella do eirado e faz pella
nova seiis quaiiras e dous alqueires e meio e segunda pella nova quatro quairas e por
vinho e por dinheiros de foros cinquo libras e meia e hua galinha.
55

Item o cassal da Portella da duas libras.
Item a cassaria que traz Lourenço da de trigo pella nova huum alqueire e meio.
Item o logar em que mora Domingos Lourenço da cinquo libras.
Item Domingos Antoninho do cassal em que mora da trigo pella do eirado onze
quaiiras e son pella nova oito quaiiras e três alqueires e de segunda pella nova quatro
quaiiras e por vinho e por foros de carnes de três libras e hua galinha.
Item Gonçallo Martinz da do cassal em que mora com huum moinho da trigo pella do
eirado doze quaiiras e son pella nova nove quaiiras e meia e segunda pella nova três
quairas e alqueire e por vinho e foros de carnes e pollo dicto moinho da sete libras e
cinquo soldos.
Item na dicta aldeia jazem huas cassarias hermas.
Item a eigreja de Paaçoo a meatade do padroado he do dicto moesteiro e da colheita
ao priol que he posto por seiis libras.
Soma trigo dous moiios e cinquo quairas. Soma segunda quinze quairas e alqueire.
Soma dinheiros trinta e sete libras e dez e sete soldos. E dous capoes e duas galinhas.»

ESTES SON OS NATURAES FIDALGOS QUE ORA O MOESTEIRO DE IGRIJOO HÁ QUE
ORA SON VYVOS
Joham Brandom e duas filhas.
Fernam Martinz sa irmaa.
Biringuella Diaz sua madre
É de assinalar que é a primeira vez que se encontram assinalados, como fidalgos
naturais de Grijó, personalidades que usam nos seus nomes o apelido de «Brandom»,
quem eram estas personalidades é um assunto que José Augusto P. de Sotto Mayor
Pizarro, em “OS PATRONOS DO MOSTEIRO DE GRIJÓ”, nos explica muito bem, como se
segue:
«JOÃO MARTINS BRANDÃO e FERNÃO MARTINS BRANDÃO eram filhos de Martim Brandão e
de BERENGÁRIA DIAS DO AVELAR. O Conde D. Pedro refere este casal afirmando que tiveram
filhos e filhas, não referindo porém os seus nomes. Quem fosse a mulher de João Martins ou o
nome dos seus filhos, é coisa que ignoramo».
«Dona BERENGÁRIA DIAS DO AVELAR, foi casada com Martim Brandão, e depois de enviuvar
casou com João Afonso de Sanir. O Conde D. Pedro afirma que do primeiro matrimónio houve
56
filhos e filhas, mas nós só conseguimos identificar dois, que são referidos no Livro das
Campaínhas:
João Martins, que segue:
Fernão Martins Brandão que foi alcaide do castelo de Arronches, por carta de 1 de Janeiro de
1363. Em 1369 foi-lhe coutada a herdade de vale da Arca, no termo de Montemor-o-Novo,
morando ele em Évora. É possível que tenha sido aio do Infante D. Fernando.
João Martins Brandão foi alcaide do castelo de Penamacor, por carta de 1362. Estava já
casado em 1351, com Leonor Esteves das Medas que era também natural de Grijó, juntamente
com seus irmãos e que não conseguimos entroncar na família patronal. Leonor esteves aparece
ainda em 1374, quando a 13 de Janeiro fez composição com o mosteiro de Paço de Sousa. Fez
testamento em 1387, acrescebtando-o em 1395 e nos dois favorecendo aquele mosteiro. No
testamento, para além de legados pios e certas obrigações de missas, pede para ser enterrada
junto a seu filho, Rui Brandão, fazendo ainda recomendações a sua filha, para que faça cumprir
as suas vontades. O Livro das Campaínhas omite o casamento referido, afirmando apanas a
naturalidade a João Brandão e duas filhas, para além do irmão e mãe. Do casamento com
Leonor Esteves nasceram:
RUI ANES BRANDÃO, talvez até já falecido em 1365, e que à data do testamento de sua mães,
estava sepultado com seu pai em Paços de Sousa.
BERENGÁRIA DIAS BRANDÃO.
N. (ANES) BRANDÃO.»

Em complemento ao que ficou exposto, devemos recordar o que o Conde D. Pedro, no
“LIVRO DE LINHAGENS”, nos diz sobre os fidalgos naturais de Grijó:
«E dona Moor Rodriguez d’Urróo foy casada com Garçia Martiins de Bramdom, e fez
em ella Pero Garçia, e Joham Garçia, e Fernam Garçia: e estes todos foram caualeiros
de huum escudo e de huma lança e nom de gram fazemda»
Voltando a José Pizarro, verificamos que a influência destes fidalgos, a nível local seria,
porventura, bem maior que a dos ricos-homens, geralmente fixados na corte e tendo
as suas terras administradas por dependentes de confiança. Estes cavaleirosescudeiros, os bens que detinham e que, provavelmente, administravam directamente
não deviam ser muito extensos, mas a sua influência a nível local, seria muito
considerável.
57

O MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DE GRIJÓ
A SUA HISTÓRIA
Na Vila de Grijó, pertencente ao Concelho de Vila Nova de Gaia, que na
Idade Média, pertencia às Terras de Santa Maria – Feira, existe o Mosteiro
de São Salvador de Grijó, cujo vasto território, se estendia,
principalmente, entre os rios Douro e Vouga, verificando-se a maior
concentração de propriedade, num raio de 10 Km.
A história do Mosteiro de Grijó, revela-se de uma importância bastante
acentuada para todos aqueles que se queiram inteirar, do que se escreveu
sobre as Terras de Santa Maria (Feira), e, no que nos toca, a nós
«brandoenses» ou «brandoeiros», habitantes ou naturais desta Terra de
Paços de Brandão, serve para uma melhor compreensão e estudo do
passado, em que as origens de um povo devem ser objecto de um
tratamento muito cuidado e especial, tendo-se em atenção que o que se
possa escrever sobre a história de um povo ou de uma simples localidade,
deve obedecer a muita clareza e rigor histórico.
58

Mosteiro de Grijó

CRONOLOGIA
912 (?) – A Guterre e Ausindo Soares, é-lhes dado pelo seu irmão Nuno
Soares «O Velho», terreno de uma herdade sua, situada no lugar de
Murraceses, entre o Monte Pedroso e Sagitela, que tinha na Comarca da
Feira, onde fundam uma pequena igreja (Eclesiola).
922 – Os irmãos Guterres, e, porque se lhe juntaram outros Clérigos,
fundam, junto da igreja, um Convento, em que era Prelado, com título de
Abade, Guterre Soares.
1093 – A 3 de Novembro de 1093 (em alguns documentos é mencionada a
data de 3 de Outubro de 1093) o Bispo de Coimbra, D. Crecónio, vem
sagrar esta igreja, que é dedicada ao Salvador do Mundo. No mesmo dia,
Soeiro Fromarigues, perante o Bispo, ratificou publicamente a doação e
testamento de grandioso legado ao convento. Este Soeiro Fromarigues,
era casado com Elvira Nunes, pais dos irmãos Guterres (família Soares).
59

1093-1133 – Soeiro Fromarigues e sua mulher, Elvira Nunes, doam todas
as suas fazendas e o padroado das igrejas de Argoncilhe, Perosinho,
Cerzedo, Travanca da Bemposta, São Miguel de Travassô e Eyrol.
1128 – O Convento é coutado por D. Teresa.
1132 – Aderiu à Regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
1135 – A reformação realizada em Santa Cruz de Coimbra, por D.
Teotónio, foi seguida pelo Abade D. Paio Soares, do Mosteiro de Grijó,
recebendo como reformadores, D. João Peculiar e seu sobrinho D.Pedro
Rabaldiz, que chegaram em 21 de Novembro de 1135. D. Paio rejeitou o
governo do Mosteiro e o título de Abade, tendo o Bispo de Coimbra,
mandado eleger um prelado com título de prior, sendo o primeiro eleito
canonicamente, o padre D. Trutesindo.
1139 – Por couto de D. Afonso Henriques (11 de Janeiro de 1139), é
doado ao convento a Vila de Brito (S. Félix da Marinha).
1142 – Novamente, por couto de D. Afonso Henriques (13 de Julho de
1142) é doado Tarouquela (Vilar do Paraíso).
1220 – D. Sancho I, faz doação da Ermida de Nª Senhora de Vagos (VagosAveiro).
1245 – O Infante D. Rodrigo Sanches, filho natural do Rei D. Sancho I (da
relação amorosa que este Rei teve com D. Maria Pais «Ribeirinha»), vindo
mortalmente ferido, de um combate, morre às portas do convento. É
enterrado com todas as honras, em 7 de Julho de 1245.
60

(Pagela informativa do interior da Igreja do Mosteiro de Grijó)

A Morte do Infante D. Rodrigo Sanches
Referente às causas que levaram à morte do Infante D. Rodrigo Sanches,
cujo túmulo se encontra no Claustro do Mosteiro de Grijó, transcrevo o
que vem escrito na História de Portugal, Ed. Monumental, Direcção de
Damião Peres, Vol.II, pags. 243 a 245 :
«Ao infeliz Sancho II, atribuíam muitas das desgraças que assolavam o
Reino, acabaria por ser destituído e o reino entregue a seu irmão D.
Afonso III, “O Bolonhês”. Foi um momento de guerra civil entre partidários
do Rei e os que apoiavam Afonso “Conde de Bolonha”, é pois neste
cenário que se dá a Lide do Porto.
“O Conde de Bolonha” chegara a Lisboa nos últimos dias de 1245 ou nos
primeiros de 1246. É de Fevereiro o foral em que confirma ao concelho de
Lisboa todas as suas cartas e foros, «escritos como não escritos», em paga
do bom acolhimento que lhe tinham feito os munícipes; da sujeição e
obediência que haviam prestado “aos mandados apostólicos” e dele
61

Procurador do Reino, e com que se haviam oposto “aos inimigos da
fidelidade e da injustiça”.
A resistência manifestou-se nas terras do centro e norte do País, e o seu
núcleo principal estava em Coimbra, residência habitual da corte. O
homem mais representativo desse movimento de resistência, pela
audácia, pela turbulência e porque tudo podia na cúria régia, visto ser o
grande amigo, o valido do Rei, foi Martim Gil, o filho de Gil Vasques de
Soverosa e de Maria Aires de Fornelos, que fora amante de Sancho I. A
esse irrequieto rico-homem, e à sua influência perniciosa que ele exercia
no espírito do infeliz Sancho II, atribuíram os contemporâneos muitas
desgraças do reino. Fora ele o protogonista duma batalha que travara,
próximo de Gaia, entre dois bandos de poderosos senhores, e que,
passados anos, os velhos relembravam como um acontecimento que
grandemente impressionara o País – A LIDE DO PORTO . Nela, o bando de
Martim Gil tinha deixado mortos no campo os rico-homens Abril Peres,
senhor de Lumiares e tenente das Terras de Riba-Tâmega, e Rodrigo
Sanches, o bastardo de Sancho I, tio do Rei e tenente de Entre Douto e
Lima.
A Lide do Porto deu-se em 1245, meses antes da chegada do Bolonhês,
quando a conjura ia já certamente adiantada. Seria tal combate uma
daquelas guerras entre nobres, tão vulgares no tempo de Sancho II ? Seria,
como Herculano se inclina a supor, o primeiro acto, “a primeira
manifestação armada” da própria revolução que devia conduzir ao mando
supremo o Conde Bolonhês? Nesse pressuposto, Martim Gil de Soverosa
chefiaria já as forças do Rei, em oposição aos dois tenentes do norte, que
teriam prometido levantar aquelas províncias.
Rodrigo Sanches ficou sepultado no Mosteiro de Grijó, próximo do Porto.
E “é notável – diz Herculano numa nota – a esmola que o Conde de
Bolonha faz depois ao Mosteiro de Grijó por alma de Rodrigo Sanches. É
curioso na verdade que tenha perecido na famosa lide um tio do Rei
Sancho II, e que o chefe do bando que o matou fosse o valido desse Rei, e
continuasse a sê-lo, acompanhando-o depois na defesa desesperada da
coroa.»
62

Túmulo do Infante D. Rodrigo Sanches
1247 – Os cónegos, por acharem que o local era húmido e feio,
transferem o convento, um pouco mais para sul do actual .
1280 – D. Maria Pães, fez doação, do Padroado e mais fazendas, que tinha
na Vila de Maçãs de Dona Maria, Bispado de Coimbra.
1301 – A Infanta D. Constança Sanches, irmã do Infante D. Rodrigo
Sanches, doa ao Mosteiro, uma quinta que tinha em Aveleda, duas léguas
da Cidade do Porto para Norte, junto ao mar; assim como metade dos
direitos reais, que tinha nas Vilas de Sarzedas e Sovereira Fermosa, do
Bispado de Coimbra.
Em 1479, 1482 e 1483 – O Prior D. João Álvares era comendatário ou
administrador perpétuo dos, Mosteiro de Grijó e São Jorge de Coimbra.
1517 – Era Prior de Grijó, D. João, Bispo de Safim, provedor-mór do
Hospital Real de Todos os Santos, reitor da Universidade de Lisboa, e
Desembargo régio.
1536 – 1539 – O Prior D. Bento de Abrantes, a pretexto do local ser
insalubre, resolveu mudar novamente o Mosteiro, transferindo-o para a
Quinta de Quebrantões, em Vila Nova de Gaia. Nem todos os cónegos
63

estiveram de acordo com a mudança o que motivou a intervenção do
Papa Pio V.
1540 – A instituição da Congregação de Santa Cruz de Coimbra,
confirmada por bula do Papa Paulo III, de 26 de Fevereiro de 1540, foi
precedida da reforma do Mosteiro de Santa Cruz, cometida por D. João III
a Frei Brás de Barros, da Ordem de São Jerónimo e a Frei António de
Lisboa, com início a 13 de Outubro de 1527, no dia de São Geraldo
confessor. A esta reforma aderiram os priores de São Vicente de Fora de
Lisboa, e de São Salvador de Grijó.
1542 – 1546 – Processo de mudança do Mosteiro do lugar de Grijó, para
vila Nova de Gaia, para a Serra do Pilar, Mosteiro de Santo Agostinho da
Serra. O descontentamento de alguns cónegos vindos de Grijó, levou-os a
alcançar do Papa Pio V, uma bula de separação entre mosteiros antigo e
novo (Serra do Pilar), passada em 1566. Estabelecida que fossem dois
mosteiros distintos e que se dividissem as rendas.
1572 – O Prior D. Pedro do Salvador decidiu fazer nova igreja, com
largueza adequada. É a subsistente. O projecto para a nova igreja é da
autoria do arquitecto Francisco Velasques. As obras iniciaram-se em 1574.
A partir de 1581, a direcção das obras passa a ser da responsabilidade de
Gonçalo Vaz.
1612 – A conclusão da igreja ainda estava atrasada, mas as dependências
conventuais encontravam-se praticamente concluídas.
1626 – A igreja, concluída e benzida.
1770 – É emitido o breve de Clemente XIV e beneplácito régio de 6 de
Setembro de 1770, de que foi executor o Cardeal Cunha, em que Grijó foi
extinto com mais nove mosteiros da Congregação e seus bens anexados
ao Mosteiro de Mafra, para nele se desenvolverem os estudos.
1770 – Julga-se que foi este o ano em que foi vendido ao Desembargador
João Fernandes de Oliveira.
1792 – A Bula «Expositum nobis» concedida pelo Papa Pio VI, em 3 de
Abril, a instâncias da Rainha D. Maria I, foi executada por três sentenças
64

de D. José Maria de Melo, Bispo do Algarve e Inquisidor Geral, nomeado
Juiz Comissário e Delegado para proceder com todas as faculdades
apostólicas, recebendo também beneplácito régio. A primeira, dada em
Lisboa a 10 de Maio de 1792, mandou remover os Cónegos Regrantes do
Mosteiro de Mafra para outros mosteiros da sua Congregação,
restituindo-os aos religiosos da Província de Santa Maria da Arrábida, e
estabeleceu que a união e distribuição dos mosteiros extintos, cujas
rendas tinham estado unidas a Mafra, se fizesse em benefício dos que
continuassem a existir, restitui-lhes os mosteiros extintos de São Vicente
de Fora, de Grijó e provisionalmente o de Refóios de Lima, e aplicar os
rendimentos dos outros a usos pios.
1794 – Segunda sentença, dada a 1 de Julho; mandou distribuir e aplicar
os bens e rendimentos dos mosteiros extintos, que tinham estado unidos
ao extinto Mosteiro de Mafra, ou aplicados a outros fins.
1794 – A terceira sentença, dada a 24 de Dezembro, estabeleceu os
mosteiros que deviam constituir a Congregação dos Cónegos Regrantes de
Santo Agostinho: Santa Cruz de Coimbra, São Vicente de Fora de Lisboa,
Salvador de Grijó, Santo Agostinho da Serra, Santa Maria de Refóios de
Lima e o Colégio da Sapiência de Coimbra, restituídos “in integrum” ao
estado regular e conventual, com todos os bens, rendimentos, privilégios,
isentos e padroados de que eram possuidores ao tempo da sua extinção.
Estabeleceu o número prefixo de cónegos em cada um, num total de 230,
exceptuando os inválidos, bem como o número de conversos e as sanções
para os priores gerais infractores.
1795 – Execução da 3ª sentença, por ordem da Rainha, carta régia de 1 de
Janeiro e Prior Geral, comunicou-a à Congregação por carta patente
datada de 9 de Fevereiro desse ano.
1832 – Os cónegos D. Diogo da Assunção e D. Luis de Miranda Henriques,
moradores no extinto mosteiro, apresentaram-se, na cidade do Porto, à
chegada do Exército Libertador, onde permaneceram e foram agraciados
pelo Imperador do Brasil e Duque de Bragança.
1833 – A 27 de Agosto, os deputados da Comissão Administrativa dos
bens dos conventos extintos ou Comissão Administrativa dos conventos
65

abandonados, o abade António Manuel Lopes Vieira de Castro e Francisco
da Rocha Soares, na presença de Luís do Patrocínio de Nossa Senhora,
cónego regular de Santo Agostinho, do Juiz imediato do couto de Grijó, e
de outros elementos, procederam à descrição e inventário dos objectos
existentes no mosteiro, que incluía uma hospedaria, sendo escrivão,
Nicolau Joaquim Pereira, escriturário da Comissão.
Em 1833, o inventário do extinto Mosteiro refere três cartórios: o cartório
(cujos documentos transitaram depois, na sua maioria, para o Arquivo da
Torre do Tombo e para o Arquivo Distrital do Porto), o cartório eclesiástico
com documentos da freguesia de Grijó (com livros de visitação do
Mosteiro, registos de testamentos, audiências, e despesas eclesiásticas,
registos de termos de culpados, de ordens, de certidões de baptismo,
registo de baptismo, do crisma, de casamentos, de óbitos), e das
freguesias do Salvador de Perosinho, de São Mamede de Serzedo, de São
Martinho de Argoncilhe, de São Miguel de Travassô, e de Santa Eulália de
Eirol, e ainda o cartório do Juízo privativo do Mosteiro, contendo autos,
sentenças, execuções, penhoras. O inventário menciona ainda o dinheiro,
pratas e objectos, apreendidas nas imediações de Grijó, por pertencerem
ao Mosteiro, acondicionados em sis baús, três caixões e cinco embrulhos,
conduzidos em carros para o depósito geral do extinto Convento dos
Congregados do Porto. O auto de arrombamento foi realizado na igreja da
Congregação do Oratório do Porto, em 28 de Agosto de 1833, na presença
dos membros da Comissão Administrativa dos bens dos conventos
abandonados, em cujo inventário constam livros encadernados, papéis, e
maços contendo pergaminhos.
1834 – Extinção das Ordens e Congregações Religiosas.
1835 – João Monteiro da Fonseca e Manuel Alves Ramos Camelo,
empregado da comissão de extinção, procederam ao inventário do que
tinha ficado no Mosteiro sob a fiscalização do provedor do concelho de
Grijó, mencionando diversos papéis de pouca importância que ainda se
encontravam em gavetas de uma estante do cartório.
66

Mosteiro de Grijó - Claustros
67

Livro Preto de Grijó – Página 1ª (TTonline)
68

Livro Preto de Grijó – Página 2ª. (TTonline)
69

O Mosteiro do Salvador de Grijó, como foi descrito, era masculino,
situava-se na antiga Terra e Comarca da Feira. Aderiu à Ordem de Santo
Agostinho. Esteve sujeito à jurisdição ordinária do Porto. Aderiu à reforma
do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e foi unido à Congregação do
mesmo nome.
70

Na Revista “O INSTITUTO”da Universidade de Coimbra, incerto nos vols.
XI, XII, XIII e XIV, foi publicado em 1864, sob o título de “Uma Chronica
Inedita”, por M. da C. Pereira Coutinho, referente a um manuscrito do
Mosteiro de S. Salvador de Grijó, que passo a transcrever na íntegra, com
algumas alterações ortográficas, que efectuei para o português actual.
UMA CHRONICA INEDITA
O manuscrito nº 640, conservado entre os muitos da Biblioteca da Universidade de
Coimbra, é um livro de 356 folhas, de marca grande, encadernação forte e antiga, de
boa letra, sempre do princípio até ao fim, da mesma pena. Depois da última folha
numerada (a 356) na volta da qual tem – Finis -, há mais quatro em branco sem
numeração; na quinta, também sem numeração, assim como as seguintes até ao fim,
começa o índex, que aparece não foi concluído, porque não passa além de
confirmações e doações, com o que ocupa seis páginas e mais duas linhas de outra,
continuando ainda algumas folhas em branco. Este livro tem no lombo em letras
douradas – Crónica do Mosteiro de Grijó - ; e dentro no frontespício lê-se o mesmo
título, porém mais desenvolvido, em que se declara que é a Crónica do Mosteiro de S.
Salvador de Grijó, e que é dividida em duas partes ou épocas principais, a primeira
desde a fundação do Mosteiro até à sua reformação; e a segunda é daqui em diante
até ao ano de 1630.
O escrito é anónimo. Não sabemos a causa por que, numa obra, outrora de tanto
merecimento, o autor quis ocultar o seu nome; seria por modéstia?...E este livro, que
parece ter sido propriedade do Convento de Grijó, por que voltas veio ele incorporar-se
com os manuscritos da Biblioteca de Universidade?... Não sabemos. É certo que é obra
de génio, no trabalho insano, e de profunda aplicação. O autor declara que a
empreendeu no ano de 1630; e que foi por obrigações que devia ao Mosteiro,
acrescentando - «que bem é tenha trabalho quem participa da honra, pello direyto
querer que estas duas cousas andem sempre junctas».
O autor revela vasta lição de escritores antigos tanto sagrados como profanos, e
alguma perícia em conhecimentos diplomáticos e paleográficos, predicados
indispensáveis para escrever uma longa história fundada quase exclusivamente em
documentos antiquíssimos.
Se não fora o receio de sermos acusados por abusar da paciência da maior parte dos
leitores, publicaríamos na sua íntegra, neste jornal, a crónica do Mosteiro de Grijó; mas
atendendo a que um estilo demasiadamente difuso, carregado com longas citações,
segundo a moda, nessa época, muito embora se compadecesse com o silencioso
71

descanso claustral, não se acomoda ao gosto de hoje, em que o espírito cubiçoso de
novidades abomina leituras estéreis, daremos apenas um conhecimento sinóptico do
contexto do manuscrito, transcrevendo todavia de teor alguns trechos em que por
ventura se possa encontrar alguma utilidade histórica tanto especial como geral.
Começa o autor por dar uma suscinta notícia do valor que nas datas dos nossos mais
antigos documentos tinham algumas letras do alfabeto para designarem, mil,
quinhentos, cinquenta…, fazendo também alguma explicação sobre o valor do X
cortado e não cortado, etc.

(Fotografia antiga do Portal do Mosteiro de Grijó)
Segue-se logo no verso da primeira folha – Declaração do intento que se pretende ter
nesta curiosidade. O discurso sob esta epígrafe é uma espécie de prólogo, em que o
autor menciona, como já dissemos, a causa da empresa, o agradecimento, e faz a
divisão sistemática e subdivisões da obra.
No verso de fl. 2 há uma breve exposição sobre a era de César, causas que houve para
os «hispanhoes» a adoptarem para a sua cronologia, diferença que há de anos entre
ela, e a do nascimento de Cristo, e quando em Portugal se deixou de contar por ela. É
suposto seja matéria, em que devam achar-se versados todos aqueles, que dedicam
algum tempo aos estudos da nossa arqueologia, não julgamos fora de propósito
oferecer aqui de teor este breve capítulo:
«De algumas antiguidades necessárias para se entender melhor o que nestes livros
se escrever.»
«As antiguidades que aqui nos pareceu declarar hão de ser: Era, Ano. E algumas
figuras, por onde os antigos faziam seus cômputos, mostrando logo que coisa seja Era
72

de Césa, ano de Cristo, da sua Encarnação e da sua Paixão, e quando cada uma de
estas coisas começou e acabou.

Dizemos melhores autores, que escreveram de antiguidade de «Hispanha», que
começaram os espanhóis 38 anos antes da nascença de Cristo, notar, e dar princípio a
suas escrituras, e instrumentos públicos com este nome da Era de César, deixando
desde então as outras contas e anotações de que usavam, e a razão foi (diz Garibay no
compêndio de história de «Hispanha» tom. 1º, liv. 6º, cap. 26; Morales e Fr. Bernardo
de Brito, cronista deste reino na sua Monarchia Lusitana, e outros) por ser este ano de
38 antes da vinda de Cristo, o que os espanhóis tiveram por primeiro e princípio de seu
império; e ser «Hispanha» na divisão do triumvirato imperada por Octaviano César, a
quem como pr+incipe seu quizeram, com isto respeitar e honrar os espanhóis. É
contudo grande dúvida entre os autores até que tempo durou em Espanha este modo
de contar; e deixadas, as várias opiniões que trazem, temos para nós que em Aragão
durou até o tempo de el-rei D. Pedro IV, ano de 1351, como diz Silva bo seu catálogo na
“lei de Hispanha” fl. 172; ou como parece no ano de 1354, e ano de 1358, como afirma
Garibay citado e Estaco nas antiguidades de Portugal, cap. 10, nº 7. Em Castela até o
de el-rei D. João o primeiro, que é o que foi vencido no campo de Aljubarrota,
mandando no ano de 1385, nas cortes que fazia em Segóvia, se usasse de ali por diante
do ano de Cristo, como tem para si Salazar liv. 3º, cap. 18, e Garibay citado. Em
Portugal se fez esta mudança em tempo de D. João I ano de Cristo de 1415, “discat na
lei de Hispanha” fl. 172 de 1422, como aponta a ordenação velha deste reino liv. 4º,
73

tit. 51, a que segue o ilustríssimo D. Rodrigo da Cunha, arcebispo que hoje é de Lisboa,
no catálogo que compôs dos bispos da Sé do Porto, 2ª. P., c.26, e Estaco citado, contra
Genebrardi que querfosse feita esta mudança em Portugal no ano de 1415.
De este modo se usa hoje entre os cristãos, por Cristo ser o que deu princípio à nossa
redenção com seu nascimento, não se usando em Portugal de Era desde o ano de 1422;
se não fosse por erro em que deram escrivães com mais vantagem, e os que
escreveram vizinhos ao mesmo ano. Porém, quando alguns papéis antigos se acharem
escritos com Era de César, saiba-se que é trinta e oito anos primeiro que o ano de
Cristo, como diz Garibay citado no liv. 9º, e 4º, Cunha, Fr. Bernardo de Brito na sua
“Monarchia Luzitana”, Ambrósio de Morales, e a torrente dos historiadores.
Querem alguns que a conta da Encarnação de Cristo começará no ano de 527, e tem
para si Jepes na crónica de S. Bento centúria 1ª, que do ano de 550 começaram alguns
a contar o ano do Nascimento de Cristo, e outros de sua paixão; porém o que deixamos
neste parágrafo assentado parece o mais certo, e conforme a ele se há-de seguir no
computo que fizemos quando nestes livros falámos da era de César.
A fl 4, depois de acabar o parágrafo precedente há outro que o autor expõe os valores
que algumas letras do alfabeto tinham nas datas dos nossos antigos diplomas, tendo
procurado imitar à pena essas letras ou caracteres originais.
A fl 5 há outro parágrafo com a numeração de 3º e com esta epígrafe:
«Dos livros que no archivo do mosteiro de Grijó há, com que se allega no que se
disser adiante.»
§ 3º.
Além dos pergaminhos soltos que há no arquivo do Mosteiro de Grijó, também há
alguns livros antigos e modernos, em que estão escritas muitas doações, privilégios, e
outras coisa, dos quais há um que se chama – Livro Baio-ferrado, que é de meia folha,
de pergaminho, com tábua por fora, que fica sendo um reportório, ou registo de
breves, que os sumos Pontífices passaram a este mosteiro, de cartas de reis, e doações
que muitos fiéis lhe fizeram.
74

(Fotografia antiga – Vista Parcial do Mosteiro de Grijó)
Outro livro pequeno também escrito em pergaminho, que se chama Tombo do
Convento, com tábuas por fora, onde estão alguns trslados autênticos de coisas que
neste mosteiro sucederam.
Tem mais um livro de quarto, que é o treslado autêntico de um tombo que el-rei D.
Pedro mandou fazer por Ivo Giraldes procurador da comarca da Beira de todas as
propriedades, foros, rendas e padroados que este mosteiro tinha, no ano de 1565 (Aqui
de certo houve lapso do amanuense; ou o rei que mandou fazer o tombo não foi
D.Pedro, ou se o foi, então o ano deve ser o de 1365); e dos senhores que nele tinham
comedorias.
Há mais um livro grande que se chama Livro Preto, e é registo de algumas doações, e
cartas de reis, passadas a este mosteiro, inquirições, e outras coisas tiradas da Torre do
Tombo, tudo passado em pública forma, com licença do mesmo rei no ano de mil
quatrocentos e cinquenta e dois (Esta data que no original é alfabética, se é a
verdadeira, corresponde ao reinado de D. Afonso V), e tem selo pendente; e é este livro
de grande autoridade.
Além dos acima há três cadernos em que estão alguns treslados autênticos de alguns
privilégios. É um livro grande antigo de pergaminho que se chama – Tombo que
mandou fazer o Prior D. Affonso Estevens – em que está escrita toda a fazenda deste
mosteiro, com o que cada uma pagava; e algumas memórias que deviam ser escritas
pelos cónegos que então viviam.
Estes são os livros donde tirámos o que ao diante dizemos, e com quem alegámos, que
os escrupelosos poderão ver nos lugares qie apontamos; como também nos demais
papéis conforme os assinalámos, sacos e números, que advertiremos. E posto que
neste cartório estejam alguns pergaminhos antigos, em os quais as firmas são todas da
75

mesma letra, nem por isso deixam de ser originais, porque antigamente não punham
seu sinal, os que confirmavam, e eram testemunhas, senão o escrivão que fazia a
escritura assinava por todos, como deixou advertido o grande indagador de
antiguidade o padre Fr. António Brandão na sua Monarchia Lusitana I, cap. 5º, fl. 129.
Estão muitas escrituras antigas escritas em latim, que era o costume daqueles tempos,
que se veio a perder com o uso; e em Castela por lei particular, em que mandou el-rei
D. Affonso décimo de nome, que se chamava o sábio, por de facto o ser, no ano de
1259, que todas as escrituras reais e mais privilégios, que era costume escreverem-se
em latim, se escrevessem de ali por diante em língua castelhana, como deixa advertido
o catálogo real de Hispanha fl. 143.
A fl. 6 começa o 1. 1º, com o título de – Livro 1º. Da Fundação do Mosteiro de Grijó –
segue-se logo um pequeno exórdio, e no verso da folha tem a epígrafe de uma subdivisão.
PRIMEIRA PARTE DO PRIMEIRO LIVRO.
DO NOME QUE O MOSTEIRO DE GRIJÓ TEVE E HOJE CONSERVA
Cap. 1º
De aqui até folhas 8 emprega-se o autor na indagação histórica do vocábulo Grijó,
mostrando por documentos originais do respectivo cartório que o primitivo nome do
loca do mosteiro e do mesmo mosteiro era, no latim bárbaro, o de eglesiola,
ecclesiola, e de S. Salvador de Ecclesiola, egrejinha nome que pelo correr dos tempos
se converteu no de egreijó, e de que Grijó, pelo qual era conhecido nos tempos
modernos. Ainda a fl. 8 começa o cap. 2º com a epígrafe de

(Claustros – Fotografia antiga)
QUEM FUNDOU O MOSTEIRO DE GRIJÓ
76

De aqui até fl. 16 trata da matéria indicada nesta epígrafe, e compreende os cap. 2º, 3º
e 4º e principia o escritor este capítulo dizendo – Não é pequena desgraça não se saber
o autor de qualquer obra gloriosa, heróica, e magnífica, para por ela se lhe dar justo
louvor, que é o prémio devido à virtude, e com que espertam outros a se empregarem
em semelhantes empresas como disse o Espírito Santo - «Virtus laudata crescit».

Vai depois disto relatando as opiniões de diversos autores acerca dos fundadores do
mosteiro, e prova contra a opinião de aqueles, à vista de uma carta de doação
existente no arquivo do mosteiro com data da era de 960, que ele tinha sido fundado
(ano de 922) por Guterro Abbade e seu irmão Ausindo.
Conclui o cap. 4º por confessar que Manuel de Severim Faria no disc. 4º e Pennoto na
Hist.dos Coneg. Regul. L. 2º cap. 32, nº 5, são conformes com este documento. Porém
que o mosteiro já se achava fundado quando se fez aquela doação, porque nela
aparecem já frades figurando como testemunhas.
Sendo verdadeiro o diploma da fundação, como acreditamos que é, não obstante
alguns defeitos que encontrámos na cópia, sem sabermos se devemos fazer cargo deles
a inópia de conhecimento paleográfico da parte do cronista, se à ignorância e leveza
do copista, porque dos erros deste abunda o manuscrito, é certo que os dois irmãos
Guterro Abba e Ausindo fundaran uma igreja ou antes capela na sua quinta chamada
Egrejinha «fundabimus Eglesia in villa, quo (sic.) vocitant Eglesiola»; e lhe dotaram
todos os bens que possuíam, quer fossem herdados de seus antepassados, quer de
outros parentes, ou havidos por compra - «de avolenga, sive et parentella, sive et de
comparandella», para sustentação dos irmãos e irmãs, que ali habitarem e
77

observarem a vida monacal…«pró tollerantia fratruum et sororum qui in ipso loco
habitantes fuerint, et vitam monasticam tenuerint…»

Também na mesma carta de doação mencionaram algumas alfaias, paramentos, e
outros objectos de serviço divino e eclesiástico; sem esquecer um sino de metal, «et
signo medalis».
É patente deste diploma que os dois irmãos fundadores eram homens ricos; dominados
do espírito de piedade, edificaram em propriedade sua, e á sua custa, uma capela ou
ermida, talvez com estabelecimentos contíguos, acomodados, para habitação das
pessoas, que ali fossem admitidas, para se dedicarem à vida religiosa.
78

Assim começaram a maior parte dos mosteiros de Portugal de instituição mais remota.
Associavam-se alguns indivíduos para viverem em comum empregados no serviço de
Deus, oração, pregação e instrução dos povos, sem muitas vezes aparecer nos
documentos declaração alguma de instituto então conhecido, a cuja regra os
associados se obrigassem. Depois de mais desenvolvidos adoptaram os institutos de
algum dos patriarcas das ordens religiosas mais antigas, entre nós S. Bento e S.
79

Agostinho, e organisaram as suas instituições especiais, segundo a disciplina de algum
daqueles santos, para se governarem.

Estas pequenas fundações assim irregulares e isoladas, feitas por actos inteiramente
livres dos primeiros fundadores, foram o embrião de algumas casas religiosas, que no
futuro chegaram a ser grandes potentados, como as de Bentos e Cruzios.
Os devotos fundadores do Mosteiro de Grijó, nem dizem que tinham escolhido para si,
nem obrigam os que lhe sucederam, naquele estabelecimento religioso, a obedecer a
instituto algum; apenas declaram que fundaram aquela igreja «in honorem sancti
salvatoris domini nostri Jesu Chrisri»; dando-lhe assim a invocação de S. Salvador; e,
como já dissemos, dotando-lhe todos os bens para os irmãos e irmãs (talvez frades e
freiras) que aí guardassem a vida monástica.
O cronista deve declarar mais adiante, quando os habitantes deste pequeno
estabelecimento professaram a regra de Santo Agostinho, e se fizeram cónegos
regrantes.
Os cap. 5º, 6º e 7º, que decorrem desde fl. 16 a 22 v., são empregados pelo autor numa
enfadonha investigação da genealogia de Sueiro Fromarigues e sua mulher Elvira
Nunes benfeitores do mosteiro, logo depois dos fundadores.
É admirável como o autor (mas era mania de todos os escritores deste género) em
tempos tão obscuros como remotos, pretende, por hipóteses figuradas a seu modo,
80

encontrar fio genealógico para nos dizer que Sueiro Fromarigues e sua mulher eram
pessoas muito fidalgas, e poderosas naquele tempo; levando o seu entusiasmo pela
exaltação destes benfeitores á inépcia de sonhar em o nome de Elvira uma sílaba
ilustre!! Vamos a ver a habilidade que o cronista de Grijó desenvolveu na
decomposição do nome daquela senhora para fazer esta notável e engenhosa
descoberta.
Os espanhóis e os portugueses, diz o cronista, costumam empregar o artigo – El para
indicar grandeza e majestade, por isso dizem – El-rei - , e não o rei como fazem os
franceses.
O nome Elvira vem escrito no documento assim – Gelvira – que é como antigamente se
escrevia; mas tirando-lhe o G, resta o el, que, anteposto a vira, forma Elvira. E assim
(palavras do autor) do nome=vir, que significa homem, derivaram, vira, que quer dizer
mulher: Logo, Elvira era a senhora mais poderosa, instruída, e ilustre do seu tempo !!
Por este modo o nome de Elvira exprimia em breve monograma o preclaro
merecimento desta excelente senhora. Então não é isto um engenhoso sofisma do
talentoso cronista ?!!
As doações que Sueiro, ou Soeiro Fromarigues e Elvira Nines fizeram ao mosteiro,
foram esta na era de 1170 (ano de 1132) de todas as igrejas que tinham entre Douro e
Águeda, de muitos prédios no lugar de Nogueira e um casal junto ao mosteiro, mas
não transcreveu a carta de doação; e aquele na de 1131 (ano de 1093) das porções que
tinha comprado da dita Igreja de Grijó, que eram metade, e uma terça parte de outra
metade com suas adjenciais e passaes, com as alfaias e utensílios sagrados e profanos,
repetidos quase nominalmente como na já referida fundação e doação, que no ano de
922 fizeram os dois irmãos Guterro, e Aizindo; e de todos mais bens que tinha por
outras partes, que vêm apontados, na doação transcrita de teor de fl. 9 vº a 10 vº.
Vê-se desta carta de doação que Sueiro Fromarigues reuniu ao acto de benfeitor do
mosteiro toda a grandeza de uma esplêndida solenidade, porque a convite dele foi o
bispo de Coimbra D. Cresconio fazer a dedicação da igreja, e na presença deeste
prelado, e de grande concurso de pessoas de ambos os sexos, que vieram tomar parte
na festividade, «in magno concilio virorum et mulierum qui ad gaudium dedicationis
convenerunt», publicou a doação e fez mencionar na escritura dela um grosso numero
de testemunhas a última das quais é – Cresconius Episcopus.
Poderá alguém impugnar a existência dos dois documentos acima apontados, as
doações, a 1ª de Guterro Abba, a 2ª de Soeiro Fromarigues, não obstante o cronista
copiá-las integralmente; e com efeito um leve reparo dá lugar à impugnação, ou pelo
menos a conceder que só uma delas fosse verdadeira; pois se os dois irmãos
fundadores, como já dissemos, doaram a sua igreja com todos os bens, que possuíam,
alfaias, utensílios, etc., para o culto religioso e sustentação das pessoas, que aí
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  • 1. Contributo para a História da Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão CARLOS ALBERTO SEQUEIRA VARELA DEZEMBRO / 2012
  • 2. 2 NOTA EXPLICATIVA O opúsculo de que vou tratar, não tem o intuito de esclarecer quem quer que seja, pois tal, para a maioria, tornar-se-ia inútil. Vejo pois aqui antes a pretensão de resolver um dos grandes problemas, quiçá histórico, que tem envolvido as origens da nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão. Foi com paixão, e com um exame desapaixonado, superior às vicissitudes e aos homens da política de momento desta Vila, que eu venho convidar os meus concidadãos, a também, livremente se exprimirem, e, dentro da sua inteligência, dos seus conhecimentos, se associarem e descobrirem as origens desta povoação. Amanhã, talvez o dedo fatídico da história, nos possa apontar esta tremenda sentença: «É muito tarde!.» Os “CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE PAÇOS DE BRANDÃO”, não nasceram do ocaso, foram fruto de muita dedicação, amor, trabalho, também, e são a maneira mais económica e simples, de as levar ao conhecimento de uma população. Seria mais lógico, julgo eu, que o fizesse na publicação de um livro, que até está pronto e publicitado, e, que até é do conhecimento das autoridades desta freguesia. Não o coloco à venda, pois o seu preço de venda é demasiado elevado, para o comum do cidadão. Julgo que se as instituições públicas desta freguesia estivessem vocacionadas para um singelo apoio a esta actividade cultural, tal poder-se-ia efectuar, contudo, como vai para um ano que espero uma resposta, desisti de tal sonho. É claro que ninguém está interessado em cultura, quer seja moral, intelectual, histórica, etc., os sistemas que alimentam a política esquecem-se que, nascem, crescem e morrem na época própria, determinada. Não são eles que devem gerir a sociedade, mas o inverso. Pretender impor uma determinada opinião ao comum do cidadão, é, dizem os livros, uma tirania. Para terminar, quero deixar aqui expresso os meus sinceros agradecimentos, primeiro aos Administradores do Blogue “O ENGENHO NO PAPEL”, que nos últimos três anos têm tido a «paciência» de publicar os meus escritos sobre a nossa Terra de Paços; em seguida ao “ NOTÍCIAS DE PAÇOS DE BRANDÃO”, e ao seu corpo redactorial, pela publicação da entrevista que me efectuaram. Efectivamente foram as únicas entidades que deram cobertura e um certo apoio moral, para que os objectivos a que me lancei, fossem em parte alcançados. Como diz Oliveira Martins: «Esta é a verdade. Exaltar as paixões, acender a chama negra do ódio nas trevas densas da ignorância geral é uma temeridade, pode mesmo ser um crime. No revolver tempestuoso da sociedade naufraga a razão, domina o delírio, e as mais das vezes vence a imoralidade».
  • 3. 3 Quanto ao meu trabalho, julgo que procurei fazer «boas coisas»; é que «as grandes coisas» não se fazem: nascem espontaneamente, aparecem quando as condições naturais lhe determinam a nascença. É claro que é muito complicado escrever-se para um público, que não tem ou ignora, a noção clara do que é HISTÓRIA. De história apelidam-se muitas e diversas coisas, que levam a uma confusão, por vezes deliberada, ao leitor menos atento. Procurei, nos meus «escritos históricos», dar a conhecer o que é História, os métodos de que se serve, enfim destrinça-la de uma certa literatura de ficção, que hoje é tanto usual. Se tiverem paciência de lerem os meus “ Contributos Para a História da Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão”, encontrarão as ideias que tenho sobre as verdades da origem desta Terra de Paços, expostas face ao rigor que o método da história obriga. Se eu tivesse, a honra de ser professor de história, diria aos meus alunos, aquilo que coloquei na elaboração destes “Contributos”, amor pela verdade histórica, nunca afirmar nada sem ter um suporte documental, e estou certo que eles haviam de tomar gosto ao exercício, descobrindo o encanto extraordinário que há no estudo da sociedade humana. A todos os leitores e críticos, dos meus artigos sobre História Local de Paços de Brandão, os meus agradecimentos e votos sinceros de os ter por companheiros nesta caminhada, para que as origens da nossa Terra sejam melhor compreendidas, e, que os objectivos da sua verdade histórica sejam alcançados. Paços de Brandão, Janeiro de 2013 (Carlos Alberto Sequeira Varela)
  • 4. 4 CONTRIBUTO PARA A HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE SÃO CIPRIANO DE PAÇOS DE BRANDÃO HISTÓRIA LOCAL O que poderá levar ao conhecimento da história de um pequeno espaço, em que a vida se foi desenvolvendo, em tempos, que quase se perdem na memória das pessoas?...Primeiro que tudo, tem que haver um certo amor a essa terra, para que se possa efectuar a sua História Local. Depois, tem que existir uma certa curiosidade, em conhecer a comunidade em que estamos inseridos. Não é fácil encontrar soluções que agradem a todos, não é fácil aplicar os conceitos normais de história, sem ferir, por vezes, certas concepções previamente estabelecidas, e, muitas vezes descritas de tal maneira afastadas da realidade. Não é fácil fazer crer às pessoas que outro motivo, senão o se ter encontrado um passatempo delicioso, nos leva a pesquisar o passado de uma certa paroquia e contribuir, assim para um melhor conhecimento do seu passado e principalmente da sua origem. Por vezes, certas autarquias encomendam uma Monografia da sua terra. A pessoa encarregada de a fazer, nem sempre o faz com gosto e muitas vezes afasta-se do critério histórico. Certos acontecimentos são narrados, de tal maneira enfatizados, e com o objectivo de celebrarem qualquer data, que ao leitor mais atento, e, conhecedor de história, não passará despercebido, tais imprecisões históricas. A História Local, tem que se servir de fontes, o que nem sempre é fácil de encontrar, mas encontradas elas devem ser publicadas, são as provas do que se escreveu e poderão servir para novos investigadores. Temos que ter um cuidado muito especial na análise e crítica de fontes manuscritas, referentes à localidade que pretendemos retratar, é que alguns autores tentam, de certa maneira, glorificar a sua terra sem olharem a meios, em História Local, não se pode «inventar». Um dos grandes problemas que se encontra, e no que concerne a heráldica e genealogia, quando se investiga a origem de uma terra, que é referenciada em documentos na idade média com um nome, por exemplo, «Palatiolo», e, que em determinada época aparece acrescentado com um nome patronímico, «Palaciolo Blandom» (século XIII), é determinar o momento e as causas que levaram a que tal se operasse.
  • 5. 5 Por vezes, certos Autores de Monografias escolhem a maneira mais fácil ou mais conveniente, de retratarem as origens de uma Paróquia. Descrevem-nos coisas totalmente abstratas e fora da realidade histórica, é notório tais factos se relacionarem com heráldica e genealogia, lê-se coisas incríveis, como a de no século XI, estarem relacionadas casas brasonadas a pessoas que lhes dão certas e determinadas origens, sem contudo nos fornecerem qualquer suporte documental. Nunca é demais lembrar o que o Visconde de Sanches de Baena, nos diz em “Archivo Heraldico – Genealogico” – Lisboa, 1872, acerca de «cartas de brasão», e do que se passou desde o seu uso em Portugal até ao século dezanove. Diz-nos que: «A carta de brasão de armas mais antiga que se encontra hoje (1872) nas chancelarias dos reis de Portugal é a que foi mandada passar a Gil Simões por el-rei D. Duarte, trinta dias antes da morte deste monarca: o que não obsta a que, cinquenta anos antes, o uso legal das armas de família fosse instituído e determinado por sanção régia». Com a morte de D. Fernando, e as lutas entre a sua filha a rainha D. Brites, casada com D. João de Castela, e, o mestre de Aviz e rei D. João I, filho bastardo de D. Pedro I, grande parte das famílias nobres que seguiram a opinião de Castela ficaram extintas e acabadas de todo, e algumas que sustentaram as partes de el-rei D. João I foram de novo levantadas a grande lugar. Estas não eram antes conhecidas; para se acreditarem com o povo tomaram em muitas partes os apelidos e armas de outras famílias antigas, que lhes não pertenciam. E assim diz-se que no dia da batalha de Aljubarrota estavam as bandeiras dos aventureiros, cheias de várias armas e insígnias, que a muitos não competiam. É sem dúvida no reinado de D. João I, e depois da batalha de Aljubarrota, que teve princípio em Portugal a arte heráldica; a qual era exercida exclusivamente pelos reis de armas, arautos e passavantes, sob a denominação de oficiais de armas. Com os trágicos acontecimentos do 1º de Novembro de 1755, em consequência dos incêndios que se declararam nos prédios atingidos pelo terramoto na parte baixa de Lisboa, perderam-se treze valiosíssimos livros do Cartório da Nobreza, em que estavam registadas cerca de três mil cartas de brazões de armas; destas apenas cento e cinquenta foram salvas, por se acharem copiadas em um livro particular que estava fora do cartório, e que pertencia ao reformador de então, frei Manuel de Santo António. O Visconde de Sanches de Baena, em página XVII, dos Preliminares ao livro “Archivo Heraldico – Genealogico”, diz-nos que, «…quão imenso é o numero de pessoas, que na actualidade (1872) se pavoneiam com brasão de armas, na
  • 6. 6 portinhola de suas carruagens, em aneis, e nos diferentes lugares em que eles se podem colocar, isto em flagrante contravenção de todas as leis antigas e modernas, e a despeito das penas nelas cominadas.» (Há uma lei que determina que dentro do prazo de dois meses todas as graças e mercês regias sejam registadas no Real Arquivo, sob pena de ficarem de nenhum efeito: mas não obstante esta disposição poucos são os brazões, tanto de mercê nova como de sucessão, que vão ao registo competente.). «E note-se que sobre todos são os titulares os que com mais ostentação incorrem nessas penas!» Até ao ano de 1856 existiam, não menos, de trezentos e quinze titulares; desde então para cá tem crescido prodigiosamente o número de titulares. É-nos referido que desde 1841 se tem passado cento e trinta e quatro cartas de sucessão, e de mercês novas quarenta e uma (pertencentes dezasseis destas aos anos decorridos de 1865 a 1872). São mais as mercês novas neste período que todas as concedidas em todo o tempo anterior da monarquia, a contar de 1438! Causa espanto e admiração como se têm dado tantas mercês novas ultimamente a pessoas, que pela maior parte nem ao menos alegaram haver prestado alguns serviços ao país, quando semelhantes graças só podem ser conferidas por virtude de relevantíssimos serviços autenticamente provados. Por um lado impõe o governo, um direito quase proibitivo a quem quer fazer uso legal de suas armas; pois de cada carta de brasão passada hoje entram nos cofres públicos 242$000 réis – e por outro concede-as de um modo pouco decoroso, porque as facilita ao primeiro bem-vindo que pode e quer pagar as despesas – a até consente, tolera e apoia que todo o mundo as traga sem pagar nada!... Apoia, dizemos; porque em repartições públicas, tanto eclesiásticas como civis, há chefes que usam de selos e «signetes» com armas que ou não são suas, ou se o são não pagaram para as usar os competentes direitos. É neste contexto e nesta época que, o padre José da Cruz, reformador do cartório da Nobreza, que através de «uns títulos conservados entre papéis», e, sem qualquer outro suporte documental, nos diz que os Brandões são originários da Normandia, pois dois irmãos, Fernando e Carlos Brandão, de lá passaram a Portugal com o conde D. Henrique. Cristóvão Alão de Morais, em “PEDATURA LUSITANA”, dá-lhes como origem a Inglaterra, no entanto abre o título de Brandões com o Conde D. Pedro, «O Conde D. P.º no seu livro não faz título particular dos Brandões, e só fala neles por razão de algumas mulheres com que casarão». Felgueiras Gayo, em “NOBILIÁRIO DE FAMÍLIAS DE PORTUGAL”, abre o título de “BRANDOENS”, com Gracia Martins Brandão, casado com D. Mayor Rz de Urro (Brandoins antigos) e em Brandoens, diz-nos que: «O Primeiro de que temos notícia é de Carelos Brandão que passou a este Reino no tempo do Conde Henrique e jaz enterrado no Mosteiro de Grijó: tomou o Apelido de Brandão por assistir no
  • 7. 7 Passo de Brandão: era o dignatário Carelos Brandão Fidalgo Inglês.» Não nos diz com quem casou, mas aponta-lhe um filho: Martin Brandão. Como acabamos de observar a situação em que se encontrava a Nobiliarquia Portuguesa nos séculos XVII – XIX era mesmo uma questão deveras complicada. O problema, já se tinha verificado no tempo do nosso Rei D. João I, com a Restauração em 1640, veio novamente a sofrer diversas alterações, pois os nobres partidários dos Filipes, foram «varridos» das suas funções e os seus títulos de nobreza entregues aos partidários do Rei D. João IV; com o terramoto de 1º de Novembro de 1755, sucedeu o que atrás ficou relacionado; com D. Maria I, devido às invasões francesas, tudo se deslocou com a família real para o Brasil; nas lutas entre D. Miguel I e seu Irmão D. Pedro IV e no reinado de D. Maria II, sucedeu aquilo que o Visconde de Sanches de Baena nos descreve; era um pântano cultural e político e como que numa pedrada nesse charco, surge-nos o Alexandre Herculano, cujos trabalhos históricos são, ainda hoje, de consulta obrigatória para os nossos historiadores. Espero que o que acabaram de ler, sirva de reflexão, e de incentivo a uma procura mais esclarecedora em matéria de história. Em artigo que, em breve, terão oportunidade de ler, será dedicado, aos BRANDÕES e as suas origens e procurarei explicar o porquê de dizerem que eles tiveram origem na Normandia, Inglaterra, França, Irlanda, etc., e não aceitarem a sua origem em terras do actual Portugal. Procurarei estabelecer a sua relação com a nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão.
  • 8. 8 DO PALATIOLO AO PAÇOO Em as «VILLAS» do Norte de Portugal encontra-se uma descrição, deveras interessante, e que nos leva a ter uma melhor percepção, do que era, no tempo dos Romanos, um «palatium»: - «Com o seu terreno fresco e abundante de nascentes, era uma pequena propriedade, regulando por 60 hectares, repartidos agora por quatro casais de lavoura e cinco cabanas. Uma gleba denominada – campo de paço (palatium), está a revelar a sua organização romana; nele esteve a villa urbana, a antiga habitação do dominus, do primeiro proprietário deste prédio». Foi a vivendas, semelhantes à descrita, que eram térreas, a que o povo chamou palatium (paço), menos pela aparência grandiosa que não tinham, mas por estar nela a administração de seu pequeno mundo e aí residir o dominus, quase o seu soberano. Uma vez porém que a villa urbana por força havia de ter existido, visto ser um elemento essencial da ordem no regime romano e visigótico, a sua denominação própria, aparece-nos fixado na toponímia, encontramos já no ano de 747, em documentos da Galiza, um nome comum antigo – palatium, cuja significação se adapta a essa vivenda dominical – Palatio – Palatii – e em nossos documentos como – villa palatiolo (ano de 922, 924 …) – palatio (ano de 950). Esta palavra foi de prática seguida e prolongada, sem o que não se teria gravado no onomástico local, contendo uma noção de autoridade ou de governo, adoptou-a aqui o povo no tempo romano para exprimir a habitação do proprietário , pois era este realmente quem governava todos os habitantes da «villa»; do mesmo modo então ela se chamava também «praetorium», cujo sentido no fundo é quase idêntico. Em “OPUSCULOS”, Volume I – FILOLOGIA (Pgs. 546 a 550), de J. Leite de Vasconcellos, Coimbra 1928 – Imprensa da Universidade, encontramos elementos para a história da palavra PALATIUM, que em parte vou transcrever: «Ás vezes por motivos fonéticos e históricos as palavram experimentam, no decorrer dos séculos, transmudamentos curiosos, acontecendo que de uma que a princípio tinha certa forma e significado resulta, após muito tempo, outra ou outras muito diversas da primeira. Vou dar um exemplo. Dos sete montes em que Roma fôra edificada, ou Septimontium, um chamava-se, como é sabido, Palatium, denominação talvez proveniente, como quer o Dºr. Walde, de palus, «estaca»: do que poderemos concluir que aí teria havido em data antiquíssima uma «estacada» ou «estacaria», defesa militar, que muitas vezes se observa em povos de carácter primitivo. No Palatium estabeleceu o Imperador
  • 9. 9 Augusto a sua habitação, o que os sucessores continuaram fazendo. Disto veio o darse ao edifício o nome do sítio, e tornar-se palatium nome comum na acepção de «morada de monarca». «…Este fenómeno que, aplicado individualmente ao estilo, os retóricos chamam metonímia, é muito corrente na língua moderna, e basta abrir um dicionário para encontrar, por exemplo: madeira, em vez de vinho produzido na Ilha da Madeira, etc. Palatium tinha o adjectivo palatinus, por exemplo, colles platini. Este adjectivo aplicou-se naturalmente à morada imperial e à côrte: domus palatina ou «palácio imperial»; palatinus «dignitário do palácio», «cortesão». Este sentido de nobreza transparece no comes palatinus ou «conde palatino» dos antigos estados germânicos. Os Italianos, alterando um pouco a ideia, fizeram daqui paladino, no sentido de «herói cavaleiresco», e a palavra passou a França na forma de paladin, para a Espanha na de paladin, e para Portugal na de paladino, que tem a par também paladim. O latim palatinus seguiu ainda outro caminho, passando à classe de cognome (romano), que com o andar do tempo veio a ser verdadeiro nome próprio. Nesse significado temos em documentos nossos do século XI Paladinu, a que correspondem os patronímicos Paladinici e Paladiniz. De Palatinu, como nome de donos de propriedades, veio Paadinho, hoje Padinho, que decerto se pronuncia pàdinho, nome de duas povoações nos concelhos de Fafe e Guimarães. No feminino há o moderno apelido da família Padinha, que sei se pronuncia padinha. Do genitivo Paladini, em compostos como villa Paladini, segundo um tipo muito usual na idade média, veio Paadim, que aparece no século XIII; e por último Pádim ou Pàdim, nome de seis lugares no Minho. Comparáveis a Palatinus, na qualidade de cognome romano, temos na nossa língua actual, pelo menos no aspecto externo, os apelidos Cortesão e Côrte – Real. Voltemos a palatium, substantivo comum. Palatium designou na Idade Média, como tradição romana, a habitação do proprietário de um terreno: donde, por intermédio de paaço, que ainda existia no século XIV, vieram Paço e Paços, como nomes geográficos muito espalhados por todo o Portugal, com especialidade no Norte e Centro ou Beira, regiões em que a palavra teve seu berço. A Paço e Paços se ligam os diminutivos geográficos Pacinho e Pacinhos. Outro diminutivo geográfico é Pàçô, igualmente muito usado no Norte e no Centro, o qual, por intermédio das formas medievais (geográficas) Palatiolo, Palaciolo, ou melhor Paacioo, Paaçoo, provém directamente de palatiolum, à letra, «palácio pequeno», pronunciado no latim vulgar palatiólu. Em alguns dos citados exemplos notámos que muitos nomes de povoações provêm de nomes próprios de indivíduos. Entenda-se que estes eram senhores de quintas, «villas», etc., que no decurso das idades aumentaram de moradores, e se tornaram aldeias e maiores povoações. Ás vezes acontece que os mesmos nomes geográficos passam a significar nomes pessoais: quantos apelidos não há, que soam Paço e Paços?…É possível que os apelidos que se escrevem Passos, com dois ss, pertençam, em parte, à classe que estou estudando, embora alguns possam provir de ideias religiosas, isto é, de Senhor dos Passos, como Ascenção, etc.
  • 10. 10 Além da significação de habitação de um senhor ou proprietário, paço, ou o latinismo palácio, conserva a anterior tradição romana de «habitação de monarca». A todo o instante falam os nossos textos medievais de palatium Domini Regis, por exemplo mas Leges, p. 694, de 1260. Paralelamente a paço e palácio real temos paço episcopal, paços do concelho, e como nome próprio em Lisboa Terreiro do Paço, por paço de Governo. Na língua usual chamamos por isso palácio a um edifício grande. Com paço real se relacionam os adjectivos arcaicos pàceiro e paaceiro (títulos de cargos), e palaciano, forma restaurada da medieval pação, latim palatinus. É notável que assim como palatinus se tornou nome próprio, também palatianus. Os documentos medievais de Portugal têm Paaciano e Paaciana, como nomes geográficos do século XIII, provenientes de nomes de proprietários: o segundo está ainda hoje representando em Paçam, por Pàçam, ou Pàçã, nome de um lugar na Beira Alta. E assim termino, pois me parece que fica justificada a afirmação que comecei por fazer: que as palavras têm muitas vicissitudes. No caso presente vimos que as estacas secas que constituíam a primitiva paliçada que foi Roma reverdeceram pujantemente, dando vergônteas que se tornaram, ora nomes de domicílios principescos, e símbolos de aventura, ora designações de pessoas e de localidades. Tão alto pôde subir a ramificação, que por palácio ou paço celeste entendem os crentes a morada de Deus, e já os pagãos diziam palácio de Jove!» Em conclusão ao que ficou dito da evolução e história da palavra que começou por designar uma paliçada e acabou Paço Real, resta-me apresentar as datas e documentos em que tal se passou, na Idade Média, ao nosso «PAÇOS» . Data documento denominação 773 (?) Diplomata et Chartae – Doc. I 992 Idem - Doc. XXV PALATIOLO 1025 Idem - Doc.CCLVII PALACIOLO 1134 Baio-Ferrado (b) - Doc.206 PALATIOLO 1135 Idem - Doc.209 VILLA PALATIOLO 1137 Idem - Doc.207 PALATIOLO 1141 Idem - Doc.210 VILLA PALATIOLO 1146 Ordre du Temple (c) - Doc.CCCCIII PALATIOLO 1159 Baio-Ferrado - Doc.211 (a) VILLA PALACIOLO K(arta)PALACIOLO
  • 11. 11 (a) – Além da data referente ao ano de 773 levantar algumas dúvidas, também a referência à «Villa Palaciolo» que lá se encontra, poderá não dizer respeito à nossa terra de São Cipriano de Paços de Brandão, no entanto é de notar que já naquela data e, a Sul do Rio Douro, tal denominação já se encontrava assinalada. (b) – Le Cartulaire BAIO – FERRADO du Monastère de Grijó - Introduction et Notes de Robert Durand – Fundação Calouste Gulbenkian (CCP) – Paris 1971. (c) – Cartulaire Générale de L´Ordre du Temple.
  • 12. 12 O CARTULÁRIO BAIO-FERRADO DO MOSTEIRO DE GRIJÓ Um Cartulário, como se sabe, é um registo de documentos de uma determinada época, referentes a uma instituição religiosa. No caso presente, refere-se ao Mosteiro de Grijó, séculos XI – XIII. Não me vou ocupar da historiografia do Mosteiro, mas sim ocupar-me, de uma maneira muito simples e resumida, da importância, muito relevante, que o Cartulário de Baio-Ferrado tem para o conhecimento da História – Local da nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão. Oportunamente a historiografia do Mosteiro de São Salvador de Grijó, bem como o de Pedroso, será tema de mais um artigo. Nem sempre se encontram documentos medievais publicados, em latim, e com tanto rigor histórico, como aqueles que estão expressos em “LE CARTULAIRE BAIO-FERRADO DU MONASTÈRE DE GRIJÓ”. Introdution et notes de ROBERT DURAND – Fundação Calouste Gulbenkian (Centro Cultural Português), Paris 1971. São, nas palavras de J. Mattoso,«riquezas escondidas, que Robert Durand põe ao alcance dos historiadores», levam-nos a percorrer o Mosteiro de Grijó, desde 18 de Dezembro de 922 até ao ano de 1264. É este o trabalho, de que me vou utilizar, para dar a conhecer todas as entradas que se referem a Paços de Brandão, não vou transcrever os documentos, contudo se alguém tiver curiosidade em os conhecer, estou à disposição para lhes facultar a sua consulta e respectiva leitura. Em nenhum documento deste Cartulário é referida qualquer personalidade com o apelido de «Brandão» ou idêntico a tal, em documentos referentes a Paços, o que, como já foi tratado, por mim, só se encontra no Livro das Campaínhas, referente aos Fidalgos Naturais deste Mosteiro. No entanto encontra-se no Doc.216 de 17 de Janeiro de 1126 uma personagem com o nome de «Tructesindo Brandiaz», referente a uma venda de Mendo Ramires e sua mulher, Godinha Mendes, a Nuno Soares e sua mulher, Elvira Gomes, por 50 «módios», as suas propriedades em Vermoim e quatro salinas. No Doc. 128, de 1079, 12 de Abril, em que Fernando e Eio Truitiz vendem a João Ataniz, por dois «bracales» dobrados, a sua propriedade de Tarouquela, é testemunhado por: «Fernandus, ts; Brandia, ts; Didacus, ts; Pinnoo, ts. Sesnandus notuit.» São estes os únicos documentos em que são intervenientes pessoas, que usam nos seus nomes, Brandiaz (Doc.216 de 1126) e Brandia (Doc. 128 de 1079). Para um melhor esclarecimento, para aqueles menos familiarizados com estes assuntos, relaciono documentos em que a Condessa D. Teresa é interveniente e que vem sustentar as afirmações de que se o Conde D. Henrique, com quem
  • 13. 13 era casada, tivesse doado qualquer propriedade situada em Paços, de certeza que estaria referida neste Cartulário e confirmada pela «regina Tharasia de Portugale», em representação de seu pai Afonso VI de Leão e Castela. 1112, 15 de Maio – Doc. 34 – A infanta Teresa doua a Mendo Gonçalves e a sua mulher, Maior Gonçalves, pelos serviços prestados, os bens que possui a Crasto, (refere-se a casal de Castro em Perosinho, junto da estrada real do Porto até o lugar de Guimarães). «In Dei nomine. Ego infans Tarasia, boni regis Alfonsi filia…» 1122, 8 de Março – Doc. 203 – A «Rainha» Teresa doua a Diogo Aires Alvane, como título de contrato (do qual o montante se eleva a 180 «módios), dos prédios situados em Casal, Pomar Ermo (?), Covelos e Cardielos. «In Dei nomine. Ego regina Tarasia, boné indolis regis Adefonsi filia…» Documentos em que se relacionam bens, transicionados, doados ou permutados referentes a esta Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão: DATA – DOC.BAIO-FERRADO 1134, 27 Junho 206 DESCRIÇÃO - Garcia Odoriz e sua mulher, Sancha Pais, trocam com Nuno Soares e sua mulher, Elvira Gomes, e os cónegos de São Salvador, as suas terras em Paços, por 20 «módios» e uma parte de uma terra situada em Vila Cova. (…in ville Palatiolo…). 1135, 14 Junho . 209 - Telo Alvares e sua mulher, Ouroana Mendes, trocam com Garcia Odoriz e sua mulher, Sancha Pais, uma terra situada em Paços por outra em Lavandeira. (…de hereditare nostra própria quam habemus in villa Palatiolo et subtus monte Sagittella, discurrente rivulo Maior….) 1137, 12 Fevereiro 207 - Nodario Cides e sua mulher, Elvira Pais, vendem a Paio Tructesendes, seu sobrinho, por 80 «módios» a sua propriedade de Paço. (…cartam venditionis de hereditate nostra própria quam habemus in villa de Palatiolo…)
  • 14. 14 1138, 29 Janeiro 56 - Boa Pais doa a São Salvador, metade de imediato e a outra metade, de 1/5 de todos os bens que ela possue em Paços. (…, quintam scilicet partem de omni illa quam habeo in villa Palatiolo…) S.d.-(depois 1138)? 80 Boa Pais e seus filhos bem como Garcia Odoriz e sua mulher, Sancha Pais, comprometem-se a não alienar os seus bens sem consentimento de São Salvador; eles solicitam, em contrapartida, a protecção do priorado e pedem para aí serem sepultados. 1140, 6 Junho 94 Ouroana Tructesendes e seu marido, Pedro Pais, prometem a São Salvador, à sua morte, o 1/5 da sua propriedade de Paço; eles solicitam aos cónegos e ao priorado, auxílio e protecção; Ouroana pede também para ser sepultada no priorado. (…quam habemus vel habituri sumus in villa de Palaciolo,…) 1141, Junho 106 Pedro Guterres e sua mulher, Sancha Nunes, de uma parte, os cónegos de São Salvador, da outra, comprometem-se a não alienar a propriedade que eles têm em coopropriedade em Paço, senão por mútuo acordo. (…facimus inter nos placitum legitimum de illa hereditate quam habemus vel deinceps habuerimus In villa Palatiolo…) 1141, Junho 210 Pedro Godins e sua mulher, Sancha Nunes, trocam com Elvira Gomes, os seus bens de Lavadorinhos com outro situado em Paço.(Et accepimus aliam hereditatem a vobis in villa Palatiolo). 1143, Maio 90 Gonçalo Pais e sua mulher, confirmam o seu testamento
  • 15. 15 em favor de São Salvador; eles pedem, em contrapartida, auxílio e protecção aos cónegos e aos priores, e que sejam aí sepultados. 1143, Abril 92 Pedido idêntico ao anterior, efectuado por Paio Moniz e sua mulher, Boa Soares. 1156, Abril 208 -Maria Mendes e seus filhos, e Paio Moniz vendem aos Cónegos de São Salvador, por 20 «módios», a sua propriedade de Paço. (…de hereditare nostra quam habemus in villa Palatiolo…) 1159 ?, Dezembro 211 -Gonçalo Soares renuncia a reivindicar como seu, uma parte de uma propriedade situada em Paço e pertencente aos cónegos de São Salvador. (Ego Gunsalvus Suariz feci querimoniam refi Ildefonso de hereditate patris mei seu avorum meorum quam vos, canonici Ecclesiole, in villa Palatiolo tenebatis.)
  • 16. 16 OS NORMANDOS NA PENÍNSULA HISPÂNICA A nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão, é referenciada, por alguns, como tendo sido fundada por um suposto fidalgo normando, «Fernand Blandon» (?), que teria acompanhado D. Henrique de Borgonha, quando este casou com D. Teresa, filha de Afonso VI de Leão e Castela. Intencionalmente ou talvez não, o que nos contam sobre os Normandos, resume-se quase a nada. Foi fácil arranjar uma personagem, validada pelo menos por três personalidades, o sacerdote, o escritor e o político, para ser de tal maneira enfatizada, que lhe deram o ano de 1095 como entrada nesta Paróquia de Paços de Brandão, e, nem sequer quiseram ou souberam, saber da história dos «Normandos» na Idade Média. Julgo que se tivessem consultado qualquer manual de História Universal sobre a Idade Média, ou uma crónica que nos diz directamente respeito, estou, como é óbvio a referir-me à “CRÓNICA GERAL DE ESPANHA DE 1344”, cuja edição crítica do texto português, efectuada por Luís Filipe Lindley Cintra; e teriam mudado de opinião, os «historiadores» e «intelectuais» desta terra não quereriam ter um antepassado que se identificasse com aqueles, que, de seguida vou levar ao Vosso conhecimento. Certamente que encontrariam outro. O que era preciso, presumo eu, seria encontrar alguém, não importa quem, logo que tivesse no apelido algo idêntico a «Brandão», para que se festejasse, com pompa e circunstância, um qualquer aniversário. Mas não se julgue que é só na Crónica Geral de Espanha que tal se encontra. Consulte-se, por exemplo, “HISTOIRE – DESCAPÉTIENS – Rois de France, par M. Le Comte de Ségur – Paris M.DCCC.XXIV” e verifiquem o que lá se encontra sobre os Normandos: «Les Rois de France regrettaieent constamment la perte d´une de leurs plus belles province, conquise sur eux par les guerriers du Nord; ils regardaient les ducs de Normandie comme des vassaux infidéles, comme des rivaux et voisins dangereux».
  • 17. 17 Agora, tirem as conclusões e digam-me, se o que vão ler é ou não um bom contributo para que se estude, com seriedade, a história desta Paróquia?... O que vieram fazer os normandos à península?... Consultando-se a “CRÓNICA GERAL DE ESPANHA DE 1344”, edição crítica do texto português pelo Académico Correspondente, Luís Filipe Lindley Cintra – Lisboa – 1954 (Academia Portuguesa de História), Volume II, pgs.411/412; 422/423 – Volume III, pgs.108 a 110, fica-se a saber o que vou tentar, de uma maneira muito simples, transcrever, mantendo o texto original, para melhor compreensão dos interessados por estes assuntos: VITÓRIA DE RAMIRO I SOBRE OS NORMANDOS Capítulo CCLVII Como el rei dom Ramiro venceu os Normaãos e matou todollos os altos homeens que se lhe alçarom «Andados quatro ãnos do reynado deste reiy dom Ramiro – e foy esto na era de oitocentos e sateenta e dous annos e andava o anno da encarnaçon de Nosso Senhor Jhesu Cristo em oitocentos e viinte e quatro annos e o da Luys, emperador de Roma e rey de França, em quatorze – chegarõ ao faro de Galiza, con muytos navios, os Normaãos, que era huam gente muy crua, segundo conta a estória. E aquella gente, que assi era crua, era pagãa, que nunca ainda tanta fora vista em Espanha toda. Mas, contra Espanha, todallas as gentes do mundo se atrevyã a vur guerrear e entralla e assenhoreala e fazer hy todo o que quiserom. Pero, aacima todos se acharom mal, ataa que se acabou ennos Godos. E desi ficou ennos naturaaes, que foron depois guaanhandoa dos outros e espargeron muyto sangue por ella, morrendo hi muytos altos homeens e de grande guisa e, doutros, muytos a maravilha, destes enmiigos da fe; ca, do mar de Sancto Andre ataa o mar de Calez, nõ lhes ficou / enton senõ muy pouco. E esto he no reynado do muy nobre rey dom Sancho, o quarto, na era de mil e trezentos e viinte e sete annos. E, ermpos esto, veerõ cõtra aquella gente dos Normaãos. E, logo que soube el rei dom Ramiro como elles veherõ, sacou sua hoste muy grãde e foy lidar con aquellas gentes bravas; e prougue a Deus que tam de ryjo ferio en elles que se vencerõ os Normaãos, pero que eram gente áspera e forte, segundo conta a estória, e morreron hy muito deles. E assi foi ally beadante el rei dõ Ramiro que os venceu e os dasbaratou; e mãdoulhes hi logo poer fogo aa frota e queimoulhes hi sateenta naves. E, daqueles Normaãos, os que poderon scapar daquela queyma fogiron cõ alguans dessas naves pelo mar. E guaanharon hi, el rey dõ Ramiro e os cristaãos, muytos esbulhos e muytas riquezas. E, os Normaãos saydos da terra, tornousse el rey dõ Ramiro saão e salvo e com grande presa e muy alegre, elle e toda sua hoste, pera seu logar. E aquellas naves dos Normaãos, que dalli scaparon, veherõ come de cabo sobre Sevilha e combaterõna. E, como estava a cidade quebrantada da outra gente que dissemos antes desto, nõ poderon acordar sobre si tam bem que se defendessem deles. E quebrantarom
  • 18. 18 os Normaãos a villa. E morrerõ hy muitos deles. E levaron ende os Normaãos grãnde prea, segundo conta a estória, e tornaronsse per mar pera sua terra. En quanto esto acõteceu, creceu a este rey dom Ramiro muy grãde contenda em sua terra. E foy per esta guisa: huum cõde, que avia nome Alderado, e outro conde, que chamavam Privyolo, com sete filhos seus,alçarõsse cõ sobervha e loucura contra este rey dõ Ramiro. E elle prendeuhos e sacou logo os olhos ao Alderado e mãdou escabeçar a Priviolo e aaquelles sete seus filhos. E en este anno choveu na terra de Gasconha huan ceveira que semelhava graãos de triigo, se nom que era mais meudo ja quanto.» Capítulo CCLXV Do que fezeron os Normaãos en terra d´Espanha «Andados nove annos do reynado deste rey dom Ordonho – e foi esto na era de oitocentos e sateenta e três annos e andava entõ o anno da encarnaçõ de Nosso Senhor Jhesu Cristo em oitocentos e trinta e seis ãnos – aportarõ em Espanha, em Aljazira, huam frota de gente de Normaãos, em que avia saseenta naves bem bastecidas e guarnidas de gente e do que avyã mester. E aquella Aljazira he emnas marismas d´Espanha em terra da Andaluzia. E sairon a terra e matarõ hy muytos mouros e queymarõ toda a terra pella costeira do mar e levarõ das mesquitas muy grandes algos que hy acharom. E, feito ally esto, passarom a terra d´Africa e aportarom aa marisma da terra de Mauritãna e filharõ a cidade que chamava Natoze, que era dessa provencia, e matarom hy muitos mouros. E dalli forom adeante e correrõ e estragarom todallas ilhas que ham nome Mayorgas e Mynorgas, Eviça e a Frumeteira. Depois esto, foronsse pelo mar a Grecia e correron a terra e guaanharon hi muy grande algo. E, dally, tornaronsse pera / as marismas d´Espanha; e jouveon hy e teveron hy o inverno. E, na entrada do veraão, foronsse pera sua terra. Capítulo CCLXVI Da morte del rei dom Ordonho «Andados dez anos do reinado del rei dom Ordonho – e foi esto na era de oitocentos e sateenta e quatro anos – adoeceo dos pees dhuam enfermydade que dizem na física pedraga. E pedraga he palavra composta destas duas partes que dizem em grego por o que enna linguagem de castella chamam pee e outra agros, enno grego outrossi, por o que em castellaão dizem contreitura ou contreito, onde pedagra tanto quere dizer enna linguagem de Castella como enfermidade de contreitura das maãos ou contreitura dos pees. E desta enfermidade adoeceo el rei dom Ordonho. E morreo em Ovedo e enterrarõno hi muy honradamente na igreja de Sancta Maria. A sua alma reine com Deus, ca mui boõ rei foi.» Capítulo CCCLXIII Como huans gentes dos Normaãos veherom a Espanha e roubarom Galliza; e de como outrosy morreu Abdenaamer, rey de Cordova.
  • 19. 19 «Conta aqui a estorya que, andados dous ãnos do reynado deste rey dom Ramiro de Leom, que Guderedo, rey dos Normaãos, cõ grande hoste, em frota de muytos navyos, arribarõ em Galiza, que he em fundo d´Espanha. E sayrõ em terra e entrarõ per ella, estragandoa e danando quanto achava, ca lhes nõ ficava as poboas meyores nem as villas mayores, que todo nõ tomarõ e destroy / rõ. E fazer grandes dampnos arredor de Santiago, que nõ acharom quem a eles saysse nem lhes fezesse aetorvo; e matarõ hy entom dom Sistiando, arcebispo de Sanctiago. E correrõ toda a terra atas o mõte que chamã Zebreyro, que nõ acharõ estorvo nem huum em essa terra. E esto durou bem huum ãno, assy como conta a estorya. E, em esse ãno, morreu Abdenaamer, rey de Cordova, e reynou empos elle seu filho Alahatã treze ãnos e dous meses. E aquelle Alahatam chamatom per outro nome Alahazubible, que quer tanto dizer em linguagem de Castella come: «homem que se defende de Deus». E bem semelhava que aquelle rey se defendya com Deus, ca achou o reyno de Cordova muy bem apostado e toda a terra muy em paz e muy assessegada e sem todo buliço e mantevea o filho em aquella maneira que a mãteve o padre. E esto lhe durou, segundo conta a estorya, em todo o tempo que elle reynou. E nem ouve mester de fazer batalhas nem por que husar de feito d´armas. E, em este ãno, morreu o papa Estevõ e posserõ em seu logar Martinho, o segundo, e comprironse cõ este cento e vinte e nove apostolligos. Mas agora leixaremos estas razões e tornemos ao feito dos Normaãos.» Capítulo CCCLXIV Como o conde dom Gonçallo Sanchez de Galiza foy lidar com os Normaãos e os venceu e desfez todo seu feito, matandoos todos, e queymou as suas naves. «Conta a estorya que, passadas estas cousas que ditas avemos e andados três ãnos do reynado del rey dom Ramyro – e foy esto enna era de nocentos e sateenta e sete ãnos e o anno da encarnaçom de Nosso Senhor Jhesu Cristo em novecentos e dez e nove – aconteceu assi que aquella companha dos Normaãos, despois / que ouverõ corruda e roubada toda a terra e feito hy sem guysa quanto quiserõ, querendosse eles já tornar a suas naves cõ muy grandes gaãças e muytos cristãos que levava cativos pera sua terra, sayu a eles aquelle conde dom Gonçallo Sanchez, a provar se poderya deles aver alguam vingança de tanto mal como avyam feito enna terra dos cristãos. E foy a eles muy atrevudamente, chamando o nome de Deus e do apostollo Santiago; e, assy chegou, avolveo a lide fortemente, ferindoos muy de ryjo, e lidou cõ eles. E, com a mercee de Deus e do apostollo Santiago, cuja egreja eles quebrantarõ e roubarom, venceuhos e desbaratouhos, de guisa que todos hy morrerõ com seu rey. Assi que, de muy grande gente que eles eram, nõ ficou quem arma podesse tomar contra eles nem fazerlhes nem huum dãpno, ca todos erã mortos os demais deles, como dito he; e os outros que focarõ fotõ cativos e presos e todo seu feito desbaratado e destruydo. E, feito esto em esta guisa que dito he, aquelle conde dom Gõçallo Sãchez foi logo e queimoulhes todallas naves onde estava na ribeira do mar..» Termino este artigo com um adágio popular tão em uso, naquela época, em Terras Galegas, sem contudo deixar expresso que os Normandos invadiram e saquearam a Galiza, por diversas vezes, desde os anos de 968 / 970 até 1111 ou 1112, em que Sigurd (1108) invade e saqueia toda a Galiza e toda a costa ocidental até Lisboa.
  • 20. 20 A Galiza foi o último território da Europa que conseguiu sacudir os normandos; só desde o século XI / XII, que o litoral atlântico se viu livre das incursões dos piratas, todavia, ainda em 1152, a Galiza vira as suas terras pisadas por um número considerável de normandos debaixo do mando do intrépido Ronald. Enquanto tal sucedia num Reino ao qual estávamos subordinados, a nossa Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão, arranjava um «normando» para em 1095 dar nome a esta terra, segundo, claro, o que vem expresso nos “900 Anos de Paços de Brandão” !!! «DEL FUROR DE LOS NORMANDOS, LIBRANOS SEÑOR» «A FURORE NORMANORUM, LIBERA NOS DOMINE».
  • 21. 21 OS BRANDÕES I INTRODUÇÃO Em artigos anteriores dediquei-me a explanar assuntos, que de qualquer maneira nos ajudam a compreender melhor as origens desta Paróquia de São Cipriano de Paços de Brandão. Embora no que se relaciona com São Salvador de Grijó, concretamente no “Livro das Campainhas, e aos Fidalgos Naturais de Grijó, tivesse abordado os que usavam no seu nome “BRANDÃO”, vou tentar mais uma vez, deixar transcritas, algumas notas acerca deste apelido ou nome, já em uso nos séculos X e XI. Porque na nossa Paróquia o assunto teve um tratamento que muito deixa a desejar, principalmente se for analisado através dos conceitos a que a História nos obriga, leva-me, e nunca é demais relembrar, a introduzir este artigo com a divulgação de documentos da “DIPLOMATA ET CHARTAE”, em que se pode verificar que o ano de 1095 seria de todo improvável para que o Conde D. Henrique fizesse qualquer tipo de transacção, a favor de um fidalgo ou de uma, instituição religiosa, primeiro, sem que tal ficasse registado e avalisado pelo seu primo Raimundo em representação do sogro de ambos, Afonso; segundo,, porque desde o ano de 1094 até final de 1096, foi Raimundo e Urraca, que em representação de Afonso, validavam tais actos. Não obstante, ainda em 1097 aparece só o «Rex Adefonsi», pelo menos em um documento, a validar tais actos, e só a partir deste ano de 1097 é que se encontra Henrique e Teresa, a efectuá-lo, ainda em representação de Afonso. Julgo que a prova documental, que aqui vou apresentar, sirva, de uma vez por todas, para justificar a razão pela qual tenho procurado, que se altere o que se tomou por verdadeiro, e, que induz o leitor num tremendo erro histórico, e que as entidades institucionais, desta Paróquia, resolvam proceder às respectivas rectificações, para que quando se forem consultar «sites» ou outros meios de comunicação, em que tal está expresso, o leitor não encontre coisas de tal maneira inaceitáveis, como o ano de 1095, como vem referido nos “900 Anos de P.B.”, e saiba da verdade acerca do fidalgo ou fidalgos, que desde pelo menos o século X, já usavam no seu nome ou apelido,«Brandon», «Brandiaz», etc., e que deram origem ao «Brandão».
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  • 39. 39 II FERNANDO BRANDÃO A primeira questão que se coloca é a de se saber a ascendência de um tal «FERNÃNDUS BRÃDIAZ», que confirma documento do Mosteiro de Lorvão em 1131, que se anexa:
  • 40. 40 Este Fernandus Brandiaz, que o Pde.Correia, em os 900 Anos de P.B. coloca como 1º donatário desta freguesia de Paços de Brandão, vai ser objecto, neste artigo, de um tratamento muito especial, passando depois às origens dos Brandões em terras que se vieram a denominar por Condado Portucalense.
  • 41. 41 Veja-se como se refere «Frei.António Brandão» na «Monarchia Lusitana» aos Brandões :
  • 42. 42 Passemos, de seguida, ao que nos dizem, sobre o mesmo Fernando Brandão, os Nobiliários:
  • 43. 43 ARCHIVO HERALDICO-GENEALOGICO - visconde de Sanches de baena BRANDÃO – Há sido vulgarmente julgada esta família como oriunda de Inglaterra; porém de uns títulos conservados entre papeis que fora do padre fr. José da Cruz, reformador do Cartório da Nobreza, consta ser a mesma família originária da Normandia, de onde passaram a Portugal com o conde D. Henrique dois irmãos chamados um Charles ou Carlos Brandão, e o segundo Fernão Brandão, que viveram junto ao mosteiro de Grijó, em umas casas que depois foram cognominadas com o nome de paço dos Brandões, e jazem os ditos irmãos sepultados no mesmo mosteiro, tendo na sepultura um letreiro latino, que vertido em português diz: Aqui jazem os cavaleiros Brandões. Não consta que o primeiro tivesse descendentes, porém do segundo são tantos, quantos são os que hoje se apelidam, Brandões em Lisboa, Porto, Évora, Coimbra, Castelo Branco, Viana, e outras muitas terras onde se estenderam. As suas armas estão no livro da armaria da Torre do Tombo, e são: em campo azul cinco brandões acesos de oiro, postos em santor; timbre três dos referidos brandões atados em roquete, com uma fita azul.» Ainda se refere aos Brandões de Duarte Brandão, de João Brandão Sanchez, e, aos de Buarcos, que procedem de Duarte Brandão, contudo só nos vamos dedicar aos referenciados em primeiro lugar. PEDATURA LUSITANA – CRISTÓVÃO ALÃO DE MORAIS TÍTULO DE BRANDÕES O Conde D. Pedro no seu livro não faz título particular dos Brandões, e só fala neles por razão de algumas mulheres com quem casaram: e diz que Mayor Roiz Durão filha de Ruy Diaz Durão e neta de Diogo Gil valente o que morreu na batalha de Ourique casara com Garcia Miz. Brandão e houveram Pº. Garcia = João Garcia = Fernão Garcia, e Gil Garcia que todos foram cavaleiros de uma lança = Diz mais o Conde D. Pedro que D. Enxamea Diaz filha do mesmo Diogo Gls. Valente casara com Fr.do Gls. Cavaleiro da Terra de Sousa, e houvera a D. Thereza mulher de Martim Brandão o Velho. «Querem alguns que os Brandões tenham sua origem de Inglaterra, aonde há poucos tempos viveu Carlos Brandão Duque de Suffloc, que casou com Maria filha de Henrique 7º daquela coroa…»
  • 44. 44 NOBILIÁRIO DE FAMILIAS DE PORTUGAL – FELGUEIRAS GAYO Felgueiras Gayo, começa por nos apresentar no título de BRANDOENS, um primeiro capítulo sobre os Brandoins antigos, como se segue: Cap. 1º N. 1 – GRACIA MARTINS BRANDÃO – CASOU COM d. Mayor Rz de urro filha de Ruy Dias de urro e D. Tereja Fernandes (Conde D. Pedro ttº 44 fls 270) Filhos: Pedro Garcia = João Garcia = Fernão Garcia = Gil Garcia (todos Cavaleiros de uma lança e pouca fazenda). Cap. 2º N 1 – MARTIM BRANDÃO (Conde D. Pº. ttº 44 fls 276) que pode ser o que vai § 1 N 2 foi chamado o velho casado com D. Tareja Fernandes filha de Fernão Glz Cavaleiro da terra de Sousa, e sua mulher D. Examea Dias a que «morreo» a Bespa filha de Diogo Glz no § 32 dos Freitas c. g. ttº de Freitas § 32 N 3. Cap. 3º N - MARTIM BRANDÃO (Conde D. Pº ttº 44 fl 270) que igualmente pode ser o dº § 1 N 2 casou com D. Berengeira Dias filha de Diogo Gil do Avellal no ttº de Avelares § 1 N------ c.g. Cap. 4º N 1 – PEDRO MARTINS BRANDÃO (Conde D. Pº ttº 44 fls 270) casou com D. Urraca Pires filha de Pedro Bool, e sua mulher Sancha Rz filha de Ruy Gomes Colmeiro, e sua mulher D. Urraca Fernandes filha de Fernão Glz da Azambuja ttº de Azambujas § 1. BRANDOENS N 1 – o Primeiro de que temos notícia é Carelos Brandão que passou a este Reino no tempo do Conde Henrique e jaz enterrado no Mosteiro de Grijó: tomou o Apelido de Brandão por assistir no Passo de Brandão: era o dº Carelos Brandão Fidalgo Inglês. Filho:- Martim Brandão N 2 – MARTIM BRANDÃO, filho de Carelos Brandão N 1. Filho: Fernão Martins Brandão
  • 45. 45 N 3 – FERNÃO MARTINS BRANDÃO, filho de Martim Brandão N 2 foi Sr. Do castelo de Arronches por mercê do Rei D. Pedro 1º, e Regedor de Évora e Aio do Rei D. Fernando, parece faltar aqui alguma geração pela muita distância que vai do Conde Henrique a D. Pº 1º que vão mais de 208 anos: deu o Rei D. Pedro certas herdades em Montemor-o-Novo e, Morgado a que chamarão a Silveira. Filho: Lopo Fernandes Brandão. RECORDAR – 900 ANOS DE PAÇOS DE BRANDÃO – PADRE JOAQUIM CORREIA DA ROCHA Porque se trata da única Monografia publicada sobre Paços de Brandão, não deixa de ser curioso o que lá se encontra, página 134, diz-nos o seguinte: «No campo de S. Mamede, não longe do Castelo de Guimarães, a batalha foi vitoriosa, dada a presença dos cavaleiros da Terra de Sta. Maria. Entre eles, estava o Nobre Fernando Brandão. O dia I de Portugal, nesse 24 de Junho de 1128, foi comemorado condignamente, aqui na Torre com fachos luminosos, e, no torreiro frente ao palácio, com torneio digno de registo. Mas talvez seja oportuno transcrever as conclusões a que chegou MANSO DE LIMA (Jacinto Leitão).: “Os Brandões vieram da Normandia, o que se prova por certas semelhanças entre as armas dos Brandons normandos e dos Brandões”. Isto se lê em Famílias de Portugal, Tomo VII…» «Os Brandões vieram da Normandia – e não da Inglaterra (os Brandons de Suflok) ou da Irlanda (os Brendan) – o que se prova por certas semelhanças entre as armas dos Brandons normandos e dos Brandões. Fernão Brandão passou a Portugal com seu irmão Carlos Brandão no tempo do Conde D. Henrique. Em Junho de 1131 aparece como testemunha num documento de nomeação feita por Paio Gonçalves ao Mosteiro de Lorvão, documento este que é citado na Monarquia Lusitana. Carlos Brandão viveu em Rio meão, e Manso de Lima pouco mais acrescenta sobre ele. Fernão Brandão casou e teve dois filhos: Martims Fernandes Brandão, que foi Alcaide-Mor de Évora no tempo de D. Sancho I, casou com D. Sancha Pais e teve descendência; e Pedro Fernandes Brandão.»
  • 46. 46 Dictionaire – historique et héraldique – de la noblesse française - par : d. mailhol –( paris 1896)-Tome second Em face daquilo que os nossos estudiosos em heráldica e nobiliarquia, principalmente dos séculos XVIII e XIX, nos dizem sobre as origens dos Brandões, resolvi consultar uma das melhores obras, de igual período, editadas em França, para saber se haveria alguma referência a algum nobre, que usasse no seu apelido ou nome, a denominação de «BLANDON». Tal apelido ou nome não aparece referenciado, contudo denominações como «Brande», «Brandt» ou «Brandin» são descritas na obra consultada. É pois com a transcrição dessas referências, que vou deixar ao dispor do leitor deste artigo, para que confronte o que lá se encontra com aquilo que os nossos «cronistas» nos dizem. BRANDE – Família nobre de origem belga, residente em França – Século XIX. «Famille noble d´origine belge, résidente en France..» «Armes: Ecartelé: aux 1 et 4, d´argent fretté de sable: aux 2 et 3, d´hermine à deux fasces d´azur.» «Devise: Spes in Deo» REPRESENTAN ACTUEL: «BRANDE (Hector-Marie-Louis ) – reconnu comme noble en France avec les titres de messire et d´écuyer, par jugement du tribunal de 1er. Instance de Boulogne-sur-Mer du 21 avril 1891; marié á Marguerite-Armande-Hervin-Marie de Meautis, dont unne fille unique: Mercédès-Yvonne-Marqguetite, née à Boulogne-sur-Mer le 22 Juillet 1881. Residence: Paris, 14, rue de Thann; Versailles (en été), 1, rue de Solférino. BRAND – Família originária dos Países Baixos, com existência em França cerca de 1500. «BRANDT – Originaire des Pays-Bas. La fillation de cette famille remonte à Gérard de Brandt, seigneur de la campe, qui épousa Anna de Vargelot dont il eut postérité; il existait vers 1500. Au septiéme degré, nous trouvons Alexandre-François-Ignace de Brandt, chevalier, seigneur de Marconne, Piequenhein, etc. Cornelle reforme du régiment Royal-Cravate, il fut crée par le pape, comte palatin, patrice romain, et chevalier de l´Eperon d´or, à cause de l´alliance de son pére avec l´illustre maison de Tolomey, originaire d´Italie; et crée par lettres patentes du roi du mois de mars 1758, comte de Brandt: il èpousa , por contrat passé à Arras le 2 septembre 1752, Jeannes-Catherine Mathon, dont il eut plusieurs enfants. ARMES: Bazur, à trois flammes d´argent, passees 2 et 1.»
  • 47. 47 BRANDIN DE SAINT – LAURENS – Família originária da Normandia e remonta ao século XV. «Cette famille est originaire de Normandie et remonte au XVe. siécle. Elle a donné plusieurs officier, un brigadier des gardes du corps mort en 1754; des chevalliers de Saint-Louis, deux conseillers à la cour des aides et un conseiller au parlement de Normandie. Gustave Brandin de Saint-Laurens, fourrierdes logis du roi accompagna Charles X à Cherbourg en 1830 et y reçut de lui la croix de Saint-Louis. Il a eu deux fils: HenriAymé et Jean-Gaston. Le seul héritier du nom: Gustave Brandin de Saint-Laurens, fils de Henri-Aymé, est mort sans avoir été marié. Armes: Bazur à la flame d´argent accompagnée de trois molettes d´éperon de méme, 2 en chefe t 1 en pointe. Supports: Deux chevaux. Devise: Deo regique.» FOUCHER DE BRANDOIS – Família nobre de Poitou, barões de Brandois, o nome de Foucher é conhecido desde o século X. «Famille noble du Poitou, divisée plusieurs branches: celle des seigneurs des Herbiers, celle des seigneurs de Thénies, enfin celle des barons de Brandois, qui est devenue l´ainée par l´extinction des autres. Le nom du Foucher est connu dés le X siécle. Il y eut un Foucher qui partit pour la primère croisade. Cette famille a fourni plusieurs officiers des armées du roi, des chevaliers de l´ordre militaire de Saint-Louis et de Saint-Michael. Armes: De sable, au lion d´argent.» Os brandões na Inglaterra (brandon, duke of suffolk) Consultando-se diversos livros de Nobiliarquia Inglesa / Irlandesa, encontra-se referenciado um tal Charles Brandon, Duke of Suffolk, que descendia de Brandon, Duke of Suffolk, tendo esta família na origem William Brandon, no século XV, desconhecendo-se a data do seu nascimento e origens. O Charles Brandon, era uma personagem importante na coroa inglesa, basta o título que ostenta, para se perceber tal. Foi casado com Maria, filha de Henrique VII e viúva do rei de França, Luís XII.
  • 48. 48 Esta família de “BRANDON” é de origem inglesa e não há registos de que tenha passado à Península Ibérica. DUARTE BRANDÃO – Segundo o que nos relata Felgueiras Gayo, no seu “Nobiliário” – Tomo Sétimo, página 61, este Duarte Brandão «que era da Alhandra como diz uma memória que vi e alguns fazem filho de Ruy Barba e neto de Fernão Mz Alardo no ttº de barbas § 1 N 4 foi para Inglaterra fugindo a seu Pai com Henrique Brandão onde dizendo ao Rei que era Hebreu se baptizou e foi seu padrinho o Rei pelo que se chamou Duarte e tomou o apelido de Brandão do dº Henrique Brandão que era embaixador da corte de Inglaterra de que foi criado», De Inglaterra passou a Portugal no tempo de D. Afonso V, por quem foi naturalizado em 1479, confirmado por D. João II em 1485 e por D. Manuel em 1497. ARMAS: Em campo azul, dois dragões de oiro batalhantes com os pescoços e rabos repassados armados de sanguinho . TIMBRE: Os mesmos dragões, há quem diga que é meio cavalo- marinho. D. João II deu-lhe o senhorio de Buarcos. As suas armas foram assinadas pelo rei Inglês Duarte V, em memória de um desafio que Duarte Brandão teve e venceu com um fidalgo Inglês, perante o mesmo rei, e pelos serviços que lhe fizera na guerra contra França. Duarte Brandão foi cavaleiro da Jarreteira, capitão das ilhas de Granache, e de tanta estima, que estando na comitiva do rei de Inglaterra quando este se avistou com o de França, comeu com eles à mesa. .
  • 49. 49 III OS BRANDÕES DE ORIGEM PORTUGUESA BRANDILUNI – Documento referente à Igreja de Águas sanctas, é testemunhado entre outros, por «anagildus brandiluni» - Dp.Ch. LVI , ano de 906 .
  • 50. 50 BRANDILIZ – Testamento referente ao «Monastéri Morariae», confirmado por, Osório Brandiliz, geda brandiliz, odario brandiliz – Dp.Ch. LVI – 946
  • 51. 51 BRANDON – BLANDILA - Documento do Livro Preto da Sé de Coimbra – Dp.Ch. XCIII – 967 – É a primeira vez em que é mencionado o nome BRANDON e BLANDILA. BLANDO – Livro das Doações do Mosteiro de Paço de Sousa. Confirmação por «Trutesendo testi.Blando». Dp.Ch. CCXXVI – 1015
  • 52. 52 BRANDIA - «Karta de Tarouquela» - Confirmação por «Brandia test», referente ao Mosteiro de Grijó (Baio-Ferrado, Doc.128 de 1079, 12 Abril). – Dp.Ch. DLXVI – 1079. BRANDIRIGU – Documento referente ao Mosteiro de Arouca, em que nos aparece como testemunha «Brandirigu test». Dp. Ch. DCCXII – 1088
  • 53. 53 FERNÃO BRANDON (1109 – 1131) – Em 1109, Documentos Medievais Portugueses, t. III, doc. 324, aparece este «Brandon» referenciado em Souselas (Coimbra) e em 1131 confirma documento do Mosteiro de Lorvão, como já foi assinalado no cap.II. Não se encontram documentos que possam demonstrar a sua origem Francesa, Normanda, Inglesa ou Irlandesa, e, também se prova a inexistência de qualquer documento de que em 1094 ou 1095, o Conde D. Henrique lhe tivesse doado esta terra de Paços. Pelo contrário a sua ascendência é bem «portuguesa», de fidalgos oriundos de «Terras da Maia», como se pode comprovar, (por todos aqueles que se interessem por estes assuntos), consultando o livro, OS BRANDÕES – Origens e Varonia (938 – 1663), de M. Antonino Fernandes – Porto – Novembro de 2007.(1) (1) – Para os interessados em adquirem o livro, informo que o mesmo se encontrava à venda na LIVRARIA DO GUARDA – MOR – LISBOA, através do seu site da internet, Telefone: 213940716 às 3ª feiras, das 14,00 h às 17,00 horas. – FAX: 213940716
  • 54. 54 O LIVRO DAS CAMPAÍNHAS E OS FIDALGOS NATURAIS DO MOSTEIRO DE GRIJÓ “O LIVRO DAS CAMPAÍNHAS” – Códice da segunda metade do século XIV- MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DE GRIJÓ A primeira questão que se põe é o porquê este Códice, referente ao Mosteiro de São Salvador de Grijó, ser conhecido por “LIVRO DAS CAMPAÍNHAS”?...As igrejas de que o Prior e Cónegos de Grijó eram padroeiros, encontram-se assinaladas por pequenos sinos desenhados nas margens do livro, dando assim origem à designação porque é conhecido. Foi Torquato de Sousa Soares que investigou a identidade e paradeiro do Livro das Campaínhas, tendo-o encontrado no Arquivo Distrital do Porto. A sua transcrição paleográfica foi efectuada por Jorge de Alarcão, publicada em 1986 pelo Gabinete de História e Arqueologia de Vila Nova de Gaia. Qual o contributo deste livro para a história da freguesia de S. Cipriano de Paços de Brandão?...Antes que mais, convém relembrar que este Códice de Grijó se refere a bens de que aquele Mosteiro era padroeiro, referente à segunda metade do século XIV. O livro é uma acta de uma assembleia judiciária, reunida no Mosteiro em 29 de Junho de 1365. Lá são referidos o rol de propriedades, rendas e foros do Mosteiro nesta freguesia, bem como à indicação de fidalgos naturais que aqui possuíam bens. Passemos pois à sua descrição: Mandamento de Saa e de Paaçoo Rio Maior «A pobra e o moinho que traz Joham Dominguez da quatro libras e dous capoes. Item Lourenço de Paaçoo traz dous cassaes em hum e da deles trigo pella do ieerado treze quairas e son pella nova onze quaiiras e alqueire e segunda cinquo quairas pella do eirado e son pella nova quatro quaiiras e da por vinho e por foros seiis libras e dous soldos. Item o cassal que traz Stevam Vicente da trigo oito quairas pella do eirado e faz pella nova seiis quaiiras e dous alqueires e meio e segunda pella nova quatro quairas e por vinho e por dinheiros de foros cinquo libras e meia e hua galinha.
  • 55. 55 Item o cassal da Portella da duas libras. Item a cassaria que traz Lourenço da de trigo pella nova huum alqueire e meio. Item o logar em que mora Domingos Lourenço da cinquo libras. Item Domingos Antoninho do cassal em que mora da trigo pella do eirado onze quaiiras e son pella nova oito quaiiras e três alqueires e de segunda pella nova quatro quaiiras e por vinho e por foros de carnes de três libras e hua galinha. Item Gonçallo Martinz da do cassal em que mora com huum moinho da trigo pella do eirado doze quaiiras e son pella nova nove quaiiras e meia e segunda pella nova três quairas e alqueire e por vinho e foros de carnes e pollo dicto moinho da sete libras e cinquo soldos. Item na dicta aldeia jazem huas cassarias hermas. Item a eigreja de Paaçoo a meatade do padroado he do dicto moesteiro e da colheita ao priol que he posto por seiis libras. Soma trigo dous moiios e cinquo quairas. Soma segunda quinze quairas e alqueire. Soma dinheiros trinta e sete libras e dez e sete soldos. E dous capoes e duas galinhas.» ESTES SON OS NATURAES FIDALGOS QUE ORA O MOESTEIRO DE IGRIJOO HÁ QUE ORA SON VYVOS Joham Brandom e duas filhas. Fernam Martinz sa irmaa. Biringuella Diaz sua madre É de assinalar que é a primeira vez que se encontram assinalados, como fidalgos naturais de Grijó, personalidades que usam nos seus nomes o apelido de «Brandom», quem eram estas personalidades é um assunto que José Augusto P. de Sotto Mayor Pizarro, em “OS PATRONOS DO MOSTEIRO DE GRIJÓ”, nos explica muito bem, como se segue: «JOÃO MARTINS BRANDÃO e FERNÃO MARTINS BRANDÃO eram filhos de Martim Brandão e de BERENGÁRIA DIAS DO AVELAR. O Conde D. Pedro refere este casal afirmando que tiveram filhos e filhas, não referindo porém os seus nomes. Quem fosse a mulher de João Martins ou o nome dos seus filhos, é coisa que ignoramo». «Dona BERENGÁRIA DIAS DO AVELAR, foi casada com Martim Brandão, e depois de enviuvar casou com João Afonso de Sanir. O Conde D. Pedro afirma que do primeiro matrimónio houve
  • 56. 56 filhos e filhas, mas nós só conseguimos identificar dois, que são referidos no Livro das Campaínhas: João Martins, que segue: Fernão Martins Brandão que foi alcaide do castelo de Arronches, por carta de 1 de Janeiro de 1363. Em 1369 foi-lhe coutada a herdade de vale da Arca, no termo de Montemor-o-Novo, morando ele em Évora. É possível que tenha sido aio do Infante D. Fernando. João Martins Brandão foi alcaide do castelo de Penamacor, por carta de 1362. Estava já casado em 1351, com Leonor Esteves das Medas que era também natural de Grijó, juntamente com seus irmãos e que não conseguimos entroncar na família patronal. Leonor esteves aparece ainda em 1374, quando a 13 de Janeiro fez composição com o mosteiro de Paço de Sousa. Fez testamento em 1387, acrescebtando-o em 1395 e nos dois favorecendo aquele mosteiro. No testamento, para além de legados pios e certas obrigações de missas, pede para ser enterrada junto a seu filho, Rui Brandão, fazendo ainda recomendações a sua filha, para que faça cumprir as suas vontades. O Livro das Campaínhas omite o casamento referido, afirmando apanas a naturalidade a João Brandão e duas filhas, para além do irmão e mãe. Do casamento com Leonor Esteves nasceram: RUI ANES BRANDÃO, talvez até já falecido em 1365, e que à data do testamento de sua mães, estava sepultado com seu pai em Paços de Sousa. BERENGÁRIA DIAS BRANDÃO. N. (ANES) BRANDÃO.» Em complemento ao que ficou exposto, devemos recordar o que o Conde D. Pedro, no “LIVRO DE LINHAGENS”, nos diz sobre os fidalgos naturais de Grijó: «E dona Moor Rodriguez d’Urróo foy casada com Garçia Martiins de Bramdom, e fez em ella Pero Garçia, e Joham Garçia, e Fernam Garçia: e estes todos foram caualeiros de huum escudo e de huma lança e nom de gram fazemda» Voltando a José Pizarro, verificamos que a influência destes fidalgos, a nível local seria, porventura, bem maior que a dos ricos-homens, geralmente fixados na corte e tendo as suas terras administradas por dependentes de confiança. Estes cavaleirosescudeiros, os bens que detinham e que, provavelmente, administravam directamente não deviam ser muito extensos, mas a sua influência a nível local, seria muito considerável.
  • 57. 57 O MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DE GRIJÓ A SUA HISTÓRIA Na Vila de Grijó, pertencente ao Concelho de Vila Nova de Gaia, que na Idade Média, pertencia às Terras de Santa Maria – Feira, existe o Mosteiro de São Salvador de Grijó, cujo vasto território, se estendia, principalmente, entre os rios Douro e Vouga, verificando-se a maior concentração de propriedade, num raio de 10 Km. A história do Mosteiro de Grijó, revela-se de uma importância bastante acentuada para todos aqueles que se queiram inteirar, do que se escreveu sobre as Terras de Santa Maria (Feira), e, no que nos toca, a nós «brandoenses» ou «brandoeiros», habitantes ou naturais desta Terra de Paços de Brandão, serve para uma melhor compreensão e estudo do passado, em que as origens de um povo devem ser objecto de um tratamento muito cuidado e especial, tendo-se em atenção que o que se possa escrever sobre a história de um povo ou de uma simples localidade, deve obedecer a muita clareza e rigor histórico.
  • 58. 58 Mosteiro de Grijó CRONOLOGIA 912 (?) – A Guterre e Ausindo Soares, é-lhes dado pelo seu irmão Nuno Soares «O Velho», terreno de uma herdade sua, situada no lugar de Murraceses, entre o Monte Pedroso e Sagitela, que tinha na Comarca da Feira, onde fundam uma pequena igreja (Eclesiola). 922 – Os irmãos Guterres, e, porque se lhe juntaram outros Clérigos, fundam, junto da igreja, um Convento, em que era Prelado, com título de Abade, Guterre Soares. 1093 – A 3 de Novembro de 1093 (em alguns documentos é mencionada a data de 3 de Outubro de 1093) o Bispo de Coimbra, D. Crecónio, vem sagrar esta igreja, que é dedicada ao Salvador do Mundo. No mesmo dia, Soeiro Fromarigues, perante o Bispo, ratificou publicamente a doação e testamento de grandioso legado ao convento. Este Soeiro Fromarigues, era casado com Elvira Nunes, pais dos irmãos Guterres (família Soares).
  • 59. 59 1093-1133 – Soeiro Fromarigues e sua mulher, Elvira Nunes, doam todas as suas fazendas e o padroado das igrejas de Argoncilhe, Perosinho, Cerzedo, Travanca da Bemposta, São Miguel de Travassô e Eyrol. 1128 – O Convento é coutado por D. Teresa. 1132 – Aderiu à Regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. 1135 – A reformação realizada em Santa Cruz de Coimbra, por D. Teotónio, foi seguida pelo Abade D. Paio Soares, do Mosteiro de Grijó, recebendo como reformadores, D. João Peculiar e seu sobrinho D.Pedro Rabaldiz, que chegaram em 21 de Novembro de 1135. D. Paio rejeitou o governo do Mosteiro e o título de Abade, tendo o Bispo de Coimbra, mandado eleger um prelado com título de prior, sendo o primeiro eleito canonicamente, o padre D. Trutesindo. 1139 – Por couto de D. Afonso Henriques (11 de Janeiro de 1139), é doado ao convento a Vila de Brito (S. Félix da Marinha). 1142 – Novamente, por couto de D. Afonso Henriques (13 de Julho de 1142) é doado Tarouquela (Vilar do Paraíso). 1220 – D. Sancho I, faz doação da Ermida de Nª Senhora de Vagos (VagosAveiro). 1245 – O Infante D. Rodrigo Sanches, filho natural do Rei D. Sancho I (da relação amorosa que este Rei teve com D. Maria Pais «Ribeirinha»), vindo mortalmente ferido, de um combate, morre às portas do convento. É enterrado com todas as honras, em 7 de Julho de 1245.
  • 60. 60 (Pagela informativa do interior da Igreja do Mosteiro de Grijó) A Morte do Infante D. Rodrigo Sanches Referente às causas que levaram à morte do Infante D. Rodrigo Sanches, cujo túmulo se encontra no Claustro do Mosteiro de Grijó, transcrevo o que vem escrito na História de Portugal, Ed. Monumental, Direcção de Damião Peres, Vol.II, pags. 243 a 245 : «Ao infeliz Sancho II, atribuíam muitas das desgraças que assolavam o Reino, acabaria por ser destituído e o reino entregue a seu irmão D. Afonso III, “O Bolonhês”. Foi um momento de guerra civil entre partidários do Rei e os que apoiavam Afonso “Conde de Bolonha”, é pois neste cenário que se dá a Lide do Porto. “O Conde de Bolonha” chegara a Lisboa nos últimos dias de 1245 ou nos primeiros de 1246. É de Fevereiro o foral em que confirma ao concelho de Lisboa todas as suas cartas e foros, «escritos como não escritos», em paga do bom acolhimento que lhe tinham feito os munícipes; da sujeição e obediência que haviam prestado “aos mandados apostólicos” e dele
  • 61. 61 Procurador do Reino, e com que se haviam oposto “aos inimigos da fidelidade e da injustiça”. A resistência manifestou-se nas terras do centro e norte do País, e o seu núcleo principal estava em Coimbra, residência habitual da corte. O homem mais representativo desse movimento de resistência, pela audácia, pela turbulência e porque tudo podia na cúria régia, visto ser o grande amigo, o valido do Rei, foi Martim Gil, o filho de Gil Vasques de Soverosa e de Maria Aires de Fornelos, que fora amante de Sancho I. A esse irrequieto rico-homem, e à sua influência perniciosa que ele exercia no espírito do infeliz Sancho II, atribuíram os contemporâneos muitas desgraças do reino. Fora ele o protogonista duma batalha que travara, próximo de Gaia, entre dois bandos de poderosos senhores, e que, passados anos, os velhos relembravam como um acontecimento que grandemente impressionara o País – A LIDE DO PORTO . Nela, o bando de Martim Gil tinha deixado mortos no campo os rico-homens Abril Peres, senhor de Lumiares e tenente das Terras de Riba-Tâmega, e Rodrigo Sanches, o bastardo de Sancho I, tio do Rei e tenente de Entre Douto e Lima. A Lide do Porto deu-se em 1245, meses antes da chegada do Bolonhês, quando a conjura ia já certamente adiantada. Seria tal combate uma daquelas guerras entre nobres, tão vulgares no tempo de Sancho II ? Seria, como Herculano se inclina a supor, o primeiro acto, “a primeira manifestação armada” da própria revolução que devia conduzir ao mando supremo o Conde Bolonhês? Nesse pressuposto, Martim Gil de Soverosa chefiaria já as forças do Rei, em oposição aos dois tenentes do norte, que teriam prometido levantar aquelas províncias. Rodrigo Sanches ficou sepultado no Mosteiro de Grijó, próximo do Porto. E “é notável – diz Herculano numa nota – a esmola que o Conde de Bolonha faz depois ao Mosteiro de Grijó por alma de Rodrigo Sanches. É curioso na verdade que tenha perecido na famosa lide um tio do Rei Sancho II, e que o chefe do bando que o matou fosse o valido desse Rei, e continuasse a sê-lo, acompanhando-o depois na defesa desesperada da coroa.»
  • 62. 62 Túmulo do Infante D. Rodrigo Sanches 1247 – Os cónegos, por acharem que o local era húmido e feio, transferem o convento, um pouco mais para sul do actual . 1280 – D. Maria Pães, fez doação, do Padroado e mais fazendas, que tinha na Vila de Maçãs de Dona Maria, Bispado de Coimbra. 1301 – A Infanta D. Constança Sanches, irmã do Infante D. Rodrigo Sanches, doa ao Mosteiro, uma quinta que tinha em Aveleda, duas léguas da Cidade do Porto para Norte, junto ao mar; assim como metade dos direitos reais, que tinha nas Vilas de Sarzedas e Sovereira Fermosa, do Bispado de Coimbra. Em 1479, 1482 e 1483 – O Prior D. João Álvares era comendatário ou administrador perpétuo dos, Mosteiro de Grijó e São Jorge de Coimbra. 1517 – Era Prior de Grijó, D. João, Bispo de Safim, provedor-mór do Hospital Real de Todos os Santos, reitor da Universidade de Lisboa, e Desembargo régio. 1536 – 1539 – O Prior D. Bento de Abrantes, a pretexto do local ser insalubre, resolveu mudar novamente o Mosteiro, transferindo-o para a Quinta de Quebrantões, em Vila Nova de Gaia. Nem todos os cónegos
  • 63. 63 estiveram de acordo com a mudança o que motivou a intervenção do Papa Pio V. 1540 – A instituição da Congregação de Santa Cruz de Coimbra, confirmada por bula do Papa Paulo III, de 26 de Fevereiro de 1540, foi precedida da reforma do Mosteiro de Santa Cruz, cometida por D. João III a Frei Brás de Barros, da Ordem de São Jerónimo e a Frei António de Lisboa, com início a 13 de Outubro de 1527, no dia de São Geraldo confessor. A esta reforma aderiram os priores de São Vicente de Fora de Lisboa, e de São Salvador de Grijó. 1542 – 1546 – Processo de mudança do Mosteiro do lugar de Grijó, para vila Nova de Gaia, para a Serra do Pilar, Mosteiro de Santo Agostinho da Serra. O descontentamento de alguns cónegos vindos de Grijó, levou-os a alcançar do Papa Pio V, uma bula de separação entre mosteiros antigo e novo (Serra do Pilar), passada em 1566. Estabelecida que fossem dois mosteiros distintos e que se dividissem as rendas. 1572 – O Prior D. Pedro do Salvador decidiu fazer nova igreja, com largueza adequada. É a subsistente. O projecto para a nova igreja é da autoria do arquitecto Francisco Velasques. As obras iniciaram-se em 1574. A partir de 1581, a direcção das obras passa a ser da responsabilidade de Gonçalo Vaz. 1612 – A conclusão da igreja ainda estava atrasada, mas as dependências conventuais encontravam-se praticamente concluídas. 1626 – A igreja, concluída e benzida. 1770 – É emitido o breve de Clemente XIV e beneplácito régio de 6 de Setembro de 1770, de que foi executor o Cardeal Cunha, em que Grijó foi extinto com mais nove mosteiros da Congregação e seus bens anexados ao Mosteiro de Mafra, para nele se desenvolverem os estudos. 1770 – Julga-se que foi este o ano em que foi vendido ao Desembargador João Fernandes de Oliveira. 1792 – A Bula «Expositum nobis» concedida pelo Papa Pio VI, em 3 de Abril, a instâncias da Rainha D. Maria I, foi executada por três sentenças
  • 64. 64 de D. José Maria de Melo, Bispo do Algarve e Inquisidor Geral, nomeado Juiz Comissário e Delegado para proceder com todas as faculdades apostólicas, recebendo também beneplácito régio. A primeira, dada em Lisboa a 10 de Maio de 1792, mandou remover os Cónegos Regrantes do Mosteiro de Mafra para outros mosteiros da sua Congregação, restituindo-os aos religiosos da Província de Santa Maria da Arrábida, e estabeleceu que a união e distribuição dos mosteiros extintos, cujas rendas tinham estado unidas a Mafra, se fizesse em benefício dos que continuassem a existir, restitui-lhes os mosteiros extintos de São Vicente de Fora, de Grijó e provisionalmente o de Refóios de Lima, e aplicar os rendimentos dos outros a usos pios. 1794 – Segunda sentença, dada a 1 de Julho; mandou distribuir e aplicar os bens e rendimentos dos mosteiros extintos, que tinham estado unidos ao extinto Mosteiro de Mafra, ou aplicados a outros fins. 1794 – A terceira sentença, dada a 24 de Dezembro, estabeleceu os mosteiros que deviam constituir a Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho: Santa Cruz de Coimbra, São Vicente de Fora de Lisboa, Salvador de Grijó, Santo Agostinho da Serra, Santa Maria de Refóios de Lima e o Colégio da Sapiência de Coimbra, restituídos “in integrum” ao estado regular e conventual, com todos os bens, rendimentos, privilégios, isentos e padroados de que eram possuidores ao tempo da sua extinção. Estabeleceu o número prefixo de cónegos em cada um, num total de 230, exceptuando os inválidos, bem como o número de conversos e as sanções para os priores gerais infractores. 1795 – Execução da 3ª sentença, por ordem da Rainha, carta régia de 1 de Janeiro e Prior Geral, comunicou-a à Congregação por carta patente datada de 9 de Fevereiro desse ano. 1832 – Os cónegos D. Diogo da Assunção e D. Luis de Miranda Henriques, moradores no extinto mosteiro, apresentaram-se, na cidade do Porto, à chegada do Exército Libertador, onde permaneceram e foram agraciados pelo Imperador do Brasil e Duque de Bragança. 1833 – A 27 de Agosto, os deputados da Comissão Administrativa dos bens dos conventos extintos ou Comissão Administrativa dos conventos
  • 65. 65 abandonados, o abade António Manuel Lopes Vieira de Castro e Francisco da Rocha Soares, na presença de Luís do Patrocínio de Nossa Senhora, cónego regular de Santo Agostinho, do Juiz imediato do couto de Grijó, e de outros elementos, procederam à descrição e inventário dos objectos existentes no mosteiro, que incluía uma hospedaria, sendo escrivão, Nicolau Joaquim Pereira, escriturário da Comissão. Em 1833, o inventário do extinto Mosteiro refere três cartórios: o cartório (cujos documentos transitaram depois, na sua maioria, para o Arquivo da Torre do Tombo e para o Arquivo Distrital do Porto), o cartório eclesiástico com documentos da freguesia de Grijó (com livros de visitação do Mosteiro, registos de testamentos, audiências, e despesas eclesiásticas, registos de termos de culpados, de ordens, de certidões de baptismo, registo de baptismo, do crisma, de casamentos, de óbitos), e das freguesias do Salvador de Perosinho, de São Mamede de Serzedo, de São Martinho de Argoncilhe, de São Miguel de Travassô, e de Santa Eulália de Eirol, e ainda o cartório do Juízo privativo do Mosteiro, contendo autos, sentenças, execuções, penhoras. O inventário menciona ainda o dinheiro, pratas e objectos, apreendidas nas imediações de Grijó, por pertencerem ao Mosteiro, acondicionados em sis baús, três caixões e cinco embrulhos, conduzidos em carros para o depósito geral do extinto Convento dos Congregados do Porto. O auto de arrombamento foi realizado na igreja da Congregação do Oratório do Porto, em 28 de Agosto de 1833, na presença dos membros da Comissão Administrativa dos bens dos conventos abandonados, em cujo inventário constam livros encadernados, papéis, e maços contendo pergaminhos. 1834 – Extinção das Ordens e Congregações Religiosas. 1835 – João Monteiro da Fonseca e Manuel Alves Ramos Camelo, empregado da comissão de extinção, procederam ao inventário do que tinha ficado no Mosteiro sob a fiscalização do provedor do concelho de Grijó, mencionando diversos papéis de pouca importância que ainda se encontravam em gavetas de uma estante do cartório.
  • 66. 66 Mosteiro de Grijó - Claustros
  • 67. 67 Livro Preto de Grijó – Página 1ª (TTonline)
  • 68. 68 Livro Preto de Grijó – Página 2ª. (TTonline)
  • 69. 69 O Mosteiro do Salvador de Grijó, como foi descrito, era masculino, situava-se na antiga Terra e Comarca da Feira. Aderiu à Ordem de Santo Agostinho. Esteve sujeito à jurisdição ordinária do Porto. Aderiu à reforma do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e foi unido à Congregação do mesmo nome.
  • 70. 70 Na Revista “O INSTITUTO”da Universidade de Coimbra, incerto nos vols. XI, XII, XIII e XIV, foi publicado em 1864, sob o título de “Uma Chronica Inedita”, por M. da C. Pereira Coutinho, referente a um manuscrito do Mosteiro de S. Salvador de Grijó, que passo a transcrever na íntegra, com algumas alterações ortográficas, que efectuei para o português actual. UMA CHRONICA INEDITA O manuscrito nº 640, conservado entre os muitos da Biblioteca da Universidade de Coimbra, é um livro de 356 folhas, de marca grande, encadernação forte e antiga, de boa letra, sempre do princípio até ao fim, da mesma pena. Depois da última folha numerada (a 356) na volta da qual tem – Finis -, há mais quatro em branco sem numeração; na quinta, também sem numeração, assim como as seguintes até ao fim, começa o índex, que aparece não foi concluído, porque não passa além de confirmações e doações, com o que ocupa seis páginas e mais duas linhas de outra, continuando ainda algumas folhas em branco. Este livro tem no lombo em letras douradas – Crónica do Mosteiro de Grijó - ; e dentro no frontespício lê-se o mesmo título, porém mais desenvolvido, em que se declara que é a Crónica do Mosteiro de S. Salvador de Grijó, e que é dividida em duas partes ou épocas principais, a primeira desde a fundação do Mosteiro até à sua reformação; e a segunda é daqui em diante até ao ano de 1630. O escrito é anónimo. Não sabemos a causa por que, numa obra, outrora de tanto merecimento, o autor quis ocultar o seu nome; seria por modéstia?...E este livro, que parece ter sido propriedade do Convento de Grijó, por que voltas veio ele incorporar-se com os manuscritos da Biblioteca de Universidade?... Não sabemos. É certo que é obra de génio, no trabalho insano, e de profunda aplicação. O autor declara que a empreendeu no ano de 1630; e que foi por obrigações que devia ao Mosteiro, acrescentando - «que bem é tenha trabalho quem participa da honra, pello direyto querer que estas duas cousas andem sempre junctas». O autor revela vasta lição de escritores antigos tanto sagrados como profanos, e alguma perícia em conhecimentos diplomáticos e paleográficos, predicados indispensáveis para escrever uma longa história fundada quase exclusivamente em documentos antiquíssimos. Se não fora o receio de sermos acusados por abusar da paciência da maior parte dos leitores, publicaríamos na sua íntegra, neste jornal, a crónica do Mosteiro de Grijó; mas atendendo a que um estilo demasiadamente difuso, carregado com longas citações, segundo a moda, nessa época, muito embora se compadecesse com o silencioso
  • 71. 71 descanso claustral, não se acomoda ao gosto de hoje, em que o espírito cubiçoso de novidades abomina leituras estéreis, daremos apenas um conhecimento sinóptico do contexto do manuscrito, transcrevendo todavia de teor alguns trechos em que por ventura se possa encontrar alguma utilidade histórica tanto especial como geral. Começa o autor por dar uma suscinta notícia do valor que nas datas dos nossos mais antigos documentos tinham algumas letras do alfabeto para designarem, mil, quinhentos, cinquenta…, fazendo também alguma explicação sobre o valor do X cortado e não cortado, etc. (Fotografia antiga do Portal do Mosteiro de Grijó) Segue-se logo no verso da primeira folha – Declaração do intento que se pretende ter nesta curiosidade. O discurso sob esta epígrafe é uma espécie de prólogo, em que o autor menciona, como já dissemos, a causa da empresa, o agradecimento, e faz a divisão sistemática e subdivisões da obra. No verso de fl. 2 há uma breve exposição sobre a era de César, causas que houve para os «hispanhoes» a adoptarem para a sua cronologia, diferença que há de anos entre ela, e a do nascimento de Cristo, e quando em Portugal se deixou de contar por ela. É suposto seja matéria, em que devam achar-se versados todos aqueles, que dedicam algum tempo aos estudos da nossa arqueologia, não julgamos fora de propósito oferecer aqui de teor este breve capítulo: «De algumas antiguidades necessárias para se entender melhor o que nestes livros se escrever.» «As antiguidades que aqui nos pareceu declarar hão de ser: Era, Ano. E algumas figuras, por onde os antigos faziam seus cômputos, mostrando logo que coisa seja Era
  • 72. 72 de Césa, ano de Cristo, da sua Encarnação e da sua Paixão, e quando cada uma de estas coisas começou e acabou. Dizemos melhores autores, que escreveram de antiguidade de «Hispanha», que começaram os espanhóis 38 anos antes da nascença de Cristo, notar, e dar princípio a suas escrituras, e instrumentos públicos com este nome da Era de César, deixando desde então as outras contas e anotações de que usavam, e a razão foi (diz Garibay no compêndio de história de «Hispanha» tom. 1º, liv. 6º, cap. 26; Morales e Fr. Bernardo de Brito, cronista deste reino na sua Monarchia Lusitana, e outros) por ser este ano de 38 antes da vinda de Cristo, o que os espanhóis tiveram por primeiro e princípio de seu império; e ser «Hispanha» na divisão do triumvirato imperada por Octaviano César, a quem como pr+incipe seu quizeram, com isto respeitar e honrar os espanhóis. É contudo grande dúvida entre os autores até que tempo durou em Espanha este modo de contar; e deixadas, as várias opiniões que trazem, temos para nós que em Aragão durou até o tempo de el-rei D. Pedro IV, ano de 1351, como diz Silva bo seu catálogo na “lei de Hispanha” fl. 172; ou como parece no ano de 1354, e ano de 1358, como afirma Garibay citado e Estaco nas antiguidades de Portugal, cap. 10, nº 7. Em Castela até o de el-rei D. João o primeiro, que é o que foi vencido no campo de Aljubarrota, mandando no ano de 1385, nas cortes que fazia em Segóvia, se usasse de ali por diante do ano de Cristo, como tem para si Salazar liv. 3º, cap. 18, e Garibay citado. Em Portugal se fez esta mudança em tempo de D. João I ano de Cristo de 1415, “discat na lei de Hispanha” fl. 172 de 1422, como aponta a ordenação velha deste reino liv. 4º,
  • 73. 73 tit. 51, a que segue o ilustríssimo D. Rodrigo da Cunha, arcebispo que hoje é de Lisboa, no catálogo que compôs dos bispos da Sé do Porto, 2ª. P., c.26, e Estaco citado, contra Genebrardi que querfosse feita esta mudança em Portugal no ano de 1415. De este modo se usa hoje entre os cristãos, por Cristo ser o que deu princípio à nossa redenção com seu nascimento, não se usando em Portugal de Era desde o ano de 1422; se não fosse por erro em que deram escrivães com mais vantagem, e os que escreveram vizinhos ao mesmo ano. Porém, quando alguns papéis antigos se acharem escritos com Era de César, saiba-se que é trinta e oito anos primeiro que o ano de Cristo, como diz Garibay citado no liv. 9º, e 4º, Cunha, Fr. Bernardo de Brito na sua “Monarchia Luzitana”, Ambrósio de Morales, e a torrente dos historiadores. Querem alguns que a conta da Encarnação de Cristo começará no ano de 527, e tem para si Jepes na crónica de S. Bento centúria 1ª, que do ano de 550 começaram alguns a contar o ano do Nascimento de Cristo, e outros de sua paixão; porém o que deixamos neste parágrafo assentado parece o mais certo, e conforme a ele se há-de seguir no computo que fizemos quando nestes livros falámos da era de César. A fl 4, depois de acabar o parágrafo precedente há outro que o autor expõe os valores que algumas letras do alfabeto tinham nas datas dos nossos antigos diplomas, tendo procurado imitar à pena essas letras ou caracteres originais. A fl 5 há outro parágrafo com a numeração de 3º e com esta epígrafe: «Dos livros que no archivo do mosteiro de Grijó há, com que se allega no que se disser adiante.» § 3º. Além dos pergaminhos soltos que há no arquivo do Mosteiro de Grijó, também há alguns livros antigos e modernos, em que estão escritas muitas doações, privilégios, e outras coisa, dos quais há um que se chama – Livro Baio-ferrado, que é de meia folha, de pergaminho, com tábua por fora, que fica sendo um reportório, ou registo de breves, que os sumos Pontífices passaram a este mosteiro, de cartas de reis, e doações que muitos fiéis lhe fizeram.
  • 74. 74 (Fotografia antiga – Vista Parcial do Mosteiro de Grijó) Outro livro pequeno também escrito em pergaminho, que se chama Tombo do Convento, com tábuas por fora, onde estão alguns trslados autênticos de coisas que neste mosteiro sucederam. Tem mais um livro de quarto, que é o treslado autêntico de um tombo que el-rei D. Pedro mandou fazer por Ivo Giraldes procurador da comarca da Beira de todas as propriedades, foros, rendas e padroados que este mosteiro tinha, no ano de 1565 (Aqui de certo houve lapso do amanuense; ou o rei que mandou fazer o tombo não foi D.Pedro, ou se o foi, então o ano deve ser o de 1365); e dos senhores que nele tinham comedorias. Há mais um livro grande que se chama Livro Preto, e é registo de algumas doações, e cartas de reis, passadas a este mosteiro, inquirições, e outras coisas tiradas da Torre do Tombo, tudo passado em pública forma, com licença do mesmo rei no ano de mil quatrocentos e cinquenta e dois (Esta data que no original é alfabética, se é a verdadeira, corresponde ao reinado de D. Afonso V), e tem selo pendente; e é este livro de grande autoridade. Além dos acima há três cadernos em que estão alguns treslados autênticos de alguns privilégios. É um livro grande antigo de pergaminho que se chama – Tombo que mandou fazer o Prior D. Affonso Estevens – em que está escrita toda a fazenda deste mosteiro, com o que cada uma pagava; e algumas memórias que deviam ser escritas pelos cónegos que então viviam. Estes são os livros donde tirámos o que ao diante dizemos, e com quem alegámos, que os escrupelosos poderão ver nos lugares qie apontamos; como também nos demais papéis conforme os assinalámos, sacos e números, que advertiremos. E posto que neste cartório estejam alguns pergaminhos antigos, em os quais as firmas são todas da
  • 75. 75 mesma letra, nem por isso deixam de ser originais, porque antigamente não punham seu sinal, os que confirmavam, e eram testemunhas, senão o escrivão que fazia a escritura assinava por todos, como deixou advertido o grande indagador de antiguidade o padre Fr. António Brandão na sua Monarchia Lusitana I, cap. 5º, fl. 129. Estão muitas escrituras antigas escritas em latim, que era o costume daqueles tempos, que se veio a perder com o uso; e em Castela por lei particular, em que mandou el-rei D. Affonso décimo de nome, que se chamava o sábio, por de facto o ser, no ano de 1259, que todas as escrituras reais e mais privilégios, que era costume escreverem-se em latim, se escrevessem de ali por diante em língua castelhana, como deixa advertido o catálogo real de Hispanha fl. 143. A fl. 6 começa o 1. 1º, com o título de – Livro 1º. Da Fundação do Mosteiro de Grijó – segue-se logo um pequeno exórdio, e no verso da folha tem a epígrafe de uma subdivisão. PRIMEIRA PARTE DO PRIMEIRO LIVRO. DO NOME QUE O MOSTEIRO DE GRIJÓ TEVE E HOJE CONSERVA Cap. 1º De aqui até folhas 8 emprega-se o autor na indagação histórica do vocábulo Grijó, mostrando por documentos originais do respectivo cartório que o primitivo nome do loca do mosteiro e do mesmo mosteiro era, no latim bárbaro, o de eglesiola, ecclesiola, e de S. Salvador de Ecclesiola, egrejinha nome que pelo correr dos tempos se converteu no de egreijó, e de que Grijó, pelo qual era conhecido nos tempos modernos. Ainda a fl. 8 começa o cap. 2º com a epígrafe de (Claustros – Fotografia antiga) QUEM FUNDOU O MOSTEIRO DE GRIJÓ
  • 76. 76 De aqui até fl. 16 trata da matéria indicada nesta epígrafe, e compreende os cap. 2º, 3º e 4º e principia o escritor este capítulo dizendo – Não é pequena desgraça não se saber o autor de qualquer obra gloriosa, heróica, e magnífica, para por ela se lhe dar justo louvor, que é o prémio devido à virtude, e com que espertam outros a se empregarem em semelhantes empresas como disse o Espírito Santo - «Virtus laudata crescit». Vai depois disto relatando as opiniões de diversos autores acerca dos fundadores do mosteiro, e prova contra a opinião de aqueles, à vista de uma carta de doação existente no arquivo do mosteiro com data da era de 960, que ele tinha sido fundado (ano de 922) por Guterro Abbade e seu irmão Ausindo. Conclui o cap. 4º por confessar que Manuel de Severim Faria no disc. 4º e Pennoto na Hist.dos Coneg. Regul. L. 2º cap. 32, nº 5, são conformes com este documento. Porém que o mosteiro já se achava fundado quando se fez aquela doação, porque nela aparecem já frades figurando como testemunhas. Sendo verdadeiro o diploma da fundação, como acreditamos que é, não obstante alguns defeitos que encontrámos na cópia, sem sabermos se devemos fazer cargo deles a inópia de conhecimento paleográfico da parte do cronista, se à ignorância e leveza do copista, porque dos erros deste abunda o manuscrito, é certo que os dois irmãos Guterro Abba e Ausindo fundaran uma igreja ou antes capela na sua quinta chamada Egrejinha «fundabimus Eglesia in villa, quo (sic.) vocitant Eglesiola»; e lhe dotaram todos os bens que possuíam, quer fossem herdados de seus antepassados, quer de outros parentes, ou havidos por compra - «de avolenga, sive et parentella, sive et de comparandella», para sustentação dos irmãos e irmãs, que ali habitarem e
  • 77. 77 observarem a vida monacal…«pró tollerantia fratruum et sororum qui in ipso loco habitantes fuerint, et vitam monasticam tenuerint…» Também na mesma carta de doação mencionaram algumas alfaias, paramentos, e outros objectos de serviço divino e eclesiástico; sem esquecer um sino de metal, «et signo medalis». É patente deste diploma que os dois irmãos fundadores eram homens ricos; dominados do espírito de piedade, edificaram em propriedade sua, e á sua custa, uma capela ou ermida, talvez com estabelecimentos contíguos, acomodados, para habitação das pessoas, que ali fossem admitidas, para se dedicarem à vida religiosa.
  • 78. 78 Assim começaram a maior parte dos mosteiros de Portugal de instituição mais remota. Associavam-se alguns indivíduos para viverem em comum empregados no serviço de Deus, oração, pregação e instrução dos povos, sem muitas vezes aparecer nos documentos declaração alguma de instituto então conhecido, a cuja regra os associados se obrigassem. Depois de mais desenvolvidos adoptaram os institutos de algum dos patriarcas das ordens religiosas mais antigas, entre nós S. Bento e S.
  • 79. 79 Agostinho, e organisaram as suas instituições especiais, segundo a disciplina de algum daqueles santos, para se governarem. Estas pequenas fundações assim irregulares e isoladas, feitas por actos inteiramente livres dos primeiros fundadores, foram o embrião de algumas casas religiosas, que no futuro chegaram a ser grandes potentados, como as de Bentos e Cruzios. Os devotos fundadores do Mosteiro de Grijó, nem dizem que tinham escolhido para si, nem obrigam os que lhe sucederam, naquele estabelecimento religioso, a obedecer a instituto algum; apenas declaram que fundaram aquela igreja «in honorem sancti salvatoris domini nostri Jesu Chrisri»; dando-lhe assim a invocação de S. Salvador; e, como já dissemos, dotando-lhe todos os bens para os irmãos e irmãs (talvez frades e freiras) que aí guardassem a vida monástica. O cronista deve declarar mais adiante, quando os habitantes deste pequeno estabelecimento professaram a regra de Santo Agostinho, e se fizeram cónegos regrantes. Os cap. 5º, 6º e 7º, que decorrem desde fl. 16 a 22 v., são empregados pelo autor numa enfadonha investigação da genealogia de Sueiro Fromarigues e sua mulher Elvira Nunes benfeitores do mosteiro, logo depois dos fundadores. É admirável como o autor (mas era mania de todos os escritores deste género) em tempos tão obscuros como remotos, pretende, por hipóteses figuradas a seu modo,
  • 80. 80 encontrar fio genealógico para nos dizer que Sueiro Fromarigues e sua mulher eram pessoas muito fidalgas, e poderosas naquele tempo; levando o seu entusiasmo pela exaltação destes benfeitores á inépcia de sonhar em o nome de Elvira uma sílaba ilustre!! Vamos a ver a habilidade que o cronista de Grijó desenvolveu na decomposição do nome daquela senhora para fazer esta notável e engenhosa descoberta. Os espanhóis e os portugueses, diz o cronista, costumam empregar o artigo – El para indicar grandeza e majestade, por isso dizem – El-rei - , e não o rei como fazem os franceses. O nome Elvira vem escrito no documento assim – Gelvira – que é como antigamente se escrevia; mas tirando-lhe o G, resta o el, que, anteposto a vira, forma Elvira. E assim (palavras do autor) do nome=vir, que significa homem, derivaram, vira, que quer dizer mulher: Logo, Elvira era a senhora mais poderosa, instruída, e ilustre do seu tempo !! Por este modo o nome de Elvira exprimia em breve monograma o preclaro merecimento desta excelente senhora. Então não é isto um engenhoso sofisma do talentoso cronista ?!! As doações que Sueiro, ou Soeiro Fromarigues e Elvira Nines fizeram ao mosteiro, foram esta na era de 1170 (ano de 1132) de todas as igrejas que tinham entre Douro e Águeda, de muitos prédios no lugar de Nogueira e um casal junto ao mosteiro, mas não transcreveu a carta de doação; e aquele na de 1131 (ano de 1093) das porções que tinha comprado da dita Igreja de Grijó, que eram metade, e uma terça parte de outra metade com suas adjenciais e passaes, com as alfaias e utensílios sagrados e profanos, repetidos quase nominalmente como na já referida fundação e doação, que no ano de 922 fizeram os dois irmãos Guterro, e Aizindo; e de todos mais bens que tinha por outras partes, que vêm apontados, na doação transcrita de teor de fl. 9 vº a 10 vº. Vê-se desta carta de doação que Sueiro Fromarigues reuniu ao acto de benfeitor do mosteiro toda a grandeza de uma esplêndida solenidade, porque a convite dele foi o bispo de Coimbra D. Cresconio fazer a dedicação da igreja, e na presença deeste prelado, e de grande concurso de pessoas de ambos os sexos, que vieram tomar parte na festividade, «in magno concilio virorum et mulierum qui ad gaudium dedicationis convenerunt», publicou a doação e fez mencionar na escritura dela um grosso numero de testemunhas a última das quais é – Cresconius Episcopus. Poderá alguém impugnar a existência dos dois documentos acima apontados, as doações, a 1ª de Guterro Abba, a 2ª de Soeiro Fromarigues, não obstante o cronista copiá-las integralmente; e com efeito um leve reparo dá lugar à impugnação, ou pelo menos a conceder que só uma delas fosse verdadeira; pois se os dois irmãos fundadores, como já dissemos, doaram a sua igreja com todos os bens, que possuíam, alfaias, utensílios, etc., para o culto religioso e sustentação das pessoas, que aí