1) O documento apresenta o prefácio à primeira edição do Comentário Bíblico NVI, que abrange o Antigo e Novo Testamentos.
2) O comentário foi expandido a partir de uma obra anterior sobre o Novo Testamento, atendendo aos pedidos para abranger toda a Bíblia.
3) A equipe de autores foi ampliada e reúne amigos pessoais do editor geral, que contou com a ajuda do professor F. F. Bruce devido a problemas de saúde.
divindade de cristo, sete vezes Eu Sou, comparativo com os evangelhos, boanerges, filhos do trovão, apologética, gnosticos, jesus e a mulher samaritana.
Seitas, heresias e falsos ensinos - IntroduçãoLuan Almeida
1º Estudo da série "Seitas, heresias e falsos ensinos", ministrada nos cultos de doutrina da Igreja Batista de Poxim, pelo Pr. Luan Almeida (Organizador).
divindade de cristo, sete vezes Eu Sou, comparativo com os evangelhos, boanerges, filhos do trovão, apologética, gnosticos, jesus e a mulher samaritana.
Seitas, heresias e falsos ensinos - IntroduçãoLuan Almeida
1º Estudo da série "Seitas, heresias e falsos ensinos", ministrada nos cultos de doutrina da Igreja Batista de Poxim, pelo Pr. Luan Almeida (Organizador).
Título. A palavra Gênesis entrou para a língua portuguesa vindo do
grego através do latim. Na Septuaginta (LXX), formava o sobrescrito do
primeiro livro da Bíblia. A palavra significa "origem, fonte, ou geração".
A palavra hebraica ber'eshíth, traduzida para "no princípio", é a primeira
palavra da Bíblia Hebraica. É com freqüência usada para designar o livro
de Gênesis.
Curso para novos membros da Igreja Batista do Natal
Conteúdo:
I. Declaração Doutrinária da CBB
II. Princípios Batistas
III. Estatuto da Igreja Batista do Natal
IV. Regimento Interno da Igreja Batista do Natal
A Nova Teologia Adventista e a Mensagem do Anticristo.ASD Remanescentes
Nesta mensagem é apresentado declarações teológicas que nega que Jesus é o Filho literal de Deus.
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(98) 991315278
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adventistasremanescentes@gmail.com
Veja neste estudo as profecias que mostram como a IASD se tornou Babilônia e a mensagem da queda de Babilônia que esta sendo pronunciada contra ela hoje.
Título. A palavra Gênesis entrou para a língua portuguesa vindo do
grego através do latim. Na Septuaginta (LXX), formava o sobrescrito do
primeiro livro da Bíblia. A palavra significa "origem, fonte, ou geração".
A palavra hebraica ber'eshíth, traduzida para "no princípio", é a primeira
palavra da Bíblia Hebraica. É com freqüência usada para designar o livro
de Gênesis.
Curso para novos membros da Igreja Batista do Natal
Conteúdo:
I. Declaração Doutrinária da CBB
II. Princípios Batistas
III. Estatuto da Igreja Batista do Natal
IV. Regimento Interno da Igreja Batista do Natal
A Nova Teologia Adventista e a Mensagem do Anticristo.ASD Remanescentes
Nesta mensagem é apresentado declarações teológicas que nega que Jesus é o Filho literal de Deus.
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Veja neste estudo as profecias que mostram como a IASD se tornou Babilônia e a mensagem da queda de Babilônia que esta sendo pronunciada contra ela hoje.
Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 137 - InimigosRicardo Azevedo
“O Mestre, acima de tudo, preocupou-se em preservar-nos contra o veneno do ódio, evitando-nos a queda em disputas inferiores, inúteis ou desastrosas.” Emmanuel
Nesta obra do ex-padre Aníbal Pereira dos Reis, eu, o Escriba de Cristo, irei fazer minhas inserções, comentado os posicionamentos do ex-padre católico que nos anos de 1980 e 1990 foi um grande expoente protestante contra os desmando religiosos e heréticos da Igreja Católica Romana. Um forte opositor que chamou a atenção até do Vaticano. Em suas dezenas de obras literárias, o foco do ex-padre Aníbal é escancarar os erros doutrinários do catolicismo. Neste tratado sobre o VATICANO E A BÍBLIA, Aníbal vai desenvolvendo sua crítica a atual doutrina católica que sequestra a autoridade da Bíblia como única regra de fé para os cristãos e como ao longo da história, em seus concílios, a alta cúpula da Igreja romana foi cada vez mais tirando da Bíblia a autoridade como padrão de fé para os cristãos e chamando para si a posição de representantes de Deus na Terra. É muito incoerente que a Igreja católica esteja agora cada vez mais tomando posicionamentos morais e éticos contrários ao explicitamente dito nas Escrituras e ao mesmo tempo ela diz que a Bíblia é uma das suas pilastras de regra de fé, ao lado da tradição e do magistério eclesiástico. Nas últimas décadas cada vez mais a Igreja católica esta se distanciando da Bíblia e seguindo um pensamento humanista e socialista. Cada vez mais deixando de ser uma religião em que Deus é o centro para ser cada vez mais uma religião humanista. Os padres e cleros em geral que não compartilham da cartilha do Vaticano, vão cada vez mais perdendo a voz dentro da máquina eclesiástica do Vaticano. Esta obra revelará este contraste.
Premonição é em síntese uma advertência de algo que está prestes a acontecer a qual se recebe uma comunicação do mundo espiritual, seja do próprio espírito da pessoa, de outro [telepatia], de anjos, demônios, ou do próprio Deus, e até de pessoas que já morreram e animais que podem emitirem sinais. Estamos no campo da metafisica, da física quântica e do mundo espiritual. Desde os tempos antigos, até os dias de hoje existem incontáveis testemunhos de pessoas que vivenciaram experiências de premonição. Aqui nesta obra, eu apresento um rascunho das evidências que encontrei tanto na Bíblia como no testemunho de inúmeras pessoas que tiveram premonições. Alguns destes avisos sobrenaturais e paranormais permitem que o receptor da mensagem opte por um ou outro destino, todavia, outras premonições parecem fatalistas o que significa que a pessoa fica sabendo o que está prestes a acontecer, mas não consegue impedir o desfecho. Este ensaio apresenta as várias possibilidades que podem acionar o gatilho da premonição e o seu mecanismo, mas ninguém consegue dominar a arte da premonição, se antecipando ao conhecimento do que está prestes a acontecer a hora que quiser. Este livro vai, no mínimo, deixa-lo intrigado.
CARTAS DE INÁCIO DE ANTIOQUIA ILUSTRADAS E COMENTADASESCRIBA DE CRISTO
Como pesquisador cristão procurei após estudar o Novo Testamento internamente, fazer um levamento externo e o que aconteceu com o cristianismo nos anos seguintes as histórias bíblicas. Então temos algumas literaturas que são posteriores aos escritos do Novo Testamento. O Didaquê, Clemente de Roma e as cartas de Inácio de Antioquia. Nesta obra vamos ter uma noção como a igreja estava dando seus primeiros passos agora sem a companhia de Jesus e dos apóstolos. Inácio de Antioquia ainda chegou a conviver com João e Paulo e por isto “bebeu” conhecimento direto da fonte. Vemos três inimigos que faziam oposição ao cristianismo nos primeiros anos: Os judaizantes, os gnósticos e o império romano que com a máquina do Estado tentou massacrar os cristãos e o fez com toda volúpia. Em todas as cartas de Inácio ele vai informando que seu momento de ser executado na arena do Coliseu de Roma está se aproximando. Inácio seria em breve devorado por feras, mas ele mostrava uma coragem assustadora. O texto vai acompanhado com ilustrações e meus comentários.
Estudo da introdução à carta de Paulo aos Filipenses.
Veja o estudo completo em: https://www.esbocosermao.com/2024/06/filipenses-uma-igreja-amorosa.html
Este livro contém três sermões de Charles Spurgeon que viveu no século XIX e é considerado um dos heróis do cristianismo, também chamado pelos seus admiradores em todo o mundo de PRÍNCIPE DOS PREGADORES ou O ULTIMO DOS PURITANOS. A vida de Charles Spurgeon é um exemplo de vida cristã e sua missão como pregador Batista fez com que seu nome fosse respeitado por todas as linhas de pensamento do cristianismo. Jesus Cristo é o nosso Salvador. Este é o tema central das pregações de Spurgeon. Nesta obra contém três sermões, são eles:
1 – Cristo e eu
2 – Perguntas e respostas desde a Cruz
3 – Boas vindas para todos que vem a Cristo
Estes sermões foram proferidos a cerca de 150 anos e quando você lê estas mensagens antigas, parece que você esta sentado em um banco, em uma igreja na Inglaterra e está ouvindo o Espírito Santo falando com você. Em CRISTO E EU vemos a necessidade de salvação, em PERGUNTAS E RESPOSTAS DESDE A CRUZ iremos entender porque Deus deixou Jesus sofrer na cruz. BOAS VINDA PARA TODOS QUE VEM A CRISTO é uma exposição clara que só podemos ser salvos por Jesus, esqueça outros deuses, santos, Maria, praticas de rituais ou boas obras. Seja sensato e venha a Cristo se quiser ser salvo.
Este livro é uma bomba de informações sobre a relação do Vaticano e o homossexualismo, o texto base pertence ao jornalista francês Frédéric Martel na sua consagrada obra NO ARMÁRIO DO VATICANO. Neste obra, eu faço meus comentários sobre os primeiros dois capítulos do texto de Martel. As informações sobre a quantidade de altos membros do Vaticano envolvidos na pratica homossexual é de um escândalo sem precedentes na história do cristianismo. Fico imaginando a tristeza de muitos católicos ao saberem que no Vaticano em vez daqueles “homens santos” estarem orando e jejuando, estão na verdade fazendo sexo anal com seus amantes. Sodoma se instalou no Vaticano e a doutrina do celibato obrigatório canalizou muitos homens com tendencias homossexuais a optarem pelo sacerdócio católico como uma forma de camuflar suas preferencias sexuais sem despertar suspeitas na sociedade. Mas vivemos na era da informação e certas coisas não dá mais para esconder. A Igreja Católica esta diante de um dilema: ou permite a pratica aberta do homossexualismo ou expurga esta prática antibíblica do seu seio. Mas como veremos nesta série de livros, acho que os gays são maioria e já tomaram o poder no Vaticano. O próximo livro desta série é O MUNDO GAY DO VATICANO, onde continuarei comentado o resultado das investigações de Frédéric Martel. Ao final também coloco um apêndice com as revelações do arcebispo CARLOS MARIA VIGANÒ na famosa carta chamada TESTEMUNHO.
4. Sumário
Prefácios................................................................................................................ix
Lista dos colaboradores..................................................................................... xi
Abreviações........................................................................................................xiv
Livros e Revistas................................................................................................xv
Abreviações gerais........................................................................................... xvi
P arte um: A rtigos gerais — O A ntigo T estamento
O Antigo Testamento e o cristão - F. F. Bruce..............................................3
O texto do Antigo Testamento - Alan R. M illard........................................14
As versões antigas - Robert P. G ordon...........................................................19
O cânon e os apócrifos - Gerald F. Haw thorne........................................... 33
A arqueologia e o Antigo Testamento - D. J. W isem an........................... 54
0 pano de fundo geral do Antigo Testamento - J. M. H ouston...............62
A teologia do Antigo Testamento - H. L. Ellison...................................... 76
A interpretação do Antigo Testamento - Harold H. Row don..................93
Introdução ao Pentateuco - David J. A.C lines...........................................109
Introdução aos livros históricos - L. O’B.David Featherstone............... 117
A cronologia do Antigo Testamento - F.F. Bruce....................................123
Introdução aos livros poéticos - F. F. Bruce.............................................125
Introdução à literatura sapiencial - F. F. Bruce........................................131
Introdução aos livros proféticos - G. C.D. Howley....................................137
P arte dois: O A ntigo T estamento
Gênesis - H. L. Ellison; David F. Payne.....................................................151
Êxodo - Robert P. Gordon..............................................................................205
Levítico - Robert P. Gordon...........................................................................261
Números - T. Carson....................................................................................... 295
Deuteronômio - Peter E. Cousins................................................................353
Josué - John P. U. Lilley.................................................................................390
Juizes - Carl Edwin Armerding.....................................................................422
Rute - Charles A. Oxley..................................................................................465
1 e 2Samuel - Laurence E. Porter.................................................................475
1 e 2Reis - Charles G. M artin.........................................................................537
1 e 2Crônicas - J. Keir Howard......................................................................604
Esdras - Stephen S. Short................................................................................668
Neemias - Stephen S. Short............................................................................680
Ester - John T. Bendor-Samuel.....................................................................694
Jó - David J. A. Clines......................................................................................711
5. Sumário
Salmos - Leslie C. Allen; John W. Baigent................................................. 756
Provérbios - Charles G. M artin.................................................................... ..905
Eclesiastes - Donald C. Fleming.................................................................. 957
Cântico dos Cânticos - R. W. O rr....................................................................973
Isaias - David F. Payne....................................................................................989
Jeremias - D. J. Wiseman.............................................................................. 1059
Lamentações - W. Osborne.......................................................................... 1110
Ezequiel - F. F. B ruce.................................................................................. 1119
Daniel - Alan R. M illard............................................................................... 1174
Oséias - G. J. Polkinghome ..........................................................................1209
Joel - Paul E. Leonard....................................................................................1228
Amós - J. Keir H ow ard..................................................................................1239
Obadias - W. Ward G asque................................................... .................. ....1269
Jonas - Michael C. Griffiths..........................................................................1272
Miquéias - David J. C lark.............................................................................1289
Naum - E. M. Blaiklock................................................................................1303
Habacuque - Alan G. N u te........................................................................1309
Sofonias - Victor A. S. Reid...........................................................................1320
Ageu - F. Roy Coad........................................................................................ 1331
Zacarias - David J. E llis................................................................................ 1337
Malaquias - W. Ward G asque...................................................................... 1372
P arte três: A rtigos gerais — O N o vo T estamento
A autoridade do Novo Testamento - G. C. D. H ow ley........................1383
Texto e cânon do Novo Testamento - David F. Payne........................1394
A língua do Novo Testamento - David J. A. Clines...... ........................ 1403
Descobertas arqueológicas e o Novo Testamento -
Alan R. M illard...........................................................................................1413
O pano de fundo social do Novo Testamento - J. M. H ouston............1422
O pano de fundo histórico-político e a cronologia do
Novo Testamento - Harold H. Rowdon..............................................1438
O pano de fundo religioso do Novo Testamento (pagão) -
Harold H. Rowdon....................................................................................1451
O pano de fundo religioso do Novo Testamento (judaico) -
H. L. Ellison...............................................................................................1458
O desenvolvimento da doutrina no Novo Testamento -
Walter L. Liefeld..................................................................... .................1467
O evangelho quádruplo - F. F. B ruce........................................................1485
A igreja apostólica - F. Roy C oad...............................................................1499
As cartas de Paulo - G. C. D. Howley.........................................................1515
As epístolas gerais - F. F. B ruce.................................................................1530
O uso neotestamentário do Antigo Testamento - David J. E llis..... .1538
VI
6. Sumário
P arte quatro: O N ovo T estamento
Mateus - H. L. Ellison...................................................................................1553
Marcos - Stephen S. Short.............................................................................1602
Lucas - Laurence E. Porter.......................................................................... 1637
João - David J. Ellis....................................................................................... 1702
Atos - Ernest H. Trenchard.......................................................................... 1753
Romanos - Leslie C. A llen.......................................................................... 1823
ICoríntios - Paul W. M arsh...........................................................................1868
2Coríntios - David J. A. Clines....................................................................1927
Gálatas - F. Roy C oad.................................................................................. 1964
Efésios - George E. H arpur......................................................................... 1983
Filipenses - H. C. H ew lett.......................................................................... 2000
Colossenses - Ernest G. Ashby....................................................................2016
1 e 2Tessalonicenses - Peter E. Cousins................................................. 2029
1 e 2Timóteo / Tito - Alan G. N u te..........................................................2046
Filemom - Ernest G. A shby........................................................................ 2082
Hebreus - Gerald F. Hawthorne.................................................................2085
Tiago - T. C arson.......................................................................................... 2130
IPedro - G. J. Polkinghorne........................................................................ 2153
2Pedro - David F. Payne............................................................................. 2173
1, 2 e 3 João - R. W. O rr................................................................................. 2183
Judas - David F. Payne.................................................................................2208
Apocalipse - F. F. Bruce...............................................................................2212
7. Mapas
N? Título Página N? Título Página
1 A divisa Israel-Judá 23 Distritos de Salomão............................. ......548
(IRs 15; 2Cr 13—16)................. 24 O Reino do N orte.......................................563
2 Canaã dos patriarcas....................................112 25 Invasões síria e assíria............................ ......584
3 A península do Sinai....................................260 26 A queda de Judá...........................................602
4 Jerico.............................................................394 27 O retomo à terra......................................... 684
5 Ai e Betei.....................................................400 28 A terra dos profetas............................... .... 1037
6 As cidades dos heveus.................................401 29 O mundo dos profetas........................... ,... 1044
7 A campanha no sul.......................................402 30 As estradas principais na época dos romanos ... 1426
8 A campanha no norte..................................404 31 A Palestina dos evangelhos....................... 1431
9 Palestina e Transjordânia...........................406 32 Asia Menor.................................................. 1433
10 O território oriental....................................407 33 As viagens de Paulo............................... .... 1434
11 Judá, a divisa ao norte.................................408 34 O Oriente Médio nos tempos dos patriarcas ... 2261
12 Judá, a divisa ao sul......................................408 35 O êxodo e a conquista de Canaã.......... .... 2262
13 Judá ocidental............................. .................409 36 0 império de Davi e Salomão.................. 2263
14 Judá oriental............................... .................410 37 O reino dividido......................................... 2264
15 Efraim e Manassés.......................................411 38 A vida e o ministério de Jesus.................. 2265
16 Benjamim.....................................................412 39 Primeira e segunda viagens missionárias
17 Simeão..........................................................413 de Paulo.................................................. .... 2266
18 D ã................................................ .................414 40 Terceira viagem missionária de Paulo
19 Norte da Galiléia.........................................416 e viagem a Roma....................................... 2267
20 Sul da Galiléia............................ .................417 4 1 0 Império Romano na época do
21 Guerras dos juizes........................................436 Novo Testamento..................................... 2268
22 Ataques dos filisteus....................................488 42 Mapa físico da Terra Santa....................... 2269
Mapa 1 — A divisa Israel-Judá (IRs 15; 2Cr 13— 16)
viu
8. Prefácio à primeira edição
Este volume representa uma ampliação surgida a partir da publicação do A New
Testament Commentary, em 1969. Cristãos evangélicos de todos os segmentos rece
beram muito bem aquela obra, e houve muitos pedidos para que se publicasse um
livro abrangendo a Bíblia toda.
Foi possível aumentar anossa equipe inicial, e apresente obra é o resultado disso.
Fomos encorajados pela reação daqueles que tão prontamente decidiram fazerparte
do corpo de colaboradores. Uma alegriaespecial que experimentei é que quase todos
os membros da equipe de autores estão ligados amim por laços de amizade pessoal.
Desde quando saiuo volume anterior, passeipor um período degraveenfermidade,
que deixou suamarca, enãopoderiaterassumido aresponsabilidadedeeditorgeralnão
fosse aajudae o conselho constantes do professor F. F. Bruce. Na parte do Novo Testa
mento, o sr. H. L. Ellisonatuoucomo editorconsultor; naseçãodoAntigoTestamento,
eletambémprestouajudavaliosaem umasériede questões, talvezespecialmenteno seu
trabalho editorial no livro de Números, além do seu artigo sobre aTeologia do Antigo
Testamento eo seu comentário sobre Gênesis 1— 11.
Os estudos bíblicos nunca podem permanecerestáticos, pois apassagemdo tempo
traz nova luz sobre o texto, seja com referência adados históricos ou a outros dados
factuais em conseqüência de novas descobertas, sejapor intermédio de percepções de
estudiosos e outros que se aplicam a refletir sobre a Palavra de Deus. A atmosfera
atual do pensamento teológico é tal que correntes muito diferentes são discerníveis,
tanto liberais quanto conservadoras. O propósito deste comentário é fornecer uma
baseparaaexegesedas Escrituras que procuraestaratualizada. A naturezadaobraevita
a ênfase em aspectos devocionais ou exortativos; antes, ocupa-se em fazer um exame
detalhado do texto como tal. Emboraaperspectivasejaconservadora, não será (assim
esperamos) obscurantista. Queremos colocar nas mãos de cristãos de todas as cor
rentes e denominações uma obraque estejaassentadasobre acrençahistórica e orto
doxa na autoridade das Escrituras Sagradas.
Procuramos evitar ser meramente acadêmicos; nosso objetivo é atrair a atenção
tanto dos que não são expertsem teologiacomo daqueles que têm umaformação mais
amplae percepções maisprofundas nessecampo de estudo. Emboratenhamos tentado
nos atua-lizar em todo o material, é compreensível que em algumas questões talvez
nuncase alcancemasconclusões definitivas, em virtude de novos fatores que surgem
de tempos em tempos. Os artigos que precedem cada seção do comentário cobrem
um amplo leque de assuntos, e esperamos que se mostrem tão valiosos como acrés
cimos à obraquanto o foram os artigos incluídos no A New Testament Commentary.
Convidamos colaboradores de diferentes ramos da igreja cristã, que não se limi
tam a nenhum grupo ou denominação. Eles demonstram uma atitude objetiva e
9. Prefácios
positiva no seu trabalho, com liberdade para expressar suas idéias com relação aos
assuntos que estão tratando, sem nenhuma tentativa de forçar suas contribuições
para que caibam em um molde comum e uniforme.
A Revised StandardYersion da Bíblia foi usada como texto-base, e expressamos
nossa gratidão ao Concílio Nacional das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos pela
permissão para usarmos esse texto. Como no volume anterior, lançamos esta obra
com oração pela bênção de Deus sobre ela e sobre todos os que consultarem suas
páginas ou refletirem sobre seu conteúdo para a edificação e fortalecimento da sua
vida espiritual.
G. C. D. Howley
Prefácio à segunda edição
A característica marcante desta nova edição do Bible Commentaryfor Today é a
substituição da Revised Standard Version (Versão Revisada Padrão) pela New
InternationalVersion (NovaVersão Internacional) como texto-base. Aproveitamos
a oportunidade para fazer algumas correções e atualizações menores, especialmente
nas bibliografias.
Além do falecido sr. Andrew Gray, cujo trabalho em adaptar o comentário à
New International Version é reconhecido a seguir, o dr. Robert P. Gordon e o
sr. David G. Deboys fizeram contribuições muito valiosas no preparo desta edição.
Desde que a primeira edição foi publicada em 1979, dois membros da equipe
editorial faleceram — sr. G. C. D. Howley e sr. H. L. Ellison. Esses dois homens
investiram muito tempo de trabalho árduo neste Comentário, especialmente o
sr. Howley, editor-chefe, para quem esta obra se torna um monumento digno e
permanente.
E E Bruce
Dedicado ao falecido sr. Andrew Gray D.S.C.,
M.A., que dedicou muitas horas
ao preparo desta nova edição.
10. Lista de colaboradores
L eslie C. Al l e n , M .A ., Ph.D., professor de Antigo Testamento no Fuller
Theological Seminary, Pasadena, California, E U A . Salmos, Romanos.
C arl E d w in A r m erd in g , B.C., Ph.D., reitor e professor de Antigo Testa
mento no Regent College, Vancouver, B.C., Canadá. Juizes.
E r n est G. Ashby, B.A., B .D ., M .A ., A .K .C ., ex-diretor de Educação Reli
giosa na Tottenham Grammar School (antiga T he Somerset School).
Colossenses, Filemom.
J o h n W. Ba ig e n t, B.D., A.R.C.O., professor de Bíblia, pastor e conferencista
em convenções, ex-professor sênior e diretor de Estudos Religiosos no
West London Institute of Higher Education. Salmos.
J o h n T. B e n d o r -S a m u e l , M.A., Ph.D., v ic e - p r e s id e n te e x e c u tiv o n o
W ycliffe B ible T ran sla to rs an d S u m m er In s titu te o f L in g u istics. Ester.
E. M. Blaiklock (já falecido), O .B .E ., M.A., Litt.D., professor emérito de
Estudos Clássicos na Auckland University, Nova Zelândia. Naum.
F . F . B r u c e, MA., D.D., F .B .A ., professor emérito de Crítica Bíblica e
Exegese na Universidade de Manchester. 0 Antigo Testamento e o cris
tão, A cronologia do Antigo Testamento, Introdução aos livros poéticos/à
literatura sapiential, Ezequiel, 0 evangelho quádruplo, As epístolas gerais,
Apocalipse.
T. C arson, M.A., Dip.Ed, editor da Australian Missionary Tidings. Números,
Tiago.
D avid J. C lark, M.A., B .D ., P h .D ., A.L.B.C., consultor de tradução na United
Bible Societies, Port Moresby, Papua, Nova Guiné. Miquêias.
D avid J. A. C l in e s , M.A., professor de Estudos Bíblicos na Universidade
de Sheffield. Jó, 2Coríntios, Introdução ao Pentateuco, A lingua do Novo
Testamento.
F. R oy C oad, F.C .A ., autor e ex-editor da The Harvester. Ageu, Gálatas, A igreja
apostólica.
P e t e r E. C ousins, M.A., B.D., diretor editorial em The Paternoster Press,
Exeter, ex-professor titular de Estudos Religiosos no Gipsy Hill College,
Kingston-upon-Thames. Deuteronômio, 1 e 2Tessalonicenses.
D avid J. E l l is , B .D ., M.Th., ministro da American Community Church,
Cobham, Surrey, Inglaterra, ex-professor titular e diretor de Estudos
Religiosos no Trent Park College, Cockfosters. Zacarias, Evangelho de
João, 0 uso neotestamentário do Antigo Testamento.
H. L. E ll iso n (já falecido), B.A, B.D., escritor, ex-missionário e conferen
cista no Bible College. Gênesis, Evangelho de Mateus, A teologia do Antigo
Testamento, 0 pano de fundo religioso do Novo Testamento (judaico).
L. O’B. D avid F ea t h e r st o n e , M.A., diretor do Departamento de Estudos
Religiosos na Godolphin and Latymer School, Londres. Introdução aos
livros históricos.
11. Lista de Colaboradores
D o n a ld C. F l e m in g ; L.Th., escritor, professor de Bíblia na Austrália, mis
sionário na Tailândia. Eclesiastes.
W . W ard G asque, B.A., B.D., M.Th., Ph.D., vice-reitor e professor de Estu
dos do Novo Testamento no Regent College, Vancouver, B.C., Canadá.
Obadias, Malaquias.
R o b er t P. G o r d o n , M.A., Ph.D., professor de Divindade na Universidade
de Cambridge. Êxodo, Levítico, A? versões antigas.
M ich a el C. G r if fit h s , M.A., D.D., escritor, missionário no Japão, diretor
geral da Overseas Missionary Fellowship e atual reitor do London Bible
College. Jonas.
G e o r g e E. H a rpu r, professor de Bíblia e conferencista em convenções.
Efésios.
G erald F. H a w th o rn e, B.A., M.A., B.Th., Ph.D., professor de grego no
Wheaton College, Wheaton, Illinois, EUA. 0 cânon e os apócrifos, Hebreus.
H . C. H e w l e t t (já falecido), professor de Bíblia e conferencista na Nova
Zelândia. Filipenses.
J. M. H o u sto n , M.A., B.Sc., D.Phil., ex-chanceler do Regent College, Van
couver, B. C., Canadá. O pano de fundo social do Antigo Testamento, 0
pano de fundo social do Novo Testamento.
J. K e ir H ow ard, M.D., B.D., M.Th., M.C.C.M. (N.Z.), M.F.O.M., D .I.H .,
ministro batista. Ex-professor sênior de Medicina Ocupacional na Uni
versidade de Otago, Nova Zelândia. Professor de Bíblia. 1 e 2Crdni-
cas, Amós.
G. C. D. H owley (já falecido), professor de Bíblia, conferencista, ex-editor
da T he Witness. Introdução aos livros proféticos, A autoridade do Novo
Testamento, As epistolas de Paulo.
P aul E. L eo n ard, B.Sc., M.Th., Ph.D., ex-professor adjunto de Novo Tes
tamento na Trinity Evangelical Divinity School. Deerfield, Illinois,
USA. Joel.
W a lte r L . L ie f e l d , Th.B, M.A., Ph.D., professor de Novo Testamento na
Trinity Evangelical Divinity School, Deerfield, Illinois, USA. 0 desen
volvimento da doutrina no Novo Testamento.
Jo h n P. U. L illey , M.A., F.C.A., A.T.I.I., revisor contábil. Josué.
P aul W. M a rsh , B.D., consultor bíblico da Scripture Union, Londres.
ICorintios.
C h arles G. M a rtin , B.Sc. B.D., diretor do Bilborough College, Nottingham.
I e 2Reis, Provérbios.
Alan R. M illa r d , M.A., M.Phil., F.S.A., versado em línguas semíticas an
tigas e hebraico na Universidade de Liverpool. Daniel, 0 texto do Antigo
Testamento, Descobertas arqueológicas e o Novo Testamento.
Alan G. N u t e , professor de Bíblia e conferencista. Habacuque, 1 e 2Timóteo,
Tito.
R. W. O rr, Ph.C., D.B.A., missionário e professor de Bíblia. Cântico dos
Cânticos, 1, 2 e 3João.
xii
12. Lista de Colaboradores
W. O sb o r n e , M.A., M.Phil., professor de Antigo Testam ento no Bible
College of New Zealand, Auckland. Lamentações.
C h a r les A. O x ley , M .A ., A .C .P., diretor do Tower College, Rainhill;
Scarisbrick Hall School, Hamilton College e Liverpool Bible College.
Rute.
D avid F. P ayne, B.A., M.A, oficial de registro no London Bible College.
Genesis, Isat'as, 2Pedro, Judas, Texto e cânon do Novo Testamento.
G. J. P o lk in g h o r n e, Dip.Th., funcionário público aposentado, editor asso
ciado da Harvester e professor de Bíblia. Oséias, IPedro.
L a urence E. P o r ter (já falecido), B.A., diretor e professor no Bible College.
1 e 2Samuel, Evangelho de Lucas.
V icto r A. S. R eid , B.D., A.L.B.C., Diretor do Belfast Bible College. Sofonias.
H arold H . R o w d on , B.A., Ph.D., professor sênior de História da Igreja e
assistente residente sênior no London Bible College. A interpretação do
Antigo Testamento, 0 pano defundo histórico-político do Novo Testamento,
0 pano de fundo religioso do Novo Testamento (pagão).
STEPHENS. Sh o r t, M.B., Ch.B., M.R.C.S., L.R.C.P., B.D., A.L.B.C., profes
sor de Bíblia e conferencista. Esdras, Neemias, Evangelho de Marcos.
E r n est H. T ren ch a rd (já falecido), B.A., A.C.P., ex-diretor de Literatura
Bíblica, Madri, missionário e escritor. Atos dos Apóstolos.
D. J. W isem an, O.B.E., M.A., D.Lit., A.K.C., F.B.A., F.K.C., F.S.A., profes
sor emérito de Assiriologia na Universidade de Londres. Jeremias, A
arqueologia e o Antigo Testamento.
13. Abreviações
A n t ig o T e st a m e n t o Novo T e st a m e n t o
Gn Gênesis Mt Mateus
Êx Êxodo Mc Marcos
Lv Levítico Lc Lucas
Nm Números Jo João
Dt Deuteronômio At Atos
Js Josué Rm Romanos
Jz Juizes ICo lCoríntios
Rt Rute 2Co 2Coríntios
ISm ISamuel G1 Gálatas
2Sm 2Samuel Ef Efésios
lRs IReis Fp Filipenses
2Rs 2Reis Cl Colossenses
lCr lCrônicas lT s lTessalonicenses
2Cr 2Crônicas 2Ts 2T essalonicenses
Ed Esdras lT m lT im óteo
N e Neem ias 2Tm 2Tim óteo
Et Ester T t Tito
Jó Jó Fm Filem om
SI Salmos Hb Hebreus
Pv Provérbios T g Tiago
Ec Eclesiastes IP e IPedro
Gt Cântico dos Cânticos 2Pe 2Pedro
Is Isaías IJo ljoão
Jr Jeremias 2Jo 2João
Lm Lamentações 3Jo 3João
de Jeremias Jd Judas
Ez Ezequiel Ap Apocalipse
Dn Daniel
Os Oséias
J1 Joel
Am Amos
Ob Obadias
Jn Jonas
Mq Miquéias
Na Naum
Hc Habacuque
Sf Sofonias
Ag Ageu
Zc Zacarias
Ml Malaquias
xiv
14. Livros e revistas
ALUOS Annual oftheLeeds University JTVI JournaloftheTransactionsoftheVictoria
OrientalSociety Institute
ANEP Pritchard, AncientNearEastinPictures LA (Livro da) Aliança de Damasco
ANET Pritchard, AncientNearEastern Texts LOB Aharoni, TheLand oftheBible
Ant. Josefo, Antiquities oftheJews MBA Macmillan BibleAtlas
AOOT K. A. Kitchen, Ancient Orientand Old NBC New Bible Commentary, 1953
Testament, 1966 NBC3 NewiBibleCommentary
BA BiblicalArchaeologist Revised, 1970
BASOR Bulletin oftheAmerican Schools of NBCR NewBibleCommentary
OrientalResearch Revised, 1970
BDB Brown, Driver, Briggs, HebrewLexicon NBD NewBibleDictionary
BJRL Bulletin oftheJohn RylandsLibrary NCB New Clarendon Bible
BKAT BiblischerKommentarzum Alten NCentB New CenturyBible
Testament NICNT New InternationalCommentary
BZAW Beiheftzur Zeitschriftfür die on theNew Testament
alttestamentliche Wissenschaft NICOT New InternationalCommentary
CB TheCambridgeBible on the Old Testament
CBC CambridgeBibleCommentary NLC New London Commentary
CBQ CatholicBiblicalQuarterly NTC G. C. D. Howley, ed., A New
CBSC CambridgeBibleforSchoolsandColleges Testament Commentary, 1969
CH Código de Hamurabi OIL OldTestamentLibrary
CHB TheCambridgeHistory oftheBible PCB Peake’
s Commentary on theBible, ed.
DBT Leon-Dufour, ed., DictionaryofBiblical rev., 1962
Theology, 1973 PEQ PalestineExploration Quarterly
DOTT D. W. Thomas, ed., Documentsfrom RB Revue Biblique
Old Testament Times SBT Studies in Biblical Theology
EAEHL Avi-Yonah, ed., Encyclopaedia of SJT ScottishJournalofTheology
ArchaeologicalExcavations in the Holy SVT Supplements to Vetus Testamentum
Land, 1976 TB Tyndale Bulletin
EB Expositor’
sBible TB Talmude Babilônico
EBT J. B. Bauer, ed., Encyclopaedia of TC Torch Commentary
Biblical Theology, 1970 TDNT Kittel, TheologicalDictionary
EQ EvangelicalQuarterly ofthe New Testament
HDB J. Hastings, ed., Dictionary oftheBible TDOT Botterweck & Ringgren, Theological
IB TheInterpreter’
s Bible Dictionary ofthe Old Testatnent
ICC InternationalCriticalCommentary Th.Rv. Theologische Revue
IDB TheInterpreter’s Dictionary oftheBible TOTC Tyndale Old Testament Commentary
IEJ IsraelExploration Journal Tyn.B. Tyndale Bulletin
ISBE TheInternationalStandardBible UT Gordon, Ugaritic Textbook
Encyclopedia VT Vetus Testamentum
JBL JournalofBiblicalLiterature WC Westminster Commentaries
JBR JournalofBibleandReligion WBC WycliffeBibleCommentary
JJS JournalofJewish Studies WTJ Westminster TheologicalJournal
JNES JournalofNearEastern Studies ZAW Zeitschriftfür die alttestamentliche
JPOS Journal ofthe Palestine OrientalSociety Wissenschaft
JSS JournalofSemiticStudies ZPEB The Zondervan Pictorial Encyclopedia
JTS Journal of TheologicalStudies oftheBible
XV
15. Abreviações gerais
AB Anchor Bible LXX Septuaginta
ad loc. no lugar referido m. morreu (em)
Aq. tradução grega do Antigo mg. margem
Testamento de Aquila MS(S) manuscrito(s)
ARA Almeida Revista e Atualizada n. nota
aram. aramaico NAB T he New American Bible
ARG Almeida Revista e Corrigida NASB New American Standard Bible
art. artigo NEB New English Bible
art. cit no artigo citado NIV The New International Version
BJ Bíblia de Jerusalém nr. nota de rodapé
c. por volta de (época, tempo) NVI Nova Versão Internacional
cap(s). capítulo(s) op. cit. na obra citada acima
cf. confira p- página(s)
com. comentário pi plural
comp. compare p s Pentateuco Samaritano
cont. continuação q.v. queira ver
contra ao contrário de RSV Revised Standard Version
cor. correção RV Revised Version
cp. compare ss e seguintes
ct. contraste com sam. samaritano
e.g. por exemplo scil. ou seja
ed. editor (ou editado), edição sec. século
esp. especialmente sim. Símaco
GNB Good News Bible (Linguagem sir. Siríaco
de Hoje em inglês) s.v. sob a palavra (vocábulo)
gr- grego T.I. tradução inglesa
heb. hebraico targ. targum
ibid. no mesmo livro (ou passagem) TM Texto Massorético
in loc. no lugar citado trad. traduzido ou tradução
infra abaixo V . versículo, versículos (ou ver)
JB Jerusalem Bible V.I. versão(ões) inglesa(s)
lat. latim VA Versão Autorizada
lit. literalmente viz. ou seja
loc. cit. na passagem já citada Vulg. Vulgata
18. O Antigo Testamento e o cristão
F. F. BRUCE
O ANTIGO TESTAMENTO NA IGREJA
Além do seu status de Escritura sagrada, o
AT é uma obra literária das mais interessan
tes e valiosas por si só, um objeto digno de
estudos intensos e constantes. Posto na sua
perspectiva histórica e interpretado corre
tamente, ele se constitui em fonte primária
indispensável para uma fase importante da
história — especialmente a história religiosa
— do Antigo Oriente Médio. Parte do seu
conteúdo é do mais elevado nível literário, e
muito desse conteúdo ainda gera reações de
apreciação espiritual no leitor e proporcio
na-lhe um meio de expressar as aspirações
mais profundas da sua própria alma. Tudo isso
vale tanto para leitores cristãos quanto para
os outros, mas os cristãos têm de considerar
ainda o seu status como parte das Escrituras
Sagradas da igreja cristã.
O AT está investido de autoridade espe
cial como Escritura sagrada não só para cris
tãos, mas também para judeus e muçulmanos.
Na ortodoxia judaica, a Bíblia hebraica, que
contém a Lei, os Profetas e os Escritos, é toda
a Palavra de Deus. A sua interpretação é regu
lamentada pela tradição e, por motivos po
lêmicos ou apologéticos, a tradição tem
recebido algumas vezes status equivalente
ao do texto, mas tanto em princípio como
de fato o texto escrito tem prioridade e é
normativo. No islamismo, o tawrat (as Escri
turas judaicas), e o injil (as Escrituras cristãs)
registram a revelação de Deus dada por meio
de profetas anteriores, que seria então final
mente reiterada e confirmada na revelação
dada por meio de Maomé e registrada por
escrito no Alcorão.
Já na igreja cristã, o AT é reconhecido tra
dicionalmente como o texto que registra os
estágios iniciais desse processo contínuo de
revelação divina e de resposta humana, que
teve seu cumprimento em Cristo, sendo o N T
o registro desse cumprimento. Se o que Deus
falou a nossos antepassados por meio dos pro
fetas, muitas vezes e de muitas maneiras, está
preservado no AT, o NT, por sua vez, nos conta
que “nestes últimos dias falou-nos por meio
do Filho” (Hb 1.12). Mas, se colocarmos a
questão dessa maneira, poderemos negligen
ciar o fato de que nas primeiras gerações da
sua existência a única Bíblia da igreja cristã
era o AT, e ela se deu muito bem tendo so
mente o AT. Quando nosso Senhor afirma que
“são as Escrituras que testemunham a meu
respeito” (Jo 5.39), ele está se referindo às
Escrituras do AT. Quando é dito a Timóteo
que “toda Escritura é inspirada por Deus”, a
referência é àqueles escritos sagrados com que
Timóteo estava familiarizado desde a infân
cia — ou seja, os escritos do AT (a propósito, na
versão LXX). Timóteo é lembrado que esses
são os escritos “que são capazes de torná-lo
sábio para a salvação mediante a fé em Cristo
Jesus” e que proporcionam uma instrução
abrangente e completa “para que o homem
de Deus seja apto e plenamente preparado
para toda boa obra” (2Tm 3.15-17). Era do
AT que os primeiros pregadores cristãos, se
guindo o exemplo do seu Mestre, extraíam
seus textos; e o faziam de maneira formal e
expressa quando se dirigiam a audiências
judaicas e de maneira implícita quando pre
gavam aos gentios. Assim como Jesus afir
mou que não viera abolir a Lei e os Profetas,
3
19. O Antigo Testamento e o cristão
mas para cumpri-los (Mt 5.17), Paulo tam
bém afirma que a Lei e os Profetas testemu
nham do evangelho da justificação pela fé
(Rm 3.21,22).
Mesmo já quase na metade do segundo
século da era cristã, os escritos do AT ainda
desfrutavam dessa dignidade única. Tem-se
comentado muitas vezes quão expressivo é
o número de pagãos cultos do século II, como
Justino Mártir e seu discípulo Taciano, que
se converteram ao cristianismo — e eles
mesmos dão testemunho disso — por meio
da leitura do AT grego. Nessa época, natu
ralmente, a maioria dos documentos que
constituem o N T já existia e circulava havia
décadas, mas ainda não tinha recebido acei
tação geral como uma coleção de escritos do
mesmo nível que o AT, como sendo o vo
lume do cumprimento ao lado do volume da
promessa.
No entanto, quando falamos desse status
singular do AT na igreja primitiva, estamos
falando do AT interpretado e cumprido por
Jesus. A igreja e a sinagoga compartilhavam
do mesmo texto sagrado (faz pouca diferen
ça se, em algumas regiões de fala grega, o
cânon da igreja era ligeiramente mais abran
gente do que o cânon da sinagoga), mas
o texto era com preendido de formas tão
diversas pela igreja e pela sinagoga que po
deria até parecer que estivessem usando
duas Bíblias diferentes. Em vão, Justino ten
ta convencer Trifo, no seu Diálogo com o
judeu Trifo, da verdade do cristianismo, re
correndo às Escrituras que ambos reconhe
cem como divinas: o apelo de Justino
pressupõe uma interpretação que Trifo não
consegue aceitar.
Essa interpretação pode ser resumida na
afirmação de que Cristo e o evangelho são o
tema do AT. “Todos os profetas dão teste
munho dele, de que todo o que nele crê
recebe o perdão dos pecados m ediante o
seu nome” (At 10.43). Os profetas podem
até ter investigado e examinado cuidado
samente as Escrituras “procurando saber o
tempo e as circunstâncias para os quais apon
tava o Espírito de Cristo que neles estava”
4
(IPe 1.10,11), mas as pessoas que testemu
nharam os eventos da salvação não precisa
ram de tal investigação ou exame; elas
sabiam. A pessoa era Jesus; a época era ago
ra. Essa compreensão do AT permeia de for
ma tão ampla e completa os escritos do N T
que ela certamente vai além desses escritos
até o próprio Jesus, e este é, de fato, o teste
munho dos Evangelhos e de todas as cama
das da tradição que podem ser identificadas
na sua base. O anúncio das boas-novas aos po
bres, que de acordo com os profetas do AT
caracterizava a proclamação do ano da bon
dade do Senhor (Is 61.1,2), é apresentado por
Jesus como a essência do seu próprio ministé
rio: “Hoje”, ele disse, “se cumpriu a Escritura
que vocês acabaram de ouvir” (Lc 4.18-21; cf.
7.22). Ele deixou bem claro que isso fazia
parte do advento desse reino que, de acordo
com outro autor do AT, o Deus dos céus esta
beleceria em dias futuros (Dn 2.44; 7.14,
22,27). Ele parabenizou seus discípulos por
que eles viviam numa época em que podiam
experimentar coisas que profetas e homens
justos de outros tempos tinham, em vão, de
sejado ver e ouvir (Mt 13.15,16; Lc 10.23,24).
E se no final seu ministério seria coroado com
a morte, então isso também — para que ele
“sofra muito e seja rejeitado com desprezo”
— era algo que estava escrito acerca do “Fi
lho do homem” (Mc 9.12). Seguro disso, ele
submeteu-se a seus captores com as palavras:
“Mas as Escrituras precisam ser cumpridas”
(Mc 14.49).
Os seus seguidores, portanto, descobriram
que as Escrituras do AT estavam repletas de
novo sentido à medida que desvendavam seus
mistérios mais profundos com a chave que o
seu Mestre lhes dera. Quando seu testemu
nho foi perpetuado de forma escrita, e os do
cumentos que o perpetuaram foram, no devido
tempo, reunidos e canonizados no NT, a au
toridade do AT não foi, de forma alguma,
diminuída. Também, quando na primeira me
tade do século II Marcião afirmou que Jesus
e o evangelho eram coisas completamente
novas, não relacionadas a nada que havia ocor
rido antes, negando assim que o AT tivesse
20. O Antigo Testamento e o cristão
o direito de ser tratado como Escritura cristã,
a igreja não deu nenhuma guarida a ele nem
às suas convicções. Alguns argumentos usa
dos para refutá-lo talvez tenham sido tolos,
mas havia uma sã intuição de que o evange
lho não floresceria com mais vigor se fosse
cortado de suas raízes do AT.
A PALAVRA DE DEUS NO AT
É verdade que houve uma mudança de
perspectiva na igreja desde os primeiros dias
em que o AT era a sua única Bíblia, tornada
compreensível pelo seu cumprimento em
Cristo. Hoje em dia a tendência é valorizar
mais o N T do que o AT. Creio que há con
cordância geral de que o conhecimento do
AT é necessário para a compreensão do NT.
Em primeiro lugar, ele registra a preparação
para o evangelho, é o relato do que aconte
ceu antes, sem o que o evangelho não pode
ser com preendido adequadam ente. Além
disso, o N T está de tal modo repleto de cita
ções do AT que o conhecimento deste é tão
essencial para sua apreciação quanto o conhe
cimento dos clássicos gregos e latinos é es
sencial para a apreciação da obra de Milton
(por exemplo).1 Mas para Milton os clássicos
em grego ou latim não continham autorida
de própria; eles proporcionavam uma mina
inexaurível de alusões literárias. As alusões
ao AT no NT, no entanto, não estão ali para
efeitos literários; elas implicam o reconheci
mento da autoridade inerente ao próprio AT.
Os autores do N T consideravam que o con
teúdo da sua mensagem estava organicamen
te de acordo com a mensagem do AT, a ponto
de o AT e o N T poderem ser considerados
duas partes de uma mesma sentença, cada
parte sendo essencial para a compreensão do
todo. Essa percepção está destacada no ar
tigo VII dos “Trinta e nove artigos”, que
começa assim: “O Antigo Testam ento não
é contrário ao Novo; porquanto em ambos,
!John Milton (1608-1674) é o maior poeta épico da
língua inglesa. Sua obra-prima é Paradise Lost [O paraíso
perdido, E diouro, 2000]. [N. do T.]
tanto no Antigo como no Novo, a vida eterna
é oferecida ao gênero humano por Cristo,
que é o único Mediador entre Deus e o ho
mem, sendo Ele mesmo Deus e Homem...”.
A unidade da mensagem dos dois testa
mentos não deve ser estabelecida por meio
de exercícios tipológicos fantasiosos, que
encontram nos escritos do AT as mais diver
sas doutrinas neotestamentárias, das quais
nem os autores originais nem seus leitores
poderiam sequer suspeitar. Essa unidade
pode ser demonstrada de forma mais eficien
te por meio do reconhecimento de um pa
drão recorrente de ação divina e resposta
humana, como é traçado, por exemplo, em
ICo 10.1-11 ou Hb 3.7—4.13.
Houve muitas tentativas de apresentar
essa ininterrupta mensagem de uma forma
que destacasse o seu significado básico e a
sua adequada plenitude em Cristo. Entre
essas tentativas, provavelmente a mais bem-
sucedida seja aquela que a apresenta como a
“história da salvação” (Heilsgeschichte), o rela
to dos atos salvíficos de Deus que tiveram
sua consumação na obra salvífica de Cristo.
D eus é aclamado repetidam ente no AT
como a “salvação” do seu povo. Ele se ma
nifesta nessa qualidade em épocas sucessi
vas da história do AT, mas de forma especial
no êxodo do Egito e no retorno do exílio
babilónico (cf. Êx 15.2; Is 45.15-17). O regis
tro da primeira dessas libertações fornece um
modelo de narrativa no qual a segunda liber
tação pode ser retratada, e o registro das duas
fornece um modelo de narrativa usado no N T
para retratar a obra salvífica de Cristo.
A salvação de Deus e o seu juízo, no Anti
go Testamento, são dois aspectos da mesma
ação: se ele vindicou o seu nome ao permitir
que seu povo fosse para o exílio por se rebelar
contra ele, da mesma forma vindicou o seu
nome ao trazê-lo de volta. A salvação desse
povo é a sua vindicação (cf. SI 98.1-3). No
ato culminante do evangelho, esses temas gê
meos de salvação e juízo coincidem: Jesus
absorve o julgamento na sua própria pessoa
e assim realiza a salvação do seu povo.
5
21. O Antigo Testamento e o cristão
Nessa história da salvação, o ato divino e
a palavra profética andam de mãos dadas:
nenhum deles proporciona uma revelação
completa sem o outro. A relação entre o mi
nistério de Moisés e a libertação realizada
no êxodo é equiparada à interação entre o
ministério de profetas posteriores e os atos
de misericórdia e juízo que eles proclama
ram ou interpretaram. Quando chegamos à
consumação do NT, o ato redentor e o mi
nistério profético coincidem na mesma pes
soa — Jesus.
Alguns estudiosos encontraram no tema
da aliança um princípio unificador para o re
lato do AT, que conduz ao cumprimento do
evangelho. O Deus de Israel é um Deus que
faz alianças e as cumpre: ele estabelece um
relacionamento especial com as pessoas e
dispõe-se a ser o seu Deus, entendendo que
elas querem ser o seu povo. Nos dias de Noé,
ele faz uma aliança com toda a raça humana
(Gn 6.18; 9.8-17); por meio de Abraão, ele
estabelece sua aliança com uma família espe
cífica, com anúncio de bênçãos para todas as
outras famílias (Gn 15.8-21; 17.1ss; 22.15-18);
e quando essa família cresce e se torna uma
nação, ele confirma sua aliança com ela no
monte Sinai, logo depois da sua libertação do
Egito, com um código simples de leis que são
a constituição básica dessa aliança (Ex 24.3-8;
34.10-28), e a reafirma em Siquém, logo de
pois de o povo se fixar na terra prometida
(Dt 27.1-28,48; Js 8.30-35; 24.1-28). Uma ali
ança posterior e mais restrita foi feita com
Davi, confirmando a ele e seus descenden
tes o reinado sobre Israel (2Sm 7.8-17; SI
89.19-37; 132.11-18).
A aliança de Deus com Noé recebe pouca
ou nenhuma atenção no NT. “O juramento
que fez ao nosso pai Abraão” (Lc 1.73) é con
siderado cumprido no evangelho da justifica
ção pela fé (Rm 4.13ss; G1 3.6-18); a aliança
com Davi é considerada (especialmente nos
escritos de Lucas) como cumprida na exal
tação e soberania de Jesus (Lc 1.32,33; At 2.25-
36; 13.22,23,32-37; 15.16-18). Mas a aliança
dos dias de Moisés é contrastada com a alian
ça eterna introduzida por Jesus e selada com
6
seu sangue; esta aliança é identificada como
a “nova aliança” anunciada em Jr 31.31-34,
que de fato deveria substituir a aliança de
ficiente e quebrada feita com os antepassa
dos de Israel, quando Deus os tomou “pela
mão para tirá-los do Egito” (cf. 2Co 3.4-18;
Hb 8.6—9.22).
A história da salvação e a história da ali
ança são chaves valiosas para a compreen
são cristã do AT e do seu lugar na Bíblia
como um todo, principalmente porque não
precisam ser importadas para dentro do re
lato bíblico como princípios de organização,
pois elas já estão presentes nesse relato. Mas
elas não cobrem todo o AT, e será lastimá
vel se sua importância for exagerada a pon
to de serem negligenciadas as partes do AT
que não possam ser adequadamente relacio
nadas com elas.
A RESPOSTA HUMANA NO AT
Os “livros sapienciais” do AT não podem
facilmente ser reunidos sob a rubrica da his
tória da salvação ou da aliança; mesmo assim,
dão uma contribuição indispensável à men
sagem do AT. O sábio estava ao lado do sa
cerdote e do profeta como comunicador da
verdade divina para os seus compatriotas (cf.
Jr 18.18). A literatura sapiencial da Bíblia
hebraica é marcada por um aspecto interna
cional, seja no tratamento das coisas obser
vadas no dia-a-dia da vida e da natureza (como
em Provérbios), seja no tratamento dos pro
blemas mais profundos da existência hu
mana (como em Jó). A literatura sapiencial
posterior (e.g., Sabedoria e Eclesiástico) está
mais intimamente relacionada ao panorama
religioso de Israel e tende a identificar a sa
bedoria com a Lei mosaica.
O AT registra não somente a revelação
que Deus fez de si mesmo no curso da histó
ria do seu povo, mas também a resposta do
povo a essa revelação. Junto com os livros
poéticos do AT (principalmente o Saltério), a
literatura sapiencial pertence em grande parte
à área da resposta humana à revelação divina.
Homens e mulheres aos quais Deus se reve
lou por meio de uma experiência pessoal,
22. O Antigo Testamento e o cristão
como também por meio da história nacional,
contam o que ele passou a significar para
eles, e, no seu testemunho, aprendemos mais
sobre os caminhos de Deus no trato com o
ser humano — e aprendemos isso de tal ma
neira que as palavras desse seu testemunho
fornecem um meio aceitável para o nosso
próprio testemunho de como Deus lida co
nosco. Isso explica, em grande parte, a popu
laridade dos salmos como meio de louvor
cristão.
NOSSO SENHOR E O AT
A avaliação que os cristãos fazem do AT
não pode ser dissociada do uso que Jesus fez
dele. Está claro que Jesus o considerava a
última instância de apelação. Ele citou-o para
justificar seu procedimento e expor as defici
ências tanto dos fariseus quanto dos saduceus.
No AT, ele encontrou alimento e conforto
para sua alma; nele encontrou também o pro
grama para seu ministério e a vontade de Deus
para sua vida diária e seu sacrifício derradeiro.
“O que foi indispensável para o Redentor”,
tem-se dito com muita propriedade, “precisa
sempre ser indispensável para os redimidos”
(G. A. Smith, Modem Criticism andthePreaching
oftheOT.i 1901, p. 11).
No entanto, mesmo se baseando indiscri
minadamente na Lei, nos Profetas e nos Es
critos, não o fazia sem discernimento. Não
há nada de estranho ou inadequado na sua
aplicação do texto sagrado; tampouco ele o
coloca, todo, em um mesmo plano. A letra
da Lei precisa ser subserviente ao espírito da
Lei. O descanso no sábado e a relação ma
trimonial foram instituídos para benefício de
homens e mulheres, e são cumpridos de modo
melhor quando esse propósito é promovido.
Até mesmo a pressuposição de Moisés de
que o divórcio é permitido (Dt 24.1-4) é tra
tada como uma concessão feita por causa da
“dureza de coração” do ser humano; Jesus
encontrou um caminho mais excelente em
butido na ordenança do Criador (Gn 1.27;
2.24, citados em Mc 10.2-9). A observância
literal da lei do sábado pode dar lugar a uma
necessidade maior, como ocorreu no caso da
observância da lei relacionada ao pão da Pre
sença, quando Davi e seus homens esta
vam famintos (ISm 21.1-6, mencionado em
Mc 2.25-28). A lei do “olho por olho, dente
por dente” (Ex 21.24) mostrou um avanço
ético considerável na época, ao substituir a
vingança do sangue pelo princípio da retri
buição estritamente limitada, mas a seus dis
cípulos Jesus recomendou o princípio melhor
da não-retaliação e, melhor ainda, o da re
tribuição do mal com o bem (Mt 5.38-48).
Ele resumiu toda a Lei (e os Profetas) no
duplo mandamento do amor a Deus e do
amor ao próximo (Dt 6.4,5; Lv 19.18); qual
quer interpretação ou aplicação que não
fosse condizente com a lei do amor estava
conseqüentemente descartada (Mc 12.28-31;
cf. Lc 10.25-37).
Ele figurou na linhagem dos grandes pro
fetas de Israel, e tratou o ensino destes com a
dignidade que merecia, não como se fosse
uma série de notas de rodapé da Lei. Como
eles, ele atribuiu mais valor às questões éti
cas (interpessoais) do que às exigências ri
tuais (e.g., Mt 5.23,24), no espírito de Os 6.6:
“Pois desejo misericórdia, e não sacrifícios”
(citado em Mt 9.13; 12.7).
De todos os profetas, o que mais demons
tra afinidade com Jesus é Jeremias, o profeta
da nova aliança, que insiste na interioridade
da verdadeira religião. Quando Jeremias faz
uma retrospectiva do reinado do rei Josias,
o que mais elogia não é sua reforma do cul
to, mas sua administração justa, sua forma
de julgar os pobres e necessitados: foi nisso
que Josias manifestou seu conhecimento de
Deus (Jr 22.15,16). Há uma semelhança im
pressionante também entre o conselho de
Jeremias para a submissão ao governante
gentio dos seus dias (Jr 38.17,18) e a orien
tação de Jesus para dar a César o que é de
César (Mc 12.17) ou sua reprovação do espí
rito de revolta contra Roma que um dia iria
lançar Jerusalém ao chão (Lc 13.1-5; 19.41-
44; 23.28-31).
Para concluir, o uso que nosso Senhor fez
do AT exibe um método exegético criativo
e original, que fornece um modelo para seus
7
23. O Antigo Testamento e o cristão
seguidores; ele “está baseado em [...] uma
profunda compreensão do ensino essencial
da Bíblia hebraica e em um discernimento
seguro da situação do seu tem po” (T. W.
Manson, BJRL 34, 1951-1952, p. 332).
O AT COMO REGRA DE FÉ
Se a Bíblia é a regra de fé e prática do cris
tão, a contribuição que o AT faz a essa regra
de fé já foi sugerida.
Começa com Deus, apresentando-o como
um só, como o Criador do Universo em geral
e da humanidade em particular, como justo e
misericordioso no seu caráter e como alguém
desejoso de ver esse seu caráter reproduzido
na vida de homens e mulheres. Quando se
diz que ele criou o homem à sua própria ima
gem, isso significa (talvez, entre outras coi
sas) que a intenção era que os seres humanos
vivessem em comunhão não somente uns
com os outros, mas também com ele. Eles
devem atender a seus apelos e viver de
forma responsável diante dele, recebendo sua
graça, prestando-lhe seu serviço e exercendo
sobre a terra a autoridade que ele lhes dele
gou. Quando os homens se revoltam contra
a sua lei, experimentam seu juízo, mas em
meio ao juízo ele não se esquece de ser mi
sericordioso. O juízo, sem dúvida, é sua
“obra muito estranha” (Is 28.21), estranha e
sem congenialidade com a sua natureza, à
qual ele se dispõe com relutância, ao passo
que tem prazer em demonstrar misericór
dia e graça perdoadora (Mq 7.18). Tudo isso
é explicado, não na forma de um sistema
teológico, mas no contexto histórico da re
lação de Deus com a humanidade e, espe
cialmente, com aqueles que ele chamou para
serem seu povo.
Se o AT usa linguagem antropomórfica
e antropopática quando fala de Deus, é por
que ela é mais adequada ao retrato que o
AT apresenta de seu ser e de seu caráter do
que o uso de abstrações metafísicas ou de
artifícios medievais, como a “via negativa”
ou a “via da eminência”. “Deus não é ho
mem...” (Nm 23.19; ISm 15.29), pois ele é
o Criador e o homem é sua criatura, mas o
homem foi feito à imagem de Deus e é en
corajado a ser como Deus, de forma que o uso
de um vocabulário comum tanto para Deus
quanto para o homem é mais do que natural.
Em algumas áreas do AT, a relação entre
Deus e o homem é regulamentada por uma
legislação sacrificial e cerimonial. E impor
tante notar quão rapidamente aqueles que
reconheceram a eficácia redentora do sacri
fício de Cristo afastaram-se dessa legislação.
Alguns, talvez, já anteriorm ente tivessem
suas reservas em relação ao ritual do templo;
mas as implicações da obra de Cristo foram
decisivas. O que para muitos cristãos judai
cos da primeira geração deve ter sido uma
questão de intuição espiritual recebeu com
provação clássica na carta aos Hebreus, que
argumenta muito bem em favor da abolição
de todo o sistema, em Cristo. Os cristãos de
veriam ser muito gratos pela providência que
levou à inclusão dessa obra no cânon do NT:
se a lei cerimonial foi abolida em Cristo, não
precisamos perder tempo alegorizando seus
detalhes para encontrar neles alguma som
bra da sua obra redentora. Quando o autor
de Hebreus compara o sacrifício definitivo de
Cristo com o sacrifício do Dia da Expiação,
repetido anualmente, ele destaca o contraste,
e não alguma semelhança entre os dois. O N T
está na linha da tradição daqueles salmistas e
profetas do AT que sabiam se aproximar de
Deus por meio da adoração sincera, sem ne
cessitar da mediação sacerdotal (SI 73.23-28),
e reconheciam que ele não habitava em tem
plos feitos por mãos, mas com o “contrito e
humilde de espírito” (Is 57.15; 66.1,2).
O AT E A CONDUTA HUMANA
Se o AT é usado como regra de conduta,
é fácil reconhecer sua insistência fundamen
tal na justiça e na misericórdia, mas precisa
mos reconhecer tam bém o fato de que a
aplicação prática dessas virtudes era feita em
contextos sociais muito distantes do nosso.
Elas precisaram ser reaplicadas mesmo nos
tempos do AT, quando a vida pastoril deu
lugar à agricultura e depois, novam ente,
24. O Antigo Testamento e o cristão
a retribuição dos céus são reinterpretados
como referência àqueles inimigos espiri
tuais — o mundo, a carne e o Diabo — com
os quais o cristão trava uma batalha intermi
nável, está bem; mas não se deve supor que
esse seja o significado desses textos do AT.
Essa alegorização, com certeza, é necessária
por motivos devocionais naquelas tradições
cristãs que prescrevem a repetição regular
do livro inteiro de Salmos. Isaac Watts, para
fraseando SI 92.11, pode até cantar:
Todos os meus inimigos interiores
devem ser mortos
Satanás não deve violar a
minha paz de novo...
mas não foi isso que o salmista quis dizer
quando escreveu: “Os meus olhos contem
plaram a derrota dos meus inimigos; os meus
ouvidos escutaram a debandada dos meus
maldosos agressores”.
Mesmo sendo possível perceber um avan
ço ético em alguns estágios da narrativa do
AT, ou até um avanço geral do início ao fim,
não se deve pressupor que uma linha contí
nua possa ser traçada desde os tempos pri
mordiais até o fim da história bíblica. As
histórias patriarcais do Gênesis refletem um
nível de comportamento civilizado que não
pode ser facilmente equiparado àquele visto
durante o período da conquista ou sob a mo
narquia. Até na época da monarquia, na ver
dade, a pena imposta pelo rei Asa a Maaca, a
rainha-mãe, por seu envolvimento em um
ritual cananeu (2Cr 15.16), parece exagerada-
mente branda em comparação com os padrões
mais rígidos dos comentaristas da Bíblia de
Genebra (1560), que o censuram por ceder a
uma “tola compaixão”.
Além disso, “problemas morais” dessa
ordem não são peculiares ao AT. Quando as
ações em questão são executadas por moti
vos políticos ou militares conhecidos, não
constituem problemas no campo ético: sabe
mos muito bem com que facilidade essas
razões tornam-se mais fortes do que conside
rações humanitárias. Mas constituem proble
mas morais quando assumem a forma de
terror em nome de Deus ou pelos interesses
10
do “destino manifesto” de uma civilização
supostamente mais elevada, pois é aí que se
pode esperar que as considerações humanitá
rias se tornem predominantes. E verdade, as
formas de genocídio na história de Israel pa
recem marcantemente amadoras e ineficazes
quando comparadas com os campos de ex
termínio europeus do início da década de
1940 ou, olhando um pouco mais para trás,
com o desaparecimento total de tribos intei
ras como os aborígines da Tasmânia. Mesmo
assim, o Deus revelado no AT é justo e mi
sericordioso; sua justiça e misericórdia são os
padrões da justiça e da misericórdia do seu
povo, e a conduta injusta ou sem misericór
dia não combina com a sua natureza. Há pou
cas expressões mais refinadas acerca desse
aspecto da sua natureza no AT do que a per
gunta com a qual ele silenciou a reclamação
patriótica de Jonas: “Não deveria eu ter pena
dessa grande cidade?” (Jn 4.11).
Esta última referência nos lembra que o
Deus de Israel é “o Juiz de toda a terra” (Gn
18.25); o AT retrata em uma grande tela o trata
mento de Deus com as nações em geral, ao
longo dos séculos, mostrando que ele “domi
na sobre os reinos dos homens e os dá a quem
quer” (Dn 4.17,25,32). Isso antecipa a percep
ção de Schiller quando diz que “a história do
mundo é o juízo do mundo”, mas insiste em
que esse juízo é administrado pessoalmente.
O AT E A ORDEM SOCIAL
O AT destaca desde o início que o ser
humano é um ser social. Isso está resumido
na declaração do Criador em Gn 2.18: “Não
é bom que o homem esteja só”; e é desta
cado também no relato da criação, de Gn
1.27, onde o “homem” a quem Deus criou
é a hum anidade, o homem na sociedade:
“Criou Deus o homem à sua imagem, à ima
gem de Deus o criou; homem e mulher os
criou”. A unidade social mais simples, a fa
mília, é prontamente instituída: pai, mãe e
filhos. Até mesmo Caim, expulso da vida de
uma comunidade fixa para seguir uma vida
nômade, não precisa suportar o exílio so
zinho: ele não somente se casa e cria uma
25. O Antigo Testamento e o cristão
família, mas até constrói uma “cidade” —
talvez um modesto acampamento de tendas,
mas, mesmo assim, um ambiente em que ho
mens, mulheres e crianças podiam viver em
sociedade (Gn 4.17).
Tentativas de estabelecer comunidades
independentes de Deus estão fadadas ao fra
casso porque têm falta de coesão, como ficou
demonstrado em Babel e, posteriormente,
em outros lugares (Gn 11.1-9; Is 8.9,10); mas
a sua graça une as pessoas em famílias, tribos
e agrupamentos mais abrangentes (SI 68.6).
As muitas genealogias dos livros do AT re
fletem essa ênfase na família e na solidarie
dade tribal, além de servir como esqueleto
para ser revestido de uma narrativa viva. A
valorização disso é demonstrada no N T nas
duas genealogias do nosso Senhor (Mt 1.2-17;
Lc 3.23-38), que fazem muito uso de dados
do AT. Aliás, a solidariedade familiar, tribal
e nacional no AT às vezes é tão destacada a
ponto de ser indicada pela expressão “perso
nalidade coletiva”; isso pode nos preparar para
a distinção paulina das duas grandes solida-
riedades humanas ou personalidades coleti
vas “em Adão” e “em Cristo” (Rm 5.12-19;
ICo 15.21,22).
Além disso, a responsabilidade do ser hu
mano, não somente em relação a seus pares
mas também em relação ao ambiente em que
vive, é destacada. Há um vínculo entre as
pessoas e a terra, no AT, que o leitor ociden
tal moderno tem dificuldade de entender;
além disso, é um vínculo que é criado e man
tido por Deus. Em Is 62.4,5 ele é retratado
como um vínculo matrimonial. Esse vínculo
aplica de forma intensa a um país a ordenan
ça de Gn 1.26-30, na qual o homem recebe,
sobre a terra e as criaturas que a habitam, um
domínio que deve ser exercido por meio de
mordomia responsável, e não de exploração
egoísta. Em Rm 8.19-23, Paulo olha para o
futuro na expectativa da realização universal
dessa ordenança da criação, quando os filhos
de Deus forem revelados.
As exigências sociais da lei de Deus são
destacadas com detalhes específicos para a
vida do seu povo, Israel. Espera-se das nações
vizinhas que observem os bons costumes
básicos da boa fé, a consideração pelos fracos
e o respeito pela dignidade humana, e são
censuradas quando os violam (Am 1.3—2.3),
mas o conhecimento que Israel tem de Deus
e de sua vontade é muito maior do que o
conhecimento desses povos, e a responsabi
lidade de Israel, portanto, é muito maior
(Am 3.2). A reputação do Deus de Israel aos
olhos dos outros povos depende, em grande
parte, do comportamento do seu povo.
A exigência de Deus para o seu povo é
resumida de várias maneiras no AT. Pode
mos lembrar-nos do refrão do “código de san
tidade” no Pentateuco: “Eu sou o S e n h o r
[...] o seu Deus; por isso, sejam santos, por
que eu sou santo” (Lv 11.45). Essa santidade
é uma característica positiva e que abrange
tudo; suas implicações negativas são coro
lários da sua essência positiva. Essa essência
positiva é evidenciada em declarações como
a de Mq 6.8: “Ele mostrou a você, ó homem,
o que é bom e o que o Sen h o r exige: pratique
a justiça, ame a fidelidade e ande humilde
mente com o seu Deus”. A justiça e a bon
dade que as pessoas do povo de Deus devem
mostrar umas às outras são a justiça e a bon
dade com que ele as tratou. Essas qualidades
são aplicadas não somente na via principal
da ética social, mas também em regras tão
raras quanto aquela que proibia a pessoa que
emprestava dinheiro de ficar com o manto
do devedor durante a noite como garantia,
“porque o manto é a única coberta que ele
possui para o corpo” (Ex 22.27,28).
A lei da retaliação do AT — “olho por
olho e dente por dente” (Ex 21.24) — à qual
já nos referimos, está mais intimamente re
lacionada à lei áurea do que muitas vezes se
pensa: “que seja feito a você como você fez
aos outros” pode ser facilmente visto como
corolário de “faça aos outros o que você gos
taria que fizessem a você”.
Até mesmo quando a monarquia foi insti
tuída em Israel, o rei não estava acima da lei
que regulamentava a vida dos seus súditos.
Quando Nabote se nega a vender sua vinha a
Acabe, este fica aborrecido, mas não pensa
11
26. O Antigo Testamento e o cristão
em violar os direitos de Nabote até que Je-
zabel, que fora criada segundo uma outra idéia
de reinado, dá passos para garantir a vinha
para seu marido por meio de uma seqüência
de ações cruéis e juramentos falsos, o que
acabou ocasionando a denúncia profética
contra toda a dinastia de Acabe (lRs 21.1-
24). E quando, na geração seguinte, a cres
cente prosperidade mercantil conduziu à
emergência em Israel de uma nova classe
abastada, que podia comprar todas as pe
quenas propriedades e reduzir seus antigos
proprietários a meros escravos, foram os pro
fetas que condenaram a quebra da aliança
demonstrada na aquisição de “campos e mais
campos” por parte dos ricos e no moer “o
rosto dos necessitados” (Is 5.8; 3.15; cf. Am
4.1; Mq 3.1-3). Esse tratamento dispensado
ao próximo era um pecado contra Deus.
Na relação entre o povo de Deus e os
povos vizinhos, há uma tensão não resol
vida no AT. Por um lado, há advertências
duras contra o casamento de seus filhos com
os filhos dos povos e contra a assimilação:
um tesouro fora confiado a Israel — o co
nhecimento de Deus — que poderia facil
mente se perder ou ser dissipado se Israel
não preservasse sua identidade nacional e
religiosa. Daí o chamado a Israel para se
manter separado dos outros povos. Ao mes
mo tempo, o tesouro confiado a Israel deve
ria ser compartilhado com os outros, para
que estes tam bém viessem a conhecer o
Deus vivo. Nos primeiros tempos do povo
de Israel, alguns grupos não-israelitas jun
taram forças com ele e aceitaram a aliança
com Javé. Mas quando Israel se mudou do
deserto para Canaã, a atração dos rituais de
fertilidade praticados na terra conquistada
tornou-se tão perigosa que foi imposta uma
severa proibição quanto a fazer qualquer tipo
de associação com os cananeus. Mesmo as
sim, algumas pessoas, como Raabe e Rute,
isso sem falar dos gibeonitas (Js 9.3-27), re
conheceram a grandeza do Deus de Israel
e foram aceitas na comunidade da aliança.
Mas foi no contexto do exílio babilónico e
do seu retorno que a missão de Israel no
mundo foi expressa mais claramente. Quan
do um grupo significativo de israelitas se
achou vivendo como exilados em uma co
munidade não-israelita, eles foram encoraja
dos a participar de seu bem-estar e orar por
sua prosperidade, porém não deveriam se
envolver a tal ponto que não pudessem trans
cender os valores dessa comunidade estran
geira (Jr 29.4-10). Quando a permissão de
voltar do exílio foi dada, a responsabili
dade internacional de Israel foi descrita como
a comunicação, em nível mundial, do conhe
cimento de Javé, cuja ação a favor de seu
povo mostrava que somente ele era Deus
(Is 45.22,23). A restauração dos israelitas os
qualifica a serem suas testemunhas (Is 43.10),
mas sua missão deve ser assumida e con
cluída pelo Servo do Senhor, que, além de
cumprir um ministério para com Israel, é en
viado como uma “luz para os gentios” para
que a salvação de Deus chegue “até os con
fins da terra” (Is 49.6).
Junto com essa ênfase na difusão, o perío
do subseqüente ao retorno dos exilados tes
temunhou uma nova política de segregação,
sob o governo de Esdras e Neemias, que não
tem sido fácil de conciliar com o chamado
para a missão mundial. A tensão entre esses
dois aspectos estava viva ainda na época do
N T, não somente no conflito entre a visão
mais ampla de Jesus e o separatismo dos fa
riseus; mas também na igreja primitiva, no
conflito entre os defensores da missão, livre
da lei, aos gentios e aqueles cristãos judaicos
que acreditavam que os convertidos dentre
os gentios deveriam ser admitidos na comu
nidade cristã com salvaguardas semelhantes
àquelas que regiam a admissão de prosélitos
à comunidade de Israel. Os defensores da
missão aos gentios de fato apelaram para a
comissão do Servo do Senhor como sendo
sua própria comissão (At 13.47). Nesse, como
também em outros aspectos, o retrato do
Servo em Isaías pode ser considerado o clí
max do AT em sua função de preparo para o
evangelho.
12
27. O Antigo Testamento e o cristão
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13
28. O texto do Antigo Testamento
ALAN R. MILLARD
A ESCRITA NO MUNDO DO ANTIGO
TESTAMENTO
Quando o homem inventou a escrita,
ele descobriu uma forma de preservar suas
idéias e experiências para que atravessassem
a barreira do tempo. Era natural que o Deus
que estava preparado para falar a linguagem
humana fizesse que suas palavras fossem
registradas por intermédio desse meio hu
mano. Pela sua providência, a maior parte da
sua revelação foi dada a um povo que tinha
herdado um alfabeto pronto para o uso univer
sal, para que qualquer pessoa que quisesse
pudesse aprender a ler os livros sagrados.
Moisés é o primeiro israelita de que te
mos notícia que escreveu algo (Ex 17.14), e
ele certamente viveu num mundo em que a
escrita era bem conhecida Entre 2000 e 1000
a.C., quase uma dezena de escritas eram usa
das na Síria-Palestina. Entre elas, as mais im
portantes eram os 600 sinais cuneiformes da
Babilônia, inscritos com um buril em tabuinhas
de barro, e os 700 sinais hieroglíficos dos egíp
cios, na sua forma cursiva para o dia-a-dia, o
hierático, escrito com pena e tinta em papel
(papiro) e sobre outras superfícies lisas. A
escrita egípcia era pouco difundida fora de
áreas de forte e contínua influência egípcia,
como a Palestina e as cidades costeiras da
Fenícia, ao passo que a escrita cuneiforme
era o meio internacional de comunicação em
todo o Oriente Médio. Este sistema e todos
os outros eram complicados e empregados
principalmente na administração, nas leis, na
religião e na diplomacia. Constituíam pratica
mente um monopólio da classe dos escribas.
Um pouco antes de 1500 a.C., surgiu um ri
val que, eventualmente, suplantou todos os
outros: o alfabeto.
Provavelm ente fam iliarizados com o
egípcio, os inventores semitas do alfabeto
descobriram como um pequeno conjunto de
símbolos poderia substituir os incômodos hie
róglifos: era necessário um sinal para cada
som da língua, em torno de 30 ao todo. Os
sinais eram imagens, escolhidas, podemos
supor, de acordo com o princípio acrofônico
“dado=d”. Como nenhuma palavra semítica
começa com vogal, e já que as vogais são
suplem entares às consoantes nas línguas
semíticas, ainda que necessárias, não era vi
tal registrá-las. (Os sinais vocálicos foram
sistematicamente criados quando os gregos
tomaram emprestado o alfabeto em torno de
900 a.C., pois sua língua não podia ser escrita
claramente sem esses sinais.) Ao final do se
gundo milênio a.C., o alfabeto estabilizou-se
e começou a desalojar os outros sistemas. Ele
gerou imitações pelas mãos de escribas trei
nados na tradição babilónica, os quais produ
ziram alfabetos de sinais cuneiformes para
uso em superfícies de argila, especialmente
em Ugarite, na Síria. Por menor que seja o
número de exemplos do alfabeto nascente,
serve para mostrar o amplo uso da escrita,
que se tornou possível por meio da simplici
dade do sistema alfabético, quebrando assim
o monopólio dos escribas.
A ESCRITA NO ANTIGO ISRAEL
Na conquista de Canaã, Israel tomou pos
se de cidades em que a escrita era conhecida,
14
29. O texto do Antigo Testamento
e o alfabeto básico era familiar. História, leis,
profecias, itinerários, narrativas, listas de im
postos, tudo já era registrado com facilidade
(cf. Jz 8.14). Infelizmente, seguindo a prática
egípcia, o alfabeto era normalmente escrito
em papiro, um papel vegetal que se desfaz
em solo úmido; por isso, não temos exem
plos para mostrar a extensão e o estilo da es
crita israelita antiga. Pequenas amostras de
hebraico antigo sobreviveram, presentes em
materiais mais duráveis, cerâmica e pedra,
que nos permitem ver como a escrita era usa
da na vida diária e inferir a existência de
livros de couro e de papel em forma de rolo.
Isso não nos permite, nem de longe, deduzir
que todos sabiam ler ou escrever, mas nos
tempos de Isaías e Jeremias parece provável
que havia poucas aldeias sem pelo menos
um habitante que pudesse fazê-lo. O Antigo
Testamento também nos dá essa impressão,
embora qualquer obra de homens instruídos
— como é o caso — tenderá a destacar a ha
bilidade deles!
Esse pano de fundo ajuda-nos quando
consideramos as origens e o desenvolvimen
to dos livros do Antigo Testamento. Infor
mações valiosas sobre os hábitos dos escribas
podem ser tiradas dos próprios documentos
antigos, e elas podem ajudar-nos a detectar
os tipos de erro cometidos à medida que uma
geração copiava os livros de outra. Até mes
mo notas insignificantes, escritas em fragmen
tos de cerâmica, evidenciam a habilidade de
uma eficiência prática, o cuidado para que se
alcançasse a legibilidade, um modo de escrita
aceito. Um cuidado semelhante pode ser iden
tificado nos manuscritos literários assírios,
babilónicos e egípcios de 2000 a.C em dian
te, os quais fornecem uma analogia satisfató
ria para a prática israelita. Por um lado, existe
uma grande preocupação em reproduzir um
texto antigo de forma exata, talvez com a
atualização da ortografia, observando os da
nos causados à cópia mestra, contando as li
nhas, acrescentando o nome do escriba, às
vezes também o nome de um revisor, a(s)
fonte(s) da cópia mestra (ou cópias mestras),
a data e o destino da cópia — rei, templo ou
indivíduo. Por outro lado, uma composição
podia passar por mudanças editoriais e por
revisão, criando uma ampla variação entre
diversas cópias. Nesses casos, as diferenças
são muitas vezes inexplicáveis ou sem sen
tido agora e não seguem padrão algum; são
impossíveis de ser descobertas ou previstas
com base em apenas um texto, fato que pre
cisa receber peso especial na hora de recons
truir a história literária dos escritos do Antigo
Testamento.
Para leitura adicional acerca do tema
desta seção, v. T he Practice of Writing in
Ancient Israel, The Biblical Archaeologist 35
(1972), p. 98-111; A pproaching the Old
Testament, Themelios 2 (1976), p. 34-9, am
bos por este autor.
O TEXTO HEBRAICO TRADICIONAL
DO ANTIGO TESTAMENTO
A escrita já existia em Israel, mas não sa
bemos como e quando os livros que herda
mos foram escritos pela primeira vez, pois
não há cópias disponíveis anteriores ao ter
ceiro século a.C. As cópias mais antigas que
ainda existem, os manuscritos do mar Morto,
revelam certa diversidade que vai ser discu
tida a seguir. Elas também revelam a exis
tência, entre 200 a.C. e 65 d.C., da forma
textual conhecida em um estágio posterior
como o Texto Massorético (TM) ou Tradi
cional, no qual as traduções para as línguas
modernas são baseadas.
A partir do exílio, o hebraico decaiu para o
status de língua de uma minoria entre os ju
deus, embora um dialeto persistisse na Judéia,
sendo então substituído pelo aramaico, a
linguafranca do Império Persa. A medida que
o processo continuava, havia a necessidade
crescente de preservar a pronúncia “correta”
do texto da Bíblia hebraica na leitura da sina
goga. Para ajudar o leitor, algumas consoan
tes podiam representar vogais, um uso que
se iniciou no período da monarquia e que al
cançou o seu pico na época herodiana. Por
volta dos séculos VII e VIII d.C., surgiram mé
todos mais precisos de representação de vo
gais e acentos, que culminaram no esquema
15
30. O texto do Antigo Testamento
de pontos e sinais colocados acima, abaixo e
dentro das letras, usados desde então para
produzir os sons e a entonação aceitos. Os
estudiosos judeus que aplicaram esse sis
tema ao texto consonantal herdaram regula
mentações rígidas, designadas para manter a
precisão nas cópias, as quais eram compará
veis às antigas atitudes babilónicas e, talvez,
derivadas delas. Eles também registraram
variantes no texto escrito que lhes foram re
passadas (a Massorá).
Algumas dessas variantes, na verdade, cor
rigiam erros que foram conservados como re
líquias no texto escrito; assim, em Is 49.5 está
escrito lõ “não”, como está na ARC, enquanto
a Massorá nos instrui a ler lô “a ele”, como na
ARA, RV, RSV, NEB, NVI e manuscrito A do
mar Morto de Isaías. Outras notas sugerem
vogais alternativas para um conjunto ambí
guo de consoantes, como 2Sm 18.13, em que
“se eu tivesse atentado traiçoeiramente con
tra a vida dele” ou “contra mim” dependem
de uapè» e napei respectivamente. As formas
no texto escrito são denominadas kethlbh “es
crito”, e as anotadas pela Massorá, nas mar
gens, Qerê “que se leia”.
A tradição também relata algumas passa
gens em que o texto fora alterado para evitar
idéias inaceitáveis, como em ISm 3.13,
em que Deus diz que os filhos de Eli “atraí
ram maldição sobre si mesmos (cf. VA, RV),
em vez de “me amaldiçoaram”(cf. RSV,
NEB; a NVI traz: “seus filhos se fizeram
desprezíveis”).
Esse texto massorético é representado hoje
por alguns manuscritos copiados nos séculos
nono e décimo d.C., e os principais estão pre
servados no Cairo, Jerusalém, São Petersburgo
e Londres e por todas as Bíblias hebraicas es
critas ou impressas posteriormente.
TEXTOS MAIS ANTIGOS
A recuperação dos manuscritos do mar
Morto provou a existência de outros textos
hebraicos além do tipo tradicional, na Pa
lestina, durante o século I a.C. até 68 d.C.
Tem-se dado destaque a esses textos varian
tes inevitavelmente porque são novos para
nós, mas devemos observar que eles são mi
noria entre os manuscritos do mar Morto e,
além disso, são muito fragmentários. Suas di
ferenças do texto massorético são mais do
que erros acidentais resultantes de enganos
dos escribas, embora estudos mais aprofun
dados mostrem que muitas delas são desli
zes, e não mudanças intencionais. (Assim, o
acréscimo de Ex 20.11 a Dt 5.15, em uma
das cópias, pode ter ocorrido em virtude de
uma associação mental inconsciente.) No
livro de Jeremias, um pequeno fragmento
parece ter um texto mais curto do que o
massorético, concordando de certa maneira
com o texto da LXX, que é um oitavo mais
curto do que o TM , nesse livro. (Em Jr 10, os
v. 6-8,10 são omitidos, e o v. 5 vem depois
do 9.) Um texto de ISm 1 e 2 faz o contrário:
acrescenta várias frases. Algumas delas, de
novo, são encontradas na LXX (e.g., 1.25 pa
rece ter começado com “Eles vieram peran
te o Senhor, e o seu pai ofereceu o sacrifício
como ele fazia ano após ano ao Senhor”) e
algumas não, como em 1.22, onde lemos ex
plicitam ente que Samuel deveria ser um
nazireu para sempre, como implica o v. 11 e
como defende a tradição judaica posterior.
Mais tarde, vamos discutir questões como:
qual era a liberdade que os escribas tinham
ao copiar um texto bíblico, quão livres eram
para acrescentar comentários ou explanações
desse tipo, ou de omitir frases repetidas, e se
havia classes diferentes de cópias, como mais
tarde quando foram implantadas regras rígi
das para a produção de textos para a leitura
pública. Havia claramente várias tradições
de texto, talvez desenvolvidas em comuni
dades separadas (Palestina, Egito e Babilônia
são lugares sugeridos), mas não necessaria
mente as mesmas para cada parte da Bíblia.
Quando elas divergiam do texto ancestral
comum a todas não se sabe, e é uma questão
relacionada à história do reconhecimento da
autoridade dos livros do cânon do Antigo
Testamento (v., a seguir, p. 33).
16
31. O texto do Antigo Testamento
CRÍTICA TEXTUAL
Esses diversos tipos de texto em he
braico, agora revelados, realçam o valor da
crítica textual e complicam sua prática. O
objetivo dessa arte é recuperar tanto quanto
possível as palavras do autor ou a primeira
forma escrita do livro em estudo. Os erros
que se introduziram ao longo de séculos de
cópias precisam ser detectados e corrigidos
sempre que possível, acréscimos precisam
ser descobertos e removidos e outras altera
ções precisam ser substituídas. Se não forem
fundamentadas em evidências de manuscri
tos, essas atividades são meramente teóricas
e podem se tornar muito subjetivas.
Comparar uma cópia com outra pode re
velar os erros de um escriba; quando todas as
cópias estão de acordo, a descoberta dos er
ros é mais difícil. Sinais de que algo pode
estar errado são palavras gramaticalmente in
corretas ou ininteligíveis, divergências com
as versões antigas (v., a seguir, p. 19) ou
com citações antigas, e características singu
lares que destoam do texto como um todo.
Nenhum desses sinais é conclusivo por si só;
cada caso precisa ser analisado individual
mente. Os tradutores antigos talvez tenham
parafraseado, as citações podem ser inexatas
e uma peculiaridade irregular ou ininteligí
vel pode mostrar-se aceitável por meio de
uma nova descoberta. Mesmo assim, a críti
ca textual tem tido muito sucesso, dando-nos
um texto mais claro, com maior probabili
dade de ser autêntico, e uma compreensão
melhor das palavras existentes. Alguns exem
plos vão demonstrar os métodos. Entre os
erros simples, temos:
a) Confusão de letras semelhantes como
der. Gn 10.4: “Dodanim”; lCr 1.7: Rodanim”.
b) Transposição de letras, como em SI
49.11, em que o qirbãm do TM é traduzido
por “pensamento interior” pela ARC (signifi
ca “interior”, “entranhas”), mas deveria ser
lido qibrãm, “seus túmulos” como está na NVI.
c) Repetição por engano (“ditografia”),
e.g., 2Rs 19.23 TM brkb rkby, em vez de
brb rkby “com meus carros sem conta”.
d) Omissão por engano (“haplografia”)
exemplificada em muitas cópias que omi
tem Js 21.36,37 com um salto das palavras
“tribo de R úben” para “tribo de G ade”,
cf. lC r 6.63,64. O manuscrito A de Isaías do
mar Morto tem um bom exemplo: o escriba
saltou de “templo do S e n h o r ” , no final de
38.20, para “templo do S e n h o r ”, no final
de 38.22, omitindo completamente os v. 21,
22; eles foram acrescentados mais tarde numa
nota marginal.
e) Separação incorreta de palavras. Um
exemplo excelente é Am 6.12 TM bbqrym
AV, RV, NVI, ACF: “lavrar-se-á nela com
bois?”, a ser lido bbqr ym “será que os bois
podem puxar o arado no mar?” como a BLH
em português, e também expressões equi
valentes em inglês (RSV, NEB), dando sen
tido e poética melhores.
O grau de incerteza cresce com a exten
são e a complexidade de qualquer suposto
erro. Suponha que a haplografia em Is 38 (no
item d citado) tivesse prevalecido em todas
as cópias posteriores; seria muito difícil cor
rigir o erro com base som ente no texto
hebraico.
Além de mudanças resultantes de erros,
pode ter havido alterações intencionais fei
tas para “melhorar” o texto. Substituições
bem-intencionadas de “amaldiçoe a Deus”
por “abençoe a Deus”, além das que estão
registradas na tradição, vistas anteriormente,
podem ser observadas em Jó 1.11; 2.19; lRs
21.10 etc., e do nome do deus Baal por “ver
gonha”, nos nomes pessoais Is-Bosete (2Sm
2; cf. lC r 8.33) e Mefibosete (2Sm 9.6; cf.
lCr 8.34). A nota parentética, “esses nomes
foram mudados”, em Nm 32.38 pode ser uma
orientação ao leitor para evitar nomes de
divindades pagãs. Notas desse tipo, denomi
nadas “glosas”, podem acrescentar informa
ções de atualização, embora seja muitas vezes
impossível decidir se são obra do autor ou de
um escriba posterior. Podemos ver alguns
casos em Gn 14.2,3,7,8,17 (“que é...”); em
Rt 4.7; e lRs 8.2 “o sétimo mês”. A possibi
lidade de rearranjos mais significativos nos
17
32. O texto do Antigo Testam ento
textos, acidentais ou intencionais, como faz a
NEB (em Is 27; 38; 53, por exemplo), deve
ser admitida, mas é uma questão de opinião
e não pode ser comprovada.
Descobertas em outros documentos anti
gos podem lançar luz sobre passagens em que
um erro textual não parece existir, mas mes
mo assim o texto permanece obscuro, con
tendo, talvez, uma das 1.500 palavras que só
aparecem uma vez no texto hebraico. O
ugarítico, uma língua próxima do cananeu e
do egípcio, preservou uma palavra para navio
que nos permite traduzir Is 2.16, “e contra to
das as pinturas desejáveis” (ARG), de forma
mais satisfatória por “e todo barco de luxo”
(NVI) ou por “toda bela embarcação” (RSV).
Todos esses métodos têm de ser usados
com prudência, com atenção a cada alternati
va, com cuidado para não impor um sentido
estranho ao texto. O texto tem sido preservado
de forma extraordinária ao longo de muitas
gerações; é um tesouro a ser valorizado, estu
dado e reparado nos lugares em que o tempo
causou pequenas imperfeições. Não pode ser
distorcido ou remodelado para agradar gostos e
opiniões sempre em mudança. A todos os que
estão dispostos a ouvir de forma reverente e
atenciosa, ele transmite sua mensagem eterna.
BIBLIOGRAFIA
V. a bibliografia conjunta no final de “As ver
sões antigas”, p. 31-2.
18
33. As versões antigas
ROBERT E GORDON
Enquanto os judeus permaneceram na
Palestina e falaram sua língua materna, não
tiveram problemas em entender suas Escri
turas Sagradas. Mas já no século VI a.C., e
muito tempo antes de ser concluído o cânon
do AT, muitos judeus viviam longe da terra
natal de seus ancestrais. Alguns foram depor
tados para a Mesopotâmia depois que os babi
lônios conquistaram Jerusalém, em 597 a.C.;
outros — mais ou menos na mesma época —
seguiram o precedente estabelecido, muito
tempo antes, de buscar refúgio no Egito. Mas
mesmo que essa dispersão não tivesse ocor
rido, os judeus dificilmente teriam evitado a
exposição aos sons estranhos do aramaico e do
grego nos séculos seguintes à destruição do seu
Estado. A hegemonia babilónica no Oriente
Médio teve vida curta; seu fim repentino
aconteceu com a chegada dos persas à Babi
lônia, em outubro de 539 a.C. Nos 200 anos
seguintes, os persas dominaram o Oriente
Médio, e sob o seu domínio o aramaico des
frutou do status singular de língua oficial do
império. Tanto na Palestina quanto no Egito
e na Mesopotâmia, os judeus descobriram que
era necessário, para não dizer vantajoso, tor-
narem-se fluentes na lingua franca do impé
rio. Os arquivos da comunidade judaica de
Elefantina, no Egito, mostram a profundidade
com que o aramaico se arraigou nesse canto
do império no quinto século a.C. Muito tem
po depois que os persas foram expulsos por
Alexandre e pelos gregos, o aramaico perma
neceu como um m onum ento ao domínio
persa, sendo falado e escrito em várias partes
do Oriente Médio, incluindo a Palestina. Os
feitos prodigiosos de Alexandre pavimentaram
o caminho para a propagação da língua e cul
tura gregas no Oriente, e nenhum território
vassalo foi mais afetado do que o Egito e sua
recém-fundada Alexandria, de estilo grego.
Foi em reconhecimento das necessidades
dos judeus de fala aramaica, na Palestina,
e dos judeus de fala grega, no Egito, que se
fizeram as primeiras tentativas de traduzir o
AT do original hebraico para essas línguas.
Há várias razões por que os estudiosos
deveriam estar interessados nas versões an
tigas do AT. Em primeiro lugar, as tradu
ções são im portantes para o estudo das
línguas em que foram escritas. Em cada caso,
proporcionam informações valiosas a respei
to do vocabulário, flexão e sintaxe dessas
línguas em estágios específicos da sua his
tória. Em segundo lugar, nenhuma tradução
é feita num vácuo ideológico. “M uitos e
diversos fatores deixam sua marca sobre a
obra — os pressupostos intelectuais que os
tradutores herdam de sua própria época e
cultura, as opiniões religiosas e de outra na
tureza que defendem ou às quais devem de
monstrar respeito, os preconceitos ou desejos
pelos quais são condicionados consciente ou
inconscientemente, o seu grau de instrução,
a sua própria habilidade de se expressar e a
amplitude dos conceitos da língua para a qual
estão traduzindo, além de muitos outros fa
tores”.1 Além disso, a objetividade profis
sional e a neutralidade teológica não eram
'E. W ü r t h w e in . The Texf ofthe OldTestament. Oxford,
1957, p. 33.
19
34. As versões antigas
aspectos tão valorizados pelas equipes de tra
dução da Antiguidade — se é que havia equi
pes — como são hoje. A idéia de sofrimento
vicário em Is 53 era inaceitável para os que
traduziram o texto para o aramaico, e assim
reescreveram o capítulo para adaptá-lo à sua
teologia. Jerônimo, por outro lado, não viu
nenhum problema em introduzir na Vulgata
idéias neotestamentárias na sua tradução do
AT. Quando traduziu SI 149.4 (“ele coroa
de vitória os oprimidos”) por “ele exaltará
os mansos em Jesus”, não precisamos pensar
que ele tivesse deficiências no conhecimen
to do hebraico. E possível aprender muito
acerca das posturas e tendências teológicas
dos tradutores antigos, e de seus círculos de
leitores, por meio da comparação entre o seu
trabalho e o original hebraico.
Em terceiro lugar, as versões antigas es
tão baseadas em manuscritos hebraicos mais
antigos do que a maioria dos textos que es
tão disponíveis hoje. Isso foi destacado por
meio da publicação dos textos bíblicos da
região do mar Morto; em muitos pontos, as
versões antigas, especialm ente a Septua-
ginta, concordam com esses textos em con
traste com a tradição massorética padrão. Aqui
está a explicação de uma tendência das ver
sões inglesas e de outras línguas modernas,
como foi observado por Kubo e Specht: “No
AT, o Texto Massorético ainda é fundamen
tal, mas é desafiado pelas versões antigas e
pelos MSS dos rolos do mar Morto”} Geral
mente não é muito difícil reconstruir o texto
hebraico subjacente (o termo alemão Vorlage
é muitas vezes usado para denotar o texto-
fonte) a dada versão ou leitura, e, em trechos
em que às vezes o texto hebraico padrão é
obscuro ou ininteligível, essa retroversão vai
proporcionar uma leitura melhor e um senti
do mais compreensível. E verdade que há
muitas ciladas a serem evitadas nesse tipo
de exercício; quando o trabalho se tornava
Z
S . K u b o & W . S p e c h t , S o Many Versions? (Grand
Rapids, 1975, p. 13.
difícil, o tradutor antigo fazia “emendas si
lenciosas” tão prontam ente quanto o seu
colega moderno.3 Não há substituto para a
familiaridade e a intim idade com os m é
todos de tradução e as características espe
ciais de determinada versão, se quisermos
avaliar de forma correta as diversas leituras.
Em quarto lugar, as citações que o N T faz
do AT são, com freqüência, diferentes do
texto hebraico padrão. A explicação está,
em parte, no fato de que os autores do N T
citavam, com maior freqüência, de tradu
ções gregas, e, assim como hoje não há uma
Bíblia inglesa ou portuguesa padrão, não ha
via uma tradição-padrão de Bíblia grega
naquela época. No século I d.C. a chamada
“Septuaginta” existia em várias recensões,
ou versões; os autores muitas vezes só tinham
acesso a uma delas e geralmente se conten
tavam em fazer citações do seu exemplar,
contanto que isso servisse satisfatoriamente
a seu objetivo principal. Além disso, há al
guns lugares em que parece que os autores
ou suas fontes fizeram uso de paráfrases ara-
maicas chamadas “targuns”. O rastreamento
das citações até as suas versões originais é,
em geral, cercado de muitas dificuldades e
só pode ser facilitado por meio do bom co
nhecimento das origens e do desenvolvimen
to das versões antigas, em geral, e da tradição
grega, em particular.
O PENTATEUCO SAMARITANO
O Pentateuco é a única parte das Escritu
ras hebraicas que os samaritanos consideram
canônica e investida de autoridade. Uma das
conseqüências do cisma entre os judeus e
os samaritanos foi que suas edições do Penta
teuco foram transmitidas de modo indepen
dente entre si, já a partir do século II a.C.,
no mais tardar. Mas embora não haja dú
vidas quanto à antiguidade do Pentateuco
3
A RSV em Isaías 2.6 traz “dar as mãos aos estrangei
ros” (NVI: “fazem acordos com pagãos”). Não há sinal de
emenda do TM mudando byldy para bydy cf. “filhos” nas
versões ARA e ARC, como o TM , para “mãos”, na RSV.
20
35. As versões antigas
Samaritano (denominado PS a partir de ago
ra), ele não é, nem de perto, tão antigo quanto
a comunidade samaritana sempre acreditou.
Afirmações inverossímeis são feitas especial
mente em favor do rolo de Abisha;c diz-se
que foi copiado por Abishua (ou Abisua), o
bisneto de Arão (lC r 6.3,4), no décimo ter
ceiro ano da instalação dos israelitas em
Canaâ. Isso, indubitavelmente, é propagan
da exagerada que visa a amparar as afirma
ções a favor da recensão samaritana contra
sua rival judaica. Na verdade, o rolo é consti
tuído de duas partes costuradas. A cópia da
parte mais antiga (contendo Nm 33.1—
Dt 34.12) é relativamente recente, pois foi
feita no século XI d.C.
A rigor, o PS “na verdade não é uma ver
são, mas uma transcrição”.4 Por ser a forma
textual do Pentateuco que foi transmitida no
norte de Israel, tem suas peculiaridades, mas
suas discrepâncias com a tradição massorética
dificilmente podem ser consideradas subs
tanciais. Pois, embora haja em torno de 6 mil
diferenças entre o TM e o PS, muitas delas
são meras variantes ortográficas. Além disso,
o PS tem a tendência de simplificar formas e
construções difíceis e, em geral, de fazer “al
terações típicas de textos populares”.3 Algu
mas das outras discrepâncias do TM são
resultado evidente de preconceitos e tendên
cias sectárias em ação no PS. Há várias refe
rências, tanto explícitas quanto implícitas, a
Gerizim, o monte sagrado dos samaritanos
(cf. especialmente as interpolações depois
de Ex 20.17 e Dt 5.21). A intenção é sempre
apresentar Gerizim, e não Jerusalém, como
o centro de adoração escolhido por Deus em
Canaã. Em muitos lugares — as estimativas
variam entre 1.600 e 2 mil —, o PS concorda
com a Septuaginta contra o TM; às vezes a
evidência conjunta dos dois pode ser usada
para corrigir o TM, como em Gn 4.8, onde o
TM não traz as palavras “Vamos para o cam
po” (cf. nota de rodapé na NVI). O PS, no
4S. J e l l ic o e . TheSeptuagintandModem Study. Oxford,
1968, p. 243.
5W ü r t h w e i n , op. cit., p. 32.
entanto, não foi transmitido com a mesma
precisão e fidelidade quanto o TM , e isso,
em conjunto com a óbvia coloração sectá
ria, responde pela negligência com que os
críticos textuais o tratam. Só ocasionalmente
alguma citação ou alusão ao AT, no N T,
concorda exclusivam ente com o PS, tal
como, de forma especial, no registro do dis
curso de Estêvão em At 7. Em tais casos,
não precisamos supor que o autor do N T
estivesse consultando o PS. Antes, é prefe
rível concluir que o PS é o único testem u
nho remanescente de uma leitura que, sem
dúvida, em certa época, esteve representada
em algum lugar da tradição da Septuaginta,
ou até dos targuns.
A primeira cópia do PS a chegar ao Oci
dente foi trazida de Damasco por Pietro delia
Valle, em 1616, e as primeiras edições im
pressas foram as que apareceram nas Poli
glotas de Paris e de Londres (1632 e 1657
respectivamente). Uma edição apenas com
esse texto foi publicada em Oxford, em 1790,
por Benjamin Blayney. Naquela época, o PS
era tido em alta estima, e foram necessários as
pesquisas e os pronunciamentos do grande
crítico alemão Gesenius, no início do século
XIX, para rebater as reivindicações infunda
das que foram feitas em favor desse texto.
Pesquisas mais recentes da morfologia do PS
mostram que ele reflete o hebraico comum
da Palestina, entre o século II a.G. e o século
III d.C. Os estudos paleográficos do erudito
americano F. M. Cross concordam com esta
avaliação: a versão não pode ser datada antes
do período asmoneu.
A SEPTUAGINTA
A Septuaginta é a decana das versões do
AT. Além do seu direito de primogenitura,
sua singularidade está garantida também por
seu uso constante por parte dos autores do N T
e dos cristãos primitivos, em geral. Além do
mais, essa versão tem um lugar especial na
antiga literatura grega, pois as Escrituras he
braicas foram “o único escrito religioso orien
tal que alcançou a honra de ter uma tradução
21