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Peculiaridades nas práticas de publicação
das Ciências da Saúde no Brasil: reflexos das
políticas de avaliação?
MSc. Alejandro Caballero Rivero, Universidade Federal de Pernambuco
Dr. Raimundo Nonato Macedo dos Santos, Universidade Federal de Pernambuco
Dr. Piotr Trzesniak, Universidade Federal de Pernambuco
Introdução
 Culturas epistêmicas -> “máquinas de construção de conhecimento”
(KNOR-CETINA, 2005, p. 68) -> combinação de elementos cognitivos,
racionais ou técnicos e sociais -> normas ou convenções que regem a
produção de conhecimento.
 Duas diferentes culturas epistêmicas (objetos de estudo, métodos de
pesquisa, paradigmas teóricos e linguagem de comunicação) (TRZESNIAK;
2014; CHARLOT, 2006; ALEXANDER, 1999)
❖ Ciências “duras” (Exatas, Naturais, Médicas, Biológicas, Engenharias) ->
fenômenos mais universais, pesquisas sobre a base do paradigma teórico-
metodológico dominante, métodos mais quantitativos e rigorosos,
comunicação por meio de linguagem altamente codificada;
❖ Ciências “brandas” (Sociais, Humanas, Linguística, Literatura, Arte) ->
fenômenos mais locais ou regionais, dependentes do contexto social e
cultural, diversas correntes teóricas e metodológicas, métodos mais
qualitativos, comunicação por meio de linguagem menos codificada.
Introdução
 Essas diferenças se refletem na velocidade em que o conhecimento é
produzido e nas práticas de publicação (CABALLERO RIVERO; SANTOS;
TRZESNIAK, 2017; CABALLERO RIVERO, 2017; CRONIN, 2003)
❖ Artigos (mais apropriados para as ciências “duras”) -> publicações mais
curtas e sintéticas, maior rapidez na escrita, comunicação e leitura;
periodicidade superior; atualização mais ágil; disseminação mais ampla
atingindo um público mais internacional;
❖ Monografias (mais apropriadas para as ciências “brandas”) -> escrita,
edição e leitura leva mais espaço e tempo; permitem expor conhecimento
mais complexo e sedimentado; menor grau de atualização; não atingem a
cobertura dos artigos, alcançando um público mais local ou regional.
 Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017); Adams e Gurney (2014); Piro,
Aknes e Rørstad (2013); Trzesniak (2012):
❖ Ciências “duras” -> comunicam seus resultados predominantemente, por
meio de artigos em periódicos (~6,5-8,5 artigos para cada livro/capítulo);
❖ Ciências “brandas” -> maior equilíbrio na produção de artigos e
monografias (~0,8-1,5 artigos para cada livro/capítulo)
Introdução
 Qualis Periódicos (QP) e avaliação da produção intelectual de pesquisadores
e PPGs (Capes e CNPq) -> privilegia-se o Fator de Impacto (FI) do Journal
Citation Report (JCR) (CABALLERO RIVERO, 2017) - > influenciam-se
diferenciadamente as áreas do conhecimento, gerando distorções nos
processos de avaliação, produção e publicação da ciência (TRZESNIAK,
2016).
 Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017) e Caballero Rivero (2017)->
identificamos as práticas de publicação das oito grandes áreas de
conhecimento do CNPq e as agrupamos em duas hiper-áreas:
❖ Ciências “brandas” (Ciências Sociais; Humanas; Linguística, Letras, Artes) ->
equilíbrio entre monografias, trabalhos completos em anais e artigos
(predominando os nacionais).
❖ Ciências “duras” (Ciência da Computação; Exatas e da Terra; Biológicas;
Agrárias; Saúde; Engenharias) -> dominam os artigos (majoritariamente os
internacionais), observando-se uma diminuição significativa dos trabalhos em
anais e um volume inexpressivo de monografias.
Produção científica das Ciências da Saúde por tipo
de documento (censos 2000-2014)
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Censos
Artigos Nacionais Artigos internacionais Trabalhos em anais Livros Capitulos de livros
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017)
Censo de 2000: artigos
nacionais superam os
internacionais na razão
de 3 para 2;
Censo de 2014: artigos
internacionais superam
os nacionais na razão
de 3 para 2
Procedimentos metodológicos
 Objetivo do trabalho: aprofundar as análises realizadas nesses estudos
para compreender melhor essa mudança.
 Práticas de publicação -> modo particular de comunicar os resultados
de pesquisa pelos pesquisadores das CdS. Fenômeno complexo,
conformado por várias dimensões, operacionalizadas por quatro famílias
de variáveis:
❖ quantidade absoluta de artigos nacionais (An); artigos internacionais (Ai);
trabalhos completos em anais; capítulos de livros; e livros;
❖ quantidades absolutas totais: de artigos (nacionais mais internacionais:
A); de monografias (livros mais capítulos: M); e de produção (somas das
quantidades de todos os produtos);
❖ contribuição percentual de cada um dos tipos de documento referidos
nos itens a e b para a produção total da área;
❖ razões: entre os totais de artigos e de monografias e entre os totais de
artigos nacionais e internacionais, respectivamente indicadas pelas
variáveis RA/M e RAn/Ai.
Procedimentos metodológicos
 Dados da quantidade absoluta de artigos nacionais; artigos internacionais;
trabalhos completos em anais; capítulos de livros; e livros -> extraídos
manualmente da base da Produção CT&A dos pesquisadores doutores
brasileiros, disponível no DGP do CNPq, segundo o tipo de produção e a
grande área do conhecimento (em setembro de 2017);
 Valores -> censos dos anos 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010 e 2014. Foram
transferidos para um documento de Excel -> sete planilhas com auxílio das
quais se calcularam as quantidades absolutas totais, a contribuição
percentual; e as razões RA/M e RAn/Ai.
 Excel -> 36 gráficos das séries históricas das variáveis, destacando-se:
❖ produtos individualizados das CdS;
❖ quantidades absolutas totais das hiper-áreas “duras” e “brandas”; CdS e
“duras” sem Saúde;
❖ contribuições percentuais para a produção total de artigos (nacionais mais
internacionais), monografias (livros mais capítulos) e trabalhos completos
em anais para as hiper-áreas “duras” e“brandas”; CdS e “duras sem CdS”.
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Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais
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Artigos Monografias Trabalhos em anais
Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem CdS
3,61 3,49 3,59 3,57
4,05
5,07
5,78
7,04
6,57 6,53 6,35 6,20
6,50
7,44
1,44 1,41 1,34 1,26 1,17 1,16 1,31
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Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem Saúde
Ciências “brandas”
RA/M
1,50 1,40
1,90
1,20 1,00 0,88
0,65
0,63 0,64
1,00
0,72 0,72 0,69 0,57
5,70 5,86
6,26
6,56 6,69
6,41
4,84
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Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem Saúde
Ciências “brandas”
RAn/Ai
Média nos Censos 2000-2006
CdS=3,6 artigos para cada livro/capítulo
Ciências “duras”=6,6 artigos para cada livro/capítulo
Ciências “brandas”= 1,4 artigos para cada livro/capítulo
Média nos Censos 2000-2006
CdS=1,5 artigos nacionais p/cada internacional
Ciências “duras”=0,8 artigos nacionais p/cada internacional
Ciências “brandas”= 6,1 artigos nacionais p/cada internacion.
Ciências da Saúde (CdS)
 Não correspondência das práticas de publicação com as hiper-áreas
“duras” ou “brandas” nos censos 2000-2006:
❖ Subáreas com culturas epistêmicas distintas (Medicina, Odontologia,
Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Saúde Coletiva, Fonoaudiologia,
Fisioterapia e Terapia Operacional e Educação Física) -> diferentes
práticas de publicação (LUZ, 2011);
❖ Ciências Médicas -> objetos de estudo e ferramentas teórico-
metodológicas mais afinadas com as das “duras” -> prioriza-se a
publicação de artigos;
❖ Outras subáreas (ex. Saúde Coletiva, Educação Física) -> objetos de
estudos vinculados a problemas sociais (ex. serviços de saúde, doenças
de transmissão sexual) -> desenvolvimento metodológico e conceitual
com muitas contribuições das Ciências Sociais e Humanas -> maior
equilíbrio entre artigos, trabalhos em anais e monografias.
Ciências da Saúde (CdS)
 Argumentos válidos para os censos 2008-2014, quando se verifica a crescente
aproximação das práticas de publicação das CdS às das ciências “duras”.
 Hipótese plausível -> mudança que pode decorrer (entre outros aspectos) das políticas de
avaliação de CAPES e CNPq priorizando as publicações com FI.
 CCA (2012); Butler (2007) -> avaliação que envolve financiamento ou prestigio influencia o
comportamento dos pesquisadores -> a obtenção de bons resultados nas avaliações
converte-se num fim que desejam atingir a qualquer preço e chegam a mudar suas
práticas de publicação.
 Caballero Rivero (2017) -> levantamento sobre os critérios de avaliação utilizados por
CAPES e CNPq na Avaliação Trienal 2013:
❖ CAPES -> as nove Coordenações da Área consideraram artigos; apenas três (Educação
Física, Farmácia e Nutrição) pontuam livros; nenhuma trabalhos completos em anais; todas
consideram o FI como critério essencial para estratificar a produção científica no Qualis
Periódicos;
❖ CNPq -> sete Comitês de Assessoramento exigem exclusivamente artigos em periódicos
com FI para a concessão de bolsas de produtividade (2015-2017); apenas dois (Saúde
Coletiva e Nutrição) aceitam tanto artigos quanto monografias; nenhum considera
trabalhos em anais.
Conclusões I
 Mudança nas práticas de publicação das CdS -> aumento da contribuição dos
artigos internacionais e a redução das de artigos nacionais, monografias e
trabalhos completos em anais.
 É muito provável que esse comportamento decorra (entre outros aspectos) dos
critérios de avaliação utilizados por CAPES e CNPq, privilegiando a publicação de
artigos em revistas com FI, em detrimento dos demais tipos de produção, inclusive
de artigos nacionais
 Presume-se que a publicação em revistas com FI garante uma elevação da
qualidade da ciência brasileira -> na visão dos autores, essa visão ainda carece
de fundamentação para ser indiscriminadamente estendida a todas as áreas.
Conclusões II
 Na visão dos autores -> a pesquisa científica não tem apenas impacto
intelectual (contribuição ao corpo comum de conhecimento) mas, também,
social -> privilegiar a produção científica em periódicos de alto FI, talvez possa
incrementar o impacto intelectual da ciência brasileira no mundo, porém, pode
influir negativamente em pesquisas que foquem a solução de problemas sociais
(nacionais ou locais) -> impacto social se subordina, ao interesse das editoras
comerciais internacionais, cujo objetivo principal, muitas vezes, é a obtenção de
lucro.
 Possível solução que equilibra as duas visões:
❖ as áreas que realizam pesquisas com maior impacto social no Brasil incluírem, nos
estratos superiores do QP, um maior número de periódicos nacionais, que
publiquem artigos de qualidade, mediante rigorosos processos editoriais
(TRZESNIAK, 2016).
❖ CAPES e o CNPq -> promover e valorizar publicações que apresentem um
impacto social significativo.
Referencias
 ALEXANDER, J. C. A importância dos clássicos. In Anthony Giddens e Jonathan Turner (Org.), Teoria social hoje. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 23-
89.
 ADAMS, J.; GURNEY, K. Evidence for excellence: has the signal overtaken the substance? London: Digital Science, 2014.
 BUTLER, L. Assessing university research: a plea for a balanced approach. Science and Public Policy, v. 34, n. 8, 2007. p. 565-574.
 CABALLERO RIVERO, A. Caracterização das práticas de publicação das grandes áreas do conhecimento no Brasil. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2017.
 CABALLERO RIVERO, A.; SANTOS, R. N. M.; TRZESNIAK, P. Caracterización de las prácticas de publicación de las grandes áreas de conocimiento em
Brasil. Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud, v. 28, n. 4, 2017.
 CCA - COUNCIL OF CANADIAN ACADEMIES. Informing Research Choices: indicators and judgment. Otawa: Council of Canadian Academies, 2012.
 CHARLOT, B. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista brasileira
de educação, Belo Horizonte, v. 11, 2006. p. 7-18.
 KNORR CETINA, K. Culture in Global Knowledge Societies: Knowledge Cultures and Epistemic Culture. In: JACOBS, M. D.; HANRAHAN, N. W. (Editors).
The Blackwell Companion to the Sociology of Culture. Blackwell Publishing Ltd: Malden, MA, 2005. p. 65-79.
 LUZ, M. T. Especificidade da contribuição dos saberes e práticas das Ciências Sociais e Humanas para a saúde. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.20,
n.1, 2011. p. 22-31.
 PIRO, F. N; ASKNES, D. W.; RØRSTAD, K. A macro analysis of productivity differences across fields: challenges in the measurement of scientific
publishing. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 64, n. 2, 2013. p. 307-320.
 TRZESNIAK, P. A questão do livre acesso aos artigos publicados em periódicos científicos. Em Aberto, Brasília, v. 25, n. 87, jan./jun. 2012. p. 77-112.
 TRZESNIAK, P. Indicadores quantitativos: como obter, avaliar, criticar e aperfeiçoar. Navus – Revista de Gestão e Tecnologia, v. 4, n. 2, 2014. p. 5-18.
 TRZESNIAK, P. Qualis in four quarters: history and suggestions for the Administration, Accounting and Tourism area. Rev. contab. finanç., v. 27, n. 72,
2016.

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Práticas de publicação nas Ciências da Saúde no Brasil: reflexos das políticas de avaliação

  • 1. Peculiaridades nas práticas de publicação das Ciências da Saúde no Brasil: reflexos das políticas de avaliação? MSc. Alejandro Caballero Rivero, Universidade Federal de Pernambuco Dr. Raimundo Nonato Macedo dos Santos, Universidade Federal de Pernambuco Dr. Piotr Trzesniak, Universidade Federal de Pernambuco
  • 2. Introdução  Culturas epistêmicas -> “máquinas de construção de conhecimento” (KNOR-CETINA, 2005, p. 68) -> combinação de elementos cognitivos, racionais ou técnicos e sociais -> normas ou convenções que regem a produção de conhecimento.  Duas diferentes culturas epistêmicas (objetos de estudo, métodos de pesquisa, paradigmas teóricos e linguagem de comunicação) (TRZESNIAK; 2014; CHARLOT, 2006; ALEXANDER, 1999) ❖ Ciências “duras” (Exatas, Naturais, Médicas, Biológicas, Engenharias) -> fenômenos mais universais, pesquisas sobre a base do paradigma teórico- metodológico dominante, métodos mais quantitativos e rigorosos, comunicação por meio de linguagem altamente codificada; ❖ Ciências “brandas” (Sociais, Humanas, Linguística, Literatura, Arte) -> fenômenos mais locais ou regionais, dependentes do contexto social e cultural, diversas correntes teóricas e metodológicas, métodos mais qualitativos, comunicação por meio de linguagem menos codificada.
  • 3. Introdução  Essas diferenças se refletem na velocidade em que o conhecimento é produzido e nas práticas de publicação (CABALLERO RIVERO; SANTOS; TRZESNIAK, 2017; CABALLERO RIVERO, 2017; CRONIN, 2003) ❖ Artigos (mais apropriados para as ciências “duras”) -> publicações mais curtas e sintéticas, maior rapidez na escrita, comunicação e leitura; periodicidade superior; atualização mais ágil; disseminação mais ampla atingindo um público mais internacional; ❖ Monografias (mais apropriadas para as ciências “brandas”) -> escrita, edição e leitura leva mais espaço e tempo; permitem expor conhecimento mais complexo e sedimentado; menor grau de atualização; não atingem a cobertura dos artigos, alcançando um público mais local ou regional.  Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017); Adams e Gurney (2014); Piro, Aknes e Rørstad (2013); Trzesniak (2012): ❖ Ciências “duras” -> comunicam seus resultados predominantemente, por meio de artigos em periódicos (~6,5-8,5 artigos para cada livro/capítulo); ❖ Ciências “brandas” -> maior equilíbrio na produção de artigos e monografias (~0,8-1,5 artigos para cada livro/capítulo)
  • 4. Introdução  Qualis Periódicos (QP) e avaliação da produção intelectual de pesquisadores e PPGs (Capes e CNPq) -> privilegia-se o Fator de Impacto (FI) do Journal Citation Report (JCR) (CABALLERO RIVERO, 2017) - > influenciam-se diferenciadamente as áreas do conhecimento, gerando distorções nos processos de avaliação, produção e publicação da ciência (TRZESNIAK, 2016).  Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017) e Caballero Rivero (2017)-> identificamos as práticas de publicação das oito grandes áreas de conhecimento do CNPq e as agrupamos em duas hiper-áreas: ❖ Ciências “brandas” (Ciências Sociais; Humanas; Linguística, Letras, Artes) -> equilíbrio entre monografias, trabalhos completos em anais e artigos (predominando os nacionais). ❖ Ciências “duras” (Ciência da Computação; Exatas e da Terra; Biológicas; Agrárias; Saúde; Engenharias) -> dominam os artigos (majoritariamente os internacionais), observando-se uma diminuição significativa dos trabalhos em anais e um volume inexpressivo de monografias.
  • 5. Produção científica das Ciências da Saúde por tipo de documento (censos 2000-2014) 0 40.000 80.000 120.000 160.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Censos Artigos Nacionais Artigos internacionais Trabalhos em anais Livros Capitulos de livros Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Caballero Rivero, Santos e Trzesniak (2017) Censo de 2000: artigos nacionais superam os internacionais na razão de 3 para 2; Censo de 2014: artigos internacionais superam os nacionais na razão de 3 para 2
  • 6. Procedimentos metodológicos  Objetivo do trabalho: aprofundar as análises realizadas nesses estudos para compreender melhor essa mudança.  Práticas de publicação -> modo particular de comunicar os resultados de pesquisa pelos pesquisadores das CdS. Fenômeno complexo, conformado por várias dimensões, operacionalizadas por quatro famílias de variáveis: ❖ quantidade absoluta de artigos nacionais (An); artigos internacionais (Ai); trabalhos completos em anais; capítulos de livros; e livros; ❖ quantidades absolutas totais: de artigos (nacionais mais internacionais: A); de monografias (livros mais capítulos: M); e de produção (somas das quantidades de todos os produtos); ❖ contribuição percentual de cada um dos tipos de documento referidos nos itens a e b para a produção total da área; ❖ razões: entre os totais de artigos e de monografias e entre os totais de artigos nacionais e internacionais, respectivamente indicadas pelas variáveis RA/M e RAn/Ai.
  • 7. Procedimentos metodológicos  Dados da quantidade absoluta de artigos nacionais; artigos internacionais; trabalhos completos em anais; capítulos de livros; e livros -> extraídos manualmente da base da Produção CT&A dos pesquisadores doutores brasileiros, disponível no DGP do CNPq, segundo o tipo de produção e a grande área do conhecimento (em setembro de 2017);  Valores -> censos dos anos 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010 e 2014. Foram transferidos para um documento de Excel -> sete planilhas com auxílio das quais se calcularam as quantidades absolutas totais, a contribuição percentual; e as razões RA/M e RAn/Ai.  Excel -> 36 gráficos das séries históricas das variáveis, destacando-se: ❖ produtos individualizados das CdS; ❖ quantidades absolutas totais das hiper-áreas “duras” e “brandas”; CdS e “duras” sem Saúde; ❖ contribuições percentuais para a produção total de artigos (nacionais mais internacionais), monografias (livros mais capítulos) e trabalhos completos em anais para as hiper-áreas “duras” e“brandas”; CdS e “duras sem CdS”.
  • 8. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais Hiper-área de ciências “brandas” Hiper-área de ciências “duras” 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 40% 39% 37% 33% 31% 32% 37% 28% 28% 27% 26% 27% 28% 28% 32% 33% 36% 41% 42% 40% 35% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 53% 53% 53% 55% 58% 61% 67% 9% 10% 10% 11% 11% 10% 10% 38% 38% 37% 34% 31% 28% 23% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais
  • 9. 0 200.000 400.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais Hiper-área de ciências “brandas” Hiper-área de ciências “duras” 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 40% 39% 37% 33% 31% 32% 37% 28% 28% 27% 26% 27% 28% 28% 32% 33% 36% 41% 42% 40% 35% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 53% 53% 53% 55% 58% 61% 67% 9% 10% 10% 11% 11% 10% 10% 38% 38% 37% 34% 31% 28% 23% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais
  • 10. 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 63% 63% 65% 67% 70% 75% 79% 17% 18% 18% 19% 17% 15% 14% 20% 19% 17% 15% 12% 10% 7%0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Capítulos e livros Trabalhos em anais 51% 50% 50% 51% 54% 57% 63% 7% 8% 8% 8% 9% 9% 9% 42% 42% 42% 40% 37% 34% 28% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Artigos Monografias Trabalhos em anais Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem CdS
  • 11. 3,61 3,49 3,59 3,57 4,05 5,07 5,78 7,04 6,57 6,53 6,35 6,20 6,50 7,44 1,44 1,41 1,34 1,26 1,17 1,16 1,31 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem Saúde Ciências “brandas” RA/M 1,50 1,40 1,90 1,20 1,00 0,88 0,65 0,63 0,64 1,00 0,72 0,72 0,69 0,57 5,70 5,86 6,26 6,56 6,69 6,41 4,84 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 Ciências da Saúde (CdS) Ciências “duras” sem Saúde Ciências “brandas” RAn/Ai Média nos Censos 2000-2006 CdS=3,6 artigos para cada livro/capítulo Ciências “duras”=6,6 artigos para cada livro/capítulo Ciências “brandas”= 1,4 artigos para cada livro/capítulo Média nos Censos 2000-2006 CdS=1,5 artigos nacionais p/cada internacional Ciências “duras”=0,8 artigos nacionais p/cada internacional Ciências “brandas”= 6,1 artigos nacionais p/cada internacion.
  • 12. Ciências da Saúde (CdS)  Não correspondência das práticas de publicação com as hiper-áreas “duras” ou “brandas” nos censos 2000-2006: ❖ Subáreas com culturas epistêmicas distintas (Medicina, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Nutrição, Saúde Coletiva, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Operacional e Educação Física) -> diferentes práticas de publicação (LUZ, 2011); ❖ Ciências Médicas -> objetos de estudo e ferramentas teórico- metodológicas mais afinadas com as das “duras” -> prioriza-se a publicação de artigos; ❖ Outras subáreas (ex. Saúde Coletiva, Educação Física) -> objetos de estudos vinculados a problemas sociais (ex. serviços de saúde, doenças de transmissão sexual) -> desenvolvimento metodológico e conceitual com muitas contribuições das Ciências Sociais e Humanas -> maior equilíbrio entre artigos, trabalhos em anais e monografias.
  • 13. Ciências da Saúde (CdS)  Argumentos válidos para os censos 2008-2014, quando se verifica a crescente aproximação das práticas de publicação das CdS às das ciências “duras”.  Hipótese plausível -> mudança que pode decorrer (entre outros aspectos) das políticas de avaliação de CAPES e CNPq priorizando as publicações com FI.  CCA (2012); Butler (2007) -> avaliação que envolve financiamento ou prestigio influencia o comportamento dos pesquisadores -> a obtenção de bons resultados nas avaliações converte-se num fim que desejam atingir a qualquer preço e chegam a mudar suas práticas de publicação.  Caballero Rivero (2017) -> levantamento sobre os critérios de avaliação utilizados por CAPES e CNPq na Avaliação Trienal 2013: ❖ CAPES -> as nove Coordenações da Área consideraram artigos; apenas três (Educação Física, Farmácia e Nutrição) pontuam livros; nenhuma trabalhos completos em anais; todas consideram o FI como critério essencial para estratificar a produção científica no Qualis Periódicos; ❖ CNPq -> sete Comitês de Assessoramento exigem exclusivamente artigos em periódicos com FI para a concessão de bolsas de produtividade (2015-2017); apenas dois (Saúde Coletiva e Nutrição) aceitam tanto artigos quanto monografias; nenhum considera trabalhos em anais.
  • 14. Conclusões I  Mudança nas práticas de publicação das CdS -> aumento da contribuição dos artigos internacionais e a redução das de artigos nacionais, monografias e trabalhos completos em anais.  É muito provável que esse comportamento decorra (entre outros aspectos) dos critérios de avaliação utilizados por CAPES e CNPq, privilegiando a publicação de artigos em revistas com FI, em detrimento dos demais tipos de produção, inclusive de artigos nacionais  Presume-se que a publicação em revistas com FI garante uma elevação da qualidade da ciência brasileira -> na visão dos autores, essa visão ainda carece de fundamentação para ser indiscriminadamente estendida a todas as áreas.
  • 15. Conclusões II  Na visão dos autores -> a pesquisa científica não tem apenas impacto intelectual (contribuição ao corpo comum de conhecimento) mas, também, social -> privilegiar a produção científica em periódicos de alto FI, talvez possa incrementar o impacto intelectual da ciência brasileira no mundo, porém, pode influir negativamente em pesquisas que foquem a solução de problemas sociais (nacionais ou locais) -> impacto social se subordina, ao interesse das editoras comerciais internacionais, cujo objetivo principal, muitas vezes, é a obtenção de lucro.  Possível solução que equilibra as duas visões: ❖ as áreas que realizam pesquisas com maior impacto social no Brasil incluírem, nos estratos superiores do QP, um maior número de periódicos nacionais, que publiquem artigos de qualidade, mediante rigorosos processos editoriais (TRZESNIAK, 2016). ❖ CAPES e o CNPq -> promover e valorizar publicações que apresentem um impacto social significativo.
  • 16. Referencias  ALEXANDER, J. C. A importância dos clássicos. In Anthony Giddens e Jonathan Turner (Org.), Teoria social hoje. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 23- 89.  ADAMS, J.; GURNEY, K. Evidence for excellence: has the signal overtaken the substance? London: Digital Science, 2014.  BUTLER, L. Assessing university research: a plea for a balanced approach. Science and Public Policy, v. 34, n. 8, 2007. p. 565-574.  CABALLERO RIVERO, A. Caracterização das práticas de publicação das grandes áreas do conhecimento no Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2017.  CABALLERO RIVERO, A.; SANTOS, R. N. M.; TRZESNIAK, P. Caracterización de las prácticas de publicación de las grandes áreas de conocimiento em Brasil. Revista Cubana de Información en Ciencias de la Salud, v. 28, n. 4, 2017.  CCA - COUNCIL OF CANADIAN ACADEMIES. Informing Research Choices: indicators and judgment. Otawa: Council of Canadian Academies, 2012.  CHARLOT, B. A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista brasileira de educação, Belo Horizonte, v. 11, 2006. p. 7-18.  KNORR CETINA, K. Culture in Global Knowledge Societies: Knowledge Cultures and Epistemic Culture. In: JACOBS, M. D.; HANRAHAN, N. W. (Editors). The Blackwell Companion to the Sociology of Culture. Blackwell Publishing Ltd: Malden, MA, 2005. p. 65-79.  LUZ, M. T. Especificidade da contribuição dos saberes e práticas das Ciências Sociais e Humanas para a saúde. Saúde e Sociedade, São Paulo, v.20, n.1, 2011. p. 22-31.  PIRO, F. N; ASKNES, D. W.; RØRSTAD, K. A macro analysis of productivity differences across fields: challenges in the measurement of scientific publishing. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 64, n. 2, 2013. p. 307-320.  TRZESNIAK, P. A questão do livre acesso aos artigos publicados em periódicos científicos. Em Aberto, Brasília, v. 25, n. 87, jan./jun. 2012. p. 77-112.  TRZESNIAK, P. Indicadores quantitativos: como obter, avaliar, criticar e aperfeiçoar. Navus – Revista de Gestão e Tecnologia, v. 4, n. 2, 2014. p. 5-18.  TRZESNIAK, P. Qualis in four quarters: history and suggestions for the Administration, Accounting and Tourism area. Rev. contab. finanç., v. 27, n. 72, 2016.