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O futuro
sustentável
Tecnologia e inovação
para uma economia verde
e a erradicação da pobreza
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O futuro
sustentável
A Coppe e seus parceiros na Rio+20
Rio de Janeiro I 13 a 24 de junho de 2012
Cidades sustentáveis
Mobilidadeurbana
Resíduosereciclagem
Águademais,águademenos
Construçãosustentável
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Clima, energia, oceanos 8 10 12
Aenergiaquevemdomar
Aenergiaquevemdaterra
ProteçãodosoceanosErradicação da pobreza 32
Trabalho,renda,dignidade
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Construir um futuro sustentável é o maior desafio deste século. Significa con-
ciliar o crescente consumo mundial de energia com a urgência de conter o aquecimento
global. Requer atender o aumento da demanda por alimentos, matérias-primas e água sem
esgotar os recursos ambientais. Significa, sobretudo, conciliar a necessidade de reduzir as
pressões sobre o meio ambiente com um desenvolvimento econômico equitativo e justo,
capaz de promover dignidade e qualidade de vida para todos.
Como nação que retomou o crescimento econômico e vem obtendo reconhecidos êxitos
na redução de suas históricas desigualdades sociais, o Brasil tem um papel a desempenhar
no enfrentamento do grande desafio mundial. Nesse sentido, a Coppe/UFRJ, maior cen-
tro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, vem contribuindo com tec-
nologias, ações e iniciativas sintonizadas com as novas necessidades nacionais e globais.
São tecnologias inovadoras que incluem alternativas mais eficientes para a mobilidade nas
grandes cidades; a produção de energia a partir das ondas do mar; o reaproveitamento de
resíduos agrícolas, industriais e urbanos para produção de biocombustíveis e biomateriais;
construções sustentáveis; e metodologias criativas para incluir no universo do trabalho e do
empreendedorismo parcelas da população historicamente excluídas.
Essas e outras contribuições estão apresentadas no evento O futuro sustentável – Tecnolo-
gia e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza, que a Coppe e insti-
tuições parceiras promovem no âmbito da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável que se realiza no Rio de Janeiro. Organizado em três eixos
– Clima, Energia, Oceanos; Cidades Sustentáveis; e Erradicação da Pobreza –, o evento
oferece uma exposição das tecnologias desenvolvidas na Coppe e um ciclo de conferências
em que grandes nomes nacionais e estrangeiros do pensamento acadêmico, econômico e
político estão reunidos para compartilhar suas reflexões e enriquecer o debate sobre o futuro
que queremos. Um futuro sustentável.
6
Reduzir os impactos do consumo e da produção de energia no
clima e nos oceanos. Para ajudar a superar esses desafios,
a Coppe vem desenvolvendo tecnologias que, de um lado,
buscam reduzir o impacto ambiental da produção e queima
de combustíveis fósseis e, de outro, oferecem opções criativas
e eficientes para o aproveitamento de novas fontes de energia
limpa e renovável, em terra e no mar.
7
Clima, energia,
oceanos
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A energia que vem do mar
Dono de um litoral de 8 mil quilômetros de ex-
tensão, o Brasil tem muitas possibilidades de
explorar o oceano como fonte de energia limpa e
renovável. Uma dessas possibilidades está se
materializando no verde mar do Ceará, onde
acaba de ser construída a primeira usina da
América Latina que utiliza o movimento das on-
das para produzir energia elétrica.
Situada no porto do Pecém, no Ceará, a 60
quilômetros de Fortaleza, a usina-piloto é um
projeto da Coppe, financiado pela Tractebel
Energia S.A., por meio do Programa de Pesquisa
e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Na-
cional de Energia Elétrica (Aneel), e apoiado pelo
governo do Ceará.
Idealizada e projetada no Laboratório de Tec-
nologia Submarina da Coppe, a usina do Pecém
insere o Brasil no seleto grupo de países que es-
tão testando diferentes conceitos tecnológicos pa-
ra atingir um mesmo objetivo: comprovar que as
ondas do mar podem produzir eletricidade com
confiabilidade de suprimento e a custos viáveis.
O grande diferencial da tecnologia brasileira é o
uso de um sistema de alta pressão para movimen-
tar a turbina e o gerador, um conceito desenvolvi-
do e patenteado pela Coppe. O conjunto completo
usina de ondas
Movimento das ondas se transforma
em eletricidade no Ceará
No encontro do mar com o rio,
a captura da “energia azul”
Quando um rio despeja suas águas no mar, está de fato despejando a
energia, proveniente do sol, que fez a água do mar evaporar e conden-
sar-se sob a forma de nuvens de chuva, que caiu no continente e vol-
tou ao mar na forma de rio. Um projeto em andamento na Coppe quer
recuperar a energia existente no encontro do rio com o mar e trans-
formá-la em eletricidade. É mais uma das formas da chamada “ener-
gia azul”, obtida apenas da água e praticamente sem qualquer impac-
to ambiental.
Financiado pela empresa Tractebel Energia S.A., por meio do Pro-
grama de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacio-
nal de Energia Elétrica (Aneel), o projeto visa desenvolver um sistema
que, posto entre a água doce do rio e a água salgada do mar, tire
partido de um processo natural, a osmose. Nesse processo, a água
sem sal tende a migrar naturalmente para a água salgada e, se nada a
impedir, a energia osmótica nela contida se dissipa na água do mar.
Mas, se for possível inserir uma membrana que permita a entrada da
água do rio e impeça a saída do sal contido na água do mar, haverá um
aumento de pressão. A pressão pode ser usada para fazer girar um
grupo turbogerador e produzir energia elétrica.
Já existe um protótipo de usina de energia osmótica em testes na
Noruega. Implantado em 2009, usa água de degelo dos fiordes norue-
gueses. A ideia é especialmente atraente para o Brasil, que conta, em
seu território, com uma profusão de rios de grande vazão. E quanto
maior é a vazão do rio, maior é a pressão e, portanto, maior é o po-
tencial de geração de energia.
A membrana da Coppe está sendo desenvolvida no Laboratório de
Processos de Separação com Membranas e Polímeros. Nesse local,
os pesquisadores trabalham para aumentar a capacidade do material
polimérico que escolheram para receber mais fluxo de água e reter
maior quantidade de sais dissolvidos. Ao mesmo tempo, o Laborató-
rio de Eletrônica de Potência desenvolve um gerador para o sistema.
O acoplamento de membrana e gerador será o desafio seguinte.
consiste em um flutuador e um braço mecânico
que, movimentados pelas ondas, acionam uma
bomba para pressurizar água doce e armazená-la
num acumulador conectado a uma câmara hiper-
bárica, onde a pressão equivale à de colunas
d´água entre 200 e 400 metros de altura, seme-
lhante às das usinas hidrelétricas. A água alta-
mente pressurizada forma um jato que movimen-
ta a turbina, que, por sua vez, aciona o gerador
responsável pela produção da energia elétrica.
O potencial energético das ondas no Brasil é
estimado em 87 gigawatts. Testes da Coppe in-
dicam que é possível converter cerca de 20%
desse potencial em energia elétrica, o que equi-
vale a 17% da capacidade total instalada no país.
vista aérea do porto do pecém (ce)
9
10
Estimativas indicam que é possível dobrar a pro-
dução brasileira de etanol sem aumentar a atual
área plantada – e, portanto, sem competir com a
produção de alimentos e sem desmatar florestas
para abrir novas fronteiras agrícolas. O caminho
para isso é o aproveitamento de resíduos da
agroindústria da cana-de-açúcar e também do
milho e do trigo, por meio de uma tecnologia
nascente baseada na hidrólise enzimática da ce-
lulose contida nesses resíduos.
O Laboratório Bioetanol, moderna instalação de
processamento de biomassa que será inaugura-
da em breve no campus da UFRJ, está iniciando
testes em escala semipiloto de tecnologias brasi-
leiras para todas as etapas de produção do eta-
nol 2G, o chamado álcool de segunda geração
ou bioetanol. O empreendimento, fruto de uma
parceria entre a Coppe e o Instituto de Química,
com a participação de uma grande rede de insti-
tuições de pesquisa brasileiras e japonesas, é
financiado pela Financiadora de Estudos e Proje-
tos (Finep) e apoiado pela Agência de Coopera-
ção Internacional do Japão (Jica).
O Brasil, que produz cerca de 30 bilhões de
litros de etanol por ano, vive a desconfortável
situação de ser, ao mesmo tempo, o maior pro-
dutor do mundo e incapaz de atender ao seu
próprio mercado. Produzido com tecnologia
convencional, que aproveita apenas um terço da
energia contida na planta, o chamado álcool de
primeira geração é insuficiente para dar conta
da crescente demanda interna e externa.
Uma contribuição fundamental para reverter
essa situação virá do álcool 2G produzido a par-
tir da biomassa dos resíduos da agroindústria.
Na própria produção de cana-de-açúcar está a
melhor perspectiva para o etanol 2G: os dois ter-
ços da energia não convertidos em etanol pelo
processo tradicional estão no bagaço (resíduo da
extração do caldo de cana) e na palha (que cos-
tuma ser queimada na colheita manual da cana).
A forma mais eficiente de aproveitá-los é utilizar
enzimas para fazer a hidrólise, ou seja, para
“quebrar” as moléculas de celulose e extrair a
glicose que, depois de fermentada, se converte
em álcool. O resíduo do processo, rico em ligni-
na, pode ser utilizado nas usinas para cogeração
de energia, uma tecnologia já estabelecida no
país. O potencial econômico dessa tecnologia é
A energia que vem da terra
Etanol 2G, biocombustível
sem competir com alimentos
Fruto de uma parceria
entre a Coppe e o Instituto
de Química, o Laboratório
Bioetanol será inaugurado
em breve no campus da
UFRJ
muito grande, pois o Brasil produz anualmente
mais de 400 milhões de toneladas de resíduos
de cana-de-açúcar.
O primeiro e grande passo para a produção
de bioetanol no Brasil foi dado em 2007, quando
o Laboratório de Tecnologia Enzimática (Enzi-
tec), do Instituto de Química da UFRJ, conseguiu
produzir uma mistura enzimática tão eficiente
para fazer a hidrólise quanto as enzimas comer-
cializadas pelo único fabricante mundial, uma
empresa dinamarquesa. O alto custo das enzi-
mas importadas é o gargalo para deslanchar a
produção industrial de etanol 2G.
No Laboratório Bioetanol, a produção das en-
zimas e as demais etapas de produção do etanol
2G serão desenvolvidas e testadas, visando a
uma tecnologia robusta, sustentável e que mante-
nha a sintonia com a atual tecnologia do etanol
1G. Um dos pontos-chave da sustentabilidade do
processo é a produção das enzimas in loco. Ou
seja, serão produzidas nas próprias usinas de ál-
cool, local de disponibilidade do bagaço e da pa-
lha. Assim, será evitado o transporte por longas
distâncias. O Instituto Virtual Internacional de
Mudanças Globais (Ivig), da Coppe, fará a análise
do ciclo de vida do novo processo. Um dos obje-
tivos é identificar possíveis impactos ambientais
de todas as etapas da produção do etanol 2G, in-
cluindo a produção descentralizada das enzimas.
Outra contribuição da Coppe é a tecnologia de
membranas que será empregada em diferentes
etapas de separação e concentração dos bioma-
teriais envolvidos no processo. Os sistemas de
membranas serão fornecidos pela PAM-Mem-
branas Seletivas, empresa que nasceu no Labo-
ratório de Processos de Separação com Mem-
branas e Polímeros da Coppe.
Ao desenvolver tecnologia para a produção
de etanol 2G, o Brasil acrescenta uma nova e
grande vantagem comparativa às que já tem: cli-
ma, solo, quatro séculos de conhecimento do
cultivo da cana-de-açúcar e quatro décadas de
experiência de produção e uso do álcool como
combustível automotivo. 11
bagaço de cana biodiesel
Proteção dos oceanos
Combinando modelagem computacional am-
biental, imagens de satélite e análise de dados e
informações meteorológicas, oceanográficas e
geológicas, tecnologia desenvolvida na Coppe
identifica e rastreia manchas de óleo no mar
apontando para onde vão e de onde vieram –
sejam elas naturais, provenientes de exsuda-
ções, sejam causadas por acidentes em poços,
plataformas ou navios. Já foi aplicada na Bacia
de Campos, em vários países africanos e no Gol-
fo do México, tanto para ajudar empresas de
petróleo na identificação de áreas com potencial
de exploração como para localizar danos am-
bientais e identificar os responsáveis.
Animados com os resultados, os pesquisado-
res do Laboratório de Métodos Computacionais
em Engenharia da Coppe acabam de se lançar
numa nova empreitada, inédita no Brasil: desen-
volver um sistema de observação oceânica, que
permitirá combinar as informações das imagens
de satélite com dados coletados por robôs-mer-
gulhadores diretamente na lâmina d’água, em
profundidades de até 2 mil metros. Batizado de
Projeto Azul, o projeto está sendo implementado
na Bacia de Santos, a próxima grande fronteira
da exploração de petróleo no Brasil. Seu objeti-
vo é recolher informações sobre a dinâmica das
correntes oceânicas e do transporte de poluen-
tes. Os dados coletados serão disponibilizados
pelo projeto na internet.
Apesar da intensa atividade de exploração e
produção de petróleo no litoral sudeste do país,
o Brasil ainda não tem um programa de obser-
vações sistemático e contínuo do oceano, com
dados abertos ao público e disponibilizados em
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Satélite e robôs para monitorar
o mar e desvendar seus segredos
tempo real. O Projeto Azul é o primeiro passo
nessa direção. Financiado pela companhia de
petróleo BG Group e coordenado pela Coppe, re-
úne uma equipe interdisciplinar de diversas insti-
tuições brasileiras de pesquisa.
Os robôs e outros equipamentos de coleta de
dados no mar serão lançados e controlados pela
Prooceano, uma empresa nascida na Coppe. Vão
recolher e transmitir via satélite, em tempo real,
informações sobre circulação, temperatura e sa-
linidade da água, oxigênio dissolvido, clorofila e
matéria orgânica. Essas informações, de interes-
se tanto para a produção de petróleo como para
o monitoramento ambiental, serão incorporadas
ao sistema de modelagem da Coppe, tornando-o
ainda mais refinado e preciso.
robô-mergulhador
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Robô submarino coleta dados no oceano
Atlântico Sul (foto acima)
À esquerda, imagens obtidas por meio
de simulação computacional, no laboratório
da Coppe, retratam a temperatura
da superfície do mar na região da
Bacia de Campos
13
14
j
Em todo o mundo – sobretudo em países como o Brasil, que vivem
ou viveram intensos processos de urbanização – as cidades carecem
de novas soluções que as tornem mais humanas para seus
moradores. Pesquisadores da Coppe vêm trabalhando em tecnologias
para melhorar a mobilidade urbana, uma forma de recuperar
o elementar direito de ir e vir. Também apresentam soluções para
o aproveitamento inteligente de resíduos, visando contribuir para
o bem-estar de milhares de pessoas que moram em centros urbanos.
15
Cidades
sustentáveis
16
Um trem compacto e leve, que dispensa rodas e
trilhos e flutua silenciosamente. Movido a energia
elétrica, não emite gases de efeito estufa como
os automóveis e ônibus. Desliza elegantemente
sobre esbeltas passarelas suspensas, que não
competem pelo já congestionado espaço das
grandes cidades e cuja construção dispensa as
caras e impactantes obras civis dos metrôs e
trens de superfície convencionais.
Assim é o Maglev-Cobra, o trem de levitação
magnética que está em desenvolvimento no La-
boratório de Aplicações de Supercondutores
(Lasup) da Coppe. No laboratório, um modelo em
tamanho real levita sobre uma linha de 12 metros
de extensão, enquanto aguarda a construção de
uma via demonstrativa de 200 metros, montada
com recursos da Faperj e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O modelo em testes poderá transportar até 30
passageiros (cinco passageiros/m2
), mas o proje-
to é concebido para operar em módulos, tantos
quantos necessários, para atender à demanda.
O Maglev-Cobra – que tem esse nome por-
que os módulos lembram os “anéis” de uma co-
bra – obtém o efeito levitante com o uso de su-
percondutores, uma classe de materiais que,
embora conhecida desde o início do século 20,
só nas últimas décadas começou a ganhar apli-
cações industriais. Projetado para correr a 70
quilômetros por hora, é ideal para percursos ur-
banos, substituindo ou complementando auto-
móveis, ônibus e metrôs.
No ano 2000, quando optaram por desenvol-
ver um trem para uso urbano, os pesquisadores
da Coppe pareciam estar tomando uma decisão
solitária, na contramão dos projetos de trens
magnéticos na Europa e na Ásia: veículos com
velocidades de até 500 quilômetros por hora, pa-
ra unir cidades situadas entre longas distâncias.
Passados mais de dez anos, vem a confirma-
ção do acerto daquela opção. Enquanto as li-
nhas de longa distância e alta velocidade de
trens Maglev demonstram dificuldades para se
expandir ou estabelecer, surgiu no mundo uma
forte tendência ao desenvolvimento de trens
magnéticos urbanos, porque as metrópoles, ca-
da vez mais congestionadas, têm dificuldades
para ampliar seus sistemas de metrô sem per-
Mobilidade urbana
Uma opção ousada e silenciosa
para o caos urbano
turbar ainda mais a vida urbana. Grupos de pes-
quisa nos Estados Unidos, Alemanha, China,
Japão e Coreia do Sul desenvolvem um total de
dez projetos de trens magnéticos para uso nas
cidades. No Japão, já existe uma pequena linha
comercial de 9 quilômetros na cidade de Nagoia,
e a Coreia do Sul está concluindo a construção
de uma linha de 6 quilômetros no aeroporto in-
ternacional de Incheon, em Seul.
Outra decisão foi a opção pela técnica de levi-
tação magnética à base de supercondutores e
ímãs permanentes, a qual só se tornou possível
depois que foram sintetizados, no fim do século
20, os primeiros materiais supercondutores re-
frigerados a nitrogênio líquido e poderosos ímãs
de terras raras. Os outros projetos de trens
magnéticos existentes no mundo, tanto para lon-
gas como para curtas distâncias, utilizam duas
técnicas de levitação desenvolvidas há mais
tempo: a eletromagnética, que se baseia em for-
ças magnéticas atrativas para obter o efeito levi-
tante, e a eletrodinâmica, baseada em forças
magnéticas repulsivas. Os supercondutores e
ímãs são mais caros que os materiais usados na
técnica eletromagnética, que está mais desen-
volvida hoje. Por outro lado, a levitação super-
condutora se baseia em forças estáveis, o que
dispensa complexos aparatos de controle e se-
gurança para garantir a estabilidade de funcio-
namento do trem.
A aposta da Coppe na levitação supercondu-
tora vem se mostrando promissora. Grupos de
pesquisa na Alemanha e na China também ini-
ciaram projetos nessa vertente na virada do sé-
culo e negociam cooperação com os pesquisa-
dores brasileiros.
MAGLEV-COBRA
17
18
Um ônibus com tração elétrica que consome
energia produzida a bordo a partir do hidrogê-
nio, combinando-a com a energia obtida da rede
elétrica, é a resposta da Coppe a dois grandes
problemas ambientais e econômicos: o pesado
uso de diesel, combustível poluente e não reno-
vável, para mover as frotas de veículos coleti-
vos; e a ineficiência dos motores a combustão
interna, que em média aproveitam apenas 15%
da energia contida no combustível.
Além de utilizar fontes renováveis de energia,
nesse veículo tudo foi pensado para garantir o
máximo de eficiência energética e o mínimo – ou
nada – de poluição. A chave é um inteligente sis-
tema de hibridização e gestão da energia a bor-
do. Ao contrário de veículos elétricos convencio-
nais, que carregam suas baterias exclusivamente
na rede elétrica, ele também produz eletricidade
a bordo, a partir de uma pilha a combustível ali-
mentada com hidrogênio. Mas não para aí: tam-
bém aproveita intensamente a energia cinética
– aquela que é adquirida com a movimentação
do veículo. Nos veículos convencionais, a ener-
gia cinética é desperdiçada em desacelerações e
frenagens. No ônibus da Coppe, é regenerada
em energia elétrica. O veículo se movimenta
graças à ação de um eficiente motor elétrico, que
é alimentado por três fontes diferentes: a energia
da rede elétrica convencional armazenada a bor-
do num banco de baterias, eletricidade produzida
pela pilha a combustível e energia elétrica oriun-
da da regeneração da energia cinética, sempre
que desacelera ou freia.
Desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da
Coppe, o ônibus contou com recursos da Finan-
ciadora de Estudos e Projetos (Finep), da Petro-
bras, do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação
Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do
Estado do Rio de Janeiro (Faperj), além de bene-
fícios obtidos por meio de parcerias com empre-
sas locais.
O veículo está em sua segunda versão. A pri-
meira foi lançada em maio 2010 e, em dois anos
de testes, além de confirmar a emissão zero de
poluentes, demonstrou eficiência energética su-
perior à dos veículos a diesel. Animados com os
resultados do primeiro protótipo e com suporte
financeiro da própria Coppe e de empresas par-
ceiras, os pesquisadores desenvolveram a se-
gunda versão do veículo, o H2+2, apresentada
ao público durante a Rio+20. Com uma nova tec-
nologia de tração elétrica híbrida ainda mais efi-
ciente no uso da energia, o veículo está tão
pronto que os pesquisadores até se deram ao
luxo de aproveitar a disponibilidade de energia
elétrica a bordo para incluir no protótipo peque-
nos confortos extras para os passageiros: toma-
das para o carregamento de celulares, laptops e
outros dispositivos móveis. A pilha a combustí-
vel que transforma o hidrogênio em energia elé-
trica, e que tinha potência de 77 quilowatts na
primeira versão, foi substituída por um novo
conjunto de pilhas de baixa potência, modulari-
zada e transformada num versátil gerador elé-
trico embarcado. O sistema de gestão da ener-
gia a bordo seleciona a potência de operação
conforme a necessidade em cada momento de
uso. Além disso, os equipamentos eletroeletrô-
nicos desenvolvidos no Brasil para os sistemas
de tração e auxiliar do veículo foram reprojeta-
Ônibus híbrido a hidrogênio com
tração elétrica: energia renovável
e bem aproveitada
19
dos, otimizados e miniaturizados. Assim, o H2+2
consome ainda menos hidrogênio por quilôme-
tro rodado.
Embora utilize um combustível cuja tecnolo-
gia de uso energético ainda não está plenamen-
te disseminada no Brasil e no mundo, e para o
qual não há estrutura de distribuição, o novo
ônibus híbrido a hidrogênio da Coppe tem mui-
tas vantagens em relação aos veículos tradicio-
nais. De seu cano de descarga só sai vapor de
água, tão limpa que pode ser bebida. Por isso,
muitos consideram o hidrogênio o combustível
do futuro. E isso se reveste ainda de maior im-
portância no Brasil, país que possui matriz ener-
gética com quase 50% de origem renovável e
tem grande disponibilidade de biomassas, hidro-
eletricidade e energias solar e eólica, importan-
tes fontes para produção de hidrogênio renová-
vel em larga escala.
Nesse modelo de ônibus da Coppe com tra-
ção elétrica, a hibridização da energia tem a
vantagem adicional de eliminar o maior inconve-
niente dos veículos elétricos abastecidos apenas
na rede: a baixa autonomia. O ônibus híbrido a
hidrogênio da Coppe tem autonomia de 300 qui-
lômetros, equivalente à dos ônibus a diesel para
uso urbano. Com as baterias carregadas na ga-
ragem, eles já iniciam o percurso com metade
dessa autonomia garantida. Ao longo da via-
gem, o sistema inteligente de gestão da energia
libera as demais fontes, conforme a necessidade
e sempre escolhendo a opção mais eficiente em
cada situação de movimentação do veículo.
Assim como outras metrópoles do planeta, as
grandes cidades brasileiras consomem pesada-
mente combustíveis fósseis para movimentar
suas frotas de veículos coletivos. Nas 14 metró-
poles brasileiras com mais de 1 milhão de habi-
tantes, os ônibus realizam 9,2 bilhões de viagens
por ano. Eles queimam 2,7 bilhões de litros de
diesel e emitem 6,5 milhões de toneladas/ano de
poluentes, tais como CO2
, CO, NOx
, SOx
, hidro-
carbonetos não reagidos e material particulado.
O setor de transportes no Brasil responde por
mais da metade do consumo de derivados de
petróleo e apenas 0,04% do consumo de eletri-
cidade. O ônibus elétrico híbrido da Coppe abre
uma grande perspectiva de eletrificação dos
transportes. Considerando que a maior parte da
energia elétrica no país já vem de fontes renová-
veis e não poluentes, esta é uma oportunidade
para o Brasil inverter totalmente o panorama do
seu transporte urbano, tornando-o um dos mais
sustentáveis do mundo.
ônibus a hidrogênio
20
Para haver sustentabilidade é preciso levar em
conta toda a cadeia produtiva e o ciclo de vida de
um produto, não apenas seu uso final. Com base
nessa premissa, os pesquisadores do Laborató-
rio de Modelagem, Simulação e Controle de Pro-
cessos da Coppe propõem uma ação radical-
mente inovadora sobre o destino a ser dado aos
materiais plásticos que usamos e descartamos.
Nesse laboratório, não se buscam plásticos bio-
degradáveis, vistos como desperdício de maté-
ria-prima e energia. O desafio é, ao contrário,
aumentar o ciclo de vida desses materiais, rea-
proveitando-os como matérias-primas para no-
vos e diferentes produtos.
Fazendo uma nova e sofisticada forma de re-
ciclagem, a reciclagem química, os pesquisado-
res da Coppe estão desenvolvendo tecnologias
cujo objetivo é reincorporar os plásticos descar-
tados na cadeia econômica, em estágios cada
vez mais precoces de sua fabricação nas indús-
trias petroquímicas, de modo que possam ser
utilizados para finalidades até muito diferentes
da inicial.
Diversas teses e pedidos de patentes já fo-
ram produzidos no laboratório, envolvendo os
copos descartáveis e outros materiais à base de
poliestireno. Copinhos de café são desenhados
para ter uma vida útil de alguns poucos segun-
dos. Mas as tecnologias em desenvolvimento
na Coppe buscam estender a vida útil dos mate-
riais de que são feitos.
A partir da extração do petróleo, a produção
de plásticos passa por uma série de etapas nos
complexos petroquímicos, em que cada indústria
promove as misturas que vão dando as diferen-
tes propriedades de cada tipo de plástico, como
resistência, flexibilidade, ductilidade, de acordo
com o uso final que terá. Os copos de café, por
exemplo, podem ser feitos de poliestireno de alto
impacto, uma mistura de materiais que lhes dão
propriedades como a resistência à temperatura e
ao rasgo. Da mesma forma, uma mistura de po-
Resíduos e reciclagem
Materiais feitos à base
de poliestireno,
contendo diferentes
quantidades de copos
plásticos reciclados
Um novo olhar sobre os plásticos
21
lietileno, o material das sacolas de supermerca-
do, com polipropileno resulta num material com-
pletamente diferente, apropriado, por exemplo,
para um para-choque de automóvel.
Na reciclagem convencional, mecânica, o
plástico descartado é processado e reutilizado
para finalidades muito próximas das iniciais, por-
que suas propriedades e funções permanecem
as mesmas. Já na reciclagem química, o material
pode sofrer as misturas e manipulações a que as
indústrias petroquímicas submetem as matérias-
-primas virgens. Aumentam, assim, as oportuni-
dades de diferentes utilizações.
As tecnologias em desenvolvimento na Coppe,
a maioria relacionada a inovações nos processos
de suspensão e emulsão, utilizam uma técnica
chamada de mistura in situ. Ao invés de misturar
mecanicamente o poliestireno com o polimeta-
crilato de metila, por exemplo, a técnica consiste
em fazer um plástico na presença de outro: colo-
car no reator o polimetacrilato de metila, e dis-
solvê-lo na matéria-prima do poliestireno, que é
o estireno. Essa técnica permite controlar de ma-
neira muito precisa a interação dos materiais,
garantindo propriedades mecânicas e de utiliza-
ção superiores às da técnica convencional.
Trata-se não apenas de reaproveitar mate-
riais considerados descartáveis e jogados no li-
xo, mas de torná-los mais nobres, por meio de
processos que os tornam tecnologicamente mais
sofisticados que os originais e com mais possibi-
lidades de diferentes usos. Ao tornar mais valio-
sos esses materiais, a tecnologia contribui para
valorizar a reciclagem e reduzir a quantidade de
resíduos descartados no meio ambiente.
A sequência acima
mostra novos materiais
produzidos a partir da
deposição de materiais
plásticos. O novo produto
é utilizado como
catalisador de biodiesel
Abaixo, a produção
de polímeros a partir
de plástico reciclado
no laboratório da
Coppe/UFRJ
22
Uma intensa cooperação da Coppe com o gover-
no do Estado do Rio de Janeiro resultou no mais
abrangente e criativo projeto para lidar de ma-
neira adaptativa com o fenômeno das enchentes
na Baixada Fluminense. Por sua morfologia e
pela ocupação desordenada das margens de
rios e encostas por moradias de baixa renda,
sem esgotamento sanitário e coleta de lixo, a re-
gião é especialmente suscetível aos efeitos das
chuvas intensas de verão.
Enchentes e inundações frequentes contri-
buem para manter no empobrecimento crônico
as famílias que, a cada verão, veem levados pe-
las águas os poucos bens acumulados durante o
ano. Tornam-se incapazes de poupar e a cada
ano ficam mais pobres.
O panorama na Baixada só começou a mudar
em 2007, com o Projeto de Controle de Inunda-
ções e Recuperação Ambiental das Bacias dos
Rios Iguaçu/Botas e Sarapuí – mais conhecido
como Projeto Iguaçu. Financiado pelo Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), do gover-
no federal, abrange uma área de 726 quilôme-
tros quadrados, onde vivem 2,5 milhões de pes-
soas em seis municípios – Nova Iguaçu, Mesqui-
ta, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e
Duque de Caxias. O projeto é uma coleção de
obras variadas, que incluem drenagem, barra-
gem, reflorestamento de encostas, recuperação
de nascentes e uma criativa urbanização das
margens dos rios: avenidas-canal e parques de
lazer para desestimular a ocupação das faixas
marginais e, nos trechos mais sujeitos a alaga-
mentos, parques inundáveis. Tais parques são
espaços que, nos dias de tempo bom, funcionam
como áreas de lazer. Nos dias de chuva forte,
ficam mesmo inundados, como quer a natureza.
Os primeiros resultados do projeto já são visí-
veis para quem percorre os bairros mais carentes
da região. Como não ocorreram enchentes nos
últimos verões, graças à drenagem emergencial
Água de mais, água de menos
outubro / 2008 DEZEMbro / 2008 JUNHO / 2009
Soluções inovadoras para o
drama das enchentes
23
dos rios principais, os moradores já recuperaram
sua capacidade de poupança e começam a inves-
tir em benfeitorias nas casas e em pequenos ne-
gócios, como bares e mercadinhos. Rompe-se,
assim, o ciclo do empobrecimento contínuo.
O Projeto Iguaçu se beneficia de uma inova-
dora tecnologia desenvolvida no Laboratório de
Recursos Hídricos da Coppe para definir as áre-
as de intervenção e os usos a serem dados a
cada uma. Trata-se de um novo modelo para
fazer a simulação do fluxo das águas quando o
rio transborda. Ao contrário dos modelos con-
vencionais, que veem a área de inundação como
uma simples bacia de acumulação (a água trans-
borda, acumula-se e depois volta ao leito do rio),
a ferramenta da Coppe a vê como uma bacia de
fluxo dinâmico. Isso significa que o modelo re-
produz mais fielmente a complexidade do que
acontece na realidade: a água não reflui toda pa-
ra onde estava antes. Parte evapora, parte se
infiltra no solo e parte volta ao rio, mas não ne-
cessariamente pelo mesmo ponto de onde saiu.
O modelo de fluxo dinâmico permitiu formatar
com mais precisão o alcance e os tipos de inter-
venções e obras do Projeto Iguaçu. Assim, espe-
ra-se que as soluções já criadas sejam mais du-
radouras e eficientes, economizando recursos.
MARÇO / 2010 OUTUBRO / 2010
Imagens revelam os resultados do Projeto Iguaçu.
A ousada obra de engenharia já é realidade na vida
de 2,5 milhões de pessoas que vivem nos seis
municípios da Baixada Fluminense
enchente em Nova Iguaçu - RJ
Tecnologia nacional para a
qualidade da água e do ar
O crescimento das atividades industriais no Bra-
sil e no mundo esbarra na necessidade de obter
água limpa, um bem cada vez mais escasso.
Quando feito por processos convencionais de fil-
tragem e sedimentação, o tratamento de efluen-
tes para o posterior reuso da água consome mui-
ta energia e, para eliminar micro-organismos,
emprega produtos químicos que impactam o
meio ambiente. Uma alternativa ambientalmente
mais adequada são as membranas de microfil-
tração, materiais plásticos de alta tecnologia que
operam na escala do micrômetro e, por isso, são
capazes de reter micro-organismos, além de
materiais em suspensão.
A única empresa da América Latina capaz de
produzir tais membranas nasceu dentro da Co-
ppe, em 2005. Hoje instalada no Parque Tecno-
lógico da UFRJ, a PAM-Membranas Seletivas
industrializa tecnologias desenvolvidas pelo La-
boratório de Processos de Separação com Mem-
branas e Polímeros da Coppe. Tem 30 funcioná-
rios, e alguns de seus clientes são empresas do
porte da Petrobras, Dupont e Votorantim.
As membranas de microfiltração para purifi-
car água da PAM-Membranas são tubos plásti-
cos flexíveis com poros cujo diâmetro médio é de
Inteligência para prever e gerenciar a escassez
As atividades de reflexão e questionamento que fazem parte do dia a dia da Coppe resultam, com
frequência, na identificação de problemas e na sinalização de tendências que ajudam os gestores e
formuladores de políticas a tomarem decisões.
Baseado em décadas de estudos, o Laboratório de Recursos Hídricos da Coppe vem emitindo si-
nais de alerta: o risco de escassez de água, em consequência de desperdícios, do crescimento eco-
nômico e do crescimento urbano. Embora o Brasil tenha 13% das reservas de água doce do mundo,
para apenas 3% da população mundial, 70% dessas reservas estão na Amazônia, longe dos grandes
centros urbanos – que já começam a dar sinais de escassez hídrica.
Estudos da Coppe levantaram um potencial de disputa entre as duas maiores metrópoles do país
– Rio de Janeiro e São Paulo – pelas águas do rio Paraíba do Sul, que atravessa os dois estados. A
Região Metropolitana do Rio de Janeiro depende basicamente do sistema Guandu, que não se sus-
tenta sem a transposição das águas do Paraíba. Já a capital paulista tem buscado água em municí-
pios cada vez mais distantes e é bem possível que, no futuro, queira lançar mão de sua fatia do
Paraíba.
Contratada pelo governo federal, a Coppe produziu um plano diretor para o Guandu, que combina
obras de engenharia – algumas muito simples – com medidas inteligentes de gestão da distribuição
e uso da água. O resultado permitiu ampliar a capacidade de fornecimento do Guandu, para atender
às necessidades de aumento da demanda fluminense por dez anos. Esse tipo de estudo facilitou o
prosseguimento dos vultosos investimentos no polo industrial de Itaguaí, com a ampliação do porto
e a instalação de grandes projetos siderúrgicos.
Mas a economia fluminense continua a crescer. Diante disso, a Coppe está fazendo para o gover-
no estadual um plano diretor de recursos hídricos. Ao contrário dos planos de bacia convencionais,
o trabalho cobrirá o estado inteiro, mas sem descer a detalhes e aplicando-lhe uma visão estratégica
de longo prazo. Uma das mais inovadoras propostas em estudo é a contabilização dos custos que
uma eventual decisão de São Paulo de usar as águas do Paraíba causaria ao Estado do Rio e os
custos que outras opções gerariam para São Paulo. Feitas as contas, os dois estados poderiam ne-
gociar um sistema de compensação mútua – algo nunca feito no Brasil.24
25
O crescimento das atividades industriais no Brasil e
no mundo esbarra na necessidade de obter água
limpa, um bem cada vez mais escasso. Os proces-
sos convencionais para a purificação da água ou
para o tratamento de efluentes, visando ao reúso,
empregam diversos produtos químicos, o que con-
some muita energia e impacta o meio ambiente.
Uma alternativa ambientalmente mais adequada
são as membranas de microfiltração, materiais
plásticos de alta tecnologia que operam na escala
abaixo de um micrômetro e, por isso, são capazes
de reter micro-organismos, além de materiais em
suspensão.
A única empresa da América Latina capaz de
produzir tais membranas nasceu dentro da Coppe,
em 2005. Hoje instalada no Parque Tecnológico da
UFRJ, a PAM-Membranas Seletivas industrializa
tecnologias desenvolvidas pelo Laboratório de Pro-
cessos de Separação com Membranas e Polímeros
da Coppe. Tem 30 funcionários, e alguns de seus
clientes são empresas do porte da Petrobras, FMC
e Dupont.
As membranas de microfiltração da PAM-Mem-
branas são capilares plásticos flexíveis com poros
cujo diâmetro médio é de 0,2 micrômetro (equiva-
lente a 0,0002 milímetro). A empresa também pro-
duz membranas com poros ainda menores, chama-
das de membranas de ultrafiltração, que também
podem ser usadas na indústria de alimentos, bebi-
das e em aplicações de saúde, como máquinas de
hemodiálise.
Mas no laboratório da Coppe os pesquisado-
res também trabalham na escala do nanômetro,
em busca de membranas capazes de separar
substâncias no nível molecular. Uma aplicação é
a separação de gases. O laboratório está desen-
volvendo membranas para retirar o gás carbôni-
co (CO2
) dos efluentes liberados para a atmosfera
pelas usinas térmicas a carvão, um dos vilões do
efeito estufa.
O desafio é conseguir membranas a partir de
materiais que resistam a temperaturas de 200o
C
a 300o
C. Os pesquisadores da Coppe já desen-
volveram uma membrana que resiste a tempe-
raturas até 800o
C e que funciona bem para dei-
xar passar a molécula de hidrogênio. Agora es-
tão adaptando o material para que funcione
também para as moléculas de CO2
.
Membranas de fibra oca utilizadas no processo de
microfiltração são produzidas pela PAM-Membranas,
empresa originada na Coppe
Tecnologia nacional para a qualidade da água e do ar
26
Dar uma destinação mais racional ao lixo e ao
esgoto, aproveitando como fonte de energia os
resíduos que ficam da reciclagem e do trata-
mento, é um objetivo que vem sendo persegui-
do em vários países. O desafio é aumentar a
eficiência das tecnologias utilizadas, para supe-
rar as barreiras econômicas a seu uso comercial
– uma dificuldade ainda maior nos países em
desenvolvimento, onde as tarifas para coleta e
tratamento são muito inferiores às praticadas
nas nações ricas.
Com a ajuda de tecnologias desenvolvidas na
Coppe e aplicadas em instalações de demonstra-
ção de empresas parceiras, perspectivas anima-
doras estão se abrindo. Uma grande conquista
foi obtida na usina-piloto de aproveitamento
energético do esgoto, instalada na estação de
tratamento da Cedae no bairro do Caju, no Rio
de Janeiro. O projeto conseguiu demonstrar que
é viável tratar o biogás resultante da decomposi-
ção do esgoto e fazê-lo atingir o nível de qualida-
de para uso veicular a um custo competitivo com
o do gás natural fóssil.
Mais ambicioso, o projeto da usina de aprovei-
tamento de esgoto pretende dar um destino mais
usina verde – campus da ufrj
Tecnologia para transformar lixo
e esgoto em energia
27
nobre à gordura e ao lodo, resíduos do tratamen-
to de esgoto que têm maior impacto ambiental. O
processamento da gordura gera biodiesel, e o do
lodo pode resultar em gás de síntese (CH4
, H2
e
CO), bio-óleo e biocarvão. Uma experiência já
demonstrou que a adição de glicerol (um subpro-
duto da produção de biodiesel) ao lodo pode ge-
rar até dez vezes mais gás do que o lodo sozinho.
Outras misturas podem ser feitas com resíduos
orgânicos provenientes do lixo urbano, numa co-
digestão lixo/esgoto. Só há mais duas usinas no
mundo desenvolvendo tecnologias nessa linha.
A Usina Verde, um empreendimento privado
na Cidade Universitária, é outro exemplo de
avanço no uso dos resíduos urbanos como fonte
de energia. Trata-se de uma planta-piloto, proje-
tada com a ajuda do Instituto Virtual Internacio-
nal de Mudanças Globais (Ivig), da Coppe, para
produzir energia elétrica a partir da incineração
do lixo que sobra depois da seleção de materiais
recicláveis. A tecnologia utilizada na usina já é
considerada madura para passar a um estágio
comercial: da planta-piloto de 30 toneladas/dia
para uma usina de 150 toneladas/dia.
Otimizando as tecnologias disponíveis, os
pesquisadores conseguiram ganhos de eficiên-
cia que tornam a Usina Verde competitiva com
as usinas de tratamento de lixo no exterior. O
feito se deve a dois aperfeiçoamentos principais.
O primeiro, desenvolvido pela própria empresa
Usina Verde, é um sistema de lavagem dos ga-
ses que utiliza água de reúso, dispensando siste-
mas de filtração sólida ou química. O segundo,
desenvolvido na Coppe, é um sistema de ciclo
combinado, que aumenta o aproveitamento do
calor gerado na queima do lixo ao acoplar um
sistema de combustão de gás à incineração, com
resultado superior à soma das partes.
Despejo de resíduos nas caixas de gordura de estação
de tratamento da Cedae (Estação de Alegria).
Acima, biodiesel produzido a partir de material de
caixa de gordura na estação de tratamento
28
O concreto é o material de construção mais utili-
zado no mundo. Feito com cimento e, quando
usado em grandes estruturas, também com aço,
seu uso vem crescendo a passos largos nos últi-
mos anos, puxado pelo desenvolvimento econô-
mico de países como China, Índia e Brasil.
Tanto a indústria de cimento como a de aço
são grandes emissoras de CO2
, o principal res-
ponsável pela mudança climática. A indústria ci-
menteira sozinha responde por 5% a 7% das
emissões mundiais de CO2
, consequência de
uma produção global de 2,5 bilhões de toneladas
de cimento por ano. No Brasil, a produção está
na casa das 60 milhões de toneladas/ano e já se
projeta chegar em breve a 100 milhões.
De olho nesses números, os pesquisadores
do Laboratório de Estruturas e Materiais da
Coppe pesquisaram, na vasta produção agrícola
brasileira e na diversidade da floresta tropical,
materiais naturais e renováveis que reduzem a
contribuição do concreto para a mudança do cli-
ma. De um lado, desenvolveram uma tecnologia
para utilização da cinza de bagaço de cana, um
Construção sustentável
A força das fibras naturais
e renováveis
29
resíduo da produção de açúcar e álcool, como
substituto parcial do cimento; de outro, busca-
ram, no sisal cultivado no Nordeste e em fibras
de plantas da Amazônia, substitutos para as fi-
bras de aço, as fibras sintéticas e de amianto em
produtos de fibrocimento.
A tecnologia para o uso da cinza de bagaço
de cana está praticamente pronta, faltando
apenas completar alguns testes de durabilida-
de. Os resultados obtidos até agora mostram
que é possível misturar até 10% de cinza ao
cimento com um pequeno aumento na qualida-
de, em comparação com o cimento convencio-
nal, e até 20%, mantendo a qualidade do pro-
duto original.
O Brasil é um dos poucos países do mundo
onde o uso da cinza de bagaço de cana é possí-
vel, viável e tem escala de produção suficiente.
Maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com
500 milhões de toneladas/ano, o país tem uma
produção estimada de 400 mil toneladas/ano de
cinza. O material resulta da queima do bagaço
nas caldeiras das usinas de açúcar e álcool para
produzir vapor.
Além de desenvolver e testar a mistura de
cinza ao cimento, a Coppe fez estudos para de-
monstrar sua viabilidade econômica. Como o ci-
mento não pode ser transportado por longas
distâncias, porque o frete inviabiliza o negócio, a
cinza só pode ser utilizada se a fábrica de cimen-
to e a usina de açúcar e álcool estiverem próxi-
mas. Os estudos mostram que a operação é viá-
vel até uma distância média de 180 quilômetros;
que a região Sudeste do Brasil oferece essas
condições; e que projetos com essa finalidade
preenchem os requisitos para a obtenção de cré-
ditos de carbono.
Em outra frente de pesquisa, testes com fibra
de sisal e coco vêm indicando que essas fibras
naturais são tão eficientes para reforçar o con-
creto quanto as fibras sintéticas de polipropile-
no, nylon e amianto. Em alguns usos, o sisal po-
de até ser mais eficiente, porque reparte melhor
as fissuras do concreto e lhe confere ductilidade
– a capacidade de se estirar ou comprimir sem
se romper facilmente.
Estudos semelhantes estão sendo feitos
com plantas amazônicas como o arumã, a juta,
a piaçaba e o curauá, que podem ajudar a via-
bilizar o uso econômico da floresta, mantendo-a
de pé. Já o sisal é cultivado no semiárido nor-
destino, uma das regiões mais carentes do
Brasil. As 800 mil famílias camponesas que vi-
vem do cultivo de sisal têm a chance de se be-
neficiarem da valorização que um novo uso da
planta poderá trazer.
Pesquisadores testam
concreto ecológico no
Laboratório de Estruturas
e Materiais da Coppe
À esquerda, construção
no campus da UFRJ feita
com solo-cimento e
concreto ecológico,
ambos desenvolvidos em
laboratórios da Coppe
30
Reintroduzir a dimensão humana e social nas atividades econômicas
e tecnológicas. Com esse objetivo, pesquisadores trabalham na
formatação e aplicação de uma nova engenharia, capaz de levar em
conta as desigualdades socioeconômicas que também tornam
insustentável a vida no planeta.
31
Erradicação
da pobreza
32
Desde 1995, uma inovadora iniciativa da Coppe
trabalha para tirar da invisibilidade grupos so-
ciais excluídos econômica e socialmente e trans-
formá-los em empreendedores capazes de ge-
rar e comandar seus próprios negócios. São ca-
tadores, usuários do sistema de saúde mental,
camponeses, pequenos prestadores de serviços
e egressos do sistema penitenciário, entre ou-
tros. Eles são organizados em cooperativas e
apoiados com treinamento e qualificação.
Utilizando técnicas de gestão e engenharia de
produção, e combinando-as com os conheci-
mentos de outras áreas e parceiros, a Incubado-
ra Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP)
cria metodologias e desenvolve ações de inclu-
são e valorização do trabalho desses grupos que
estão nas bordas da economia informal e, por
isso, não são enxergados pelos agentes da eco-
nomia formal.
A ITCP da Coppe impulsionou a criação, com
recursos da Finep e da Fundação Banco do Bra-
sil, da Rede Universitária de Incubadoras de Co-
operativas Populares, da qual hoje fazem parte
Trabalho, renda, dignidade
Arte e habilidade nas
peças criadas pelas
Artesãs da Maré
À direita, curso de
capacitação oferecido
pela Incubadora de
Cooperativas da Coppe,
em Moçambique
Incubadora de cooperativas,
tecnologia para um Brasil invisível
40 universidades de quase todos os estados
brasileiros.
Projetos desenvolvidos diretamente pela ITCP,
em convênio com órgãos governamentais, resul-
taram na criação de programas nacionais ofi-
ciais, com ações disseminadas por todo o país. É
o caso dos mais de 600 centros de atenção psi-
cossocial (CAPs), para geração de trabalho e
renda para os usuários de serviços de saúde
mental. Foram criados pelo Ministério da Saúde
a partir de uma experiência da ITCP com pacien-
tes do Instituto Psiquiátrico Philippe Pinel, do Rio
de Janeiro. Os resultados indicam redução nas
internações e nas quantidades de remédios inge-
ridos pelos participantes. A ITCP treina regular-
mente médicos, terapeutas ocupacionais, psicó-
logos, assistentes sociais e usuários, para que
aprendam a fazer planos de negócios.
Outro projeto que se tornou política pública
dos ministérios do Trabalho e do Turismo é o
programa de incubação de cooperativas popu-
lares e organização comunitária nas áreas de
alto potencial turístico e baixo índice de desen-
volvimento humano. O programa começou no
Nordeste, abrangendo os Lençóis Maranhen-
ses, no Maranhão; o Parque Nacional da Serra 33
da Capivara e o delta do Parnaíba, no Piauí; e a
praia de Jericoacoara, no Ceará. O foco é mu-
dar o olhar da indústria de turismo, que só cos-
tuma inserir a população local – quando o faz
– como empregada de hotéis e restaurantes.
Com isso, os pequenos prestadores de servi-
ços, como taxistas e bugueiros, mantêm-se na
informalidade e não conseguem dialogar, por
exemplo, com as agências que enviam os turis-
tas para a região. O programa trabalha com a
ideia de arranjos produtivos locais e estimula a
formação de cooperativas para formalizar e va-
lorizar o trabalho local.
A ITCP também está ajudando a retirar da in-
visibilidade a multidão de catadores que povoa
as metrópoles brasileiras e a transformá-los em
recicladores de resíduos urbanos. Estimuladas a
se organizarem em cooperativas, essas pessoas
Meio ambiente, economia e pobreza: um diálogo indispensável
O Laboratório Herbert de Souza de Tecnologias Sociais, recém-inaugurado na Coppe, nasceu de
uma constatação feita em trabalhos diretos com comunidades de baixa renda: as questões ambien-
tais estão no cerne dos grandes desafios enfrentados pelas populações econômica e socialmente
excluídas. São problemas como a falta de saneamento, abastecimento de água e segurança alimen-
tar e a vulnerabilidade a catástrofes naturais – sobretudo, no caso brasileiro, as decorrentes da va-
riabilidade climática.
Pesquisas feitas em diversas áreas da Coppe já mostraram que as populações e regiões mais
pobres serão as maiores vítimas das mudanças do clima no Brasil – sejam os moradores de áreas
urbanas afetadas por enchentes e deslizamentos, sejam os pequenos agricultores familiares do se-
miárido nordestino. O propósito do novo laboratório é aproximar os engenheiros dos profissionais
das ciências humanas e sociais que tradicionalmente se debruçam sobre as comunidades mais vul-
neráveis ou socialmente excluídas.
O laboratório é fruto de uma parceria da Coppe com a Rede Nacional de Mobilização Social
(Coep), criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Em duas décadas de atividade,
o Coep acumulou vasta experiência de ação direta em comunidades excluídas e de pesquisa e refle-34
recebem treinamento em segurança do trabalho
e em logística e aprendem a reconhecer diferen-
tes materiais e respectivos valores no mercado,
para que possam selecioná-los e comercializá-los
com vantagem.
Hoje, a incubadora da Coppe começa a ex-
portar sua metodologia. Dentro de um programa
oficial do governo brasileiro, de apoio à constru-
ção de casas no interior de Moçambique, está
ajudando a criar uma incubadora e treinando os
trabalhadores locais que fazem as obras em sis-
tema de mutirão remunerado pelo governo mo-
çambicano. O objetivo é transformá-los em pe-
quenos empreendedores cooperativados. Entre
outras técnicas, eles aprendem a fazer planos de
negócios, para que, estruturados e fortalecidos,
sejam capazes de manter o negócio depois que
a obra pública acaba.
À esquerda,mulheres
da cooperativa Trama
Feminina finalizam
trabalho no tear
“A maré vai subir”:
projeto para recuperação
de áreas de mangue no
Complexo da Maré
xão sobre as causas da pobreza. A rede Coep articula 1,1 mil organizações,
110 comunidades de baixa renda e 27 mil pessoas, que, juntas, construíram
um conjunto de metodologias de organização comunitária, desenvolvimento
comunitário (geração de renda) e mobilização social via internet.
O objetivo do novo laboratório instalado numa área de 200 metros qua-
drados na Coppe é ambicioso: influenciar o pensamento acadêmico para
que, ao produzir tecnologias para uma nova economia ambientalmente res-
ponsável, leve em conta a visão e as necessidades das populações econômi-
ca e socialmente vulneráveis, promovendo, assim, a inclusão social.
O laboratório está se organizando para trabalhar com projetos de desen-
volvimento de tecnologias em três eixos principais: a vinculação entre as
mudanças climáticas e a pobreza; a erradicação da miséria; a vinculação
entre direitos, participação e mobilização social. Em todos, os pesquisadores
dos diversos programas da Coppe têm valiosas contribuições a dar, seja de-
senvolvendo tecnologias específicas para aplicações sociais, seja incorpo-
rando a visão social nas diferentes tecnologias que desenvolvem para apli-
cações ambientais e econômicas.
À direita, Jorge Streit, presidente da
Fundação Banco do Brasil; Luiz
Pinguelli Rosa, diretor da Coppe;
e André Spitz, presidente do Coep,
na inauguração do laboratório 35
36
A Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de
Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – nasceu
disposta a ser um sopro de renovação na
universidade brasileira e a contribuir para o
desenvolvimento do país. Fundada em 1963 pelo
engenheiro Alberto Luiz Coimbra, ajudou a criar a
pós-graduação no Brasil e ao longo de quase cinco
décadas tornou-se o maior centro de ensino e
pesquisa em engenharia da América Latina.
Já formou mais de 12 mil mestres e doutores em
seus 12 programas de pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado). Apoiada nos três pilares
que a norteiam – a excelência acadêmica, a
dedicação exclusiva de professores e alunos, e a
aproximação com a sociedade –, a Coppe destaca-
se como centro irradiador de conhecimento, de
profissionais qualificados e de métodos de ensino,
servindo de modelo para universidades e institutos
de pesquisa em todo o país.
O padrão de excelência se reflete na produção
acadêmica. Na última avaliação da Capes,
divulgada em setembro de 2010, a Coppe foi a
instituição de pós-graduação de engenharia
brasileira que obteve o maior número de conceito
7, atribuído a cursos com desempenho equivalente
aos dos mais importantes centros de ensino e
pesquisa do mundo.
Ampliando horizontes
Seus profissionais e sua infraestrutura de pesquisa
estão permanentemente preparados para
responder às necessidades do desenvolvimento
econômico, tecnológico e social do país. Graças a
essa sintonia com o futuro, a Coppe se tornou
referência nacional e internacional no ensino e
pesquisa de engenharia e vem ajudando o Brasil a
enfrentar alguns dos mais importantes desafios de
sua história recente.
No cenário internacional, tem projetos em
cooperação com instituições científicas de renome
mundial. Muitos de seus docentes integram
comitês e entidades de pesquisa de vários países
e de órgãos multilaterais, como o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)
da ONU, agraciado em 2007 com o Prêmio
Nobel da Paz.
Em 2008, ampliou sua atuação internacional
com a criação do Centro China-Brasil de
Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras
para Energia, uma parceria com a Universidade
de Tsinghua, principal universidade chinesa
na área de engenharia. O Centro está sediado
no campus de Tsinghua, em Pequim, onde
mantém um escritório para coordenar
suas atividades e estabelecer contato com
empresas brasileiras e chinesas potencialmente
interessadas no desenvolvimento conjunto de
novas tecnologias.
Compromisso com o país e a sociedade
Pioneira na aproximação da academia com a
sociedade, a Coppe transforma resultados em
riquezas para o país. Em 1994, criou a Incubadora
de Empresas, cuja atuação já favoreceu a
entrada de cerca de cem serviços e produtos
inovadores no mercado.
Também colocou a engenharia e suas tecnologias
para enfrentar a pobreza e as desigualdades
sociais, lançando uma ponte entre o Brasil dos
incluídos e o dos excluídos. Para atuar nessa
frente de trabalho, inaugurou em 1995 a
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares,
que se tornou referência e teve seu modelo
replicado em outros estados e países.
Já graduou 118 cooperativas e criou cerca
de 2.100 postos de trabalho.
3
Coppe / UFRJ
Diretoria
Luiz Pinguelli Rosa
DiRETOR
Aquilino Senra Martinez
ViCE-DiRETOR
Segen Farid Estefen
DiRETOR DE TECnOLOgiA E inOVAç ã O
Edson Hirokazu Watanabe
DiRETOR DE ASSUnTOS ACADê MiCOS
guilherme Horta Travassos
DiRETOR DE PLAnEJAMEnTO E ADM i n i ST R Aç ã O
Fundação Coppetec
Segen Farid Estefen
DiRETOR SUPERinTEnDEnTE
José Carlos Pinto
DiRETOR ExECUTiVO
Fernando Peregrino
SUPERinTEnDEnTE
Ficha Técnica
Dominique Ribeiro
EDiTORA
Terezinha Costa
REDATORA
Camila Soares
Carlos Ribeiro
Marcos Patricio
Michelle Pereira Carneiro
Rosimeire Marostica
PRODUTORES ExECUTiVOS
Daiana Pralon garcia
Jonathan Machado
ASSiSTEnTES DE PRODUçãO
Marcelo Bessa
REViSãO DE TExTO
Acervo ivig
Agência Tyba
Arquivo inea
Arquivo iTCP/Coppe
Felipe Varanda
Marcelo Valle
Somafoto
FOTOgRAFi A
Traço Design
PROJETO gRáFiCO
Sol gráfica
iMPRESSãO
A Coppe em números
Total de títulos concedidos (até 2011)
9.754 mestres
3.205 doutores
Produção acadêmica anual (em 2011)
336 dissertações de mestrado
168 teses de doutorado
1.620 artigos científicos
interação com a sociedade (governos, empresas e sociedade civil)
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Uma incubadora tecnológica de cooperativas populares
Um núcleo de atendimento em computação de alto desempenho (Nacad)
Coppe - UFRJ
Instituto Alberto Luiz Coimbra de
Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia
Prédio do Centro de Gestão Tecnológica - CT2
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Cidade Universitária – Ilha do Fundão
CEP 21941-972
Telefone: (55 21) 3622-3477 / 3622-3478
Fax: (55 21) 3622-3463
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Telefone: (55 21) 3622-3406 / 3622-3408
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Rua Moniz Aragão, 360, Bloco 1 – Módulo A – Sala 2
Cidade Universitária – Ilha do Fundão
CEP 21941-972
www.coppe.ufrj.br
4
O futuro sustentável
Tecnologia e inovação
para uma economia verde
e a erradicação da pobreza
13 a 24 de junho de 2012
Conferências e debates
Local: Auditório da Coppe – Centro
de Tecnologia 2, Cidade Universitária
(Rua Moniz Aragão, 360 - Bloco 1)
Veja a programação completa no hotsite do evento na internet
www.coppenario20.coppe.ufrj.br
Exposição interativa, palestras
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Construir um futuro sustentável é o maior desafio deste século. significa conciliar

  • 1. 1 O futuro sustentável Tecnologia e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza
  • 2. 2
  • 3. 1 O futuro sustentável A Coppe e seus parceiros na Rio+20 Rio de Janeiro I 13 a 24 de junho de 2012
  • 4.
  • 5. Cidades sustentáveis Mobilidadeurbana Resíduosereciclagem Águademais,águademenos Construçãosustentável 16 20 22 28 Clima, energia, oceanos 8 10 12 Aenergiaquevemdomar Aenergiaquevemdaterra ProteçãodosoceanosErradicação da pobreza 32 Trabalho,renda,dignidade
  • 6. 4
  • 7. Construir um futuro sustentável é o maior desafio deste século. Significa con- ciliar o crescente consumo mundial de energia com a urgência de conter o aquecimento global. Requer atender o aumento da demanda por alimentos, matérias-primas e água sem esgotar os recursos ambientais. Significa, sobretudo, conciliar a necessidade de reduzir as pressões sobre o meio ambiente com um desenvolvimento econômico equitativo e justo, capaz de promover dignidade e qualidade de vida para todos. Como nação que retomou o crescimento econômico e vem obtendo reconhecidos êxitos na redução de suas históricas desigualdades sociais, o Brasil tem um papel a desempenhar no enfrentamento do grande desafio mundial. Nesse sentido, a Coppe/UFRJ, maior cen- tro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, vem contribuindo com tec- nologias, ações e iniciativas sintonizadas com as novas necessidades nacionais e globais. São tecnologias inovadoras que incluem alternativas mais eficientes para a mobilidade nas grandes cidades; a produção de energia a partir das ondas do mar; o reaproveitamento de resíduos agrícolas, industriais e urbanos para produção de biocombustíveis e biomateriais; construções sustentáveis; e metodologias criativas para incluir no universo do trabalho e do empreendedorismo parcelas da população historicamente excluídas. Essas e outras contribuições estão apresentadas no evento O futuro sustentável – Tecnolo- gia e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza, que a Coppe e insti- tuições parceiras promovem no âmbito da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável que se realiza no Rio de Janeiro. Organizado em três eixos – Clima, Energia, Oceanos; Cidades Sustentáveis; e Erradicação da Pobreza –, o evento oferece uma exposição das tecnologias desenvolvidas na Coppe e um ciclo de conferências em que grandes nomes nacionais e estrangeiros do pensamento acadêmico, econômico e político estão reunidos para compartilhar suas reflexões e enriquecer o debate sobre o futuro que queremos. Um futuro sustentável.
  • 8. 6 Reduzir os impactos do consumo e da produção de energia no clima e nos oceanos. Para ajudar a superar esses desafios, a Coppe vem desenvolvendo tecnologias que, de um lado, buscam reduzir o impacto ambiental da produção e queima de combustíveis fósseis e, de outro, oferecem opções criativas e eficientes para o aproveitamento de novas fontes de energia limpa e renovável, em terra e no mar.
  • 10. 8 A energia que vem do mar Dono de um litoral de 8 mil quilômetros de ex- tensão, o Brasil tem muitas possibilidades de explorar o oceano como fonte de energia limpa e renovável. Uma dessas possibilidades está se materializando no verde mar do Ceará, onde acaba de ser construída a primeira usina da América Latina que utiliza o movimento das on- das para produzir energia elétrica. Situada no porto do Pecém, no Ceará, a 60 quilômetros de Fortaleza, a usina-piloto é um projeto da Coppe, financiado pela Tractebel Energia S.A., por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Na- cional de Energia Elétrica (Aneel), e apoiado pelo governo do Ceará. Idealizada e projetada no Laboratório de Tec- nologia Submarina da Coppe, a usina do Pecém insere o Brasil no seleto grupo de países que es- tão testando diferentes conceitos tecnológicos pa- ra atingir um mesmo objetivo: comprovar que as ondas do mar podem produzir eletricidade com confiabilidade de suprimento e a custos viáveis. O grande diferencial da tecnologia brasileira é o uso de um sistema de alta pressão para movimen- tar a turbina e o gerador, um conceito desenvolvi- do e patenteado pela Coppe. O conjunto completo usina de ondas Movimento das ondas se transforma em eletricidade no Ceará
  • 11. No encontro do mar com o rio, a captura da “energia azul” Quando um rio despeja suas águas no mar, está de fato despejando a energia, proveniente do sol, que fez a água do mar evaporar e conden- sar-se sob a forma de nuvens de chuva, que caiu no continente e vol- tou ao mar na forma de rio. Um projeto em andamento na Coppe quer recuperar a energia existente no encontro do rio com o mar e trans- formá-la em eletricidade. É mais uma das formas da chamada “ener- gia azul”, obtida apenas da água e praticamente sem qualquer impac- to ambiental. Financiado pela empresa Tractebel Energia S.A., por meio do Pro- grama de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Agência Nacio- nal de Energia Elétrica (Aneel), o projeto visa desenvolver um sistema que, posto entre a água doce do rio e a água salgada do mar, tire partido de um processo natural, a osmose. Nesse processo, a água sem sal tende a migrar naturalmente para a água salgada e, se nada a impedir, a energia osmótica nela contida se dissipa na água do mar. Mas, se for possível inserir uma membrana que permita a entrada da água do rio e impeça a saída do sal contido na água do mar, haverá um aumento de pressão. A pressão pode ser usada para fazer girar um grupo turbogerador e produzir energia elétrica. Já existe um protótipo de usina de energia osmótica em testes na Noruega. Implantado em 2009, usa água de degelo dos fiordes norue- gueses. A ideia é especialmente atraente para o Brasil, que conta, em seu território, com uma profusão de rios de grande vazão. E quanto maior é a vazão do rio, maior é a pressão e, portanto, maior é o po- tencial de geração de energia. A membrana da Coppe está sendo desenvolvida no Laboratório de Processos de Separação com Membranas e Polímeros. Nesse local, os pesquisadores trabalham para aumentar a capacidade do material polimérico que escolheram para receber mais fluxo de água e reter maior quantidade de sais dissolvidos. Ao mesmo tempo, o Laborató- rio de Eletrônica de Potência desenvolve um gerador para o sistema. O acoplamento de membrana e gerador será o desafio seguinte. consiste em um flutuador e um braço mecânico que, movimentados pelas ondas, acionam uma bomba para pressurizar água doce e armazená-la num acumulador conectado a uma câmara hiper- bárica, onde a pressão equivale à de colunas d´água entre 200 e 400 metros de altura, seme- lhante às das usinas hidrelétricas. A água alta- mente pressurizada forma um jato que movimen- ta a turbina, que, por sua vez, aciona o gerador responsável pela produção da energia elétrica. O potencial energético das ondas no Brasil é estimado em 87 gigawatts. Testes da Coppe in- dicam que é possível converter cerca de 20% desse potencial em energia elétrica, o que equi- vale a 17% da capacidade total instalada no país. vista aérea do porto do pecém (ce) 9
  • 12. 10 Estimativas indicam que é possível dobrar a pro- dução brasileira de etanol sem aumentar a atual área plantada – e, portanto, sem competir com a produção de alimentos e sem desmatar florestas para abrir novas fronteiras agrícolas. O caminho para isso é o aproveitamento de resíduos da agroindústria da cana-de-açúcar e também do milho e do trigo, por meio de uma tecnologia nascente baseada na hidrólise enzimática da ce- lulose contida nesses resíduos. O Laboratório Bioetanol, moderna instalação de processamento de biomassa que será inaugura- da em breve no campus da UFRJ, está iniciando testes em escala semipiloto de tecnologias brasi- leiras para todas as etapas de produção do eta- nol 2G, o chamado álcool de segunda geração ou bioetanol. O empreendimento, fruto de uma parceria entre a Coppe e o Instituto de Química, com a participação de uma grande rede de insti- tuições de pesquisa brasileiras e japonesas, é financiado pela Financiadora de Estudos e Proje- tos (Finep) e apoiado pela Agência de Coopera- ção Internacional do Japão (Jica). O Brasil, que produz cerca de 30 bilhões de litros de etanol por ano, vive a desconfortável situação de ser, ao mesmo tempo, o maior pro- dutor do mundo e incapaz de atender ao seu próprio mercado. Produzido com tecnologia convencional, que aproveita apenas um terço da energia contida na planta, o chamado álcool de primeira geração é insuficiente para dar conta da crescente demanda interna e externa. Uma contribuição fundamental para reverter essa situação virá do álcool 2G produzido a par- tir da biomassa dos resíduos da agroindústria. Na própria produção de cana-de-açúcar está a melhor perspectiva para o etanol 2G: os dois ter- ços da energia não convertidos em etanol pelo processo tradicional estão no bagaço (resíduo da extração do caldo de cana) e na palha (que cos- tuma ser queimada na colheita manual da cana). A forma mais eficiente de aproveitá-los é utilizar enzimas para fazer a hidrólise, ou seja, para “quebrar” as moléculas de celulose e extrair a glicose que, depois de fermentada, se converte em álcool. O resíduo do processo, rico em ligni- na, pode ser utilizado nas usinas para cogeração de energia, uma tecnologia já estabelecida no país. O potencial econômico dessa tecnologia é A energia que vem da terra Etanol 2G, biocombustível sem competir com alimentos Fruto de uma parceria entre a Coppe e o Instituto de Química, o Laboratório Bioetanol será inaugurado em breve no campus da UFRJ
  • 13. muito grande, pois o Brasil produz anualmente mais de 400 milhões de toneladas de resíduos de cana-de-açúcar. O primeiro e grande passo para a produção de bioetanol no Brasil foi dado em 2007, quando o Laboratório de Tecnologia Enzimática (Enzi- tec), do Instituto de Química da UFRJ, conseguiu produzir uma mistura enzimática tão eficiente para fazer a hidrólise quanto as enzimas comer- cializadas pelo único fabricante mundial, uma empresa dinamarquesa. O alto custo das enzi- mas importadas é o gargalo para deslanchar a produção industrial de etanol 2G. No Laboratório Bioetanol, a produção das en- zimas e as demais etapas de produção do etanol 2G serão desenvolvidas e testadas, visando a uma tecnologia robusta, sustentável e que mante- nha a sintonia com a atual tecnologia do etanol 1G. Um dos pontos-chave da sustentabilidade do processo é a produção das enzimas in loco. Ou seja, serão produzidas nas próprias usinas de ál- cool, local de disponibilidade do bagaço e da pa- lha. Assim, será evitado o transporte por longas distâncias. O Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), da Coppe, fará a análise do ciclo de vida do novo processo. Um dos obje- tivos é identificar possíveis impactos ambientais de todas as etapas da produção do etanol 2G, in- cluindo a produção descentralizada das enzimas. Outra contribuição da Coppe é a tecnologia de membranas que será empregada em diferentes etapas de separação e concentração dos bioma- teriais envolvidos no processo. Os sistemas de membranas serão fornecidos pela PAM-Mem- branas Seletivas, empresa que nasceu no Labo- ratório de Processos de Separação com Mem- branas e Polímeros da Coppe. Ao desenvolver tecnologia para a produção de etanol 2G, o Brasil acrescenta uma nova e grande vantagem comparativa às que já tem: cli- ma, solo, quatro séculos de conhecimento do cultivo da cana-de-açúcar e quatro décadas de experiência de produção e uso do álcool como combustível automotivo. 11 bagaço de cana biodiesel
  • 14. Proteção dos oceanos Combinando modelagem computacional am- biental, imagens de satélite e análise de dados e informações meteorológicas, oceanográficas e geológicas, tecnologia desenvolvida na Coppe identifica e rastreia manchas de óleo no mar apontando para onde vão e de onde vieram – sejam elas naturais, provenientes de exsuda- ções, sejam causadas por acidentes em poços, plataformas ou navios. Já foi aplicada na Bacia de Campos, em vários países africanos e no Gol- fo do México, tanto para ajudar empresas de petróleo na identificação de áreas com potencial de exploração como para localizar danos am- bientais e identificar os responsáveis. Animados com os resultados, os pesquisado- res do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia da Coppe acabam de se lançar numa nova empreitada, inédita no Brasil: desen- volver um sistema de observação oceânica, que permitirá combinar as informações das imagens de satélite com dados coletados por robôs-mer- gulhadores diretamente na lâmina d’água, em profundidades de até 2 mil metros. Batizado de Projeto Azul, o projeto está sendo implementado na Bacia de Santos, a próxima grande fronteira da exploração de petróleo no Brasil. Seu objeti- vo é recolher informações sobre a dinâmica das correntes oceânicas e do transporte de poluen- tes. Os dados coletados serão disponibilizados pelo projeto na internet. Apesar da intensa atividade de exploração e produção de petróleo no litoral sudeste do país, o Brasil ainda não tem um programa de obser- vações sistemático e contínuo do oceano, com dados abertos ao público e disponibilizados em -21 -21,5 -22 -22,5 -23 -23,5 -24 -24,5 -25 26 24 22 20 18 16 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38 -21 -21,5 -22 -22,5 -23 -23,5 -24 -24,5 -25 26 24 22 20 18 16 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -3812 Satélite e robôs para monitorar o mar e desvendar seus segredos
  • 15. tempo real. O Projeto Azul é o primeiro passo nessa direção. Financiado pela companhia de petróleo BG Group e coordenado pela Coppe, re- úne uma equipe interdisciplinar de diversas insti- tuições brasileiras de pesquisa. Os robôs e outros equipamentos de coleta de dados no mar serão lançados e controlados pela Prooceano, uma empresa nascida na Coppe. Vão recolher e transmitir via satélite, em tempo real, informações sobre circulação, temperatura e sa- linidade da água, oxigênio dissolvido, clorofila e matéria orgânica. Essas informações, de interes- se tanto para a produção de petróleo como para o monitoramento ambiental, serão incorporadas ao sistema de modelagem da Coppe, tornando-o ainda mais refinado e preciso. robô-mergulhador -21 -21,5 -22 -22,5 -23 -23,5 -24 -24,5 -25 26 24 22 20 18 16 -44 -43 -42 -41 -40 -39 -38 Robô submarino coleta dados no oceano Atlântico Sul (foto acima) À esquerda, imagens obtidas por meio de simulação computacional, no laboratório da Coppe, retratam a temperatura da superfície do mar na região da Bacia de Campos 13
  • 16. 14 j Em todo o mundo – sobretudo em países como o Brasil, que vivem ou viveram intensos processos de urbanização – as cidades carecem de novas soluções que as tornem mais humanas para seus moradores. Pesquisadores da Coppe vêm trabalhando em tecnologias para melhorar a mobilidade urbana, uma forma de recuperar o elementar direito de ir e vir. Também apresentam soluções para o aproveitamento inteligente de resíduos, visando contribuir para o bem-estar de milhares de pessoas que moram em centros urbanos.
  • 18. 16 Um trem compacto e leve, que dispensa rodas e trilhos e flutua silenciosamente. Movido a energia elétrica, não emite gases de efeito estufa como os automóveis e ônibus. Desliza elegantemente sobre esbeltas passarelas suspensas, que não competem pelo já congestionado espaço das grandes cidades e cuja construção dispensa as caras e impactantes obras civis dos metrôs e trens de superfície convencionais. Assim é o Maglev-Cobra, o trem de levitação magnética que está em desenvolvimento no La- boratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe. No laboratório, um modelo em tamanho real levita sobre uma linha de 12 metros de extensão, enquanto aguarda a construção de uma via demonstrativa de 200 metros, montada com recursos da Faperj e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O modelo em testes poderá transportar até 30 passageiros (cinco passageiros/m2 ), mas o proje- to é concebido para operar em módulos, tantos quantos necessários, para atender à demanda. O Maglev-Cobra – que tem esse nome por- que os módulos lembram os “anéis” de uma co- bra – obtém o efeito levitante com o uso de su- percondutores, uma classe de materiais que, embora conhecida desde o início do século 20, só nas últimas décadas começou a ganhar apli- cações industriais. Projetado para correr a 70 quilômetros por hora, é ideal para percursos ur- banos, substituindo ou complementando auto- móveis, ônibus e metrôs. No ano 2000, quando optaram por desenvol- ver um trem para uso urbano, os pesquisadores da Coppe pareciam estar tomando uma decisão solitária, na contramão dos projetos de trens magnéticos na Europa e na Ásia: veículos com velocidades de até 500 quilômetros por hora, pa- ra unir cidades situadas entre longas distâncias. Passados mais de dez anos, vem a confirma- ção do acerto daquela opção. Enquanto as li- nhas de longa distância e alta velocidade de trens Maglev demonstram dificuldades para se expandir ou estabelecer, surgiu no mundo uma forte tendência ao desenvolvimento de trens magnéticos urbanos, porque as metrópoles, ca- da vez mais congestionadas, têm dificuldades para ampliar seus sistemas de metrô sem per- Mobilidade urbana Uma opção ousada e silenciosa para o caos urbano
  • 19. turbar ainda mais a vida urbana. Grupos de pes- quisa nos Estados Unidos, Alemanha, China, Japão e Coreia do Sul desenvolvem um total de dez projetos de trens magnéticos para uso nas cidades. No Japão, já existe uma pequena linha comercial de 9 quilômetros na cidade de Nagoia, e a Coreia do Sul está concluindo a construção de uma linha de 6 quilômetros no aeroporto in- ternacional de Incheon, em Seul. Outra decisão foi a opção pela técnica de levi- tação magnética à base de supercondutores e ímãs permanentes, a qual só se tornou possível depois que foram sintetizados, no fim do século 20, os primeiros materiais supercondutores re- frigerados a nitrogênio líquido e poderosos ímãs de terras raras. Os outros projetos de trens magnéticos existentes no mundo, tanto para lon- gas como para curtas distâncias, utilizam duas técnicas de levitação desenvolvidas há mais tempo: a eletromagnética, que se baseia em for- ças magnéticas atrativas para obter o efeito levi- tante, e a eletrodinâmica, baseada em forças magnéticas repulsivas. Os supercondutores e ímãs são mais caros que os materiais usados na técnica eletromagnética, que está mais desen- volvida hoje. Por outro lado, a levitação super- condutora se baseia em forças estáveis, o que dispensa complexos aparatos de controle e se- gurança para garantir a estabilidade de funcio- namento do trem. A aposta da Coppe na levitação supercondu- tora vem se mostrando promissora. Grupos de pesquisa na Alemanha e na China também ini- ciaram projetos nessa vertente na virada do sé- culo e negociam cooperação com os pesquisa- dores brasileiros. MAGLEV-COBRA 17
  • 20. 18 Um ônibus com tração elétrica que consome energia produzida a bordo a partir do hidrogê- nio, combinando-a com a energia obtida da rede elétrica, é a resposta da Coppe a dois grandes problemas ambientais e econômicos: o pesado uso de diesel, combustível poluente e não reno- vável, para mover as frotas de veículos coleti- vos; e a ineficiência dos motores a combustão interna, que em média aproveitam apenas 15% da energia contida no combustível. Além de utilizar fontes renováveis de energia, nesse veículo tudo foi pensado para garantir o máximo de eficiência energética e o mínimo – ou nada – de poluição. A chave é um inteligente sis- tema de hibridização e gestão da energia a bor- do. Ao contrário de veículos elétricos convencio- nais, que carregam suas baterias exclusivamente na rede elétrica, ele também produz eletricidade a bordo, a partir de uma pilha a combustível ali- mentada com hidrogênio. Mas não para aí: tam- bém aproveita intensamente a energia cinética – aquela que é adquirida com a movimentação do veículo. Nos veículos convencionais, a ener- gia cinética é desperdiçada em desacelerações e frenagens. No ônibus da Coppe, é regenerada em energia elétrica. O veículo se movimenta graças à ação de um eficiente motor elétrico, que é alimentado por três fontes diferentes: a energia da rede elétrica convencional armazenada a bor- do num banco de baterias, eletricidade produzida pela pilha a combustível e energia elétrica oriun- da da regeneração da energia cinética, sempre que desacelera ou freia. Desenvolvido no Laboratório de Hidrogênio da Coppe, o ônibus contou com recursos da Finan- ciadora de Estudos e Projetos (Finep), da Petro- bras, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), além de bene- fícios obtidos por meio de parcerias com empre- sas locais. O veículo está em sua segunda versão. A pri- meira foi lançada em maio 2010 e, em dois anos de testes, além de confirmar a emissão zero de poluentes, demonstrou eficiência energética su- perior à dos veículos a diesel. Animados com os resultados do primeiro protótipo e com suporte financeiro da própria Coppe e de empresas par- ceiras, os pesquisadores desenvolveram a se- gunda versão do veículo, o H2+2, apresentada ao público durante a Rio+20. Com uma nova tec- nologia de tração elétrica híbrida ainda mais efi- ciente no uso da energia, o veículo está tão pronto que os pesquisadores até se deram ao luxo de aproveitar a disponibilidade de energia elétrica a bordo para incluir no protótipo peque- nos confortos extras para os passageiros: toma- das para o carregamento de celulares, laptops e outros dispositivos móveis. A pilha a combustí- vel que transforma o hidrogênio em energia elé- trica, e que tinha potência de 77 quilowatts na primeira versão, foi substituída por um novo conjunto de pilhas de baixa potência, modulari- zada e transformada num versátil gerador elé- trico embarcado. O sistema de gestão da ener- gia a bordo seleciona a potência de operação conforme a necessidade em cada momento de uso. Além disso, os equipamentos eletroeletrô- nicos desenvolvidos no Brasil para os sistemas de tração e auxiliar do veículo foram reprojeta- Ônibus híbrido a hidrogênio com tração elétrica: energia renovável e bem aproveitada
  • 21. 19 dos, otimizados e miniaturizados. Assim, o H2+2 consome ainda menos hidrogênio por quilôme- tro rodado. Embora utilize um combustível cuja tecnolo- gia de uso energético ainda não está plenamen- te disseminada no Brasil e no mundo, e para o qual não há estrutura de distribuição, o novo ônibus híbrido a hidrogênio da Coppe tem mui- tas vantagens em relação aos veículos tradicio- nais. De seu cano de descarga só sai vapor de água, tão limpa que pode ser bebida. Por isso, muitos consideram o hidrogênio o combustível do futuro. E isso se reveste ainda de maior im- portância no Brasil, país que possui matriz ener- gética com quase 50% de origem renovável e tem grande disponibilidade de biomassas, hidro- eletricidade e energias solar e eólica, importan- tes fontes para produção de hidrogênio renová- vel em larga escala. Nesse modelo de ônibus da Coppe com tra- ção elétrica, a hibridização da energia tem a vantagem adicional de eliminar o maior inconve- niente dos veículos elétricos abastecidos apenas na rede: a baixa autonomia. O ônibus híbrido a hidrogênio da Coppe tem autonomia de 300 qui- lômetros, equivalente à dos ônibus a diesel para uso urbano. Com as baterias carregadas na ga- ragem, eles já iniciam o percurso com metade dessa autonomia garantida. Ao longo da via- gem, o sistema inteligente de gestão da energia libera as demais fontes, conforme a necessidade e sempre escolhendo a opção mais eficiente em cada situação de movimentação do veículo. Assim como outras metrópoles do planeta, as grandes cidades brasileiras consomem pesada- mente combustíveis fósseis para movimentar suas frotas de veículos coletivos. Nas 14 metró- poles brasileiras com mais de 1 milhão de habi- tantes, os ônibus realizam 9,2 bilhões de viagens por ano. Eles queimam 2,7 bilhões de litros de diesel e emitem 6,5 milhões de toneladas/ano de poluentes, tais como CO2 , CO, NOx , SOx , hidro- carbonetos não reagidos e material particulado. O setor de transportes no Brasil responde por mais da metade do consumo de derivados de petróleo e apenas 0,04% do consumo de eletri- cidade. O ônibus elétrico híbrido da Coppe abre uma grande perspectiva de eletrificação dos transportes. Considerando que a maior parte da energia elétrica no país já vem de fontes renová- veis e não poluentes, esta é uma oportunidade para o Brasil inverter totalmente o panorama do seu transporte urbano, tornando-o um dos mais sustentáveis do mundo. ônibus a hidrogênio
  • 22. 20 Para haver sustentabilidade é preciso levar em conta toda a cadeia produtiva e o ciclo de vida de um produto, não apenas seu uso final. Com base nessa premissa, os pesquisadores do Laborató- rio de Modelagem, Simulação e Controle de Pro- cessos da Coppe propõem uma ação radical- mente inovadora sobre o destino a ser dado aos materiais plásticos que usamos e descartamos. Nesse laboratório, não se buscam plásticos bio- degradáveis, vistos como desperdício de maté- ria-prima e energia. O desafio é, ao contrário, aumentar o ciclo de vida desses materiais, rea- proveitando-os como matérias-primas para no- vos e diferentes produtos. Fazendo uma nova e sofisticada forma de re- ciclagem, a reciclagem química, os pesquisado- res da Coppe estão desenvolvendo tecnologias cujo objetivo é reincorporar os plásticos descar- tados na cadeia econômica, em estágios cada vez mais precoces de sua fabricação nas indús- trias petroquímicas, de modo que possam ser utilizados para finalidades até muito diferentes da inicial. Diversas teses e pedidos de patentes já fo- ram produzidos no laboratório, envolvendo os copos descartáveis e outros materiais à base de poliestireno. Copinhos de café são desenhados para ter uma vida útil de alguns poucos segun- dos. Mas as tecnologias em desenvolvimento na Coppe buscam estender a vida útil dos mate- riais de que são feitos. A partir da extração do petróleo, a produção de plásticos passa por uma série de etapas nos complexos petroquímicos, em que cada indústria promove as misturas que vão dando as diferen- tes propriedades de cada tipo de plástico, como resistência, flexibilidade, ductilidade, de acordo com o uso final que terá. Os copos de café, por exemplo, podem ser feitos de poliestireno de alto impacto, uma mistura de materiais que lhes dão propriedades como a resistência à temperatura e ao rasgo. Da mesma forma, uma mistura de po- Resíduos e reciclagem Materiais feitos à base de poliestireno, contendo diferentes quantidades de copos plásticos reciclados Um novo olhar sobre os plásticos
  • 23. 21 lietileno, o material das sacolas de supermerca- do, com polipropileno resulta num material com- pletamente diferente, apropriado, por exemplo, para um para-choque de automóvel. Na reciclagem convencional, mecânica, o plástico descartado é processado e reutilizado para finalidades muito próximas das iniciais, por- que suas propriedades e funções permanecem as mesmas. Já na reciclagem química, o material pode sofrer as misturas e manipulações a que as indústrias petroquímicas submetem as matérias- -primas virgens. Aumentam, assim, as oportuni- dades de diferentes utilizações. As tecnologias em desenvolvimento na Coppe, a maioria relacionada a inovações nos processos de suspensão e emulsão, utilizam uma técnica chamada de mistura in situ. Ao invés de misturar mecanicamente o poliestireno com o polimeta- crilato de metila, por exemplo, a técnica consiste em fazer um plástico na presença de outro: colo- car no reator o polimetacrilato de metila, e dis- solvê-lo na matéria-prima do poliestireno, que é o estireno. Essa técnica permite controlar de ma- neira muito precisa a interação dos materiais, garantindo propriedades mecânicas e de utiliza- ção superiores às da técnica convencional. Trata-se não apenas de reaproveitar mate- riais considerados descartáveis e jogados no li- xo, mas de torná-los mais nobres, por meio de processos que os tornam tecnologicamente mais sofisticados que os originais e com mais possibi- lidades de diferentes usos. Ao tornar mais valio- sos esses materiais, a tecnologia contribui para valorizar a reciclagem e reduzir a quantidade de resíduos descartados no meio ambiente. A sequência acima mostra novos materiais produzidos a partir da deposição de materiais plásticos. O novo produto é utilizado como catalisador de biodiesel Abaixo, a produção de polímeros a partir de plástico reciclado no laboratório da Coppe/UFRJ
  • 24. 22 Uma intensa cooperação da Coppe com o gover- no do Estado do Rio de Janeiro resultou no mais abrangente e criativo projeto para lidar de ma- neira adaptativa com o fenômeno das enchentes na Baixada Fluminense. Por sua morfologia e pela ocupação desordenada das margens de rios e encostas por moradias de baixa renda, sem esgotamento sanitário e coleta de lixo, a re- gião é especialmente suscetível aos efeitos das chuvas intensas de verão. Enchentes e inundações frequentes contri- buem para manter no empobrecimento crônico as famílias que, a cada verão, veem levados pe- las águas os poucos bens acumulados durante o ano. Tornam-se incapazes de poupar e a cada ano ficam mais pobres. O panorama na Baixada só começou a mudar em 2007, com o Projeto de Controle de Inunda- ções e Recuperação Ambiental das Bacias dos Rios Iguaçu/Botas e Sarapuí – mais conhecido como Projeto Iguaçu. Financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do gover- no federal, abrange uma área de 726 quilôme- tros quadrados, onde vivem 2,5 milhões de pes- soas em seis municípios – Nova Iguaçu, Mesqui- ta, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias. O projeto é uma coleção de obras variadas, que incluem drenagem, barra- gem, reflorestamento de encostas, recuperação de nascentes e uma criativa urbanização das margens dos rios: avenidas-canal e parques de lazer para desestimular a ocupação das faixas marginais e, nos trechos mais sujeitos a alaga- mentos, parques inundáveis. Tais parques são espaços que, nos dias de tempo bom, funcionam como áreas de lazer. Nos dias de chuva forte, ficam mesmo inundados, como quer a natureza. Os primeiros resultados do projeto já são visí- veis para quem percorre os bairros mais carentes da região. Como não ocorreram enchentes nos últimos verões, graças à drenagem emergencial Água de mais, água de menos outubro / 2008 DEZEMbro / 2008 JUNHO / 2009 Soluções inovadoras para o drama das enchentes
  • 25. 23 dos rios principais, os moradores já recuperaram sua capacidade de poupança e começam a inves- tir em benfeitorias nas casas e em pequenos ne- gócios, como bares e mercadinhos. Rompe-se, assim, o ciclo do empobrecimento contínuo. O Projeto Iguaçu se beneficia de uma inova- dora tecnologia desenvolvida no Laboratório de Recursos Hídricos da Coppe para definir as áre- as de intervenção e os usos a serem dados a cada uma. Trata-se de um novo modelo para fazer a simulação do fluxo das águas quando o rio transborda. Ao contrário dos modelos con- vencionais, que veem a área de inundação como uma simples bacia de acumulação (a água trans- borda, acumula-se e depois volta ao leito do rio), a ferramenta da Coppe a vê como uma bacia de fluxo dinâmico. Isso significa que o modelo re- produz mais fielmente a complexidade do que acontece na realidade: a água não reflui toda pa- ra onde estava antes. Parte evapora, parte se infiltra no solo e parte volta ao rio, mas não ne- cessariamente pelo mesmo ponto de onde saiu. O modelo de fluxo dinâmico permitiu formatar com mais precisão o alcance e os tipos de inter- venções e obras do Projeto Iguaçu. Assim, espe- ra-se que as soluções já criadas sejam mais du- radouras e eficientes, economizando recursos. MARÇO / 2010 OUTUBRO / 2010 Imagens revelam os resultados do Projeto Iguaçu. A ousada obra de engenharia já é realidade na vida de 2,5 milhões de pessoas que vivem nos seis municípios da Baixada Fluminense enchente em Nova Iguaçu - RJ
  • 26. Tecnologia nacional para a qualidade da água e do ar O crescimento das atividades industriais no Bra- sil e no mundo esbarra na necessidade de obter água limpa, um bem cada vez mais escasso. Quando feito por processos convencionais de fil- tragem e sedimentação, o tratamento de efluen- tes para o posterior reuso da água consome mui- ta energia e, para eliminar micro-organismos, emprega produtos químicos que impactam o meio ambiente. Uma alternativa ambientalmente mais adequada são as membranas de microfil- tração, materiais plásticos de alta tecnologia que operam na escala do micrômetro e, por isso, são capazes de reter micro-organismos, além de materiais em suspensão. A única empresa da América Latina capaz de produzir tais membranas nasceu dentro da Co- ppe, em 2005. Hoje instalada no Parque Tecno- lógico da UFRJ, a PAM-Membranas Seletivas industrializa tecnologias desenvolvidas pelo La- boratório de Processos de Separação com Mem- branas e Polímeros da Coppe. Tem 30 funcioná- rios, e alguns de seus clientes são empresas do porte da Petrobras, Dupont e Votorantim. As membranas de microfiltração para purifi- car água da PAM-Membranas são tubos plásti- cos flexíveis com poros cujo diâmetro médio é de Inteligência para prever e gerenciar a escassez As atividades de reflexão e questionamento que fazem parte do dia a dia da Coppe resultam, com frequência, na identificação de problemas e na sinalização de tendências que ajudam os gestores e formuladores de políticas a tomarem decisões. Baseado em décadas de estudos, o Laboratório de Recursos Hídricos da Coppe vem emitindo si- nais de alerta: o risco de escassez de água, em consequência de desperdícios, do crescimento eco- nômico e do crescimento urbano. Embora o Brasil tenha 13% das reservas de água doce do mundo, para apenas 3% da população mundial, 70% dessas reservas estão na Amazônia, longe dos grandes centros urbanos – que já começam a dar sinais de escassez hídrica. Estudos da Coppe levantaram um potencial de disputa entre as duas maiores metrópoles do país – Rio de Janeiro e São Paulo – pelas águas do rio Paraíba do Sul, que atravessa os dois estados. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro depende basicamente do sistema Guandu, que não se sus- tenta sem a transposição das águas do Paraíba. Já a capital paulista tem buscado água em municí- pios cada vez mais distantes e é bem possível que, no futuro, queira lançar mão de sua fatia do Paraíba. Contratada pelo governo federal, a Coppe produziu um plano diretor para o Guandu, que combina obras de engenharia – algumas muito simples – com medidas inteligentes de gestão da distribuição e uso da água. O resultado permitiu ampliar a capacidade de fornecimento do Guandu, para atender às necessidades de aumento da demanda fluminense por dez anos. Esse tipo de estudo facilitou o prosseguimento dos vultosos investimentos no polo industrial de Itaguaí, com a ampliação do porto e a instalação de grandes projetos siderúrgicos. Mas a economia fluminense continua a crescer. Diante disso, a Coppe está fazendo para o gover- no estadual um plano diretor de recursos hídricos. Ao contrário dos planos de bacia convencionais, o trabalho cobrirá o estado inteiro, mas sem descer a detalhes e aplicando-lhe uma visão estratégica de longo prazo. Uma das mais inovadoras propostas em estudo é a contabilização dos custos que uma eventual decisão de São Paulo de usar as águas do Paraíba causaria ao Estado do Rio e os custos que outras opções gerariam para São Paulo. Feitas as contas, os dois estados poderiam ne- gociar um sistema de compensação mútua – algo nunca feito no Brasil.24
  • 27. 25 O crescimento das atividades industriais no Brasil e no mundo esbarra na necessidade de obter água limpa, um bem cada vez mais escasso. Os proces- sos convencionais para a purificação da água ou para o tratamento de efluentes, visando ao reúso, empregam diversos produtos químicos, o que con- some muita energia e impacta o meio ambiente. Uma alternativa ambientalmente mais adequada são as membranas de microfiltração, materiais plásticos de alta tecnologia que operam na escala abaixo de um micrômetro e, por isso, são capazes de reter micro-organismos, além de materiais em suspensão. A única empresa da América Latina capaz de produzir tais membranas nasceu dentro da Coppe, em 2005. Hoje instalada no Parque Tecnológico da UFRJ, a PAM-Membranas Seletivas industrializa tecnologias desenvolvidas pelo Laboratório de Pro- cessos de Separação com Membranas e Polímeros da Coppe. Tem 30 funcionários, e alguns de seus clientes são empresas do porte da Petrobras, FMC e Dupont. As membranas de microfiltração da PAM-Mem- branas são capilares plásticos flexíveis com poros cujo diâmetro médio é de 0,2 micrômetro (equiva- lente a 0,0002 milímetro). A empresa também pro- duz membranas com poros ainda menores, chama- das de membranas de ultrafiltração, que também podem ser usadas na indústria de alimentos, bebi- das e em aplicações de saúde, como máquinas de hemodiálise. Mas no laboratório da Coppe os pesquisado- res também trabalham na escala do nanômetro, em busca de membranas capazes de separar substâncias no nível molecular. Uma aplicação é a separação de gases. O laboratório está desen- volvendo membranas para retirar o gás carbôni- co (CO2 ) dos efluentes liberados para a atmosfera pelas usinas térmicas a carvão, um dos vilões do efeito estufa. O desafio é conseguir membranas a partir de materiais que resistam a temperaturas de 200o C a 300o C. Os pesquisadores da Coppe já desen- volveram uma membrana que resiste a tempe- raturas até 800o C e que funciona bem para dei- xar passar a molécula de hidrogênio. Agora es- tão adaptando o material para que funcione também para as moléculas de CO2 . Membranas de fibra oca utilizadas no processo de microfiltração são produzidas pela PAM-Membranas, empresa originada na Coppe Tecnologia nacional para a qualidade da água e do ar
  • 28. 26 Dar uma destinação mais racional ao lixo e ao esgoto, aproveitando como fonte de energia os resíduos que ficam da reciclagem e do trata- mento, é um objetivo que vem sendo persegui- do em vários países. O desafio é aumentar a eficiência das tecnologias utilizadas, para supe- rar as barreiras econômicas a seu uso comercial – uma dificuldade ainda maior nos países em desenvolvimento, onde as tarifas para coleta e tratamento são muito inferiores às praticadas nas nações ricas. Com a ajuda de tecnologias desenvolvidas na Coppe e aplicadas em instalações de demonstra- ção de empresas parceiras, perspectivas anima- doras estão se abrindo. Uma grande conquista foi obtida na usina-piloto de aproveitamento energético do esgoto, instalada na estação de tratamento da Cedae no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. O projeto conseguiu demonstrar que é viável tratar o biogás resultante da decomposi- ção do esgoto e fazê-lo atingir o nível de qualida- de para uso veicular a um custo competitivo com o do gás natural fóssil. Mais ambicioso, o projeto da usina de aprovei- tamento de esgoto pretende dar um destino mais usina verde – campus da ufrj Tecnologia para transformar lixo e esgoto em energia
  • 29. 27 nobre à gordura e ao lodo, resíduos do tratamen- to de esgoto que têm maior impacto ambiental. O processamento da gordura gera biodiesel, e o do lodo pode resultar em gás de síntese (CH4 , H2 e CO), bio-óleo e biocarvão. Uma experiência já demonstrou que a adição de glicerol (um subpro- duto da produção de biodiesel) ao lodo pode ge- rar até dez vezes mais gás do que o lodo sozinho. Outras misturas podem ser feitas com resíduos orgânicos provenientes do lixo urbano, numa co- digestão lixo/esgoto. Só há mais duas usinas no mundo desenvolvendo tecnologias nessa linha. A Usina Verde, um empreendimento privado na Cidade Universitária, é outro exemplo de avanço no uso dos resíduos urbanos como fonte de energia. Trata-se de uma planta-piloto, proje- tada com a ajuda do Instituto Virtual Internacio- nal de Mudanças Globais (Ivig), da Coppe, para produzir energia elétrica a partir da incineração do lixo que sobra depois da seleção de materiais recicláveis. A tecnologia utilizada na usina já é considerada madura para passar a um estágio comercial: da planta-piloto de 30 toneladas/dia para uma usina de 150 toneladas/dia. Otimizando as tecnologias disponíveis, os pesquisadores conseguiram ganhos de eficiên- cia que tornam a Usina Verde competitiva com as usinas de tratamento de lixo no exterior. O feito se deve a dois aperfeiçoamentos principais. O primeiro, desenvolvido pela própria empresa Usina Verde, é um sistema de lavagem dos ga- ses que utiliza água de reúso, dispensando siste- mas de filtração sólida ou química. O segundo, desenvolvido na Coppe, é um sistema de ciclo combinado, que aumenta o aproveitamento do calor gerado na queima do lixo ao acoplar um sistema de combustão de gás à incineração, com resultado superior à soma das partes. Despejo de resíduos nas caixas de gordura de estação de tratamento da Cedae (Estação de Alegria). Acima, biodiesel produzido a partir de material de caixa de gordura na estação de tratamento
  • 30. 28 O concreto é o material de construção mais utili- zado no mundo. Feito com cimento e, quando usado em grandes estruturas, também com aço, seu uso vem crescendo a passos largos nos últi- mos anos, puxado pelo desenvolvimento econô- mico de países como China, Índia e Brasil. Tanto a indústria de cimento como a de aço são grandes emissoras de CO2 , o principal res- ponsável pela mudança climática. A indústria ci- menteira sozinha responde por 5% a 7% das emissões mundiais de CO2 , consequência de uma produção global de 2,5 bilhões de toneladas de cimento por ano. No Brasil, a produção está na casa das 60 milhões de toneladas/ano e já se projeta chegar em breve a 100 milhões. De olho nesses números, os pesquisadores do Laboratório de Estruturas e Materiais da Coppe pesquisaram, na vasta produção agrícola brasileira e na diversidade da floresta tropical, materiais naturais e renováveis que reduzem a contribuição do concreto para a mudança do cli- ma. De um lado, desenvolveram uma tecnologia para utilização da cinza de bagaço de cana, um Construção sustentável A força das fibras naturais e renováveis
  • 31. 29 resíduo da produção de açúcar e álcool, como substituto parcial do cimento; de outro, busca- ram, no sisal cultivado no Nordeste e em fibras de plantas da Amazônia, substitutos para as fi- bras de aço, as fibras sintéticas e de amianto em produtos de fibrocimento. A tecnologia para o uso da cinza de bagaço de cana está praticamente pronta, faltando apenas completar alguns testes de durabilida- de. Os resultados obtidos até agora mostram que é possível misturar até 10% de cinza ao cimento com um pequeno aumento na qualida- de, em comparação com o cimento convencio- nal, e até 20%, mantendo a qualidade do pro- duto original. O Brasil é um dos poucos países do mundo onde o uso da cinza de bagaço de cana é possí- vel, viável e tem escala de produção suficiente. Maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com 500 milhões de toneladas/ano, o país tem uma produção estimada de 400 mil toneladas/ano de cinza. O material resulta da queima do bagaço nas caldeiras das usinas de açúcar e álcool para produzir vapor. Além de desenvolver e testar a mistura de cinza ao cimento, a Coppe fez estudos para de- monstrar sua viabilidade econômica. Como o ci- mento não pode ser transportado por longas distâncias, porque o frete inviabiliza o negócio, a cinza só pode ser utilizada se a fábrica de cimen- to e a usina de açúcar e álcool estiverem próxi- mas. Os estudos mostram que a operação é viá- vel até uma distância média de 180 quilômetros; que a região Sudeste do Brasil oferece essas condições; e que projetos com essa finalidade preenchem os requisitos para a obtenção de cré- ditos de carbono. Em outra frente de pesquisa, testes com fibra de sisal e coco vêm indicando que essas fibras naturais são tão eficientes para reforçar o con- creto quanto as fibras sintéticas de polipropile- no, nylon e amianto. Em alguns usos, o sisal po- de até ser mais eficiente, porque reparte melhor as fissuras do concreto e lhe confere ductilidade – a capacidade de se estirar ou comprimir sem se romper facilmente. Estudos semelhantes estão sendo feitos com plantas amazônicas como o arumã, a juta, a piaçaba e o curauá, que podem ajudar a via- bilizar o uso econômico da floresta, mantendo-a de pé. Já o sisal é cultivado no semiárido nor- destino, uma das regiões mais carentes do Brasil. As 800 mil famílias camponesas que vi- vem do cultivo de sisal têm a chance de se be- neficiarem da valorização que um novo uso da planta poderá trazer. Pesquisadores testam concreto ecológico no Laboratório de Estruturas e Materiais da Coppe À esquerda, construção no campus da UFRJ feita com solo-cimento e concreto ecológico, ambos desenvolvidos em laboratórios da Coppe
  • 32. 30 Reintroduzir a dimensão humana e social nas atividades econômicas e tecnológicas. Com esse objetivo, pesquisadores trabalham na formatação e aplicação de uma nova engenharia, capaz de levar em conta as desigualdades socioeconômicas que também tornam insustentável a vida no planeta.
  • 34. 32 Desde 1995, uma inovadora iniciativa da Coppe trabalha para tirar da invisibilidade grupos so- ciais excluídos econômica e socialmente e trans- formá-los em empreendedores capazes de ge- rar e comandar seus próprios negócios. São ca- tadores, usuários do sistema de saúde mental, camponeses, pequenos prestadores de serviços e egressos do sistema penitenciário, entre ou- tros. Eles são organizados em cooperativas e apoiados com treinamento e qualificação. Utilizando técnicas de gestão e engenharia de produção, e combinando-as com os conheci- mentos de outras áreas e parceiros, a Incubado- ra Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) cria metodologias e desenvolve ações de inclu- são e valorização do trabalho desses grupos que estão nas bordas da economia informal e, por isso, não são enxergados pelos agentes da eco- nomia formal. A ITCP da Coppe impulsionou a criação, com recursos da Finep e da Fundação Banco do Bra- sil, da Rede Universitária de Incubadoras de Co- operativas Populares, da qual hoje fazem parte Trabalho, renda, dignidade Arte e habilidade nas peças criadas pelas Artesãs da Maré À direita, curso de capacitação oferecido pela Incubadora de Cooperativas da Coppe, em Moçambique Incubadora de cooperativas, tecnologia para um Brasil invisível
  • 35. 40 universidades de quase todos os estados brasileiros. Projetos desenvolvidos diretamente pela ITCP, em convênio com órgãos governamentais, resul- taram na criação de programas nacionais ofi- ciais, com ações disseminadas por todo o país. É o caso dos mais de 600 centros de atenção psi- cossocial (CAPs), para geração de trabalho e renda para os usuários de serviços de saúde mental. Foram criados pelo Ministério da Saúde a partir de uma experiência da ITCP com pacien- tes do Instituto Psiquiátrico Philippe Pinel, do Rio de Janeiro. Os resultados indicam redução nas internações e nas quantidades de remédios inge- ridos pelos participantes. A ITCP treina regular- mente médicos, terapeutas ocupacionais, psicó- logos, assistentes sociais e usuários, para que aprendam a fazer planos de negócios. Outro projeto que se tornou política pública dos ministérios do Trabalho e do Turismo é o programa de incubação de cooperativas popu- lares e organização comunitária nas áreas de alto potencial turístico e baixo índice de desen- volvimento humano. O programa começou no Nordeste, abrangendo os Lençóis Maranhen- ses, no Maranhão; o Parque Nacional da Serra 33
  • 36. da Capivara e o delta do Parnaíba, no Piauí; e a praia de Jericoacoara, no Ceará. O foco é mu- dar o olhar da indústria de turismo, que só cos- tuma inserir a população local – quando o faz – como empregada de hotéis e restaurantes. Com isso, os pequenos prestadores de servi- ços, como taxistas e bugueiros, mantêm-se na informalidade e não conseguem dialogar, por exemplo, com as agências que enviam os turis- tas para a região. O programa trabalha com a ideia de arranjos produtivos locais e estimula a formação de cooperativas para formalizar e va- lorizar o trabalho local. A ITCP também está ajudando a retirar da in- visibilidade a multidão de catadores que povoa as metrópoles brasileiras e a transformá-los em recicladores de resíduos urbanos. Estimuladas a se organizarem em cooperativas, essas pessoas Meio ambiente, economia e pobreza: um diálogo indispensável O Laboratório Herbert de Souza de Tecnologias Sociais, recém-inaugurado na Coppe, nasceu de uma constatação feita em trabalhos diretos com comunidades de baixa renda: as questões ambien- tais estão no cerne dos grandes desafios enfrentados pelas populações econômica e socialmente excluídas. São problemas como a falta de saneamento, abastecimento de água e segurança alimen- tar e a vulnerabilidade a catástrofes naturais – sobretudo, no caso brasileiro, as decorrentes da va- riabilidade climática. Pesquisas feitas em diversas áreas da Coppe já mostraram que as populações e regiões mais pobres serão as maiores vítimas das mudanças do clima no Brasil – sejam os moradores de áreas urbanas afetadas por enchentes e deslizamentos, sejam os pequenos agricultores familiares do se- miárido nordestino. O propósito do novo laboratório é aproximar os engenheiros dos profissionais das ciências humanas e sociais que tradicionalmente se debruçam sobre as comunidades mais vul- neráveis ou socialmente excluídas. O laboratório é fruto de uma parceria da Coppe com a Rede Nacional de Mobilização Social (Coep), criada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Em duas décadas de atividade, o Coep acumulou vasta experiência de ação direta em comunidades excluídas e de pesquisa e refle-34
  • 37. recebem treinamento em segurança do trabalho e em logística e aprendem a reconhecer diferen- tes materiais e respectivos valores no mercado, para que possam selecioná-los e comercializá-los com vantagem. Hoje, a incubadora da Coppe começa a ex- portar sua metodologia. Dentro de um programa oficial do governo brasileiro, de apoio à constru- ção de casas no interior de Moçambique, está ajudando a criar uma incubadora e treinando os trabalhadores locais que fazem as obras em sis- tema de mutirão remunerado pelo governo mo- çambicano. O objetivo é transformá-los em pe- quenos empreendedores cooperativados. Entre outras técnicas, eles aprendem a fazer planos de negócios, para que, estruturados e fortalecidos, sejam capazes de manter o negócio depois que a obra pública acaba. À esquerda,mulheres da cooperativa Trama Feminina finalizam trabalho no tear “A maré vai subir”: projeto para recuperação de áreas de mangue no Complexo da Maré xão sobre as causas da pobreza. A rede Coep articula 1,1 mil organizações, 110 comunidades de baixa renda e 27 mil pessoas, que, juntas, construíram um conjunto de metodologias de organização comunitária, desenvolvimento comunitário (geração de renda) e mobilização social via internet. O objetivo do novo laboratório instalado numa área de 200 metros qua- drados na Coppe é ambicioso: influenciar o pensamento acadêmico para que, ao produzir tecnologias para uma nova economia ambientalmente res- ponsável, leve em conta a visão e as necessidades das populações econômi- ca e socialmente vulneráveis, promovendo, assim, a inclusão social. O laboratório está se organizando para trabalhar com projetos de desen- volvimento de tecnologias em três eixos principais: a vinculação entre as mudanças climáticas e a pobreza; a erradicação da miséria; a vinculação entre direitos, participação e mobilização social. Em todos, os pesquisadores dos diversos programas da Coppe têm valiosas contribuições a dar, seja de- senvolvendo tecnologias específicas para aplicações sociais, seja incorpo- rando a visão social nas diferentes tecnologias que desenvolvem para apli- cações ambientais e econômicas. À direita, Jorge Streit, presidente da Fundação Banco do Brasil; Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe; e André Spitz, presidente do Coep, na inauguração do laboratório 35
  • 38. 36 A Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia – nasceu disposta a ser um sopro de renovação na universidade brasileira e a contribuir para o desenvolvimento do país. Fundada em 1963 pelo engenheiro Alberto Luiz Coimbra, ajudou a criar a pós-graduação no Brasil e ao longo de quase cinco décadas tornou-se o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. Já formou mais de 12 mil mestres e doutores em seus 12 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Apoiada nos três pilares que a norteiam – a excelência acadêmica, a dedicação exclusiva de professores e alunos, e a aproximação com a sociedade –, a Coppe destaca- se como centro irradiador de conhecimento, de profissionais qualificados e de métodos de ensino, servindo de modelo para universidades e institutos de pesquisa em todo o país. O padrão de excelência se reflete na produção acadêmica. Na última avaliação da Capes, divulgada em setembro de 2010, a Coppe foi a instituição de pós-graduação de engenharia brasileira que obteve o maior número de conceito 7, atribuído a cursos com desempenho equivalente aos dos mais importantes centros de ensino e pesquisa do mundo. Ampliando horizontes Seus profissionais e sua infraestrutura de pesquisa estão permanentemente preparados para responder às necessidades do desenvolvimento econômico, tecnológico e social do país. Graças a essa sintonia com o futuro, a Coppe se tornou referência nacional e internacional no ensino e pesquisa de engenharia e vem ajudando o Brasil a enfrentar alguns dos mais importantes desafios de sua história recente. No cenário internacional, tem projetos em cooperação com instituições científicas de renome mundial. Muitos de seus docentes integram comitês e entidades de pesquisa de vários países e de órgãos multilaterais, como o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, agraciado em 2007 com o Prêmio Nobel da Paz. Em 2008, ampliou sua atuação internacional com a criação do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, uma parceria com a Universidade de Tsinghua, principal universidade chinesa na área de engenharia. O Centro está sediado no campus de Tsinghua, em Pequim, onde mantém um escritório para coordenar suas atividades e estabelecer contato com empresas brasileiras e chinesas potencialmente interessadas no desenvolvimento conjunto de novas tecnologias. Compromisso com o país e a sociedade Pioneira na aproximação da academia com a sociedade, a Coppe transforma resultados em riquezas para o país. Em 1994, criou a Incubadora de Empresas, cuja atuação já favoreceu a entrada de cerca de cem serviços e produtos inovadores no mercado. Também colocou a engenharia e suas tecnologias para enfrentar a pobreza e as desigualdades sociais, lançando uma ponte entre o Brasil dos incluídos e o dos excluídos. Para atuar nessa frente de trabalho, inaugurou em 1995 a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, que se tornou referência e teve seu modelo replicado em outros estados e países. Já graduou 118 cooperativas e criou cerca de 2.100 postos de trabalho.
  • 39. 3 Coppe / UFRJ Diretoria Luiz Pinguelli Rosa DiRETOR Aquilino Senra Martinez ViCE-DiRETOR Segen Farid Estefen DiRETOR DE TECnOLOgiA E inOVAç ã O Edson Hirokazu Watanabe DiRETOR DE ASSUnTOS ACADê MiCOS guilherme Horta Travassos DiRETOR DE PLAnEJAMEnTO E ADM i n i ST R Aç ã O Fundação Coppetec Segen Farid Estefen DiRETOR SUPERinTEnDEnTE José Carlos Pinto DiRETOR ExECUTiVO Fernando Peregrino SUPERinTEnDEnTE Ficha Técnica Dominique Ribeiro EDiTORA Terezinha Costa REDATORA Camila Soares Carlos Ribeiro Marcos Patricio Michelle Pereira Carneiro Rosimeire Marostica PRODUTORES ExECUTiVOS Daiana Pralon garcia Jonathan Machado ASSiSTEnTES DE PRODUçãO Marcelo Bessa REViSãO DE TExTO Acervo ivig Agência Tyba Arquivo inea Arquivo iTCP/Coppe Felipe Varanda Marcelo Valle Somafoto FOTOgRAFi A Traço Design PROJETO gRáFiCO Sol gráfica iMPRESSãO A Coppe em números Total de títulos concedidos (até 2011) 9.754 mestres 3.205 doutores Produção acadêmica anual (em 2011) 336 dissertações de mestrado 168 teses de doutorado 1.620 artigos científicos interação com a sociedade (governos, empresas e sociedade civil) 12.700 contratos (até 2011) 95 patentes depositadas (até 2010) 14 softwares registrados (até 2010) infraestrutura e recursos humanos (em 2012) 12 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) 339 professores doutores 2.729 alunos (1.643 mestrandos e 1.086 doutorandos) 50 pesquisadores pós-doutores 350 funcionários 120 laboratórios Uma incubadora de base tecnológica Uma incubadora tecnológica de cooperativas populares Um núcleo de atendimento em computação de alto desempenho (Nacad) Coppe - UFRJ Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Prédio do Centro de Gestão Tecnológica - CT2 Rua Moniz Aragão, 360, Bloco 1 Cidade Universitária – Ilha do Fundão CEP 21941-972 Telefone: (55 21) 3622-3477 / 3622-3478 Fax: (55 21) 3622-3463 E-mail: diretoria@coppe.ufrj.br Assessoria de Comunicação da Coppe / UFRJ Telefone: (55 21) 3622-3406 / 3622-3408 E-mail: asscom@adc.coppe.ufrj.br Coppe Notícias: www.planeta.coppe.ufrj.br Prédio do Centro de Gestão Tecnológica - CT2 Rua Moniz Aragão, 360, Bloco 1 – Módulo A – Sala 2 Cidade Universitária – Ilha do Fundão CEP 21941-972 www.coppe.ufrj.br
  • 40. 4 O futuro sustentável Tecnologia e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza 13 a 24 de junho de 2012 Conferências e debates Local: Auditório da Coppe – Centro de Tecnologia 2, Cidade Universitária (Rua Moniz Aragão, 360 - Bloco 1) Veja a programação completa no hotsite do evento na internet www.coppenario20.coppe.ufrj.br Exposição interativa, palestras e eventos Local: Estande da Coppe no Parque dos Atletas (Av. Salvador Allende, Barra da Tijuca, em frente ao Riocentro)