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26/12/02 15:31
+00:00
Uma boa tarde para todos.

A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário
dos Media" (há dois anos).

Espero que haja sucesso também neste projecto.

30/12/02 19:30
+00:00
Saiu o nº 6 da revista do Obercom, a Observatório, com o título de capa "Televisão,
qualidade e serviço público". Traz um conjunto de textos onde o serviço público e a
qualidade do mesmo são questionados, de autoria de Francisco Rui Cádima, Charo
Gutierrez Gea (laboratório de prospectiva em investigação em comunicação,
Barcelona), Milly Buonano (professora associada de uma universidade de Roma) e
Unesco. De outros textos destaco o liderado por Isabel Ferin (mais Catarina Burnay e
Leonor Gameiro), sobre a ficção em português nas televisões generalistas, e Ana Paula
Meneses, sobre telenovelas.

06/01/03 14:21
+00:00
Estive tentado a escrever, em meados de Dezembro último, sobre o portal InfoAmérica
(www.infoamerica.org), pertença da universidade de Málaga. Tirando o sítio da BOCC,
da universidade da Beira Interior, este parece-me ser um portal de grande possibilidade
de expansão. Entre Outubro e Dezembro, no portal foram colocadas ligações em linha
de rádio e televisão. Numa mensagem recebida hoje, o portal promete, para o final do
trimestre, a inclusão de informação sobre 100 pensadores que trabalharam a
comunicação. Iamginem que, se precisarem de material para apresentação numa aula,
por exempo de Pierre Bourdieu, Jean Baudrillard, Theodor Adorno ou Raymond
Williams, encontram neste portal informação útil, e certamente, científica. Recomendo a
visita a este portal e o seu adicionar aos sítios favoritos no seu computador.

07/01/03 21:15
+00:00
A BBC está a planear uma aliança transatlântica com a cadeia americana ABC, dado
que a possível fusão entre a ABC News e a CNN começa a estar fora de causa. A BBC e
a ABC têm já um acordo, a funcionar desde 1993, para partilhar peças em vídeo e outro
material noticioso. A BBC quererá alargar esta ligação. (lido na edição em linha, de
hoje, do European Journalism Centre).

11/01/03 12:25
+00:00
Já li (ou folheei) o Expresso de hoje. Curioso o facto de dois jornais (o Expresso e o
Diário de Notícias) mostrarem novos designs na mesma semana, no início de um ano (e
um aumentozito de preço). Porque será que dois jornais decidem mudar de linha gráfica
cerca de um ano após haver mudanças políticas? Será que há uma nova cultura no ar?
Ou porque as audiências obrigam a testar novos modelos (o Público de hoje fala que
este jornal aumentou de audiências face ao rival DN, que baixou, em 2002, mas nada diz
sobre volume de vendas)?


                                           1
Se, face à mudança no DN, torci o nariz, já o Expresso pareceu-me manter-se na sua
linha clássica, mas com um visual mais alegre e colorido (sem ser pós-modernista). Para
quem gosta de história do jornalismo (e, eu, quando for grande, gostaria de ser
historiador dos media), o editorial do director do Expresso parece ser um bom ponto de
partida para a compreensão das mudanças gráficas do jornal ao longo de 30 anos.
Retirando aquela tirada da melhor direcção do jornal, que é a actual.

15/01/03 22:36
+00:00
Em colóquio realizado hoje na Universidade Nova de Lisboa, e promovido pelo
Obercom, um dos membros da mesa, o novo presidente do ICAM, Elísio de Oliveira,
enunciou as novas linhas de apoio à indústria do audiovisual, composta por quatro
linhas: 1) incentivar financeiramente a gravação de programas-piloto de apoio aos
produtores independentes de audiovisual (para além de um guião em papel, a
apresentação do produto visual já montado), 2) apoiar a produção de seriados de três
episódios e telefilmes, 3) atribuir financiamento ao documentário audiovisual, e 4)
apoiar a animação nacional. Elísio de Oliveira informou também da muito próxima
implementação da leitura imediata (informática) dos ingressos nas salas de cinema, para
se poder traçar um melhor perfil do comportamento dos filmes nas salas (o que não
disse foi que o projecto vem do tempo de Carrilho).

Depois de uma fase de indefinição após a tomada de posse do actual governo e das lutas
internas no ICAM, parece haver uma nova orientação. Ficamos à espera da
concretização das propostas.

21/01/03 18:37
+00:00
Em 1950, neste dia, morria George Orwell, após uma luta de três anos contra a
tuberculose.

Esta e outras histórias podem ler-se no arquivo da BBC, agora tornado online. Só não
sei se se paga, ou quando se começa a pagar.

04/02/03 21:05
+00:00
A mensagem seguinte recolhi-a hoje na newsletter do European Journalism Centre.
Caso a vigilância electrónica fosse para a frente, este email ou um movimento qualquer
de pagamento do meu cartão de crédito estaria a ser vigiado por um Grande Irmão. O
mundo está mesmo perigoso...

A setback for Big Brother
-------------------------
The European Union has received its first serious challenge to controversial internet
privacy guidelines drawn up last year in the wake of the terrorist attacks in the US.
Thirty-eight European Parliament members, from a wide spectrum of political parties,
have signed an open letter to the European Commission opposing the electronic
surveillance of EU citizens. The commission's proposals would force telephone and
internet companies to retain data for a period of 12 to 24 months, during which time it
could be accessed by law enforcement agencies. The data could be made up of phone


                                           2
calls, e-mails, individual web use details or credit card transactions. The letter claims
that mandatory retention of such data violates Article 8 of the EC's charter of human
rights and could undermine democracy rather than defending it. In the US, the Senate
unanimously voted last month for suspension of an electronic surveillance project.

Source: http://www.journalism.co.uk/news/story562.html - Journalism.co.uk

07/02/03 17:21
+00:00
Um livro saído há pouco (David Hesmondhalgh, 2002, The cultural industries. Londres,
Thousand Oaks e Nova Deli: Sage) reflecte profundamente na importância da
digitalização nos media. Escreve Hesmondhalgh, que os "velhos" media - como a
fotografia, o disco sonoro, o cinema, a rádio e a televisão - assentavam em sistemas
analógicos. Hoje, o código binário (zeros e uns) da digitalização permite eliminar
interferências no sinal, ter reproduções mais fiéis e efectuar manipulações do original. O
autor refere nomeadamente indústrias culturais como a música de consumo, as
publicações electrónicas, os jogos vídeo e de computador, a internet e a televisão digital.
O livro aborda alguns pontos essenciais, segundo os meus interesses pessoais, a saber: a
descentralização das redes www, o acesso fácil (mas desigual, conforme os rendimentos
económicos, e que Castells, em livro finalmente traduzido pela Gulbenkian há escassas
semanas, salienta) e os efeitos no consumo. Aqui, detecta uma tendência, que vale a
pena pensar. No tempo da "velha" televisão (tipo RTP), o telespectador-consumidor
pagava a aquisição do receptor e a electricidade para o alimentar e sujeitava-se a uns
quantos períodos de anúncios publicitários. Com a televisão por cabo, paga-se uma
assinatura por um pacote de canais, ao lado dos anúncios publicitários; além disso, há
outros canais com assinatura independente. Quando vier a televisão digital, o
telespectador-consumidor terá ainda de comprar um novo receptor (ou a caixa de
descodificação, pelo menos, até ao switch-off da televisão analógica). Isto é, o meio de
comunicação chamado televisão passou de um preço inicial (compra do aparelho) e um
valor residual mensal (electricidade a pagar) para um valor mais elevado (assinatura
geral por pacote e assinatura específica por canais suplementares). Será que mais canais
(abundância) garantirão mais conteúdos diferenciados?

09/02/03 20:11
+00:00
Para quem quiser visitar revistas de comunicação e jornalismo no espaço cultural das
línguas portuguesa e espanhola aceda ao endereço seguinte: www.infoamerica.org.

12/02/03 18:25
+00:00
RECENSÃO The making of the network society

Em pequeno livro, Castells sintetiza o conceito da rede, flexível, adaptável e
reconfigurável, não física mas electrónica. Quem fala em rede, fala de virtualidade, que
o autor desenvolve em dois conceitos. O primeiro é o da cidade virtual - novo espaço
público, democrático, interactivo, comunitário. O outro conceito é o de virtualidade
real. Por norma, fala-se de realidade virtual; em Castells, a virtualidade real entende-se
como manifestação da cultura mediada electronicamente (online, televisão, vídeo),
enquanto parte fundamental da realidade. É virtualidade porque processada em termos
electrónicos; é real porque parte central da nossa experiência.


                                             3
Se a actual sociedade possui grande criatividade, ela também produz um negativo: quem
não tem capacidade de inovação, fica de fora. Aquilo que designa por divisor digital
quer dizer fragmentação, individualização, desigualdade social e de rendimentos. Para
combater tal divisor, surgem políticas de ligar mais computadores à Internet. Verifica-
se, contudo, que os estudantes com melhores condições aprendem mais em relação a
estudantes em piores situações sociais e culturais.

Numa aposta polémica, o sociólogo catalão caracteriza a sociedade em rede como
desprovida de valores éticos. Criar e destruir são elementos constantes. Exemplo é o do
mercado financeiro global, não controlado por ninguém e onde se transferem bens
financeiros de países e regiões para outros países – o autómato. Porém, a haver ética, ela
vem dos hackers, cujo sentido de inovação os leva a furar os segredos dos sistemas
protegidos de informação. Para além de entrar no proibido, arriscar e inovar constituem
as palavras-chave do hacker, de certa maneira as ferramentas do gestor e da empresa
moderna.

Manuel Castells, com Bob Catterall (2002). The making of the network society.
Londres: Institute of Contemporary Arts. 32 páginas. Custo aproximado no editor: 4,5
€.

17/02/03 19:59
+00:00
INTERNET - Parece que a Internet se está a tornar uma fonte de informação mais
importante do que a imprensa - em especial entre os mais jovens. Paul Carr, editor de
fridaything.co.uk, contou que a história da terceira gravidez de Madonna não foi um
exclusivo da revista inglesa Heat, porque saira quatro dias antes no seu website. Os
leitores da Heat compreenderam e enviaram muitas mensagens à fridaything.co.uk, a
apoiar esta editora electrónica. Um inquérito recente em Nova Iorque concluiu que 80%
das pessoas entre 18 e 34 anos consideram a internet como a principal fonte de notícias
(notícia editada hoje pelo European Journalism Centre).

A newsletter Friday Thing tem um modo apelativo de obter informação: aceita notícias,
boatos, memorandos confidenciais e registos vídeo secretos. Isto é, todo o mundo pode
ser, simultaneamente, fonte e jornalista. A newsletter não diz se há gatekeeper, censura,
tratamento jornalístico ou audição de todas as partes envolvidas.

26/02/03 18:46
+00:00
Desde hoje, o site da Infoamerica (www.infoamerica.org), na secção de revistas
académicas, tem um ícone com a capa da nossa revista Media & Jornalismo e link para
o CIMJ. A revista é apresentada como propriedade do Centro de Investigação Media e
Jornalismo de Portugal. O site da Infoamerica pertence à universidade de Málaga.

26/05/03 18:44
+00:00
MEDIA E JORNALISMO Investigação

Hoje, o Diário de Notícias publicou o seguinte texto:



                                            4
PORQUE É QUE CERTOS ACONTECIMENTOS SÃO NOTÍCIA
HELENA MENDONÇA

Porque é que certos acontecimentos são notícia e outros não? Quais os critérios
utilizados pelos jornalistas na filtragem dos eventos? Esses critérios são partilhados ou
não pelos profissionais independentemente do país onde se encontram? Perguntas tantas
vezes colocadas pelos leitores e a que uma equipa de investigadores da Universidade
Nova está a tentar responder, num vasto projecto de investigação ainda em curso. Mas
os estudos exploratórios do coordenador do projecto de pesquisa, Nelson Traquina, já
permitem fazer uma aproximação à realidade das redacções: os jornalistas seleccionam
os acontecimentos segundo critérios de novidade, notoriedade, infracção, conflito, etc.
(os chamados «valores-notícia») e partilham uma cultura noticiosa comum, onde quer
que trabalhem. Ou seja, os profissionais «fazem parte de uma comunidade ou tribo
interpretativa transnacional», pelo que a cobertura noticiosa em países diferentes revela
semelhanças significativas.

Nelson Traquina e a sua equipa (Cristina Ponte e Rogério Santos), do Centro de
Investigação Media e Jornalismo da Universidade Nova, escolheram o fenómeno da
sida para estudar o comportamento das redacções. O Diário de Notícias e o Correio da
Manhã são os órgãos a analisar, através da análise de conteúdo de um vasto período
noticioso, de 1981 a 2000. O gabinete dos investigadores está já repleto de dossiers
contendo cinco mil peças dos dois jornais. «Temos um total de 40 anos de cobertura
jornalística da problemática sida», entre editoriais, artigos de opinião, cartas do leitor,
notícias e reportagens, sintetiza o coordenador. Uma enorme massa de artigos que
começa agora a ser analisada, na tentativa de responder a uma «simples» pergunta:
porque é que a sida é notícia?

O projecto está longe da conclusão (Setembro de 2004), mas Nelson Traquina tem
realizado estudos exploratórios. Num desses trabalhos, o investigador comparou a
cobertura jornalística da sida em cinco jornais de quatro países (Diário de Notícias e
Correio da Manhã, Portugal; El País, Espanha; New York Times, EUA; e Folha de São
Paulo, Brasil). ao longo de três meses, de Outubro a Dezembro de 1993. «Há milhares
de acontecimentos todos os dias, nem tudo é publicado. É impossível, um jornal não é
uma Bíblia», começa por frisar Nelson Traquina. Daí que a selecção de notícias seja
uma tarefa fundamental numa redacção. O conhecido sociólogo francês Pierre Bourdieu
escolheu a palavra «censura» para definir esse trabalho. Mas o investigador português
prefere «definições mais rígidas», optando pelo conceito de «valor-notícia» - ou seja, «o
critério utilizado para escolher um acontecimento e não outro».

CABIDES NOTICIOSOS. No curto espaço de tempo noticioso avaliado, um
acontecimento teve especial destaque: o sangue contaminado na Alemanha. Os valores
escândalo (contaminação), infracção (violação de regras), notoriedade (demissão do
ministro da Saúde alemão) foram o trampolim para as notícias publicadas em todos os
jornais sob investigação. O Dia Mundial da Sida, a 1 de Dezembro, constituiu outro
«valor-notícia». «Demonstra que o factor tempo pode ser um critério e como foi
inteligente a criação do dia para dar a capacidade de pendurar as notícias num cabide».
Um dos aspectos confirmados pelo estudo de Nelson Traquina é a tendência dos media
para as notícias negativas, uma opção tantas vezes criticada pelos próprios leitores. Sem
minimizar a importância de publicar as «más notícias», o investigador deixa, porém, um
conselho à comunidade jornalística: «Os jornalistas devem ter consciência de que há


                                             5
efeitos perversos dos valores-notícia. Defendo que devem procurar também as notícias
positivas para equilibrar um pouco o efeito negativo.» No universo da sida, por
exemplo, «há muita gente seropositiva que vive todos os dias e realiza coisas. Mas as
notícias sobre essas pessoas não aparecem nos jornais».

Apesar de não partilhar a ideia de que o jornalismo «é inimigo da esperança», o
investigador admite que a divulgação apenas de escândalos «pode enfraquecer a
esperança dos cidadãos». Ao contrário do que muitas vezes parece, «procurar as notícias
boas requer mais trabalho e a verdade é que os jornalistas estão pressionados pelo factor
tempo», além de que, «as coisas más têm efeitos mais vastos, enquanto as boas não dão
muito nas vistas». Mas, sugere o investigador, «num mundo em que parece haver só
coisas negativas, há que fazer um esforço para introduzir uma componente positiva».

26/06/03 17:58
+00:00
SEMINÁRIO/FORMAÇÂO

Conforme previsto, decorreu ontem o I Seminário sobre Metodologias de Pesquisa,
dedicado ao tema "Repensar a investigação empírica sobre os Media e o Jornalismo",
orientado por Isabel Ferin, da Universidade de Coimbra.

Numa acção centrada sobre a realidade em Portugal, dentro do bloco comunicação-
media-jornalismo, Isabel Ferin destacou os seguintes pontos: crescimento de mestrados
e doutoramentos no país, traduzido por investigação, aliás visível na produção literária
sobre comunicação, media e jornalismo; aparatos e metodologias para além dos objectos
de análise; dificuldades na obtenção de dados (registos de televisão, por exemplo);
importância dos Centros de Investigação; publicitação de trabalhos, nomeadamente
teses (para que outros investigadores não partam do zero, se trabalharem na mesma área
de investigação); contextualização (por exemplo, a importância de dados estatísticos
gerais, como o Obercom está a fazer).

Um dos pontos vitais da apresentação de Isabel Ferin foi a necessidade de os novos
estudos cruzarem dados das áreas de produção (encoding, na terminologia do texto
seminal de Stuart Hall) e recepção (decoding).

O tempo do seminário não chegou para abordar o conjunto de textos em discussão, mas
houve muitas e proveitosas intervenções dos membros do Centro que participaram no
encontro. Recordo que estavam em análise dois textos escritos por Isabel Ferin - um dos
quais já publicado na revista do CIMJ, Media & Jornalismo -, uma comunicação de
Eduardo Meditsch e outros textos assentes em metodologias específicas de investigação.

Das intervenções dos presentes, recordo o realce dado ao estatuto do investigador (o
professor, para além dos trabalhos associados à sua carreira, tem de disponibilizar
tempo para a pesquisa), a importância de criar redes nacionais e internacionais de
investigadores e a análise às notícias (na sequência de uma obra recente de Schudson,
em que este autor alerta para o peso crescente das notícias leves e da tabloidização dos
noticiários).

Foi dada também importância à constituição de um "lobby" forte e com mediatização
dos investigadores da área para que haja o conhecimento público dos seus trabalhos,


                                            6
além de pressionar os poderes públicos (e privados) no sentido de abrirem arquivos (de
imagens, sonoros) aos investigadores.

17/09/03 21:35
+00:00
WEBLOGS

Amanhã e depois de amanhã, realiza-se um encontro sobre weblogs, na Universidade do
Minho. A prestar atenção às notícias que se estão a publicar e que sairão do encontro.
Afinal, trata-se de um assunto que interessa a todos nós.

17/12/03 16:16
+00:00
WEBLOGS E JORNALISMO

Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26
de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro
post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo
António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os
que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião
acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas
coisas.

A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld,
chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa
administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio
ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio
irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão,
pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a
iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o
jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância
do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a
imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld,
provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje,
diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o
two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria
acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais)
têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas
notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os
ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais
modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld,
a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias
de jornais.

A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local
de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda
não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da
AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar.
Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o
cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a


                                            7
(re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é,
misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o
trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou
mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir
de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar
dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e
interpretação.

Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo,
para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade
do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido
noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais
qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior
capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de
posição (e de decisão, se tiver poder para isso).

Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ
começar o seu segundo ano de actividade.




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  • 1. 26/12/02 15:31 +00:00 Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos). Espero que haja sucesso também neste projecto. 30/12/02 19:30 +00:00 Saiu o nº 6 da revista do Obercom, a Observatório, com o título de capa "Televisão, qualidade e serviço público". Traz um conjunto de textos onde o serviço público e a qualidade do mesmo são questionados, de autoria de Francisco Rui Cádima, Charo Gutierrez Gea (laboratório de prospectiva em investigação em comunicação, Barcelona), Milly Buonano (professora associada de uma universidade de Roma) e Unesco. De outros textos destaco o liderado por Isabel Ferin (mais Catarina Burnay e Leonor Gameiro), sobre a ficção em português nas televisões generalistas, e Ana Paula Meneses, sobre telenovelas. 06/01/03 14:21 +00:00 Estive tentado a escrever, em meados de Dezembro último, sobre o portal InfoAmérica (www.infoamerica.org), pertença da universidade de Málaga. Tirando o sítio da BOCC, da universidade da Beira Interior, este parece-me ser um portal de grande possibilidade de expansão. Entre Outubro e Dezembro, no portal foram colocadas ligações em linha de rádio e televisão. Numa mensagem recebida hoje, o portal promete, para o final do trimestre, a inclusão de informação sobre 100 pensadores que trabalharam a comunicação. Iamginem que, se precisarem de material para apresentação numa aula, por exempo de Pierre Bourdieu, Jean Baudrillard, Theodor Adorno ou Raymond Williams, encontram neste portal informação útil, e certamente, científica. Recomendo a visita a este portal e o seu adicionar aos sítios favoritos no seu computador. 07/01/03 21:15 +00:00 A BBC está a planear uma aliança transatlântica com a cadeia americana ABC, dado que a possível fusão entre a ABC News e a CNN começa a estar fora de causa. A BBC e a ABC têm já um acordo, a funcionar desde 1993, para partilhar peças em vídeo e outro material noticioso. A BBC quererá alargar esta ligação. (lido na edição em linha, de hoje, do European Journalism Centre). 11/01/03 12:25 +00:00 Já li (ou folheei) o Expresso de hoje. Curioso o facto de dois jornais (o Expresso e o Diário de Notícias) mostrarem novos designs na mesma semana, no início de um ano (e um aumentozito de preço). Porque será que dois jornais decidem mudar de linha gráfica cerca de um ano após haver mudanças políticas? Será que há uma nova cultura no ar? Ou porque as audiências obrigam a testar novos modelos (o Público de hoje fala que este jornal aumentou de audiências face ao rival DN, que baixou, em 2002, mas nada diz sobre volume de vendas)? 1
  • 2. Se, face à mudança no DN, torci o nariz, já o Expresso pareceu-me manter-se na sua linha clássica, mas com um visual mais alegre e colorido (sem ser pós-modernista). Para quem gosta de história do jornalismo (e, eu, quando for grande, gostaria de ser historiador dos media), o editorial do director do Expresso parece ser um bom ponto de partida para a compreensão das mudanças gráficas do jornal ao longo de 30 anos. Retirando aquela tirada da melhor direcção do jornal, que é a actual. 15/01/03 22:36 +00:00 Em colóquio realizado hoje na Universidade Nova de Lisboa, e promovido pelo Obercom, um dos membros da mesa, o novo presidente do ICAM, Elísio de Oliveira, enunciou as novas linhas de apoio à indústria do audiovisual, composta por quatro linhas: 1) incentivar financeiramente a gravação de programas-piloto de apoio aos produtores independentes de audiovisual (para além de um guião em papel, a apresentação do produto visual já montado), 2) apoiar a produção de seriados de três episódios e telefilmes, 3) atribuir financiamento ao documentário audiovisual, e 4) apoiar a animação nacional. Elísio de Oliveira informou também da muito próxima implementação da leitura imediata (informática) dos ingressos nas salas de cinema, para se poder traçar um melhor perfil do comportamento dos filmes nas salas (o que não disse foi que o projecto vem do tempo de Carrilho). Depois de uma fase de indefinição após a tomada de posse do actual governo e das lutas internas no ICAM, parece haver uma nova orientação. Ficamos à espera da concretização das propostas. 21/01/03 18:37 +00:00 Em 1950, neste dia, morria George Orwell, após uma luta de três anos contra a tuberculose. Esta e outras histórias podem ler-se no arquivo da BBC, agora tornado online. Só não sei se se paga, ou quando se começa a pagar. 04/02/03 21:05 +00:00 A mensagem seguinte recolhi-a hoje na newsletter do European Journalism Centre. Caso a vigilância electrónica fosse para a frente, este email ou um movimento qualquer de pagamento do meu cartão de crédito estaria a ser vigiado por um Grande Irmão. O mundo está mesmo perigoso... A setback for Big Brother ------------------------- The European Union has received its first serious challenge to controversial internet privacy guidelines drawn up last year in the wake of the terrorist attacks in the US. Thirty-eight European Parliament members, from a wide spectrum of political parties, have signed an open letter to the European Commission opposing the electronic surveillance of EU citizens. The commission's proposals would force telephone and internet companies to retain data for a period of 12 to 24 months, during which time it could be accessed by law enforcement agencies. The data could be made up of phone 2
  • 3. calls, e-mails, individual web use details or credit card transactions. The letter claims that mandatory retention of such data violates Article 8 of the EC's charter of human rights and could undermine democracy rather than defending it. In the US, the Senate unanimously voted last month for suspension of an electronic surveillance project. Source: http://www.journalism.co.uk/news/story562.html - Journalism.co.uk 07/02/03 17:21 +00:00 Um livro saído há pouco (David Hesmondhalgh, 2002, The cultural industries. Londres, Thousand Oaks e Nova Deli: Sage) reflecte profundamente na importância da digitalização nos media. Escreve Hesmondhalgh, que os "velhos" media - como a fotografia, o disco sonoro, o cinema, a rádio e a televisão - assentavam em sistemas analógicos. Hoje, o código binário (zeros e uns) da digitalização permite eliminar interferências no sinal, ter reproduções mais fiéis e efectuar manipulações do original. O autor refere nomeadamente indústrias culturais como a música de consumo, as publicações electrónicas, os jogos vídeo e de computador, a internet e a televisão digital. O livro aborda alguns pontos essenciais, segundo os meus interesses pessoais, a saber: a descentralização das redes www, o acesso fácil (mas desigual, conforme os rendimentos económicos, e que Castells, em livro finalmente traduzido pela Gulbenkian há escassas semanas, salienta) e os efeitos no consumo. Aqui, detecta uma tendência, que vale a pena pensar. No tempo da "velha" televisão (tipo RTP), o telespectador-consumidor pagava a aquisição do receptor e a electricidade para o alimentar e sujeitava-se a uns quantos períodos de anúncios publicitários. Com a televisão por cabo, paga-se uma assinatura por um pacote de canais, ao lado dos anúncios publicitários; além disso, há outros canais com assinatura independente. Quando vier a televisão digital, o telespectador-consumidor terá ainda de comprar um novo receptor (ou a caixa de descodificação, pelo menos, até ao switch-off da televisão analógica). Isto é, o meio de comunicação chamado televisão passou de um preço inicial (compra do aparelho) e um valor residual mensal (electricidade a pagar) para um valor mais elevado (assinatura geral por pacote e assinatura específica por canais suplementares). Será que mais canais (abundância) garantirão mais conteúdos diferenciados? 09/02/03 20:11 +00:00 Para quem quiser visitar revistas de comunicação e jornalismo no espaço cultural das línguas portuguesa e espanhola aceda ao endereço seguinte: www.infoamerica.org. 12/02/03 18:25 +00:00 RECENSÃO The making of the network society Em pequeno livro, Castells sintetiza o conceito da rede, flexível, adaptável e reconfigurável, não física mas electrónica. Quem fala em rede, fala de virtualidade, que o autor desenvolve em dois conceitos. O primeiro é o da cidade virtual - novo espaço público, democrático, interactivo, comunitário. O outro conceito é o de virtualidade real. Por norma, fala-se de realidade virtual; em Castells, a virtualidade real entende-se como manifestação da cultura mediada electronicamente (online, televisão, vídeo), enquanto parte fundamental da realidade. É virtualidade porque processada em termos electrónicos; é real porque parte central da nossa experiência. 3
  • 4. Se a actual sociedade possui grande criatividade, ela também produz um negativo: quem não tem capacidade de inovação, fica de fora. Aquilo que designa por divisor digital quer dizer fragmentação, individualização, desigualdade social e de rendimentos. Para combater tal divisor, surgem políticas de ligar mais computadores à Internet. Verifica- se, contudo, que os estudantes com melhores condições aprendem mais em relação a estudantes em piores situações sociais e culturais. Numa aposta polémica, o sociólogo catalão caracteriza a sociedade em rede como desprovida de valores éticos. Criar e destruir são elementos constantes. Exemplo é o do mercado financeiro global, não controlado por ninguém e onde se transferem bens financeiros de países e regiões para outros países – o autómato. Porém, a haver ética, ela vem dos hackers, cujo sentido de inovação os leva a furar os segredos dos sistemas protegidos de informação. Para além de entrar no proibido, arriscar e inovar constituem as palavras-chave do hacker, de certa maneira as ferramentas do gestor e da empresa moderna. Manuel Castells, com Bob Catterall (2002). The making of the network society. Londres: Institute of Contemporary Arts. 32 páginas. Custo aproximado no editor: 4,5 €. 17/02/03 19:59 +00:00 INTERNET - Parece que a Internet se está a tornar uma fonte de informação mais importante do que a imprensa - em especial entre os mais jovens. Paul Carr, editor de fridaything.co.uk, contou que a história da terceira gravidez de Madonna não foi um exclusivo da revista inglesa Heat, porque saira quatro dias antes no seu website. Os leitores da Heat compreenderam e enviaram muitas mensagens à fridaything.co.uk, a apoiar esta editora electrónica. Um inquérito recente em Nova Iorque concluiu que 80% das pessoas entre 18 e 34 anos consideram a internet como a principal fonte de notícias (notícia editada hoje pelo European Journalism Centre). A newsletter Friday Thing tem um modo apelativo de obter informação: aceita notícias, boatos, memorandos confidenciais e registos vídeo secretos. Isto é, todo o mundo pode ser, simultaneamente, fonte e jornalista. A newsletter não diz se há gatekeeper, censura, tratamento jornalístico ou audição de todas as partes envolvidas. 26/02/03 18:46 +00:00 Desde hoje, o site da Infoamerica (www.infoamerica.org), na secção de revistas académicas, tem um ícone com a capa da nossa revista Media & Jornalismo e link para o CIMJ. A revista é apresentada como propriedade do Centro de Investigação Media e Jornalismo de Portugal. O site da Infoamerica pertence à universidade de Málaga. 26/05/03 18:44 +00:00 MEDIA E JORNALISMO Investigação Hoje, o Diário de Notícias publicou o seguinte texto: 4
  • 5. PORQUE É QUE CERTOS ACONTECIMENTOS SÃO NOTÍCIA HELENA MENDONÇA Porque é que certos acontecimentos são notícia e outros não? Quais os critérios utilizados pelos jornalistas na filtragem dos eventos? Esses critérios são partilhados ou não pelos profissionais independentemente do país onde se encontram? Perguntas tantas vezes colocadas pelos leitores e a que uma equipa de investigadores da Universidade Nova está a tentar responder, num vasto projecto de investigação ainda em curso. Mas os estudos exploratórios do coordenador do projecto de pesquisa, Nelson Traquina, já permitem fazer uma aproximação à realidade das redacções: os jornalistas seleccionam os acontecimentos segundo critérios de novidade, notoriedade, infracção, conflito, etc. (os chamados «valores-notícia») e partilham uma cultura noticiosa comum, onde quer que trabalhem. Ou seja, os profissionais «fazem parte de uma comunidade ou tribo interpretativa transnacional», pelo que a cobertura noticiosa em países diferentes revela semelhanças significativas. Nelson Traquina e a sua equipa (Cristina Ponte e Rogério Santos), do Centro de Investigação Media e Jornalismo da Universidade Nova, escolheram o fenómeno da sida para estudar o comportamento das redacções. O Diário de Notícias e o Correio da Manhã são os órgãos a analisar, através da análise de conteúdo de um vasto período noticioso, de 1981 a 2000. O gabinete dos investigadores está já repleto de dossiers contendo cinco mil peças dos dois jornais. «Temos um total de 40 anos de cobertura jornalística da problemática sida», entre editoriais, artigos de opinião, cartas do leitor, notícias e reportagens, sintetiza o coordenador. Uma enorme massa de artigos que começa agora a ser analisada, na tentativa de responder a uma «simples» pergunta: porque é que a sida é notícia? O projecto está longe da conclusão (Setembro de 2004), mas Nelson Traquina tem realizado estudos exploratórios. Num desses trabalhos, o investigador comparou a cobertura jornalística da sida em cinco jornais de quatro países (Diário de Notícias e Correio da Manhã, Portugal; El País, Espanha; New York Times, EUA; e Folha de São Paulo, Brasil). ao longo de três meses, de Outubro a Dezembro de 1993. «Há milhares de acontecimentos todos os dias, nem tudo é publicado. É impossível, um jornal não é uma Bíblia», começa por frisar Nelson Traquina. Daí que a selecção de notícias seja uma tarefa fundamental numa redacção. O conhecido sociólogo francês Pierre Bourdieu escolheu a palavra «censura» para definir esse trabalho. Mas o investigador português prefere «definições mais rígidas», optando pelo conceito de «valor-notícia» - ou seja, «o critério utilizado para escolher um acontecimento e não outro». CABIDES NOTICIOSOS. No curto espaço de tempo noticioso avaliado, um acontecimento teve especial destaque: o sangue contaminado na Alemanha. Os valores escândalo (contaminação), infracção (violação de regras), notoriedade (demissão do ministro da Saúde alemão) foram o trampolim para as notícias publicadas em todos os jornais sob investigação. O Dia Mundial da Sida, a 1 de Dezembro, constituiu outro «valor-notícia». «Demonstra que o factor tempo pode ser um critério e como foi inteligente a criação do dia para dar a capacidade de pendurar as notícias num cabide». Um dos aspectos confirmados pelo estudo de Nelson Traquina é a tendência dos media para as notícias negativas, uma opção tantas vezes criticada pelos próprios leitores. Sem minimizar a importância de publicar as «más notícias», o investigador deixa, porém, um conselho à comunidade jornalística: «Os jornalistas devem ter consciência de que há 5
  • 6. efeitos perversos dos valores-notícia. Defendo que devem procurar também as notícias positivas para equilibrar um pouco o efeito negativo.» No universo da sida, por exemplo, «há muita gente seropositiva que vive todos os dias e realiza coisas. Mas as notícias sobre essas pessoas não aparecem nos jornais». Apesar de não partilhar a ideia de que o jornalismo «é inimigo da esperança», o investigador admite que a divulgação apenas de escândalos «pode enfraquecer a esperança dos cidadãos». Ao contrário do que muitas vezes parece, «procurar as notícias boas requer mais trabalho e a verdade é que os jornalistas estão pressionados pelo factor tempo», além de que, «as coisas más têm efeitos mais vastos, enquanto as boas não dão muito nas vistas». Mas, sugere o investigador, «num mundo em que parece haver só coisas negativas, há que fazer um esforço para introduzir uma componente positiva». 26/06/03 17:58 +00:00 SEMINÁRIO/FORMAÇÂO Conforme previsto, decorreu ontem o I Seminário sobre Metodologias de Pesquisa, dedicado ao tema "Repensar a investigação empírica sobre os Media e o Jornalismo", orientado por Isabel Ferin, da Universidade de Coimbra. Numa acção centrada sobre a realidade em Portugal, dentro do bloco comunicação- media-jornalismo, Isabel Ferin destacou os seguintes pontos: crescimento de mestrados e doutoramentos no país, traduzido por investigação, aliás visível na produção literária sobre comunicação, media e jornalismo; aparatos e metodologias para além dos objectos de análise; dificuldades na obtenção de dados (registos de televisão, por exemplo); importância dos Centros de Investigação; publicitação de trabalhos, nomeadamente teses (para que outros investigadores não partam do zero, se trabalharem na mesma área de investigação); contextualização (por exemplo, a importância de dados estatísticos gerais, como o Obercom está a fazer). Um dos pontos vitais da apresentação de Isabel Ferin foi a necessidade de os novos estudos cruzarem dados das áreas de produção (encoding, na terminologia do texto seminal de Stuart Hall) e recepção (decoding). O tempo do seminário não chegou para abordar o conjunto de textos em discussão, mas houve muitas e proveitosas intervenções dos membros do Centro que participaram no encontro. Recordo que estavam em análise dois textos escritos por Isabel Ferin - um dos quais já publicado na revista do CIMJ, Media & Jornalismo -, uma comunicação de Eduardo Meditsch e outros textos assentes em metodologias específicas de investigação. Das intervenções dos presentes, recordo o realce dado ao estatuto do investigador (o professor, para além dos trabalhos associados à sua carreira, tem de disponibilizar tempo para a pesquisa), a importância de criar redes nacionais e internacionais de investigadores e a análise às notícias (na sequência de uma obra recente de Schudson, em que este autor alerta para o peso crescente das notícias leves e da tabloidização dos noticiários). Foi dada também importância à constituição de um "lobby" forte e com mediatização dos investigadores da área para que haja o conhecimento público dos seus trabalhos, 6
  • 7. além de pressionar os poderes públicos (e privados) no sentido de abrirem arquivos (de imagens, sonoros) aos investigadores. 17/09/03 21:35 +00:00 WEBLOGS Amanhã e depois de amanhã, realiza-se um encontro sobre weblogs, na Universidade do Minho. A prestar atenção às notícias que se estão a publicar e que sairão do encontro. Afinal, trata-se de um assunto que interessa a todos nós. 17/12/03 16:16 +00:00 WEBLOGS E JORNALISMO Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas. A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais. A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a 7
  • 8. (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação. Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso). Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade. 8